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São Paulo, sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Especial
Vacinas de terceira
geração terão
“vetores de DNA”
O professor Adriano Azzoni, do Departamento de
Engenharia Química da Escola Politécnica (Poli) da USP,
está pesquisando formas de mimetizar a capacidade
dos vírus de transportar informação genética para
dentro de células de mamíferos
O
objetivo é desenvolver um veículo eficiente para
as chamadas vacinas de terceira geração, em que
o material entregue ao paciente não é o agente
patogênico atenuado ou morto, mas sim o DNA contendo
o gene que codifica uma proteína antigênica (aquela que
gera resposta imunológica).
“Nas vacinas mais antigas, normalmente o que se inocula
no paciente é o próprio patógeno ou agente patogênico
atenuado, ou morto. Nas vacinas de segunda geração, o
material entregue ao paciente são, na maioria das vezes,
formulações contendo as proteínas do patógeno, que
normalmente causam a resposta desejada do sistema
imunológico. O que pesquisamos aqui são as vacinas de
terceira geração, as chamadas vacinas de DNA, nas quais
se inocula o material genético que codifica essa proteína”,
contextualiza o professor.
Marcos Santos / USP Imagens
Fotos: Divulgação
Cientistas pesquisam as vacinas de terceira geração, as chamadas vacinas de DNA
carregá-los para dentro. São os chamados ‘vetores de DNA’.
É com isso que trabalhamos.”
proteínas, que envolvem o DNA, capacidades que os vírus
possuem”, revela.
Azzoni explica que os vírus são exímios transportadores
de material genético; por isso, os pesquisadores tentam
imitar sua capacidade de realizar esse trabalho. “Estamos
criando nanopartículas que atuem de maneira parecida aos
vírus, que interagem com o material genético, protegem-no,
e fazem com que as células o reconheçam e o coloquem
para dentro.”
As proteínas, modificadas geneticamente, são colocadas
em contato com o plasmídeo, e a nanopartícula formada é
caracterizada e testada em células de mamífero. Testa-se
a capacidade das nanopartículas de entrar na célula com
o plasmídeo e de ir até o núcleo. Ou seja: de fazer o que
os vírus fazem.
Segundo Azzoni, os testes ‘in vitro’ em células animais tiveram
respostas eficientes. “Agora
estamos começando a testar
‘in vivo’. E para isso é preciso
colaborar. Estamos testando
os vetores em camundongos,
em um modelo de tumor
causado pelo HPV, em colaboração com o professor Luís
Carlos Ferreira, do Instituto
de Ciências Biomédicas (ICB)
da USP”, diz Azzoni.
Segundo o engenheiro
químico, há muitas pesquisas feitas com vetores virais
também. “Há mais de 2 mil
testes clínicos feitos com
vetores virais e não virais.
No caso dos virais, ainda
subsistem problemas. Os
vírus são muito frágeis, podem perder rapidamente a
capacidade de infecção. Têm
de ser produzidos em células
de animais, em processos
de alto custo. Eles têm alta
eficiência, mas uma série de
limitações”, explica.
Para isso, é preciso que esse material genético seja protegido e entre na célula do paciente. “Mas nossas células
não foram feitas para receber genes estrangeiros. Isso só
acontece eficientemente se houver algum agente para
HPV e Raiva
O trabalho de Azzoni e sua equipe de orientandos consiste em produzir o DNA em bactérias E. coli. Esse material
genético,chamado plasmídeo ou DNA plasmidial, é um DNA
circular onde se introduz o gene terapêutico de interesse
já utilizado em vacinas veterinárias de terceira geração.
“Criamos aqui também proteínas recombinantes que se
ligam ao plasmídeo, as proteínas carreadoras. A nossa se
chama TRp3. No fundo, estamos querendo conferir a essas
Há ainda uma pesquisa junto
ao Laboratório de Imunologia
Viral do Instituto Butantan.
Daniela Teruya, orientanda
de Azzoni,ajuda a desenvolver
uma vacina de DNA contra a
raiva. Neste caso, o plasmídeo
contendo ogene terapêutico utilizado (GPV), está em fase de
testes e aexpressão do GPV nas células está sendo verificada
pela introdução do vetor em células animais. “Concluídos os
estudos, será possível utilizar a proteína recombinante T-Rp3
como carreadora do material genético, verificar o comportamento do conjunto, como nanopartícula, e sua eficiência na
introdução em macrófagos, células do sistema imune”, diz a
pesquisadora (Ag. USP de Notícias).
Abacate tem compostos com atividade antioxidante
Compostos bioativos poderão ser utilizados em
substituição aos antioxidantes sintéticos.
Júlio Bernardes/Ag. USP de Notícias
A
s variedades de abacate testadas na pesquisa não
são comuns no Brasil, sendo cultivadas com vistas à
exportação. “O objetivo do trabalho foi caracterizar,
isolar e identificar substâncias com atividade antioxidante
da polpa, casca e semente dos abacates”, afirma Maria Augusta. “Também foi avaliada a capacidade de desativação
de espécies reativas de oxigênio (ERO) e a atividade antiinflamatória. As espécies reativas são átomos, moléculas,
ou íons derivados do oxigênio, que normalmente possuem
alta reatividade”.
A produção de ERO e outras espécies reativas é parte
do metabolismo humano. Elas estão envolvidas em diver-
sos processos, como na produção de energia, fagocitose,
regulação do crescimento celular, sinalização intercelular
e síntese de substâncias biológicas importantes. “Quando
sua produção é muito elevada, o organismo dispõe de um
eficiente sistema antioxidante que consegue restabelecer
o equilíbrio”, conta a pesquisadora. “Porém, em certas
condições, a elevação na produção de ERO resulta num
desequilíbrio entre o sistema pró e antioxidante, levando ao
estresse oxidativo, durante o qual algumas destas espécies
reativas podem produzir danos ao organismo”.
Para detectar e identificar os compostos antioxidantes
foram aplicadas diversas técnicas laboratóriais. “O conteúdo
de compostos fenólicos totais pelo método de Folin-Ciocalteu e o potencial antioxidante foi avaliado pelos métodos
de sequestro do radical livre DPPH e ABTS, redução do
ferro e autooxidação do sistema b-caroteno/ácido linoléico”,
relata a pesquisadora.
Estabilidade oxidativa
Na pesquisa também foram medidas a estabilidade
oxidativa em Rancimat e
capacidade de desativação
de espécies reativas de oxigênio pelos métodos ORAC,
ânion superóxido e ácido
hipocloroso. “A estabilidade
oxidativa é um parâmetro
global para avaliação da
qualidade de óleos e gorduras”, aponta Maria Augusta.
“Para se avaliar a estabilidade oxidativa ou a sua
suscetibilidade à oxidação, a
amostra é submetida a teste
de oxidação acelerada, sob
condições padronizadas no
qual se observam sinais de
deterioração oxidativa”.
Para identificação e quantificação dos compostos antioxidantes foram utilizadas
as técnicas HPLC-DAD-UV
correios.com.br/servicosinternacionais
Wikimedia Commons
A casca e a semente do abacate das variedades Hass e Furte possuem compostos com atividade antioxidante, revela pesquisa do
Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba. As substâncias identificadas no estudo da agrônoma Maria
Augusta Tremocoldi apresentam grande potencial de utilização na indústria de alimentos e farmacêutica. Os compostos bioativos
poderão ser utilizados em substituição aos antioxidantes sintéticos
Serviços Internacionais.
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e LC-MS/MS, que são métodos cromatográficos. “A confirmação dos resultados foi feita com ressonância magnética
nuclear (RMN), que é uma técnica espectroscópica”, diz
a pesquisadora.
Nas cascas de ambas as cultivares estudadas foram encontrados o ácido trans-5-O-cafeoil-D-quínico, procianidina
B2 e epicatequina. “Nas sementes, a pesquisa identificou
o ácido trans-5-O-cafeoil-D-quínico, procianidina B1,
catequina e epicatequina”, destaca Maria Augusta. “Os
resultados mostram que os resíduos do abacate podem
ser considerados fontes de compostos bioativos de grande
potencial funcional para serem utilizados na indústria de
alimentos e farmacêutica”.
De acordo com Maria Augusta, os compostos identificados na pesquisa podem ser aproveitados e utilizados como
antioxidantes naturais em substituição aos sintéticos. “Com
base nos resultados deste estudo, casca e semente de abacates podem ser introduzidos na forma de extrato em pó em
produtos alimentícios”, conclui. O trabalho teve orientação
do professor Severino Matias de Alencar, do Cena.
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