Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
10 a 12 de novembro de 2010
Avaliação Aguda Do Consumo De Oxigênio E Queima De Gordura
Em Indivíduos Jovens Do Sexo Masculino Após Sessão De
Exercícios Resistidos
Siomara F. M. de Araújo, Nicolle Seroni, Anderson Cruz, Viviane Manoel, Tadeu
Baptista, Raphael M. Cunha.
LAFEX - Universidade Estadual de Goiás, Goiânia – Goiás, Brasil,
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Palavras-chave: EPOC, Queima de Gordura, Exercício Resistido.
1. INTRODUÇÃO:
A demanda energética durante a recuperação de um exercício mantém-se
elevada por um determinado período de tempo, esta elevação é determinada pelo
consumo de o2 elevado, o que podemos chamar de consumo excessivo de oxigênio
após exercício - EPOC. A magnitude desta demanda varia de acordo com a duração
e a intensidade do exercício, além das características individuais tais como: raça,
gênero, idade, composição corporal e nível de aptidão física.
no treinamento resistido as variáveis: combinações de exercícios, número
de séries, intervalo de recuperação, número de repetições, velocidade de execução
e carga, podem ser manipuladas de diversas formas a fim de aumentar a magnitude
do EPOC.
O substrato utilizado durante determinado exercício não parece ser o fator
determinante da eficiência dessa atividade na redução da gordura corporal. A
abordagem de se verificar qual substrato é mais usado durante uma atividade e
utilizar esta informação na prescrição de exercício para a redução de gordura
corporal parece muito simplista e pode levar a vários erros. Um destes erros seria
ignorar a elevação do metabolismo pós-exercício, visto que exercícios de
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intensidades elevadas produzem as maiores elevações no gasto energético após
seu término (OSTERBERG et al., 2000).
Estudos mostram influência positiva de exercícios resistidos na perda de
gordura corporal (MEIRELLES: GOMES, 2004). As diferentes combinações das
variáveis do treinamento resistido podem influenciar tanto a magnitude quanto a
duração no consumo de oxigênio pós exercício, em seus componentes rápido, lento
e ultra-lento (MATSUURA et al, 2006).
Para Gaesser e Brooks (1984), “a base metabólica do consumo de
oxigênio pós exercício, pode ser analisada a partir dos fatores que a influenciam,
como os níveis de catecolaminas, tiroxinas, glicocorticóides, metabolismo de ácidos
graxos e temperatura corporal”.
Pesquisas que visem elucidar questões relacionadas ao consumo de
oxigênio e metabolismo da gordura após a realização de exercícios são importantes,
por subsidiarem prescrições de exercícios mais responsivas. Assim, como será o
comportamento do consumo de oxigênio e do metabolismo lipídico de jovens
saudáveis, após realização de exercícios resistidos?
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa clinica não controlada, de caráter
experimental, realizada no Centro Poliesportivo e laboratório de Fisiologia do
Exercício (LAFEX) da Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia de Goiás.
O protocolo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa humana e
animal do hospital de doenças tropicais de Goiânia.
O presente estudo foi realizado com 10 indivíduos jovens do sexo masculino
praticantes de musculação (20 ± 1,59 anos) que assinaram o Termo de
consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Como critérios de inclusão na pesquisa,
o participante deveria ser do sexo masculino; idade entre 18 e 25 anos; estar em
treinamento na musculação a pelo menos 3 meses, com intervalo de recuperação
passiva máxima de 2 semanas.
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Como critérios de exclusão da pesquisa: a utilização de suplementos
alimentares, substâncias farmacológicas ergogênicas, participação em outra
modalidade de atividade física sistematizada, Obesidade (IMC > 30kg/m2),
Diabéticos, Cardiopatas ou portadores de quaisquer limitação que impedisse a
realização das atividades programáticas propostas.
O estudo ocorreu em dois (2) dias, com intervalo de 48 horas. No primeiro
dia foi realizado teste de 10RM para definição de carga da sessão experimental,
com os exercícios: leg press máquina, extensão de joelhos (cadeira extensora),
puxada pela frente polia alta, rosca bíceps, supino na máquina. No segundo, ocorreu
o experimento. A sessão experimental foi composta de três séries, de 8 a 10
repetições, e intervalo de 2 minutos.
A medida do consumo de oxigênio e do R(DEFINA), e de variáveis
ocorreu antes da sessão de exercícios e após 10 minutos do término. Para
realização do teste de análise de gases, A temperatura do ambiente foi ajustada a
22°. Para a coleta dos gases, foi utilizado um sistema de espirometria de circuito
aberto (Aerosport Teem 100), cujo funcionamento é válido e fidedigno, fornecendo
informações gasosas 20 segundos. Foi adotado o período de 10 minutos de análise
espirométrica, e a média no pré e no pós. Para processamento dos dados do
Espirômetro, foi o utilizado o software Newton (Micromed). Além disso, foi coletada a
Freqüência cardíaca por meio de Frequencímetro de marca Polar F4.
Os dados coletados foram Frequência Cardíaca (FC), Volume de
Oxigênio consumido (VO2), Volume de Gás Carbônico produzido (VCO2), Ventilação
Pulmonar(VE), Razão de Troca Respiratória (R), Caloria Total, Caloria de Gordura e
Caloria de Carboidrato.
Para análise dos dados, foi utilizada a estatística descritiva com Média e
Desvio Padrão. Os dados foram tratados estatisticamente utilizando o programa
SPSS, utilizando o Teste t-student para amostras pareadas, ao nível de significância
de p < 0,05.
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3. RESULTADOS
As características antropométricas da amostra podem ser visualizadas na
tabela 1, a seguir:
Tabela 1 - Distribuição da média±desvio padrão dos valores estatura, peso, IMC e %Gordura
corporal.
Estatura
180 ± 4 cm
Peso
78,5 ± 11 kg
IMC
24,1± 2,3
% Gordura Corporal
13 ± 7,34 %
Os dados pré e pós avaliação do VO2, VCO2 e VE são visualizados s seguir,
no gráfico 1.
Gráfico 1 - Comparação do VO2; VCO2 e VE pré-exercício com o pós-exercício.
* diferença significativa e superior em relação ao período pré-exercício (p<0,05)
A FC teve aumento significante após a realização dos exercícios resistidos,
onde a média pré-exercício foi de 71,86 ± 5,86 bpmn e no pós-exercício uma média
de 100,04 ± 13,87bpm (p<0,05). E AÍ A DIFERENÇA ESTATÍSTICA¿
Os resultados do comportamento da queima calórica, expressa em caloria
total, caloria de gordura e caloria de carboidrato, podem ser observados no gráfico 2:
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Gráfico 2 - Comparação da Caloria Total, Gorduras e Carboidratos préexercício com pós-exercício.
* diferença significativa e superior em relação ao período pré-exercício (p<0,05)
† diferença significativa e inferior em relação ao período pré-exercício (p<0,05)
4. DISCUSSÃO:
Foi encontrado aumento, no entanto, não significativo no VO2 após a
realização da sessão de exercícios resistidos. Outros estudos encontraram aumento
significativo, como Schuenke; Mikat and McBride (2002) que observaram aumento
do VO2 por até 38 horas após realização de sessão de exercício resistido.
No estudo de Binzen et. al. (2001), observou-se duas horas após,
aumento de 18% do Consumo de Oxigênio pós exercício resistido, o que também é
corroborado pelo estudo de Melby et. al. (1993) e Thornton; Potteiger (2002). No
entanto, esse aumento não é consenso na literatura (CASTINHEIRAS NETO,
FARINATTI, 2009).
De acordo com Gaesser; Brooks, (1984), o VO2 apresenta elevados
valores no período pós exercício (recuperação) em comparação ao período préexercício sendo chamado de consumo excessivo de oxigênio pós exercício (EPOC).
O Consumo de oxigênio pós exercício decorre de uma combinação de diversas
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variáveis do treinamento, como o número de séries, intensidade dos exercícios,
tempo de intervalo de recuperação entre séries e exercícios, método de treinamento,
velocidade de execução do movimento ou ordem dos exercícios (MEIRELLES;
GOMES, 2004)
Segundo Gaesser e Brooks (1984) os primeiros dez minutos do EPOC,
está em seu componente rápido, pois nesse período há um reabastecimento dos
estoques de oxiemoglobina e oximioglobina, restauração dos fosfagênios e a
energia necessária para a reconversão do lactato em glicogênio alem dos fatores
que o influenciam como catecolaminas, tiroxinas, glicocorticóides, metabolismo de
ácidos graxos e temperatura corporal.
Já os valores de VCO2
pós exercício foram insignificantes (p=0,66) e
obtiveram um leve decrescimo (de 6,52 ± 1,57 para 6,29 ± 1,36) em relação aos
valores pré exercício.
Nos valores de VE pós exercício houve um aumento significativo (p=
0,0156) quando comparado com a média dos valores pré-exercício (13,25 ± 2,27) e
pós exercício (15,81 ± 2,69). De forma similar aos resultados de nosso estudo,
algumas pesquisas apresentaram valores elevados de VE pós-exercício (LYONS et.
al., 2006; OLIVEIRA, 2007).
Para Bangsbo & Hellsten (1998) apud Oliveira (2007), o aumento do
transporte de oxigênio necessário para a ressíntese de reservas corporais,
associado com outras alterações metabólicas, como temperatura corporal elevada e
elevado distúrbio iônico, são refletidos indiretamente através de uma aumentada
ventilação e freqüência cardíaca no período de recuperação do exercício resistido.
O comportamento FC no pós exercício permanece significativamente
acima dos valores pré-exercício (p < 0,05) durante os 10 minutos avaliados, com
medida pré de 71,86 ± 5,86 batimento/minuto, e no pós-exercício 100,04 ± 13,87
batimentos/minuto. Diversos autores reportaram elevados valores da FC durante o
período pós exercício, como citado no estudo de Ferreira (2007).
O comportamento dos valores médios da variável R pré e pós exercício
com seus respectivos valores de desvio padrão.....¿ Podemos observar um efeito
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significativo sobre o R (p<0,05) nos 10 minutos após exercício: 0,88 ± 0,092 para
0,76 ± 0,099. Podemos observar aumento significativo (p= 0,0168) no gasto calórico
de gordura nos 10 minutos após o exercicio resistido com uma média de 1,14 ± 0,78
pré exercício para 2,16 ± 0,99 pós exercício.
No estudo de Ormsbee et. al. (2007), foi observado que após a realização
de protocolo de exercício resistido semelhantes.... ao presente estudo, o gasto
calórico foi elevado durante 45 minutos pós exercício e o R menor comparado grupo
controle. O R no grupo exercício foi de 0,71±0,004 e no grupo controle 0,85±0,03
(diferença de 16%, P=0,004), assim como no estudo de Binzen et. al. (2001) no qual
o R no grupo exercício foi de 0,75±0,01 e no grupo controle de 0,85±0,01, valores
semelhantes ao presente estudo.
Segundo Short e Sedlock (1997) apud Oliveira (2007), a diminuição no
valor do R, logo após o exercício físico ocorre devido à uma elevada liberação de
CO2 consequente de uma ventilação aumentada nesse período. Para Osterberg e
Melby (2000) apud Oliveria (2007), a rapida redução dos valores de R após pelo
menos uma hora da execução de um exercício de elevada intensidade, é
considerado um indicador de retenção de CO2 para restabelecimento das reservas
de bicarbonato, sendo este ultimo utilizado para tamponar o acido lactico acumulado
durante o exercício.
Sobre o comportamento do gasto calórico total, pode-se verificar que os
valores pós exercício não foram significativamente maiores que os valores préexercício (p > 0,05) durante os 10 minutos. A média do gasto calórico pré-exercício
foi de 2,71 ± 0,42 e após exercício foi de 2,87 ± 0,53 . Binzen et. al. (2001) também
não encontraram significativa diferença no gasto calórico total (35 vs 33 kcal) 30
minutos após o exercício comparando com o grupo controle. Já no estudo de
Ormsbee et. al.(2007) foi observado um aumento significativo (p=0,03) de 10%, 40
minutos após exercício resistido. Já no estudo de Melanson et. al. (2002), foi
observado aumento do gasto calórico após sessão de exercícios resistidos 24 horas
após o término da sessão.
O principal substrato energético utilizado no esforço pós exercício
comparando com o que estava sendo utilizado no pré-exercício, era o carboidrato
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(72%) e após, o substrato predominante passou a ser a gordura (75%) com um
aumento de quase três vezes de sua utilização pré-exercício.
Ormsbee et. al. (2007) pesquisou a queima de gordura após ER, em 45
minutos, e observou aumento significante após a realização do mesmo, assim como
Binzen et. al. (2001), dados que corroboram com os valores encontrados também
neste estudo.
4. CONCLUSÃO
Os dados da presente pesquisa indicam que o consumo de oxigênio pós
exercício aumenta, no entanto, não significativamente. No entanto, a queima de
gordura aumentou de forma expressiva quando comparada ao pré exercício. Tais
dados fortalecem os indícios de que exercícios de caráter anaeróbico, que não
oxidam gordura de forma predominante durante o exercício, aumentam esta
oxidação no pós exercício. Aumentando assim, o gasto calórico advindos da
gordura.
A pesquisa apresentou dados interessantes no que tange o comportamento
do Consumo de oxigênio pós-exercício e queima de gordura após exercício
resistido. No entanto, mais estudos necessitam ser realizados com metodologias
semelhantes, e com n maior, para maiores conclusões sobre o tema.
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