AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Nível de corpo inteiro ‐ Tamanho, forma, área e densidade. ‐ Determinação da estatura, massa e volume corporal. Fracionamento do Peso Corporal ‐ Componente de gordura, ‐ Componente isento de gordura. Componente de gordura ‐ Tecido adiposo: formado por adipócitos, endotélio vascular, colágeno e fibras elastinas. ‐ Gordura: o total de lipídios existente no organismo. Lipídios ‐ Trigliceridios (maior quantidade), fosfolipídios, esteróides e colesterol. ‐ Lipídios essenciais: indispensáveis ao funcionamento adequado das estruturas ‐ Fisiológicas, como o cérebro, a medula óssea, o tecido cardíaco e as membranas celulares. ‐ Lipídios não‐essenciais: gordura estocada no tecido adiposo, por intermédio dos adipócitos, na forma de triglicerídios. Componente isento de gordura ‐ Massa magra ‐ valores estabelecidos com base em proporções constantes de água, mineral e matéria orgânica, incluindo‐se também quantidade não determinada de lipídios essenciais. ‐ Massa livre de gordura ‐ constituída pelo peso corporal com ausência de toda a gordura existente no organismo, excluídos até mesmo os lipídios essenciais. TÉCNICAS DE MEDIDA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ‐ Método Direto; ‐ Método Indireto; ‐ Método Duplamente Indireto. MÉTODO DIRETO ‐ Dissecação macroscópica, ‐ Extração lipídica. MÉTODOS INDIRETOS ‐ Densitometria; ‐ Absortometria radiológica de dupla energia (DEXA); ‐ Tomografa computadorizada; ‐ Interactância de raios infravermelho; etc. MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS ‐ Antropometria; ‐ Bioimpedância elétrica. MÉTODOS INDIRETOS DENSITOMETRIA Esta técnica baseia‐se no pressuposto de que a densidade de todo corpo é estabelecida pelas densidades de vários componentes corporais e pela proporção com que cada um desses componentes contribui para o estabelecimento da massa corporal total. estimar a composição corporal através da densidade corporal princípio de Arquimedes: ‐ pesagem subaquática /hidrostática ou hidrodensitometria ‐ deslocamento de água (volume) método padrão (padrão de ouro) para validação de novos métodos ¾ Suposições teóricas: ‐ as densidades do componente de gordura e da massa magra são conhecidas e aditivas; ‐ indivíduo, ao ser avaliado, é comparado a um "padrão de referência" apenas com relação à quantidade de gordura apresentada; ‐ a proporção de cada um dos componentes que constitui a massa isenta de gordura, incluindo água, minerais e proteínas, é relativamente constante de indivíduo para indivíduo de mesma idade; ‐ logo, a densidade da massa isenta de gordura também é relativamente constante de um indivíduo para outro de mesma idade. ‐ constância (0.90 g/ml) da densidade lipídica inter‐indivíduos EXPRESSÕES MATEMÁTICAS PARA CONVERSÃO DA DENSIDADE CORPORAL EM QUANTIDADES PERCENTUAIS DE GORDURA EM RELAÇÃO AO PESO CORPORAL: Siri (1961) ‐ Gord % = (4,95/Dens ‐ 4,50) X 100 Brozek et alli (1963) ‐ Gord % = (4,57/Dens ‐ 4,142) X 100 Gord % = quantidade percentual de gordura em relação ao peso corporal Dens: densidade corporal expressa em g/ml MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA ‐ A oposição oferecida por um circuito elétrico a uma corrente alternada é denominada de impedância. ‐ A técnica da bioimpedância elétrica produz informações quanto à impedância que o corpo humano oferece à condução de uma corrente elétrica. 9 Protocolo: 2 eletrodos emissores e 2 eletrodos receptores, colocados nas mãos e pés, avaliado na posição de decúbito dorsal. ¾ Procedimentos prévios do avaliado: ‐ não fazer uso de medicamentos diuréticos nos últimos 7 dias, ‐ manter‐se em jejum por pelo menos 2 a 4 horas, ‐ não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 48 horas, ‐ ter‐se abstido da prática de atividades fisicas intensas nas últimas 24 horas, ‐ urinar pelo menos 30 minutos antes da medida e ‐ manter‐se pelo menos 5‐10 minutos de repouso absoluto em posição de decúbito dorsal antes de efetuar a medida. ANTROPOMETRIA A estimativa da composição corporal por meio de medidas antropométricas utiliza medidas relativamente simples como massa, estatura, perímetros ósseos e espessura de dobras cutâneas. A espessura de dobras cutâneas é medida utilizando‐se o compasso de dobras cutâneas (adipômetro ou plicômetro). PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS PARA MEDIDAS DE DOBRAS CUTÂNEAS 1) Realizada sempre do lado direito do corpo; 2) Identificar cuidadosamente e marcar com lápis dermográfico o local de medida; 3) Tecido subcutâneo diferenciado do tecido muscular através do polegar e do indicador, com as pontas do compasso localizadas a um centímetro do ponto de reparo; 4) Manter a dobra segura no momento em que a medida estiver sendo realizada; 5) Aguardar entre dois e três segundos para a leitura ser realizada; 6) Realizar três medidas e calcular a média; 7) Observar ordem rotacional ou consecutiva; 8) Praticar as medidas em pelo menos 100 clientes; 9) Treinar com técnicos hábeis nas medidas de dobras cutâneas e comparar os resultados; 10) Realizar as medidas quando o cliente estiver com a pele seca e livre de óleos e loções; 11) Não realizar as medidas imediatamente após o exercício físico, porque a vasodilatação periférica direciona os fluídos do corpo para a pele, fato que pode aumentar o tamanho da dobra. ¾ Origem dos Erros de Mensuração 1. Habilidade do técnico A habilidade do técnico é responsável pela maior quantidade de erros nas medidas de dobras cutâneas. Os principais erros dependem principalmente dos pontos onde as medidas são realizadas, sendo que grandes quantidades de erros são relatados nos pontos das regiões abdominal, coxa e suprailíaca. A objetividade ou a habilidade do teste em produzir escores similares quando administrado por diferentes avaliadores aumenta conforme os procedimentos das medidas são padronizados, o avaliador realiza no mínimo 100 mensurações e os pontos de medidas das dobras cutâneas são previamente demarcados. Apesar de alguns Autores não acharem necessária a demarcação dos pontos de medidas, nós recomendamos esse procedimento principalmente quando o avaliador está em fase de treinamento. 2. Tipo do Compasso Os compassos de dobras cutâneas podem ser de plástico ou de metal. Compassos de metal de alta qualidade 2 exercem pressão constante (@ 10g/mm ) através da amplitude das suas garras. De modo geral, a tensão dos 2 compassos pode variar entre 2g/mm até 15g/mm2. Tensão muito excessiva causa desconforto no cliente e redução na medida da dobra cutânea. Periodicamente devemos checar a precisão do equipamento usando o calibrador de compassos de dobras cutâneas. Comparado aos compassos de metal, os de plástico apresentam: menor precisão na escala, tensão não constante, menor escala total para medida. Apesar dessas alterações, vários pesquisadores têm reportado diferenças não significativas entre medidas de dobras cutâneas obtidas por compassos de metal ou de plástico. Outros encontram medidas de dobras cutâneas menores quando utilizam compassos tipo Lange ou Ross. Considerando que os diversos tipos de compassos podem ser uma fonte de erro em potencial nas medidas de dobras cutâneas, nós recomendamos a utilização do mesmo instrumento quando o processo de reavaliação do cliente for realizado. 3. Fatores Individuais Entre os fatores individuais estão a espessura da pele, nível de hidratação, vasodilatação periférica (provocada por determinados tipos de doenças ou exercícios físicos) e o ciclo menstrual. A variabilidade nas medidas de dobras cutâneas entre indivíduos pode ser atribuída não apenas à quantidade de gordura subcutânea, mas também à espessura da pele, à vasodilatação periférica, ao nível de hidratação do cliente. etc. A variabilidade entre indivíduos na espessura da pele é pequena (0,5mm a 2,0mm) e pode não contribuir substancialmente para erros nas medidas de dobras cutâneas. Por outro lado, qualquer acúmulo de líquido extracelular no tecido subcutâneo causado por fatores tais como vasodilatação periférica ou alguns tipos de doenças que podem aumentar a espessura da dobra cutânea. Isso sugere que medidas de pregas cutâneas não devem ser realizadas logo após exercícios físicos, especialmente em ambientes quentes. Além disso, mulheres que experi‐ mentam ganho de peso durante o ciclo menstrual normalmente causado por retenção de líquido podem apresentar aumento nas dobras cutâneas, principalmente nas regiões do tronco e abdome. 4. Equações utilizadas para estimativa da densidade corporal Existem diversas equações utilizadas para estimativa da densidade corporal e percentual de gordura, conforme será relatado a seguir. Cada uma delas pode apresentar resultados diferenciados quando aplicadas a um mesmo indivíduo ou a grupos populacionais. Dessa forma, sugerimos que seja feita a escolha da equação para estimativa da densidade e percentual de gordura, considerando o perfil do indivíduo ou do grupo populacional onde a mesma será aplicada. Recomendamos também a utilização da mesma equação quando o processo de reavaliação for realizado. EQUAÇÕES UTILIZADAS PARA ESTIMATIVA DA GORDURA CORPORAL Brozek & Keys (1951) foram os primeiros a publicar equações de regressão com objetivo de estimar a densidade corporal através de variáveis antropométricas. Posteriormente, numerosos investigadores têm publicado equações usando várias combinações de dobras cutâneas e circunferências corporais (Jackson & Pollock, 1978). Entre esses, podemos citar: Sloan, Burt & Bilyth (1962); Sloan (1967); Durnin & Rahaman (1967), Durnin & Womersley (1973); Jackson & Pollock (1978): Jackson, Pollock & Ward (1980); Guedes (1985); Petroski (1995); RodriguesAfies (1997). As equações de regressão são classificadas em específicas e generalizadas, sendo que as específicas são construídas a partir de amostras homogêneas, enquanto as generalizadas são desenvolvidas utilizando amostras heterogêneas, difererindo significativamente em idade, composição corporal e níveis de aptidão física. 9 Equações generalizadas para predição dos valores de densidade corporal com base em espessura de dobras cutâneas (Jackson et alli, 1978; 1980) ‐ Mulheres DENS = 1,0994921 ‐ 0,0009929 (X1) + 0,0000023 (X1) 2 ‐ 0,0001392 (Idade) ‐ Homens DENS = 1,109380 ‐ 0,0008267 (X2) + 0,0000016 (X2)2 ‐ 0,0002574 (Idade) DENS: Valores preditos de densidade corporal (g/ml) X1: Somatório das espessuras das dobras cutâneas medidas nas regiões tricipital, suprailíaca e da coxa. X2: Somatório das espessuras das dobras cutâneas medidas nas regiões peitoral, abdominal e da coxa. 9 Equações específicas para predição dos valores de densidade corporal com base em espessura de dobras cutâneas (Guedes & Guedes, 1991) Mulheres DENS = 1,1665 ‐ 0,0706Log10 (X1) Homens DENS = 1,1714 ‐ 0,0671 Log10 (X2) DENS: Valores preditos de densidade corporal (g/ml) X1: Somatório das espessuras das dobras cutâneas medidas nas regiões subescapular, suprailíaca e coxa. X2: Somatório das espessuras das dobras cutâneas medidas nas regiões tricipital, suprailíaca e abdominal. 9 Equações especificas para crianças e adolescentes As equações específicas para crianças e adolescentes foram criadas por alguns autores, considerando principalmente os seguintes aspectos: ‐ Diferenças na densidade corporal entre crianças e adultos; ‐ Relação não‐linear entre gordura subcutânea e gordura total; ‐ Maturidade musculo‐esquelética não‐consolidada em crianças e adolescentes. Entre as mais utilizadas, temos aquelas propostas por Slaughter e colaboradores (1988, Adaptada). RAPAZES (TR + SB) < 35MM (7 ‐ 8 ANOS) % GORD. = 1,21 (TR + SB) ‐ 0,008 (TR + SB)2 ‐ 1,7 (9 ‐ 10 ANOS) % GORD. = 1,21 (TR + SB) ‐ 0,008 (TR + SB) 2 ‐ 2,5 (I 1 ‐ 12 ANOS) % GORD. = 1,21 (TR + SB) ‐ 0,008 (TR + SB) 2 ‐ 3,4 (13 ‐ 14 ANOS) %GORD. = 1,21 (TR + SB) ‐ 0,008 (TR + SB) 2 ‐ 4,4 (15 ‐ 17 ANOS) % GORD. = 1,21 (TR + SB) ‐ 0,008 (TR + SB) 2 ‐ 5,5 (TR + SB) > 35MM (7 a 17 ANOS) % GORD. = 0,783 (TR + SB) + 1,6 MOÇAS (TR + SB) < 35mm (7 a 17 ANOS) % GORD. = 1,33 (TR + SB) ‐ 0,013 (TR + SB) 2 ‐ 2,5 (TR + SB) > 35mm (7 a 17 ANOS) % GORD. = 0,546 (TR + SB) + 9,7, onde TR = Dobra cutânea de tríceps SB = Dobra cutânea subescapular 9 Equações específicas para atletas O percentual de gordura mínimo admitido para atletas é de 5% para homens e 12% para mulheres. Esses valores determinam a chamada gordura essencial que é utilizada pelo organismo para diversas funções metabólicas. Nas mulheres, valores menores que 12% de gordura corporal são associados à amenorréia e osteoporose prematura. A principal importância da validação de equações específicas para atletas é que os mesmos geralmente apresentam aumento na densidade corporal, aumento na quantidade de mineral ósseo e massa muscular, quando comparados a nãoatletas. Dessa forma, segundo Heyward & Stolarczyk (1996), as equações que apresentam menores erros para estimativa da gordura corporal em atletas estão relatadas a seguir: ATLETAS 9 EQUAÇÃO DC SUGERIDA PARA HOMENS ATLETAS ‐ JACKSON & POLLOCK (1978) DENS = 1.112 – 0,00043499(S7DC) + 0,00000055 (S7DC)2 – 0,00028826 (IDADE), onde (S7DC) = (PT + AX +TR + SE + AB + SI + CX) 9 EQUAÇÃO DC SUGERIDA PARA MULHERES ATLETAS ‐ JACKSON E COLABORADORES (1980) DENS = 1,096095 – 0,0006952 (S4DC) + 0,0000011 (S4DC)2 – 0,0000714 (IDADE), onde (S4DC) = (TR + AB + SI + CX) Padrões de % de Gordura para Homens Classificação Idade 18 – 25 26 – 35 36 – 45 46 – 55 56 – 65 Excelente 4 – 9 8 – 13 10 – 16 12 – 18 13 – 19 Boa 10 – 12 14 – 17 17 – 20 19 – 22 20 – 22 Na Média 13 – 16 18 – 21 21 – 23 23 – 25 23 – 26 Ac. da Média 17 – 21 22 – 25 24 – 27 26 – 28 27 – 29 Excessivo 22 – 28 26 – 30 28 – 32 29 – 34 30 – 35 Padrões de % de Gordura para Mulheres Classificação Idade 18 – 25 26 – 35 36 – 45 46 – 55 56 – 65 Excelente 13 ‐ 17 14 – 18 16 – 20 17 – 23 18 – 24 Boa 18 – 21 19 – 22 21 – 25 24 – 27 25 – 28 Na Média 22 – 25 23 – 26 26 – 29 28 – 31 29 – 32 Ac. da Média 26 – 29 27 – 31 30 – 34 32 – 35 33 – 36 Excessivo 30 – 37 32 – 39 35 – 41 36 – 42 37 – 43 Padrões de % de Gordura para Crianças e Adolescentes Muito Baixo Baixo Normal Moderadamente Alto Alto Muito Alto Masculino < 11 12 ‐ 15 16 ‐ 25 26 ‐ 30 31 ‐ 35 > 35 Feminino < 6 7 – 12 13 – 18 19 – 25 26 – 32 > 32