A COESÃO E A COERÊNCIA EM TEXTOS ESCRITOS POR ALUNOS DE 6º E 9º ANOS SIBELI RAMOS 1 [email protected] RESUMO Objetiva-se averiguar a coesão e coerência em textos escritos na língua espanhola por alunos de 6º e 9º anos do ensino fundamental com o intuito de analisar os conectores utilizados, coerência textual e se as sentenças fazem sentido umas às outras. Para isso, analisam-se dez textos de 6ª ano e dez textos de 9ª ano, produzidos em sala de aula de um colégio privado da cidade de Campo Largo. Os textos foram analisados com base em Kato (1998), Cagliari (1997), Silva (1994), Koch e Travaglia (1998), dentre outros renomados autores. A partir das análises, constatou-se que os alunos utilizam em suas produções textuais os elementos de coesão, porém, não os utilizam adequadamente, mas sim espontaneamente. Os resultados das análises demonstraram também que os discentes apresentam dificuldades em fazer a distinção entre o texto oral e o escrito. Apresentam dificuldades quanto às conjugações verbais, pontuação, ortografia. Observou-se que nas produções do 9ª ano não houve um progresso de aprendizagem da escrita, já que ainda estão presentes as mesmas dificuldades de coesão e coerência que os alunos do 6ª ano apresentam. Palavras-chaves: mecanismos de coesão; coerência textual; produções escritas. RESUMEN El objetivo es determinar la cohesión y la coherencia en los textos descritos en lengua española de 6 y 9 años de la educación básica con el fin de analizar los conectores utilizados en su producción y se utilizan adecuadamente, y la coherencia textual, si las oraciones tienen sentido una a otra. Para eso, se analizan diez textos de 6º año y diez textos de 9º año, producidos en clase en un colegio privado de la ciudad de Campo Largo. Los textos fueron analizados basándose en los autores Kato (1998), Cagliari (1997), Silva (1994), Koch y Travaglia (1998), entre otros autores de renombre. A partir de los análisis, se constató que los estudiantes utilizan en sus producciones textuales elementos de cohesión, sin embargo, no los utilizan correctamente y sí de forma espontánea. Los resultados de los análisis también mostró que los estudiantes tienen dificultades para hacer la distinción entre el texto oral y escrito. Demuestran dificultades con respecto a las conjugaciones verbales, signos de puntuación y de ortografía. Se observó que en las producciones del 9 º año no hubo progresos en el aprendizaje de la escritura, ya que las mismas dificultades de cohesión y coherencia que los estudiantes del 6 º año tienen, aún están presentes. Palabras - clave: mecanismos de cohesión, la coherencia textual, producciones escritas. 1 Aluna do Curso de Pós Graduação da Universidade Tuiuti do Paraná 1. INTRODUÇÃO A maioria dos alunos do ensino fundamental não utilizam elementos coesivos de forma correta, questiona-se a partir daí onde estão e quais são as dificuldades encontradas por estes para organizar suas ideias dentro de um texto. Com o objetivo de averiguar a coesão e a coerência textuais em textos escolares em língua espanhola, descrevem-se os mecanismos de coesão e os fatores de coerência nos textos escritos por alunos de 6º e 9º anos do ensino fundamental em uma escola da rede privada de Campo Largo – Paraná. A produção textual, para ser coesa, deve estabelecer relações de sentido, conjuntos de recursos sintáticos por meio dos quais as sentenças se ligam umas às outras, ao propósito da criação de um texto. Para tornar-se uma produção coerente é necessário fundamentar o sentido do texto, já que a coerência diz respeito ao sentido do texto completo, pois a coerência é global. Ao se dispor a produzir um texto, o indivíduo utiliza-se de mecanismos que garantem ao interlocutor a compreensão daquilo que lê. Esses mecanismos devem ser aplicados ao texto, de forma que estabeleçam relações de sentido, ou seja, garantindo a coesão e coerência. A partir dessas conseiderações, este trabalho procurou analisar a coesão e a coerência em textos escritos, com o intuito de identificar as dificuldades apresentadas pelos alunos, bem como os conectores que utilizam em suas produções, e se esses são empregados de forma adequada, garantindo a coerência do texto argumentativo por completo. O presente trabalho consta de duas partes. Primeiramente, são discutidos os elementos coesivos, recorrendo-se a Koch (1997) e Fávero (2000). A fundamentação teórica sobre coerência baseia-se nos estudos de Koch e Travaglia (1998 e 2000) e Koch (1998). A segunda parte trata da análise e apontamentos dos textos escritos por estudantes do 6º e 9º anos do ensino fundamental da rede privada. Para isso foi realizada uma pesquisa de campo para levantamento de dados cujo instrumento de pesquisa foi uma produção textual na língua espanhola. Foram inicialmente analisadas as produções do 6º ano e na seqüência do 9º ano. Em contraposição, ambos foram submetidos a uma analise comparativa de acordo com o ano escolar. 2. OS ELEMENTOS COESIVOS Halliday e Hasan (citados por KOCH, 1997) definem o conceito de coesão textual como um conceito semântico que se refere às relações de sentido existentes no interior do texto e que o definem como um texto, denominados “elos coesivos”. Estes autores evidenciam cinco mecanismos de coesão: A referência pode ser pessoal, que é feita através de pronomes pessoais e possessivos; a demonstrativa é realizada por meio de pronomes demonstrativos e advérbios de lugar; e a comparativa é efetuada indiretamente, através de identidades e similaridades. Quanto ao mecanismo de substituição, este se dá por meio da colocação de uma palavra em lugar de outra(s) constituintes do texto, ou até mesmo de uma oração inteira. Isso, portanto, é uma relação interna do texto, que funciona como uma espécie de “coringa”, que é usado em lugar da repetição de palavras. A Elipse é uma substituição por zero. Omite-se um sintagma, um item lexical, uma oração ou todo um enunciado, que são recuperáveis pelo contexto. A conjunção permite fazer relações significativas entre elementos ou orações do texto. Essas relações são assimiladas por marcadores formais que correlacionam o que está para ser dito ao que já foi dito. A coesão lexical é obtida através de dois mecanismos: a reiteração e a colocação. A reiteração se dá por repetição de um mesmo item lexical ou por meio de sinônimos, hiperônimos e nomes genéricos e a colocação ou contiguidade que é o uso de termos pertencentes a um mesmo referencial semântico. 2.1 A COERÊNCIA TEXTUAL A coerência, segundo Koch e Travaglia (1998), está ligada ao sentido que se deve estabelecer na produção textual. É ela que faz com que o texto faça sentido, portanto, deve ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para dar sentido ao texto. Charolles (citado por KOCH e TRAVAGLIA, 1998) afirma que a coerência seria a qualidade que têm os textos que permite que os falantes os reconheçam como bem formados. Conforme Van Dijk e Kintsch (citados por KOCH e TRAVAGLIA, 2000), a coerência não é apenas propriedade do texto, contudo se estabelece em uma situação comunicativa entre usuários que possuem modelos cognitivos comuns ou parecidos, adquiridos em determinada cultura. Van Dijk e Kintsch (citados por KOCH e TRAVAGLIA, 1998) falam em coerência local, que se refere à parte do texto ou a uma frase ou também a sequências de frases dentro do texto; e em coerência global, que é o texto em sua totalidade. A coerência local remete ao bom uso dos elementos da língua em sequências menores, para dar sentidos que possam realizar uma intenção de comunicação. As incoerências locais se dão através do mau uso desses elementos linguísticos. Van Dijk e Kintsch descrevem quatro tipos de coerência: Primeiramente, descrevem a coerência semântica, que se refere à relação entre significados dos elementos das frases em sequência em um texto (local) ou entre os elementos do texto inteiro. A coerência sintática se refere aos meios sintáticos para expressar a coerência semântica, por exemplo: o uso de pronomes, os conectivos, o uso de sintagmas nominais definidos e indefinidos etc. A coerência estilística refere-se ao uso pelo escritor de elementos linguísticos pertencentes ou constituintes do mesmo estilo ou registro linguístico. Na coerência pragmática o texto é visto como uma sequência de atos de fala. Os atos de fala que constituem o texto devem satisfazer as mesmas condições presentes em uma dada situação comunicativa. Caso isso não ocorra, ocorrerá a incoerência textual. A relação entre coesão e coerência existe, pois a coerência se constitui a partir da sequência linguística que compõe o texto. A coesão ajuda a estabelecer a coerência na interpretação dos textos. Entretanto, é a coerência que propicia a textualidade à sequência linguística, e é a textualidade que irá converter uma sequência linguística em texto. Ainda conforme a autora citada, o estabelecimento da coerência depende: de elementos linguísticos, do conhecimento de mundo (amplamente explorado pela semântica cognitiva ou procedural), de fatores pragmáticos e interacionais, tais como o contexto interacional, os interlocutores em si. (KOCH, 1998). Todavia, cada um desses fatores se relaciona com outros fatores. Deste modo, o conhecimento de mundo está ligado, na interpretação, com a construção de um mundo textual e sua adequação aos modelos de mundo do produtor e receptor do texto. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Participantes O presente estudo foi realizado com 20 estudantes do ensino fundamental privado dos 6º e 9º anos, com idade em torno de 12 e 14 anos respectivamente. 3.2 Instrumentos Foi realizada a proposta de uma produção de texto argumentativodissertativo com temas pré estipulados, ao 6º ano: “fato marcante ocorrido no decorrer de sua existência” e no 9º ano tema livre a escolha do discente. 3.3 Procedimentos Foi solicitada a produção textual a alunos de uma escola particular de Campo Largo. Essa instituição e os alunos foram escolhidos de forma aleatória sem padronização ou predileção. Por conseguinte os resultados obtidos passaram por análise a fim de obter-se resposta ao problema da pesquisa. 3.4 Análise Leitura e apontamento das dificuldades observadas em relação à coesão e coerência, bem como comparação dos resultados em cada ano escolar. 4 RESULTADOS Inicialmente serão apontados os itens mais comumente diagnosticados ao analisar o que dificulta a eficácia na coesão e coerência nos textos dos alunos do 6º ano do ensino fundamental, as quais foram (TABELA1): TABELA 1 – Fatores que dificultam a eficácia na coesão e coerência em produção de texto de alunos do 6º ano 1º 2º 3º 4º 5º Erros verbais Erros de pontuação Repetição de palavras, frases, ideias Erros ortográficos Utilização de mesmos conectores Observou-se através da tabela 1 que a dificuldade encontrada para analisar e compreender as produções dos alunos em relação à coesão e coerência é proveniente, em sua maioria, de erros na gramaticais. Como forma de articular os dados da tabela 1, o item que mais apareceu nesse processo foram os erros verbais. Conforme demonstra a tabela a seguir (TABELA2): TABELA 2 – Erros verbais na eficácia da coesão e coerência 1º 2º Pronome antes do verbo (1ª pessoa) Conjugação Conclui-se que em praticamente todos os textos os alunos utilizaram o pronome “yo” antes do verbo conjugado na 1ª pessoa: “yo estudio”, “yo viajé”,” yo duermo” as quais determinaram dificuldades na coesão e coerência das produções. Em relação às textos produzidos pelos alunos do 9º ano, os itens mais recorrentes que dificultaram a coesão e coerência de suas produções foram (TABELA 3): TABELA 3 – Fatores que dificultam a eficácia na coesão e coerência em produção de texto de alunos do 9º ano 1º 2º 3º 4º 5º Oralidade e abreviaturas Erros de paragrafação Erros de pontuação Repetição de palavras, frases, ideias Erros verbais Os dados mostram semelhante à tabela 1, que as dificuldades encontradas para a produção de um texto coerente e coeso também são provenientes de erros de gramática em sua maioria para os alunos do 9º ano. Explanando os dados da tabela 3, oralidade e abreviaturas foram os itens mais detectados nas produções textuais como fator dificultante para a coesão e coerência, que foram (TABELA 4): TABELA 4- Exemplos de oralidade e abreviaturas contidos nas produções de textos que dificultaram a coesão e coerência 1º 2º Palavras escritas como faladas Palavras utilizadas na internet Os dados mostram a influencia de ferramentas de comunicação bem como a dificuldade que os alunos possuem em passar para o papel suas idéias sem recorrer à linguagem conotativa, informal. Acoplando os dados e realizando analise comparativa aos anos escolares do 6º e 9º anos, os itens semelhantes detectados em relação as suas produções que inviabilizam um texto coeso e coerente em grandes e menores recorrências foram (TABELA5): TABELA 5 – Dificuldades semelhantes encontradas por alunos do 6º e 9º ano em relação à coesão e coerência na produção textual 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º Erros verbais Repetição de palavras, frases, ideias Erros pontuação Paragrafação Conjunção Letra maiúscula Mistura de informações Observa-se que apesar de idades e maturidade diferentes, três itens (1º, 2º 3º) foram frequentemente encontrados em ambos os anos de forma amplamente semelhantes, nota-se nos demais apontamentos que questões estruturais também aparecem como visto no 4º item - paragrafação, tanto no 6º quanto no 9º ano. 5. DISCUSSÃO Que os alunos possuem dificuldades na produção coesa e coerente em seus textos já era notório em nosso início de pesquisa. O que observou-se depois de analisada a pesquisa de campo foram as principais dificuldades observadas para a compreensão de suas produções, o que será discutido na sequência. Observou-se através da tabela 1 que a dificuldade encontrada para analisar as produções em relação aos alunos do 6º ano relacionadas à coesão e coerência provem de erros na gramática. Muitos alunos utilizaram em suas produções mesmos conectores repetidamente: “de”, “en”, “y”, “que”, “cuando”, “yo” afetando a coesão do texto, devendo utilizar além desses, outros elementos de coesão na produção textual onde assim os conectores envolveriam uma compreensão facilitada da globalidade do texto e a coesão seria positiva, visto que, conforme KOCH (1998), ela ocorre quando a interpretação de algum elemento no discurso é dependente da de outro. Ainda, erros ortográficos foram comumente diagnosticados: “ cuamdo crescer quiero ser bombero”, sendo a primeira graficamente correta com “n” e a segunda sem o “s” antes do “c”. Outros erros apresentados: “Batenhas”, “hasser”, “Itanbé”, “familhia”, o que deveria ser respectivamente: “Bateias”, “hacer”, “Itambé”, “familia”. Palavras, frases e ideias repetidas também aparecem nas produções, como a palavra “ tengo” na sentença: “yo vivo con mi padre, mi madre yo tengo 2 hermanas y tengo 12 tíos tengo 7 tías y tengo 7 primos, tengo bastante amigos”, para se tornar coesa e coerente, teria que ser escrita da seguinte maneira: “ Vivo con mis padres, tengo 2 hermanas, 12 tíos, 7 tías y 7 primos. También tengo bastante amigos.” Dessa forma, a sentença tomaria seu caráter de adicionar diferentes ideias, que estão presentes pelo fato da utilização de vírgulas e da conjunção empregados de maneira satisfatória. Em outra sentença observamos a repetição do verbo conjugado “soy”: “soy bien legal”, “ soy juguetón”, “soy entretenido”, “soy aprontador”, devendo então substituir por outra palavra, ou até mesmo por vírgulas em seu lugar. Não se extingue a necessidade em certas sentenças em repetir palavras quando queremos ser enfáticos, porém, do contrário acabamos danificando à compreensão do que escrevemos, onde, segundo KOCH deveria ser utilizado o mecanismo de substituição dentro da coesão textual. O 2º item mais encontrado foram erros de pontuação, especialmente no emprego de vírgulas, que deixaram frases sem coesão como: “ tengo una abuela mi otra abuela y mis 2 abuelos son muertos”, devendo se escrever: “tengo una abuela que es viva, mi otra abuela y mis 2 abuelos ya son muertos.”. Depois da palavra “muertos” teria que haver um ponto final. Na sentença: “ Me encanta mucho las canciones del cantante Justin Bieber, me encanta asistir las películas de Crepúsculo, me encanta las películas de dibujos”; a palavra “me encanta” para não se tornar repetida, poderia ser substituída por uma vírgula. “La escuela que yo estudio es bien grande yo soy de la 5ªC me gusta las clases de portugués”, a frase corretamente escrita seria: “La escuela donde estudio es grande, soy de la enseñanza fundamental (5ªC), me gusta las clases de portugués”. Em algumas produções foram empregadas apenas duas virgulas e nenhum ponto final no texto todo. A pontuação é importante para evitar ambiguidade e proporcionar pausas e entonações na leitura por meio de sinais convencionais. Conforme tabela 1, o item mais observado nas produções textuais como dificultante na coesão e coerência foram os erros verbais. Observou-se que em praticamente todos os textos, como vistos na tabela 2, os alunos utilizaram o pronome “yo” antes do verbo conjugado na 1ª pessoa, tornando a sentença redundante, pois o verbo esta na 1ª pessoa e não precisaria colocar na frente do verbo pronome pessoal do caso reto “yo”:“ Yo soy más o menos alto, soy rubio, tengo pelo rubio”,“ Yo vivo en Bom Jesus con mi padres”,“ yo me gusta jugar a la pelota en la escuela” “ Y yo quiero que yo termine mi estudio”, “ Yo nasci”, “Yo ir”. Erros na conjugação também foram recorrentes, como: “ Fico aburrido porque mi hermano de 3 días murio” onde deveria ser: “ Me quedo aburrido porque mi hermano de 3 días murió”; “ Yo voi falar todo sobre mi familha”, devendo ser: “Hablaré todo sobre mi familia”. Conjugar um verbo é flexioná-lo em modo, tempo, pessoa, número e voz que, bem empregado, tornará o texto coeso. Os dados apresentados na tabela 3 mostram que as dificuldades encontradas para a produção de um texto coeso e coerente. Semelhante aos alunos do 6º ano, os erros mais apresentados pelos alunos do 9º ano também são provenientes de erros de gramática. Como mencionado anteriormente, esses alunos também empregam o pronome “yo” antes do verbo conjugado na 1ª pessoa: “ Yo estava”, “ yo escríbio”, “ yo vi”, onde o pronome deveria ser extinguido. Porém, em grande escala os erros verbais mais comumente diagnosticados foram frases apresentando situação passada com terminação “am” ao invés do emprego correto que é “an”: “ los niños passavam la tarde toda en frente del ordenador”, “solo quiero que entendam que tiene que dar valor por lo que tenemos antes de perder”. Como nas análises de 6º ano, estes também repetiram frases, palavras e ideias em suas produções. Erros de pontuação, principalmente em relação à vírgula e ponto final foram observados. Outra questão amplamente vista foram os erros de paragrafação dificultando a coesão do texto, em que os alunos não utilizaram este recurso quando necessário ou o faziam em momentos imprecisos. Muitos textos foram descritos sem utilização de parágrafos. Explanando dados da tabela 3, o item tido como de maior incidência nas produções foi a influência de ferramentas de comunicação (internet) bem como a dificuldade em passar para o papel suas idéias sem recorrer à linguagem informal, conforme descritas na tabela 4. De acordo com CAGLIARI (1997) a fala e a escrita estão intimamente ligadas em sua essência, embora sejam próprios e independentes. A partir daí vem a necessidade de professores deixar claro que escrever como se fala não é errado, porém não relaciona-se com a linguagem culta, formal. Os discentes escrevem expressões idiomáticas que existem no português, porém não há equivalência no espanhol. Encontramos em todas as produções a oralidade: “uno cigarrillo allí, otra allá”, “estaba en la calle „jugada‟ y tuve que prostituirse” “de barbilla caída”, “dar de cara con mi padre”, “ mi mano corrío para el teléfono”. Palavras abreviadas encontradas nas produções são provenientes da influencia da internet que apareceram comumente na linguagem dos adolescentes, até mesmo devido ao costume aparecem também nas escritas e produções formais, os adolescentes acostumados com a velocidade tecnológica utilizam como meio de agilizar e dinamizar as conversas esta linguagem definida como “internetês”, mascarando a língua formal e dificultando a coerência do texto. Observou-se que apesar das idades e maturidade diferentes, três itens foram frequentemente encontrados em ambos os anos escolares (erros verbais, repetição, erros de pontuação). Nota-se que questões estruturais e outros apontamentos com menor frequência foram observados: erros na paragrafação que segundo KOCH (1997) o emprego correto de parágrafos faz parte da coesão sequencial que são os procedimentos linguísticos que estabelecem relações semânticas e pragmáticas, na medida em que se faz a progressão textual, o que torna o texto coeso e coerente, erros em conjunções também apareceram. Letras maiúsculas em nomes próprios não aparecem em diversas produções bem como ao iniciar um parágrafo ou após ponto final. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho procurou analisar textos do tipo dissertativoargumentativo, no âmbito da coesão e da coerência textuais. Observou-se que os discentes fazem produções que estabelecem relações de sentido, uma vez que expõem seus argumentos, fazendo uso de mecanismos recorrentes da língua. No entanto, nota-se que possuem melhor eficiência na coerência do que na coesão, embora ambos estejam deficientes. Percebe-se que o emprego de uma gramática correta esta amplamente precária, itens da gramática ainda são a maior dificuldade em se escrever um texto coeso e coerente principalmente quanto às conjugações verbais, pontuação e ortografia. Nas produções textuais, constatou-se que as crianças adotam erroneamente abreviações proveniente de influencias tecnológicas e ainda não conseguem diferenciar a linguagem falada da linguagem escrita o que é de extrema responsabilidade da escola ensinar a diferença entre a oralidade e a escrita. Ainda concluímos que os alunos de 9º ano apresentam os mesmos equívocos das análises dos textos do 6º ano, desta forma conclui-se em relação aos problemas analisados que no 9º ano não houve um progresso de aprendizagem da escrita, já que as mesmas dificuldades de coesão e coerência que os alunos do 6º ano apresentam, ainda estão presentes. Equívocos que no nível que esses alunos que cursam o 9º ano, não poderia ainda ocorrer. REFERÊNCIAS CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 10 ed., São Paulo: Scipione, 1997. CASTILHO, Ataliba Teixeira de. A língua falada no ensino de português. São Paulo: Contexto, 1998. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 8 ed., São Paulo: Ática, 2000. KATO, Mary A. No mundo da escrita. 6 ed; São Paulo: Ática, 1998. SILVA, Ademar da. Alfabetização a escrita espontânea. 2 ed., São Paulo: Contexto, 1994. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. 7 ed., São Paulo: Contexto, 1997. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 8 ed., São Paulo: Contexto, 1998. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 2000. MATTOS e SILVA, Rosa Virgínia. Contradições no ensino de português. São Paulo: Contexto, 2001.