AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 E ASSOCIAÇÃO COM SÍNDROME METABÓLICA E COM GORDURA EPICÁRDICA. Residente: Denise Prado Momesso (CRM: 5279284-5) Orientador: Rosane Kupfer; Co-orientador: Isabela Bussade Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia. Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione- IEDE. Endereço: Rua Eduardo Guinle, 20/ 904- Botafogo, Rio de Janeiro. Telefones:2527-3261; 9803-9157 (cel); IEDE:2332-7154 ramal1193 e-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de óbito no diabetes mellitus (DM) tipo 1. A presença de outros fatores de risco, sobretudo os que compõem a síndrome metabólica (SM), parece agravar ainda mais a morbi- mortalidade desta população. A avaliação da composição corporal é um importante preditor de risco para SM. A densitometria por dupla emissão de raios –X (DEXA) permite uma análise mais fidedigna da composição corporal do que aquela obtida pelos dados antropométricos. A DEXA fornece dados sobre os percentuais de gordura corporal total (TBF), ginecóide (periférica) e gordura andróide (central), esta última estando relacionada à gordura abdominal e visceral. Publicações recentes têm apontado a medida da gordura epicárdica obtida pelo ecocardiograma transtorácico como um novo indicador de risco de doença arterial coronariana. A espessura da gordura epicárdica tem sido associada com a presença e gravidade de lesão arterial coronariana. O objetivo deste estudo é correlacionar a composição corporal em pacientes com DM tipo 1 avaliada pela DEXA com a presença de SM pelos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e com deposição de gordura epicárdica ao ecocardiograma. Dessa forma, visamos analisar a associação de DM 1 com SM e avaliar o risco de DCV nestes pacientes. DESENHO DO ESTUDO: 39 mulheres com DM tipo 1 em acompanhamento no ambulatório de Diabetes do IEDE, com idade média de 35,9 anos (±9,4) e tempo médio de diabetes de 17,9 anos (±9,9), foram 1 submetidas a análise dos seguintes dados: presença de SM conforme critérios da OMS; composição corporal (TBF, andróide e ginecóide) pela DEXA; e medida da gordura epicárdica através do ecocardiograma transtorácico. RESULTADOS: Dos 39 pacientes com DM tipo 1 estudados, 17 apresentavam SM (43,5%). Aqueles com DM 1 e SM apresentaram em média um maior percentual de gordura andróide (central) comparado aos sem SM (42,1±2,3% vs 33,0±1,9%, p=0,0037). Não foram encontradas diferenças estatísticamente significativas entre pacientes com DM 1 com e sem SM no percentual de gordura corporal total (38,0±1,9% vs 35,1±1,4%, p=0,22) e de gordura ginecóide (44,7±2,0% vs 45,9±1,2%, p=ns) . O valor médio da espessura da gordura epicárdica nos pacientes com DM 1 e SM foi significativamente maior do que o encontrado em pacientes sem SM (6,1±0,4mm vs 4,9±0,3mm, p=0,018). Foi observada uma correlação positiva entre gordura epicárdica e o percentual de gordura corporal total (r=0,41; IC95% 0,11 a 0,64; p=0,0097) e com o percentual de gordura andróide (central) (r=0,42; IC95% 0,12 a 0,65; p=0,0078). Não foi observada correlação entre gordura epicárdica e o percentual de gordura ginecóide (periférica) (r=0,25; IC95% -0,71 a 0,52; p=0,0078). DISCUSSÃO A alta prevalência de SM também atinge os pacientes com DM tipo 1, como foi encontrado em nosso estudo. A fisiopatologia da SM nestes pacientes se deve ao aumento da gordura corporal, principalmente central, com aumento da resistência insulínica. A associação de SM e DM tipo 1 esteve relacionada ao aumento na espessura da gordura epicárdica. A gordura epicárdica, neste grupo, se mostrou um possível marcador de risco cardio-metabólico, devido à forte correlação com fatores de risco mais consagrados como a gordura andróide (central) e os critérios de SM da OMS. Acreditamos que pacientes com DM tipo1 e SM devem ser avaliados para a presença de doença cardiovascular mais precocemente. O presente estudo fornece evidências de que aumento na adiposidade central em pacientes com DM tipo 1 está associado à SM e confere um maior risco cardiovascular, evidenciado por um aumento na gordura epicárdica ao ecocardiograma. 2