Área: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] Resumo Projeto FLEBOTOMÍNEOS (DIPTERA: PSYCHODIDAE) DE ÁREAS DE TRANSMISSÃO URBANA DE LEISHMANIOSES EM FLORIANO-PI Simone Melo Silva (Discente ICV), Maria Regiane Araujo Soares (Orientadora, Depto de Ciências Biológicas – UFPI) INTRODUÇÃO Os flebotomíneos são insetos pequenos, de corpo piloso e delgado, são hematófagos pertencentes a ordem díptera e a família psychodidae, no continente americano os flebotomíneos do gênero lutzomyia são de grande importância médica, principalmente, como vetores de leishmaniose (Bastos, 2012 e Costa ,2011). No Brasil, a transmissão de Leishmania chagasi, principal agente etiológico da Leishmaniose visceral, se dá pela picada de fêmeas desses insetos dípteros. Entre os diversos flebotomíneos existentes como vetores de leishmânias, destacam-se Lutzomyia longipalpis (Galati et al 1997). A espécie L. longipalpis mostra-se bem adaptada a ambientes peridomiciliares, possuindo uma alimentação bastante rica em uma vasta variedade de hospedeiros vertebrados, entre eles aves, homem e alguns animais silvestres ou domésticos (Monteiro et al.2005). Os flebotomineos se adaptam bem a abrigos úmidos e escuros, saindo destes em geral, em condições de alta umidade e temperaturas moderadas (Galati et al 1997). Costa, 1990, afirma sobre a epidemia de Leishmaniose visceral que ocorreu no estado do Piauí tenha relação com uma sensível mudança no comportamento epidemiológico da doença, que predominou bastante em áreas urbanas de clima tropical. O presente trabalho tem por objetivo descrever a fauna flebotomínica encontrada na área de estudo, analisando essa composição flebotomínica assim como também entender a distribuição das espécies em relação aos ambientes intradomiciliar e peridomiciliar de coletas. A ampla adaptação desses insetos representa um motivo para o estudo dessa espécie que cada vez mais vem sendo encontrada nos ambientes urbanos, assim como também possui bastante relevância para a compreensão da biologia da espécie Lutzomyia longipalpis. METODOLOGIA O projeto foi desenvolvido no município de Floriano situado ao sul do Piauí a cerca de 240 km de Teresina, município onde tem se consolidado como um pólo de serviços educacionais compreendendo os municípios da região sul do Piauí e do vizinho estado do Maranhão. Inicialmente foi realizado um levantamento junto à Secretaria Municipal de Saúde e Centro de Controle de Zoonoses, a fim de conhecer as áreas de maior transmissão de Leishmaniose Visceral em Floriano. Com base neste resultado, a Associação de Moradores do bairro foi contactada a fim de colaborar com o desenvolvimento da pesquisa. Os moradores que se dispuseram a participar da pesquisa concordaram com a realização de coleta de flebotomíneos em seus domicílios. As coletas dos flebotomíneos foram realizadas com o uso de 9 armadilhas luminosas do tipo HP (Hoover Pugedo) sendo instaladas em um dos bairros de maior notificação de LV. O estudo foi realizado no bairro Tiberão em três residências mediante permissão dos proprietários, onde as armadilhas permaneceram em três ambientes sendo cada casa considerada como ponto de coleta. As armadilhas foram dispostas a 1,5 m do solo, inicialmente no intradomicílio (cômodos, geralmente o quarto ou local onde a família repousa) e no ambiente peridomiciliar, foram selecionados abrigos de animais domésticos como, por exemplo, canil, galinheiros e chiqueiros e também ainda nas proximidades destes ambientes. Depois de efetuadas as coletas, os espécimes foram clarificados e diafanizados para o enquadramento taxonômico conforme a chave de Young e Ducan (1994). RESULTADOS E DISCUSSÃO O projeto realizou-se durante o período de agosto de 2013 a julho de 2014, os primeiros meses foram utilizados para revisão de literatura e treinamento para a identificação taxonômica das espécies. As coletas ocorreram em fevereiro e junho de 2014, resultando em 216 horas de armadilhagem. Armadilhas tipo HP foram instaladas sempre no mesmo horário, das 18:00 horas as 6:00 horas no bairro Tiberão, área de maior notificação de casos de LV em Floriano-PI. Foram coletados 505 flebotomíneos, dos quais, 94,2% (n=476) espécimes de Lutzomyia longipalpis (sendo, 389 ♂ e 87 ♀) e 5,8% Lutzomyia sp (n=29, dos quais, 21♂ e 8 ♀). Em relação à distribuição de L. longipalpis por ambiente de coleta, dentre o total de espécimes de L. longipalpis, 86,8% (n=413) foram coletados em abrigo de animal doméstico (pocilga e canis), 9,2% (n=44) foram coletados no intradomicílio e 4% (n=19) no peridomicílio. Dentre as fêmeas de L. longipalpis, 78 apresentaram-se não ingurgitadas enquanto 9 estavam ingurgitadas, podendo possivelmente ter sido alimentadas com sangue de vertebrados. Em relação à segunda coleta, observou-se uma diminuição considerável na quantidade de flebotomíneos coletados em uma das residências, possivelmente em função da retiradas dos animais (porcos) do abrigo. A presença significativamente de flebotomíneos no peridomicílio em relação ao ambiente intradomiciliar, pode está correlacionado com algumas características do ambiente, tais como presença de árvores e matéria orgânica abundante no solo, e fonte alimentar sanguínea nos abrigos e criadouros favoráveis para o vetor se desenvolver. A presença de L. longipalpis em abundância e como única espécie encontrada, explica a existência da doença no bairro Tiberão, além de outros fatores importantes na epidemiologia da LV, como exemplo, presença de animais infectados. Este trabalho detectou a presença de fêmeas ingurgitadas, o que reforça a busca por fontes de alimentação como uma resposta comportamental do inseto que afeta a reprodução, a densidade populacional das espécies e consequentemente a transmissão de LV. As fêmeas do inseto requerem sangue de vertebrados para a maturação de seus ovos. Assim, dependendo do seu grau de adaptação às condições ambientais modificadas pelo homem, algumas espécies podem ser mais facilmente encontradas em ambientes peridomiciliares que outras (Barata et al. 2005). Nas coletas realizadas pode-se observar a presença em abundância de L. longipalpis em áreas periurbanas do município, onde a presença do inseto vetor como indica Dias et al. (2003) aliada a presença e repasto sanguíneo em animais domésticos, favorecem a aproximação e a manutenção destes insetos no ambiente e consequentemente a transmissão de LV. CONCLUSÃO Concluiu-se que o entendimento da biologia do vetor, bem como o padrão de distribuição destes insetos em área de notificação de LV é de grande importância para a definição das áreas estratégicas de controle. Palavras- chave: Lutzomyia longipalpis, leishmaniose visceral, Floriano REFERÊNCIAS 1. BARATA R.A, FRANÇA-SILVA J.C, MAYRINK W, SILVA J.C, PRATA A, LOROSA E.S, FIÚZA J.A, GONÇALVES C.M, DE PAULA K.M E DIAS E.S. Aspectos da ecologia e do comportamento de flebotomíneos em área endêmica de leishmaniose visceral, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38: 421-425, 2005. 2. BASTOS, T.S.A. Estudos introdutórios sobre flebotomíneos. Seminário apresentado junto à disciplina Seminários Aplicados, do programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2012. 3. COSTA, C. H. N., PEREIRA, H. F. E ARAUJO, M. V. Epidemia de leishmaniose visceral no Estado do Piauí, Brasil, 1980-1986. Rev. Saúde pública, São Paulo, 24: 361-72,1990. 4. COSTA, P. L. Comportamento da fauna de flebotomíneos, com ênfase em Lutzomyia longipalpis, em área endêmica para Leishmaniose Visceral, Agreste de Pernambuco. Recife, 2011. 5. DIAS, F.O.P., LOROSA, E.S e REBÊLO, J.M.M. Fonte alimentar sanguínea e a peridomiciliação de Lutzomyia longipalpis (Lutz & Neiva, 1912) (Psychodidae, Phlebotominae). Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19: 1373-1380, 2003. 6. GALATI, E.A.B, NUNES V.L.B, RÊGO JR. FA, OSHIRO E.T, CHANG M.R. Estudo de Flebotomíneos (Diptera:Psychodidae) em foco de leishmaniose visceral no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Revista de Saúde Pública 31: 378-390,1997. 7. MONTEIRO, E. M, FRANÇA DA SILVA, J. C, COSTA, R. T, COSTA, D. C, BARATA, R. A, PAULA, E. V, LINS, G. L, COELHO, M, ROCHA, M. F, DIAS, C. L. F E DIAS, E. S. Leishmaniose visceral: estudo de flebotomíneos e infecção canina em Montes Claros, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38: 147-152, 2005.