Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 MUDANÇA É NECESSÁRIA: SÓ ACONTECE ATRAVÉS DE LÍDERES NEXIALISTAS Change is Required: Only Happens by Leaders Nexialists Katiele Mikocak dos SANTOS1 Nádya Regina Bilibio ANTONELLO2 Regiane KLIDZIO3 RESUMO O mundo, cada vez mais globalizado, exige que as organizações inovem e renovem a todo o momento; a empresa só consegue isto através da mudança. As organizações estão aprendendo que a mudança começa no seu colaborador e segue para um bom resultado. Porém, ainda hoje, é difícil lidar com as pessoas, pois estas tendem a não aceitar as mudanças; é neste momento que entra a influência do líder; é ele quem vai incentivar a pessoa a melhorar o seu trabalho e atingir os objetivos das organizações. Este artigo tem por objetivo descrever sobre a importância das mudanças nas organizações e a influência dos líderes neste processo. Neste contexto, pode-se dizer que existe um novo líder, é o líder nexialista; aquele que não sabe tudo, mas que está em constante busca do conhecimento. Palavras-Chave: Mudança. Líder. Nexialista. ABSTRACT Each day our world is more globalized, and any organization requires daily innovations and updating; and enterprises reach that goal only through constant changes. Organizations have found out that those changes must begin with the leaders, the people in charge. But it must be said that many people in directing positions don’t accept easily innovations, which makes it more difficult for them to transmit those new ideas to their collaborators. That’s why it is so urgent to find a leader who will be able to inflame the people and get through new ideas. This paper aims to describe the importance of changes in enterprises and the influence of leaders in that process. In this context it can be concluded that a new kind of leader is in evidence, the nexialist leader; his characteristic is that he admits not knowing everything but is in constant search for knowledge. Keywords: Changes. Leader. Nexialist. 1 Acadêmica do curso MBA em Gestão Empresarial na URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS. E-mail para contato: [email protected] 2 Professora da URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS. Email para contato: [email protected] 3 Professora da URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo/RS. Email para contato: [email protected] Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 53 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 1. INTRODUÇÃO O mundo, cada vez mais globalizado, determina que as organizações estejam em constante crescimento; ou seja, que a cada dia seus produtos tenham mais qualidade e aprimoramento. Para a empresa chegar neste estado de crescimento é de suma importância fazer o uso da mudança nos processos e no modo como a empresa trata seus subordinados. A organização deve começar mudando antigos paradigmas e buscando o novo; deve aprender que mudar significa evoluir e só evoluindo é que a empresa vai conseguir estar atualizada e dentro do mercado. Para isto, é imprescindível a presença de um líder na organização, o qual irá influenciar e incentivar os colaboradores; é o líder que faz a frente para conquistar a mudança. Este líder nem sempre é um diretor ou um gerente; muitas vezes o líder é um colega de trabalho, uma pessoa que tenha o poder de influenciar os outros a atingirem os seus objetivos. Dentre os líderes há um em especial, chamado de líder nexialista. Este líder é aquele que não sabe tudo o que lhes perguntam, mas está sempre em busca do conhecimento; pode até não responder na hora, mas busca a resposta e sempre deixa os colaboradores valorizados. Esse novo líder também sabe que a comunicação é um importante aliado para conquistar o seu objetivo e é através da comunicação que a empresa conquista a harmonia entre o grupo de trabalho. Este estudo foi resultante de pesquisas bibliográficas sobre o tema, publicadas em material impresso e eletrônico disponível e acessível ao público em geral. Logo após, essas informações foram transcritas em forma textual. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As contínuas pressões do mundo contemporâneo demandam das pessoas e das organizações a busca pela qualidade total, além da melhora constante dos serviços e dos produtos. Um mundo mais saudável, o cuidado com o meio ambiente, a tecnologia ao alcance de todos, dentre outros tantos quesitos, são exigidos pelo consumidor e indicam se a empresa continua no mercado ativo. Para a organização conseguir conquistar esse resultado, é necessário que compreenda a importância da mudança e a sua busca, diariamente. Mudar não significa apenas trocar; mudar significa evoluir e conquistar o crescimento da empresa como um todo. Esta mudança deve ocorrer em toda a empresa, começando pelas suas estruturas empresariais, como também no processo de produção e, principalmente, nas pessoas, que são a base para o sucesso. Segundo Duck (2001, p. 32), “Mudar uma organização é um processo inerente e inevitavelmente humano e emocional”. A mudança, que é geralmente interligada às pessoas, é algo difícil de ser alcançado; requer muita calma, sendo de suma importância a presença de um líder, o qual irá dar forças e ajudará às pessoas a entenderem o que está acontecendo. O líder irá influenciá-las a realizarem bem o seu trabalho e a entenderem o processo de mudança pelo qual a empresa está passando. Também é o líder quem irá manter a contínua mudança para a organização crescer constantemente. Dentre os líderes há um novo, chamado nexialista; este está sempre em busca do conhecimento, e sabe que a comunicação é de suma importância para se conseguir o resultado desejado. 2.1 Mudanças A mudança, a cada dia, está se tornando mais essencial no cotidiano das empresas; todos os dias são criadas novas tecnologias e novos produtos, os quais fazem com que as empresas tenham que ser criativas e inovar sempre. Como diz Duck (2001, p. 324), “Sabemos que as organizações Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 54 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 precisam mudar constantemente para sobreviver e prosperar. No entanto, precisam mudar, de maneira que gerem força e alegria em vez de debilidade e angústia”. A mudança deve ocorrer de modo que através dela a organização melhore, e seus colaboradores se sintam incentivados a trabalhar; afinal são eles que fazem a empresa progredir ou regredir. Além de crescer perante as outras empresas, a mudança deve trazer o crescimento pessoal entre todos os colaboradores. Deve fazer com que as pessoas se sintam incentivadas, que criem o gosto pela mudança, como diz O’Connor (2001, p. 218) “Mudanças também são realizadas amplamente em toda organização, afetando a todos ou apenas pequenas partes, mas de forma radical”. A organização deve gerar uma mudança em todas as suas partes, pois de nada adianta apenas uma parte dela mudar. No ambiente atual, fazer as coisas sempre da mesma maneira é o mesmo que não fazê-las. Estaremos sempre diante de novas expectativas de nossos acionistas chefes e clientes. Se não tivermos desejo de fazer as coisas de forma inovadora e diferente, acabaremos sendo ultrapassados por nossos concorrentes, enquanto permanecemos sentados à beira do caminho (KOUZES, 2008, p. 8). As organizações carecem de mudar a antiga concepção sobre seus colaboradores, como por exemplo, aquelas primeiras empresas da época da teoria “tempos e movimentos”, em que as pessoas trabalhavam sob pressão e sob constante comando. Atualmente, é necessário o ser profissional estar atuando em cada uma das atividades organizacionais, como diz Gaudêncio (2005, p. 49) “O que significa ser profissional? Significa que lá fora você é um ser humano que sente e pensa, e na empresa, apenas pensa”. Neste sentido, percebe-se a necessidade de que a administração da empresa entenda que as pessoas são a fonte do seu crescimento, e que sentimentos se misturam com o trabalho. É imprescindível que a organização saiba que tipo de mudança quer que ocorra, Covey (2005, p. 21) diz “[...] se desejamos fazer pequenas mudanças e aprimoramentos incrementais, devemos trabalhar nas práticas, comportamentos ou atitudes. Se queremos fazer aprimoramentos significativos, quânticos, trabalhemos nos paradigmas”. As empresas devem perceber os sentimentos de seus colaboradores e tornar o ambiente de trabalho agradável. Gaudêncio (2005, p. 24) afirma que “A insatisfação pode desaparecer de outra forma: pelo preenchimento da lacuna, pela mudança da situação, pelos lucros que se possa ter ou pela paixão que a nova situação desperta”. O processo de mudança deve ser lento e inovado a cada dia. É difícil à empresa conquistar tantas mudanças em curto prazo de tempo; esse processo leva anos e muita persistência, como diz Cury (2008, p.71): “Devemos ter em mente que mudanças rápidas só existem em uma mesa cirúrgica”. A empresa tem de aprender que mudar não acontece uma vez só; a mudança deve ocorrer todos os dias, ou seja, se for feito algo errado determinado dia é importante que no próximo mude, e o erro não se repita; se algo der certo é importante mudar, aprimorar para que melhore cada dia mais. Os consumidores atuais exigem que os produtos tenham mais tecnologia, que sejam mais práticos, que os serviços sejam mais particulares, que as empresas defendam mais o meio ambiente; enfim, que os produtos e serviços mudem a todo instante. A empresa tem de inventar e reinventar, como diz Hesselbein (2000, p. 42) “Os líderes terão que reinventar seus negócios continuamente, à medida que os mercados evoluem e os concorrentes tornam-se diferentes e mais numerosos”; mas para isso precisam passar por muitos processos de mudança. O autor supracitado coloca que existem dois processos essenciais de mudança: Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 55 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 • A mudança da gestão, o modo como a empresa vê o mercado consumidor e a busca constante da qualidade, e • A mudança das pessoas, porque a empresa pode estar disposta a mudar tudo; mas, se seus colaboradores não entenderem esse processo será impossível de conseguir e, normalmente, as pessoas tendem a resistir à mudança. Afinal, ao mesmo tempo existe medo a tudo o que é novo e euforia por uma melhoria na qualidade do trabalho. Para que a mudança aconteça, é imprescindível que a pessoa tome consciência de que é necessário mudar. Mesmo assim, tomando consciência, ainda fica difícil porque existem três níveis para a consecução da mudança, e até chegar ao terceiro leva-se algum tempo. Esses níveis, segundo Gaudêncio (2005, p. 25) são: • Negação. Voltamos para trás, levantamos barreiras contra a nova visão e nos recolocamos na zona de conforto. • Permanecemos no estágio de mudança apenas no nível do pensar. Como consequência, passamos dar duplas mensagens, falando o que agora pensamos, mas agindo como ainda sentimos. • Evoluímos para uma mudança em nível do sentir. Sendo animal e racional, o homem é um animal que sente e pensa. O discurso que corresponde ao pensar é a fala. O ser humano fala o que pensa e age de acordo com o que sente. Quando não tem autoconhecimento – isto é, quando não sabe o que sente –, corre o risco de ter um duplo discurso. Isso significa falar de uma forma e agir, contraditoriamente, de outra. As mudanças racionais são necessárias, mas não suficientes. Estão ligadas a comportamentos operantes, relacionados com o sistema nervoso central, e são mais facilmente alteradas. A maioria das pessoas tem resistência à mudança, e muitas vezes, dizem que estão mudando, que estão colaborando com a mudança, mas isso não passa de uma criação de sua mente; no fundo ela não quer mudar porque acredita que não precisa ser diferente. Como diz Duck (2001, p. 17) “Uma coisa é certa: as organizações só mudam quando as crenças e os comportamentos das pessoas que nela trabalham mudam também”. Além disso, pode ocorrer relutância quando a pessoa criou o sistema, o colocou em prática, mas com o passar dos anos este sistema já está ultrapassado, então entra uma pessoa nova e diz que este sistema precisa ser mudado. Segundo Gaudêncio (2005 p. 33) ”Não amamos o que ganhamos de presente; amamos aquilo que construímos”, é difícil para uma pessoa ver o seu projeto de anos simplesmente ir por água abaixo; para a pessoa compreender essa mudança sem relutância ela precisa saber e entender o que é o melhor para a empresa. Como diz Hesselbein (2000, p. 220), “Qualquer que seja o meio que os líderes empresariais buscam, nada funcionará; a menos que um grande número de pessoas na organização aceite e se mobilize em torno do processo de mudança”. O comportamento do grupo e a mudança organizacional não podem ser separados do comportamento e da mudança pessoal. Essa é uma das partes mais difíceis de qualquer esforço de mudança, particularmente no nível executivo. Como Leon Tolstoi escreveu: “Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo” (DUCK, 2001, p. 135). Tendo em vista que a mudança é necessária, e havendo aceitação da empresa, é indispensável a presença de uma pessoa que leve em frente a mudança, que influencie os outros a mudar; essa pessoa é o líder. A mudança deve ser planejada e, para isso, são exigidas lideranças e cultura organizacional. Nas organizações em que não existem lideranças, toda mudança tende ao fracasso, porque as transformações só são possíveis Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 56 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 de ocorrer a partir do manuseio, isto é, da convocação para a mudança vinda de um líder (OLIVEIRA, 2006, p. 23). O líder é uma das pessoas mais importantes no processo de mudança, como diz Tranjan (1999, p. 217): “Um dos maiores problemas das empresas em geral é a falta de liderança, e a liderança é um dos fatores que afetam o desempenho organizacional. O desafio é ainda maior quando as relações de trabalho estão mudando consideravelmente”. O líder sabe o quanto a mudança é importante para toda a organização. Segundo Kouzes (2008, p. 18), “Os líderes sabem muito bem que a inovação e a mudança implicam experimentar e assumir riscos”. 2.2 Liderança Líder é aquela pessoa que influencia as pessoas de um determinado grupo. Esse líder pode ser formal, um chefe ou gerente, e também pode ser informal, um colega que se destaca entre os outros, como diz O’Connor (2008, p. 167) “Também é importante entender que líderes podem ser encontrados em todos os níveis de uma organização e não apenas na cúpula”. Como diz Kouzes (2008, p. 8): A liderança pode se dar a qualquer momento, em qualquer lugar. Em uma grande organização, ou em uma pequena empresa. Pode ocorrer tanto no setor público quanto no privado ou no social, e em qualquer função. Em casa, na escola ou na comunidade. Algumas pessoas ainda têm em mente que líder é o gerente, ou supervisor de determinado setor, mas se sabe que o maior de todos os líderes era apenas um carpinteiro. Jesus influenciou e após dois mil anos de sua morte ainda continua influenciando pessoas do mundo inteiro; confirmando, desta forma, o que foi afirmado pelo autor supracitado. Liderança não é um titulo nem uma concessão. A liderança é conquistada. Liderança é a confiança que funcionários têm em seus gerentes para tomar boas decisões que terão um impacto positivo de longo prazo em suas carreiras e vida. Funcionários seguem líderes que os inspiram a alcançar todo seu potencial e o potencial de suas organizações (O’CONNOR, 2001, p. 166). A liderança não é privilégio de pessoas predestinadas; a liderança pode surgir em oportunidades, como também pode ser construída com o passar dos anos, como diz Kouzes (2008, p. 8): “Os líderes podem aproveitar as oportunidades de fazer com que as outras pessoas deem o máximo de si, e como podem orientá-las no sentido de alcançar objetivos excepcionais”. A liderança é o poder de influenciar pessoas através de atos e ações. E o mito mais prejudicial de todos é que a liderança é reservada somente a algumas poucas pessoas. Esse mito se perpetua diariamente sempre que alguém pergunta: “Líderes nascem ou são feitos?” A liderança com certeza não é um gene, e definitivamente não é algo místico ou etéreo, que não pode ser entendido por pessoas comuns (BENNIS, 2001, p. 98). É importante salientar que os líderes não estão presentes apenas nas organizações; os líderes Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 57 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 estão por toda parte, e influenciando na vida das pessoas, bem como na tomada de suas decisões pessoais, mesmo que essa atitude seja involuntária. Há líderes em qualquer cidade e em qualquer país, em qualquer cargo ou qualquer função. Podem ser empregados assalariados ou trabalhadores voluntários, jovens ou idosos, tanto homens como mulheres. A liderança não reconhece limites raciais ou religiosos, nem étnicos ou culturais. Encontramos exemplos de liderança para onde quer que olhemos (KOUZES, 2008, p. 13). A definição de líder para Hunter (2006, p. 18) é “A habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter”. Já para Oliveira (2006, p. 2), “Ser líder significa desenvolver, completamente, habilidades, competências e talentos internos [...] um líder precisa ter ou saber como conquistar oportunidades que aparecem em sua vida”. Para Gaudêncio (2005, p. 42), “Só a pessoa tem o poder de transformar a si mesma”, e o papel do líder é influenciar essa mudança interior nas pessoas. Covey (2005, p. 278) concorda, dizendo: “A grandeza da liderança é alcançada por pessoas que, qualquer que seja a sua posição, escolhem inspirar os outros a encontrar a sua própria voz”. Complementando, Kouzes (2008, p. 159) coloca que “Os líderes também reconhecem que dizer simplesmente ‘Sei que você pode fazer isso’ também funciona”. Ao ouvirem essas palavras, eles tentarão com mais empenho do que se não ouvirem nada ou, pior ainda, ouvirem algo desanimador, do tipo “Não sei se vamos conseguir fazer isso, mas [...]”. Muitas vezes, as pessoas têm conhecimento e têm capacidade de crescer, mas precisam de alguém para incentivá-las a perceberem que são capazes. Para tornar-se um líder confiável, você tem de ter uma ampla compreensão das crenças mais profundas – valores, princípios, padrões, normas éticas e ideias – que dirigem sua vida. Você deve escolher, com liberdade e sinceridade, os princípios que vão guiar suas ações e decisões. Depois deve expressar-se com toda a franqueza. Comunicar com a máxima autenticidade suas crenças, de uma forma que elas representem fielmente quem você é (KOUZES, 2008, p. 45). É o líder que faz as pessoas terem entusiasmo para trabalhar e conseguir atingir os seus objetivos. Para Oliveira (2006, p. 14) “Liderança significa questionar e desafiar o status quo para que normas ultrapassadas ou improdutivas possam ser respostas para se encarar novos desafios”; o líder não manda, ele faz as pessoas terem vontade de fazer as coisas. Conforme Oliveira (2006, p.3) “Liderar está bem longe de ser um exercício de poder. É, antes de tudo, um tremendo exercício de autoridade, e isso faz toda a diferença”. Kouzes (2008, p. 19) concorda, dizendo: “Os líderes possibilitam que os outros trabalhem bem. Eles sabem que aqueles de quem se esperam certos resultados devem sentir-se prestigiados. Os líderes sabem que técnicas de comando e controle da administração tradicional não servem mais”. Os líderes efetivos pressionam e estimulam os outros a aumentarem seu nível de atuação. Seu papel é encorajar as pessoas a partilharem conhecimentos e experiências de forma a funcionarem como uma influência constante e positiva para quem está ao seu redor. Lembre-se de que você não precisa ser chefe para encorajar e influenciar os outros (HUNTER, 2006, p. 53). Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 58 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 O líder deve saber a responsabilidade que tem em suas mãos, pois qualquer iniciativa será dada por ele. Segundo Duck (2001, p. 125) “[...] os lideres que só recebem pequenos briefings e que têm um conhecimento superficial terão dificuldades em responder às perguntas específicas dos funcionários”; tendo dificuldade o líder não passará uma imagem segura e determinada. Os líderes precisam mergulhar nos detalhes; se o fizerem, seus esforços terão ótimas recompensas quando começarem a inspirar a organização e convencer os funcionários sobre a sabedoria dos seus planos. Seu profundo conhecimento também facilitará que tomem decisões bem informadas e façam as negociações somente mais tarde, quando surgirem os problemas e as oportunidades (DUCK, 2001, p. 125). Em todo o processo de mudança é o líder que faz a diferença, pois é ele quem irá guiar as pessoas, e ele pode influenciar a favor ou contra a mudança, bem como ele pode provocar mudanças, como diz O’Connor (2001, p. 217), “Todo líder enfrenta o mesmo desafio: como provocar uma mudança que faça diferença”. Kouzes (2008, p. 151) confirma: “O trabalho dos líderes é mudar. E toda mudança exige que os líderes busquem ativamente formas de tornar as coisas melhores, crescer, inovar e melhorar”. De uma maneira ou de outra, o líder está em constante mudança. A liderança não é uma qualidade que pode ser racionada ou controlada; em vez disso, ela é baseada no propósito, na visão e nos valores: propósitos para determinar o destino, visão para distinguir o caminho correto e valores para guiá-lo a um futuro bem-sucedido e sistematizado (O’CONNOR, 2001, p. 14). A liderança deve ser sempre dedicada por parte do líder, como diz O’Connor (2008, p. 178) “Liderança de equipe requer sutileza, tato, habilidade, paciência, coragem, pulso firme, bom traquejo social, capacidade de persuasão, controle de ego, julgamento, habilidades de comunicação eficazes e planejamento”. Trace o caminho, inspire uma visão compartilhada, desafie o processo, capacite os outros a agir, encoraje o coração: eis as práticas de liderança que emergem de milhares de casos de líderes bem-sucedidos. Mas essas práticas fornecem apenas uma imagem parcial. Os líderes não realizam coisas extraordinárias sozinhos! Para ter um quadro completo, é necessário acrescentar o que os subordinados esperam de seus líderes. Com essas pinceladas, a tela ganha profundidade e vitalidade (KOUZES, 2008, p. 25). 2.2.1 Líder Nexialista e Comunicador Nexialista é um termo usado para quem não sabe tudo, mas está sempre em busca daquilo que o interessa saber; o nexialista sempre questiona o porquê das coisas, para poder entender melhor. O líder nexialista é aquele que sabe o que realmente é importante, e o que não sabe corre atrás para saber; é a nova geração de lideres que sempre está em busca de mais conhecimento. Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 59 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 [...] Por que tal líder parte da afirmação “Não sei”. O líder eficaz é alguém que procura pela melhor pergunta, aceita a inexperiência, mantémse em movimento, canaliza as decisões para aqueles que têm à mão o melhor conhecimento sobre determinado assunto, cria boas soluções com arte, é obcecado pela atualização, encoraja a improvisação e é profundamente consciente da ignorância pessoal. Pessoas que agem assim ajudam as outras a ter o sentido do que estão enfrentando (BENNIS, 2001, p. 110). Como diz Tranjan (1999, p. 218) “Aprender e desaprender, eis os desafios do líder da empresa progressiva”. O aprendizado deve ser constante para se conquistar o crescimento organizacional. Como diz O’Connor (2001, p. 61), “O conhecimento é o segundo pilar da liderança. Você pode ser um líder pela virtude do saber”. Kouzes (2008, p. 18) coloca que “Os líderes estão sempre aprendendo. Aprendem com seus fracassos e também com seus sucessos, e possibilitam que os outros façam o mesmo”. Aprender a aprender significa revitalizar e socializar tanto a cultura organizacional (valores, atitudes, hábitos, crenças, tradições e códigos de conduta ética) quanto à capacidade e às habilidades profissionais (conhecimento tecnológico, experiências profissionais ou conhecimento tático), bem como formar novos habilitadores do conhecimento dentro e fora da organização. Em outras palavras, é o processo continuo de educação e treinamento, no tocante aos conhecimentos tecnológicos e não tecnológicos, dentro das cooperativas (para os profissionais associados) e fora delas (para as famílias dos associados e membros da comunidade local) (OLIVEIRA, 2006, p. 329). O líder nexialista também é aquele que sabe se comunicar com as pessoas e sabe o quanto uma boa comunicação é importante para manter a ordem dentro de uma organização. Como diz Arnold (1996, p. 31), “Os líderes mais eficientes são aqueles que sabem que a boa comunicação é a uma rua de duas mãos e que têm habilidade para transmitir símbolos e verdades”. Ao mesmo tempo, Duck (2001, p. 225) diz que, “A comunicação assume nova importância [...] absolutamente necessária para manter o esforço da mudança em andamento e garantir que cada parte saiba o que a outra está fazendo para que o trabalho continue coordenado e seja mutuamente estimulante”. Kouzes (2008, p. 163) concorda dizendo que “Os líderes que comandam uma mudança devem estabelecer mais relacionamentos, conectar-se a mais fontes de informação e sair e dar um giro com mais frequência”. Um dos maiores desafios que gerentes enfrentam hoje – desde a cúpula até os níveis gerenciais menos elevados – é comunicar a direção corporativa, o rumo, com clareza e consistência, a todos os funcionários que têm o direito e a necessidade de saber. A maioria das organizações faz isso precariamente, na melhor das hipóteses (O’CONNOR, 2008, p. 152). Além da comunicação dentro da empresa, também é necessário que haja uma discussão entre líder e colaborador, tanto quando ele tem sucesso, como também quando há um fracasso; isso fará com que haja um crescimento pessoal constante. Duck (2001, p. 230) afirma que “É extremamente importante encontrar formas de comemorar as vitórias e sucessos, Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 60 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 independentemente do seu tamanho, o quanto antes no processo de implementação. As pessoas confiam quando veem que o sucesso é possível com os novos requisitos, e conseguem capturar o orgulho e a energia do sucesso alheio”. Os líderes examinam os horizontes do tempo, imaginando as oportunidades atraentes que esperam por eles e seus subordinados no futuro. Eles anteveem possibilidades atraentes e dignificantes. Os líderes têm o desejo de fazer com que as coisas aconteçam, de mudar a forma como as coisas são, de criar algo que nunca foi feito antes (KOUZES, 2008, p. 16). É importante salientar que o líder não é somente aquela pessoa que tem um nível hierárquico mais alto; líder é aquela pessoa que sabe comandar uma equipe, dando-lhe entusiasmo para seguir em frente e incentivando para criar, além de saber dar amor, e que sempre está em busca de novos conhecimentos. Como diz Oliveira (2006, p. 159), “O líder que termina bem tem sua cabeça e coração voltados para o futuro. [...] Ele vive inteiramente no presente, mas com foco nos propósitos do futuro”. Para deixar seu ego na entrada, o líder da mudança deve querer o que sabe e ser sábio e humilde a ponto de consegui-lo. Essa maturidade emocional – só possível por meio do autoconhecimento – gera as seguintes características do líder: Este líder ouve [...] Este líder delega [...] Este líder dá feedback [...] Este líder reconhece [...] Este líder compromete [...] Este líder tem integridade [...] (GAUDÊNCIO, 2005, p. 87) . O líder nexialista é a busca do ser neste novo século, o da espiritualidade, o das humanidades, que centraliza o homem no universo, conferindo-lhe toda a responsabilidade pela vida de seus semelhantes, bem como do seu entorno. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O mundo globalizado está exigindo cada vez mais das organizações. Novas tecnologias surgem, momentaneamente, levando as empresas a incorporá-las na busca da excelência. Para acompanhar todas essas tecnologias as empresas têm de entrar em um estado de constantes mudanças, mas isto não é assim tão fácil quanto se diz. A mudança deve ocorrer não apenas na estrutura da organização, nem somente em seus equipamentos de trabalho; a mudança deve ocorrer em um todo. Começando pela mudança de pensamento de seus gestores. A organização deve aprender que, para crescer, ela deve mudar velhos hábitos e paradigmas das pessoas que fazem parte da mesma; ela deve aprender que as pessoas têm sentimentos e que, quando são bem tratadas,são estimuladas a trabalhar mais e melhor. Para ter um acesso direto com os colaboradores, as organizações têm líderes no seu ambiente de trabalho e são esses líderes que influenciam todas as pessoas. Os líderes têm o papel de influenciar e apoiar às pessoas, estimulando-as a realizarem o seu trabalho de modo que a empresa e elas possam crescer mutuamente. O líder também tem de fazer com que o sentimento da mudança apareça dentro de cada pessoa. Hoje existe uma nova figura de líder, é o chamado líder nexialista; esse líder é aquele que não sabe de tudo, mas está em constante busca pelo conhecimento; ele busca sempre o novo e sua Vivências. Vol.8, N.15: p.53-62, Outubro/2012 61 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 sabedoria cresce a cada dia que passa. Esse líder também sabe ouvir e falar com as pessoas, valorizando assim cada uma delas. Essas pequenas atitudes fazem com que as pessoas confiem no seu líder e sigam os seus passos. Por fim, a mudança é de extrema importância para as organizações, sem ela a empresa para no tempo. A mudança nunca deve parar, pois é através dela que a empresa consegue a adquirir a qualidade exigida pelos consumidores. Nesse contexto, o papel do líder é fazer as devidas intermediações entre empresa e colaboradores, sendo estes importantes aliados na implantação de novas mudanças. É o líder que faz as pessoas buscarem o novo sempre. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNOLD, W. W.; PLAS, J. M. Liderança orientada para pessoas: o toque humano como fator de produtividade e lucro. Tradução G. Goldschmidt. São Paulo: Atlas, 1996. BENNIS, W.; SPREITZER, G. M.; CUMMINGS, T. G. O futuro da liderança: uma coletânea com as idéias dos maiores líderes da atualidade. Tradução Jossey Bass. São Paulo: Futura, 2001. COVEY, S. R. O 8º hábito: da eficiência à grandeza. Tradução Maria José Cyhlar Monteiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CURY, A. O código da inteligência: a formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil/Ediouro, 2008. DUCK, J. D. O monstro da mudança nas empresas: as forças ocultas que interferem nas transformações organizacionais. 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