Faculdade Boa Viagem Centro de Pesquisa e Pós- Graduação em Administração – CPPA Mestrado em Administração Cristiane Maria Pereira Conde ESTRATÉGIAS COMUNICATIVAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: O caso do curso de Administração da Faculdade dos Guararapes RECIFE, 2007 2 CRISTIANE MARIA PEREIRA CONDE ESTRATÉGIAS COMUNICATIVAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: O caso do curso de Administração da Faculdade dos Guararapes Orientadora: Professora Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph.D. Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem. RECIFE, 2007 3 CRISTIANE MARIA PEREIRA CONDE ESTRATÉGIAS COMUNICATIVAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: O caso do curso de Administração da Faculdade dos Guararapes Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem. Aprovada em ________/________/________ ______________________________________________________________________ Professora Lúcia Maria Barbosa do Oliveira, Ph.D. – FBV (Orientadora) ______________________________________________________________________ Professora Maria de Lourdes de Azevedo Barbosa, Doutora – UFPE (Examinadora Externa) ______________________________________________________________________ Professor Helder Pontes Régis, Doutor - FBV (Examinador Interno) 4 Dedico este trabalho a meus pais, José Maria Pereira Conde e Ismênia Maria de Barros Conde, que muito bem souberam estruturar o embasamento dos valores que constituem minha formação e cujo amor e dedicação incondicionais sempre me impulsionaram para seguir em frente; e a meu filho, Leonardo Conde Pessoa, maior presente de minha existência. 5 AGRADECIMENTOS Ao final de mais esta etapa da minha vida, quero agradecer primeiro a Deus, por conduzir meus passos em todos os momentos de minha existência, por ser abrigo e fonte de esperança. À minha família, em especial meus pais, que sempre me apoiaram e incentivaram minha formação acadêmica e estiveram incondicionalmente presentes em quaisquer das decisões que tomei ao longo de minha vida, obrigada, Painho! Obrigada, Mainha! Ao meu filho, Leonardo, que è meu companheiro desde o ventre e que soube compreender meus momentos de tensão, todas as minhas ausências e que enche minha vida de estímulos novos a cada dia. Por você e para você, filho, buscarei novos horizontes sempre! À minha orientadora, Professora Lúcia Barbosa, exemplo de mestra, preocupada com o crescimento do aprendente não só nos planos cognitivo e acadêmico, mas, sobretudo, no plano afetivo; por ter acreditado em mim, sempre. Professora, a senhora tem importância fundamental em minha vida! Ao Professor Helder Régis, meu examinador externo, pelo apoio e contribuição ao meu trabalho, não só em suas aulas, que muito acrescentaram à minha formação, mas pela pessoa que é: humano, transparente e generoso. À professora Lourdes Barbosa, pelas observações tão pertinentes dirigidas ao meu trabalho e que muito contribuíram para o meu aperfeiçoamento. À Faculdade dos Guararapes, nas pessoas de Valnei do Val e Patrícia Fernandes, por terem oportunizado a aplicação desta pesquisa. Ao grande amigo e mentor Djailton Cunha, pelo apoio, incentivo, pela presença, enfim, por sua amizade e dedicação que enchem meu coração de gratidão. Às amigas que o Mestrado me presenteou: Mônica Melo, Ana Carolina Medeiros e Conceição Moraes. Cada uma delas, à sua maneira, esteve comigo nos momentos bons e ruins desta jornada. À Escola Agrotécnica Federal de Barreiros, na pessoa do Professor Airton Bernardo, pela disposição em facilitar a finalização deste trabalho. Aos meus colegas do mestrado, a todos aqueles que fazem a Faculdade Boa Viagem. E finalmente, mas não menos importante, a todos os meus amigos que de forma direta ou indireta acompanham minha jornada de carreira e vida e torceram para que este sonho pudesse ser concretizado. Obrigada de verdade! 6 “Para ser grande: sê inteiro: Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive”. Fernando Pessoa 7 RESUMO O presente estudo diz respeito à comunicação organizacional em instituições de ensino superior. Nesse sentido, tomando por base conceitos fundamentais sobre comunicação nas organizações e teorias da comunicação (BERLO, 1999; GUILLON e MIRSHAWKA,1995), objetivou-se verificar como os alunos de curso de graduação em Administração percebem as estratégias de comunicação de uma Instituição de Ensino Superior. Para isso, foi replicado o modelo de mensuração da qualidade da comunicação em IES, desenvolvido por Fiúza (2004). Realizada a revisão teórica e pesquisa com os acadêmicos do curso de Administração da Faculdade das Guararapes, em que os mesmos responderam a 40 perguntas fechadas e duas abertas, num total de 285 questionários, procedeu-se às análises quantitativa e qualitativa dos dados, visando a delinear um quadro da situação atual do processo comunicacional da instituição com base na percepção dos alunos. Os achados demonstram que a comunicação na instituição estudada é, sob o ponto de vista do aluno, satisfatória: os indicadores com melhor avaliação foram o canal de comunicação e o código lingüístico utilizados pelo emissor. Por fim, sugere-se a continuidade deste estudo, apontando a necessidade de validar os resultados apontados na pesquisa, em diferentes organizações e sob o enfoque da comunicação integrada. Palavras-Chave: Comunicação. Comunicação em instituição de ensino superior. Mensuração da qualidade da comunicação. 8 ABSTRACT The present study refers to organizational communication in higher education institutions. In that sense, based on basic concepts about communication in organizations and theories of the communication (BERLO,1999 ; GUILLON e MIRSHAWKA, 1995), it was aimed at to verify as the degree course students in Administration notice the strategies of the communication of the higher education Institution. For that, the model of measuring quality of communication in higher education developed by Fiúza (2004) was replied. A theoretical review and survey was conducted with the students in the course of business administration at Faculdade dos Guararapes, that responded to a series of 40 closed questions and two opened questions in a total of 285 questionnaires. It was proceded to the quantitative and qualitative analysis of data, which interfaced a picture of the current situation of communicational process in this institution with the students. As conclusions of the study, the scores better appraised for the students, were the communication channel and the linguistic code. The last but not the least is the suggestion for continuity of this study since there is a strong need to validate those results in different organizations and under the focus of the integrated communication. Key words: Communication. Communication in higher school. Communication quality measurement. 9 LISTA DE FIGURAS E TABELAS Figura 1 Modelo Shannon-Weaver 30 Figura 2 O processo de Comunicação de Berlo 34 Tabela 1 Distribuição de alunos por período 49 Tabela 2 Total de alunos respondentes 50 Tabela 3 Confiabilidade variáveis Fiúza 52 Tabela 4 Correlação entre os indicadores 52 10 LISTA DE QUADROS Quadro1 Teoria da comunicação de Berlo 32 Quadro 2 Funções elementos da comunicação -Fiúza 38 Quadro 3 Indicadores propostos por Fiúza 39 Quadro 4 Parâmetros de conceituação de escores 57 Quadro 5 Idade dos respondentes por período 63 Quadro 6 Componentes com eigenvalue acima de 1 66 Quadro 7 Carga fatorial dos itens que compõem modelo Fiúza 67 Quadro 8 Descrição atributos variáveis relevantes 73 Quadro 9 Percepções do aluno em relação ao emissor 75 Quadro 10 Percepções do aluno em relação ao receptor 80 Quadro 11 Percepções do aluno em relação à mensagem 84 Quadro 12 Percepções do aluno em relação ao código 88 Quadro 13 Percepções do aluno em relação ao canal 92 Quadro 14 Indicadores com melhor avaliação 95 Quadro 15 Categorização dos sentimentos 98 Quadro 16 Categorização das sugestões 102 11 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Total de respondentes 59 Gráfico 2 Respondentes por período 61 Gráfico 3 Gênero dos respondentes 61 Gráfico 4 Gênero dos respondentes por período 62 Gráfico 5 Idade dos respondentes 62 Gráfico 6 Idade dos respondentes por período 63 Gráfico 7 Atuação no Mercado de Trabalho 64 Gráfico 8 Atuação no mercado de trabalho por período 65 Gráfico 9 Troca de informações 68 Gráfico 10 Esclarecer dúvidas 69 Gráfico 11 Linguagem apropriada 69 Gráfico 12 Acesso às informações 70 Gráfico 13 Fornecimento de dados acadêmicos e administrativos 71 Gráfico 14 Percepções do aluno em relação ao emissor 75 Gráfico 15 Percepções do aluno em relação ao receptor 79 Gráfico 16 Percepções do aluno em relação à mensagem 84 Gráfico 17 Percepções do aluno em relação ao código 88 Gráfico 18 Percepções do aluno em relação ao canal 92 Gráfico 19 Categorização dos sentimentos relacionados 98 Gráfico 20 Estrutura das mensagens 99 Gráfico 21 Atitudes da Instituições 100 Gráfico 22 Divulgação das mensagens 100 Gráfico 23 Categorização das sugestões 102 Gráfico 24 Sugestões emissor 103 Gráfico 25 Sugestões receptor 104 Gráfico 26 Sugestões mensagem 105 Gráfico 27 Sugestões código 105 Gráfico 28 Sugestões canal 105 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................14 1.1 Definição do Problema......................................................................................15 1.2 Objetivos da Pesquisa........................................................................................22 1.2.1 Objetivo Geral....................................................................................................22 1.2.2 Objetivos Específicos.........................................................................................23 1.3 Justificativa........................................................................................................23 1.3.1 Justificativa Teórica ......................................................................................... 23 1.3.2Justificativa Prática.............................................................................................24 1.4 Estrutura da Dissertação.................................................................................... 25 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................27 2.1 2.2 2.3 2.4 Teorias de Comunicação ...................................................................................27 Teoria da Informação ........................................................................................29 Modelo de Mensuração da Qualidade da Comunicação de Fiúza..................... 37 Comunicação nas Organizações ........................................................................41 2.5 Comunicação em Instituições de Ensino Superior ............................................43 3. METODOLOGIA.........................................................................................................46 3.1 Natureza da Pesquisa.........................................................................................46 3.2 Caracterização da pesquisa................................................................................47 3.3 Método da pesquisa...........................................................................................47 3.4 Locus da pesquisa..............................................................................................48 3.5 Delimitação da pesquisa....................................................................................49 3.6 Coleta de Dados ..............................................................................................51 3.6.1 Instrumento da pesquisa ...................................................................................51 3.6.2 Processo de coleta de dados ..............................................................................53 3.7 Análise dos dados..............................................................................................55 3.8 Limites e limitações da pesquisa .......................................................................57 4. RESULTADOS ............................................................................................................59 4.1 Perfil dos sujeitos da Pesquisa.............................................................................59 4.2 Adequação Comunicativa do Modelo de Fiúza...................................................65 4.3 Indicadores de Qualidade da Comunicação.........................................................74 4.3.1 Emissor..............................................................................................................74 4.3.2 Receptor............................................................................................................78 13 4.3.3 Mensagem.........................................................................................................83 4.3.4 Código..............................................................................................................87 4.3.5 Canal.................................................................................................................91 4.4 Estratégias de comunicação na Instituição de Ensino Superior.........................96 5. CONCLUSÃO .............................................................................................................108 5.1 Sugestões para pesquisas futuras...................................................................... .114 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................116 APÊNDICES ..................................................................................................................124 APÊNDICE 1 Carta Introdutória.......................................................................................124 APÊNDICE 2 Instrumento Aplicado................................................................................125 ANEXOS ..........................................................................................................................128 ANEXO 1 Indicadores Propostos por Fiúza......................................................................128 ANEXO 2 Instrumento desenvolvido por Fiúza................................................................130 14 1 Introdução O tema desta dissertação diz respeito à Comunicação Organizacional. Mais especificamente, esta pesquisa propõe-se a verificar a percepção dos alunos de graduação em Administração de uma Instituição de Ensino Superior (IES), a partir da replicação do trabalho desenvolvido por Maria Sílvia Santos Fiúza (2004), em relação ao sistema de comunicação interna, através de um instrumento de mensuração da qualidade da comunicação. O interesse em estudar este assunto foi motivado inicialmente pela trajetória profissional da pesquisadora, docente de IES, envolvida com questões relacionadas à efetividade das mensagens produzidas por locutores/sujeitos e interlocutores/sujeitos da prática comunicativa. Outro aspecto motivador do estudo ora apresentado foi o fato de que as grandes transformações ocorridas nas diferentes esferas do conhecimento remetem para a valorização da comunicação como elemento agregador dos sujeitos, que se questionam sobre problemas de existência, de consciência, de destino e também que observam, que experimentam, que buscam (MORIN, 2003) . Nessa perspectiva, questões têm sido suscitadas, ao longo da história da humanidade, visando à compreensão dos elementos focados na essência da comunicação. Para tanto, é fundamental a realização de trabalhos teórico-práticos, usando uma metodologia científica que enfoque as características desse construto. Este estudo visa, portanto, a contribuir para a ampliação do entendimento dessas questões. Nesse sentido, o presente capítulo apontará a definição do problema, os objetivos da investigação, os motivos de ordem teórica e prática que justificam a realização deste trabalho e a estrutura da dissertação. 15 1.1 Definição do problema As organizações, aos poucos, têm tomado consciência de que precisam ser ágeis para acompanhar os movimentos do mercado, e que o aumento da eficiência só será alcançado se as estruturas estanques derem lugar à integração das diversas áreas da empresa (SILVA, 2005). Nesse sentido, Tapscot e Caston (1995), assim como Jian e Jeffres (2006) afirmam que o reordenamento geopolítico mundial passou a demandar uma nova empresa: uma organização aberta que atue em rede e esteja fundamentada na informação. Ao mesmo tempo, Chanlat (1993) ressalta que a linguagem constitui um objeto de estudo privilegiado e sua exploração no contexto organizacional implica permitir que se desvendem as condutas, as ações e as decisões. Todo discurso, toda palavra pronunciada, ou todo documento escrito estão inseridos, pois, em maior ou menor grau, nas esferas do agir, do fazer, do pensar e do sentir. Se o homem de hoje é diferente, defende Levy (1999), é necessário que as organizações modernas levem em consideração as mudanças em relação a seus diferentes stakeholderes. No momento em que as relações tornam-se mais complexas, devido ao intercâmbio cultural, ao aumento da concorrência e ao mercado instável, a comunicação torna-se elemento-chave no ambiente organizacional. Constituindo-se como um ponto de intersecção entre a administração, a psicologia e a antropologia, os estudos sobre comunicação organizacional encontram dificuldades para estabelecer os limites de seu campo de conhecimento. Katz e Kahn (1998) desenvolveram o tema da psicologia social nas organizações e defenderam haver uma relação direta entre a administração e a comunicação. 16 No campo da administração, a comunicação centra-se na transmissão ótima da mensagem, ou seja, na busca de meios para garantir que a mensagem emitida na fonte da informação chegue até o respectivo destinatário (receptor) com a mínima distorção possível (MATTELART e MATTELART, 2002). Para Levy (1999), sua efetividade é determinada pela relação móvel que se estabelece entre todos os elementos que participam do processo comunicativo e este é, em sua essência, marcado pelo dinamismo. É, pois, papel da organização estimular e ser aberta ao diálogo, pois dessa forma, produzirá um fluxo informacional responsável e competitivo (KUNSH: 1997; SCHULER: 2004). Behr (2004) chama atenção para o fato de que a organização que estrutura seu sistema central sob a ótica da qualidade, privilegia a comunicação. São as idéias de Berlo (1999) que ratificam essa afirmação, ao apontar o papel da comunicação como norteador de qualquer prática laboral: “A compreensão do processo, das determinantes e dos efeitos da comunicação melhoram a capacidade básica do homem para cuidar dos problemas de comunicação que enfrenta no trabalho, seja qual for o tipo de seu trabalho”. (BERLO, 1999, p.20). Para Torquato (1991), a comunicação exerce um extraordinário poder para o equilíbrio, o desenvolvimento e a expansão das empresas. A comunicação estrutura as convenientes ligações entre o microssistema interno e o macrossistema social, gerando as condições para o aperfeiçoamento das organizações. Apesar de considerar-se a comunicação como um elemento de extrema importância para as organizações, pouco se tem publicado a respeito das relações subjacentes aos processos comunicativos organizacionais. É o que afirma Schuler (2004): “Percebe-se uma necessidade não suprida de enfoques pragmáticos à comunicação organizacional, por exemplo, guiando as empresas no passo-a-passo dessa administração”. 17 Comunicação, sob a ótica de Casado (2002), diz respeito a uma questão puramente social, na medida em que inclui a transferência e a compreensão de significados. Para a autora, não existe interação e não existe grupo sem a transmissão de significados, ou seja, sem a comunicação. É preciso, segundo defende Torquato (1991), que a organização potencialize a comunicação como um processo total, que visa ao benefício de todos os agentes envolvidos na construção dos programas organizacionais. Os atos, os canais, os programas, para serem eficazes, enfatiza o autor, necessitam de coordenação centralizada com a finalidade de preservar uma linguagem homogênea e integrada. O autor acrescenta que a comunicação é o elemento que medeia os interesses dos participantes, os interesses da empresa, enquanto unidade econômica, e os interesses da administração. Essa grande característica da comunicação – de mediação de objetivos – mostra sua magnitude no universo organizacional. Os estudos sobre a influência da linguagem do emissor sobre o processo de decodificação e de interpretação por parte do receptor são, dessa forma, nas idéias de Rojo (2005), muito úteis à organização em se tratando do universo competitivo em que a mesma encontra-se inserida. É Schuler (2004) quem reflete sobre o caráter pragmático da comunicação organizacional: para ela, o sucesso de um administrador depende diretamente de sua capacidade para se comunicar, para se fazer entender, enfim, para fazer com que sua empresa se relacione com êxito em seu ambiente. Segundo a autora, quanto maior o conhecimento sobre a natureza dos elementos envolvidos na comunicação, maiores as condições que a organização tem de alcançar o sucesso com relação a quaisquer objetivos propostos. 18 Por isso, Dwyer; Schurr; Oh (1987), assim como Roman (2002) consideram a confiança como um conceito crítico para a compreensão do processo de comunicação, principalmente aquele com finalidade persuasiva. Cabe, portanto, à organização, a responsabilidade de estabelecer um intercâmbio de informações de forma eficaz, clara, concisa e direta. Por meio da comunicação, nos dizeres de Fiúza (2004), estabelece-se uma tipologia de consentimentos, formando congruências, equalização, homogeneização de idéias, integração de propósitos. A comunicação é, pois, uma ferramenta primordial para alavancar a eficácia e a produtividade das organizações. A maioria das pesquisas em comunicação tende a priorizar um dos elementos da comunicação. A teoria hipodérmica, proposta por Lasswel em 1948, considera o emissor como único elemento ativo no processo comunicativo; as análises de conteúdo, propostas por Lazarsfeld e Katz, em 1955, privilegiam a mensagem, entendendo que os indivíduos estão expostos a um grande número de mensagens e respondem a elas seletivamente; enquanto a linha da semiótica, defendida por Saussure, o primeiro pesquisador a difundir a lingüística, ainda em 1915, tende a centrar a informação no receptor, entendendo que uma mesma mensagem será percebida de forma distinta por cada indivíduo (WOLF,2002, apud SILVA, 2002). Em “O Processo da Comunicação”, Berlo (1999) enfatiza a importância da relação entre os elementos que participam do processo comunicativo (fonte, codificador, mensagem, canal, decodificador e receptor). Ressalta que a comunicação não depende de um ou de outro componente, mas das relações dinâmicas entre esses elementos. A obra de Berlo (1999) preocupa-se com a transmissão ótima da mensagem, eliminando ou diminuindo o chamado ruído. Em oposição ao ruído, que impede que a mensagem percorra o caminho de um ponto a outro sem distorções, o autor fala em fidelidade, 19 que representa a comunicação efetiva. Para isso, apresenta alguns fatores que precisam ser considerados em relação à mensagem: o código, o conteúdo e o tratamento. O modelo de Berlo será apresentado na fundamentação teórica. Segundo Fiúza (2004), ao discutir a Teoria da Comunicação, no âmbito organizacional, Berlo a traduz em um modelo, com diferente enfoque, e acrescenta-lhe pressupostos que determinam sua eficiência, considerando as inter-relações entre os elementos da comunicação, a possibilidade de sucesso nas relações comunicativas, os níveis de complexidade envolvidos no processo, comuns às organizações. Chung e Megginson (1986), Guillon e Mirshawka (1995), assim como Bueno (2003) acrescentam que a habilidade comunicativa determina a fidelidade da comunicação na medida em que influencia a capacidade individual de se analisar objetivos e intenção, bem como a capacidade de codificar a mensagem de maneira a expressar o que se pretende. Na busca de um elemento norteador para mensurar a qualidade da comunicação, a partir da perspectiva apresentada por Berlo (1999), aliada aos conceitos apresentados por Guillon e Mirshawka (1995), além de Chung e Megginson (1986), Fiúza (2004) desenvolveu um modelo de mensuração da qualidade da comunicação, que considera como elementos primordiais o emissor, o receptor, a mensagem, o código e o canal. O modelo desenvolvido por Fiúza (2004), que é replicado neste trabalho, propõe-se a verificar, sobretudo, a visão que o receptor constrói da mensagem a ele dirigida, por meio da análise do grau de adequação comunicativa no que diz respeito aos cinco elementos envolvidos no processo comunicativo ( emissor, receptor, mensagem, código e canal ) em Instituições de Ensino Superior. As Instituições de Ensino Superior trazem, em sua essência, a responsabilidade de produzir conhecimento e crescimento (ANDRADE e AMBONI, 2002). Os autores destacam que o ensino superior no Brasil, historicamente, não foi possibilitado a uma grande parcela da 20 população. O Brasil, até 1990, concentrava nas Instituições públicas, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas, INEP (2005), 70% de vagas destinadas à formação superior. Em todo o Brasil, no ano de 2005, conforme dados do INEP, havia uma oferta de 312.288 vagas nas instituições públicas de ensino superior. Como o Estado não possui condições de oferecer vagas suficientes para todos os que precisam galgar níveis mais complexos no campo da educação, reforça Behr (2004), justifica-se o fato da expansão acelerada de instituições privadas de ensino superior, que aparecem como organizações que, como quaisquer outras, estão sujeitas às forças do mercado, principalmente em relação à concorrência e à competitividade. A partir da década de 1990, com a ampliação do número de vagas para Instituições privadas de Ensino Superior, criou-se, no Brasil, um cenário extremamente atraente para a iniciativa privada. Desta forma, tornou-se essencial um aumento do número de instituições de ensino que pudessem propiciar a disseminação do conhecimento, no que se refere à formação superior, no Brasil. Behr (2004) analisa o crescimento de Instituições privadas de ensino superior no Brasil: Apesar de ser a educação uma função do Estado, este já não possui condições de oferecer vagas suficientes para aqueles que desejam e precisam galgar níveis mais complexos no campo da educação.É a partir daí que se justifica a existência das Instituições de Ensino superior privadas que, como qualquer outra organização privada, está sujeita à competitividade. (BEHR, 2004, p.11). Kotler e Fox, já em 1994, analisavam o crescimento do número de IES privadas ressaltando que a educação vinha sendo encarada como uma das mais promissoras áreas de mercado deste século. Para eles, de ato unicamente pedagógico, como era vista no passado, a educação tornou-se um negócio altamente rentável e competitivo, com grandes perspectivas de crescimento. 21 Segundo dados do INEP, em 2005, após a ampliação de vagas para o setor privado, a situação foi invertida: o setor privado concentrou mais de 70% das matrículas em cursos de graduação no país, apresentando um total de 2.117.449 vagas ofertadas. Ao abrir-se o mercado, as IES passaram, também, a disputar alunos. Para se ter um parâmetro comparativo, em 1996, de acordo com dados do INEP, o número de alunos matriculados em instituições de nível superior brasileiras (totalizando instituições públicas e privadas) não ia além de um milhão e seiscentos mil. Em 2005, (com o aumento do número de instituições privadas de nível superior) esse número aproximou-se dos três milhões e trezentos mil, um crescimento de praticamente 100%. O resultado, na visão de Rojo (2005), é que o setor tem atraído investidores das mais diversas áreas, o que torna o mercado de IES privadas cada vez mais competitivo, demandando serviços sempre melhores, com um público cada vez mais exigente. Cabe à IES, como emissor, priorizar a troca comunicativa com seu público e desenvolver o processo comunicativo de forma integrada. Segundo Morin (2003), a escola deve ser um local de aprendizagem do debate argumentado, das regras necessárias à discussão, da tomada de consciência das necessidades e dos procedimentos de compreensão do pensamento do outro, da escuta e do respeito às vozes presentes no processo. Nesse sentido, a Faculdade dos Guararapes que desde 2002 funciona com os cursos de Administração (habilitação em Análise de Sistemas e Marketing), Direito e Ciência da Computação, no município de Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, apresenta clara preocupação com a adequação das mensagens veiculadas para seus alunos. Para a Instituição, conforme aponta seu projeto pedagógico, comunicar de modo claro e objetivo torna-se imprescindível para integração da Instituição com o aluno. A Faculdade dos Guararapes, de acordo com seu projeto político pedagógico, foi criada com o propósito de implantar um modelo educacional diferenciado, centrado no aluno, 22 tendo como metodologia a aprendizagem baseada em problemas, através de um projeto pedagógico integrado e integrador, atento às necessidades da comunidade local, às mudanças no campo profissional e às inovações tecnológicas (Projeto Político-Pedagógico, 2001). Nesse sentido, a instituição percebe que a comunicação produz mudanças que podem ser positivas ou negativas, conforme a capacidade de entendimento ou de divergência das partes em interação. A instituição busca, então, estar próxima do aluno, tentando eliminar o máximo possível a existência de obstáculos ao processo comunicativo. Assim, o presente trabalho insere-se no ambiente da Faculdade dos Guararapes e surge, pois, da necessidade de haver um instrumento que direcione e auxilie a IES no sentido de solucionar problemas, ampliar vantagens associadas à comunicação e melhorar a qualidade do processo comunicativo entre a instituição e seu corpo discente. Assim, com base nos argumentos acima expostos, este estudo busca apontar respostas para a seguinte pergunta de pesquisa: Até que ponto existe uma adequação comunicativa nas mensagens veiculadas pela Faculdade dos Guararapes para os alunos do curso de Administração de Empresas, de acordo com o modelo de mensuração da Qualidade da Comunicação desenvolvido por Fiúza (2004)? 1.2 Objetivos da Pesquisa 1.2.1 Objetivo Geral Verificar até que ponto existe uma adequação comunicativa nas mensagens veiculadas pela Faculdade dos Guararapes para os alunos do curso de Administração de Empresas, de acordo com o modelo de mensuração da qualidade da comunicação de Fiúza (2004). 23 1.2.2 Objetivos específicos Descrever o perfil dos respondentes; Analisar a adequação comunicativa do modelo de Fiúza (2004) em relação à percepção dos alunos do curso de Administração no que se refere às estratégias comunicativas da Faculdade dos Guararapes; Caracterizar os indicadores da qualidade da comunicação, observando os escores obtidos na avaliação dos alunos; Analisar as estratégias de comunicação da IES, na percepção dos respondentes. 1.3 Justificativa Segundo Roesch (1999), justificar é apresentar razões para a própria existência do projeto. Essa seção visa a apresentar os motivos de ordem teórica e prática que justificam a realização desta pesquisa. 1.3.1 Justificativa Teórica Em se tratando do plano teórico, existe uma carência de estudos sobre qualidade da comunicação em IES. Conforme Kunsh (2001), apesar da riqueza do construto, há uma lacuna no que se refere às produções acadêmicas voltadas à área de comunicação organizacional. 24 Estudar a comunicação nas Instituições Privadas de Ensino Superior brasileiras contribui para a criação de conhecimento mais adequado à realidade local no campo da administração e, mais especificamente, da Gestão de Pessoas. Também se torna relevante porque este trabalho considera a comunicação interna no ambiente das IES com um direcionamento para o aluno como principal receptor das mensagens veiculadas pela organização, enquanto que a maioria dos estudos generaliza o receptor. Nesse contexto, o presente projeto pretende contribuir para o enriquecimento da literatura, especialmente colaborando com a aplicação de um modelo de mensuração da qualidade da comunicação desenvolvido no Brasil. A presente pesquisa espera poder acrescentar sua contribuição ao estudo das IES privadas no Brasil, área que também carece de pesquisas, tendo em vista a recente expansão dessas organizações, além disso, através do estudo de caso, este trabalho pretende gerar subsídios para pesquisas futuras. 1.3.2 Justificativa Prática Berlo (1999), ao analisar o processo de comunicação, ressalta o caráter influenciador da comunicação, sobretudo no ambiente organizacional. “Comunicamos para influenciar, para influenciar com intenção”. No plano organizacional, este estudo poderá ajudar na divulgação de um modelo de análise que poderá tornar-se base de orientação para as organizações que desejem desenvolver e implantar programas que avaliem a qualidade da comunicação interna. 25 Especialmente para as IES, esta pesquisa poderá oferecer condições de monitorar sistematicamente a qualidade da comunicação com foco no discente, facilitando, assim, a manutenção dos alunos na instituição e a prospecção de novos discentes. Além disso, esta dissertação se torna relevante para as instituições privadas de ensino superior na medida em que visa a ser uma demonstração do caráter sistêmico da comunicação em um ambiente educativo. O presente trabalho pretende revelar aos gestores da Faculdade dos Guararapes possíveis estratégias comunicativas eficazes e ineficazes, tendo como foco o discente; e o que poderá impactar na compreensão que o aluno tem das mensagens veiculadas pela instituição, permitindo, assim, a partir dos dados apresentados, que a instituição construa mecanismos para a solução de possíveis problemas. Dessa forma, a análise da adequação comunicativa poderá indicar ações e decisões para a Instituição, com fins à vantagem competitiva no mercado. Por fim, a presente pesquisa é de especial interesse da pesquisadora, pois o estudo de caso realizou-se em uma instituição privada de ensino superior da qual fez parte como docente. Assim, o acesso ao levantamento dos dados foi mais fácil e, a partir dos dados levantados, a pesquisadora espera ampliar /melhorar as estratégias de comunicação utilizadas em sua prática pedagógica. 1.4 Estrutura da Dissertação Esta dissertação encontra-se dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo introduz o tema no qual podem ser identificados: o problema e as perguntas de pesquisa, os objetivos gerais e específicos, a justificativa e a estrutura do trabalho. 26 O segundo capítulo versa sobre a fundamentação teórica dos temas usados ao longo do estudo. O terceiro capítulo descreve a metodologia a ser utilizada, apresentando a natureza, a caracterização, o método, o locus e a delimitação da pesquisa, o método da coleta dos dados e da análise dos dados, e os limites e limitações do estudo. O quarto capítulo apresenta a análise dos dados levantados; o quinto capítulo refere-se à conclusão e o sexto capítulo apresenta as referências bibliográficas usadas ao longo da dissertação. 27 2 Fundamentação Teórica A comunicação como elemento responsável pela interação comunicativa é o tema desta pesquisa. As tradicionais funções do administrador, como planejar, coordenar e controlar dependem, em grande parte, da comunicação para serem bem-sucedidas. Além disso, as novas características de mercado realçam as habilidades comunicativas do executivo como sendo requisitos importantes para a manutenção de bons relacionamentos, elementos essenciais na gestão das organizações contemporâneas (SILVA, 2005). Hall (1979) destaca que quanto maior o lugar das pessoas e das idéias em uma organização, mais importante é o papel da comunicação. Este capítulo apresenta a fundamentação teórica, com o objetivo de respaldar o tema da pesquisa. 2.1 Teorias da Comunicação A comunicação está inserida em um campo de estudo multidisciplinar, cujos métodos de análise foram desenvolvidos pelos diversos ramos do conhecimento filosófico, histórico e sociológico. Assim, seu conceito não dispõe de autonomia teórica: necessita ser pesquisado no quadro das teorias da sociedade, à luz de outras áreas do conhecimento (WOLF, 2002). Para compreender a comunicação no espaço organizacional, é necessário conhecer a trajetória que as pesquisas em comunicação, no sentido mais amplo, percorreram até hoje. Um 28 resgate das principais teorias da comunicação permitirá perceber os diferentes enfoques das mesmas, e, dessa forma, aprofundar as teorias presentes no modelo de Fiúza (2004). O aumento do interesse em compreender os processos de comunicação coincide com a proliferação das máquinas, após a Revolução Industrial, com as Grandes Guerras Mundiais e com a difusão das comunicações de massa. Esses acontecimentos desconfiguraram definitivamente as antigas formas de relações interpessoais, baseadas no contato face a face e na oralidade, característicos das tribos primitivas ou das pequenas comunidades ditas civilizadas. As grandes navegações, iniciadas séculos antes, lançaram as sementes do que, mais tarde, se transformaria em uma complexificação das relações sociais, aproximando culturas e permitindo trocas simbólicas e de mercadorias (MATTELART e MATTELART, 2002). A Teoria Hipodérmica, como ficou conhecida a corrente de pesquisa em comunicação da época da revolução industrial, defendia a idéia de que "cada elemento do público é pessoal e diretamente 'atingido' pela mensagem” (WOLF, 2002) . O modelo simples estímulo-resposta (E-R), da teoria behaviorista, presente neste momento histórico, também foi adotado pela teoria hipodérmica, que defendia uma relação direta entre a exposição às mensagens e o comportamento: se uma pessoa é 'apanhada' pela propaganda, pode ser controlada, manipulada, levada a agir (WOLF, 2002). Em 1948, auge da Teoria Hipodérmica, Lasswell propõe um modelo de comunicação, baseado na produção do estímulo pelo emissor. Segundo essa teoria, um ato de comunicação se efetivará na medida em que sejam respondidas as perguntas: “Quem? Diz o quê? Através de que canal? Com que efeito?”. Assim, vê-se o emissor como um elemento ativo, produtor do estímulo, e um receptor passivo, que gera a resposta (WOLF, 2002). 29 Mesmo marcado pelas premissas da Teoria Hipodérmica, o modelo de Lasswell propiciou a superação dessa teoria, pois abriu os caminhos para a análise de conteúdo e para a análise dos efeitos, que viriam a configurar a pesquisa em comunicação nas décadas seguintes. Apesar de a concepção de emissor onipotente ainda perdurar durante muito tempo, as abordagens psicológicas e sociológicas dão o primeiro passo rumo à noção de receptor ativo, que só se consolidou recentemente. A abordagem psicológica traz à tona os filtros individuais que interferem na comunicação (WOLF, 2002). Nessa perspectiva, Mattelart e Mattelart (2002), entendendo que os indivíduos estão expostos a um grande número de mensagens e respondem (ou não) a elas seletivamente, as empresas passaram a preocupar-se mais com o modo de transmitir a mensagem. (MATTELART e MATTELART, 2002). A teoria da informação será tratada na seção que segue, destacando os modelos teóricos de comunicação que serão base para este trabalho. 2.2 Teoria da Informação Em 1949, o americano Claude Elwood Shannon publica, com W. Weaver, a obra The Mathematical Theory of Communication, precursora da Teoria da Informação. Essa teoria, que também teve significativa contribuição dos estudos precedentes de Norbert Wiener (1948), fundador da cibernética, propõe um esquema do "sistema geral de comunicação". O modelo de Shannon-Weaver, que busca a transmissão ótima das mensagens, é expresso na 30 Figura 1, que mostra o caminho que a mensagem percorre, desde a fonte da informação até o seu destinatário. TRANS MISSOR INFORMAÇÃO MENSAGEM SINAL SINAL DESTINO RECEPTOR SINAL MENSAGEM RECEBIDO FONTE DE RUÍDO FEEDBACK Figura 1 (2) - Modelo Shannon-Weaver Fonte: FIÚZA, 2004 O esquema acima ilustra o fluxo da informação, que é uma unidade semântica clara, distinta e mensurável, desprovida de interações comunicativas, cujos significados estão nas palavras e símbolos (sinais). O processo consiste, segundo Shannon e Weaver (1951) apud Wolf (2002) nos seguintes elementos: • o emissor como transformador de sinais que tem por finalidade codificar a mensagem e torná-la compreensível ao destinatário; • a mensagem é o instrumento que une o emissor ao receptor, permitindo veicular diversos conteúdos; • o código é o sistema de regras para tornar inteligível o conteúdo da mensagem; • o canal é o meio utilizado para transportar a mensagem; • o receptor é o destinatário da mensagem, foco da comunicação. 31 Em O Processo da Comunicação, Berlo (1999) retoma o modelo proposto por Shannon e Weaver, enfatizando a importância da relação entre os elementos que participam do processo comunicativo - fonte, codificador, mensagem, canal, decodificador, receptor. Através de uma analogia com o teatro, ele ressalta que a comunicação não depende de um ou de outro componente, mas das relações dinâmicas entre esses elementos: “Por exemplo, no terreno da comunicação, vejamos o teatro. Que é "teatro"? Aqui, também, podemos alistar os ingredientes: dramaturgo, peça, atores, auxiliares técnicos, espectadores, cenários, luzes, uma sala. Tudo somado, o total é teatro? Decididamente, não. Aqui, também, é a mistura, são as interrelações dinâmicas entre os ingredientes surgidas durante o processo que determinam se temos o que chamamos de "teatro", (BERLO, 1999, p.26) . Vale ressaltar, porém, que a maioria das pesquisas tende a priorizar um dos elementos da comunicação: a teoria hipodérmica foca o emissor, as análises de conteúdo privilegiam a mensagem, as correntes psicológicas estão centradas no receptor. A obra de Berlo (1999) preocupa-se com a transmissão ótima da mensagem, eliminando ou diminuindo o chamado ruído. Em oposição ao ruído, que impede que a mensagem percorra o caminho de um ponto a outro sem distorções, o autor fala em fidelidade, que representa a comunicação efetiva. Acreditando na possibilidade de o emissor atingir plenamente os seus objetivos de comunicação, ele salienta quatro fatores a serem observados, a fim de aumentar a fidelidade: a) suas habilidades comunicativas; b) suas atitudes; c) seu nível de conhecimento e d) sua posição dentro do sistema sociocultural (BERLO, 1999). Da mesma forma, o autor apresenta os fatores que precisam ser considerados em relação à mensagem: o código, o conteúdo e o tratamento, como se vê no quadro 1,2 a seguir: 32 ELEMENTOS DA PRESSUPOSTOS DE EFICIÊNCIA COMUNICAÇÃO • habilidades comunicativas (determinantes da EMISSOR fidelidade da comunicação); • grau de conhecimento que ele possui a respeito do objeto e do próprio processo da comunicação. • posição dentro do sistema sócio-cultural; • grau de conhecimento que ele tenha sobre o RECEPTOR código e o canal utilizado pela fonte; • forma como percebe o emissor e a mensagem. MENSAGEM CÓDIGO CANAL • • • • • conteúdo; forma como é tratada. sintático: sentido lógico; semântico: significado; pragmático: interpretação. • • • seleção do canal; Adequação ao conteúdo da mensagem; Adequação ao código utilizado. Quadro 1 (2)- Teoria da comunicação de Berlo Fonte: BERLO, 1999; Fiúza(2004)- Adaptado pela autora. Berlo (1999) apresenta fatores que atuam sobre o emissor da mensagem, influenciando seu comportamento no ato comunicativo, seu objetivo, seus mecanismos codificadores e o conteúdo das mensagens, da seguinte forma: a habilidade comunicativa determina a fidelidade da comunicação na medida em que influencia a capacidade individual de se analisar objetivos e intenções, bem como a capacidade de codificar a mensagem, expressando o que se pretende. Como expõe o referido autor, o nível de conhecimento veiculado através da mensagem, considerando que o emissor se comunica influenciado por sua posição no sistema sóciocultural, é mais um fator a ser considerado no processo de comunicação. Portanto, entende-se que é necessário conhecer o tipo de sistema social em que a fonte opera, o contexto cultural no qual se comunica, as crenças e os valores culturais que lhe parecem dominantes, as formas de comportamento aceitáveis ou não aceitáveis, exigidas ou 33 não em sua cultura, na medida em que ela cumpre papéis específicos e possui percepções ou imagens variáveis sobre a posição social e cultural do receptor (BERLO, 1999). Em relação ao receptor da mensagem, destaca-o como o elo mais importante em qualquer processo de comunicação, salientando que se a mensagem não o atingir de maneira compreensível, inútil terá sido o esforço de enviá-la. Para o autor, a preocupação com o receptor é um princípio orientador para qualquer fonte de comunicação. Ele tem sempre de ser lembrado, quando se decide sobre cada um dos fatores ligados à comunicação (BERLO, 1999). Quando a fonte escolhe um código para a mensagem, deve escolher um que seja conhecido do receptor. Quando a fonte seleciona o conteúdo, a fim de refletir seu objetivo, seleciona um conteúdo que tenha significação para o receptor. A única justificativa para a existência da fonte e para a ocorrência da comunicação, é o receptor, o alvo ao qual tudo é destinado (BERLO, 1999). No entanto, ressaltando o processo de interação, aponta que, da mesma forma que as habilidades comunicadoras da fonte são importantes para capacitá-la a interpretar os eventos, criar e codificar a mensagem, as habilidades relacionadas com o receptor também são essenciais à efetividade da comunicação, pois delas depende a decodificação da mensagem recebida. Por isso, não se pode predizer o êxito do ato comunicativo apenas em função das habilidades da fonte ou do receptor, isoladamente, mas sempre em conjunto (BERLO, 1999). Além da fonte e do receptor, outro elemento que também influencia a qualidade da comunicação é a mensagem. Na análise desse componente, três elementos estruturais devem ser considerados: o código, o conteúdo e a forma como é tratada. A mensagem, se não for relevante diante dos objetivos do receptor, inútil terá sido o esforço de produzi-la. Assim, pode-se afirmar, que comunicação eficiente é aquela que transporta informações úteis, fornecendo subsídios para que o homem possa decidir com maior segurança (BERLO, 1999). 34 O código está diretamente relacionado à mensagem. Ele geralmente é definido como qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a produzir significados para alguém (BERLO, 1999). Para completar a análise sobre o processo de comunicação, o emissor precisa identificar a melhor maneira de atingir o receptor, ao menor custo possível. Desse modo, a decisão sobre o tipo de canal utilizado no transporte da mensagem depende de um conjunto de fatores, entre os quais destacam-se: adequação ao conteúdo da mensagem, ao código utilizado, às características do receptor, custo etc. A própria fonte também acaba influenciando a escolha do canal, na medida em que se comunique melhor desta ou daquela maneira. (BERLO,1999). Assim, o modelo de Berlo apresenta uma visão sistêmica e interacionista do processo, na qual todos os elementos são protagonistas do processo de comunicação, como é possível verificar na figura 2.2, apresentada a seguir: FIGURA 2 (2) – O Processo de Comunicação de Berlo . Fonte : Berlo, David. O processo de Comunicação, 1999 Alguns pesquisadores, dentre os quais se destaca Umberto Eco (s/d), enriqueceram os modelos de comunicação de Shannon e Weaver e de Berlo através dos conhecimentos provenientes da semiótica. Centrando-se no código, o modelo semiótico-informacional atenta 35 para o grau em que o destinador e o destinatário partilham as referências relativas aos vários níveis que criam a significação da mensagem. A Semiótica é a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como elemento de produção de significação e de sentido (SANTAELLA, 1983). O homem só conhece o mundo na medida em que o representa e o percebe, sendo que a percepção se dá através da interpretação, que configura o mediador entre o objeto que é percebido e a consciência humana. Os fenômenos podem ser apreendidos por meio de três categorias: primeiridade (qualidade), secundidade (relação) e terceiridade (representação). A primeira refere-se à impressão, ao sentimento, a segunda corporifica esse sentimento, colocando em relação com o objeto, ainda não mediatizada e, a terceira, por sua vez, corresponde à camada interpretativa que dá sentido consciente ao objeto: corresponde à camada de inteligibilidade, ou pensamento em signos, através da qual se represent e se interpreta o mundo (SANTAELLA, 1983). Idéia semelhante também é apresentada por Saussure, precursor da semiologia, que fala em signo, significante e significado (SCHULER, 2004). A utilização das noções da semiótica no modelo comunicativo contribuiu para desmitificar a possibilidade de transmissão ótima da mensagem. Dentro do enfoque das teorias interacionais, corroborando com as idéias de Berlo(1999), Chung e Megginson (1986) descrevem o processo de comunicação em seis etapas, a saber: Etapa 1 – Controle da natureza da mensagem pela fonte (efetuado pelo emissor); Etapa 2 - Codificação da mensagem (efetuada pelo emissor); Etapa 3 - Transmissão da mensagem (efetuada pelo emissor); Etapa 4 - Recepção da mensagem (efetuada pelo receptor); 36 Etapa 5 - Decodificação da mensagem (efetuada pelo receptor); Etapa 6 - Retroinformação (feedback) do receptor para a fonte Para esses autores, nos dizeres de Fiúza (2004), sete categorias são determinantes da eficiência da comunicação organizacional : 1. Idioma apropriado - Palavras, gestos, e símbolos devem ser apropriados ao nível do receptor de compreensão. 2. Comunicação com ênfase prática - a referência do receptor (suposições e atitudes) deve ser entendida pelo comunicador, num processo de interação. 3. Desenvolvimento de clima de confiança- Diálogo aberto e franco. 4. Uso de mídia apropriada. 5. Escutar melhor- Não só ouvir, mas escutar o significado total da mensagem. 6. Realimentação (Feedback) - mensagem recebida com precisão. 7. Esforços de comunicação - harmonia com estratégia organizacional. Para Chung e Megginson (1986), o processo de comunicação é construído com base na seguinte dinâmica: a comunicação compreende um processo de produção e compartilhamento de sentidos entre sujeitos interlocutores, realizado através de uma materialidade simbólica (da produção de discursos) e inserido em determinado contexto do qual se recebem informações. Fiúza (2004) acrescenta a essa dinâmica o posicionamento de Guillon e Mirshawka (1995), que defendem que, para que haja qualidade na comunicação nas relações profissionais, deve haver um processo de interação entre envolvidos, que priorize seis situações: o cumprimento de promessa de atendimento; deve haver respostas documentadas; atitudes positivas dos empregados; comunicações pró-ativas; sinceridade e franqueza e, por fim, confiabilidade do sistema de atendimento. Entendendo que cada pessoa está exposta a várias realidades ao mesmo tempo, tendo acesso a códigos distintos e que se sobrepõem uns aos outros, os pesquisadores percebem que 37 a efetividade total da transmissão da mensagem é praticamente impossível. A próxima seção apresentará, pois, o modelo desenvolvido por Fiúza (2004), a partir das teorias acima expostas, que visa a melhorar o entendimento do processo de comunicação. 2.3 Modelo de mensuração da qualidade da comunicação de Maria Sílvia Santos Fiúza Fiúza (2004) parte do pressuposto de que a comunicação pode ser compreendida como um comportamento instrumental (ação de comunicar), emergente simbólica e concretamente na interação social. Segundo a autora, a comunicação em uma Instituição de Ensino Superior é uma prática que extrapola a mera sobreposição de atividades administrativas isoladas. Com base nos estudos de Restreppo (1995), a autora defende que as formas de comunicação desenvolvidas em uma IES podem ser interpretadas a partir de três parâmetros: • As formas de comunicação que a instituição tem utilizado; • O modo como a comunicação tem sido avaliada; • A coerência entre o discurso e as práticas organizacionais. Assim, considerando a ausência de indicadores para avaliar a qualidade da comunicação em uma IES, Fiúza (2004) construiu um modelo a partir da associação das teorias de Berlo (1999), Chung e Megginson,(1986); assim como Guillon e Mirshawka, (1995), através da análise de conteúdo. Ao associar os conceitos dos elementos da comunicação apresentados pelas diversas teorias, a autora construiu um referencial norteador das principais funções de cada elemento, o que é apresentado no quadro 2. 38 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ANÁLISE DE CONTEÚDO ( TEORIAS DE BERLO; GUILLON E MIRSHAWKA E CHUNG E MEGGINSON) EMISSOR 1. habilidades comunicativas; 2 .conhecimento do objeto e do processo da comunicação ; 3 .posição no sistema sócio-cultural; 4. escutar melhor; 5. realimentação (Feedback); 6. cumprimento de promessa de atendimento; 7 .atitudes positivas dos empregados; 8. sinceridade e franqueza; RECEPTOR 1 conhecimento sobre o código; 2 acesso ao canal utilizado pela fonte, 3 percepção do emissor ; 4 percepção da mensagem; 5 confiabilidade no sistema de atendimento. FUNÇÕES -determinante da fidelidade da comunicação; -conhecimento e adequação do assunto que deverá ser veiculado através da mensagem; -percepções ou imagens variáveis sobre a posição social e cultural do receptor. -conhecer o código empregado na composição da mensagem; -composição da mensagem; - importância dada ao receptor no processo de comunicação; - mensagem deve atingi-lo de maneira compreensível. MENSAGEM 1. tipo de informação; 2. sistema de informação; 3. atendimento às necessidades; 4.esforços de comunicação em harmonia com estratégia organizacional; 5 .comunicações pró-ativas; 6. comunicação com ênfase prática. -informação que o usuário deseja encontrar, e que uso fará dela para satisfazer suas necessidades; -apoiar o processo de tomada de decisão, objetivando solucionar problemas, alocar recursos etc. CÓDIGO 1. sentido lógico ao emissor; 2. significado direcionado à situação; 3. condição de interpretação; 4. idioma apropriado; 5. respostas documentadas . - reconhecimento de um código em conexão com outros códigos e seus significados; famíliaridade /relevância com o código que está sendo utilizado. CANAL 1 .seleção do canal pelo emissor; 2. adequação ao conteúdo da mensagem; 3 .adequação ao código utilizado; 4. uso de mídia apropriada e de diferentes mídias. -transportar a mensagem, de maneira a atingir o receptor. Quadro 2 (2) – Funções dos elementos da comunicação-Análise de Conteúdo de Fiúza Fonte:Fiíza, 2004. A partir da análise do conteúdo acima apresentado, Fiúza (2004) procedeu à ordenação e à integração deste conteúdo às variáveis (elementos da comunicação) apresentadas por Berlo 39 (1999) – emissor, receptor, mensagem, código e canal - para compor os indicadores de mensuração da qualidade da comunicação. Os indicadores apresentados no quadro 3 foram determinados, então, pelo enquadramento conceitual proposto por Berlo (1999), associado ao funcionamento das categorias apresentadas por Guillon e Mirshawka (1995) e Chung e Megginson (1986). VARIÁVEIS INDICADORES PROPOSTOS PARA MENSURAÇÃO DA QUALIDADE EMISSOR - habilidade comunicativa de ouvir; - atitudes positivas na emissão: sinceridade, franqueza, cumprimento de promessas; - conhecimento do objeto e do processo da comunicação; - forma associada à posição no sistema sócio-cultural ; - busca de realimentação (Feedback). RECEPTOR - compreensão do código; - conhecimento do canal; - percepção acerca do emissor: posição, critérios; - percepção acerca da adequação da mensagem às necessidades; - confiabilidade no processo comunicativo. MENSAGEM - conteúdo adequado contexto da informação; - adequação do tipo de informação ao sistema utilizado; - adequação ao atendimento das necessidades; - harmonia com estratégia organizacional; - comunicação pró-ativa e com ênfase prática. CÓDIGO - emprego de sentido lógico; - adequação do significado pretendido; - fornecimento de elementos de interpretação; - linguagem apropriada; - adequação das formas empregadas à situação. CANAL - seleção do canal apropriado ao contexto; - adequação ao conteúdo da mensagem; - adequação à linguagem utilizada; - adequação às formas empregadas; - disponibilização de canais diversos. Quadro 3 (2) – Indicadores propostos por Fiúza Fonte: Fiúza,2004. O instrumento de pesquisa desenvolvido por Fiúza (2004), constitui-se de um questionário com 40 questões propostas (apresentado no anexo 1 ). As questões 40 corresponderiam aos indicadores para as variáveis: emissor, receptor, mensagem, código e canal. Para cada variável, a autora propôs um objetivo específico, a saber: 1. Emissor – Verificar a percepção dos alunos em relação ao comportamento comunicativo da instituição de ensino do corpo discente; 2. Receptor – Verificar como o aluno percebe as informações que lhe são dirigidas pela instituição de ensino; 3. Mensagem – Verificar como o aluno percebe as funções da comunicação na instituição de ensino; 4. Código – Verificar como as formas de linguagem da instituição são percebidas pelo aluno; 5. Canal – Verificar como o aluno avalia os meios de acesso às informações na instituição de ensino. Das 40 questões que compõem o instrumento, cada variável teve um grupo de oito. A autora realizou a validação dos indicadores propostos que compuseram seu instrumento de mensuração da qualidade da comunicação. A confiabilidade do instrumento será apresentada na metodologia desta pesquisa. A próxima seção abordará a importância da comunicação para as organizações. 2.4. Comunicação nas organizações Através da conhecida experiência de Hawthorne, em uma fábrica da Wester Electric, Elton Mayo descobre a influência dos grupos primários na produtividade, contrariando as teses tayloristas da organização científica do trabalho. O estudo da influência dos líderes de 41 opinião e do fluxo da comunicação a dois níveis - two-step-flow, de Katz e Lazarsfeld (WOLF: 2002), também geraram transformações no modo de trabalho das organizações, assim como o papel das gerências, que intermediavam as informações entre a alta administração e os funcionários da base da pirâmide organizacional, mereceram destaque (KATZ, KAHN, 1998). Com o desenvolvimento de pesquisas no campo da comunicação e através da influência das pesquisas em psicologia e sociologia, as noções de supremacia de apenas um elemento da comunicação caíram por terra, essas noções começaram a ser questionadas, pois a realidade empírica mostrava que o emissor não era tão hegemônico quanto se supunha (FIGUEREDO, 2001). A grande aceitação da teoria hipodérmica nas organizações provavelmente está relacionada com sua adequação aos conceitos de eficiência e eficácia organizacionais, amplamente valorizados na administração. Conseqüentemente, a comunicação no espaço organizacional revela muitos traços dos conceitos defendidos pela Teoria da Informação (GOLDHABER, 1991). Outra contribuição importante das teorias da comunicação à comunicação organizacional provém dos estudos sobre semiótica e semiologia (SANTAELLA, 1983), que revelam a importância da percepção individual na construção de todos os tipos de significados, sejam eles de fatos, objetos ou mensagens transmitidas. Essas contribuições das pesquisas sobre a comunicação ajudam a compreender a comunicação no espaço organizacional. Isso porque os membros da organização comunicamse constantemente com outras pessoas, seja no trabalho, na família ou na sociedade. E, considerando que as diferentes dimensões da vida do indivíduo influenciam-se mutuamente, é importante entender o processo de comunicação em geral, que envolve todas essas dimensões. O termo Comunicação Organizacional foi cunhado por Daniel Katz e Robert Kahn, em 1978. Tais autores tiveram um papel fundamental na interface entre a administração e a 42 comunicação. Nesse sentido, as quatro funções específicas do fluxo de mensagens em uma organização são: a) para informar; b) para regular; c) para persuadir; d) para integrar (DANIELS at al. 1997 apud GOLDHABER, 1991). No que se refere à comunicação interna nas organizações, destacam-se três modos formais de comunicação: a) descendente; b) ascendente; c) horizontal (KATZ; KAHN, 1978), além da comunicação informal. A comunicação descendente envolve o fluxo de mensagens transmitidas dos altos níveis hierárquicos para os empregados (KATZ; KAHN, 1978). Katz e Kahn (1978) identificaram cinco tipos de comunicação descendentes: diretivas específicas de tarefa: instruções de cargo; informações destinadas a produzir compreensão da tarefa e sua relação com outras tarefas organizacionais: lógica do cargo; informação sobre procedimentos e práticas organizacionais; feedback para o subordinado sobre seu desempenho; informação de caráter ideológico para inculcar um senso de missão: doutrinação sobre metas. A comunicação descendente tem função primordial, uma vez que possibilita a transmissão do caráter ideológico e, ao mesmo tempo, exerce influência sobre as demais formas de comunicação. (MOTA; FOSSÁ, 2006). Quando essa forma de comunicação é deficiente, todo o fluxo de mensagens fica prejudicado. Contudo, quando abordada em toda a sua complexidade, a comunicação descendente apresenta barreiras que dificultam o seu funcionamento ideal. Uma dessas barreiras foi evidenciada por Katz e Kahn, e refere-se à questão da tradução/translação das mensagens (WOLF, 2002). Goldhaber (1991) destaca alguns aspectos que, se não observados, podem criar problemas na comunicação descendente: 1) confiar nos métodos de difusão; 2) sobrecarga de mensagens; 3) momento oportuno; 4) filtragem. A comunicação ascendente envolve a transmissão de mensagens dos baixos níveis hierárquicos para a alta administração. Como sustentam Smith et al, a comunicação ascendente é essencial para o envolvimento dos empregados na tomada de decisão, solução de 43 problemas e desenvolvimento de políticas e procedimentos (DANIELS et al., 1997; BUENO, 2003). Katz e Kahn (1998) apontam quatro tipos de informações que as pessoas podem transmitir aos seus superiores através da comunicação ascendente: a) sobre si mesmas; b) sobre outros e seus problemas; c) sobre as práticas e diretrizes organizacionais; d) sobre como e o que precisa ser feito. A eficácia da comunicação ascendente está altamente ligada à forma como a comunicação descendente é trabalhada, incentivando ou não este tipo de comunicação. A comunicação informal – que não segue os canais formais - é um assunto que tem despertado polêmica entre os estudiosos. Na visão de alguns, como Walton (1961), a mesma ocorre quando o sistema de transmissão de comunicação formal é insuficiente (IASBECK, 2002). Outra corrente de pesquisa, na qual se inclui Chester Barnard (1966), argumenta que a comunicação informal é inerente e até um aspecto necessário à vida organizacional. Algumas das características deste tipo de comunicação: elas são rápidas; geralmente contém informações corretas e se alastram através de redes não lineares. (GOLDHABER, 1991, ROMAN, 2002 apud Silva, 2002). O item a seguir versará sobre a comunicação em Instituições de Ensino Superior. 2.5 Comunicação em Instituições de Ensino Superior Nas Instituições de Ensino Superior (IES) são identificados dois segmentos com os quais as mesmas estabelecem comunicação. O primeiro segmento é o interno (corpo diretivo, pessoal técnico-especializado, pessoal administrativo e de apoio, professores e alunos). E o segundo é o externo, composto dos candidatos ao vestibular, organizações empresariais, órgãos públicos, organizações não governamentais, organizações religiosas, escolas e colégios 44 de ensino médio, outras IES públicas e particulares, e a mídia (ANDRADE; AMBONI, 2002). Este estudo contemplará o segmento interno, delimitado, especificamente, na relação comunicacional interativa entre a Instituição e o aluno. Durante a década de 90, as instituições de ensino superior - IES – privadas, no Brasil, ganharam a dimensão de um negócio rentável, como conseqüência da expansão deste mercado (INEP, 2005). Com um crescimento acelerado do ensino superior no Brasil, o resultado do Censo da Educação Superior de 2005 abrange um universo de 1.180 instituições de Educação Superior e 900 mantenedoras, 8.800 Cursos Superiores de Graduação, além dos Cursos Seqüenciais (INEP, 2005). É justamente este rápido crescimento que traz sérios problemas de planejamento estratégico às IES (KAPLAN e NORTON, 2000). Segundo Fiúza (2004), ações e estratégias, no âmbito da universidade demandam profundo conhecimento dos públicos à qual se destina e com os quais interage, e o conhecimento de suas expectativas e frustrações. Não se trata de pesquisa de opinião, mas de ouvir e querer escutar, de olhar e querer ver, de falar e deixar falar e principalmente, promover ações que transpareçam o reconhecimento e o respeito pela participação e interação efetivas. Para Bueno (1998), a universidade brasileira não pratica uma cultura de comunicação, ou seja, ela, de maneira geral, não assume o exercício da comunicação estratégica e, em conseqüência, não está capacitada para acessar ou ser acessada por seus públicos de interesse No ambiente educacional, nada gera maior insatisfação e transtorno do que informações truncadas e erradas, ratifica Rojo (2005), ao afirmar que boa parte dos dados que chegam à universidade não pode ser transformada em informação devido a uma série de fatores como sentido duplo, pouca confiabilidade, obsolescência, utilização de diferentes tecnologias de informação e de comunicação e falta de interatividade entre os sistemas. A comunicação precisa, então, ser trabalhada para divulgar as ações e as mensagens através de uma linha direta, um canal de comunicação entre Universidade e seus públicos 45 internos e externos, que apresentam grande valor institucional, pois todos representam significativamente a formação de opinião da imagem da empresa. Nas Instituições de Ensino, a comunicação pode influenciar, direta ou indiretamente, a imagem que o seu corpo discente tem da Instituição e/ou do Curso que freqüenta. Segundo Kunsh (1997), a compreensão dos conceitos de comunicação apresentados em uma IES está centrada na integração dos conteúdos das mensagens de comunicação a fim de transmitir uma idéia única; uma única mensagem através de diferentes instrumentos de comunicação; como também no planejamento das ações comunicativas como forma de garantir a ação conjunta dos profissionais e a uniformidade da mensagem. Nesta pesquisa, a comunicação no âmbito de uma Instituição privada de Ensino Superior é entendida como elemento de integração e de disseminação de sentidos de modo coerente, como afirmam Kunsh (1997) e Yannes at al (2002). Assim, será apresentada, a seguir, a metodologia adotada nesta dissertação para analisar a adequação das estratégias comunicativas de uma IES. 46 3 Metodologia Este capítulo apresenta a natureza, a caracterização, o método, o locus e a delimitação da pesquisa, o método de coleta e de análise de dados e os limites & limitações do estudo. 3.1 Natureza da pesquisa Esta pesquisa é do tipo descritiva, porque visa à caracterização de determinada população (GIL, 2002). Os estudos descritivos são normalmente estruturados com o intuito de descrever, analisar e interpretar as percepções dos respondentes quanto aos temas pesquisados (VERGARA, 2000). As pesquisas descritivas são habitualmente utilizadas pelos pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática (GIL, 2002). Nesse tipo de pesquisa, procura-se descrever fenômenos ou características associadas com a população, estimar proporções de uma população que tenha tais características, descobrir associações entre as variáveis e investigar e medir as relações de causalidade entre as variáveis (COOPER e SCHINDLER, 2004). Optou-se por essa metodologia para descrever a percepção dos alunos de uma instituição de ensino superior quanto à qualidade da comunicação existente. Não será foco desse trabalho a mensuração de relações de causa e efeito entre as variáveis estudadas. 47 3.2 Caracterização da pesquisa O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso. Pode-se entender os estudos de caso, segundo Yin (2001), como método de instrução onde ocorre a interação no debate direto de um problema ou caso relacionados. Para Cooper e Schindler (2004), o estudo de caso deve estar focado em um fato ou ocorrência específica cuja importância encontra-se na descoberta sobre o objeto estudado. O estudo de caso foi realizado na Faculdade dos Guararapes, situada no município de Jaboatão dos Guararapes / PE, por meio da coleta realizada com os alunos do curso de Administração, a fim de compreender, através da análise do Modelo de mensuração da qualidade da comunicação desenvolvido por Fiúza (2004), a percepção do discente com relação às estratégias comunicativas das mensagens veiculadas pela instituição. Nessa perspectiva, constata-se que o estudo de caso é uma sistemática de investigação nas Ciências Sociais, voltada à coleta e ao registro de informações sobre um ou vários casos específicos, desenvolvendo relatórios críticos estruturados e avaliados, dando espaço à tomada de ações sobre o objeto escolhido para o estudo (CHIZOTTI, 1991). 3.3. Método da pesquisa Optou-se por uma metodologia multi-método de pesquisa, que permitiu coletar informações tanto quantitativas, quanto qualitativas. Isto porque, no entendimento de Demo 48 (2001), todo fenômeno quantitativo tem aspectos qualitativos e vice-versa. Entre quantidade e qualidade não existe dicotomia, pois são faces distintas do mesmo fenômeno. Nesse sentido, “métodos quantitativos e qualitativos precisam ser tomados como complementares e como regra” (DEMO, 2001). Esse estudo é multi-método porque o questionário adotado compreende questões fechadas, permitindo o uso de técnicas estatísticas para a análise dos dados, reforçando assim o método quantitativo. Ao mesmo tempo, a pesquisa envolve aspectos qualitativos, referentes às questões abertas existentes no questionário, o que remeteu à análise qualitativa (de conteúdo) das respostas. 3.4 Locus da pesquisa Este estudo foi realizado na Faculdade dos Guararapes -PE, com os alunos do curso de Administração de Empresas. Esta Faculdade atua no mercado educacional desde 2002. A pesquisa foi desenvolvida nas salas de aula. Não foram considerados os demais cursos existentes na Faculdade. A escolha da Faculdade dos Guararapes baseou-se no fato de a Faculdade se constituir em um empreendimento educacional pioneiro no município de Jaboatão dos Guararapes, que demonstra forte preocupação com a interação comunicativa. Aliada a isto, há a acessibilidade da pesquisadora com a Instituição, resultante de sua participação no ambiente acadêmico quando pertencente ao quadro de funcionários da referida instituição. O curso de Administração da Faculdade dos Guararapes contempla o segundo maior número de discentes: são 450 alunos matriculados atualmente, conforme dados da própria 49 Instituição, correspondendo a 30% do total de discentes. Como esse curso condensa um percentual significativo de alunos, as respostas são relevantes à compreensão pretendida. 3.5 Delimitação da Pesquisa Nesta seção definem-se a população e a amostra deste estudo. De acordo com Richardson et al. (1999), população ou universo é o conjunto completo de elementos que possuem determinadas características sobre as quais desejamos fazer algumas inferências. Neste sentido, a população da presente pesquisa compreende os alunos, matriculados e freqüentes, dos sete períodos do curso de Administração da Faculdade Guararapes, perfazendo um total de 431 discentes, cuja distribuição é apresentada na tabela 1: Nº de alunos pesquisados Absoluta 112 34 84 36 80 73 12 431 TABELA 1 (3)- Distribuição de alunos por período Fonte: Faculdade dos Guararapes,2007 2º período 3º período 4º período 5º período 6º período 7º período 8º período TOTAL Freqüência % 25,9 7,9 19,48 8,35 18,56 16,93 2,74 100 Em função da acessibilidade e da importância do estudo para as partes envolvidas a análise foi realizada a partir de uma amostra. Para Cooper e Schindler (2004), a utilização de uma amostragem é viável, pois, além de apresentar custo mais baixo, os resultados tendem a apresentar maior acuidade, na medida em que os vieses ficam fora da amostra. Assim, foi utilizada a acessibilidade por conveniência. 50 A amostra mínima a ser considerada neste trabalho foi calculada a partir da fórmula estabelecida por Richardson (1999, p. 170). O autor define para amostras aleatórias simples a seguinte expressão: σ2 . p. q . N n= E2 (N - 1) + σ 2 . p. q Onde: n = Tamanho da amostra σ2 = Nível de confiança escolhido, em número de desvios (sigmas). Foi adotado o nível de confiança de 95% (2σ) p = Proporção das características pesquisadas no universo, calculada em percentagem q = Proporção do universo que não possui a característica pesquisada (q = 100 – p) E2 = Erro de estimação permitido – foi adotado um erro de 5% N = Tamanho da população (431 alunos) Baseado nessa fórmula, a amostra mínima para realização dessa pesquisa será: n= 22 . 50 . 50 . (431) . = 207 respondentes 52 . (431 – 1) + (22 . 50 . 50) O número de respondentes foi de 285 alunos, superando a amostra mínima, conforme apresentado na tabela 2: Nº de alunos pesquisados TOTAL Freqüência Absoluta 2º período 89 3º período 26 4º período 44 5º período 36 6º período 68 7º período 7 8º período 9 Não responderam 24 285 TABELA 2 (3)- total de alunos respondentes Fonte: Dados da pesquisa % 31 9 15 6 24 2 3 8,0 100 51 3.6 Coleta de dados Esta seção compreende duas etapas. Primeiro, será feita a apresentação do instrumento desenvolvido por Fiúza (2004), utilizado nesta dissertação. E segundo, o processo de coleta de dados efetivamente. 3.6.1 Instrumento de Pesquisa O questionário foi o instrumento adotado nesta pesquisa. Isto porque, segundo Richardson et al. (1999), os questionários descrevem as características estudadas e medem variáveis específicas de um grupo social. Neste caso, em especifico, o questionário adotado (Anexo 02), foi o desenvolvido por Fiúza (2004). Ele compreende 40 itens (indicadores – 8 questões para cada variável) em uma escala de avaliação itemizada (Likert) de sete pontos, que varia de 1 = discordo totalmente a 7 = concordo totalmente. Os indicadores apresentados para as variáveis: emissor, receptor, mensagem, código e canal foram validados a partir da confiabilidade simples através da análise do alfa de Cronbach, bem como da confiabilidade composta, através da análise fatorial, como é apresentado na tabela 3, a seguir: 52 Variável Valor da confiabilidade simples Valor da confiabilidade composta EMISSOR 0,85 0,837692 RECEPTOR 0,895464 0,883340 MENSAGEM 0,924061 0,922566 CÓDIGO 0,928196 0,926294 CANAL 0,781249 0,740879 Tabela 3 (3) – Confiabilidade das variáveis- modelo Fiúza (2004) Fonte: Fiúza,2004.(adaptado pela pesquisadora) Os resultados apresentados na tabela 3 mostram que o coeficiente de Cronbach, por meio do seu índice, garante a congruência e a consistência interna entre os itens do mesmo teste. Cronbach (1951) considera que o coeficiente de alfa vai de 0 a 1, com o 0 indicando ausência total de consistência interna dos itens e o 1, a presença de consistência de 100%; assim, considera que o teste é preciso quando atinge um coeficiente de fidedignidade que se aproxima de 1; ao contrário, quando atinge o coeficiente abaixo de 0,70, o teste é inaceitável. O instrumento desenvolvido por Fiúza (2004) foi validado ainda através de análise fatorial exploratória por meio do teste de linearidade, que se baseia em correlação entre os itens de um mesmo construto, cujo resultado é significativo se ≥ 0,30 como exposto por Hair et al. (1998). Os dados obtidos estão expostos na tabela 4, a seguir: Variável Correlação dos Indicadores Correlation p ≥ 0,3000 EMISSOR Average inter-item corr.: ,441987 RECEPTOR Average inter-item corr.: ,560771 MENSAGEM Average inter-item corr.: , 672760 CÓDIGO Average inter-item corr.: ,659524 CANAL Average inter-item corr.: ,426989 Tabela 4 (3)- Correlação entre os indicadores Fonte: Fiúza, 2004. (adaptada pela pesquisadora) 53 Os indicadores apresentaram correlação significativa em todas as variáveis. O instrumento foi considerado válido por meio de testes empíricos de confiabilidade e validade. Considera-se, assim, que o instrumento desenvolvido por Fiúza (2004) constitui-se em um instrumento seguro para a mensuração da qualidade da comunicação. Para a análise dos dados desta pesquisa, o questionário apresentou também duas perguntas abertas cujos objetivos foram permitir que os respondentes apresentassem suas reflexões pessoais acerca das estratégias comunicativas consideradas relevantes e que a partir daí mostrassem seus sentimentos e oferecessem sugestões, sustentando assim, a dimensão qualitativa da pesquisa. Por fim, o questionário apresentou as questões demográficas. O objetivo dessas questões foi caracterizar o perfil dos respondentes da pesquisa. É importante destacar que a mensuração de qualquer variável exige a aplicação de ferramentas capazes de quantificar, logo, passíveis de análises estatísticas que possibilitem conclusões. Nesta perspectiva, optou-se pela escala tipo Likert, que apenas associa a cada resposta um valor (de 1 a 7), representando a posição ordenada das respostas, e recebendo adaptação conceitual. Desse modo, o número absoluto não apresenta significado no fenômeno, pois não demonstra uma medida direta de qualquer característica do fenômeno, trata-se somente de uma sistemática indireta de ordenação dos dados (FIÚZA, 2004). 3.6.2 Processo de coleta de dados No que se refere ao processo de coleta de dados, o primeiro passo foi submeter o questionário a um pré-teste, que objetivou verificar a adequação semântica do instrumento, bem como o tempo que cada respondente precisaria dispor para preencher o questionário. 54 A respeito do pré-teste, Cooper e Schindler (2004) afirmam que o mesmo visa a revelar erros no planejamento da pesquisa. Fazer um pré-teste do instrumento permite o seu refinamento antes do teste final. Para os autores, essa é a melhor oportunidade do pesquisador para revisar o texto e solucionar problemas que possam confundir os resultados. O pré-teste foi aplicado pela própria pesquisadora para um grupo de 10 alunos do curso de Direito da mesma Instituição. Antes da aplicação, houve uma breve explicação sobre a pesquisa a ser apresentada e solicitou-se que os alunos respondessem às perguntas com sinceridade. Informou-se, também, que quaisquer dúvidas com relação ao entendimento seriam esclarecidas. Durante a aplicação do pré-teste não houve apresentação de dúvidas por parte dos alunos respondentes. Verificou-se que o tempo de preenchimento do instrumento variou entre 10 e 20 minutos, o que confirmou a possibilidade de aplicação em sala de aula, visto que não consumiria tanto tempo da aula cedida pelos professores da Instituição para a aplicação dos questionários. Após a aplicação do pré-teste, com a confirmação da clareza com relação ao entendimento dos itens apresentados e com a definição de quanto tempo seria necessário para o preenchimento dos questionários, procedeu-se à aplicação do instrumento nas turmas de Administração da Faculdade dos Guararapes. Para a sensibilização do universo pesquisado e assegurar a sistemática de coleta de dados, foi comunicado em cada sala de aula, antes da aplicação do questionário aos respondentes, que a participação seria voluntária e que eles deveriam ser imparciais, a fim de que os dados fossem representativos e reais. Este levantamento foi aplicado com a ida da pesquisadora em todas as salas, sem qualquer tipo de seleção/identificação. Foram envolvidos alunos do segundo ao oitavo (último) período do curso de Administração. A aplicação ocorreu na penúltima semana do 2º 55 semestre letivo. A Faculdade dos Guararapes, no segundo semestre de 2007, optou por não oferecer disciplinas para o primeiro período, o que justifica a não existência de alunos matriculados neste nível acadêmico. Durante a aplicação foi realizada uma breve explicação sobre o questionário a ser preenchido e solicitado que respondessem às perguntas, de forma sincera e consciente. O questionário foi aplicado de modo coletivo, em cada sala de aula, no entanto, os alunos leram e responderam individualmente os itens do mesmo. Através das respostas fornecidas pelos alunos, buscou-se verificar a percepção e o entendimento dos alunos no que diz respeito à temática estudada. Para o processamento dos dados foi desenvolvido um banco de dados no excel com todas as variáveis estudadas, assim como os dados demográficos dos respondentes. Isto facilitou a próxima etapa da pesquisa, a análise dos dados. Tanto a aplicação do questionário, quanto o processamento dos dados foram realizados pela própria pesquisadora. 3.7 Análise dos dados O processo de análise e interpretação dos dados é, entre os vários itens de natureza metodológica, o que apresenta maior carência de sistematização (GIL, 2002). Como neste estudo de caso foram utilizados procedimentos de coleta de dados variados, o processo de análise e interpretação envolveu mais de um modelo de avaliação, podendo ser a qualitativa de grande importância. Neste sentido, o método de análise dos dados adotado neste estudo, constou de duas etapas. A primeira etapa, em função das questões fechadas do questionário, foi predominantemente uma avaliação quantitativa. A segunda etapa relacionou-se às questões 56 abertas (textos) do questionário com uma abordagem mais qualitativa, a partir da análise de conteúdo de Bardin (2004). Para Bardin (2004), a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, ou seja, um único instrumento, mas possuidor de uma grande quantidade de formas diversas e adaptáveis ao campo de aplicação das comunicações. Para realizar a análise de conteúdo, foram identificados os temas relevantes e procedeu-se à categorização semântica. A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero, com os critérios previamente definidos (BARDIN, 2004). As ferramentas usadas nesta pesquisa para a avaliação quantitativa dos dados coletados foram: análise estatística descritiva, análise fatorial e análise de conteúdo. Para a realização dessas análises foram empregados os aplicativos Excel e SPSS 12. Para a avaliação quantitativa, utilizou-se a análise de conteúdo. Na utilização da estatística descritiva foram observados: média, desvio padrão e avaliação gráfica para a visualização do resultado obtido. Na aplicação da análise de conteúdo, um sistema de categorias foi estabelecido visando obter indicadores que permitissem a inferência de conhecimentos relativos à percepção dos respondentes face à temática estudada. Seguindo a mesma sistemática desenvolvida por Fiúza (2004), foi adotado o critério conceitual, proporcional aos pontos 1 a 7 da escala, considerando-se a seguinte composição, como se vê no quadro 4: 57 Item da Escala Caracterização 1 2 3 4 Discorda totalmente Discorda muito Discorda Neutro Concorda 5 6 7 Conceito Correspondência Conceitual Péssima Muito ruim Inadequada1 Ruim Ponto de Dúvida Indecisão quanto à inadequação ou adequação Adequada com limitações que afetam as boa interações comunicativas na IES Concorda muito Adequada com limitações que não afetam as Muito boa interações comunicativas Concorda totalmente Excelente Adequação Ótima Quadro 4 (3) - Parâmetros de Conceituação dos Escores Fonte: FIÚZA (2004) Isso significa que, se a média de respostas for ≤ 3 (péssima, muito ruim, ruim), a avaliação é negativa (inadequada), mas se a média de respostas for >5 (boa, muito boa, ótima), a avaliação é positiva (adequada) (FIÚZA, 2004). Este método de atribuir uma escala de importância para cada escore foi o mais indicado para se conseguir verificar a importância de cada variável, bem como para se proceder à análise conceitual das mesmas (FIÚZA, 2004). 3.8 – Limites e Limitações do Estudo Toda pesquisa científica apresenta limites e limitações. Esta pesquisa, apesar de vislumbrar importantes contribuições no campo teórico-empírico para os estudos sobre comunicação empresarial; não foge à regra. Nesse sentido, alguns limites e limitações deste trabalho são destacados a seguir. 1 Foram agrupados os escores 1,2,3, no âmbito conceitual, por se considerar os resultados inadequados. 58 Este trabalho limitou-se à análise das estratégias de comunicação em IES, mais especificamente entre os alunos do curso de Administração da Faculdade dos Guararapes. Não buscou analisar a comunicação interna no âmbito departamental, nem contemplou a análise de setores específicos. Também não visou a desenvolver ou propor um modelo ideal do processo de comunicação, analisar ou explicar as competências das pessoas, sejam elas tácitas ou explicitas. O modelo de pesquisa adotado foi o transversal, que apesar de fornecer dados que permitem grandes interpretações da realidade, apresenta limitações. Um modelo de pesquisa longitudinal seria capaz de fornecer dados ainda mais significativos. O fato de ser estudo de caso é outra limitação. Isto significa que não se devem fazer inferências com os resultados, generalizando as conclusões para outras instituições. A pesquisa realizou-se apenas no meio universitário; não sendo considerados, outros níveis de educação. Ao mesmo tempo, não foram pesquisados acadêmicos de outros cursos da mesma instituição. Por fim, a implicação da pesquisadora também se constituiu em outra limitação. Isto, porém, não invalida toda a metodologia empregada para a coleta, a análise e a discussão dos dados, haja vista o reconhecimento da influência e sua análise (causas e conseqüências) na e para a pesquisa. 59 4 Resultados Este capítulo é dedicado à apresentação e discussão dos resultados obtidos na pesquisa de campo. Para tanto, cada um dos quatro objetivos específicos será tratado isoladamente nas seções seguintes. Como apontado na metodologia, foram usadas a análise estatística descritiva, a análise fatorial e a análise de conteúdo (BARDIN, 2004). Todas essas ferramentas permitiram a interpretação dos dados, possibilitando assim a compreensão do problema de pesquisa: “Até que ponto existe uma adequação comunicativa nas mensagens veiculadas pela Faculdade dos Guararapes para os alunos do curso de Administração, de acordo com o modelo de Fiúza (2004)?” A próxima seção apresentará o perfil dos sujeitos da pesquisa. 4.1 Perfil dos sujeitos da pesquisa A presente seção atenderá ao objetivo específico 1: “ Definir o perfil dos respondentes”. Os sujeitos da pesquisa são alunos do curso de graduação em Administração de empresas, da Faculdade dos Guararapes. O número total de alunos distribuídos pelos sete períodos do curso é de 431. O número de respondentes foi de 285 alunos, correspondendo a 66, % do total. O gráfico 1 apresenta o resultado. 60 120 400 100 80 300 60 200 40 100 0 % Respondentes Total de Respondentes 500 20 População Respondentes 431 285 100 66 Respondentes % 0 Gráfico 1 (4) – População & Respondentes Fonte: Dados da pesquisa. Conforme dito anteriormente, o curso de Administração da Faculdade dos Guararapes tem uma duração de 4 anos, correspondendo a 8 (oito) períodos. Atualmente apenas as turmas de primeiro período não estão preenchidas, pois a instituição implementará uma nova grade curricular a partir de 2008. Como a coleta foi realizada por turmas, os resultados serão apresentados também nesse panorama. Os resultados apontam que o maior número de respondentes foram os alunos do segundo período, cujo percentual total chegou a 34 % (89 alunos). Em seguida, os alunos do sexto período, com 26 % (68 alunos) de respondentes e em terceiro lugar, o quarto período com 17% (46 alunos) de respostas. O gráfico 2 ilustra o resultado. 61 Respondentes por Período Período 35 30 80 25 60 20 40 15 % Respondentes 100 10 20 5 0 2 3 4 5 Frequência 89 % 31 6 26 44 18 68 9 15 6 24 8 S/ períod 7 9 24 2 3 8 7 0 Gráfico 2 (4) – Respondentes por período Fonte: Dados da pesquisa. Os 285 alunos que participaram da pesquisa também foram caracterizados pelo gênero, estado civil, idade e se trabalham ou não, conforme apresentado nos gráficos a seguir. O gênero feminino predominou entre os respondentes: 57 % representantes do total de alunos participantes, conforme gráfico 3. Gênero dos Respondentes 70 60 150 50 40 100 30 % Respondentes 200 20 50 10 0 Masculino Feminino Não respondeu Respondentes 118 163 4 % 41 57 1 0 Gráfico 3 (4) – Gênero dos Respondentes Fonte: Dados da pesquisa Com relação aos resultados por período, é percebido que no segundo período (17,6 %) e no sexto (17,2 %) houve uma significativa taxa de respondentes do gênero feminino, representando 34,8 % do total geral. Observou-se que houve equilíbrio nos períodos segundo, 62 terceiro e oitavo, havendo ainda assim, predominância do gênero feminino. O único período que apresentou maioria masculina foi o sétimo. Os dados são representados pelo gráfico 4: 50 que apresentou maioria masculina foi o sétimo. 0 2 3 4 5 6 7 8 S/ período Masculino 43 12 15 4 23 6 4 11 Feminino 46 14 29 14 45 1 5 9 % Masculino 15,1 4,2 5,3 1,4 8,1 2,1 1,4 3,9 % Feminino 16,1 4,9 10,2 4,9 15,8 0,4 1,8 3,2 20 16 12 8 4 0 % Respondentes Gênero dos Respondentes por Período Gráfico 4 (4) – Gênero dos Respondentes por período Fonte: Dados da pesquisa. O gráfico 5 apresenta o resultado das faixas de idade dos sujeitos da pesquisa. É percebido que o perfil do aluno do curso de administração está predominantemente na faixa etária entre 21 e 25 anos, denotando um público jovem. Idade dos Respondentes 120 40 35 30 80 25 60 20 15 40 10 20 5 0 <20 21-25 Respondentes 52 105 % 18 37 26-30 Não responde 31-35 34-40 >41 58 30 18 14 8 20 11 6 5 3 Gráfico 5 (4)– Idade dos Respondentes Fonte: Dados da pesquisa 0 % Respondentes 100 63 A caracterização dos respondentes por período, com relação à faixa etária, demonstra que existe uma predominância de alunos com até a idade de 25 anos, no segundo, quarto, quinto e sexto períodos. O terceiro período apresenta uma população mais jovem: a variação etária até 20 anos representa maioria. No sétimo período a predominância é com relação aos alunos acima de 41 anos. E no oitavo período é significativa a existência de alunos entre 26 e 31 anos, conforme mostram o quadro 5 e o gráfico 6. Período Respondente 2 % Respondente 3 % Respondente 4 % Respondente 5 % Respondente 6 % Respondente 7 % Respondente 8 % S/P Respondente % Total Respondente % <20 20 7 7 2 12 4 3 1 8 3 0 0 0 0 2 1 52 18 21-25 36 13 6 2 19 7 5 2 29 10 0 0 1 0 9 3 105 37 IDADE DOS REPONDENTES POR PERÍODO 26-30 31-35 36-40 >41 20 7 5 1 7 2 2 0 4 4 2 2 1 1 1 1 6 5 0 2 2 2 0 1 3 4 2 1 1 1 1 0 14 7 4 4 5 2 1 1 1 1 2 3 0 0 1 1 5 2 1 0 2 1 0 0 5 0 2 1 2 0 1 0 58 30 18 14 20 11 6 5 Não respondeu 8 3 Quadro 5 (4) – Idade dos Respondentes por período Fonte: Dados da pesquisa Idade dos Respondentes por Período Respondentes 100 80 60 40 20 Não res pondeu = 8 0 % Não res pondeu = 3 2 3 4 5 6 7 8 S/P >41 1 2 2 1 4 3 0 1 36-40 5 2 0 2 4 2 1 2 31-35 7 4 5 4 7 1 2 0 26-30 20 4 6 3 14 1 5 5 21-25 36 6 19 5 29 0 1 9 <20 20 7 12 3 8 0 0 2 <20 21-25 26-30 31-35 36-40 Gráfico 6 (4) – Idade dos Respondentes por Período Fonte: Dados da pesquisa >41 64 O gráfico 7 mostra o resultado do grupo quanto à atuação no mercado de trabalho. 86 % dos alunos estão inseridos no mercado de trabalho. Este percentual significativo ratifica o perfil do aluno de IES privada como essencialmente familiarizado com questões profissionais. Respondentes 75 200 60 150 45 100 30 50 15 0 0 Respondentes % 90 250 % Atuação no Mercado de Trabalho 300 Trabalha Não trabalha Não respondeu 240 40 5 84 14 2 Gráfico 7 (4) – Atuação no mercado de trabalho Fonte: Dados da pesquisa O gráfico 8 apresenta a distribuição da atuação no mercado de trabalho por período. Como apresentado anteriormente, o corpo discente do curso de Administração da Faculdade dos Guararapes é essencialmente formado por trabalhadores. O segundo e o sexto períodos se destacam pelo maior índice de alunos atuantes no mercado, totalizando 55,4 % dos respondentes. Há um destaque para o fato de o segundo período apresentar a maior freqüência de alunos inseridos no mercado de trabalho. Todos os outros níveis apresentam uma maioria em atuação no mercado de trabalho. Infere-se que a estrutura da IES privada, para muitos, só pode ser alcançada se o aluno tiver recursos financeiros para honrar seus compromissos. 65 120 100 80 60 40 20 0 2 3 4 5 6 7 8 S/ períod Trabalha 78 24 33 14 61 6 9 15 Não trabalha 10 2 11 4 7 1 0 5 27,4 8,4 11,6 4,9 21,4 2,1 3,2 5,3 3,5 0,7 3,9 1,4 2,5 0,4 0,0 1,8 Não respondeu = 5 % Não respondeu = 1,8 % Trabalha % Não trabalha 35 30 25 20 15 10 5 0 % Frequência Atuação no Mercado de Trabalho por Período Gráfico 8 (4) – Atuação no mercado de trabalho por período Fonte: Dados da pesquisa A presente seção apresentou o perfil do aluno da Faculdade dos Guararapes. A próxima seção versará sobre a adequação do modelo de Fiúza (2004) na percepção dos respondentes. 4.2 Adequação Comunicativa do Modelo de Fiúza Os resultados apresentados nesta seção expressam a percepção dos alunos do curso de Administração de Empresas da Faculdade dos Guararapes sobre os elementos do processo comunicativo abordados no modelo de Fiúza (2004), com relação à adequação comunicativa da mensagens veiculadas pela IES. Os dados relacionados a essa análise foram tratados através da análise fatorial. A avaliação desses dados visa a responder o seguinte objetivo específico: analisar a adequação comunicativa do modelo de Fiúza (2004) em relação à percepção dos alunos do curso de Administração no que se refere às estratégias comunicativas da Faculdade dos Guararapes. 66 Para a confiabilidade dos resultados, tanto o instrumento de pesquisa quanto o método de análise dos dados foram testados previamente. O valor calculado do coeficiente de Alpha de Cronbach (0,969) apresenta a consistência interna do instrumento. Os valores dos testes KMO e de Esfericidade de Bartlett – 0,956 e 0,000 respectivamente, demonstram a boa adequação de possibilidades do tratamento dos dados com o método em questão. Foi realizada, num primeiro momento, a análise exploratória dos dados e através dos resultados foram retirados os componentes com maior carga fatorial, no caso, foram cinco. Esses componentes foram os que apresentaram o eigenvalue acima de 1 e cargas fatoriais acima de 0,5, respondendo por 62,5% da variação total dos dados, conforme apresentado no quadro 6 – Componentes retirados do “Modelo de Mensuração da qualidade da comunicação” com eigenvalue acima de 1. Initial Eigenvalues Component Total 1 18,657 % of Variance Cumulative % 46,642 46,642 2 2,072 5,180 51,822 3 2,015 5,038 56,860 4 1,236 3,091 59,951 5 1,029 2,572 62,524 Quadro 6 (4): Componentes retirados do “Modelo de mensuração da qualidade da comunicação”com eigenvalue acima de 1. Fonte: Dados da pesquisa. A análise dos componentes mais importantes dentro do “Modelo de mensuração da qualidade da comunicação” foi obtida aplicando o conceito de variável substituta. Para cada componente retirado da análise fatorial definiu-se o item carga fatorial mais relevante em relação aos demais, conforme será apresentado no quadro 7, a seguir: 67 Rotated Component Matrix(a) Item C23_Troca de informações Item C22_Abrir espaço de opinião Item E36_Fornecimento de informações externas Item E35_Realização de reuniões Item C21_Solucionar dúvidas Item C24_Orientar decisões Item E37_Dispoonibilização de murais Item C18_Permitir a satisfação Item E34_Fornecimento de manual Item B16_Respostas às solicitações Item C19_Orientar aluno em sua área de atuação Item E33_Disponibilização de fonte Item A3_Esclarecer dúvidas Item A2_Fornecer informação Item A5_Coerência Item A1_Atenção em ouvir Item B12_Clareza e objetividade Item B15_Informações confiáveis Item A8_Fornecer feedback Item A4_Cumprir promessas Item A6_Estruturar mensagens Item C17_Garantir compreensão Item A7_Orientar direitos e deveres Item C20_Esclarecer atuação dos setores Item D29_Linguagem apropriada Item D27_Vocabulário compreensível Item D28_Informações não ambíguas Item D26_Exposições em locais visíveis Item E38_ Acesso à internet Item D30_Informações disponibilizadas Item D31_Recursos de linguagem Item D25_Utilização das formas de expressão Item B14_Mensagens não agressivas Item D32_Esclarecimento dos objetivos Item B9_Acesso às informações Item B10_Disponibilização de dados Item B13_Divulgação dos canais Item B11_Acesso às pessoas Item E39_Fornecimento de dados acadêmicos Item E40_Espaço para atuação do DA 1 0,743 0,730 0,631 0,617 2 Component 3 4 5 0,586 0,580 0,759 0,733 0,724 0,660 0,578 0,528 0,791 0,771 0,743 0,699 0,619 0,552 0,785 0,731 0,561 0,795 0,611 Extraction Method: Principal Components analyses. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. A Rotation converged in 10 interactions. Quadro 7 (4) – Carga fatorial dos itens retirados do “Modelo de mensuração da qualidade da comunicação”. Fonte: Dados da pesquisa. 68 Após proceder à análise fatorial dos 40 itens presentes no modelo de Fiúza (2004), verificou-se que todas as cinco dimensões propostas pelo modelo apresentaram relevância quanto à carga fatorial. A dimensão 1 (emissor) foi representada pelo item C23 (permitir a troca de informações com o aluno) A representação da freqüência deste componente é apresentada no gráfico 9 que segue: Item C23 _ Troca de Informações 300 100% 250 80% 60% Percent Count 200 150 40% 100 50 20% 81 60 60 40 24 0 Boa Muito Boa Dúvida Ruim Ótima 11 9 0% Muito Ruim Péssima Gráfico 9 (4) - C23 Troca de informações Fonte: Dados da pesquisa A dimensão 2 (receptor) foi representada pelo item A3 (esclarecer dúvidas). A representação de sua freqüência é apresentada no gráfico 10 que segue: 69 Item A3 _ Esclarecer dúvidas 300 100% 250 80% 60% Percent Count 200 150 40% 100 20% 108 50 64 47 25 24 Ótima Ruim 12 0 Boa Muito Boa Dúvida 5 0% Muito Ruim Péssima Gráfico 10 (4)- A3-Esclarecer dúvidas. Fonte: Dados da pesquisa. A dimensão 3 (mensagem) foi representada pelo item D29 (linguagem apropriada à compreensão das mensagens) A representação de sua freqüência é apresentada nos gráfico 11 que segue: Item D29 _ Linguagem Apropriada 300 100% 250 80% 60% Percent Count 200 150 40% 100 50 20% 111 81 49 33 8 0 Boa Muito Boa Ótima Dúvida Ruim 2 1 Muito Ruim Péssima Gráfico 11 (4)- D 29 – Linguagem apropriada Fonte: Dados da pesquisa. 0% 70 A dimensão 4 (código) teve como item representativo B9 (facilidade de acesso às informações) A representação de sua freqüência é apresentada nos gráfico 12 que segue: Item B9 _ Acesso às informações 300 100% 250 80% 60% Percent Count 200 150 40% 100 50 20% 103 57 56 33 27 Dúvida Ruim 0 Boa Muito Boa Ótima 7 2 0% Muito Ruim Péssima Gráfico 12 (4)- A3- B9- Acesso às informações. Fonte: Dados da pesquisa. A dimensão 5 (canal) foi representada pelo item E39 (fornecimento de dados acadêmicos e administrativos aos alunos por meio de jornal interno). A representação de sua freqüência é apresentada no gráfico13 que segue: 71 Item E39 _ Fornecimento de dados acadêmicos e administrativos 300 100% 250 80% 60% Percent Count 200 150 40% 100 20% 50 66 61 55 37 26 23 17 Ótima Péssima Muito Ruim 0 Dúvida Boa Ruim Muito Boa 0% Gráfico 13 (4)- E39 Fornecimento de dados acadêmicos e administrativos por meio de jornal interno. Fonte: Dados da pesquisa O resultado demonstra que as dimensões propostas pelo modelo de Fiúza (2004) são consideradas pelos alunos, visto que todas elas geraram componentes. Apesar disso, os resultados também sugerem a existência de confusão conceitual por parte dos respondentes. O componente 1, relativo à dimensão emissor, (representado pelo item C3- permitir a troca de informações com o aluno) apareceu relacionado aos itens C22 (abrir espaço de opinião), E36 (fornecimento de informações externas aos alunos por meio de palestras, encontros e visitas técnicas) e ao item E35 (realização de reuniões para que o aluno possa ser ouvido). Esse imbricamento pode denotar que, para o aluno, a veiculação da mensagem está diretamente relacionada ao papel do emissor. Chung e Megginson (1986) reforçam esta idéia ao afirmarem que o emissor controla a natureza da mensagem emitida, o tipo de estrutura utilizada para isto e o canal atravessado pela mensagem. Já o componente 2, relacionado à dimensão receptor, representado pelo item A3 ( esclarecer dúvidas) apresenta um imbricamento com A2 ( mostrar interesse em fornecer informações) e B12 (clareza e objetividade das informações/orientações fornecidas). Tal 72 relação sugere que, na visão do aluno, situando-se na perspectiva de receptor das mensagens veiculadas pela instituição, é importante que a IES esteja aberta a fornecer-lhe informações; e que este procedimento seja claro e objetivo, no sentido de esclarecer todas as suas dúvidas. A respeito dessa questão, Berlo (1999) afirma que os sentidos não são apenas encontrados nas palavras: eles são constituídos e aprendidos. Dessa forma, a associação apresentada neste componente é ratificada, na medida em que a retroinformação é o elemento impulsionador da clareza no processo comunicativo. O componente 3, relativo à dimensão mensagem, representado pelo item D29, que diz respeito à linguagem apropriada para a compreensão da mensagem, apresentou-se imbricado com os itens D27 (vocabulário de fácil entendimento) e E38 ( acesso à internet). A associação existente entre os dois primeiros itens sugere que, para o aluno, mensagem compreensível e vocabulário de fácil entendimento sejam elementos includentes. Na relação com o item E, entretanto, poderia haver dissociação em princípio, não fossem os dizeres de Berlo (1999), no tocante à compreensão da mensagem. Nas idéias do autor, para que a mensagem se torne relevante diante dos objetivos do interlocutor, é necessário que se considere o código, o conteúdo e a forma como tal mensagem é tratada. Ou seja, linguagem, vocabulário e acessibilidade são elementos significativos para a compreensão da mensagem. O componente 4, referente à dimensão código, representado pelo item B9 ( facilidade de acesso às informações) não apresentou imbricamento. Isso sugere que, no entendimento do aluno, o papel do código lingüístico é facilitar o acesso ao entendimento das informações, o código, segundo Berlo(1999) está diretamente relacionado à mensagem e é composto por qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de modo a produzir significado para alguém. 73 Também não apresentou imbricamento o componente 5, referente à dimensão canal, que foi representado pelo item E9, “ fornecimento de dados acadêmicos aos alunos por meio de jornal interno”, sugerindo que o aluno da Faculdade dos Guararapes entende que o jornal é o meio mais apropriado para a divulgação das mensagens institucionais. O quadro 8 apresenta uma síntese das dimensões relacionadas e seus componentes representativos: Dimensões Componentes Carga Fatorial Emissor C23 Troca de informações 0,743 Receptor A3 Esclarecer dúvidas 0,759 Mensagem D29 Linguagem apropriada 0,791 Código B9 Facilidade de acesso 0,785 Canal E39 Fornecimento de dados por 0,795 meio de jornal Quadro 8 (4) – Descrição dos atributos das variáveis relevantes aos componentes Fonte: Dados da pesquisa A análise fatorial exploratória confirmou todos os dados do Modelo de mensuração da Comunicação de Fiúza (2004), visto que a presença das cinco dimensões foi ratificada. Ou seja, os indicadores de mensuração apresentados no modelo de Fiúza (2004) são percebidos como adequados pelos alunos respondentes. Não sendo necessário, portanto, proceder à análise fatorial confirmatória. A intenção dessa análise foi responder o objetivo específico 2: analisar a adequação comunicativa do modelo de Fiúza (2004) em relação à percepção dos alunos do curso de Administração no que se refere às estratégias comunicativas da Faculdade dos Guararapes . Sendo assim, ratifica-se a pertinência do Modelo de Fiúza (2004) e apresentarse-á, na próxima seção a análise relativa aos indicadores gerados, que responderá ao objetivo específico 3 . 74 4.3 Indicadores da qualidade da comunicação Nesta seção proceder-se-á à análise dos dados relativos ao objetivo específico 3 : “ analisar os indicadores gerados, considerando as variáveis: emissor, receptor, mensagem, código e canal.” Para realizar este procedimento, recorreu-se à análise descritiva dos dados. 4.3.1 Emissor A presente pesquisa entende como emissor do processo comunicativo a IES estudada. Para verificar como os alunos percebem as estratégias comunicativas da instituição, estabeleceu-se o seguinte questionamento: “Em relação à postura da comunicação ao se comunicar com o aluno, a faculdade:”. A partir desse questionamento, denominado item “A”, seguiram-se as oito questões relativas à variável “emissor”: • A1-Apresenta atenção em ouvi-lo, respeitando-lhe o ponto de vista; • A2-Mostra interesse em fornecer-lhe informações; • A3-Esclarece-lhe sobre suas dúvidas; • A4-Cumpre, com freqüência, promessas de atendimento às suas solicitações; • A5-É coerente em relação ao que diz e ao que ela realiza; • A6-Estrutura suas mensagens com base na sua proposta pedagógica; • A7-Orienta-lhe sobre seus direitos e deveres na instituição; e • A8-Sempre fornece-lhe feedback às suas solicitações. 75 O maior percentual de avaliação dos alunos relacionado a este item encontra-se no item 5 da escala likert, apresentando uma média percentual de 38,7%, o que corresponde conceitualmente à “ boa avaliação”, ou seja, o aluno considera adequada a postura da instituição. O resultado é ilustrado pelo gráfico 14: (% ) 50 Percepções dos Alunos em relação ao Emissor 40 30 20 10 0 PÉSSIMA MUITO RUIM DÚVIDA BOA MUITO ÓTIMA 2,4 3,6 11,0 18,3 38,7 18,6 7,5 MÉDIA Gráfico 14 (4) –Percepções do aluno em relação ao emissor Fonte: Dados da pesquisa O quadro 9, abaixo, apresenta a percepção dos alunos para cada questão referente ao item “emissor”: ESCORE PÉSSIMA MUITO RUIM RUIM DÚVIDA BOA MUITO BOA ÓTIMA TOTAL (%) A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 MÉDIA 2,5 1,4 1,8 3,5 2,1 0,4 2,1 5,3 2,4 5,3 3,9 4,2 2,1 3,9 0,7 3,2 5,6 3,6 13,3 9,1 8,4 13,3 6,7 8,4 14,7 14,4 11,0 17,2 14,4 16,5 21,8 21,8 17,2 15,8 21,8 18,3 42,8 40 37,9 33,7 37,2 43,5 37,2 37,2 38,7 14 22,5 22,5 18,6 20,7 21,1 17,9 11,2 18,6 4,9 8,8 8,8 7 7,7 8,8 9,1 4,6 7,5 100 100 100 100 100 100 100 100 Quadro 9 (4) - Percepções dos Alunos em relação ao Emissor Fonte: Dados da pesquisa. Verifica-se que 61,7% dos respondentes consideraram satisfatório o procedimento comunicativo da instituição no que diz respeito à questão A1, “apresenta atenção em ouvi-lo, 76 respeitando-lhe o ponto de vista”, (42% boa;14% muito boa e 4,9% ótima). 21% foi a percentagem total de discordância. Afirmaram estar em dúvida 17,2% dos alunos. A afirmação A2 (mostra interesse em fornecer-lhe informações ) apresentou 75,3% de considerações positivas (40% boa,22,5% muito boa e 8,8% ótima), o item dúvida teve um percentual de respostas de 14,4%. Em relação ao item A3 (Esclarece-lhe sobre suas dúvidas), 69,2% consideraram boa a atuação da instituição (37,9% boa; 22,5% muito boa e 8,8% ótima). 16,5% afirmaram ter dúvidas, enquanto que 14,4% corresponderam ao total dos itens que variaram de ruim a péssimo. Se a IES “cumpre, com freqüência, promessas de atendimento às suas solicitações”, item A4, 59,3% dos alunos viram a atuação da instituição como positiva (33,7% boa, 18,6% muito boa e 7% ótima). 21,8% responderam o item”dúvida” ,enquanto que 18,9% foi o total negativo. Na afirmativa A5, se a IES é coerente em relação ao que diz e ao que ela realiza, 65,6% dos alunos avaliaram positivamente a atuação da instituição (37,2% boa;20,7% muito boa e 7,7% ótima). O item de dúvida apresentou percentual de 21,8%, enquanto que a avaliação que vai de ruim a péssimo apresentou um somatório de 12,7%. Ao responder à questão A6 (estrutura suas mensagens com base na sua proposta pedagógica), os alunos confirmaram a efetivação desta prática: 73,4% dos respondentes apresentaram avaliação positiva (43,5% boa; 21,1% muito boa e 8,8% ótima). 9,5% foi o total da avaliação que variou entre ruim e péssimo. 17,2% das respostas concentraram-se no item dúvida. A afirmativa A7 (orienta-lhe sobre seus direitos e deveres na instituição) apresentou 59,7% de aprovação (37,2% boa;17,9% muito boa e 9,1% ótima). 20% das respostas 77 concentraram-se nos itens ruim, muito ruim e péssimo; enquanto que 15,8% apresentaram dúvidas. Para o item A8 (a IES sempre lhe fornece feedback às suas solicitações), 53% dos alunos disseram ser este procedimento bom (37,2% bom;11,2% muito bom e 4,6% ótimo). 25,3% dos discentes consideraram a atuação da instituição ruim, enquanto que 21,8% apontaram o item dúvida. Nesse agrupamento, verifica-se que todos os indicadores apresentaram índice de concordância dos alunos entrevistados em relação ao emissor aqui caracterizado como a instituição de ensino, acima de 50% . Por ordem de avaliação, os maiores escores foram: 1. 75,3% - A2: Mostra interesse em fornecer-lhe informações. 2. 73,4% - A6: Estrutura suas mensagens com base na sua proposta pedagógica. 3. 69,2% - A3: Esclarece-lhe sobre suas dúvidas. 4. 65,6% - A5: É coerente em relação ao que diz e ao que ela realiza. 5. 61,7% - A1: Apresenta atenção em ouvi-lo, respeitando-lhe o ponto de vista. 6. 59,7% - A7: Orienta-lhe sobre seus direitos e deveres na instituição 7. 59,3% - A4: Cumpre, com freqüência, promessas de atendimento às suas solicitações; 8. 53% - A8: Sempre lhe fornece feedback às suas solicitações. Estabelecendo-se uma análise comparativa desses resultados, os indicadores de maior concordância sugerem que o emissor ( instituição) elabora sua comunicação para atender aos objetivos institucionais e alicerça sua atuação em sua Proposta Pedagógica. Apesar de o item A8 (sempre lhe fornece feedback às suas solicitações) ter apresentado um percentual de discordância relativamente maior que os demais, as respostas sugerem que há por parte da instituição a tentativa de solucionar as dúvidas do aluno, visto 78 que os índices de aceitação apresentados pelos itens A3 e A5 tiveram percentual de aprovação acima de 65%. Irazu (2003), ao abordar a comunicação como parte da vida da empresa, que permite o nexo entre a sua missão, sua visão, seus valores e sua estratégia, bem como suporte vital para os objetivos do negócio, cita que esta deve se transformar numa ferramenta capaz de avaliar o impacto que as decisões vão ter na opinião dos diferentes públicos. Outrossim, Irazu (2003) cita que "...uma comunicação eficiente não deve contar só com estratégias claras e objetivos definidos e factíveis, mas também deve estabelecer um critério com o qual medirá e avaliará os resultado”. Baldissera (2000) analisa comunicação eficiente como o processo que visa ao equilíbrio entre os interesses da organização e dos públicos envolvidos, baseando- se no conceito: “comunicação é criar vínculos” (p.20). Desse modo, qualquer ação comunicacional construída pela organização, a partir da sua realidade, identidade e pelos instrumentos de comunicação (meios e mensagens), permite a realização do processo no qual o emissor/receptor participa de um “jogo de relações interativas”, segundo Baldissera (2000, p. 20). O fato de se mostrar interessada em estabelecer diálogo não efetiva ainda a troca comunicativa da instituição com o aluno. Os resultados sugerem que a instituição precisa aprofundar a interação comunicativa e que este procedimento parece estar em andamento. 4.3.2 Receptor A presente pesquisa entende o aluno como receptor do processo comunicativo. Para verificar a percepção dos alunos no que diz respeito ao entendimento das mensagens que lhe são dirigidas pela instituição de ensino, foram analisados os itens que vão de B9 até B16, referentes à variável “receptor” (aqui denominada item “B”) que partiram do questionamento: seguinte 79 B. Em relação aos fatores que auxiliam o aluno a entender as mensagens veiculadas na instituição, há: • B9. Facilidade de acesso às informações; • B10. Disponibilização de dados de seu interesse; • B11. Facilidade de acesso às pessoas que detém informações importantes na escola; • B12. Clareza e objetividade das informações/ orientações fornecidas; • B13. Divulgação dos canais de comunicação disponibilizados pela instituição; • B14. Fornecimento de mensagens/ não agressivas e objetivas dos setores da instituição; • B15. Fornecimento de informações/ orientações confiáveis; • B16. Respostas às solicitações feitas pelos alunos. O maior percentual de avaliação dos alunos relacionados a este item encontra-se no item 5 da escala likert, apresentando uma média percentual de 36,5%, o que corresponde conceitualmente à “boa” avaliação e sugere que o aluno percebe como adequadas as estratégias utilizadas pela instituição para que ele entenda as mensagens que lhe são dirigidas. Este resultado é ilustrado pelo gráfico 15. (%) 40 Percepções dos Alunos em Relação ao Receptor 30 20 10 0 MÉDIA PÉSSIMA MUITO RUIM DÚVIDA BOA MUITO ÓTIMA 1,3 2,8 9,1 18,0 36,5 20,4 11,9 Gráfico 15 (4) – Percepções dos Alunos em relação ao Receptor Fonte: Dados da pesquisa 80 O quadro 10 apresenta a percepção dos alunos para cada questão referente ao item receptor. ESCORE B9 B10 B11 B12 B13 B14 B15 B16 MÉDIA PÉSSIMA 0,7 0,7 2,5 0,7 1,4 0,7 0,4 3,5 1,3 MUITO RUIM 2,5 1,4 6,7 1,8 0,7 3,2 2,1 4,2 2,8 RUIM 9,5 10,2 17,2 10,5 4,9 4,2 3,5 12,6 9,1 DÚVIDA 11,6 18,9 20,7 20,7 12,3 17,5 21,8 20,7 18,0 BOA 36,1 35,4 29,8 39,3 42,1 38,6 34,4 36,1 36,5 MUITO BOA 20 23,5 14,7 20,7 22,8 22,1 24,6 14,4 20,4 ÓTIMA 19,6 9,8 8,4 6,3 15,8 13,7 13,3 8,4 11,9 TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 Quadro 10(4) - Percepções dos Alunos em relação ao Receptor Fonte: Dados da pesquisa. Ao se agrupar os itens de concordância e discordância, obtém-se o seguinte resultado: a afirmativa B9 (Facilidade de acesso às informações) apresentou 75,7% de concordância dos entrevistados (36,1% boa; 20% muito boa e 19,6% ótima). 12,7% discordaram da facilidade de acesso às informações e 11,6% posicionaram-se como em dúvida. Os respondentes apresentaram concordância de 68,7% para a afirmativa B10, que buscava saber como o aluno via a disponibilização de dados de seu interesse pela instituição: 35,4% consideraram boa; 23,5% muito boa e 9,8% ótima. Dos entrevistados, 17,3% discordaram desta disponibilização, enquanto que 18,9% dos respondentes enquadraram-se na categoria dúvida. Sobre a afirmativa B11,” Facilidade de acesso às pessoas que detém informações importantes na escola”, os respondentes concordaram em 52,9% ( 29,8%:boa; 14,7% muito boa e 8,4% ótima.Para a variável receptor, esta foi a categoria que apresentou menor índice de aprovação.26,4% foi o índice de desaprovação e 20,7% foram neutros. 81 66,3% dos alunos consideraram a afirmativa B12 (clareza e objetividade das informações/orientações fornecidas) como positiva: 39,3% boa; 20,7% muito boa e 6,3% ótima. 13% não concordaram com a afirmativa e 20,7% responderam o item dúvida. Em relação à afirmativa B13 “Divulgação dos canais de comunicação disponibilizados pela escola”, os respondentes apresentaram alta concordância: 80,7% : 42,1% boa; 22,8% muito boa e 15,8% ótima. 7 % foi o percentual de discordância e 12,3% ficaram neutros. Sobre o “Fornecimento de mensagens/informações não-agressivas dos setores da escola”, afirmativa B14, 74,7% apresentaram concordância ( 38,6% boa;22,1% muito boa e 13,7% ótima).8,1% discordaram e 17,5% foram neutros. Quanto à afirmativa B15 “Fornecimento de informações/orientações confiáveis”, verificou-se que 72,3% dos respondentes aprovaram ( 34,4% boa; 24,6% muito boa e 13,3% ótima). Apresentaram discordância 6% e ficaram em dúvida 21,8%. 58,9% dos respondentes concordaram que a IES fornece “Respostas às solicitações feitas pelos alunos”, afirmativa B16: 36,1% boa; 14,4% muito boa e 8,4% ótima. A percentagem de discordância foi 20,3% e a de neutralidade 20,7%. Nesse agrupamento, também se verifica avaliação acima de 50% para todos os indicadores em relação ao entendimento que o receptor, aqui caracterizado como o aluno, faz das mensagens que lhe são dirigidas pela instituição de ensino. Por ordem de avaliação, os maiores escores foram: 1. B13 – 80,7% : Divulgação dos canais de comunicação disponibilizados pela instituição; 2. B9 – 75,7% : Facilidade de acesso às informações; 3. B14 – 74,7%: Fornecimento de mensagens/ não agressivas e objetivas dos setores da instituição; 4. B15 – 72,3%: Fornecimento de informações/ orientações confiáveis; 82 5. B10 – 68,7% : Disponibilização de dados de seu interesse; 6. B12 – 66,3%: Clareza e objetividade das informações/ orientações fornecidas; 7. B16 – 58,9% : Obtenção de respostas às solicitações feitas pelos alunos; 8. B11 – 52,9%: Facilidade de acesso às pessoas que detém informações importantes na escola. A variável receptor, assim como a variável emissor, apresentou níveis de concordância acima de 50% . Esses resultados sugerem que a Instituição preocupa-se com o fornecimento de informações institucionais, o que não implica afirmar que tais informações sejam aquilo que o aluno espera. Em relação às estratégias comunicativas, Torquato (2002) argumenta que qualidade da informação se traduz em integridade, nível de qualidade dos dados, acurácia, nível de qualidade com que os dados representam a realidade, e completude, a quantidade suficiente de dados para a compreensão da mensagem. Nessa mesma abordagem estratégica, Chung e Megginson (1986) analisam que, em um contexto organizacional, uma informação é útil a partir da sua interação com diferentes aspectos, como objetivos, expectativas, competências e suportes pré-definidos pela organização. O que é reforçado por Berlo (1999), ao expor que qualidade comunicacional envolve mudança de comportamentos, e isso está relacionado ao modo como os emissores/receptores interagem, constroem e dispõem efeitos de sentido na cadeia de comunicação. Mais uma vez, os dados demonstram a tendência de se analisar melhor o processo de interação comunicativa, visto que os itens que apresentaram menor avaliação estão associados às necessidades do receptor,tanto no que diz respeito ao feedback, quanto no que se refere à acessibilidade às pessoas que comandam a IES. 83 4.3.3 Mensagem Para este estudo, entende-se a mensagem como a informação que é transmitida ao aluno. A variável mensagem, neste estudo, é considerada como “C”. Para verificar a percepção do aluno no que concerne à adequação do conteúdo ao contexto, foram analisados os itens de C17 a C24, a saber: C. As mensagens veiculadas na instituição são estruturadas para: • C17. Garantir a efetiva compreensão do aluno acerca da informação/orientação. • C18. Permitir a satisfação/ expectativa do aluno. • C19. Orientar o aluno em sua área de atuação • C20. Esclarecer sobre a atuação dos setores e planos da instituição • C21. Solucionar dúvidas do aluno • C22. “Abrir” espaço de opinião/ argumentação do aluno com a escola • C23. Permitir a troca de informações com o aluno • C24. Orientar o aluno sobre decisões institucionais O maior percentual de avaliação dos alunos relacionados a este item encontra-se no item 5 da escala likert, apresentando uma média percentual de 35%, o que corresponde conceitualmente à “boa” avaliação e sugere que o aluno percebe como adequadas as mensagens que circulam na IES. Este resultado é ilustrado pelo gráfico 16. 84 (% ) Percepções dos Alunos em Relação à Mensagem 40 30 20 10 0 PÉSSIMA MUITO RUIM RUIM DÚVIDA BOA MUITO BOA ÓTIMA 3,6 3,8 11,5 19,6 35,0 18,8 7,8 MÉDIA Gráfico 16(4) – percepções dos alunos em relação à mensagem Fonte: Dados da pesquisa O quadro 11 apresenta a percepção dos alunos para cada questão referente ao item mensagem. ESCORE C17 C18 C19 C20 C21 C22 C23 C24 MÉDIA PÉSSIMA 1,1 1,8 3,5 2,8 4,9 6,7 3,2 4,9 3,6 MUITO RUIM 2,1 3,9 6 4,9 2,5 3,9 3,9 3,5 3,8 RUIM 3,9 7,4 13 10,5 11,9 17,5 14 13,7 11,5 DÚVIDA 16,5 18,6 18,2 22,1 20 18,9 21,1 21,1 19,6 BOA 50,5 41,4 32,3 30,9 33,3 31,2 28,4 31,6 35,0 MUITO BOA 15,4 22,5 18,2 20 23,2 14,7 21,1 15,4 18,8 ÓTIMA 10,5 4,6 8,8 8,8 4,2 7 8,4 9,8 7,8 TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 Quadro 11(4) - Percepções dos Alunos em relação à Mensagem Fonte: Dados da pesquisa Ao se agrupar os itens de concordância e discordância, obteve-se o seguinte resultado: 76,4% dos entrevistados concordaram que a mensagem objetiva “Garantir a efetiva compreensão do aluno acerca da informação/orientação”, afirmativa C17, (50,5% boa; 15,4% muito boa e 10,5% ótima). O percentual de discordância foi de 7,1% , e de dúvida 16,5%. 68,5% dos entrevistados concordaram com a afirmativa C18, que a mensagem objetiva “Permitir a satisfação/expectativa do aluno” (41,4% boa, 22,5% muito boa, 4,6% ótima). 13,1% discordaram desta afirmativa, e 18,6% mantiveram-se neutros. 85 Sobre o objetivo da mensagem de “Orientar o aluno em sua área de atuação”, afirmativa C19, 59,2% dos alunos avaliaram bem (32,3% boa, 18,2% muito boa, 8,8% ótima). 22,5% dos entrevistados não concordaram com esta afirmativa, e 18,2% foram neutros. No que diz respeito à afirmativa C20, de que a mensagem formulada pela IES esclarece sobre a atuação dos setores e planos da instituição, 59,7% dos respondentes apresentaram concordância (30,9% boa, 20% muito boa, 8,8% ótima) e 18,2% discordaram e 22,1% posicionaram-se de forma neutra. A afirmativa C21, referente à função da mensagem de “Solucionar dúvidas dos alunos” apresentou 60,7% de avaliação positiva dos entrevistados (33,3% boa, 23,2% muito boa, 4,2% ótima). Do total, 19,3% discordaram desta afirmativa, e 20% mantiveram-se neutros. A respeito da função da mensagem de “Abrir espaço de opinião/argumentação do aluno com a escola”, afirmativa C22, 52,9% dos alunos entrevistados apresentaram concordância em sua avaliação (31,2% boa, 14,7% muito boa, 7% ótima). 28,1% discordaram desta função da mensagem que circula na IES, e 18,9% foram neutros. A afirmativa C23, que cita a função da mensagem na IES de “Permitir a troca de informações com o aluno”, apresentou 57,9% de concordância em sua avaliação (28,4% boa, 21,1% muito boa, 8,4% ótima). 21,1% dos respondentes discordam com esta afirmativa. Foram neutros 21,1% dos entrevistados. Sobre a função da mensagem na IES de ”Orientar o aluno sobre decisões institucionais”, afirmativa C24, houve concordância de 56,8% dos respondentes (31,6% boa, 15,4% muito boa, 9,8% ótima), e discordância 22,1% do total dos respondentes, e neutralidade de 21,1% deles. 86 Nesse agrupamento, verifica-se que os indicadores de maior concordância dos alunos entrevistados, em relação à mensagem que a instituição de ensino dirige a ele, por ordem de avaliação, foram: 1. 76,4% - C17 : Garantir a efetiva compreensão do aluno acerca da informação/orientação 2. 68,5% - C18: Permitir a satisfação/ expectativa do aluno. 3. 60,7% - C21: Solucionar dúvidas do aluno 4. 59,7% - C20: Esclarecer sobre a atuação dos setores e planos da instituição 5. 59,2% - C19: Orientar o aluno em sua área de atuação 6. 57,9% - C23: Permitir a troca de informações com o aluno 7. 56,8% - C24: Orientar o aluno sobre decisões institucionais 8. 52,9% - C22: Abrir” espaço de opinião/ argumentação do aluno com a escola . A mensagem, além da fonte e do receptor, é outro elemento que também influencia a qualidade da comunicação, segundo Berlo (1999). Na análise desse componente, três elementos estruturais devem ser considerados: o código, o conteúdo e a forma como é tratada. A mensagem, se não for relevante diante dos objetivos do receptor, ressalta Berlo (1999), inútil terá sido o esforço de produzi-la. Assim, pode-se afirmar, segundo o autor, que comunicação eficiente é aquela que transporta informações úteis, fornecendo subsídios para que o homem possa decidir com maior segurança. Para a variável “mensagem”, o percentual de aprovação também ultrapassou a casa dos 50%. Neste caso, alguns dados são diferentes: o item C22 apresenta um índice de desaprovação de 28,1%, o que sugere que, embora a Faculdade elabore mensagens que produzem efeito no âmbito institucional, a mesma ainda não conseguiu estabelecer completamente uma interação escola/aluno pautada no diálogo. 87 4.3.4 Código A presente pesquisa entende o código lingüístico como o elemento que proporciona condições para que a mensagem seja interpretada pelo receptor. Para verificar a percepção dos alunos em relação às formas de linguagem da IES foram analisadas as questões D25 a D32, referentes ao código, representado aqui por “D”: D. A estrutura das mensagens fornecidas na instituição apresenta características como: • D25. Utilização das formas oral e escrita adequadas ao conhecimento do aluno. • D26. Exposições em locais de fácil visibilidade das informações escritas • D27. O vocabulário é de fácil entendimento. • D28. As informações não são ambíguas, ou seja, elas sempre apresentam um único sentido. • D29. Linguagem apropriada à compreensão da mensagem • D30. As informações disponibilizadas aos alunos são atualizadas • D31. Recursos de linguagem (oral, escrito, não-verbal) para incentivar o aluno a uma atuação acadêmica adequada à proposta pedagógica da instituição. • D32. Esclarecimento dos objetivos da instituição. O maior percentual de avaliação dos alunos relacionados a este item encontra-se no item 5 da escala likert, apresentando uma média percentual de 37,9% o que corresponde 88 conceitualmente à “boa” avaliação e sugere que o aluno percebe como adequados os códigos lingüísticos utilizados pela instituição. Este resultado é ilustrado pelo gráfico 17. (%) Percepções dos Alunos em Relação ao Código 40 30 20 10 0 PÉSSIMA MUITO RUIM DÚVIDA BOA MUITO ÓTIMA 0,7 1,8 5,8 12,1 37,9 25,9 15,9 MÉDIA Gráfico 17(4)- Percepções dos alunos em relação ao código. Fonte: Dados da pesquisa. O quadro 12 apresenta a percepção dos alunos para cada questão referente ao item código. ESCORE D25 D26 PÉSSIMA 0,7 1,1 MUITO RUIM 1,1 0,7 RUIM 8,4 DÚVIDA BOA D27 D28 D29 D30 D31 D32 MÉDIA 0,4 0,4 1,1 1,1 0,7 0,7 2,5 0,7 0,7 1,1 4,6 2,8 1,8 6,7 3,2 6,3 2,8 4,6 6,7 7,7 5,8 12,3 12,6 7,7 14,7 11,6 10,9 14,7 12,3 12,1 38,2 30,9 33,7 40 38,6 41,1 36,5 43,9 37,9 MUITO BOA 26 28,8 31,9 23,2 28,4 23,9 23,9 21,4 25,9 ÓTIMA 13,3 19,3 21,1 14,7 17,2 17,5 12,6 11,2 15,9 TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 Quadro 12 (4) - Percepções dos Alunos em relação ao Código Fonte: Dados da pesquisa. Em relação à afirmativa D25, “Utilização das formas oral e escrita adequadas ao conhecimento do aluno”, 77,5% dos respondentes concordaram em sua avaliação (38,2% boa, 89 26% muito boa, 13,6% ótima). 10,2% dos respondentes discordaram, e 12,3% posicionaram de forma neutra. Se a IES faz “Exposição em locais de fácil visibilidade das informações escritas”, D26, 79% dos alunos entrevistados avaliaram positivamente (30,9% boa, 28,8% muito boa, 19,3% ótima). A percentagem de discordância foi de 8,5% e 12,6% de posicionamento neutro. Quanto à afirmativa D 27, “O vocabulário é de fácil entendimento”, 86,7% dos alunos respondentes avaliaram como positiva (33,7% boa, 31,9% muito boa, 21,1% ótima), e 5,7% deles discordaram. Posicionaram-se, de forma neutra, 7,7% dos respondentes. A afirmativa D28, “As informações não são ambíguas, ou seja, elas sempre apresentam um único sentido”, apresentou avaliação positiva de 83,9% dos entrevistados (40% boa, 23,2% muito boa, 14,7% ótima), 7,4% de discordância e 14,7% de neutralidade de respostas. Sobre a utilização da IES de “Linguagem apropriada à compreensão da mensagem”, afirmativa D29, 84,2% da avaliação dos respondentes foi positiva (38,6% boa, 28,4% muito boa, 17,2% ótima), 3,9% discordam, e 11,6% foram neutros. 82,5% dos alunos respondentes avaliaram positivamente a afirmativa D30, de que “As informações disponibilizadas aos alunos são atualizadas” (36,5% boa, 23,9% muito boa, 12,6 ótima). 6,8% dos alunos discordam desta afirmativa, e 10,9% mostraram-se neutros em relação a ela. Em relação ao uso da IES de “Recursos de linguagem (oral, escrito, não-verbal) para incentivar o aluno à atuação acadêmica”, afirmativa D31, 73% dos alunos apresentaram avaliação positiva (36,5% boa, 23,9% muito boa, 12,6% ótima), 12,4% deles discordaram, e 14,7% foram neutros. E sobre a afirmativa D32, se a utilização da linguagem da IES para fornecer “Esclarecimento dos objetivos da instituição”, 76,5% dos respondentes avaliaram 90 positivamente (43,9% boa, 21,4% muito boa, 11,2% ótima). O percentual de discordância foi de 11,2%, e 12,3% de neutralidade nas respostas. Nesse agrupamento, verifica-se que houve maior percentual de avaliação positiva dos alunos entrevistados, em relação ao código (forma de linguagem e seus respectivos recursos) que a instituição de ensino usa para se comunicar com ele, por ordem de avaliação, foram: 1. 86,7% - D27: O vocabulário é de fácil entendimento 2. 84,2% - D29: Linguagem apropriada à compreensão da mensagem 3. 83,9% - D28: As informações não são ambíguas, ou seja, elas sempre apresentam um único sentido. 4. 82,5% - D30: As informações disponibilizadas aos alunos são atualizadas. 5. 79% - D26: Exposições em locais de fácil visibilidade das informações escritas. 6. 77,5% - D25: Utilização das formas oral e escrita adequadas ao conhecimento do aluno. 7. 76,5% - D32: Esclarecimento dos objetivos da instituição. 8. 73% - D31: Recursos de linguagem (oral, escrito, não-verbal) para incentivar o aluno a uma atuação acadêmica adequada à proposta pedagógica da instituição. A mais simples tarefa de interpretação de qualquer mensagem, segundo o autor, requer certo grau de familiaridade com o código que está sendo utilizado. Para completar a análise sobre o processo de comunicação, Berlo (1999) ressalta que o emissor precisa identificar a melhor maneira de atingir o receptor, ao menor custo possível. No que diz respeito ao código lingüístico utilizado pela Instituição, os dados sugerem que, na avaliação dos alunos predomina a opinião de que a Faculdade utiliza formas acessíveis e compreensíveis adequadamente pelo receptor). de linguagem (sem ambigüidades e compreendida 91 4.3.5 Canal Entende-se para a presente pesquisa o canal como o instrumento utilizado para transportar a mensagem de maneira a atingir o receptor. Para verificar como os alunos percebem o canal utilizado pela instituição foram analisados os itens E33 a E40, referentes ao Canal, representado por “E”. E. Em relação à forma como a mensagem circula na instituição, utiliza-se: • E33. Disponibilização de mais de uma fonte para que o aluno troque informações com os setores da escola • E34. Fornecimento de manual informativo • E35. Realização de reuniões para que o aluno possa ser ouvido • E36. Fornecimento de informações externas aos alunos, por meio de palestras, encontros e visitas técnicas • E37. Disponibilização de murais para apresentar, visualmente, informações/orientações aos alunos • E38. Acesso à internet, para que o aluno possa se comunicar on line com a escola • E39. Fornecimento de dados acadêmicos e administrativos aos alunos, por meio de jornal interno • E40. Espaço para atuação do diretório acadêmico. O maior percentual de avaliação dos alunos relacionados a este item encontra-se no item 5 da escala likert, apresentando uma média percentual de 28,9% o que corresponde 92 conceitualmente à “boa” avaliação e sugere que o aluno percebe como adequadas os códigos lingüísticos utilizados pela instituição. Este resultado é ilustrado pelo gráfico 18. Percepções dos Alunos em Relação ao Canal (%) 30 25 20 15 10 5 0 MÉDIA PÉSSIMA MUITO RUIM RUIM DÚVIDA BOA MUITO BOA ÓTIMA 5,0 3,8 12,0 16,2 28,0 19,5 15,5 Gráfico 18 (4) – Percepção dos alunos em relação ao canal Fonte: Dados da pesquisa. O quadro 13 apresenta a percepção dos alunos para cada questão referente ao item canal. ESCORE E33 E34 E35 E36 E37 E38 E39 E40 MÉDIA PÉSSIMA 2,1 3,9 11,6 3,2 2,1 1,1 8,1 8,1 5,0 MUITO RUIM 4,6 1,8 5,6 4,6 1,4 1,1 6 5,3 3,8 RUIM 12,3 8,1 19,6 14,7 8,1 2,5 19,3 11,6 12,0 DÚVIDA 17,9 13,3 16,5 14,4 13 7,7 23,2 23,5 16,2 BOA 32,3 31,9 25,3 29,8 32,6 24,2 21,4 26,3 28,0 MUITO BOA 20 22,8 13,3 21,1 24,6 25,3 13 16,1 19,5 ÓTIMA 10,9 18,2 8,1 12,3 18,2 38,2 9,1 9,1 15,5 TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 Quadro 13(4) – Percepções dos Alunos em Relação ao Canal Fonte: Dados da pesquisa. Ao se agrupar os itens de concordância e discordância, obteve-se o seguinte resultado: Em relação à afirmativa E33, sobre a “Disponibilização de mais de uma fonte para que o aluno troque informações com os setores da escola”, 63,2% dos respondentes avaliaram 93 positivamente (32,3% bom, 20% muito bom, 10,9% ótimo), 19% deles discordaram, e 17,9% mantiveram-se neutros. O resultado obtido da afirmativa E34, “Fornecimento de manual informativo”, mostra que 72,9% dos alunos apresentaram avaliação positiva (31,9% boa, 22,8% muito boa, 18,2% ótima), 13,8% discordaram, e 13,3% mostraram-se neutros com este fornecimento pela IES. Em relação à “Realização de reuniões para que o aluno possa ser ouvido” na IES, afirmativa E35, 46,7% dos alunos avaliaram positivamente (25,3% bom,13,3% muito bom, 8,1% ótimo) 36,8% discordaram, e 16,5% foram neutros. Na afirmativa E36, se há, na IES, “Fornecimento de informações externas aos alunos, por meio de palestras, encontros e visitas técnicas”, 63,2% dos respondentes apresentaram avaliação positiva (29,8% bom, 21,1% muito bom, 12,3% ótimo), 22,5% discordaram, e 14,4% foram neutros. Sobre a “Disponibilização de murais para apresentar, visualmente, informações/ orientações aos alunos”, afirmativa E37, 75,4% dos alunos respondentes avaliaram positivamente (32,6% bom, 24,6% muito bom, 18,2% ótimo), 11,6% discordaram, e 13% mostraram-se neutros. Com o maior índice de todas as médias, os alunos respondentes concordaram em 87,7% que há, na IES, “acesso à internet, para que o aluno possa se comunicar on line com a escola”, afirmativa E38 (24,2% bom, 25,3% muito bom, 38,2% ótimo), 4,7% deles discordaram, e 7,7% se mantiveram neutros. No que diz respeito ao “Fornecimento de dados acadêmicos e administrativos aos alunos, por meio de jornal interno”, afirmativa E39, 43,5% dos entrevistados apresentaram avaliação positiva (21,4% bom, 13% muito bom, 9,1% ótimo), 33,4% discordaram, e 23,2% foram neutros. 94 E sobre o “Espaço para atuação do diretório acadêmico” na IES, afirmativa E40, 51,5% dos alunos avaliaram positivamente (26,3% bom, 16,1% muito bom, 9,1% ótimo), enquanto 25% discordaram, e 23,5% se mantiveram neutros. Nesse agrupamento, verifica-se que houve percentual de concordância acima de 40% para todos os indicadores na avaliação dos alunos em relação ao canal que a IES disponibiliza para o seu processo de comunicação. Por ordem de avaliação, obteve-se o seguinte resultado: 1. 87,7% - E38: Acesso à internet, para que o aluno possa se comunicar on line com a escola. 2.75,4% - E37: Disponibilização de murais para apresentar, visualmente, informações/orientações aos alunos. 3.72,9% - E34: Fornecimento de manual informativo. 4.63,2% -E33: Disponibilização de mais de uma fonte para que o aluno troque informações com os setores da escola. 5.63,2% -E36: Fornecimento de informações externas aos alunos, por meio de palestras, encontros e visitas técnicas. 6.51,5% - E40: espaço para atuação do diretório acadêmico. 7.46,7% - E35: Realização de reuniões para que o aluno possas ser ouvido. 8.43,5% - E39: Fornecimento de dados acadêmicos e administrativos aos alunos, por meio de jornal interno. A decisão sobre o tipo de canal utilizado no transporte da mensagem depende de um conjunto de fatores, entre os quais destacam-se: adequação ao conteúdo da mensagem, ao código utilizado, às características do receptor, custo etc. A própria fonte também acaba influenciando a escolha do canal, na medida em que se comunique melhor desta ou daquela maneira. 95 Em relação a esses indicadores, os dados apontam que a comunicação “on line” é o canal que apresenta melhor índice de satisfação do aluno. Este resultado sugere que a instituição utiliza a internet como um canal para facilitar o fluxo de informações. As análises ressaltam, ainda, que para esta variável surgiu uma aproximação entre os conceitos concordância e discordância no que se refere à realização de reuniões e ao fornecimento de dados acadêmicos através do canal jornal. Esses dados remetem às avaliações das demais variáveis, cujos resultados enfatizaram a importância que o receptor confere à troca comunicativa. Nesse sentido, os dados permitem inferir que o aluno, entendido aqui como receptor, considera a apresentação de suas opiniões e a troca direta de informações como elementos fundamentais para a efetivação do processo comunicativo. De acordo com os dados apresentados, foi possível verificar em quais indicadores o processo comunicativo da IES revelou-se melhor avaliado pelos alunos, por variável, conforme se apresenta no quadro 14, a seguir. Elementos da Comunicação Emissor Receptor Mensagem Código Canal Indicadores com melhor avaliação Estrutura suas mensagens com base na sua proposta pedagógica. Divulgação dos canais de comunicação disponibilizados pela Instituição. Garantir a efetiva compreensão do aluno acerca da informação/orientação. Vocabulário de fácil entendimento Acesso à internet, para que o aluno possa se comunicar on line com a escola. Quadro 14 (4) – Indicadores com melhor avaliação Fonte: Dados da pesquisa. Berlo (1999) analisa que todos os elementos que compõem o processo de comunicação devem ser considerados de forma integrada, e nunca isoladamente. Em se tratando de avaliar a eficiência da comunicação, torna-se necessário contemplar múltiplos aspectos: habilidades comunicadoras da fonte e do receptor, seus níveis de conhecimento sobre o assunto veiculado, 96 papéis no sistema social, o contexto cultural onde se encontram inseridos, adequação do código, conteúdo da mensagem, compatibilidade do canal, etc. Entendendo o aluno como receptor do processo comunicativo e que a comunicação não se concretiza de forma passiva, os itens acima apontados podem se constituir em excelentes norteadores para o processamento da interação comunicativa. De acordo com a avaliação do aluno, todos os indicadores analisados apresentaram índice de aprovação acima de 45%, o que sugere que a IES mostra-se interessada em divulgar as mensagens institucionais e que suas mensagens são claras. Esses dados não reduzem a necessidade de se manter o canal de comunicação aberto entre emissor e receptor. Os índices mostram que o acesso àqueles que detêm a informação através de reuniões e da troce comunicativa direta ainda não é constante. Os resultados sugerem que a Instituição tem conhecimento deste fato e parece buscar viabilizar a interação comunicativa. Analisar os indicadores gerados, considerando as variáveis emissor, receptor, mensagem, código e canal foi a intenção desta seção, que buscou atender ao objetivo específico 3, através da análise descritiva dos dados. A próxima seção tratará do objetivo específico 4. 4.4 Estratégias de comunicação da IES Esta seção tem a finalidade de subsidiar o objetivo específico 4: “analisar as estratégias de comunicação da IES a partir da percepção dos respondentes”. Para isso, o 97 instrumento utilizado para análise qualitativa foi o questionário. Este instrumento continha uma seção com duas questões abertas que solicitavam: 1- que o aluno descrevesse seu sentimento com relação ao processo de comunicação das mensagens institucionais para os discentes; 2- que o aluno apresentasse sugestões para melhorar a comunicação das mensagens institucionais para os alunos. Em um universo de 285 respondentes, 145 deles, ou seja, 50,87% responderam as questões abertas. O material resultante possibilitou a interpretação e a sistematização do pensamento do aluno, suas observações e contribuições para a pesquisa realizada sobre Estratégias comunicativas em Instituições de Ensino Superior. As perguntas abertas do questionário referentes aos sentimentos do aluno com relação ao processo de comunicação da instituição e às sugestões apresentadas para melhorar o processo comunicativo da IES foram tratadas através da análise de conteúdo. Segundo Richardson (1999), a questão não-estruturada visa a obter do entrevistado aquilo que ele considera os aspectos mais relevantes de determinado problema. O critério de categorização adotado no presente estudo foi semântico, ou seja, os temas relacionados a uma mesma idéia ou a um mesmo sentido foram agrupados. Assim, realizou-se um inventário de todos os elementos apresentados e, a partir daí, para cada questão foram elencadas as diversas categorias. Na questão 1, foram agrupados sentimentos relacionados à estrutura das mensagens; às atitudes da instituição; à divulgação das mensagens e outros ( afirmações dissociadas dos campos semânticos elencados acima). O quadro 15 ilustra a categorização. 98 Frequência % Aspectos Relacionados 17 7,7 Muito ruim 41 18,5 Ruim, É falha, Deixa a desejar, È ineficiente, Falta clareza, Insatisfatório 32 14,4 Razoável, Precisa melhorar Boa 63 28,4 Boa, Satisfatória, Funciona, Há empenho, Facilitadora, Objetiva, Clara, Muito Boa 26 11,7 Muito boa, Moderna, Eficiente, Importante 179 80,6 Falta agilidade 7 3,2 Falta atitude 7 3,2 Falta atitude, Não dá feedback, Despreparo Falta cativar o aluno 6 2,7 Precisa cativar, Falta acessibilidade, inflexibilidade Desorganização 5 2,3 Outras 4 1,8 Sem reclamação 2 0,9 Muito Ruim Ruim Estrutura da Razoável Mensagem Atitudes da Instituição Divulgação das Mensagem Elitiza, insegurança, age de má fé, sou cliente - estou pagando 31 14,0 Oferece diversos meios 2 0,9 Faltam meios 2 0,9 Meios deficientes 4 1,8 Não há comunicação 4 1,8 Site ruim, Lenta 12 5,4 222 100,0 Quadro 15(4) Categorização dos Sentimentos Fonte: Dados da pesquisa. O gráfico 19 apresenta a síntese dos sentimentos categorizados: 90 150 75 60 100 45 30 50 0 Estrutura das Mensagens Atitudes da Instituição Divugação das Mensagens Frequência 179 31 12 % 80,6 14 5,4 % Frequência SENTIMENTOS RELACIONADOS 200 15 0 Gráfico 19(4) – Sentimentos relacionados Fonte: Dados da pesquisa Os resultados obtidos na questão 1 sugerem haver uma avaliação positiva dos alunos a respeito do processo comunicativo da Faculdade dos Guararapes, visto que 89 afirmações variam entre muito bom e estrutura facilitadora. Apesar disso, 58 respostas fizeram referência aos aspectos negativos da estruturação das mensagens: de pouco clara à insatisfatória. “Estou satisfeita com a comunicação da Faculdade” ( respondente 136). “Boa comunicação. O acesso é fácil” ( respondente 258). 99 O gráfico 20 apresenta os sentimentos do aluno no que se refere à estrutura das mensagens: ESTRUTURA DAS MENSAGENS 30 25 60 20 40 15 10 20 0 (%) Frequência 80 5 Muito Ruim Ruim Razoável Boa Muito Boa Frequência 17 41 32 63 26 % 7,7 18,5 14,4 28,4 11,7 0 Gráfico 20(4) – Estrutura das mensagens. Fonte: dados da pesquisa. Um número significativo de afirmações, porém, ressalta a preocupação do aluno com o processo comunicativo: 26 alunos afirmaram que a comunicação precisa melhorar, o que sugere um meio-termo: não há ineficiência, mas também não satisfaz completamente. “As informações devem ser transmitidas com mais segurança.” (respondente 126) “Acredito que a comunicação possa melhorar” (respondente 121). “A instituição vem melhorando sua comunicação) respondente 124). Quanto à categoria “atitudes da instituição”, falta de agilidade e desorganização foram os sentimentos que mais se destacaram. As respostas sugerem que o aluno não percebe as atitudes institucionais como planejadas, o que denota, para ele, lentidão ou desorganização. É importante salientar que, confrontando-se com a categoria “estrutura das mensagens”, a presente categoria apresentou freqüência menor: 28 considerações, enquanto aquela obteve 179. “As informações são transmitidas na última hora.” (respondente 192) “Mais antecedência nas comunicações”. (respondente 196) 100 O gráfico 21 apresenta a categorização dos sentimentos relacionados às atitudes da Instituição. Frequência 6 4 2 0 Falta agilidade Frequência % Falta atitude Falta cativar Desorganiza o aluno ção Outras Sem reclamação 7 7 6 5 4 2 3,2 3,2 2,7 2,3 1,8 0,9 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 (%) ATITUDES DA INSTITUIÇÃO 8 Gráfico 21(4) – Atitudes da Instituição. Fonte: dados da pesquisa. A categoria “sentimentos relativos à divulgação das mensagens” obteve uma freqüência menor: 12 afirmações. Destas, 4 afirmaram não haver comunicação na instituição, enquanto que 2 disseram haver diversos meios de comunicação . Os demais consideraram a divulgação lenta (3) e consideraram o site ruim(1). “A comunicação é lenta.” (respondente 274). O gráfico 22 apresenta a categorização dos sentimentos relacionados à divulgação das mensagens. 2,0 4 1,6 3 1,2 2 0,8 1 0,4 0 Frequência % Oferece divers os Faltam m eios Meios deficientes Não há com unicação 2 2 4 4 0,9 0,9 1,8 1,8 Gráfico 22(4) – Divulgação das mensagens. Fonte: Dados da pesquisa. 0,0 (%) Frequência DIVULGAÇÃO DAS MENSAGENS 5 101 Com relação à categorização realizada na questão 1, uma consideração destacou-se dentre as demais: “sou cliente, estou pagando por este serviço”. A afirmação soou como destoante visto que, em momento algum, os alunos demonstraram entender a relação escola/aluno como uma transação comercial. A esse respeito, Morin(2003) afirma que o papel da educação é instruir o espírito a viver e a enfrentar as dificuldades da vida. Silva Jr (2005) reforça que a educação é uma atividade formadora de um ser humano adaptável a qualquer pacto social. No tocante à questão 2, foram agrupadas as seguintes categorias: atitudes da instituição ao se comunicar com o aluno; fatores que auxiliem o aluno a entender as mensagens; a partir de quais situações a instituição deve produzir mensagens; como as mensagens devem ser veiculadas; meios de circulação das mensagens e outros. A categorização da questão dois associou-se aos elementos do processo de comunicação. Assim, a categoria um relacionou-se ao emissor; a dois tem relação com o receptor; a categoria três associa-se à mensagem; a categoria quatro faz referência ao código e a última categoria diz respeito ao canal de comunicação. O quadro 16 ilustra a categorização realizada. 102 Frequência Emissor Código Canal 13 8,2 Eqüidade;Respeito;Incentivar os alunos 18 11,3 TreinamentoFuncionários 11 6,9 19 11,9 61 38,4 Agilidade 9 5,7 Clareza 6 3,8 Bom relacionamento com alunos Mensagem Aspectos Relacionados Direçao acessível Melhorar Comunicação Receptor % Eqüidade Melhorar comunicação;Transparência;Verdade;Compromisso;Dar feedback;Inovação Agilidade;Menos burocracia. 6 3,8 21 13,2 Pesquisas de opinião 4 2,5 Ouvidoria 6 3,8 Reuniões 7 4,4 17 10,7 1 0,6 1 0,6 1 3 0,6 1,9 26 16,4 Jornal, Quadro de avisos 9 5,7 Eventos,Mais palestras Comunicação visual Registro escrito Documentar atendimentos Jornal Eventos É suficiente Outros 3 1,9 19 57 159 11,9 35,8 100,0 Sala-de-aula;Cartazes,Rádio;Sem sugestões,Panfletos;Outras Mídias Quadro 16 (4) – Categorização das sugestões. Fonte: Dados da pesquisa. O gráfico 23 apresenta a distribuição das sugestões dos respondentes, de acordo com cada categoria: SUGESTÕES 70 45 40 60 35 30 40 25 30 20 15 20 10 10 0 Frequência (%) ($) Frequência 50 5 Emissor Receptor Mensagem Código Canal 61 21 17 3 57 38,4 13,8 10,7 1,9 35,8 0 Gráfico 23 (4) - Sugestões por categorias. Fonte: Dados da pesquisa. As categorias relacionadas à questão 2 observaram especificamente os elementos do processo de comunicação teorizado por Berlo (1999). A primeira categoria apresenta o emissor e agrega as sugestões dos alunos acerca das atitudes da instituição ao se comunicar. 103 Entende-se aqui a instituição como emissor do processo comunicativo. Para Berlo (1999), o emissor é aquele que tem por finalidade codificar a mensagem e torná-la compreensível ao receptor. As considerações apresentadas pelos alunos sugerem a necessidade de acessibilidade à direção da instituição (18 afirmações), bem como a importância de treinamento dos funcionários (11). Infere-se, pois, que para o aluno o emissor precisa estar preparado para transmitir a mensagem. “Permitir mais abertura dos alunos com a instituição” (respondente 75). “Mais acessibilidade à direção” (respondente 265). “Fazer reuniões com os funcionários para mantê-los bem-informados” (respondente 47). “Aplicar treinamento em comunicação pessoal aos funcionários”(respondente 185). “Dispor de profissionais qualificados em comunicação”(respondente 250). O gráfico 24 apresenta a representação das sugestões associadas à variável emissor: Emissor 15 20 12 9 (%) Frequência 15 10 6 5 3 0 Eqüidade Direçao acessível TreinamentoFuncio nários Melhorar Comunicação Frequência 13 18 11 19 % 8,2 11,3 6,9 11,9 0 Gráfico 24(4)- Sugestões- emissor Fonte: Dados da pesquisa. A segunda categoria diz respeito à sugestão de fatores que auxiliem o aluno a entender as mensagens. Seu alvo é, portanto, o receptor. Para Berlo (1999) o receptor é o foco do processo comunicativo. Nesse sentido, os alunos apresentaram como elementos 104 imprescindíveis para o entendimento das mensagens o bom relacionamento com os alunos, a clareza, a ausência de burocracia e a agilidade. “Melhorar relacionamento com os alunos” (respondente 101). “Informativos claros e curtos e expostos em pontos estratégicos” (respondente 112). “Melhorar relação com os alunos”. (respondente 130). “Repassar as informações de forma clara e correta” (respondente 145). A respeito da variável receptor, o gráfico 25 ilustra a síntese das sugestões realizadas. Receptor 6,0 5,0 8 7 4,0 6 5 4 3,0 2,0 3 2 1,0 1 0 Agilidade Frequência % (%) Frequência 10 9 Clareza Bom relacionamento com alunos 9 6 6 5,7 3,8 3,8 0,0 Gráfico 25(4)- Sugestões- receptor. Fonte: Dados da pesquisa A categoria mensagem refere-se à situação de produção das mensagens. Berlo (1999) considera a mensagem o instrumento que une o emissor ao receptor, permitindo divulgar diversos conteúdos. Para o aluno,reuniões, ouvidoria e pesquisas de opinião seriam excelentes caminhos para se produzir mensagens. “Passar as informações para os representantes”.(respondente 124) “Criação de ouvidoria presencial em sala”. (respondente 119) “Reunião semestral com os alunos”.(respondente 208) “Reunião com alunos. Ouvir reivindicações”. (respondente 215) O gráfico 26 ilustra o percentual se sugestões associadas à categoria mensagem: 105 Mensagem 8 5,0 4,5 7 4,0 3,5 5 3,0 4 2,5 3 2,0 1,5 2 1,0 1 0 (%) Frequência 6 0,5 Pesquisas de opinião Frequência % Ouvidoria 0,0 Reuniões 4 6 7 2,5 3,8 4,4 Gráfico 26(4)- Sugestões-Mensagem Fonte: Dados da pesquisa. O código lingüístico para Berlo (1999) é o sistema de regras para tornar inteligível o conteúdo da mensagem. Nesta categoria, foram agrupadas sugestões dos alunos de como as mensagens devem ser veiculadas. Apenas três alunos fizeram referência à estrutura do código. Um aluno disse ser a comunicação visual uma excelente ferramenta; outro afirmou que o padrão escrito da Língua Portuguesa seria essencial sempre, enquanto o terceiro aluno chamou atenção para a necessidade de se documentar todos os atendimentos. “Melhorar comunicação visual”. (respondente 211) “Criar protocolo de atendimento”. (respondente 232) Sobre a categoria código, as sugestões apresentadas são ilustradas através do gráfico 27: 0,7 1 0,6 0,5 0,8 0,4 0,6 0,3 0,4 0,2 0,2 0,1 0 0,0 Comunicação visual Frequência % Registro escrito Documentar atendimentos 1 1 1 0,6 0,6 0,6 Gráfico 27 (4)- Sugestões-código Fonte: dados da pesquisa (%) Frequência Código 1,2 106 A categoria “canal” compreende os meios de circulação das mensagens. No entendimento de Berlo (1999) , canal é o meio utilizado para transportar a mensagem. Dentre as sugestões dos alunos, aquela que obteve maior freqüência foi o jornal (20), sugeriu-se, também, a realização de mais palestras (o que pressupõe haver palestras na instituição); o uso mais freqüente do quadro de avisos, de outras mídias e de panfletos. Três alunos afirmaram que os canais hoje utilizados são suficientes. “Gerar palestras, planejar aulas práticas” (respondente 246). “Aumentar a quantidade de cartazes e folders”(respondente 263). “Informação diária através de panfleto e mural” (respondente 263). “Criar jornal para comunicação interna” (respondente 138). O agrupamento das sugestões relativas à categoria canal é apresentado no gráfico 28: Canal 30 18,0 16,0 14,0 20 12,0 10,0 15 8,0 10 6,0 4,0 5 0 Frequência % (%) Frequência 25 2,0 Jornal Eventos É suficiente Outros 26 9 3 19 16,4 5,7 1,9 11,9 0,0 Gráfico 28 (4) - Sugestões canal Fonte: Dados da pesquisa. Percebe-se, assim, que o emissor e o canal de comunicação foram as categorias que apresentaram o maior número de sugestões. A respeito do canal de comunicação, Robbins(2002) afirma que é o emissor quem determina qual o meio através do qual a 107 mensagem será transmitida. A eficácia da comunicação está diretamente relacionada à escolha do canal: O sucesso da comunicação de uma pessoa inclui habilidades de fala,escrita,escuta e raciocínio.A quantidade de conhecimentos do emissor sobre o assunto afeta a mensagem que ele pretende transmitir.Assim como as atitudes influenciam o comportamento, nossas crenças e valores nos influenciam enquanto emissores do processo comunicativo. (ROBBINS, 2002, p.278). As afirmações e sugestões dos alunos ratificam as idéias apresentadas por Robbins (2002). O emissor precisa estar em sintonia com o receptor para que o processo comunicativo se realize de forma efetiva. A análise das considerações dos alunos sugere que a instituição deve enfatizar a relação entre emissor e receptor, além de valorizar o canal “jornal”. O objetivo desta seção foi embasar o objetivo específico 4: “ Analisar as estratégias de comunicação da IES, na percepção dos respondentes.” O próximo capítulo a conclusão das análises realizadas na presente pesquisa. 108 5 Conclusão O presente estudo teve como objetivo geral verificar até que ponto existe uma adequação comunicativa nas mensagens veiculadas pela Faculdade dos Guararapes para os alunos do curso de Administração de Empresas, de acordo com o modelo de mensuração da qualidade da comunicação desenvolvido por Fiúza (2004). Procedeu-se às análises quantitativa e qualitativa dos dados para verificar como os alunos respondentes percebiam a adequação comunicativa das mensagens veiculadas pela IES estudada. Berlo (1999) apresenta fatores que atuam sobre o emissor da mensagem, influenciando seu comportamento no ato comunicativo, seu objetivo, seus mecanismos codificadores e o conteúdo das mensagens, da seguinte forma: a habilidade comunicativa determina a fidelidade da comunicação na medida em que influencia a capacidade individual de se analisar objetivos e intenções, bem como a capacidade de codificar a mensagem de maneira a expressar o que se pretende. Corrado (1994) apud Fiúza (2004) analisa que todo esse processo comunicativo, que envolve inúmeras particularidades, não é mais responsabilidade de alguns, mas ampliou-se, tornando-se uma prioridade para todos os membros da organização. Todos precisam trabalhar para cumprir a missão da organização. Todos precisam transmitir aos principais públicos da organização mensagens verossímeis e todos precisam compartilhar os sucessos e os fracassos da empresa. (Corrado, 1994, p.9). Após se coletarem os dados utilizando o instrumento proposto, pretendeu-se relacionálos com as conclusões do esquema teórico, permitindo dessa forma encontrar as respostas para a problemática desta pesquisa: até que ponto existe adequação comunicativa nas 109 mensagens veiculadas pela Faculdade dos Guararapes na percepção dos alunos do curso de Administração de Empresas, de acordo com o modelo de Fiúza (2004)? O resultado obtido possibilita constatar que o aluno da Faculdade dos Guararapes percebe as estratégias comunicativas da Instituição como adequadas, visto que as maiores médias dos resultados quantitativos concentram-se nas categorias 5 e 6 (boa e muito boa) da escala proposta; além disso, a categorização semântica ratificou os dados quantitativos. Apesar de, no cômputo geral, a avaliação do aluno ter sido apresentada como boa, há alguns elementos que precisam ser analisados pontualmente. Para que haja comunicação, é necessária a presença, num sistema, de elementos, como o emissor, o receptor, o código lingüístico, o canal e a mensagem. São necessários também processos de leitura e de análise (SCHULER: 2004). Este trabalho considerou, pois, como elementos necessários ao processamento da comunicação os cinco elementos-chave do processo de interação comunicativa: o emissor; o receptor; a mensagem; o código e o canal, que foram aqui categorizados a partir da percepção do aluno da Faculdade dos Guararapes. As informações da literatura apontam que é necessário ao emissor considerar a visão do receptor da mensagem; suas necessidades e opiniões (BERLO: 1999). Se a comunicação é influenciada pelas habilidades comunicativas do emissor, na medida em que influenciam a capacidade individual de analisar os próprios objetivos e intenções e de codificar a mensagem de maneira a expressar o que se pretende ao receptor (Berlo, 1999), para este estudo, todas as análises tomaram o aluno como elemento norteador, entendido aqui como receptor. Sua visão do processo comunicativo da Instituição estudada está refletida nos resultados aqui apresentados. 110 O aluno da Faculdade dos Guararapes é essencialmente jovem, com idade média variando entre 21 e 25 anos (37%); o gênero predominante é o feminino (57%) e a maioria está inserida no mercado de trabalho (84%). Os resultados apontam que o receptor do processo comunicativo considera a acessibilidade àqueles que detêm a informação na Instituição como premissa para que a interação comunicativa se estabeleça. Esta avaliação foi embasada pelo procedimento “seleção da variável substituta”, através da análise fatorial. Os elementos apresentados sugerem que o receptor espera que haja clareza do emissor ao tratar das questões institucionais. No que concerne ao emissor, o item considerado como representativo diz respeito à permissão da troca de informações. Este item foi considerado pelo aluno como uma característica daquele que detém a informação. Ressalta-se que, considerando as informações da literatura, como expõe Berlo (1999), “é necessário ao emissor considerar a visão do receptor da mensagem, suas necessidades e opiniões”. O processamento da comunicação no âmbito da IES está atrelado, para o aluno, ao papel-chave do emissor que é o de esclarecer-lhe as dúvidas. Quanto à mensagem, o aluno considera que a informação que lhe é transmitida deve ter linguagem apropriada, ou seja, para ele, a adequação às necessidades e à sua capacidade de entendimento são pré-requisitos para que se estabeleça a troca comunicativa. O código lingüístico, para o aluno, deve ser aquele que facilite o acesso às informações, ou seja, os alunos remetem ao emissor como responsável pelo direcionamento adequado das informações. Quanto ao canal de comunicação considerado pelo aluno, o jornal apresentou-se como o meio mais adequado, ou seja, o aluno entende a comunicação como algo pontual, interacional, objetivo, acessível e claro. 111 Berger; Luckman (1985) apud Fiúza (2004) defendem que para que se efetive a comunicação é necessária a existência de um processo de interação no qual os significados sejam compartilhados de forma acessível, através de código e canal adequados aos seres da relação. Na Faculdade dos Guararapes, pois, as análises demonstraram que o processo de interação comunicativa se estabelece e caminha para um efetivo crescimento, visto que, na percepção do aluno, a Instituição mostra interesse em fornecer-lhe informações e divulgar os canais para que os alunos cheguem à informação. Entretanto, o aluno ainda não percebe abertura da Instituição para que o mesmo expresse suas opiniões, tampouco vê abertura para a realização de reuniões que tenham o objetivo de ouvi-lo. Este sentimento foi formalizado não só através das medidas quantitativas. A análise qualitativa não só ratificou os números apontados, mas também mostrou caminhos que, para o aluno, seriam responsáveis pelo estabelecimento da interação comunicativa. O aluno da Faculdade dos Guararapes sugere que a Instituição aproxime-se mais dele: apresentando-lhe, com maior freqüência, feedback às suas solicitações. Para o receptor,verdade, clareza e transparência perfazem os elementos norteadores do respeito e da eqüidade. Para Baldissera (2000), comunicar é criar vínculos e estabelecer equilíbrio entre os sentimentos da Instituição e dos públicos envolvidos. Este sentimento de respeito surge com muita força nas afirmações dos alunos, quando sugerem haver com mais freqüência reuniões e palestras. Para eles, o jornal é considerado o meio mais adequado para que as informações pontuais sejam transmitidas. Segundo Kunsh (1992), a elaboração de uma política de comunicação poderá ater-se a uma série de etapas que compreendem pesquisa, análise e construção de diagnóstico, 112 determinação de objetivos e metas, esboço de estratégias gerais, implementação de programas específicos, controle de ações e avaliação de resultados. Daí a necessidade de atentar ao valor percebido pelo aluno em relação aos serviços prestados e à satisfação de suas necessidades. Andrade e Amboni (2002) ressaltam a importância da imagem da instituição frente ao mercado. Pensando nessa perspectiva, Fiúza (2004) defende que as IES privadas precisam lançar mão daquilo que, por longo tempo, têm se esquivado de fazer: a utilização de ferramentas administrativas e de marketing, necessárias para criar competitividade e manutenção no mercado. Falta à Instituição equilíbrio entre seus interesses e os de seu público-alvo, uma vez que o aluno percebe que os objetivos institucionais são transmitidos, mas seus anseios não são compreendidos, visto que 73,4% dos respondentes concordam com o fato de a Instituição estruturar suas mensagens com base em sua proposta pedagógica, mas esses mesmos alunos ( 80%) afirmam que a IES precisa estar aberta ao diálogo e à audição dos problemas do aluno. Nesta pesquisa, chegou-se à conclusão de que o aluno da Faculdade dos Guararapes entende que a IES se preocupa com a efetividade do entendimento das mensagens por ela veiculadas, assim como solicita que a Instituição efetive uma relação comunicativa mais acessível, privilegiando a interação. É necessário, pois, que a IES busque uma comunicação integradora, para dialogar com seu público e para satisfazê-lo. Nos dizeres de Fiúza (2004) : não há sucesso isolado em qualquer organização, muito menos em Instituições de Ensino Superior. A equipe deve comunicar, sempre, entre si, de forma articulada. Os resultados sugerem que existe adequação comunicativa nas mensagens veiculadas pela Faculdade dos Guararapes, na percepção dos alunos do curso de Administração de empresas, visto que os alunos avaliaram satisfatoriamente a transmissão dos objetivos institucionais para seu público-alvo. 113 Berlo (1999), ressaltando o processo de interação, aponta que, da mesma forma que as habilidades comunicadoras da fonte são importantes para capacitá-la a interpretar os eventos, criar e codificar a mensagem, as habilidades relacionadas com o receptor também são essenciais à efetividade da comunicação, pois delas depende a decodificação da mensagem recebida. Por isso, não se pode predizer o êxito do ato comunicativo apenas em função das habilidades da fonte ou do receptor, isoladamente, mas sempre em conjunto. Apesar de evidente importância da comunicação para o desenvolvimento humano e organizacional, como exposto por Torquato (1991), França (1993), Kunsch (1997,1999), Del Pozo (1997), Berlo (1999) e outros autores, paradoxalmente, não lhe tem sido dada a devida importância como ferramenta gerencial, ficando, em muitos casos, relegada a segundo plano nos processos de planejamento, o que é temerário, pelo fato de que a comunicação é peça fundamental para a operacionalização dos mesmos ( FIÚZA, 2004). É necessário, pois, à IES buscar, em sentido integrado, uma comunicação de qualidade, para encontrar seu público e satisfazê-lo. O contato com o público-alvo deve ser o mais próximo possível. Administrar esse relacionamento, principalmente sob a forma de programas de qualidade de comunicação, poderá proporcionar vantagens para a imagem da instituição. As análises quantitativa e qualitativa apresentaram resultados consonantes. Os elementos essenciais para que haja adequação comunicativa, na visão do aluno, são aqueles que dizem respeito à troca de opiniões e à acessibilidade aos que fazem a Instituição. A análise qualitativa ratificou os resultados gerados pela análise quantitativa: a comunicação na Faculdade dos Guararapes é satisfatória, mas precisa ser entendida como um processo bilateral. A esse respeito, sugere-se que um planejamento das ações comunicativas da Instituição seja planejado para que todos os funcionários tenham condições de estabelecer diálogo com o aluno. Deve-se cuidar para tornar comum a rede de associações na qual a 114 mensagem é percebida para que diferentes pessoas possam compartilhar um significado (Schuler: 2004). Cabe à IES partir dos dados apresentados para ampliar o canal de comunicação no sentido de construir um meio que permita a melhor fidelidade da transmissão das mensagens e, assim, buscar implementar um processo de comunicação de fato interativo. Para concluir, os processos de comunicação da IES estudada atendem aos anseios institucionais, mas ainda não conseguiram atender aos anseios de seu público-alvo. A partir dessas constatações, espera-se que a IES estudada obtenha uma visão mais aprofundada do entendimento que os alunos dão às estratégias comunicativas implementadas pela Faculdade. A contribuição deste trabalho está no produto final da análise que trouxe respostas efetivas para a empresa alvo da investigação. Embora sejam respostas interpretativas e, como tal, sujeitas a pontos de vistas diferentes, são baseadas em análises de manifestações concretas dos alunos, com procedimentos passíveis de serem replicados. Por fim, sobre a importância de se efetivar a troca comunicativa em quaisquer esferas institucionais, são apresentadas as palavras de Morin: A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões mútuas. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação do futuro (MORIN:2000). 5.1 Sugestões para pesquisas futuras Como sugestões para futuras pesquisas, podem ser apontadas aquelas que visem a aprofundar e aperfeiçoar as conclusões obtidas neste trabalho, por meio de análises mais detalhadas ou mesmo por meio da proposição de planejamento comunicativo para 115 fortalecimento da imagem empresarial e , de modo mais específico, da imagem da instituição de ensino superior. Por isso, outros estudos são recomendados, enfocando outras dimensões além da contemplada nesta pesquisa: a) busca de ferramentas capazes de gerenciar toda a informação que circula dentro da Instituição; b) desenvolvimento de projetos visando ao registro de ações facilitadoras às interações comunicativas; c) avaliação da comunicação em outros ambientes organizacionais; d) avaliação da comunicação em ambientes organizacionais, para verificar se ela é integrada e se existe adequação comunicativa; e) redução do número de itens do instrumento através de análise fatorial, para que seja aplicado e avaliado de modo mais rápido e não menos preciso. Por fim, ratificando as idéias de que a comunicação não se estabelece de forma unilateral, mas de forma interativa e entendendo o ser humano como elemento capaz de gerar sentido intencionalmente, apresenta-se, pois, este trabalho como aberto à ampliação de análises e ao aprofundamento dos elementos comunicativos que busquem aproximar mais e melhor as pessoas. 116 117 6 Referências bibliográficas ANDRADE, R.O.B. de; AMBONI,N. Projeto pedagógico para cursos de administração. São Paulo, Makron Books,2002. ARAÚJO,L.R.H.Organizações,sistemas e métodos e as modernas ferramentas de gestão organizacional.São Paulo: Atlas,2001. BALDISSERA, Rudimar. Comunicação Organizacional: o treinamento de recursos humanos como rito de passagem. São Leopoldo: UNISINOS, 2000 BARDIN,L. Análise de conteúdo. Lisboa, Edições 70, 2004. BARICH, H.; KOTLER, P. A Framework for Marketing Image Manegement. in Sloan Management Review, Knoxville, v.32, winter 1991. BARNARD, Chester I. As funções do executivo. 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Mestranda: Cristiane Conde Prezado (a) aluno (a), Esta é uma pesquisa de Mestrado em Administração, com foco na área de Comunicação Organizacional, que pretende analisar as estratégias comunicativas de uma Instituição de Ensino Superior. A comunicação organizacional compreende o conjunto de métodos, técnicas, recursos, meios etc., pelo qual a empresa se dirige tanto ao público interno, quanto ao público externo.Sua participação nesta pesquisa é fundamental para o levantamento de dados no que concerne à qualidade da comunicação em Instituições de Ensino Superior . Os resultados desse estudo constituir-se-ão em um instrumento que possibilitará aos gestores da instituição privada de ensino superior conhecer quais estratégias comunicativas são mais ou menos eficazes, de acordo com a ótica do aluno. Os resultados desta pesquisa não serão divulgados abertamente. Será mantido sigilo total com relação às respostas. Para a dissertação ou qualquer apresentação pública serão apresentados os dados de forma codificada, não podendo terceiros identificar detalhadamente suas respostas. Agradeço sua disponibilidade em participar desta pesquisa. Atenciosamente, Cristiane Conde [email protected]. 81-88570893 126 APÊNDICE 2 Questionário aplicado ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS COMUNICATIVAS DA FACULDADE DOS GUARARAPES Cada um dos itens abaixo descreve atividades relacionadas às estratégias comunicativas. Atribua conceitos de 1 a 7, de acordo com a tabela a seguir: LEGENDA CONCEITUAL 1- Péssima Item 2- Muito Ruim 3- Ruim 4- Dúvida 5- Boa 6-Muito boa 7- Ótima Em relação à postura da Instituição ao se comunicar com o aluno, a Faculdade : 1 Apresenta atenção em ouvi-lo, respeitando-lhe o ponto de vista. 2 Mostra interesse em fornecer-lhe informações. 3 Esclarece-lhe sobre suas dúvidas. 4 Cumpre, com freqüência, promessas de atendimento às suas solicitações. 5 É coerente em relação ao que diz e o que ela realiza. 6 Estrutura suas mensagens com base na sua proposta pedagógica 7 Orienta-o sobre seus direitos e deveres na instituição 8 Sempre lhe fornece feedback às suas solicitações Em relação aos fatores que auxiliam o aluno a entender as mensagens veiculadas na instituição, há: 9 Facilidade de acesso às informações. 10 Disponibilização de dados de seu interesse. 11 12 Facilidade de acesso às pessoas que detém informações importantes na escola. Clareza e objetividade das informações/ orientações fornecidas. 13 Divulgação dos canais de comunicação disponibilizados pela Instituição. 14 15 16 Fornecimento de mensagens/informações não-agressivas e objetivas dos setores da Instituição. Fornecimento de informações/ orientações confiáveis. Respostas às solicitações feitas pelos alunos. Grau 127 As mensagens veiculadas na instituição são estruturadas para: 17 18 19 20 Garantir a efetiva compreensão do aluno acerca da informação/orientação. Permitir a satisfação/ expectativa do aluno. Orientar o aluno em sua área de atuação. Esclarecer sobre a atuação dos setores e planos da instituição. 21 Solucionar dúvidas do aluno. 22 23 “Abrir” espaço de opinião/ argumentação do aluno com a escola. 24 Orientar o aluno sobre decisões institucionais. Permitir a troca de informações com o aluno. A estrutura das mensagens fornecidas na instituição apresenta características como: 25 Utilização das formas oral e escrita adequadas ao conhecimento do aluno. 26 27 Exposições em locais de fácil visibilidade das informações escritas. 28 As informações não são ambígüas, ou seja, elas sempre apresentam um único sentido. Linguagem apropriada à compreensão da mensagem. 29 30 31 32 O vocabulário é de fácil entendimento. As informações disponibilizadas aos alunos são atualizadas Recursos de linguagem (oral, escrito, não-verbal) para incentivar o aluno a uma atuação acadêmica adequada à proposta pedagógica da instituição. Esclarecimento dos objetivos da instituição. Em relação à forma como a mensagem circula na instituição, utiliza-se: 33 Disponibilização de mais de uma fonte para que o aluno troque informações com os setores da escola. 34 Fornecimento de manual informativo . 35 36 Realização de reuniões para que o aluno possa ser ouvido Fornecimento de informações externas aos alunos, por meio encontros e visitas técnicas Disponibilização de murais para apresentar, visualmente, informações/orientações aos alunos. 37 de palestras, 38 Acesso à internet, para que o aluno possa se comunicar on line com a escola. 39 Fornecimento de dados acadêmicos e administrativos aos alunos, por meio de jornal interno. 40 Espaço para atuação do diretório acadêmico 128 Descreva seu sentimento com relação ao processo de comunicação da Instituição para os alunos. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Apresente sugestões para melhorar a comunicação das mensagens da Instituição para os alunos. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Gostaria que você preenchesse seus dados para fins de pesquisas. Seus dados não serão divulgados individualmente: apenas haverá a divulgação do perfil geral de todos os respondentes. Seus dados: Idade: _________ Gênero: feminino Período: __________ Trabalha: sim masculino não Cargo: ___________________________________ 129 ANEXOS ANEXO 1- INDICADORES PROPOSTOS POR FIÚZA (2004) VARIÁVEIS INDICADORES PROPOSTOS OBJETIVO PARA MENSURAÇÃO DA QUALIDADE EMISSOR - habilidade comunicativa de ouvir Verificar a percepção do - atitudes positivas na emissão: aluno sinceridade, franqueza, comportamento cumprimento de promessas. comunicativo da instituição - conhecimento do objeto e do processo de ensino com o corpo da comunicação discente. em relação ao - forma associada à posição no sistema sócio-cultural - busca de realimentação (Feedback) RECEPTOR - compreensão do código Verificar como o aluno - conhecimento do canal percebe as informações que - percepção acerca do emissor: posição, lhe critérios instituição de ensino. - percepção acerca da adequação da mensagem às necessidades - confiabilidade comunicativo no processo são dirigidas pela 130 MENSAGEM - conteúdo adequado contexto da Verificar como aluno informação percebe - adequação do tipo de informação ao comunicação na instituicão sistema utilizado de ensino. - adequação ao atendimento das harmonia com as o funções da necessidades - comunicação em estratégia organizacional - comunicação pró-ativa e com ênfase prática CÓDIGO - emprego de sentido lógico Verificar como as formas de - adequação do significado pretendido linguagem da instituição são - fornecimento de elementos de percebidas pelo aluno. interpretação - linguagem apropriada - adequação das formas à situação CANAL - seleção do canal apropriado ao contexto Verificar - adequação ao conteúdo da mensagem avalia os meios de acesso às - adequação à linguagem utilizada informações na instituição - adequação às formas empregadas de ensino. - disponibilização de canais diversos como o aluno 131 ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO MODELO FIÚZA LEGENDA CONCEITUAL 1- Péssima Concordo 2- Muito Ruim 3- Ruim 4- Dúvida 5- Boa Questão 1 apresenta atenção em ouvi-lo, respeitandoEm relação lhe o ponto de vista. à postura da Instituição 2 mostra interesse em fornecer-lhe informações. ao se comunicar com o aluno: 3 esclarece-lhe sobre suas dúvidas. 4 cumpre, com freqüência, promessas de atendimento às suas solicitações. 5 é coerente em relação ao que diz e o que ela realiza. 6 estrutura suas mensagens com base na sua proposta pedagógica (cultura empreendedora) 7 orienta-o sobre seus direitos e deveres na instituição. 8 sempre fornece-lhe feedback às suas solicitações 6-Muito boa 7- Ótima Discordo Total 1 2 3 4 5 6 7 Total 132 Em relação aos fatores que auxiliam o aluno a entender as mensagens veiculadas na instituição: 9 facilidade de acesso às informações 10 disponibilização de dados de seu interesse. 11 facilidade de acesso às pessoas que detém informações importantes na escola. 12 clareza e objetividade das informações/ orientações fornecidas. 13 divulgação dos os canais de comunicação disponibilizados pela escola. 14 fornecimento de mensagens/informações não-agressivas e objetivas dos setores da escola. 15 fornecimento de informações/ orientações confiáveis 16 respostas às solicitações feitas pelos alunos. As mensagens veiculadas na instituição são estruturadas para: 17 garantir a efetiva compreensão do aluno acerca da informação/orientação. 18 permitir a satisfação/ expectativa do aluno. 19 orientar o aluno em sua área de atuação. 20 esclarecer sobre a atuação dos setores e planos da instituição. 21 solucionar dúvidas do aluno. 22 “abrir” espaço de opinião/ argumentação do aluno com a escola. 23 permitir a troca de informações com o aluno. 24 orientar o institucionais. aluno sobre decisões 133 A estrutura das mensagens fornecidas na instituição apresentam característic as como: 25 utilização das formas oral e escrita adequadas ao conhecimento do aluno. 26 exposição em locais de fácil visibilidade das informações escritas. 27 o vocabulário é de fácil entendimento. 28 as informações não são ambígüas, ou seja, elas sempre apresentam um único sentido. 29 linguagem apropriada à compreensão da mensagem. 30 as informações disponibilizadas alunos são atualizadas. aos 31 recursos de linguagem (oral, escrito, nãoverbal) para incentivar o aluno a uma atuação acadêmica adequada à proposta pedagógica da instituição. 32 esclarecimento instituição. Em relação à forma como a mensagem circula na instituição, utiliza-se: dos objetivos da 33 disponibilização de mais de uma fonte para que o aluno troque informações com os setores da escola. 34 fornecimento de manual informativo 35 realização de reuniões para que o aluno possa ser ouvido. 36 fornecimento de informações externas aos alunos, por meio de palestras, encontros e visitas técnicas. 37 disponibilização de murais para apresentar, visualmente, informações/orientações aos alunos. 38 acesso à internet, para que o aluno possa se comunicar on line com a escola. 39 fornecimento de dados acadêmicos e administrativos aos alunos, por meio de jornal interno. 40 espaço acadêmico para atuação do diretório 134 ANEXO 2 – TABULAÇÃO DOS DADOS EMISSOR Em relação à postura da Instituição ao se comunicar com o aluno 1 Conc. 2 3 4 5 6 7 TOTAL Disc. Total atenção em ouvir, respeitando o ponto de vista interesse em fornecer informações 54 38 73 72 68 40 Total 46 391 34 48 64 65 82 62 36 391 Esclarecimento de dúvidas 36 44 60 86 57 62 46 391 Cumprimento freqüente das promessas de atendimento às solicitações Coerência em relação ao que se diz e o que se realiza mensagens com base na proposta pedagógica (cultura empreendedora) Orientação sobre direitos e deveres na instituição Fornecimento de feedback às solicitações 46 60 55 88 44 56 42 391 38 58 61 88 62 50 44 391 28 49 68 58 66 68 54 391 49 66 68 40 64 50 44 391 56 58 70 56 54 55 32 391 Em relação aos fatores que auxiliam o aluno 1 a entender as mensagens veiculadas na Disc instituição Total 2 3 4 5 6 7 Conc. RECEPTOR TOTAL total Facilidade de acesso às informações 34 55 46 64 66 68 58 391 Disponibilização de dados de interesse 28 46 56 66 87 66 42 391 Facilidade de acesso às pessoas que detém informações importantes na escola Clareza e objetividade das informações/orientações fornecidas Divulgação dos canais de comunicação disponibilizados pela escola Fornecimento de mensagens/informações não-agressivas dos setores da escola Fornecimento de informações/orientações confiáveis Respostas às solicitações feitas pelos alunos 46 58 59 62 70 44 52 391 56 56 58 62 57 62 40 391 34 46 51 66 76 70 48 391 32 46 62 82 66 55 48 391 44 48 62 66 61 70 40 391 44 62 63 60 58 44 60 391 135 MENSAGEM As mensagens veiculadas na instituição são estruturadas para 1 2 3 4 5 6 Disc Total 7 TOTAL Conc. total Garantia de efetiva compreensão acerca da informação/orientação Permite a satisfação/expectativa do aluno 43 52 68 48 86 48 46 391 38 49 64 66 80 54 40 391 Orienta o aluno em sua área de atuação 38 44 68 63 70 62 46 391 Esclarece sobre a atuação dos setores e planos da instituição Soluciona dúvidas dos alunos 40 48 65 68 82 48 40 391 44 56 74 73 62 52 30 391 “Abre” espaço de opinião/argumentação do aluno com a escola Permite a troca de informações com o aluno 60 62 49 62 78 46 34 391 62 66 47 62 70 46 38 391 Orienta o aluno sobre decisões institucionais 56 48 48 73 66 54 46 391 2 3 4 5 6 7 CÓDIGO A estrutura das mensagens fornecidas na instituição apresentam características como: Utilização das formas oral e escrita adequadas ao conhecimento do aluno Exposição em locais de fácil visibilidade das informações escritas O vocabulário é de fácil entendimento As informações não são ambíguas, ou seja, elas sempre apresentam um único sentido Linguagem apropriada à compreensão da mensagem As informações disponibilizadas aos alunos são atualizadas Recursos de linguagem para incentivar o aluno a uma atuação acadêmica Esclarecimento dos objetivos da instituição 1 Disc TOTAL Conc. Total 42 45 72 60 76 58 total 38 391 44 26 63 52 68 80 58 391 34 44 49 58 56 70 80 391 36 55 44 68 58 80 50 391 26 50 51 68 74 72 50 391 35 40 42 70 58 86 60 391 34 53 50 68 78 70 38 391 24 38 57 62 78 68 64 391 136 CANAL Em relação à forma como a mensagem circula na instituição, utiliza-se 1 2 3 4 5 6 Disc Total 7 TOTAL Conc. total Disponibilização de mais de uma fonte para que o aluno troque informações com os setores da escola Fornecimento de manual informativo 46 43 56 78 68 60 40 391 33 44 58 56 82 66 52 391 Realização de reuniões para que o aluno possa ser ouvido Fornecimento de informações por meio de palestras, encontros e visitas técnicas Disponibilização de murais para apresentar informações/orientações aos alunos Acesso à internet, para que o aluno possa se comunicar on line com a escola Fornecimento de dados por meio de jornal interno Espaço para atuação do diretório acadêmico 48 64 42 79 66 46 46 391 38 38 57 58 74 80 46 391 38 46 46 78 57 46 80 391 24 26 22 60 47 68 144 391 40 38 42 61 62 66 82 391 72 54 36 67 54 56 52 391