RAQUEL OLIVEIRA DE MATTOS DA SILVA FLORES TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE ITAJAÍ – SC Trabalho de Conclusão de Estágio supervisionado desenvolvido para o Curso de Administração do CECIESA Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Gestão da Universidade do Vale do Itajaí. ITAJAÍ-SC, 2008 EQUIPE TÉCNICA a) Nome da estagiária Raquel Oliveira de Mattos da Silva Flores b) Área de estágio Administração Geral c) Supervisor de Campo Marilse Betoni Soares d) Orientador de Estágio Prof. Luiz Carlos da Silva Flores, Dr. e) Responsável pelo Estágio Supervisionado em Administração Prof. Eduardo Krieger da Silva, Msc DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA a) Razão Social UNI JUNIOR - ORIENTAÇÃO EMPRESARIAL b) Endereço Rua Uruguai, 586, Centro 88.302-202 - Itajaí, SC c) Setor de desenvolvimento do estágio Administração Geral d) Duração do estágio 300 horas e) Nome e cargo do supervisor de campo Marilse Betoni Soares Gerente Executiva f) Carimbo e visto da empresa Não sei se agradecer é o bastante, mas se for, os meus agradecimentos mais fortes e profundos são dirigidos ao meu filho Guilherme e ao meu marido Luiz Carlos, pelo apoio incondicional que sempre me deram. Ao meu marido, duplamente, por ter sido o meu Orientador neste trabalho. Que Deus os abençoe e nos proteja como família e como pessoas que buscam um caminho. Meus agradecimentos Paula Eloísa dos também Santos, a pela amizade pessoal e pela atenção que sempre dispensa a nós, alunos. Também a todos os professores, pelos ensinamentos e que, ao final, tornam-se nossos amigos. A todos vocês, OBRIGADA! “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” Cora Carolina LISTA DE FIGURAS Figura 1 Principais decisões do processo de administrar............................ 21 Figura 2 Processo de tomada de decisões sobre objetivos e recursos ...... 21 Figura 3 Formação do conhecimento administrativo ................................... 22 Figura 4 Função vital das organizações na sociedade ............................... 25 Figura 5 Macro processo UNI JÚNIOR ....................................................... 38 Figura 6 Interação entre empresa e família ................................................. 43 Figura 7 Ações de gestão de RSE – Valores e Princípios .......................... 60 Figura 8 Ações de gestão de RSE – Público Interno .................................. 61 Figura 9 Ações de gestão de RSE – Meio Ambiente .................................. 62 Figura 10 Ações de gestão de RSE – Fornecedores..................................... 63 Figura 11 Ações de gestão de RSE – Consumidores e Clientes .................. 64 Figura 12 Ações de gestão de RSE – Comunidade ...................................... 65 Figura 13 Ações de gestão de RSE – Governo e Sociedade........................ 66 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Distribuição dos empresários por gênero ...................................... 45 Gráfico 2 Distribuição das MPEs por tempo de atividade ............................. 46 Gráfico 3 Distribuição da amostra pelo grau de escolaridade ...................... 47 Gráfico 4 Distribuição dos empresários pela faixa etária .............................. 48 Gráfico 5 Distribuição quanto à aplicação da RSE ....................................... 51 Gráfico 6 Problemas encontrados para implementação da RSE ................. 56 Gráfico 7 Motivos para a adoção da RSE ..................................................... 58 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Elementos e indicadores ............................................................... 29 Quadro 2 Categorias e aspectos contemplados nas Diretrizes GRI – 2002 . 30 Quadro 3 Classificação de micro e pequena empresa pelo faturamento ...... 34 Quadro 4 Classificação de micro e pequena empresa por número de funcionários ................................................................................... Critérios adotados para filtragem das respostas ........................... 34 Quadro 5 38 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 10 1.1 Problema de Pesquisa ...................................................................... 12 1.2 Objetivos do Trabalho ....................................................................... 13 1.3 Aspectos Metodológicos ................................................................... 13 1.3.1 Caracterização da Pesquisa ............................................................. 13 1.3.2 Participantes da pesquisa ................................................................. 15 1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de Dados.......................... 16 1.3.4 Tratamento e análise dos dados ....................................................... 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 18 2.1 Administração ................................................................................... 18 2.2 As Organizações e a Responsabilidade Social ................................ 23 2.4 O Desenvolvimento Sustentável e a Responsabilidade Social Empresarial....................................................................................... Indicadores Ethos-Sebrae................................................................. 2.5 Micro e Pequenas Empresas............................................................. 34 3 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA UNI JÚNIOR ......................... 36 4 RESULTADOS DA PESQUISA ....................................................... 41 4.1 Parte I – Dados da Empresa/empresário .......................................... 42 4.1.1 Tipo de Gestão das MPEs pesquisadas ........................................... 42 4.1.2 Ramo de Atividade das MPEs pesquisadas ..................................... 43 4.1.3 Distribuição das MPEs pesquisadas por gênero .............................. 45 4.1.4 Tempo de Atividade das MPEs pesquisadas .................................... 46 4.1.5 Distribuição dos empresários por grau de escolaridade ................... 47 4.1.6 Distribuição dos empresários pela faixa etária ................................. 48 4.2 Parte II – Práticas de Responsabilidade Social Empresarial ............ 49 4.2.1 Distribuição quanto à aplicação da RSE ........................................... 49 2.3 26 31 4.3.1 Parte III – Problemas/dificuldades para a adoção da prática de RSE ................................................................................................... Problemas encontrados para a adoção da RSE ............................... 4.3.2 O que motiva a adoção da RSE ........................................................ 58 4.3.3 Sugestões ......................................................................................... 59 5 CONSIDERAÇOES FINAIS ............................................................. 67 4.3 55 56 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................... 69 Apêndice I – Questionário – A Responsabilidade Social Empresarial nas MPEs ..................................................................... 71 RESUMO A presente pesquisa teve como proposta conhecer as ações de responsabilidade social empresarial praticadas pelas MPEs de Itajaí, SC e os motivos que levam os empresários a esta decisão, utilizando como parâmetros, os Indicadores EthosSebrae de Responsabilidade Social Empresarial. Para responder à pergunta de pesquisa: Quais são as ações de RSE praticadas nas MPEs de Itajaí e quais são os fatores que influenciam nesta tomada de decisão, os objetivos foram a descrição dos indicadores; identificação do perfil dos empresários respondentes; identificação dos problemas/dificuldades enfrentados para a adoção das práticas de RSE, bem como as razoes que levam os empresários de MPEs a atuarem com responsabilidade social. A pesquisa caracteriza-se de cunho predominantemente qualitativo, tipologia de estágio pesquisa-diagnóstico. Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados os Indicadores Ethos-Sebrae, estudos do Instituto Ethos sobre MPEs no Brasil, assim como estudos do Sebrae e abordagens sobre desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social empresarial. Os resultados mostraram que as MPEs de Itajaí adotam algumas práticas de responsabilidade social, incluindo o cuidado com o meio ambiente, porém a totalidade da amostra não possui formalmente descritos sua missão, valores e princípios, explicitando-os por serem praticados. Para os empresários pesquisados, os fatores que dificultam ou impedem a prática da RSE são a falta de recursos financeiros, a falta de informações sobre o tema e o desconhecimento sobre as ações praticadas que levam o empresário a ser socialmente responsável. O estudo trouxe contribuições para a compreensão do tema, fornecendo subsídios para o debate, divulgação e aplicação. Palavras-Chave: Responsabilidade sustentável; Micro e Pequena Empresa. Social Empresarial; desenvolvimento 1 INTRODUÇÃO Construir uma sociedade sustentável é o desafio de governos, organizações e sociedade em todo o planeta. Isto significa um padrão de vida digno a toda a humanidade com acesso a alimentação adequada, saúde e oportunidade de trabalho. A Revolução Industrial foi o marco divisor entre sociedades sustentáveis e o modelo hoje existente onde o consumo de recursos naturais é maior do que o planeta tem condições de repor. Neste sentido, Tinoco e Kraemer (2004, p.22), mencionam que Martins e Ribeiro (1995, p.31), ao comentarem o desenvolvimento econômico e tecnológico após a Revolução Industrial, citam “que isso significou para várias empresas maximizar a utilização de todos os recursos naturais já que eram gratuitos, ignorando serem renováveis ou não, ignorando ainda as conseqüências da ausência desses mesmos recursos”. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a partir de estudos da Organização das Nações Unidas, no início da década de 1970, procurando conciliar as necessidades de desenvolvimento econômico da sociedade com a promoção do desenvolvimento social e com o respeito ao meio ambiente. Quando percebemos que as organizações detêm grande parte do poder econômico e são as geradoras de inovações da sociedade, temos a certeza da grande responsabilidade social e ambiental que elas possuem. O que se vê a cada dia é que a discussão sobre desenvolvimento sustentável ultrapassou os limites das universidades e da política e já faz parte do cotidiano das pessoas nos vários continentes. A conscientização se dá por pequenas práticas adotadas pelo cidadão comum como a separação do lixo doméstico e sua reciclagem até as estratégias utilizadas por empresas procurando atender seus consumidores que cobram não só qualidade dos seus produtos, como também o processo produtivo utilizado. Diante disto, as empresas passaram a se preocupar mais com a idéia de responsabilidade social incorporada aos negócios, ainda que em função de novas demandas e maior pressão por transparência, as empresas se vêem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações, tanto em relação à sociedade quanto em relação ao meio ambiente. Com isto, começam a observar ganhos 11 expressivos de imagem. No Brasil, o movimento da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) vem crescendo muito. Este movimento, segundo o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, decorre de três fatores: a revolução tecnológica que eliminou distâncias, multiplicando a troca de informações; a revolução educacional; e a revolução cívica, representada por milhões de pessoas de todo mundo, organizadas na defesa de seus direitos e interesses. A ciência da administração contribui neste contexto apresentando ferramentas que possibilitam a gestão destas ações. Desde os tempos iniciais da escola clássica já se buscava a racionalização do trabalho e com isso dos recursos; na escola de recursos humanos, a inclusão das pessoas; e, na abordagem estruturalista, aceitação dos conflitos, o que permitia a melhoria das condições de trabalho, nas escolas de sistemas abertos, os estudos da relação entre a organização e o ambiente e na abordagem contingencial a discussões dos stakeholders e da dependência dos recursos. A escolha do tema Responsabilidade Social Empresarial em Micro e Pequenas Empresas instaladas no município de Itajaí, Santa Catarina e o local para a realização do estágio, a UNI JÚNIOR Orientação Empresarial justificou-se por: 1o) as micro e pequenas empresas (MPEs), representam 98% das empresas formais estabelecidas no Brasil, segundo o relatório Onde estão as micro e pequenas empresas no Brasil (SEBRAE, 2006). A Agência Sebrae de Notícias, publicou em 11 de setembro de 2007, baseada em números do Ministério do Planejamento e da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que dos cerca de R$ 300 bilhões comprados pelo Poder Público, em torno de 17% são adquiridos das MPEs. A meta é aumentar em 13% o volume de compras desse segmento, atingindo 30% no período de cinco anos. Hoje no Brasil, cerca de 150 mil MPEs vendem para os governos, enquanto o número aproximado é de 5.028.318 estabelecimentos. Assim, ao mesmo tempo em que a RSE é um desafio para os empresários de micro e pequenas empresas, torna-se também uma grande oportunidade. Oportunidade esta que será ampliada se a empresa praticar ações de responsabilidade social e ambiental, já que muitos órgãos governamentais, principalmente prefeituras, exigem esta prática para a participação em processos licitatórios. 2o) a UNI JÚNIOR – Orientação Empresarial, pelo fato de ser vinculada ao curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, atendendo a diversas empresas, na maioria MPEs, em pesquisas, diagnósticos e implantação de modelos de gestão 12 poderá, a partir deste trabalho, atuar neste segmento, auxiliando as MPEs no conhecimento e implantação de medidas de responsabilidade social empresarial, já que muitas das dificuldades dos empresários decorrem da falta de compreensão dos fatores envolvidos, desconhecimento das diretrizes que fazem parte da RSE e necessidade de recursos aplicados. 1.1 Problema de Pesquisa A boa empresa não é mais aquela que apresenta lucro, mas a que também oferece um ambiente moralmente gratificante, baseado na construção de relações confiáveis e princípios éticos. Estes princípios éticos devem ser por ela incorporados e difundidos. A adoção de padrões de conduta ética deverá levar a organização a valorizar o ser humano, a sociedade e o meio ambiente. Com base neste contexto, formulou-se o seguinte problema de pesquisa: Quais são as ações de responsabilidade social empresarial praticadas nas MPEs de Itajaí e quais são os fatores que influenciam nesta tomada de decisão? O aspecto relevante deste trabalho foi o de oferecer à UNI JUNIOR elementos que possam ser adotados quando da prestação de serviços de consultoria às micro e pequenas empresas de Itajaí e região, no que se refere à responsabilidade social empresarial, podendo assim ampliar sua carteira de serviços e negócios, atuando em um novo segmento, auxiliando na adequação das MPEs às necessidades impostas pelo mercado. A originalidade deste trabalho de estágio foi garantida quanto aos aspectos internos da UNI JÚNIOR, pois até o momento, ainda não foi desenvolvido nenhum trabalho com estas características e sobre este tema, bem como, constatou-se que não existem Trabalhos de Conclusão de Estágios, do curso de Administração da UNIVALI Itajaí que relacione a RSE às MPEs. O estágio foi viável, não tendo acarretado custos adicionais para a UNI JUNIOR que disponibilizou as informações cadastrais das MPEs. 13 1.2 Objetivos do Trabalho O objetivo geral deste trabalho foi descrever as ações de responsabilidade social praticadas nas MPEs de Itajaí, Santa Catarina, utilizando-se como parâmetro os Indicadores Ethos-Sebrae de Responsabilidade Social Empresarial. Para atender o propósito maior, definiram-se os seguintes objetivos específicos: • Descrever os indicadores de responsabilidade social empresarial EthosSebrae para Micro e Pequenas Empresas (MPEs); • identificar o perfil dos empresários das MPEs informantes. • identificar os problemas/dificuldades enfrentados pelos empresários de MPEs para a prática da responsabilidade social empresarial; • relacionar as razões que levam os empresários de micro e pequenas empresas a atuarem com responsabilidade social empresarial. 1.3 Aspectos Metodológicos Neste tópico são delineados os procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento deste trabalho, considerando a caracterização da pesquisa, os participantes, os instrumentos de coleta de dados e o tratamento e análise. 1.3.1 Caracterização da pesquisa Neste tópico descrevem-se a tipologia do estudo segundo a sua natureza, seus objetivos, procedimentos e o delineamento do método. Do ponto de vista de sua natureza, trata-se de um trabalho de estágio com tipologia de pesquisadiagnóstico, pois tem como objetivo explorar o ambiente organizacional (ROESCH, 1999), mais pontualmente busca-se conhecer e analisar as ações de responsabilidade social empresarial praticadas nas MPEs de Itajaí, e os fatores que influenciam nesta tomada de decisão. Do ponto de vista dos objetivos do estudo, classifica-se ainda, como pesquisa exploratória-descritiva. A investigação exploratória pode ser aplicada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado, enquanto que a 14 descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno, permitindo a investigação com levantamentos bibliográficos e com pessoas com experiências acerca do objeto alvo (ALVES, 2003; VERGARA, 2003). Os aspectos de pesquisa exploratória são identificados por meio de levantamento bibliográfico e da pesquisa de campo, com questionário aplicado às pessoas-chave para a caracterização do problema, buscando tornar mais explícito e aprofundar os estudos acerca da gestão social de MPEs de Itajaí. Visando atender os objetivos deste estágio, qual seja elaboração de um roteiro de diagnóstico sócioambiental para a UNI JUNIOR, define-se como delineamento, predominantemente, do método qualitativo. Porém, para a pesquisa dos elementos utilizou-se características do método quantitativo. Consoante Minayo (1994), a pesquisa qualitativa preocupa-se com o nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando como o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Corrobora Richardson (1999), que neste tipo de pesquisa se busca compreender detalhadamente, os significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas. Assim, ao empregar o método qualitativo, determina-se como foco de preocupação o processo social, a visualização do contexto e a preocupação empática com o objeto do estudo, visando uma melhor compreensão do fenômeno. Para Malhotra (2001, p.155) a pesquisa qualitativa “proporciona melhor visão e compreensão do contexto do problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar os dados (...)”. Neste caso específico, os resultados devem permitir caracterizar a responsabilidade social empresarial nas MPEs de Itajaí, sendo que para isso, também é utilizado aporte do método quantitativo. Segundo Richardson (1999), embora existam diferenças ideológicas, os métodos qualitativo e quantitativo, podem ser integrados nas etapas do planejamento, da coleta dos dados e da análise da informação. Complementa Minayo (1994, p.22) que o conjunto de dados quantitativos e qualitativos “não se opõem, ao contrário, se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia”. Neste estudo o aporte do método quantitativo está caracterizado na fase da coleta de dados, no uso do questionário. 15 Como estratégia de pesquisa, o estudo de caso configurou-se em uma opção legítima. Merriam (1998) define o estudo de caso como um processo que procura descrever e analisar alguma entidade em termos qualitativos. O estudo de caso focaliza uma descrição e uma explicação holística, aprofundada de um dado fenômeno. Para Yin (1984), o estudo de caso é uma forma particularmente apropriada para as situações nas quais é impossível separar as variáveis do fenômeno de seu contexto. Assim, justifica-se a aplicação do estudo de caso, pelo fato de ser uma estratégia de pesquisa que permite analisar, com maior níveis de detalhes, as ações de RSE utilizadas pelas MPEs. 1.3.2 Participantes da Pesquisa Os participantes deste trabalho foram classificados em dois grupos, sendo o primeiro, os gestores da UNI JUNIOR – o professor responsável e a gerente executiva – que auxiliaram na definição do roteiro de diagnóstico e, o outro grupo, as MPEs de Itajaí, que foram investigadas sobre a percepção dos elementos da RSE. Assim, define-se neste segundo grupo que a população será formada pelas MPEs que desenvolvem suas atividades no município de Itajaí, SC. A amostra intencional foi formada pelas MPEs – extraídas do Relatório de Pesquisa realizada pela UNI JÚNIOR e também selecionadas segundos os critérios do SEBRAE quanto ao porte e pertencentes aos diversos segmentos de mercado. Amostra intencional é descrita por Richardson (1999, p.161) como sendo: Os elementos que formam a amostra relacionam-se intencionalmente de acordo com certas características estabelecidas no plano e nas hipóteses formuladas pelo pesquisados. Se o plano possuir características que definam a população, é necessário assegurar a presença do sujeito-tipo. Desse modo, a amostra intencional apresenta-se como representativa do universo. Como participantes da pesquisa foram consultados 18 proprietários/gestores de MPEs de Itajaí, que aceitaram participar respondendo ao questionário. 16 1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados Este trabalho teve como dados fontes primárias e secundárias. Segundo Richardson (1999, p.253), uma fonte primária “é aquela que teve uma relação física direta com os fatos analisados, existindo um relato ou registro da experiência vivenciada” e serão representadas pelos gestores da UNI JUNIOR e proprietários/gestores das MPEs investigadas. Para as fontes secundárias que Richardson (1999, p.253) descreve como “aquela que não tem relação direta com o acontecimento registrado, senão através de algum elemento intermediário”, foram consultados sites da UNI JUNIOR, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, do Sebrae, IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e da FIESC – Federação das Indústrias de Santa Catarina. Para a coleta de dados primários foram utilizados questionários com questões fechadas e aplicação com contato direto, junto aos proprietários/gestores das MPEs selecionadas, técnicas consideradas mais adequadas para o estudo aqui proposto. Também foi utilizada a análise documental para coleta de dados secundários. Segundo Vergara (2003), questionário é uma série de questões apresentadas ao respondente por escrito, podendo utilizar uma escala para quantificar as respostas, pode ser aberto ou fechado, estruturado e não estruturado. Segundo Richardson (1999), o questionário pode ser classificado pela forma de aplicação como: de contato direto e envio pelo correio. Para a pesquisa dos elementos de RSE nas empresas utilizou-se um questionário com aplicação direta, permitindo a explicação e discussão dos objetivos da pesquisa e do questionário, eliminado dúvidas do respondente. O questionário foi elaborado conforme modelo semi-estruturado com questões fechadas e possibilitando espaço para justificativa do respondente. Para este trabalho foi utilizada a análise documental que segundo Pádua (1996), é realizada a partir de documentos contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos sendo geralmente utilizada nas ciências sociais e na investigação histórica. 17 1.3.4 Tratamento e análise dos dados Os dados obtidos de entrevistas, questionários e documentos escritos foram organizados a partir das categorias do diagnóstico social empresarial, permitindo assim, a elaboração do roteiro. Os dados foram analisados a partir do processo de análise de conteúdo, sendo esta, um conjunto de técnicas que permite “compreender melhor um discurso, de aprofundar suas características e extrair os momentos mais importantes” (RICHARDSON, 1999, p.224). A análise de conteúdo é mais indicada ao tratamento e à análise de estudos qualitativos. Utilizou-se para análise dos dados da pesquisa com as MPEs, técnicas estatísticas simples, como a média, permitindo identificar como a responsabilidade social empresarial é percebida pelos gestores dessas empresas. Os resultados foram descritos em relatórios, apoiados com gráficos e tabelas do excel, representando um roteiro de aplicação do diagnóstico da responsabilidade social empresarial nas MPEs de Itajaí, Santa Catarina. 18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo são apresentadas as fundamentações teóricas que deram suporte ao trabalho, iniciando pela Administração, com a evolução histórica, conceitos e influências no estudo da organização; sobre a função das organizações na melhoria de vida da sociedade com a prática da Responsabilidade Social Empresarial; o conceito e o papel da micro e pequena empresa no desenvolvimento da comunidade e da sociedade; os Indicadores Ethos-Sebrae na disseminação da RSE, bem como informações sobre o tema proposto. 2.1 Administração “Administração é o ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros” (MONTANA, 1998). Este conceito, segundo o autor, dá maior ênfase ao elemento humano na organização, focaliza a atenção nos resultados, incluindo o conceito de que a realização dos objetivos pessoais deve estar integrada aos objetivos da organização. Porém, até chegar a este conceito, houve uma grande evolução. Mesmo tendo sido a Antiguidade uma época profícua para as ciências, com os grandes pensadores e filósofos criando e desenvolvendo muitas áreas do conhecimento humano que perduram até hoje, não é possível dizer por que a administração não tenha recebido a mesma atenção. Talvez, como aborda Kwasnicka (1995), tenha sido pelo fato do forte preconceito em relação ao trabalho chegando a ser considerado uma atividade desprezível e ainda, por acreditarem os antigos, que os campos de ação intelectual cabiam aos cidadãos, enquanto que o campo material cabia aos escravos, com a condenação da aplicação das ciências em problemas práticos. Destaca ainda este autor que foi a partir da Revolução Industrial, no século XVIII, na Inglaterra, o início das grandes mudanças econômicas, sociais e políticas, como a intensa urbanização, a duplicação da população da Europa no século XIX; o desenvolvimento industrial se inicia; os meios de transportes são aperfeiçoados, o comércio interno e internacional são incrementados e há redistribuição das riquezas e do poder entre os países. Com o desenvolvimento industrial nos Estados Unidos e 19 na Europa surge a necessidade do desenvolvimento dos princípios tradicionais da administração. Este desenvolvimento faz-se com Frederick Taylor nos Estados Unidos; Henry Fayol, na França e Max Weber, na Alemanha (TACHIZAWA, 2001). Dos esforços de melhorar a eficiência do trabalhador, surge a Administração Científica com Frederick Taylor, fazendo uso de estudos de tempos e movimentos e de um sistema conhecido como pagamento por peça. Segundo Tachizawa (2001), Taylor partiu de dois pressupostos fundamentais: o primeiro de que é possível estabelecer, por meio de estudo sistemático, a melhor maneira de fazer um trabalho; e o segundo de o homem ter predisposição para procurar a máxima recompensa com o mínimo esforço. Segue-se então a teoria clássica da administração de Henri Fayol que se preocupava com a eficiência e a eficácia da organização como um todo e desenvolveu os princípios gerais da administração, ainda hoje usados e as funções da administração (previsão, organização, comando, coordenação e controle), conforme cita Montana (1998). Já o sociólogo Max Weber desenvolve o modelo burocrático. Um modelo de organização relativamente formal e impessoal, tendo por características, descritas por Kwasnicka (1995): organização regida por normas escritas que determinam os atos e decisões administrativas; divisão do trabalho baseada em grau hierárquico de cada cargo; fator mérito individual importante para seleção, promoções e transferências de pessoas de um cargo para outro; separação do corpo administrativo da propriedade da administração; e a burocracia caracterizando a profissionalização de seus membros. No entanto, esta abordagem clássica não enfatiza o ser humano e chega-se então à abordagem comportamental que teve seu início com estudos feitos em Hawthorne, por Elton Mayo, estudos estes que iniciaram o movimento das relações humanas. De acordo com Certo (2003), nesta abordagem, a preocupação com o aumento da produção se dá por meio de uma maior compreensão de como são as pessoas. Ressalta ainda que neste sentido, Abraham Maslow, um dos maiores colaboradores do movimento das relações humanas, acreditava que os administradores precisavam conhecer as necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e auto-realização dos membros da empresa. Só assim, haveria melhor compreensão do ser humano nas empresas, permitindo lidar com ele de maneira adequada para que a empresa pudesse alcançar seus objetivos. 20 A abordagem sistêmica baseia-se na teoria geral dos sistemas, cujo tema foi introduzido por Ludwig von Bertalanffy. Certo (2003) conceitua sistema como “um conjunto de partes interdependentes que funcionam como um todo para algum propósito”. Argumenta ainda que “para compreender totalmente o funcionamento de uma entidade, esta deve ser vista como um sistema”. Já a abordagem contingencial da administração que remonta aos anos 60 enfatiza que o comportamento e a estrutura de uma organização dependem de variáveis situacionais – ambiente, tecnologia e tamanho da organização, conforme esclarece Tachizawa (2001). Para Certo (2003), esta abordagem enfatiza “que o que um administrador faz na pratica depende ou está condicionado a um conjunto de circunstâncias – uma situação”. Após todas as abordagens da administração, hoje podemos compreender a sua importância tanto para a sociedade como para os indivíduos, assim como suas funções básicas. Neste sentido, administração é conceituada por Maximiano (2002, p.26) “como o processo de tomar e colocar em prática as decisões sobre objetivos e utilização de recursos”. Estas decisões englobam o planejamento, a organização, a execução e direção e o controle, conforme mostra a Figura 1, enquanto que os recursos estão representados pelas pessoas, as informações e o conhecimento, espaço, tempo, dinheiro e instalações, de acordo com a Figura 2. Os objetivos são os resultados esperados do sistema. Tem a administração importância em qualquer escala, seja individual, familiar, grupal, organizacional ou social. Na Figura 1, está representado o processo da administração e as principais decisões relacionadas. 21 Figura 1 – Principais decisões do processo de administrar Fonte: Maximiano (2002, p.27) Observa-se na Figura 1 que as funções contribuem para a conceituação, definição dos objetivos, a harmonização do recurso, a realização e a verificação e acompanhamento dos resultados. Na Figura 2 são demonstrados os objetivos e recursos envolvidos na tomada de decisão. Figura 2 – Processo de tomada de decisões sobre objetivos e recursos Fonte: Fonte: Maximiano (2002, p.26). Observa-se na Figura 2 que o processo de tomada de decisão apresenta-se em um ciclo que envolve o processo de administração, os objetivos e resultados esperados e os recursos disponíveis. 22 Mostra ainda este autor que a formação do conhecimento administrativo se dá pela observação e análise crítica da experiência prática das organizações e seus administradores, conforme Figura 3, a seguir. Na Figura 3 é apresentado o processo formador do conhecimento administrativo. Figura 3 - Formação do conhecimento administrativo Fonte: Fonte: Maximiano (2002, p.32) Verifica-se na Figura 3 que o processo do conhecimento administrativo inclui a teoria e prática e que um contribui para o outro. Para Certo (2003, p.5), administração “é o processo que permite alcançar as metas de uma empresa, fazendo uso do trabalho com e por meio de pessoas e outros recursos da empresa”. Argumenta que o papel do administrador é combinar e utilizar-se destes recursos (pessoas, dinheiro, matéria-prima e bens de capital) para que a empresa atinja seus propósitos. Porém, para que haja sucesso no desempenho administrativo, o administrador compreendem, deve possuir segundo habilidades Certo (2003), administrativas. habilidades Estas técnicas habilidades que são os conhecimentos especializados e precisos; habilidades humanas ou a capacidade de trabalhar em equipe e as habilidades conceituais, que é a capacidade de enxergar a empresa como um todo. 23 O administrador deve ainda ser capaz de gerar e manter a responsabilidade social. Esta responsabilidade social está relacionada com a ética e a transparência na gestão dos negócios e com a maneira como as empresas realizam estes negócios, os critérios que utilizam para tomada de decisões, os valores que definem suas prioridades e os relacionamentos com todos os públicos dos quais dependem e com os quais se relacionam. Neste sentido, para Melo Neto e Froes (2001), existem diferentes visões de analisar o conceito de responsabilidade social empresarial, sendo: responsabilidade social como atitude e comportamento empresarial ético e responsável, prevalecendo nesta abordagem a responsabilidade ética, ou seja, a empresa tem o dever e compromisso em assumir atitude transparente, responsável e ética em suas relações com os stakeholders; responsabilidade social como um conjunto de valores incorporando não apenas conceitos éticos, mas outros conceitos que lhe darão sustentabilidade, como auto-estima dos empregados, desenvolvimento social, entre outros. A responsabilidade social pode ser vista ainda como postura estratégica empresarial, estratégia de relacionamento, estratégia de marketing institucional, estratégia de valorização das ações da empresa, neste caso, agregação de valor, estratégia de recursos humanos, e ainda, como promotora da cidadania individual e coletiva. 2.2 As Organizações e a responsabilidade social As primeiras indústrias – séculos XVI e XVII - que podiam ser desde minúsculas oficinas domésticas até edifícios com inúmeras máquinas eram lugares insalubres aos quais os camponeses deveriam submeter-se para não morrerem de fome. A Revolução Industrial cria novo sistema transformando as relações sociais e criando duas novas classes sociais – os empresários (capitalistas, proprietários dos capitais) e os operários (proletários ou trabalhadores assalariados) que vendiam sua força de trabalho aos empresários para produzir mercadorias em troca de salários. A eles eram impostas duras condições de trabalho como, por exemplo, garantir margem de lucro crescente pagando salários irrisórios, conforme expõe Bernardes (2006). 24 Uma organização deve ter como propósito contribuir com algo de valor para a sociedade já que são compostas por pessoas e seus relacionamentos. Independente de seu porte, todas têm como objetivo o lucro fornecendo bens e serviços para a sociedade. A sociedade hoje tem expectativas mais elevadas em relação às organizações, principalmente sobre o seu papel social e ambiental. Entendem que são entidades exclusivamente econômicas, mas que utilizam recursos que são da nação, portanto, pertencentes a todos. Argumenta Tinoco (2004, p.102) “que a grande responsabilidade social das organizações consiste em gerar renda e emprego”. E ainda que a responsabilidade social corporativa ou cidadania empresarial enfatiza o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem (stakeholders): empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidades. Vasconcelos apud Tinoco (2004, p.103), explicita que “as organizações têm a propriedade de criar poder aquisitivo, direta ou indiretamente, para as comunidades, uma vez que geram empregos e, ainda, influenciam a qualidade de vida das pessoas com a oferta de produtos e serviços” e demonstra elaborando uma figura que espelha a função vital das organizações na sociedade. 25 FIGURA 4 – Função vital das organizações na sociedade Fonte: adaptado de Tinoco 2004 Observa-se na Figura acima que a função vital das organizações está vinculada à geração de empregos, ao crescimento da renda e a sustentação do mercado local, e mantendo estas atividades, proporcionarão melhorias de vida da sociedade. 26 2.3 O Desenvolvimento Sustentável e a Responsabilidade Social Empresarial É uma exigência cada vez mais presente na ordem econômica, a adoção de padrões de conduta ética que valorizem o ser humano, a sociedade e o meio ambiente. Empresas socialmente responsáveis parecem estar mais preparadas para assegurar a sustentabilidade dos negócios, em longo prazo, por estarem sincronizadas com as novas dinâmicas que afetam a sociedade humana e o mundo empresarial. O conceito de desenvolvimento sustentável começou a ser discutido, largamente a partir da publicação do relatório da Comissão Mundial de Meio Ambiente e do Desenvolvimento das Nações Unidas. Esse documento, mais conhecido como o Relatório Brundtland’ (Silva, 2002), apresentou a definição oficial do conceito de Desenvolvimento Sustentável e dos métodos eficazes para ser enfrentada a crise pela qual passa o mundo. A proposta de desenvolvimento sustentável teve a vantagem de denunciar, como inviáveis, os atuais modelos de desenvolvimento, nos hemisférios Norte e Sul, que seguem padrões de crescimento econômico não-sustentável de longo prazo. Além disso, o conceito prevê que o crescimento econômico não pode ocorrer sem a superação da pobreza e o respeito aos limites ecológicos. São esses quatro parâmetros - preservação da natureza, eliminação da pobreza, crescimento econômico, e garantia de existência das gerações futuras – que, concebidos em conjunto, conferem a possibilidade de alcançar uma sustentabilidade que seja global. Como nota final pode-se destacar que o desenvolvimento sustentável permite qualidade de vida para as atuais e as futuras gerações e permite, ainda, uma série de oportunidades de mercado como: otimização de recursos, reciclagem de resíduos e tecnologia limpa. Já a gestão ambiental pode ser definida como um conjunto de medidas de procedimentos que objetivam reduzir e controlar os impactos ambientais provocados pelas empresas (VALLE, 1995). Pode ser conceituada, também, como um processo que se inicia pelo entendimento do sistema como um todo e termina pelo desempenho sustentável (KINLAW, 1997). 27 A gestão ambiental é ainda hoje na grande maioria das empresas brasileiras, um procedimento isolado do planejamento e das decisões estratégicas empresariais. Estruturada nos órgãos operativos, a gestão ambiental perde sua visão de longo prazo e passa a ser apenas um grupo voltado para resolver problemas ambientais. Na prática, essa visão prevaleceu nas últimas décadas do século XX e permanece ainda, em algumas empresas mais conservadoras. Contudo, apesar das ações empresariais ainda serem fragmentadas, na visão de Rosen (2001), existem razões para que as empresas tenham buscado melhorar a performance ambiental. A razão primeira concentra-se no fato do regime regulatório internacional estar mudando suas regras em direção às exigências crescentes com relação à proteção ambiental. A outra razão funda-se na circunstância de o mercado estar mudando tanto de fatores quanto de produtos. A terceira razão decorre de o conhecimento estar mudando, a partir das crescentes descobertas e publicidades sobre causas e conseqüências dos danos ambientais. Assim, a gestão ambiental empresarial é atualmente, condicionada pela pressão das regulamentações internacionais, pela busca de melhor reputação, pela pressão de acionistas, investidores e bancos para as empresas reduzirem o risco ambiental, pela pressão dos consumidores e pela própria concorrência. A Responsabilidade Social Empresarial está relacionada com a ética e a transparência na gestão dos negócios e com a maneira como as empresas realizam estes negócios, os critérios que utilizam para tomada de decisões, os valores que definem suas prioridades e os relacionamentos com todos os públicos dos quais dependem e com os quais se relacionam. Slack (2002), comenta que qualquer negócio tem a responsabilidade de não causar danos a indivíduos, sendo os negócios parte de uma comunidade maior, geralmente integrada no tecido econômico e social de uma região. Relaciona alguns assuntos de responsabilidade social como: segurança do consumidor, impacto social do produto, segurança dos funcionários, honestidade no relacionamento com fornecedores e outros. Trata ainda que a responsabilidade social pode ser vista como aplicação ampla de ética no processo de decisão. Consoante Melo Neto e Froes (2001), existem diferentes visões de analisar o conceito de responsabilidade social empresarial, sendo: responsabilidade social como atitude e comportamento empresarial ético e responsável, prevalecendo nesta abordagem a responsabilidade ética, ou seja, a empresa tem o dever e compromisso 28 em assumir atitude transparente, responsável e ética em suas relações com os stakeholders; responsabilidade social como um conjunto de valores incorporando não apenas conceitos éticos, mas outros conceitos que lhe darão sustentabilidade, como auto-estima dos empregados, desenvolvimento social, entre outros. A responsabilidade social pode ser vista ainda como postura estratégica empresarial, estratégia de relacionamento, estratégia de marketing institucional, estratégia de valorização das ações da empresa, neste caso, agregação de valor, estratégia de recursos humanos, e ainda, como promotora da cidadania individual e coletiva. O dinamismo da gestão da responsabilidade social corporativa, conforme ensina Melo Neto e Froes (2001) se expressam através do alcance sucessivo de etapas de um processo, caracterizado pelo foco estratégico das ações sociais – responsabilidade social interna e externa. Para os autores, a responsabilidade social interna está relacionada às atividades regulares da empresa e dizem respeito à saúde e segurança dos funcionários e qualidade de vida no trabalho, resultando em lucros para a empresa, já que sua produtividade aumenta, diminuem os gastos com saúde dos funcionários, conseguindo ainda desenvolver o potencial, habilidades e talentos dos funcionários, multiplicando as inovações. Na gestão social externa, o foco das ações é dirigido à sociedade e à comunidade, começando com a preservação do meio ambiente e ações de impacto socioeconômico, cultural e político no âmbito da sociedade e da comunidade local. Em seguida, a empresa vai além de seu entorno, alcançando a sociedade como um todo, beneficiando pelos resultados do desempenho social empresarial, inclusive as populações e grupos sociais que não são diretamente alvos de suas ações sociais. No intuito de estimular a responsabilidade social empresarial, uma série de instrumentos de certificação foi criada nos últimos anos. Entre algumas das certificações mais cobiçadas atualmente estão: a) AA1000 - criada em 1996 pelo Institute of Social and Ethical Accountability, de cunho social e enfoca principalmente a relação da empresa com seus diversos parceiros, ou “stakeholders”. Uma de suas principais características é o caráter evolutivo já que é uma avaliação regular (anual). b) SA8000 - A “Social Accountability 8000” é uma das normas internacionais mais conhecidas. Criada em 1997 pelo Council on Economic Priorities Accreditation Agency (CEPAA), enfoca, primordialmente, relações trabalhistas e visa assegurar 29 que não existam ações anti-sociais ao longo da cadeia produtiva, como trabalho infantil, trabalho escravo ou discriminação. c) ISO 14000 – é um sistema de gerenciamento ambiental, dividido em três seções que cobrem padrão inicial, implementação e avaliação de objetivos, permitindo que empresas do mundo todo avaliem a interatividade com o meio ambiente, de seus produtos, serviços e processos. d) GRI – Global Reporting Initiative desenvolve e elabora relatórios de sustentabilidade para empresas em todo o mundo, que desejam relatar suas atividades, produtos e serviços, como também ações de responsabilidade socioambientais, permitindo que sejam reconhecidas e valorizadas por seus stakeholders. Seus indicadores para a elaboração de relatórios abordam os três elementos inter-relacionados da sustentabilidade, tal como se aplicam a uma organização, conforme Quadro 1. Econômico Inclui, por exemplo, os gastos e benefícios, produtividade no trabalho, criação de emprego, despesas em serviços externos, despesas em investigação e desenvolvimento, investimentos em educação e outras formas de capital humano. O aspecto econômico inclui, embora não se limite só a ela, a informação financeira e respectivas declarações. Ambiental Inclui, por exemplo, impacto dos processos, produtos, serviços no ar, água, solo, biodiversidade e saúde humana. Social Inclui, por exemplo, o tratamento que se dá aos grupos minoritários e às mulheres, o trabalho feito em favor dos menores, a saúde e segurança ocupacionais, estabilidade do empregado, direitos laborais, direitos humanos, salários e condições de trabalho nas relações externas. Quadro 1 – Elementos e indicadores Fonte: www.globalreporting.org (apud Tinoco, 2004, p.283) Porém, estes dados por si não oferecem um panorama global das atividades da organização e só se tornam úteis quando relacionados com outros dados. Assim, a GRI estabeleceu uma hierarquia de elementos de informação para cada uma das dimensões de sustentabilidade, contemplando três níveis: categorias – áreas ou agrupamentos das questões econômicas, ambientais ou sociais que afetam as partes interessadas; aspectos – elementos relacionados com uma categoria 30 específica; e indicadores – valores específicos de um aspecto concreto que possam ser utilizados para acompanhar e demonstrar o desempenho, como demonstrado no Quadro 2. AMBIENTAIS ECONÔMICOS CATEGORIA ASPECTO Impactos econômicos diretos Clientes Fornecedores Empregados Fornecedores de capital Setor público Impactos econômicos indiretos Externalidades Ambientais Materiais Energia Água Biodiversidade Emissões, efluentes e resíduos Fornecedores Produtos e serviços Cumprimento legal/ambiental Transporte Global SOCIAIS Emprego Relação trabalhadores/gestão Práticas laborais e Saúde e segurança condições de trabalho Treino e educação Diversidade e oportunidades Direitos humanos Sociedade Estratégia e gestão Não-discriminação Liberdade de associação e negociação coletiva Trabalho infantil Trabalho forçado e compulsório Práticas disciplinares Práticas de segurança Direitos dos nativos Comunidade Suborno e corrupção Contributos políticos Competição e preços Saúde e segurança dos clientes Produtos e serviços Publicidade Respeito pela privacidade QUADRO 2 – Categorias e aspectos contemplados nas Diretrizes GRI - 2002 Fonte: www.globalreporting.org (apud Tinoco, 2004, p.284) Responsabilidade pelos produtos 31 2.4 Indicadores Ethos-Sebrae O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1998 e tem como missão mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus negócios de forma socialmente responsável. Dissemina a prática da responsabilidade social por intermédio de atividades de intercâmbio de experiências, publicações, programas e eventos voltados para seus associados e para a comunidade de negócios em geral. Para fortalecer o movimento pela responsabilidade social no Brasil, o Ethos concebeu os Indicadores Ethos como um sistema de avaliação do estágio em que se encontram as práticas de responsabilidade social nas empresas. Em 2003, o Instituto Ethos e o Sebrae desenvolveram duas publicações, com o objetivo de incentivar e contribuir para que a responsabilidade social empresarial (RSE) fosse incorporada pelas micro e pequenas empresas (MPEs). Uma destas publicações é a Ferramenta de Auto-avaliação e Planejamento – Indicadores Ethos-Sebrae de RSE para Micro e Pequenas Empresas. Para o Instituto Ethos e o Sebrae a responsabilidade social pode ser entendida como: Forma de gestão que se define pela relação ética da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (Ethos e Sebrae, 2003) Os indicadores ETHOS são uma ferramenta de autodiagnóstico para auxiliar as empresas a gerenciar os impactos sociais e ambientais decorrentes de suas atividades. Além de possibilitar a homogeneização dos conceitos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), os indicadores também sugerem parâmetros de políticas e ações que a empresa pode desenvolver para aprofundar seu comprometimento com a RSE. TEMA 1 – VALORES E TRANSPARÊNCIA Segundo o Instituto Ethos (2008), valores e princípios éticos formam a base da cultura de uma empresa, o que orienta sua conduta e fundamenta sua missão 32 social. Desta forma, o entendimento de RSE decorre da compreensão de que a ação das empresas deve buscar trazer benefícios para a sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados, promover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e trazer retorno para os investidos. São cinco os indicadores que fazem parte deste tema: compromissos éticos, práticas antipropina, práticas anticorrupção, balanço social, e governança corporativa. TEMA 2 – PÚBLICO INTERNO Para o Ethos (2008), a empresa socialmente responsável não se limita a respeitar os direitos dos trabalhadores, consolidados na legislação trabalhista, mas deve ir além e investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados, bem como a melhoria das condições de trabalho e no estreitamento de suas relações com os empregados. Também deve estar atenta para o respeito às culturas locais, revelado por um relacionamento ético e responsável com as minorias e instituições que representam seus interesses. Fazem parte deste tema, oito indicadores que são: cuidados com saúde, segurança e condições de trabalho, benefícios adicionais, critérios de contratação, valorização da diversidade e promoção da equidade, inclusão de pessoas com deficiência, relações com sindicatos, compromisso com o desenvolvimento profissional e a empregabilidade, acesso a informação. TEMA 3 – MEIO AMBIENTE A empresa deve criar um sistema de gestão que assegure que ela não contribui com a exploração predatória e ilegal de nossas florestas. Alguns produtos utilizados no dia-a-dia em escritórios e fábricas como papel, embalagens, lápis e outros têm uma relação direta com este tema e isso nem sempre fica claro para as empresas. A empresa ambientalmente responsável deve apoiar e desenvolver campanhas, projetos e programas educativos voltado para seus empregados, para a comunidade e para públicos mais amplos. São três os indicadores que fazem parte deste tema: gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente e do ciclo de vida de produtos e serviços, comprometimento da empresa com a melhoria da qualidade ambiental, e educação e conscientização ambiental. (ETHOS, 2008) 33 TEMA 4 – FORNECEDORES A empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e parceiros. Cabe à empresa transmitir os valores de seu código de conduta a todos os participantes de sua cadeia de fornecedores. Os quatro indicadores constantes deste tema são: critérios de seleção e avaliação de fornecedores, empregados dos fornecedores, responsabilidade social dos fornecedores, apoio ao desenvolvimento de fornecedores. (ETHOS, 2008) TEMA 5 – CONSUMIDORES E CLIENTES Segundo o Instituto Ethos (2008), a responsabilidade social em relação aos clientes e consumidores exige da empresa o investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços confiáveis, que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das pessoas em geral. A publicidade de produtos e serviços deve garantir seu uso adequado. Informações detalhadas devem estar incluídas nas embalagens e deve ser assegurado suporte para o cliente antes, durante e após o consumo. A empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas necessidades. Integram este tema cinco indicadores: excelência do atendimento, dúvidas, sugestões e reclamações, satisfação dos consumidores/clientes, política de comunicação comercial, e conhecimento e gerenciamento dos danos potenciais dos produtos e serviços. TEMA 6 – COMUNIDADE A comunidade em que a empresa está inserida fornece-lhe infra-estrutura e o capital social representado por seus empregados e parceiros, contribuindo decisivamente para a viabilização de seus negócios. O investimento pela empresa em ações que tragam benefícios para a comunidade é uma contrapartida justa, além de reverter em ganhos para o ambiente interno e na percepção que os clientes têm da empresa, pois ela tem o papel de agente de melhorias sociais. Fazem parte deste tema os indicadores: gerenciamento do impacto da empresa na comunidade de entorno, relações com a comunidade de entorno, estímulo ao trabalho voluntário, envolvimento da empresa com a ação social, relações com entidades beneficiadas, participação comunitária, e benefícios para o negócio. (ETHOS, 2008) 34 TEMA 7 – GOVERNO E SOCIEDADE Para o Ethos (2008), é importante que a empresa procure assumir o seu papel natural de formadora de cidadãos. Programas de conscientização para a cidadania e importância do voto para seu público interno e comunidade de entorno são um grande passo para que a empresa possa alcançar um papel de liderança na discussão de temas como participação popular e corrupção. Os indicadores referentes a este tema são: participação e influência social, envolvimento em campanhas políticas, participação e acompanhamento das administrações publicas, e melhoria de espaços públicos e apoio a iniciativas sociais governamentais. 2.5 Micro e Pequenas Empresas A classificação brasileira para micro e pequena empresa consta do Estatuto da Micro e Pequena Empresa, de 1999, instituído pela Lei Federal 9.841 de 05/10/1999, onde o critério adotado para conceituá-las é obtido pela faixa de faturamento anual bruto, cujos valores foram atualizados pelo Decreto número 5.028/2004, de 31 de março de 2004, conforme Quadro 3. FATURAMENTO Micro empresa Igual ou inferior a R$ 433.755,14 Pequena empresa De R$ 433.755,14 a R$ 2.133.222,00 Quadro 3: Classificação de micro e pequena empresa pelo faturamento Fonte: Sebrae (2007) Além do critério adotado no Estatuto da Micro e Pequena Empresa, o Sebrae utiliza ainda o conceito de número de funcionários nas empresas, principalmente nos estudos e levantamentos sobre a presença de micro e pequena empresa na economia brasileira, como é demonstrado no Quadro 4 abaixo: ATIVIDADES Indústria e construção Comércio e serviços MICROEMPRESA Até 19 pessoas PEQUENA EMPRESA De 20 a 99 pessoas Até 09 pessoas De 10 a 49 pessoas Quadro 4: Classificação de micro e pequena empresa por número de funcionários Fonte: Sebrae (2007) 35 A Constituição Federal de 1988 nos seus artigos 146, 170 e 179 contêm os marcos legais que fundamentam as medidas e ações de apoio às micro e pequenas empresas no Brasil. O artigo 170 insere as MPEs nos princípios gerais da ordem econômica, garantindo tratamento favorecido à essas empresas. O artigo 179 orienta as administrações públicas a dispensar tratamento jurídico diferenciado ao segmento, visando a incentivá-las pela simplificação ou redução das obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e de crédito por meio de leis, enquanto que o artigo 146 contém dois novos dispositivos, aprovados pela Reforma Tributária de 2003, prevendo que uma lei de hierarquia superior, a lei complementar, definirá tratamento diferenciado e favorecido para as MPEs, incluindo um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos estados e dos municípios, além de um cadastro unificado de identificação. O estudo de pequenos negócios é essencial para entendermos o desenvolvimento econômico nas várias regiões, já que em todo o mundo, estes são responsáveis pela maioria das empresas e postos de trabalho. No Brasil, segundo o Sebrae (2006), das 5,1 milhões de empresas formais, 98% são de micro e pequeno porte, responsáveis por 67% do pessoal ocupado no setor privado. É fundamental a compreensão da dinâmica dos pequenos negócios, afinal será este o grupo de empreendimentos responsável pela expansão do emprego e redução das desigualdades sociais. 36 3 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA UNI JÚNIOR Este capítulo serve para apresentar a Empresa UNI JÚNIOR – Orientação Empresarial que ofereceu suporte para a realização deste trabalho. Sua história e o papel exercido dentro da universidade, estrutura organizacional, missão, visão e objetivos. A empresa UNI JÚNIOR foi fundada em 20 de julho de 1995, na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, por uma turma de acadêmicos que tomou a iniciativa de visitar as universidades que já dispunham de empresas juniores em seus cursos, criando a prática do benchmarking. O apoio e suporte na instalação foram dados pela direção do CECIESA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Hoje a UNI JÚNIOR é uma associação civil, sem fins lucrativos que presta e desenvolve projetos para empresas, entidades e a sociedade em geral, cujo objetivo é a integração dos acadêmicos com o universo profissional, com o propósito de desenvolver o espírito crítico, analítico e empreendedor de seus alunos, facilitando o ingresso no mercado de trabalho. É mantida pela UNIVALI e administrada pelo CECIESA, sendo regida por regulamento e normas próprios, em um ambiente com características de empresas reais com uma estrutura organizacional bem reduzida, flexibilizando o desenvolvimento de suas atividades. Após a reformulação estatutária ocorrida em 2005, tem sua estrutura organizacional assim composta: • Conselho Administrativo • Responsável pela UNI JÚNIOR • Gerente Executivo • Departamento de Projetos (áreas Administrativa, logística, contábil e pesquisa de mercado) • Departamento de Marketing (Marketing interno e externo) • Membros Efetivos • Estagiário (extra curricular) A missão da UNI JÚNIOR é auxiliar no desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional dos alunos de graduação do CECIESA GESTÃO DA UNIVALI ITAJAÍ, através da prática dos princípios inerentes às ciências sociais e preceitos norteados pela ética, oportunizando ganhos aos acadêmicos e/ou empresários. 37 Sua visão consiste na satisfação às expectativas dos acadêmicos, universidade e empresários, como uma empresa júnior, referência em serviços (orientação e práticas de estágios). Complementando seu escopo, a UNI JÚNIOR tem assim definidos seus valores: 1. Atendimento aos desejos: a preocupação é satisfazer as necessidades de seus clientes. 2. Atenção: todos os clientes são iguais, portanto sendo tratados com a mesma consideração. 3. Humanismo: o ser humano é objetivo final e a medida de todos os atos praticados pela UNI JÚNIOR. 4. Responsabilidade Social: desenvolvimento da consciência do seu papel econômico tanto quanto de sua responsabilidade social. 5. Comprometimento: acredita que todos têm pleno comprometimento pela missão da UNI JÚNIOR. 6. Satisfação: criação de um ambiente agradável para o desenvolvimento das tarefas. 7. Disciplina: é o instrumento de coesão da equipe em busca dos objetivos da UNI JÚNIOR. A UNI JÚNIOR tem seus objetivos definidos conforme segue: • Proporcionar aos seus colaboradores as condições necessárias à aplicação prática de seus conhecimentos teóricos relativos à sua área de formação acadêmica e profissional. • Incentivar a capacidade empreendedora do profissional no âmbito acadêmico. • Realização de estudos, elaboração de diagnósticos e relatórios sobre assuntos específicos na área de atuação escolhida. • Assessorar na implantação de soluções indicadas para os problemas diagnosticados. • Valorizar alunos e professores da UNIVALI no mercado de trabalho e no âmbito acadêmico, bem como a referida instituição. 38 • Servir de campo de estágio, intermediando estágios para alunos do CECIESA. • Dar à sociedade um retorno dos investimentos que ela realiza na Universidade, por meio de serviços feitos por futuros profissionais dos cursos do CECIESA e UNIVALI. A UNI JÚNIOR iniciando nova gestão em 2008-1, vem promovendo mudanças na forma de atuação, por projetos, e para isso vem redesenhando o processo representado no Figura 5, abaixo. Figura 5: Macro processo Uni Junior Fonte: Uni Junior O macro processo representa, de maneira geral, como são realizadas as atividades de uma unidade produtiva, a partir da relação cliente-fornecedor. A Figura 5 representa o processo da Uni Junior e as relações clientes-fornecedores. No bloco central da figura está representada a estrutura da Uni Junior formada pelo professor 39 responsável, professor apoio de marketing, gerente executiva, os estagiários (consultores juniores) e os projetos em andamento. Macro processo é um processo que geralmente envolve mais que uma função na estrutura organizacional e sua operação têm impacto significativo no modo como a organização funciona. (MELLO et al, 2002, p.45 Os projetos são executados segundo o modelo de consultoria artesanal, visando atender as necessidades dos clientes. Os projetos são estruturados a partir da elaboração do seu escopo, definindo as necessidades do cliente e a equipe que irá atuar, sendo que, esta deverá incluir um professor orientador e os consultores juniores, que são escolhidos de acordo com seus conhecimentos específicos e habilidades. Consultoria artesanal é aquela que procura atender às necessidades da empresa-cliente por meio de um projeto baseado em metodologia e técnicas administrativas especificamente estruturadas para referida empresa-cliente, tendo, entretanto, sustentação de outras abordagens e modelos aplicativos em outras empresas. [...] as técnicas aplicadas surgem do conhecimento anterior do consultor, o qual efetua as adaptações necessárias para melhor atender às necessidades e expectativas específicas da empresa-cliente. (OLIVEIRA, 1999, p.55) No caso específico da UNI JÚNIOR, o consultor passa a ser o professor responsável ou um professor orientador alocado no projeto específico, que faz parte de um dos cursos do CECIESA: Administração, Logística, Contábeis ou Economia. Além dos projetos para as empresas-cliente, a UNI JÚNIOR desenvolve atividades de capacitação profissional, contribuindo para o processo de formação de futuros profissionais, vivenciando situações inerentes ao exercício da profissão e das exigências do mercado que o acadêmico enfrentará após a conclusão do curso. Nesta atividade é considerada a organização de cursos rápidos de formação complementar, tais como Excel básico; Ferramentas de excel para apoio à logística; Oratória; Uso da HP entre outros, além da participação na organização de seminários, palestras e cursos promovidos pelas coordenações dos cursos do CECIESA, tais como, Semana do CECIESA; Ciclo de Logística, entre outras atividades. Outra atividade que consome recursos da Uni Junior é a organização de viagens técnicas, programadas previamente pela equipe no início do semestre e aquelas para atender à solicitação de professores dos cursos de Administração e Logísticas, mais especificamente. 40 Todas as atividades exigem uma interação com outras áreas da UNIVALI, para encaminhamento dos projetos, solicitação dos recursos necessários para realização do evento, o faturamento dos projetos, pagamento de professores e outras necessidades. A UNI JÚNIOR atualmente tem em desenvolvimento e negociação, 20 consultorias. Já foram realizadas duas consultorias (CDL e construção civil). Conta ainda com 35 projetos em desenvolvimento e 16 realizados. 41 4 RESULTADOS DA PESQUISA Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa realizada nas MPEs de Itajaí, Santa Catarina, com a descrição do perfil dos empresários, dados das empresas, o comportamento do empresário acerca de práticas de RSE, as dificuldades enfrentadas para a adoção destas práticas e ainda as razões que os levam a atuar com responsabilidade social. A pesquisa foi realizada utilizando-se para a coleta de dados, um questionário, aplicado diretamente pela acadêmica, composto por três partes: Parte I – Dados da empresa/empresário: A primeira parte destina-se a esclarecer tempo e ramo de atividade da MPE, número de funcionários, número de funcionários, tipo de gestão, função ocupada pelo respondente e tempo, idade e formação escolar. Parte II – Práticas de Responsabilidade Social Empresarial As questões foram elaboradas a partir dos Indicadores Ethos-Sebrae, que são ferramentas de autodiagnóstico para auxiliar as empresas a gerenciar impactos sociais e ambientais decorrentes de suas atividades, permitindo a avaliação de seu desempenho em sete temas: valores e transparência, público interno, meio ambiente, fornecedores, consumidores e clientes, comunidade e governo e sociedade. Fazem parte destes temas, 36 indicadores, descritos no item 2.4 Indicadores Ethos-Sebrae, e para cada indicador, até dez itens. Como o objetivo da pesquisa era conhecer as práticas de responsabilidade social empresarial da MPEs, o método adotado foi uma questão para cada tema que tivesse a abrangência dos indicadores a ele relativos, como pode ser constatado no questionário em anexo. O empresário da micro ou pequena empresa foi caracterizado como socialmente responsável quando deu resposta afirmativa em, pelo menos, um dos temas abordados. 42 Parte III – Dificuldades e/ou motivação na adoção da RSE Neste item, duas questões foram analisadas. Uma quanto às dificuldades e/ou impedimentos encontrados pelos empresários para a adoção de práticas da responsabilidade social empresarial. A segunda questão referiu-se ao fator que motiva a adoção destas práticas. 4.1 Parte I – Dados da empresa/empresário Neste item encontram-se informações que permitem conhecer dados da empresa, bem como do empresário. 4.1.1 Tipo de Gestão das MPEs pesquisadas Quanto ao tipo de gestão, cem por cento (100%) da amostra caracterizou-se como empresa familiar. Neste sentido, Bornholdt (2005, p.34) destaca que uma empresa é familiar quando são identificados um ou mais dos seguintes fundamentos na organização: a) b) c) d) o controle acionário pertence a uma família e/ou a seus herdeiros; os laços familiares determinam a sucessão no poder; os parentes se encontram em posições estratégicas na empresa; as crenças e os valores da organização identificam-se com os da família; e) os atos dos membros da família repercutem na empresa, não importando se nela atuam; f) ausência de liberdade total ou parcial de vender suas participações/quotas acumuladas ou herdadas na empresa. A Figura 6 mostra a interação entre empresa e família, onde os três sistemas - família, sociedade e empresa – resultam em uma questão de padrão nas relações interpessoais. 43 Família e empresa Empresa e família Educação, formação, Saúde, sabedoria e discernimento Sobrevivência da empresa, continuidade e transgeracionalidade Desenvolvimento familiar, crescimento e capacidade de investimento Crescimento da empresa, fortalecimento e reconhecimento Estabilidade financeira, segurança, futuro/retorno Estabilidade da empresa, solidez e lucratividade Figura 6 – Interação entre empresa e família Fonte: Adaptado de Bornholdt (2005) A Figura 6 ilustra a interação entre a empresa e a família no sistema empresarial-societário-familiar e as coincidências e diferenças entre as famílias e as empresas. 4.1.2 Ramo de Atividade das MPEs pesquisadas Quanto ao ramo de atividade, a amostra é formada por empresas dos vários ramos de atividade: industriais, comerciais (varejista), bem como do setor de serviços. Segundo o SEBRAE, empresas industriais são aquelas que transformam matéria-prima em produtos semi-elaborados ou produtos finais ou modificam suas características, como é o caso de fábricas de móveis artesanais, roupas, esquadrias, computadores e calçados. Já as empresas comerciais são aquelas que adquirem produtos ou mercadorias para comercializá-las no mercado, podendo ser no atacado ou varejo (no comércio varejista, do qual fazem parte algumas das empresas 44 pesquisadas, estão as mercearias, padarias, lojas de conveniência e comércio em shopping centers) e no setor de serviços se dá a exploração de atividades que envolvem a realização de trabalho e oferta de mão-de-obra (restaurantes, lanchonetes, hotéis, cinemas, conserto de roupas, oficina de reparo de automóveis). Para a realização da pesquisa, foram convidadas e aceitaram participar 18 empresas. Procurou-se reunir MPEs de diferentes ramos de atividade, conforme relacionado abaixo: a) Empresas industriais: Confecção de roupas; Confecção de uniformes esportivos Indústria de esquadrias; Manuseio de mármore e granitos b) Empresas comerciais varejistas: Comércio de couro e calçados; Comércio de roupas e artigos esportivos; Comércio de piscinas; Comércio de combustíveis; Revenda de caminhões; Artesanato; Açougue; Agropecuária; Mercearia; Panificadora c) Setor de Serviços: Lanchonete; Pet shop 45 4.1.3 Distribuição das MPEs pesquisadas por gênero O Gráfico abaixo mostra a distribuição do comando das MPEs pesquisadas quanto ao gênero. 44% 56% Masculino Feminino Gráfico 1 – Distribuição dos empresários por gênero Fonte: Dados primários A distribuição dos empresários de micro e pequenas empresas quanto ao gênero é de 56% de homens e 44% de mulheres. Este resultado chama a atenção em alguns aspectos, principalmente na participação crescente da mulher à frente dos negócios. O dado apurado reflete pesquisa divulgada no início deste ano revelando que as mulheres já compõem a maioria entre os empreendedores nacionais. Segundo o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), apud Revista Veja Especial Mulher, de junho de 2008, 52% dos negócios nacionais, sejam eles recentes, estabelecidos ou informais, são comandados por mulheres. Em 2001 quando o IBPQ realizou a pesquisa pela primeira vez, esta participação era de 29%. Outro aspecto relevante constatado pela pesquisadora é que a mulher é mais atenta ao que ocorre tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo da empresa, desde a preocupação com o bem-estar dos funcionários ao relacionamento com seus parceiros (clientes, fornecedores) e também com o meio ambiente. 46 4.1.4 Tempo de atividade das MPEs pesquisadas O Gráfico 2 mostra o tempo de atuação das MPEs pesquisadas no mercado de Itajaí. 40 35 30 25 20 15 10 5 0 até 5 anos de 6 a 10 anos de 11 a 15 anos MASCULINO de 16 a 20 anos de 21 a 30 anos FEMININO de 31 a 40 anos mais de 51 anos TOTAL Gráfico 2 – Distribuição das MPEs por tempo de atividade Fonte: dados primários O tempo de atividade das MPEs pesquisadas varia de 5 anos a 53 anos de atividade no município de Itajaí, conforme mostra o Gráfico 2. Do total, 28% estão estabelecidas no município entre 11 e 15 anos, seguidas de 22% de 6 a 10 anos e 17% de 16 a 20 anos. Até cinco anos e com mais de 51 anos o percentual é de 6%. Classificando os empresários por gênero, percebe-se que MPEs que têm mulheres proprietárias e/ou sócias representam 37,5% da amostra na faixa de 11 a 15 anos e de 25% para a faixa de 6 a 10 anos, enquanto que para o sexo masculino é de 20%. Para as mulheres, as faixas de até cinco anos, de 16 a 20 e de 31 a 40 anos representam 12,5% e os homens ficam com 20% e 10% e com o tempo de atividade superior a 51 anos, o sexo masculino representa 6%. 47 4.1.5 Distribuição dos empresários por grau de escolaridade O Gráfico 3 ilustra a distribuição dos empresários pesquisados pelo grau de escolaridade. 62,5 70 60 50 50 40 30 44 39 30 25 20 11 20 12,5 6 10 0 Fundamental Médio Superior MASCULINO FEMININO Pósgraduação TOTAL Gráfico 3 – Distribuição da amostra pelo grau de escolaridade Fonte: Dados primários Quanto ao grau de escolaridade, o Gráfico 3 demonstra que 44% dos empresários das MPEs possuem curso superior, 39% concluíram o ensino médio e 11% possuem o ensino fundamental, sendo que dois deles estudaram até a quarta série desta etapa. Os dados mais expressivos são encontrados quando o grau de escolaridade é analisado segundo o gênero, onde 62,5% das mulheres possuem o curso superior contra 30% dos homens. Porém, 12,5% das mulheres fizeram um curso de pósgraduação. Enquanto 20% dos empresários do sexo masculino concluíram o ensino fundamental, as mulheres possuem, no mínimo, o ensino médio. 48 4.1.6 Distribuição dos empresários pela faixa etária O Gráfico 4 ilustra a distribuição dos empresários pesquisados pela faixa etária. 70 62,5 60 44 50 40 30 30 20 25 22 20 20 10 12,5 20 11 11 51-60 anos 61-70 anos 11 10 0 20-30 anos 31-40 anos 41-50 anos MASCULINO FEMININO TOTAL Gráfico 4 – Distribuição dos empresários pela faixa etária Fonte: Dados primários O gráfico acima mostra que do total dos empresários entrevistados, 44% estão na faixa etária entre 41 e 50 anos de idade e que 22% estão entre 20 e 30 anos, enquanto que nas demais faixas (31-40, 51-60 e 61-70 anos) este percentual é de 11%. Quando a análise é efetuada considerando-se o gênero, na faixa de idade de 41-50 anos, encontram-se 30% dos empresários do sexo masculino e 62,5% do sexo feminino. De 20 a 30 anos os homens atingem 20% enquanto que as mulheres perfazem 25% e de 31 a 40 anos, os percentuais são respectivamente 10% e 12,5% para homens e mulheres. Já, se a faixa é de 51-60 anos e 61-70 anos, o percentual de homens é de 20% para cada faixa, enquanto que não são registradas mulheres com estas idades. 49 4.2 Parte II – Práticas de Responsabilidade Social Empresarial A parte II do questionário foi composta por perguntas abertas, em número de nove, sendo que os temas Valores e transparência e Clientes e consumidores foram compostos por duas perguntas e os demais, por apenas uma. 4.2.1 Distribuição quanto à aplicação da RSE A análise do gráfico permite algumas reflexões importantes sobre o posicionamento das MPEs acerca de práticas socialmente responsáveis. O total da amostra (100%) foi caracterizado como socialmente responsável mostrando adotar práticas de responsabilidade social empresarial. Isto se explica pelo fato dos empresários terem respondido afirmativamente a pelo menos uma das questões do questionário, advindas de qualquer um dos sete temas//indicadores Ethos-Sebrae, bem como, saber justificar sua resposta de acordo com a pergunta formulada. No entanto, houve a necessidade de filtragem de algumas respostas afirmativas, adotando-se critérios em função da percepção da pesquisadora em relação aos comentários informais dos entrevistados como é explicado no quadro abaixo. Resposta obtida Resposta considerada A Explicou adequadamente como o indicador é aplicado SIM SIM B Quando não soube ou não quis justificar a resposta SIM NÃO C A ação praticada é imposta pela legislação vigente SIM NÃO D Na questão referente ao indicador que diz respeito ao público interno, a ação praticada é dirigida somente aos familiares (filhos, noras, netos) SIM NÃO Quadro 5 – Critérios adotados para filtragem de respostas Fonte: Adaptado de Bernardes (2006) 50 No item B do Quadro 5, o empresário respondeu afirmativamente a pergunta, porém não soube justificar sua resposta, demonstrando desconhecer sobre o que poderia ser feito sobre a questão apresentada. O item C refere-se ao fato de a MPE cumprir apenas o que dispõe a legislação vigente. Também neste caso, quando tem como fornecedores grandes empresas nacionais ou multinacionais com atividades, sobre as quais incidem rigorosas leis, que repassam e cobram o cumprimento de seus clientes. Quanto ao item D, foi constatado que em MPEs onde familiares (filhos, netos, noras) fazem parte do quadro funcional, devidamente registrados de acordo com a legislação trabalhista, recebem, além dos benefícios legais, bolsas de estudo, planos de saúde, tratamentos odontológicos e cursos de aperfeiçoamento como inglês. Os demais funcionários não têm os mesmos benefícios. Neste caso, a resposta obtida foi SIM, porém foi considerada como NÃO. O Gráfico 5 mostra a participação das responsabilidade social empresarial. MPEs nas práticas de 51 FORNECEDORES 33% GOVERNO E SOCIEDADE 50% VALORES E TRANSPARÊNCIA 89% MEIO AMBIENTE 89% COMUNIDADE 100% CONSUMIDORES E CLIENTES 100% PÚBLICO INTERNO 78% Gráfico 5 – Distribuição quanto à aplicação da RSE Fonte: Dados primários O gráfico 5 mostra, em cada um dos Indicadores Ethos-Sebrae, o comportamento dos empresários. A análise do que é mostrado neste gráfico será feita a partir de cada tema, de acordo com as respostas dos empresários. Indicadores de desempenho referentes aos Valores e Transparência Este tema aborda sobre os valores e princípios éticos que orientam a missão social da organização. A empresa deve ter um instrumento de realização da visão e missão da empresa como um código de ética ou de compromisso social. A formalização destes compromissos é importante para que a empresa possa se comunicar de forma consistente com todos os seus parceiros. A publicação ETHOS/SEBRAE recomenda que os valores e princípios sejam explicados aos seus 52 funcionários e clientes, de preferência por escrito e expostos em lugar visível da empresa. A pesquisa mostrou que a totalidade das MPEs que adota esta prática (Diretriz 1) não possui descritos formalmente sua missão, visão, valores e princípios, porém 89% dos entrevistados desenvolvem o hábito de discutir estes valores, principalmente com seus funcionários, em reuniões periódicas e dizem passar a existência de tais valores para seus parceiros. Por outro lado, 11% afirmam ter seus próprios valores, porém não repassa para seus funcionários. Neste sentido, Bornholdt (2005) ressalta que “algumas empresas possuem valores, muitas vezes não explicitados, mas usados ao longo de sua história”. Cita ainda que “outras empresas definem alguns valores, explicitando-os por serem praticados”. Estes valores, no entanto, são constantemente enfatizados, repetidos e cobrados, como “respeito ao cliente, qualidade, produtividade, clima, inovação e organização”. Indicadores de desempenho referentes ao Público Interno Para o Ethos-Sebrae, esta diretriz refere-se ao respeito ao indivíduo, mas, principalmente, que a empresa não se limite a respeitar apenas os direitos dos trabalhadores que estão consolidados na legislação trabalhista. Deve estender-se também ao desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados, respeitando as culturas, a diversidade oferecendo oportunidades iguais às pessoas. Assim, a pesquisa revelou que 78% dos empresários de MPEs da amostra, de alguma forma, procuram manter bom relacionamento com seus funcionários, oferecendo benefícios além dos que exige a legislação trabalhista vigente. Dentre estes benefícios, podem ser citados prêmios motivacionais, cursos, tanto para auxiliar no desenvolvimento profissional, como também, cursos para o desenvolvimento pessoal. Quanto à saúde e bem-estar auxiliam com plano de saúde (11%); preocupação com trabalhos em locais insalubres, promovendo o rodízio de pessoas na função. Demais benefícios citados são: cestas básicas, auxílio transporte, auxílio alimentação, 14º salário. Indicadores de desempenho referentes ao Meio Ambiente Neste tema é tratado o compromisso com a melhoria da qualidade ambiental e a educação e conscientização ambiental. Isto diz respeito à observação desde 53 produtos utilizados no dia-a-dia no escritório, como papel, embalagens, lápis e outros materiais utilizados até a consciência do consumo de energia elétrica, água e insumos necessários para a realização das atividades da empresa. A pesquisa mostrou que 89% da amostra pesquisada demonstram ter práticas relacionadas à melhoria do meio ambiente. As práticas utilizadas são: a) coleta seletiva do lixo; b) utilização de material para escritório reciclado. c) reciclagem do resíduo gerado pela atividade da empresa, como é o caso de óleo vegetal utilizado em restaurante que é recolhido por empresa especializada em reciclagem deste material, assim como no posto de combustíveis, onde o óleo residual dos veículos também é recolhido por outra empresa. d) poço artesiano com o objetivo da utilização da água para conservação e limpeza. e) cisterna para captação de água da chuva (instalado em duas empresas de diferentes ramos de atividade) f) digitalização de documentos para evitar impressão. Ainda em relação às ações dos empresários consultados, em uma das empresas, a proprietária já tem o projeto para a perfuração de poços de monitoramento do lençol freático, sendo que a execução se dará nos próximos meses. Segundo a empresária, a legislação não impõe tal medida, mas é uma obrigação que tem para com a comunidade. Indicadores de desempenho relacionados aos Fornecedores Indicam o envolvimento do empresário com seus fornecedores e parceiros, no cumprimento de contratos, transmissão do código de conduta. A empresa deve selecionar e avaliar seus fornecedores utilizando critérios voltados à responsabilidade social. Sobre este tema, a pesquisa mostrou que 33% dos entrevistados afirmaram só contratar ou estabelecer parcerias com empresas e fornecedores que respeitam as leis ambientais e trabalhistas. Já 11% dos consultados disseram não seguir estes princípios, enquanto que 56% afirmaram não ter conhecimento sobre a forma com que seus fornecedores administram seus negócios, pois são os fornecedores autônomos ou empresas de grande porte e até mesmo multinacionais. 54 Indicadores de desempenho relacionados aos Consumidores e Clientes Neste tema, a responsabilidade social empresarial faz referência ao desenvolvimento ou comercialização de produtos e serviços confiáveis, que não causem danos à saúde e segurança do consumidor. Ainda, deve a empresa, adotar uma política de comunicação que não engane o consumidor quanto aos atributos de seu produto e que informe corretamente os riscos de uso. Nesta questão, a totalidade da amostra (100%) afirmou adotar regras de qualidade e segurança para os produtos oferecidos. Quando o produto oferecido é fornecido por grandes organizações, esta publicidade já é realizada por elas, mas o empresário da MPE garante toda a assistência e o contato com o fornecedor na defesa do consumidor. Quanto a possuir um canal de comunicação com o cliente, pelo porte, não é possível, por exemplo, manter um serviço de atendimento ao consumidor. Desta forma, dependendo do produto ou serviço oferecido, o próprio empresário estabelece contato com seu cliente, fazendo um trabalho de pós-venda. A comunicação com o cliente, muitas vezes se dá por telefone, e-mail, Orkut e mesmo a utilização do MSN, seja para informar sobre novos produtos, promoções, horário de atendimento. Da mesma forma o cliente poderá fazer suas observações utilizando-se dos mesmos meios. Indicadores de desempenho relacionados ao tema Comunidade Para o Ethos-Sebrae, este tema está relacionado à contrapartida que a empresa deve oferecer à comunidade onde está inserida. Deve a empresa respeitar as normas e costumes locais, investir em ações que tragam benefícios para esta comunidade e ter uma interação com grupos locais a fim de solucionarem problemas comunitários. A pergunta feita aos empresários foi se a empresa participa ativamente da comunidade por meio de apoio a instituições ou projetos comunitários; se participa de reuniões com lideranças locais, se apóia eventos comunitários ou se contrata preferencialmente produtos, serviços e mão-de-obra local. A totalidade da amostra (100%) afirmou participar da comunidade. As formas de participação citadas foram: a) auxílio a instituições de caridade; b) participação ativa em órgão de apoio aos empresários, com envolvimento em decisões de melhorias para a comunidade; 55 c) participação em associações que incentivam esportes em comunidades carentes, atuando como instrutores; d) trabalhos com menores aprendizes em diversas profissões; e) atuação em creches e igrejas; f) participação em ONGs; g) atuação em associação de moradores. Indicadores de desempenho relacionados ao tema Governo e Sociedade Segundo os Indicadores Ethos-Sebrae para Micro e Pequenas Empresas, este tema diz respeito à construção da cidadania pelas empresas, assumindo estas, o papel de formadora de cidadãos. Fazem parte deste tema a transparência política, práticas anticorrupção e propina. Cabe ainda à empresa participar de associações, sindicatos, fóruns empresariais para que as propostas de melhoria de espaços públicos sejam feitas em conjunto. Em resposta à questão formulada se a empresa ajuda a promover o bem comum por meio de posicionamento político claro e por meio de participação de fóruns decisórios locais, o resultado da pesquisa foi de 50% para respostas afirmativas e 50% para respostas negativas. As justificativas dos empresários que responderam afirmativamente à questão são de que procuram orientar seus funcionários em épocas de eleição e que permitem a discussão sobre o assunto em local de trabalho. Para os que responderam que não, justificaram que não querem envolvimento com política. Percebe-se neste ponto, a confusão que é feita entre posicionamento político claro, de esclarecimento aos funcionários da importância do voto e que este ato faz parte da cidadania e a política partidária. 4.3 Parte III - Problemas/dificuldades para a adoção da prática de RSE Nesta parte, são apresentados os problemas ou as dificuldades encontradas pelos empresários pesquisados para a adoção de práticas responsáveis, bem como o que os motiva a adotarem estas práticas. socialmente 56 4.3.1 Problemas encontrados para a adoção da RSE No Gráfico 6, encontram-se relacionados os problemas encontrados pelos empresários pesquisados para a adoção de práticas de responsabilidade social empresarial. familiar/pessoal recursos humanos recursos financeiros não tem dificuldades outros não sabe/não respondeu 0% 10% 20% 30% 40% Gráfico 6 – Problemas encontrados para implementação da RSE Fonte: Dados primários Neste item os empresários puderam responder, utilizando-se de mais de uma alternativa, sobre os problemas enfrentados para a aplicação de práticas referentes à responsabilidade social empresarial em suas empresas. Foram utilizadas as categorias familiar/pessoal, recursos humanos, recursos financeiros, não tem dificuldades, outros, e não sabe/não respondeu. Pela análise do Gráfico 6, o fator mais expressivo (33%) das alegações apresentadas pelos empresários pesquisados que dificulta ou mesmo impede uma 57 tomada de decisão quanto à prática da RSE está diretamente ligado aos recursos financeiros, seja para aplicação na estrutura física do empreendimento ou em um meio de comunicação mais direto com seu consumidor ou ainda na contratação de pessoal mais qualificado ou com nível de escolaridade mais alto. O fator recursos humanos é outra dificuldade apontada pelos empresários está relacionada (28% das alegações). A justificativa é o número insuficiente de pessoas ou a pouca qualificação e falta de interesse destes para com qualquer atividade adicional e na dificuldade de conscientização do grupo. A dificuldade no nível familiar/pessoal (17% das indicações) diz respeito, principalmente, a gestão da empresa. A maior dificuldade dos filhos que atuam nas MPEs é fazer com que o fundador (pai) aceite mudanças. Nesta situação, para evitar conflitos, mesmo que estejam à frente do negócio, os filhos cedem, deixando de adotar medidas que consideram necessárias para a melhoria do empreendimento. Isto é explicado por Bornholdt (2005, p.161), “a preservação da ideologia garante a continuidade de um legado, a preservação de uma dinastia e a perpetuidade de uma estrutura familiar e empresarial”. Complementa alegando que os produtos vêm e vão, assim como os negócios, porém, a família permanece. Porém, à medida que os herdeiros ficam adultos e constituem novas famílias, surgem novas expectativas e necessidades. Novos valores surgem. Alguns deles distantes em relação à cultura inicial dos empreendedores. Nas demais categorias, 22% dos pesquisados alegaram não ter dificuldades para a implementação de práticas de RSE e 17% não souberam ou não responderam. Em Outros (28%) de indicações, as justificativas apontadas foram falta de tempo do empresário; falta de conhecimento sobre o assunto; falta de acesso à informações que os permita adotar práticas socialmente responsáveis; e ainda um empresário, por fazer parte de um centro comercial, não lhe é permitido, por exemplo, separar o lixo para reciclagem. Mostrou-se indignado, mesmo porque não existem recipientes separados para a coleta do lixo, ou seja, qualquer que seja a sua natureza, o depósito é um só. 58 4.3.2 O que motiva a adoção da RSE O Gráfico 7 mostra, segundo a pesquisa, o que motiva o empresário a praticar ações de responsabilidade social. ética pessoal satisfaçao do empresário imagem da empresa relaçao comunidade relaçao funcionários relação clientes não sabe/não respondeu 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Gráfico 7 – Motivos para a adoção da RSE Fonte: Dados primários O Gráfico 7 mostra as motivações que levam os empresários pesquisados a praticarem ações de RSE de acordo com seu grau de preferência. Cada empresário relacionou mais de uma resposta. Na análise do gráfico acima, observou-se que as motivações para o empresário da MPE investir em ações socialmente responsáveis são diversas: ética pessoal, satisfação individual, melhoria na imagem da empresa, melhoria na relação com a comunidade, melhoria na relação com os funcionários, melhoria na relação com os clientes. No entanto, a busca da satisfação pessoal (56%) merece destaque como um dos principais fatores que motivam o empresário a investir em ações sociais. Isto é explicado por Melo Neto (2004, p.167), como “tal fato reforça a idéia da 59 predominância do modelo assistencialista, do tipo mecenato, em gestão social das empresas brasileiras”. A ética pessoal recebeu 56% de indicações como fator motivador para a adoção de práticas socialmente responsáveis pelas MPEs pesquisadas. Segundo Bornholdt, “cada pessoa, em sua individualidade, possui crenças e valores pessoais diferentes”. Inseridas num grupo, estes valores permanecem, no entanto surgindo novos valores com os quais há uma identificação. O terceiro fator mais apontado é melhorar a imagem da empresa com um grau de preferência de 28%. Em função da relação com a comunidade e com os clientes, este grau é de 22%. Igualmente na melhoria no relacionamento com os funcionários (22%), comentam resultar em um maior envolvimento do empregado com a empresa. E, 11% dos empresários que não souberam ou não responderam. 4.3.3 Sugestões A pesquisa realizada junto às micro e pequenas empresas de Itajaí permitiu conhecer as empresas que, segundo os critérios Ethos-Sebrae, aplicam a responsabilidade social empresarial. No entanto, muitos destes empresários afirmaram que gostariam de incorporar ou aplicar a RSE em suas empresas, porém desconhecem quais as ações poderiam ser adotadas, as razões e benefícios para seu negócio e seus stakeholders. A reclamação principal foi a falta de informações sobre o assunto e onde encontrá-las. A UNI JÚNIOR é uma empresa que busca o desenvolvimento pessoal e profissional dos alunos do CECIESA GESTÃO, da Univali, assim como participa da comunidade empresarial representada pela Associação Comercial e Industrial de Itajaí, Intersindical e CDL e da comunidade em geral, onde presta seus serviços de consultoria empresarial. Assim, as sugestões oferecidas a UNI JÚNIOR são: Responsabilidade Social Empresarial Quando da prestação de serviços de consultoria às empresas que a procuram, seja para implantação de um negócio, diagnóstico empresarial ou em ações de melhoria, a UNI JÚNIOR poderá também incluir o item Responsabilidade 60 Social Empresarial, utilizando como parâmetros os Indicadores Ethos-Sebrae de Responsabilidade Social Empresarial, destinados a promover atitudes que reforcem a consciência e a prática de cidadania dentro e fora da empresa, tendo, além dos objetivos econômicos, objetivos sociais e ambientais, indispensáveis para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Quanto a RSE, as empresas tomarão conhecimento das ações socialmente responsáveis que poderão adotar a fim de melhorar seu desempenho, assim como os benefícios gerados. Muitas destas ações poderão ser implantadas de acordo com o desenvolvimento organizacional. Valores e Transparência O exercício da RSE quanto ao tema Valores e Transparência fundamenta-se em uma filosofia empresarial, onde são especificados missão, visão, valores e princípios que deverão ser definidos e divulgados aos seus stakeholders, norteando a vida da empresa. Os benefícios advindos desta prática de RSE resultam na melhoria da qualidade, diferenciando os serviços da empresa socialmente responsável das demais, ocasionando aumento da produtividade e competitividade. As ações de gestão de responsabilidade social empresarial baseadas em valores e transparências são representadas na figura abaixo. Figura 7 – Ações de gestão de RSE – Valores e Princípios Fonte: Melo Neto (2004, p.194) 61 Público Interno Sobre este item, a empresa toma conhecimento que além de cumprir as obrigações determinadas por lei, deve preocupar-se também em oferecer aos seus funcionários: um ambiente físico agradável e seguro (saúde, segurança e condições de trabalho); não permitir qualquer tipo de discriminação quanto ao gênero, raça, idade, crenças religiosas, orientação sexual e deficiência física; valorizar e incentivar o desenvolvimento profissional; incentivar o envolvimento de seus empregados na solução de problemas da empresa. As ações de gestão de RSE baseadas no público interno estão representadas na Figura 8. Figura 8 – Ações de gestão de RSE – Público interno Fonte: Melo Neto (2004, p.194) 62 Meio Ambiente A empresa deve ter o compromisso com a melhoria da qualidade ambiental e à educação e conscientização ambiental. As ações previstas são: coleta seletiva de lixo; redução do consumo de papel, energia e água; favorecimento aos fornecedores que utilizam práticas de preservação ambiental; cuidados nas saídas do processo produtivo como mercadorias, embalagens e os materiais não utilizados (podem poluir ar, água e solo). A figura 9 mostra as ações referentes ao meio ambiente. Figura 9 – Ações de gestão de RSE – Meio Ambiente Fonte: Melo Neto (2004, p.194) 63 Fornecedores No relacionamento com os fornecedores, a empresa deve adotar critérios de seleção, avaliação e parceria – fazer acompanhamento e avaliação dos princípios e valores por eles adotados, exigindo padrões de conduta nas relações com os empregados e com o meio ambiente. Deve também apoiar fornecedores oriundos da economia social e popular. Estas ações estão definidas na figura 10. Figura 10 – Ações de gestão de RSE – Fornecedores Fonte: Melo Neto (2004, p.194) Consumidores e Clientes Segundo os Indicadores Ethos-Sebrae, o item Consumidores e Clientes compreende as seguintes ações: comunicação com os clientes (informações úteis, canal aberto para reclamações, elogios e sugestões, instruções e avisos úteis na embalagem do produto, informando corretamente os riscos potenciais; identificação e solução de problemas levantados pelos clientes estipulando metas e prazos para 64 solucionar os problemas; esclarecimento às dúvidas dos clientes; combate às práticas de manipulação publicitária e de propaganda enganosa; e prevenção e preservação da saúde dos clientes. A figura 11 mostra as práticas de RSE referentes aos consumidores/clientes. Figura 11 – Ações de gestão de RSE – Consumidores e Clientes Fonte: Melo Neto (2004, p.194) Comunidade Estando a empresa inserida na comunidade, deve respeitar as normas e costumes locais, gerenciando o relacionamento, consciente de que deve evitar ou minimizar impactos negativos que suas atividades possam causar; adotar práticas de gestão que beneficiem o desenvolvimento local - priorizando os empreendedores locais e contratando empregados que residam nas proximidades; incentivar o trabalho voluntário de seus empregados na comunidade; procurar beneficiar e apoiar entidades locais. Estas ações são descritas na figura 12. 65 Figura 12 – Ações de gestão de RSE – Comunidade Fonte: Melo Neto (2004, p.194) Governo e Sociedade Aqui a empresa toma consciência da importância de sua participação em associações, sindicatos e fóruns empresariais, impulsionando a elaboração conjunta de propostas de interesse público e caráter social. Também é socialmente responsável quando pratica ações de conscientização cívica como: incentivo ao voto consciente e à prática da cidadania; incentivo aos funcionários para uma participação mais efetiva na vida social e política da comunidade e do país; colaboração na melhoria dos espaços públicos da região (escolas, praças, áreas verdes, postos de saúde e outros). Estas ações são representadas na figura 13. 66 Participação: organizações empresariais Melhoria do patrimônio público Ações de apoio ao governo e à sociedade Construção da cidadania Promoção da cidadania entre seus funcionários Figura 13 – Ações de gestão de RSE – Governo e Sociedade Fonte: Melo Neto (2004, p.194) Cursos dirigidos às MPEs A UNI JÚNIOR poderá promover cursos dirigidos às MPEs, buscando o apoio de organizações como a Associação Comercial e Industrial e Itajaí, Intersindical e CDL entre outras, para a disseminação da responsabilidade social empresarial, baseando-se nos Indicadores Ethos-Sebrae, uma vez que estes sugerem parâmetros de políticas e ações para que as MPEs possam ter um comprometimento maior com a RSE, permitindo maior integração da empresa com a comunidade. 67 5 CONSIDERAÇOES FINAIS A proposta deste trabalho foi conhecer o comportamento dos empresários de micro e pequenas empresas de Itajaí sobre a aplicação de ações de RSE que levam as MPEs a serem consideradas socialmente responsáveis, seus problemas e dificuldades para implementação destas ações, bem como, o que os motiva a adotarem tais práticas. Os objetivos propostos foram alcançados, com a descrição das ações de RSE praticadas nas MPEs de Itajaí, bem como os objetivos específicos – buscando atender ao objetivo maior onde foram descritos os Indicadores Ethos-Sebrae, foram identificados o perfil dos empresários das MPEs que aceitaram participar da pesquisa, assim como também foram identificados os problemas e dificuldades enfrentados pelos empresários para a prática da RSE. Ainda foram relacionadas as razões que levam estes empresários a adotar e atuar com responsabilidade social. Quanto ao problema de pesquisa, fica claro que as MPEs de Itajaí praticam ações de RSE, em maior ou menor grau e que os fatores que influenciam nesta tomada de decisão são de ordem pessoal, ética, melhoria da imagem institucional. No que diz respeito aos aspectos metodológicos, a aplicação de questionário junto aos proprietários/gestores das MPEs, com nove perguntas diretas permitiu um bom retorno já que a acadêmica percebia o entendimento dos empresários às questões pelas justificativas apresentadas. O único entrave se deu pela demora na aplicação, no sentido de encontrar o empresário, mesmo agendando data e horário. Para o desenvolvimento da pesquisa, no que se refere à fundamentação teórica, existe farto material sobre o assunto seja em livros, sites na Internet (nacionais e internacionais), artigos, assim como vários trabalhos que exploram o tema, mesmo que sob diferentes enfoques. Os resultados surpreenderam e ao mesmo tempo é relevante enfatizar que o diagnóstico obtido dessa amostra de micros e pequenas empresas pode ser generalizado para as demais MPEs brasileiras, pois confirmam pesquisas já realizadas em municípios de outros estados, muitas delas de cunho predominantemente quantitativo. Comprovou-se, a exemplo de outros trabalhos, que a atuação da mulher frente aos negócios vem crescendo rapidamente e também em relação ao grau de escolaridade, superior ao dos homens. Outro aspecto relevante é 68 que nesta pesquisa nenhuma MPE tenha formalmente definidos seus valores e princípios e o mesmo resultado é constatado em outras pesquisas no Brasil. Ficou claro que a gestão da MPE é intuitiva onde ficaram demonstradas as principais deficiências das empresas quanto ao conhecimento de questões importantes, como é o caso da responsabilidade social empresarial. A finalidade do trabalho foi fornecer a UNI JÚNIOR subsídios para promover cursos dirigidos às MPEs, buscando apoio da ACII, CDL, Intersindical, entre outros. Mas, principalmente levar às empresas as quais presta consultoria, seja na implantação do negócio, no diagnóstico empresarial ou em ações de melhoria, a disseminação da RSE, possibilitando que os empresários atuais e os que pensam em abrir um negócio tenham conhecimento e possam adotar ações que levam a uma sociedade sustentável. 69 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias. Rio de Janeiro: Campus, 2003. BARBETTA, Pedro Alberto, Estatística Florianópolis: Ed. da UFSC, 1999. Aplicada às Ciências Sociais. BERNARDES, Bruno Q.T. Responsabilidade Socioambiental das Micro e Pequenas Empresas do DF. Dissertação de Mestrado. Brasília, DF, 2006 BORNHOLDT, Werner. Governança na empresa familiar: implementação e prática. Porto Alegre: Bookman, 2005. CERTO, Samuel C. Administração Moderna. 9a ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. ETHOS; SEBRAE (2003). Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas: passo a passo. 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As informações prestadas e os dados de sua empresa serão tratados de maneira sigilosa. PARTE I – Dados da empresa/empresário Empresa: Tempo Atividade: ano (s) Nº funcionários Diretos Bairro: Ramo de Atividade: Endereço: Tipo de gestão: ( ( ( ) familiar ) mista ) profissional Função de informante: Idade: Formação escolar: anos Tempo função: Sexo: ( ) M ( ) F ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior ( ) Pós-graduação ano(s) 73 Parte II – Práticas de responsabilidade social empresarial 1. Valores e transparência 1 Os valores e princípios da empresa existem em documento formal? São de conhecimento de seus funcionários? 2 Estes valores estão disponíveis também para seus fornecedores, clientes e comunidade? SIM NÃO NS/ NR Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. 3 Empregados SIM NÃO NS/ NR Além de cumprir a legislação trabalhista a sua empresa faz algo a mais pelos empregados? Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. 4 Meio ambiente SIM NÃO NS/ NR A sua empresa ajuda a manter o meio ambiente saudável? Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4. 5 Parceiros e Fornecedores SIM NÃO NS/ NR A sua empresa só compra, contrata ou estabelece parcerias com empresas e fornecedores que respeitam as leis ambientais e trabalhistas? Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 74 5. 6 7 Clientes e consumidores SIM NÃO NS/ NR A sua empresa adota alguma regra de qualidade e de segurança para os produtos ou serviços oferecidos? A sua empresa possui algum canal de comunicação com seus consumidores/clientes? Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6. 8 Comunidade A sua empresa participa apoio a instituições ou reuniões com lideranças contratação preferencial local? SIM NÃO NS/ NR ativamente da comunidade por meio de projetos comunitários; participação em locais; apoio a eventos comunitários ou de produtos, serviços e mão-de-obra Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7. 9 Governo e Sociedade SIM NÃO NS/ NR A sua empresa ajuda a promover o bem comum por meio de posicionamento político claro e por meio da participação de fóruns decisórios locais? Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 75 Parte III – Em caso de a empresa exercer alguma prática de responsabilidade social empresarial: 10. Problemas para a implementação da responsabilidade social empresarial na empresa: Familiar/pessoal Recursos humanos Recursos financeiros Não tem dificuldades Outros Não sabe/não respondeu Outros:_______________________________________________________ ___________________________________________________________________ 11. O que motiva a adoção da responsabilidade social empresarial por parte do empresário Ética pessoal Melhoria na imagem da empresa Melhoria na relação com a comunidade Melhoria na relação com os funcionários Melhoria na relação com os clientes Não sabe/não respondeu Outros:_______________________________________________________ ___________________________________________________________________