REGULAÇÃO EM TRANSPORTES TRANSNACIONAIS 8º Encontro FIESP de Logística de Transportes Maria Fernanda Pecora Sócia de Gouvêa Vieira Advogados Introdução 2 Necessidade de Regulação Transnacional Harmônica Dificuldades Possíveis Soluções América do Sul UNASUL Conclusão Necessidade da Regulação Transnacional 3 O desenvolvimento de uma região está associado ao grau de sofisticação do sistema de transporte que a serve Acesso ao mercado consumidor Disponibilidade de insumos Por outro lado, para que uma região possa desenvolver um alto grau de sofisticação do sistema de transporte, há que se desenvolver um sistema harmônico e integrado Esse desenvolvimento esbarra na Soberania dos Estados Soberania e suas Consequências 4 A independência absoluta de um Estado em relação aos outros Competência Territorial – competência dos Estados de exercer sua autoridade sobre as pessoas, atividades, bens, etc. que se encontram dentro do seu território. Dessa forma, um Estado tem a competência de editar leis, decretos, portarias etc. que regerão tudo o que aconteça dentro do seu território Competência Pessoal – competência para legislar sobre os seus nacionais ou bens (navios, p.ex.), ainda que não esteja em seu território Soberania Territorial (exemplos) 5 Um navio que se encontra em conformidade com todos os requerimentos em relação ao Estado A, tais como, o projeto do navio, sua construção, equipamentos, tripulação deseja transportar produtos para o Estado B. Entretanto, ao aproximarse do porto do Estado B, depara-se a com o fato que não poderá atracar naquele porto pois o navio encontra-se em clara violação da legislação do Estado B. O Estado A, sem saída ao mar, deseja escoar seus produtos. Para isso constrói uma linha férrea até a fronteira do Estado B almejando utilizar as linhas férreas do Estado B e assim acessar ao mar. Porém, ao fazer a conexão entre os dois sistemas férreos dos Estados constata-se que as linhas férreas do estado A não são compatíveis com as do Estado B. Há uma hidrovia que passa pelos Estados A e B. O Estado A faz uma usina hidrelétrica, mas não constrói a eclusa, o que impede a navegabilidade do rio. Uma ponte que liga dois Estados não tem capacidade para suportar veículos com um determinado peso, impedindo assim a ligação entre os dois Estados para o transporte de cargas via terrestre. Agentes do sistema de transporte 6 Multiplicidade de empresas privadas e órgãos governamentais na área de transporte é de alguma forma regulamentada pelo poder público Vários tipos de organizações que planejam, projetam, constroem, financiam, operam e regulamentam os sistemas de transportes e as formas como estas entidades se relacionam Os órgãos e as empresas que atuam no setor de transporte variam de pais, para pais, refletindo diferentes filosofias politicas e econômicas Similaridades nos Sistemas Governamentais 7 Organizações que fornecem serviços de transporte (ferrovia, cia. Aérea, automóvel) Organizações que fornecem a infraestrutura necessária para o serviço de transporte (rodovias, aeroportos, portos, rios navegáveis) Organização que planejam a operação do sistema de transportes, estabelecendo politicas de desenvolvimento de cada modalidade, critérios de interrelacionamento entre as varias modalidades e a evolução de cada sistema por meio de agencias reguladoras Legislações de Cada Estado 8 Argentina: Políticas nacionais de infraestrutura: Ministério do Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços Legislação: Políticas governamentais para infraestrutura: Decreto 27 e 1.283/2003 Transportes: Decreto 1.770/1996 Ferrovias: Lei 26.352/2008 Chile: Legislação: Concessões: Decreto 900/96 Portos: Lei 19542/97 Rodovias e Aeroportos: Decreto 20402/97 9 Dilema Se cada Estado tem soberania para legislar no seu território, como então harmonizar as regulações dos diversos Estados para atingir um fim comum? 10 Solução Tratados Internacionais Redes Transnacionais de Agências Reguladoras (ou afins) Organizações Internacionais Tratados Internacionais Multilaterais 11 Convenção de Montreal de 1999 (Regras relativas ao transporte aéreo); Convenção de Genebra de 1956 (Transporte terrestre); Convenção de Hamburgo de 1979 (Transporte marítimo). Fases do Tratado 12 Fases Negociação – Os Estados negociam. Adoção – Ao final da negociação, o representante do Estado assina o Tratado. Manifestação de vontade de estar vinculado ao Tratado Cada país (soberania) tem normas internas sobre a forma de ratificar o Tratado. Na maioria dos Estados, a ratificação está sujeita à autorização do Poder Legislativo (Congresso). Dificuldades: Morosidade Relutância dos Estados em se comprometer com temas de logísticas (ex.: adoção de certas normas técnicas universais) Redes Transnacionais de Agências Reguladoras 13 Reunião informal de técnicos do governo de diversos Estados, especialistas na área sob exame, para adoção de determinadas vertentes regulatórias e normas técnicas Basel Committee de 1974 pelos representante do Banco Central do países do G-10 e Suíça International Organization of Securities Commissions – IOSCO de 1986 e inclui mais de 170 jurisdições International Competition Network Dificuldades Decisões das Agências não vinculam o Estado; Tendência dos técnicos do governo dos diversos Estados proporem como padrão as soluções técnicas utilizadas em seus próprios territórios Organizações Internacionais 14 Pessoas Jurídicas de Direito Internacional que foram criadas por meio tratado internacional, dotada de órgãos próprios, cuja finalidade é atingir os objetivos comuns determinados por seus membros constituintes. Integração (ex.: União Europeia) ou de cooperação (ex.: UNASUL) Problema: Como regra, resoluções das organizações internacionais de cooperação NÃO são vinculantes. América do Sul 15 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Guiana(inglês) Paraguai Peru Suriname (holandês) Uruguai Venezuela América do Sul 16 Extensão 2010 17,8 milhões de km2 - 42% do continente americano 17,4% do PIB das Américas 5,9% do PIB mundial Entre 2002 e 2010 – Crescimento Econômico 5,3% a.a. do conjunto dos países da AS contra a média mundial de crescimento de 3,9% a.a. Integração 17 Continente bastante heterogêneo Redução da disparidade pela promoção de integração efetiva que potencialize os projetos de desenvolvimento nacionais, atrelados ao crescimento da região como um todo. Infraestrutura física é importante instrumento para alcançar o fim: a almejada unidade. Acordos de Preferências Comerciais e Uniões Aduaneiras criaram um maior fluxo comercial, fortalecendo a integração Acordos de Preferências Comerciais e Uniões Aduaneiras 18 1960 - Associação Latino Americana de Livre Comércio (ALALC) – criação de preferências comerciais 1969 – Pacto Andino 1980 – Associação Latino-americana de Integração (ALADI) – substituiu ALALC previu infraestrutura flexível de negociações comerciais e formação de blocos regionais, pela opção de Acordos de Complementação Econômica (ACE) 1991 – ACE 18 – Tratado de Assunção e criação do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) 1997 – Comunidade Andina das Nações que substituiu o Pacto Andino (Bolívia, Colômbia, Equador e Peru) – com o objetivo de criar um mercado comum andino 2008 - UNASUL 19 A União de Nações Sul-Americanas - UNASUL O Tratado constitutivo da UNASUL foi assinado em 23 de maio de 2008. A UNASUL tem como objetivo construir, de maneira participativa e consensuada, um espaço de integração e união no âmbito cultural, social, econômico e político entre seus povos, priorizando o diálogo político, as políticas sociais, a educação, a energia, a infraestrutura, o financiamento e o meio ambiente, entre outros, com vistas a eliminar a desigualdade socioeconômica, alcançar a inclusão social e a participação cidadã, fortalecer a democracia e reduzir as assimetrias no marco do fortalecimento da soberania e independência dos Estados. (Artigo 2) UNASUL 20 A UNASUL tem como objetivos específicos: (...) o desenvolvimento de uma infraestrutura para a interconexão da região e de nossos povos de acordo com os critérios de desenvolvimento social e econômico sustentáveis. (Artigo 3, e) Problema: Por se tratar de uma Organização Internacional de Cooperação, para que as suas resoluções (normas derivadas) entrem em vigor e adquiram eficácia nos ordenamentos jurídicos dos Estados Membros, é necessário, em regra, submetê-las ao processo de incorporação previsto nos respectivos ordenamentos jurídicos. (ou seja, cada país decide se e como incorporar as decisões do UNASUL) COSIPLAN – Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento 21 2009/10 – Conselho Sul-americano de Infraestrutura e Planejamento -COSIPLAN – (Órgão da UNASUL) Coordenação de programas e projetos para promover a integração da infraestrutura regional http://www.iirsa.org COSIPLAN E API 22 Novembro de 2011 em Brasília: Definição da Agenda de Projetos Prioritários de Integração – API Objetivo alterar a atual distribuição modal, de forma a permitir o uso otimizado de cada meio de transporte e sua combinação possível de modo que o itinerário completo seja eficaz e sustentável de acordo com as necessidades específicas de transporte e distância a ser percorrida 8 Eixos de Integração 23 Incentivos Econômicos que estimulam os Estados adotar as decisões da UNASUL 24 Por que os Estados integrantes da UNASUL desejariam incorporar as suas decisões? Uniformidade Técnica e complementariedade – O interesse é de ordem prática. Se os projetos forem feitos em conjunto, é possível estabelecer um plano de logística regional que possa beneficiar o conjunto dos países integrantes do UNASUL de uma forma ordenada. Incentivos financeiros – Os projetos aprovados em nível da UNASUL tem melhores condições de obter financiamento dos bancos de desenvolvimento. CONCLUSÃO 25 Evidente dificuldade para estabelecer uma regulação transnacional que seja efetivamente implementada Não há um mecanismo perfeito para criar um sistema de normas totalmente harmônico (prós e contras) Necessidade de criação de princípios a serem adotados pelos diversos Estados Importância da Cooperação na fase de Planejamento (há mais facilidade de alterações nos acordos comerciais) A criação da UNASUL é uma ferramenta viável: o seu sucesso dependerá da vontade exclusiva dos Estados e do nível de cooperação entre eles para atingir o desenvolvimento da região como um todo Maria Fernanda Pecora [email protected] (11) 2134-5050