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CAPITULO I
1.
O PROBLEMA
1.1.Introdução
O interesse dos estudiosos voltou-se, segundo Malina (1984), para a
composição corporal no sentido da medida do homem em sua variedade de
perspectivas morfológicas, com sua aplicação nas mais variadas formas e sua
influência no movimento.
Hoje em dia, sempre que uma pessoa pensa sobre sua aparência, saúde,
atividade física e longevidade, ela está pensando também na sua composição
corporal, especificamente no componente gordura corporal. Este componente tem
sido largamente usado como indicador de saúde e aptidão física ( PETROSKI &
PIRES NETO, 1995).
A composição corporal tem sido usada como parâmetro para vários segmentos
da atividade física, saúde e desempenho profissional e é de suma importância que
seja calculada corretamente.
Devido à relevância das áreas de seu emprego, torna-se necessária a
utilização correta das técnicas de medição e das fórmulas para o cálculo dos
componentes julgados necessários, de acordo com os objetivos da avaliação.
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Segundo Guedes (1998), informações associadas à composição corporal são
de fundamental importância na orientação dos programas de controle do peso
corporal e se tornam mais importantes, ainda, quando relacionados ao que temos de
mais precioso: a saúde.
As informações sobre a composição corporal, apesar de somente recentemente
utilizadas no Exército Brasileiro, já se tornaram úteis para todos os setores
relacionados a atividade física, saúde, beleza e desempenho profissional, pois todos
estes envolvem, de uma maneira ou de outra, o uso do corpo e, se esta variável
puder ser bem controlada ou modificada de acordo com as necessidades impostas
pelos objetivos traçados, podem ser alcançadas mais facilmente as metas.
O Exército Brasileiro, apesar de ser uma das mais antigas instituições do nosso
país, somente há alguns anos tem admitido mulheres em seus quadros. Com a
inclusão do segmento feminino, vem crescendo o interesse por sua composição
corporal, tendo em vista as peculiaridades das missões desempenhadas, que têm no
peso corporal um fator delimitante ou não.
Atualmente, o valor do peso corporal, como um todo, não é mais usado como
referencial, já que pessoas com mesma área corporal, peso, estatura, idade e
gênero podem apresentar tecidos com quantidades diferentes. Por isso, uma
avaliação precisa e criteriosa do quanto significa a proporção de cada componente
faz-se necessária.
Existem duas formas de avaliar a composição corporal quanto ao método: o
de laboratório e o de campo.
Norton & Olds (1996) colocam que alguns métodos de laboratório bem
sofisticados são utilizados hoje em dia para estimar a gordura corporal, dentre eles o
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da condutividade elétrica total do corpo (MALINA, 1987), o ultrasônico (KATCH,
1983) e o do scanner com raios infravermelhos (MCLEAN & SKINNER, 1992).
Além dos métodos acima citados, podemos encontrar também a absortometria
radiológica de dupla energia (DEXA), a bioimpedância elétrica, a densitometria, a
pletismografia, a hidrometria, a espectometria, a ultra sonografia, a tomografia
computadorizada, o da ressonância magnética, o da ativação de nêutrons, o da
interactância de raios infravermelhos, a antropometria, a excreção de creatinina, a
creatinina sérica, a absorção fotônica, a radiografia e a 3-metil-histidina urinária
(POLLOCK & WILMORE, 1993).
Na escolha de um teste, devemos levar em consideração o tempo disponível
para a sua realização, o custo de execução do teste, a quantidade de sujeitos que
participarão do teste e a qualificação técnica do pessoal que o aplicará (Kiss, 1986).
Esta análise faz com que as técnicas antropométricas sejam, dentre todas as
técnicas disponíveis, as mais escolhidas.
Apesar da disponibilidade de uma variedade de métodos bem precisos e
modernos, seus usos não são recomendados para avaliar um grande número de
pessoas, pois utilizam equipamentos caros, gastam um tempo considerável e
necessitam de profissionais altamente qualificados (NORTON & OLDS, 1996).
A busca de técnicas mais fáceis e bem mais econômicas fez com que vários
profissionais procurassem uma solução prática e menos dispendiosa nos métodos
antropométricos, que preconizam as medidas de dobras cutâneas, perímetros
musculares e diâmetros ósseos, realizados fora dos laboratórios.
Com a oferta de métodos, técnicas e modelos criados a partir de amostras
específicas, muito ainda tem a ser desenvolvido na área da composição corporal
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para mulheres brasileiras, pois, apesar de existirem algumas equações genéricas
(desenvolvidas nos Estados Unidos da América, na África do Sul, na Europa, na
América Central e Canadá), que podem ser perfeitamente utilizadas aqui no Brasil, é
importante determinar o perfil antropométrico da mulher brasileira e, se este perfil
coincide com o que foi utilizado para gerar as equações que hoje usamos, podendo
ocasionar uma certa imprecisão incompatível com a importância das informações
obtidas e com a relevância de seu campo de utilização.
Com o avanço da tecnologia e a aquisição de recursos, um dos objetivos mais
almejados atualmente é a busca da precisão dos cálculos para a estimativa da
densidade corporal e, conseqüentemente, a porcentagem de gordura.
Existem centenas de equações disponíveis na literatura científica para a
predição da densidade corporal e da gordura corporal (NORTON & OLDS, 1996).
Norton & Olds (1996), alertam sobre a importância do uso e escolha corretos
de equações de predição, pois se usarmos incorretamente uma equação de
predição da densidade corporal, por exemplo, estaremos aumentando os erros
incorporados à fórmula provenientes da predição da densidade corporal a partir de
dados
antropométricos,
da
medição
da
densidade
corporal
usando
a
hidrodensitometria e da transformação da densidade corporal em percentual de
gordura.
A inexistência de equações disponíveis para a determinação mais precisa da
densidade corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro e a conseqüente
identificação da quantidade de gordura tem causado, entre estas militares, uma certa
ansiedade, pois a busca pela condição física ideal para a carreira militar implica em
uma composição corporal adequada para a conquista de tal objetivo.
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O não conhecimento da correta composição corporal e, mais especificamente,
da quantidade de gordura corporal, faz com que programas de dietas e de
preparação física sejam elaborados com grandes erros, podendo vir a prejudicar, em
muitos casos, quem os segue, pois, na esperança da melhora da forma física, as
mulheres estão se preparando a partir de parâmetros errados, causando resultados
desastrosos.
Com
base
nos
problemas
levantados
acima
e
nas
necessidades
apresentadas, faz-se necessário um estudo que descubra qual o método eficaz e
bem simples para o correto cálculo da densidade corporal que seja capaz de suprir
as carências levantadas, melhorando, assim, a qualidade de vida dos sujeitos deste
estudo a partir da melhora do desempenho profissional dentro do Exército.
Através do desenvolvimento e validação de equações para a determinação da
densidade corporal de mulheres militares do Exército e o correto cálculo dos demais
componentes
da
composição
corporal,
poderemos
suprir
as
carências
e
necessidades em relação à saúde física e biológica dos sujeitos considerados neste
estudo.
Sendo assim, este estudo insere-se na Ciência da Motricidade Humana,
através
do
eixo
temático
Enfoque
Bio-Físico
da
Motricidade
Humana,
especificamente na área temática: Atividade Física, Epidemiologia, Saúde e
Qualidade de Vida, na linha de pesquisa: Testes e Medidas em Avaliação nas
Variáveis Bio-Físicas, onde o projeto de pesquisa de maior abrangência é Análise
dos Padrões da Aptidão Física e Saúde, utilizando Testes, Medidas em Avaliação
Física.
Justifica-se a escolha desta linha de pesquisa pelo fato de a mesma propor o
desenvolvimento e validação de equações para a estimativa da densidade corporal
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e, conseqüentemente, dos componentes da composição corporal em mulheres
militares do Exército Brasileiro.
1.2. Definição de Termos
Técnica Antropométrica – Procedimento das medidas corporais em relação ao
seu tamanho e proporções, incluindo as medidas de diâmetro, perímetros, dobras
cutâneas, estatura e massa corporal (PETROSKI, 1995).
Biometria – Desenvolvida por Karl Pearson (1896), matemático britânico, como
uma ciência das medidas e comparação quantitativa da variação biológica (BEUNEN
& BORMS, 1990).
Cineantropometria – Segundo Malina (1984), é a disciplina que se originou da
Antropometria e da Biometria e que estuda as medidas do homem em uma
variedade de perspectivas morfológicas, sua aplicação ao movimento em suas
variadas formas e os fatores que influenciam no movimento.
Composição Corporal - É a divisão do corpo humano em componentes, ou seja,
nas partes que o compõem. Geralmente, o corpo humano é dividido em dois ou
quatro componentes: Gordura e Massa Livre de Gordura (modelo de dois
componentes) ou Massa Gorda, Massa Óssea, Massa Muscular e Massa Residual
( modelo de quatro componentes) (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
Densidade Corporal (D) – A densidade (D) é a massa por unidade de volume do
corpo (KATCH E MCARDLE, 1996).
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Diâmetro Ósseo (DO) – É uma reta que une dois pontos. No corpo humano, é o
valor de uma reta que une dois pontos anatômicos bem definidos. É mensurado com
um paquímetro especialmente preparado para tais medidas (DE ROSE, 1984).
Dobra Cutânea (DC) – É uma medida de duas camadas de pele mais a gordura
subcutânea adjacente, determinando a espessura total do tecido subcutâneo
(HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
Equação de Predição –
É uma fórmula matemática derivada da análise de
regressão entre a técnica padrão e as variáveis preditivas, regressão esta que gera
uma fórmula utilizada para calcular componentes corporais (% G, D e MLG)
(HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
Equações Específicas – São equações preditivas obtidas em estudos realizados
em grupos homogêneos específicos, adequadas para avaliar grupos com
características semelhantes. (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
Equações Generalizadas - São equações preditivas obtidas em estudos realizados
com grupos heterogêneos; são utilizadas para avaliar grupos com características
variadas (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
Gordura Essencial – Compostos lipídicos (fosfo–lipídios) necessários para a
formação da membrana celular e que valem aproximadamente 10% da quantidade
de gordura corporal (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
Gordura armazenada – é a quantidade de gordura que está armazenada no tecido
adiposo (KATCH & MCARDLE, 1996).
Massa Corporal (MC) – É a massa total do corpo, incluindo seus componentes
principais, os músculos, os ossos e a gordura (KATCH & MCARDLE, 1996).
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Massa Gorda (MG) – A MG compreende toda a gordura presente no corpo: é a
soma da gordura que se encontra no tecido subcutâneo mais a gordura essencial
(PETROSKI, 1995).
Massa Corporal Magra (MCM) – É a MC, incluindo a gordura essencial, menos a
massa de gordura (RODRIGUES AÑES , 1997).
Massa Livre de Gordura (MLG) - É a MC, isenta de qualquer gordura. (KATCH &
MCARDLE, 1996).
Percentual de Gordura Corporal (%G) –
É a quantidade de gordura corporal
relativa, expressa em porcentagem, da massa corporal. Para este estudo, a % G,
será estimada pela equação de Siri (1961). %G = (4,95/D - 4,5) X 100 (apud.
PETROSKI, 1995).
Pesagem Hidrostática (PH) – É um método indireto não invasivo, realizado em
laboratório, para determinar a densidade do corpo através do princípio de
Arquimedes, onde um corpo imerso em fluído perde uma quantidade de peso
equivalente ao peso de fluído deslocado (BEHNKE & WILMORE, 1974).
Perímetro (P) – É uma medida linear realizada circunferencialmente, geralmente
realizada em partes específicas do corpo (DE ROSE, 1984).
Técnica Antropométrica - É um procedimento no qual se realizam medidas
corporais tais como dobras cutâneas, perímetros musculares e diâmetros ósseos,
para
futura
utilização
em
equações
para
estimativa
da
D
e/ou
%G
(PETROSKI,1995).
Validação Cruzada – Técnica estatística utilizada para testar a validade dos
métodos de composição corporal
e a validade de predição das equações de
estimativa da composição corporal (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
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1.3. Objetivos do Estudo
1.3.1. Objetivo Geral
Desenvolver e validar equações específicas para a determinação da
densidade corporal de mulheres militares do Exército, servindo na cidade do Rio de
Janeiro, a partir de variáveis antropométricas.
1.3.2. Objetivos Específicos
1) Avaliar as características antropométricas de mulheres militares do
Exército Brasileiro, servindo na cidade do Rio de Janeiro.
2) Avaliar a densidade corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro,
servindo na cidade do Rio de janeiro, através da pesagem hidrostática.
3) Testar a correlação entre as combinações de somatórios de medidas
antropométricas e a D medida através da pesagem hidrostática.
4) Desenvolver equações para a estimativa da densidade corporal a partir
das variáveis antropométricas.
5) Testar a correlação entre a DC estimada, para a amostra de validação,
através da fórmula desenvolvida e a DC medida através da pesagem
hidrostática.
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6) Validar as equações desenvolvidas para a predição da densidade
corporal.
1.4. Pressupostos Teóricos
Neste item, serão evidenciados os pressupostos que fundamentam o
desenvolvimento de equações específicas para a determinação da densidade
corporal e a conseqüente conversão em percentual de gordura.
1.4.1. O uso da Densimetria e Antropometria
Os perfis antropométricos são comumente utilizados como base para avaliar o
nível de gordura corporal tanto em atletas como em membros da comunidade em
geral (NORTON & OLDS, 1996).
Segundo Lohman (1992), muitos peritos consideram a medida da densidade
corporal como o procedimento padrão para a avaliação da composição corporal.
A maioria das equações de predição é desenvolvida usando métodos de
laboratório como a densimetria hidrostática, ou seja, a medição da D utilizando a
pesagem hidrostática, (NORTON & OLDS, 1996).
Os métodos de campo são as medidas antropométricas (massa corporal,
estatura, perímetros, diâmetros ósseos, dobras cutâneas). O uso destas variáveis,
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nos mais diferentes procedimentos, fornece informações em relação a uma
referência.
De Rose (1984) explica que o ser humano pode ser descrito com grande
precisão através de medidas da sua morfologia externa, tais como alturas,
diâmetros, perímetros e dobras cutâneas
Segundo
Guedes
&
Sampedro
(1985),
a
sofisticação
de
algumas
metodologias, aliada ao grande sacrifício por parte dos avaliados na obtenção dos
resultados, além do elevado custo operacional dos instrumentos exigidos, fizeram
com que a densitometria e a medida de dobras cutâneas passassem a ser os
procedimentos mais difundidos em nosso meio.
Os estudos de Petroski & Pires Neto (1995) comprovam a existência de várias
vantagens no uso da técnica antropométrica, entre elas: a boa relação das medidas
antropométricas com a densidade corporal obtida através dos métodos laboratoriais;
uso de equipamentos de baixo custo financeiro; facilidade e rapidez na coleta de
dados; e a não invasividade do método.
1.4.2. Validação da Equação de Predição
Lohman (1992) e Petroski (1995) sugerem que a validação de equações de
predição seja realizada através dos seguintes cálculos: correlação linear, teste t
pareado, erro constante (EC), erro técnico (ET) e erro padrão da estimativa (EPE).
1.5. Hipótese do Estudo
12
1.5.1. Hipótese substantiva
A presente hipótese antecipa que é possível desenvolver e validar equações
de regressão para a determinação da densidade corporal de mulheres do Exército
Brasileiro, servindo na cidade do Rio de Janeiro, a partir de variáveis
antropométricas.
1.5.2. Hipóteses Estatísticas
H01 = Não há correlação significante entre as combinações de somatórios de
medidas antropométricas (D, P, MC, DO e estatura) e a densidade corporal medida
na pesagem hidrostática , para p ≤ 0,05.
H1 = Existe correlação significante entre as combinações de somatórios de medidas
antropométricas (D, P, MC, DO e estatura) e a densidade corporal medida na
pesagem hidrostática, para p ≤ 0,05.
H02 = Não é possível elaborar equações para a estimativa da densidade corporal a
partir das variáveis antropométricas através da regressão “Stepwise”.
H2 = É possível elaborar equações para a estimativa da densidade corporal a partir
das variáveis antropométricas através da regressão “Stepwise”.
H03 = Não há correlação significante entre a densidade corporal estimada para a
amostra de validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela
pesagem hidrostática, para p ≤ 0,05.
H3 = Existe correlação significante entre a densidade corporal estimada para a
amostra de validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela
pesagem hidrostática, para p ≤ 0,05.
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H04 = Não é possível validar as equações de regressão desenvolvidas.
H4 = É possível validar as equações de regressão desenvolvidas.
1.6. Variáveis
DEPENDENTES = Densidade corporal.
INDEPENDENTES = As combinações e somatórios das variáveis antropométricas
(DO, P, MC, D e estatura).
INTERVENIENTES = Doenças desconhecidas e não detectadas na anamnese inicial
dos sujeitos (desmineralização óssea e outras) e o não cumprimento das
recomendações prévias necessárias neste estudo.
1.7 Questões a Investigar
1) Quais as características antropométricas de mulheres militares do Exército
Brasileiro, servindo na cidade do Rio de Janeiro.
2) Qual é a densidade corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro,
servindo na cidade do Rio de janeiro, medida através da pesagem hidrostática.
3) Qual a correlação entre a densidade corporal estimada para a amostra de
validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela pesagem
hidrostática.
4) Quais são as equações desenvolvidas que podem ser utilizadas para estimar a
densidade corporal a partir das variáveis antropométricas, através da regressão
linear “Stepwise”.
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5)
Qual a correlação entre a densidade corporal estimada para a amostra de
validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela pesagem
hidrostática.
6) Quais são as equações desenvolvidas e que podem ser validadas para estimar a
Densidade Corporal .
1.8. Delimitação do Estudo
Este estudo possui as seguintes delimitações:
1) Foram utilizadas 100 voluntárias do segmento feminino do Exército, do
Comando Militar do Leste, por ser esta região o local de maior concentração
de mulheres militares vindas de todas as regiões do país.
2) Estas voluntárias foram selecionadas com idades compreendidas entre 18 e
45 anos, excluindo-se as grávidas, mulheres com problemas endócrinos ou
hormonais que tenham sua composição corporal alterada e fora da
normalidade, conforme preconizam Pollock & Wilmore (1993).
3) Foram
excluídas
deste
grupo
mulheres
que
forem
consideradas
extremamente obesas; estiverem grávidas; possuírem próteses de silicone;
usarem anabolizantes; possuírem doenças respiratórias ou circulatórias;
apresentarem hidratação ou desidratação excessivas causadas por
exercícios físicos, realização de sauna, problema de diarréia e menstruação,
detectadas na anamnese realizada antes da pesagem hidrostática
(POLLOCK & WILMORE ,1993).
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4) Todos os itens citados acima, envolvendo a saúde dos sujeitos deste
estudo, foram verificados por um médico.
1.9.Limitações do Estudo
Algumas limitações, neste estudo, poderão ser encontradas provenientes dos
fatores apresentados abaixo, razão pela qual os eventuais achados não poderão ser
generalizados para outras mulheres militares.
-
A correta exalação de ar no momento da pesagem hidrostática.
-
O depoimento dos sujeitos avaliados em relação ao cumprimento das
exigências técnicas para que se realize uma correta pesagem em meio
líquido.
-
A impossibilidade de se determinar diretamente o volume residual.
-
A falta de condições para o levantamento de problemas como a
desmineralização óssea, que não podem ser determinados através da
anamnese inicial, feita pelo médico.
1.10. Justificativa do Estudo
A carreira militar exige de seus profissionais uma condição física mínima
suficiente para o desempenho de funções militares específicas em tempo de paz e
de guerra, fazendo com que as mulheres que optaram pela carreira das armas
precisem manter a saúde e a forma física constantemente.
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Um dos parâmetros exigidos no Manual do Treinamento Físico Militar (C2020) é a quantidade de gordura corporal, a qual, para as mulheres, se transformou
num fator estressante a mais. Este estresse é proveniente da dificuldade da
manutenção da quantidade de gordura aceitável para os padrões militares em
virtude da falta de uma adequada mensuração desse parâmetro para mulheres
militares do Exército Brasileiro, já que inexistem estudos a respeito, pois a maioria
dos métodos utilizado foi desenvolvido a partir de populações específicas diferentes
dos sujeitos deste estudo.
Com a utilização de uma equação específica, os componentes da composição
corporal poderão ser calculados adequadamente, diminuindo a probabilidade dos
erros cometidos, melhorando, assim, a qualidade de vida das mulheres do segmento
feminino do Exército, para as quais este estudo se destina.
Portanto, devido ao grande interesse por parte do Exército Brasileiro com
relação ao conhecimento da composição corporal das militares do segmento
feminino, a grande importância da precisão nos cálculos dos componentes da
composição corporal e por não conhecermos o perfil antropométrico das mulheres
militares do Exército Brasileiro, faz-se necessário o desenvolvimento de equações
específicas para a população em questão, visando traçar um perfil adequado da
composição corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro, justificando a
realização deste estudo.
1.11. Relevância do Estudo
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Aqui no Brasil, os estudos sobre composição corporal iniciaram-se na década
de 70 e, durante muitos anos, os trabalhos realizados utilizavam somente a equação
de Faulkner (1968) para estimar a quantidade de gordura corporal.
Por não ter sido levada em consideração a especificidade da equação de
Faulkner (1968), não se sabe o tamanho dos erros obtidos nos cálculos desta
equação para amostras nacionais, pois, naquela época, nem se discutia a validade
de se utilizar determinada equação para a população brasileira (PETROSKI, 1995).
A preocupação quanto ao uso de fórmulas estrangeiras para a população
brasileira não é recente. Guedes (1986) fez um estudo em academicos de educação
física da Universidade Federal de Santa Maria, sobre a validade da utilização da
equação de Faulkner (1968) para brasileiros adultos e concluiu que sua utilização
era inadequada, pois sua amostra era específica.
Segundo Petroski (1995), acredita-se que a tendência da pesquisa no estudo
da composição corporal seja o questionamento, o desenvolvimento e a identificação
das equações que devam ser utilizadas para a estimativa da densidade corporal da
população brasileira.
De acordo com Añez & Pires Neto (1999), durante os últimos anos, observamse os esforços de alguns pesquisadores brasileiros no sentido de desenvolverem
equações específicas ou generalizadas para a estimativa da densidade corporal
(DC) e massa corporal magra (MCM), bem como de validá-las (CARVALHO &
PIRES NETO, 1998A, 1998B; CARVALHO, 1997; GUEDES, 1985; PETROSKI,
1995; PIRES NETO & RODRIGUEZ AÑEZ, 1998; RODRIGUEZ AÑEZ, 1997;
YONAMINE, 2000). Essas equações fornecem estimativa da MCM ou da DC de
sujeitos que representam, respectivamente, um grupo específico de universitários
com idades entre 18 a 30 anos, como os estudos de Carvalho & Pires Neto (1998a;
18
1998b) ou pela abordagem generalizada, conforme a proposição de Petroski (1995),
para homens entre 18 e 66 anos e mulheres entre 18 e 51 anos de idade.
Além disso, cada equação que é desenvolvida possui uma padronização toda
especial, não só em relação à população, como também com relação à metodologia
utilizada que deveria ser criteriosamente seguida por todos os profissionais que as
utilizassem.
Espera-se que, com o desenvolvimento dessas equações específicas,
possamos traçar um perfil antropométrico mais preciso e característico das mulheres
militares do Exército Brasileiro, podendo essas informações serem usadas com
maior exatidão no desenvolvimento da saúde e do bem estar, na melhora do
cumprimento de suas missões e na melhora de atividades que concorram para o seu
sucesso pessoal.
CAPÍTULO II
2. REVISÃO PARCIAL DA LITERATURA
Este capítulo será estruturado por assuntos pertinentes ao objeto de estudo.
Serão citados estudos semelhantes que afirmem ou neguem a hipótese,
possibilitando uma discussão mais ampla sobre a pesquisa.
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2.1. A Composição Corporal
A origem das medidas corporais (Antropometria) se deu nas artes e não na
Medicina ou na Biologia. Seus preceitos eram baseados na filosofia pitagórica da
assimetria e da harmonia corporais (MAIA & JANEIRA, 1991; BEUNEN & BORMS,
1990, apud PETROSKI, 1995).
De acordo com Petroski (1995), a história das medidas corporais se inicia nas
civilizações da Índia, Egito e Grécia, com o uso das dimensões e proporções
corporais, como o primeiro passo para a determinação de um padrão de medida
corporal, com o objetivo de estabelecer um padrão das proporções corporais.
Antigamente, os artistas utilizavam alguma parte do corpo como referência
para determinar o tamanho de todas as outras partes e assim desenhavam formas
praticamente perfeitas em seus trabalhos.
Segundo De Rose, Pigatto & De Rose (1984), a escultura do artista
POLYKLITUS, criada no séc. V a.C. e chamada de “ Doryphorus ” , a qual
representava a forma masculina ideal, foi considerada por ROSS & WILSON como o
primeiro modelo metafórico (Phantom), pois tinha a idéia de procurar obter um
protótipo de proporcionalidade humana.
O povo grego possivelmente tenha sido o primeiro povo a cultuar a forma
corporal como sinônimo de beleza, estética e saúde; seus deuses eram figuras
compostas por formas consideradas perfeitas. Protágoras, um filósofo grego do
século V a.C., afirmava que “ ... o homem é a medida padrão de todas as coisas “
(PETROSKI,1995). Neste sentido, muitos povos chegaram a usar partes do corpo
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como padrão e unidade de medida que ainda hoje são usadas, como, por exemplo,
as medidas do pé e da polegada.
De acordo com De Rose, Pigatto & De Rose (1984), HIPÓCRATES
apresentou a primeira classificação biotipológica conhecida, dividindo os homens em
tísicos e apopléticos 400 anos a.C.
De acordo com Petroski (1995), no ano 15 d.C., um arquiteto
Romano chamado VITRUVIUS escreveu o primeiro
e teorista
tratado sobre a proporção
humana, tendo, em um dos seus livros, defendido o corpo humano como modelo de
medida, de número e de simetria.
O italiano Marco Pólo, entre 1273 e 1295, após diversas viagens pelo mundo,
constatou a existência de diversas raças, povos e culturas, observando que esses
povos diferiam muito em estrutura corporal e tamanho.
Leonardo Da Vinci (1452 – 1519) se baseou nos livros de VITRUVIUS e
elaborou um desenho do corpo humano que ficou famoso por sua forma , proporção
e beleza, sendo utilizado no futuro pelos estudiosos da proporcionalidade
(PETROSKI, 1995). Neste mesmo período, foi dado início à Antropometria Científica
com uma obra chamada de Os quatro livros da proporção humana, de Albrecht
Durer (1471 – 1528).
A primeira diferença em raças humanas, em termos de proporções corporais,
foi comprovada por Linnè (1707 – 1778), Buffon (1707 – 1788) E White (1729 –
1813). Neste mesmo estudo, foi formalizada a classificação do homem no sistema
zoológico e, por isso, foi atribuída a eles a criação da chamada Antropologia Racial
Comparativa (PEREIRA NETO, 1992. apud PETROSKI, 1995).
21
Segundo De Rose, Pigatto & De Rose (1984), no final do século XIX a física
antropológica estabeleceu-se como ciência a partir dos trabalhos de JOHANN KARL
FRIEDRICH GAUSS E LAMBERT ADOLPHE QUETELET.
Gauss, em 1794, com apenas 17 anos, fundamentou as bases matemáticas
de sua famosa curva, que indicava a tendência central dos fenômenos astronômicos
(DE ROSE, PIGATTO & DE ROSE (1984).
QUETELET (1786 – 1874), astrônomo e matemático belga, professor da
Universidade de Geut, foi considerado o pai da Cineantropometria, tendo recebido
tal título por ter descoberto a ciência e tê-la divulgado.
QUETELET publicou, em 1835 o trabalho Man and the Development of his
Faculties, em quatro volumes, sendo os dois primeiros dedicados às capacidades
físicas do homem (KRAKOWER, 1937. apud PETROSKI, 1995).
Em 1841, QUETELET aplicou os métodos estatísticos no estudo dos seres
humanos, abandonando, definitivamente, os padrões subjetivos pela análise
científica. Ele descobriu que, nos tratamentos estatísticos aplicados aos fenômenos
biológicos e principalmente em medidas antropométricas, poderia ser usada a teoria
de Gauss. Este estudo foi realizado analisando-se graficamente os resultados do
perímetro toráxico de soldados escoceses e a estatura dos militares do Exército
Francês, demonstrando que a distribuição de freqüência das medidas realizadas
aproximava-se do formato da curva de GAUSS, ou seja, da curva normal das
probabilidades (DE ROSE, PIGATTO & DE ROS, 1984).
Figura 1_ Foto do selo comemorativo de Adolphe Quetelet, emitido 100º aniversário
de sua morte.
22
Petroski (1995) comenta, (KRAKOWER, 1937; BOVARD & COZENS, 1938)
relatam que o primeiro estudo sobre mensuração física foi realizado em 1854 por
ZEISSING, que estudou adolescentes Belgas. Um pouco mais tarde, um outro
estudo envolvendo crescimento de escolares de 8 a 18 anos, realizado por
CRONWELL em 1860, descobriu que, entre 11 e 14, anos as meninas eram,
geralmente, mais altas e mais pesadas que os meninos, mas que, a partir desta
idade, a situação se invertia.
A mensuração do Peso, Estatura, Circunferências e Força de Braços em
estudantes e o desenvolvimento de tabelas que mostravam resultados médios
destas variáveis realizado pelo Dr EDWARD HITCHCOCK, em 1861, foi considerado
por Petroski (1995) como o primeiro estudo antropométrico realizado no continente
americano.
De acordo com Pereira Neto, 1992. Apud Petroski, 1995 foi no final do século
passado e no início deste que a antropometria avançou. Isto se deu com a definição,
estudo, discussão e padronização dos pontos anatômicos para a realização de
medidas antropométricas.
23
Em 1921, MATIEGKA propôs um método antropométrico para fracionar o
peso corporal nos quatro principais componentes: o peso de gordura, o peso ósseo,
o peso muscular e o peso residual (DE ROSE, PIGATTO & DE ROSE, 1984).
Segundo Ross, Carr & Carter (1999), este trabalho histórico de MATIEGKA
da metodologia para o fracionamento da Massa do Corpo (A Prova da Eficiência
Física), publicado no Diário Americano de Antropologia Física, é considerado um
clássico.
JINDRICH MATIEGKA nasceu em 31 de março de 1862, em Benesov
(Bohemia, Tchecoslováquia), e se formou em medicina na Universidade de Praga.
Em 1891, recebeu o diploma em saúde pública e trabalhou como oficial médico em
Praga, no Serviço do Conselho do País de Bohemia, onde permaneceu até
1908. Durante esta função, avançou para se tornar a cabeça do Departamento de
Saúde Pública. Em 1897, tornou-se um conferencista em Antropologia Física no
Corpo Docente de Filosofia na Charles University, em Praga. Em 1908, tornou-se
professor na Universidade e serviu como o Decano do Corpo Docente de Ciência
(1921-1922) e Reitor da Universidade (1929-1930). De 1891 a 1932, publicou 234
documentos, incluindo o estudo clássico na Prova de Eficiência Física em 1921
(ROSS, CARR & CARTER, 1999).
Figura 2_ Foto de Jindrich Matiegka retirado de ROSS, CARR & CARTER (1999).
24
Jindrich Matiegka
A Equação do fracionamento da Massa Corporal de Matiegka (1921) é a
seguinte:
W=O+D+M+R
onde,
W = Massa corporal total;
O = Peso do esqueleto (ossos);
D = Massa do tecido gorduroso subcutâneo;
M = Músculos do esqueleto;
R = Resto do peso do corpo, que é igual a subtração da soma de (O + D + M).
As três equações específicas do cálculo de cada componente corporal são
apresentadas a seguir:
Massa Óssea:
MO = O2 * L * 1.2
Onde: O = (O1 + O2 + O3 + O4 )/ 4
O1 = diâmetro do úmero;
O2 = diâmetro do fêmur;
O3 = diâmetro do pulso;
25
O4 = diâmetro do tornozelo;
L
= estatura em cm;
Massa gorda:
MG = D * S * 0.13
Onde: D = ½ * Σ dobras ( d1+d2+d3+d4+d5+d6)
d1= dobra do braço sobre o bíceps;
d2 = antebraço na circunferência máxima;
d3 = coxa sobre o quadríceps;
d4 = panturrilha;
d5 = axilar entre a mama e o umbigo;
d6 = dobra a meio caminho entre o umbigo e a crista ilíaca superior anterior.
Massa Muscular :
MM = R2 * L* 6.5 onde,
R = (r1+r2+r3+r4)/4
r1 = circunferência do bíceps;
r2 = circunferência máxima do antebraço;
r3 = circunferência da coxa a meio caminho entre o trocânter e o epicôndilo;
r4 = circunferência máxima da panturrilha;
L = Estatura em cm.
Obs: Estas circunferências tiveram seus valores corrigidos pela espessura do
tecido subcutâneo mais a pele.
Na década de 40, o Dr ALBERT BEHNKE, médico da marinha americana,
considerado a maior autoridade em composição corporal, realizou um trabalho de
medidas corporais no sentido de fracionar a composição corporal, onde realizou
medidas de estatura, forma e estrutura de 25 jogadores profissionais de futebol
americano. Este estudo comprovou que 11 dos 17 jogadores considerados obesos
pela tabela de peso e altura, utilizada na época como padrão de composição
corporal, possuíam a gordura corporal relativamente baixa e que este excesso de
peso era devido ao desenvolvimento da massa muscular Katch & Mcardle (1996).
26
Figura 3_ Foto de ALBERT BEHNKE retirado de (ROSS, CARR & CARTER, 1999)
Segundo De Rose, Pigatto & De Rose (1984), no Brasil o estudo da
composição corporal na disciplina de Biometria aplicada iniciou-se junto com o
ensino da Educação Física. Nesta disciplina, o conteúdo compreendia basicamente
a análise de índices antropométricos, a determinação do biótipo de viola e noções
de estatística aplicada. Durante quarenta anos, esta disciplina não sofreu alteração,
até que o LABOFISE, em 1971, com a introdução dos conceitos fundamentais da
composição corporal, ou seja, com a determinação do percentual de gordura
estimado pela medida de dobras cutâneas e pelo cálculo da massa óssea através de
diâmetros ósseos, iniciou o processo de renovação.
Segundo Petroski (1995), hoje em dia, os estudos envolvendo composição
corporal vão além dos aspectos morfológicos, com preocupações envolvendo
diferenças entre grupos e da influência entre etnias, regiões e culturas.
27
Nos
dias
atuais,
os
termos
Antropometria
e
a
Biometria,
citados
anteriormente, não são mais usados quando se trata dos estudos em relação à
composição corporal. A disciplina que atualmente se responsabiliza pelo conteúdo
do ensino da Composição Corporal é a Cineantropometria.
O termo Cineantropometria, que significa o estudo do homem em movimento,
foi introduzido pela primeira vez em 1966, por ROCH MEYNARD, da Universidade
de Laval, Quebec, Canadá. O termo foi primeiramente usado em um artigo de ROSS
et al (1972), publicado no jornal chamado Kinantropologia, em língua francesa
(BEUNEN & BORMS, 1990).
QUADRO 1
OS VÁRIOS ASPECTOS QUE ENVOLVEM O ESTUDO DA
CINEANTROPOMETRIA (ROSS, 1978. apud BEUNEN & BORMS,1990).
Identificação
Cineantropometria – Mensuração do homem em movimento
Especificação
Para o estudo do ser humano – Tamanho, Forma, Proporção,
Composição, Maturação e Função.
Aplicação
Para
ajudar
no
entendimento
–
Crescimento,
Exercício,
Performance e Nutrição.
Relevância
Com aplicação para a Medicina, Educação, Governo, com
respeito aos direitos individuais a serviço da humanidade.
Esta nova disciplina passou a abranger o estudo do homem como um
todo ,
como podemos identificar no quadro a seguir:
Segundo FERNANDES FILHO (1999), quando qualidades e características de
seres humanos são avaliadas quantitativamente, é necessário que se desenvolvam
técnicas de medição valorosas. Para tanto, as medidas utilizadas como ferramenta
de pesquisa devem cumprir os critérios de autenticidade científica e atingir os
seguintes requisitos:
28
-
O teste e as medidas devem ser padronizados;
-
O teste e as medidas devem ser confiáveis;
-
O teste e as medidas devem ser válidos;
-
O teste e as medidas devem ser objetivos.
Quanto à padronização das medidas antropométricas, vários trabalhos
visando padronizar as técnicas utilizadas para medir as dimensões corporais foram
e ainda são realizados e publicados. No campo da Educação Física, o primeiro
trabalho
realizado
a
fim
de
padronizar
as
técnicas
antropométricas
internacionalmente foi o trabalho de LARSON em 1974 (apud BEURNEN & BORMS,
1990). Desta época até hoje, vários trabalhos tiveram este objetivo, sendo que os
mais recentes e citados são os de LOHMAN (1981), NORTON & OLDS (1996) e o
de ROSS, CARR & CARTER (1999), sendo estes últimos seguidos e recomendados
pela Sociedade Internacional para o Avanço da Cineantropometria (ISAK), antigo
Grupo Internacional de Trabalhos sobre Cineantropometria.
BEURNEN & BORMS (1990) comentam que, de acordo com TANNER (1964),
para o estudo dos componentes corporais devem ser realizadas as seguintes
medidas:
-
Tamanho do esqueleto: medidas do tronco e membros, ou seja, estatura,
diâmetro dos ombros e comprimentos de membros.
-
Componentes do tronco e membros: medidas de tamanho do tronco e
tamanho dos membros, indicando também o tamanho do esqueleto.
-
Componente muscular: medidas de perímetros musculares corrigidos pela
espessura do tecido adiposo subcutâneo.
29
-
Componente
gordura:
medidas
de
espessura
do
tecido
adiposo
subcutâneo através da técnica de dobras cutâneas em pontos anatômicos
específicos.
Os estudos de BEHNKE deram início ao grande interesse em se fracionar a
composição corporal, para que se possam obter informações detalhadas e
importantes sobre as dimensões do corpo humano, pois segundo Mc CLOY (1936),
o tipo corporal fornece muito mais informações do que simplesmente proporções
corporais (apud BEURNEN & BORMS (1990).
Segundo HEYWARD & STOLARCZYK (1996), além de avaliar a quantidade
total e regional de gordura corporal para identificar riscos à saúde, são várias as
aplicações da composição corporal, apresentadas a seguir:
-
Identificar riscos à saúde, associados a níveis excessivamente altos e
baixos de gordura corporal total;
-
Identificar riscos à saúde, associados ao acúmulo excessivo de gordura
intra-abdominal;
-
Proporcionar entendimento sobre os riscos à saúde, associados à falta ou
ao excesso de gordura corporal;
-
Monitorar mudanças na composição corporal, associadas a certas
doenças;
-
Avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos na
alteração da composição corporal;
-
Estimar o peso corporal ideal de atletas e não- atletas;
-
Formular recomendações dietéticas e prescrições de exercícios físicos;
-
Monitorar mudanças na composição corporal, associadas ao crescimento,
desenvolvimento, maturação e idade.
30
Para que se obtivessem informações mais detalhadas sobre a composição
corporal , vários estudos foram realizados para fracionar a composição corporal e, a
partir daí, a Massa Corporal Total (MCT) passou a ser dividida em dois ou mais
compartimentos.
O modelo de divisão da MCT mais comum é o de dois compartimentos, ou
seja, a MCT dividida em Massa Gorda (MG) e Massa Livre de Gordura (MLG), sendo
a MG a soma de todos os lipídios corporais e a MLG a soma da água, proteínas e os
componentes, minerais do corpo (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
Segundo (BROZEK, 1963; SIRI, 1961. apud HEYWARD & STOLARCZYK ,
1996), para que, na composição corporal, seja aplicado o modelo de dois
componentes os seguintes pressupostos devem ser assumidos:
-
A densidade da gordura é de 0,901 g/cm3 ;
-
A densidade da MLG é de 1.10 g/cm3 ;
-
As densidades de gordura e dos componentes da MLG (água, proteínas e
minerais) são as mesmas para todos os indivíduos;
-
As densidades dos tecidos componentes da MLG são constantes em um
indivíduo e sua contribuição proporcional para os componentes magros
permanece constante;
-
O indivíduo avaliado difere do corpo referencial apenas na quantidade de
gordura. A MLG do corpo referencial é estabelecida como 73,8% de água,
19,4% de proteínas e 6,8% de minerais.
Obs: O corpo referencial com densidade igual a 0,901 g/cm3 para a gordura e
igual a 1,10 g/cm3 para a MLG foram baseado em medidas observadas de
dissecação de apenas três cadáveres de homens brancos com idade de 25, 35 e 46
31
anos (BROZEK, GRANDE, ANDERSON & KEYS, 1963. apud
HEYWARD &
STOLARCZYK, 1996)
O modelo de dois componentes tem servido internacionalmente como
fundamento sobre o qual o método da Pesagem Hidrostática (PH) é baseado e, com
o uso de proporções estabelecidas e suas respectivas densidades, várias equações
podem ser desenvolvidas para converter a densidade corporal (DC) adquirida pelo
procedimento da PH em porcentagem de gordura corporal (% G) e, a partir daí,
fracionar o corpo no modelo de dois compartimentos.
Segundo Pollock & Wilmore (1993), Lohman (1986) apresenta os seguintes
modelos de divisão da composição corporal:
-
Modelo Químico: dividido em gordura, proteína, carboidratos, água e sais
minerais.
-
Modelo anatômico: dividido em quatro componentes - o tecido adiposo, os
músculos, os ossos e outros.
-
Modelo de BEHNKE: dividido em excesso de gordura, lipídios essenciais e
massa corporal magra (livre de gordura).
-
Modelo de VON DOBELN: dividido em componente adiposo, músculo e
massa muscular magra.
De acordo com Heyward & Stolarczyk (1996), os avanços tecnológicos
recentes permitem que os pesquisadores consigam medir os compartimentos
corporais usando os modelos multicomponentes que levam em conta as variações
individuais nos compartimentos de água e minerais da MLG, mas, a par desta
consideração, geralmente as equações baseadas em modelos de dois componentes
32
fornecem estimativas mais precisas de % G se forem respeitados os pressupostos
básicos deste modelo.
2.2. Utilização de Medidas Antropométricas para Estimar a Gordura Corporal
Durante muitos anos, foram utilizadas as tabelas de peso e estatura para a
estimativa dos limites da obesidade. Até que, na década de 40, um estudo realizado
por Welham & Behnke (1942), utilizando 25 jogadores profissionais de futebol
americano, considerava que 17 deles estavam inaptos para o serviço militar por
terem sido considerados obesos de acordo com a tabela de peso e estatura. Os
autores relatavam que a maioria dos atletas possuía baixa quantidade de gordura
corporal e que o excesso de massa corporal total era devido a uma grande
quantidade de massa corporal magra, ou seja, ao desenvolvimento músculoesquelético e não ao excesso de gordura (POLLOCK & WILMORE, 1993). Este
estudo foi um dos primeiros a comprovar que a massa corporal total em excesso não
caracteriza somente a obesidade e sim que outros componentes contribuem para o
excesso de massa corporal, devendo ser calculados separadamente.
Segundo Katch & Mcardle (1996), por volta de 1930, foi desenvolvido o
primeiro compasso para medir a gordura subcutânea em locais específicos com
relativa precisão.
Brozek & Keys (1951) mediram pela primeira vez a espessura do tecido
adiposo subcutâneo através das medidas de dobras cutâneas e relataram que,
apesar da espessura das dobras variarem em diferentes pontos, havia uma
correlação de moderada a alta entre as medidas de dobras cutâneas e a gordura
33
corporal (BROZEK & KEYS, 1951; FRANZEN, 1929; apud HEYWARD &
STOLARCZYK ,2000).
No começo dos anos 60, os pesquisadores publicaram diversas equações
com a finalidade de estimar a densidade corporal usando dobras cutâneas. A partir
da metade dos anos 60, inúmeros pesquisadores determinaram equações adicionais
para homens e mulheres, incluindo, além de medidas de dobras cutâneas, outras
variáveis independentes, tais como massa corporal, idade, diâmetros ósseos e
perímetros corporais. O objetivo das pesquisas, na época, era o de desenvolver
equações mais acuradas para a estimativa da densidade (JACKSON, 1984).
Sloan et al. (1962) mensuraram 50 mulheres universitárias, com média de
20,2 anos de idade, para caracterizar valores de densidade e também verificar as
medidas de dobras cutâneas e perímetros corporais e, se combinando essas
medidas, seria possível melhor predizer a densidade corporal.
A análise dos resultados indicou que a variável que melhor se relacionou com
a densidade foi a dobra supra ilíaca ( r = - 0,71), seguida da triciptal ( r = - 0,68). A
correlação múltipla entre essas duas dobras cutâneas e densidade foi de R = 0,74.
Não foi observado um aumento da correlação com a inclusão de perímetros
corporais. Sloan et al. (1962) desenvolveram a seguinte fórmula para estimar a
densidade:
D = 1,0764 – 0,00081 (SI) – 0,00088 (TR)
Para esta equação, o erro padrão estimado foi de + 0,0082 g/ml. Os autores
observaram, também, baixa correlação entre o peso e a estatura corporal com a
densidade. Esses achados demonstram a inadequada determinação da gordura
corporal, com base em valores de peso e estatura corporais.
34
Yuhasz (1962) experimentou vários somatórios de dobras cutâneas para
determinar um melhor índice de correlação múltipla e desenvolveu várias equações
para estimar o %G em homens jovens e adultos. Para tal, utilizou dois grupos: o
primeiro, constituído por 118 jovens universitários e o segundo, constituído por 116
adultos. As medidas foram todas realizadas no lado direito, entre outras, as dobras
cutâneas localizadas nas regiões SI, TR, PT e CX; no lado esquerdo, as dobras SE
e AB.
Usando a soma destas seis dobras cutâneas, obteve-se R = 0,7579 e 0,7279;
EPE = 2,889 e 4,293 (%G) para jovens e adultos, respectivamente, e as equações
desenvolvidas foram:
Jovens, %G = 3,641 + 0,0970 (PT +TR +SE +SI +AB +CX)
Adultos, %G = 4,975 + 0,1066 (PT +TR +SE +SI +AB +CX)
Outro estudo bastante popular para estimar a densidade corporal foi
reportado por Wilmore & Behnke (1970), que mensuraram as dobras cutâneas SE,
TR e CX em universitárias e obtiveram a correlação r = 0,70, usando a Pesagem
Hidrostática como critério de determinação da gordura corporal. A equação foi a
seguinte:
D = 1,06234 – 0,00068 (SE) – 0,00039 (TR) – 0,00025 (CX)
Katch & Michael (1968) determinaram a densidade de 64 mulheres
universitárias,
incluindo,
também,
valores
de
perímetros
como
variáveis
independentes. A maior correlação múltipla entre gordura e densidade foi
encontrada quando usaram as dobras cutâneas do TR e SE e os perímetros em
polegadas do glúteo (X1) e do braço (X2) (r = 0,70). A equação foi a seguinte:
D = 1,12569 – 0,001835(TR) – 0,0027779(SE) + 0,005419(X1) – 0,0007167(X2)
35
As mulheres jovens foram comparadas com outras jovens de diferentes
regiões geográficas. Os resultados indicaram diferenças significativas nos valores de
%G. Os autores atribuíram essas diferenças a fatores climáticos, variação sazonal,
bem como a fatores genéticos e culturais.
Um estudo feito por Hayes et al.(1988) demonstrou que a dobra cutânea é
uma boa medida de gordura subcutânea. Ele avaliou a gordura subcutânea pelos
métodos de compasso de dobras, ressonância magnética e ultra-sonografia, em
doses locais diferentes de 24 homens e 26 mulheres. Uma boa correlação entre os
sujeitos foi achada entre todos os três métodos nos homens, mas somente o
compasso e a ressonância magnética foram bem correlacionados nas mulheres.
Essa pesquisa concluiu que a gordura subcutânea, avaliada pelo método de Dobras
Cutâneas (DC) em doze locais é similar ao valor obtido nas imagens de ressonância
magnética. Com isso, a espessura das dobras cutâneas é ainda considerada uma
boa medida da gordura subcutânea (HAYES et al.,1988).
A medição das circunferências corporais proporciona uma avaliação de
gordura corporal livre das limitações geradas pelo método de medição de dobras
cutâneas. Assim sendo, diferentes equações foram desenvolvidas com base no sexo
e na idade e todas testadas nos mesmos grupos de pessoas, com bons resultados.
O cálculo da composição corporal pelo método de circunferências gera uma margem
de erro individual de 2,5 a 4% de gordura, que é considerada baixa pelas vantagens
de não precisar de instalações laboratoriais, pois essas medidas são muito fáceis de
realizar e necessitam somente de uma fita métrica metálica Katch & Mcardle (1996).
Pollock & Wilmore (1993) consideram que, em decorrência do pouco tempo,
equipamentos e espaço, os métodos laboratoriais não são geralmente usados na
36
prática clínica e que as medidas antropométricas são mais práticas para a utilização
em estudos e pesquisas.
2.3. Conversão da Densidade Corporal em Porcentagem de Gordura
Calculada a densidade corporal pela pesagem hidrostática, poderemos
estimar o % G através das equações de Siri (1961) e Brozek (1963). Outras fórmulas
para calcular o % G foram elaboradas, mas a diferença entre estas fórmulas, em
geral, é inferior a 1% para níveis de gordura que variam entre 4 e 30% (POLLOCK &
WILMORE,1993).
As equações para converter a densidade em % de G são um pouco
variadas. Ratbhburn & Pace (1945), estudando a quantidade de gordura de porcos,
determinaram que as densidades da gordura e da MCM seriam 0,918 e 1,10 g/ml,
respectivamente, e sugeriram a seguinte fórmula para humanos:
% G = (554,8 / D – 504,4) ( RATHBURN & PACE,1945, p. 675)
SIRI em 1961, idealizou uma equação para estimar a % Gordura com base
nas constantes de 1,10 g/ml para a Massa Magra e 0,9007 g/ml para a Massa
Gorda. Sua equação ficou assim:
% G = (4,95 / D – 4,5) X 100 (SIRI,1961, p. 230).
Brozek et al. (1963), através da análise da composição química do corpo,
analisaram cada componente e determinaram a densidade da gordura em 0,915,
derivando, assim, a seguinte fórmula:
% G = (4,57 / D – 4,124 ) X 100 (BROZEK et al. 1963, p. 137).
37
Estas duas últimas equações estão baseadas na premissa de que os
componentes corporais (músculos, ossos e gordura) apresentam, cada um, uma
densidade constante e que a água corporal total apresenta uma composição padrão.
Para o cálculo da gordura corporal, as fórmulas acima apresentam
correlações de r = 0,995 e r = 0,999, e, para uma pessoa, com uma densidade igual
a 1,0605, os valores da gordura corporal serão de 16.74% e 16.71%, demonstrando
que, até a primeira casa decimal, as fórmulas são bem precisas e por isso são
recomendadas (POLLOCK & WILMORE, 1993).
Apesar da grande precisão e aceitação universal das fórmulas de SIRI e
BROZEK, elas possuem alguns problemas, pois ambas se baseiam nos resultados
da análise de composição corporal direta em cadáveres humanos e, como só alguns
cadáveres foram utilizados para este estudo, eles não representam uma distribuição
razoável da população.
38
TABELA 1
EQUAÇÕES UTILIZADAS PARA CONVERSÃO DA D PARA %G, PARA
POPULAÇÕES ESPECÍFICAS ( HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
População
Idade (anos)
sexo
%G
Autor
Ïndios americanos
18-60
Fem
(4,81/DC) – 4,34
HICKS, 1992
Negros
24-79
Fem
(4,85/DC) – 4,39
ORTIZ et al., 1992
Hispânicos
20-40
Fem
(4,87/DC) – 4,41
STOLARCZYK et al., 1995
Japoneses nativos
18-48
Fem
(4,76/DC) – 4,28
TSUNENARI et al., 1993
61-78
Fem
(4,95/DC) – 4,50
SIRI
(1961),
utilizado
por
TSUNENARI et al., 1993
Brancos
7-12
Fem
(5,35/DC) – 4,95
Não fornecido pelos autores.
13-16
Fem
(5,10/DC) – 4,66
Não fornecido pelos autores.
17-19
Fem
(5,05/DC) – 4,62
Não fornecido pelos autores.
20-80
Fem
(5,01/DC) – 4,57
Não fornecido pelos autores.
Anoréxicos
15-30
Fem
(5,26/DC) – 4,83
DEMPSEY et al.., 1984
Obesos
17-62
Fem
(5,00/DC) – 4,56
LINDSAY et al., 1992
Algumas equações, além das tradicionais, foram desenvolvidas e utilizadas
para populações específicas, para a conversão da DC em %G (HEYWARD &
STOLARCZYK, 1996).
2.4. A Utilização de Equações para Estimar a Gordura Corporal
Brozek & Keys (1951) foram os primeiros a usar o relacionamento entre
Densidade Corporal e Densidade para estudar a composição corporal. Nesse
estudo, dispensaram especial atenção a indivíduos de diferentes idades. Os autores
39
trabalharam com dois grupos: um com 133 universitários, com média de idade igual
a 20,3 anos, e outro formado por 122 homens de meia-idade, com média de 49,2
anos. Foram mensuradas cinco dobras cutâneas (B, PT, TR, CX E SE) e os
perímetros do tórax e do abdômen.
Com base nos resultados, desenvolveram duas equações: uma usou três
medidas de dobras cutâneas (AB, PT e TR) e mostrou significativa correlação com a
densidade derivada da pesagem hidrostática (R = 0,876, erro padrão = 0,00708
g/ml) para os adultos jovens. Já para os mais velhos, foi verificado um r = 0,744 (erro
padrão = 0,00854 g/ml), quando quatro variáveis foram usadas (PT, TR SE e massa
corporal).
Brozek & Keys (1951) concluíram que o coeficiente de correlação múltipla
parece maior, com menor erro em adultos jovens do que nos adultos de meia-idade.
Os esforços dos autores demonstraram e já evidenciaram, naquela época, que o uso
adicional de medidas de dobras cutâneas na regressão não assegura maior precisão
na predição e que há necessidade de diferentes equações para homens e mulheres
e para diferentes grupos etários.
A seguir, são apresentadas várias fórmulas específicas encontradas na
literatura, para o cálculo da Porcentagem de Gordura Corporal, a partir de dobras
cutâneas, desenvolvidas para sexo feminino.
Slaughter et alii (1988) desenvolveu algumas fórmulas específicas para o
cálculo da % Gordura de crianças e adolescentes, com somatório de dobras menor
ou igual a 35 mm e maior que 35 mm ( HEYWARD & STOLARCZYK, 1996):
a)
Meninas brancas ou negras de 8 a 17 anos, com somatório de dobras
menor que 35 mm:
40
% G = 1,33 ( tríceps + subescapular) – 0,13 (tríceps + subescapular)2 – 2,5.
b)
Meninas brancas ou negras de 8 a 17 anos, com somatório de dobras
maior que 35 mm:
% G = 0,546 ( tríceps + subescapular) + 9,7
c)
Meninas brancas ou negras de 8 a 17 anos:
% G = 0,61 (tríceps +panturrilha medial) + 5,1
Deurenberg et alii (1990) desenvolveu algumas fórmulas para o cálculo da
porcentagem de gordura de meninas pré-púberes, púberes e pós-púberes :
a) Meninas pré-púberes:
% G = 29,85 log10 (bíceps + triceps + subescapular + supra- ilíaca) – 25,87.
b) Meninas púberes:
% G = 23,94 log10 (bíceps + triceps + subescapular + supra- ilíaca) – 18,89.
c) Meninas pós-púberes:
% G = 39,02 log10 (bíceps + triceps + subescapular + supra- ilíaca) – 43,49.
Parizkova (1961) desenvolveu fórmulas para o cálculo da porcentagem de
gordura de meninas brancas ou negras com idades de 9 a 12 anos e 13 a 16 anos:
a) Meninas de 9 a 12 anos:
% G = 1,088 – 0,014 log10 (tríceps) – 0,036 log10 (subescapular).
b) Meninas de 13 a 16 anos:
41
% G = 1,114 – 0,031 log10 (tríceps) – 0,041 log10 (subescapular).
Boileau et alii (1985) desenvolveu uma fórmula para o cálculo da
porcentagem de gorduras de mulheres:
% G = 1,35 (tríceps + subescapular) – 0,012 (tríceps + subescapular)2 – 2,4.
Weltman et alii (1988) desenvolveu a fórmula abaixo para calcular a
porcentagem de gordura corporal de mulheres obesas com idade entre 20 e 60
anos:
% G = 0,11077 (perímetro abdominal médio) – 0,17666 (estatura) + 0,187 (massa
corporal) + 51,03301.
2.5. Pesagem Hidrostática
O termo densitometria refere-se ao processo geral da estimativa da
composição corporal por densidade corporal. Embora vários métodos possam ser
usados para estimar a densidade corporal, a densitometria tem-se tornado
praticamente sinônimo da pesagem hidrostática, também chamada pesagem
subaquática ou hidrodensitometria (LOHMAN, 1996). Esse método leva em
consideração que o corpo é composto por dois componentes distintos: a massa
gorda (MG)e a massa livre de gordura (MLG) (WILMORE e BEHNKE,1974) .
A Pesagem Hidrostática (PH), inicialmente estudada por Behnke, Feen e
Welham (1942), baseia-se no princípio matemático de Arquimedes.
De acordo com Wilmore e Behnke (1974), podemos determinar a densidade
de um corpo relacionando sua massa e o seu volume, usando a seguinte relação:
42
Densidade = Massa corporal / volume
Considerando que o corpo seja fracionado em dois compartimentos, a
gordura e a massa sem gordura, pode-se determinar a distribuição percentual
através da densidade do sistema (WILMORE e BEHNKE,1974).
Pelo princípio de Arquimedes, podemos concluir que a massa de um corpo
dentro d’água terá um valor menor do que se medido fora dela. Esta perda de massa
deverá ser igual ao volume de líquido deslocado, corrigido pela densidade da água.
A equação que determina este volume é a seguinte:
Volume = (MC – MC (dentro d’água)) / ( densidade da água)
A densidade da água tomada em função de sua temperatura pode ser
verificada no Quadro 2.1, a MC medida fora d’água é medida em balança
antropométrica comum, Wilmore e Behnke (1974) e a MCT dentro d’água é medida
através do procedimento da Pesagem Hidrostática.
No volume total do corpo são incluídos dois volumes de ar: o Volume
Residual (VR), que pode ser estimado ou medido diretamente com a técnica da
diluição em hélio ou nitrogênio, e o ar existente no trato gastrointestinal, que foi
estimado por Buskirk (1961) em 100 ml. Após as correções propostas, chega-se á
seguinte equação do volume:
V = (((MC – MC (dentro d’água)) / ( densidade da água)) – (VR + 0,1))
Wilmore e Behnke (1974) explicam que o Volume Residual pode ser estimado
através da Capacidade Vital, pois em fisiologia respiratória aquele é caracterizado
como sendo 28% da Capacidade Vital (CV).
Após conhecermos o Volume Corporal, poderemos calcular a Densidade,
pois, tendo a Massa, poderemos usar a fórmula
do Volume e
calcularmos a
43
Densidade, pois esta será a Massa dividida pelo Volume, como demonstrado na
seguinte fórmula:
Volume = Massa Corporal / Densidade
Após algumas adaptações matemáticas, a fórmula final para calcular a
Densidade corporal partindo da fórmula do volume WILMORE e BEHNKE (1974) é a
seguinte:
D (g/cm3) =
MC
[ (MC – PS) / Da ] – (VR + 0,1)
Onde: D = Densidade corporal (g/cm3)
MC = Massa corporal em kg
PS = Peso submerso na água em kg
Da = Densidade da água
VR = Volume residual em litros
0,1 = Constante de gás gastrointestinal (100 ml)
Segundo Petroski & Pires Neto (1992), a Pesagem Hidrostática tem sido
considerada como o método de laboratório não invasivo mais aceito para os estudos
da composição corporal e que, mesmo após todas as adaptações que o método
original já sofreu, é, ainda hoje, considerado o procedimento padrão em muitos
laboratórios, com aplicação na aptidão física, nutrição e controle de peso.
44
A técnica de Pesagem Hidrostática representa o procedimento indireto
laboratorial mais amplamente utilizado para a medida da densidade corporal
(POLLOCK & WILMORE, 1993).
Muitos
peritos
em
estudos
da
composição
corporal
consideram
a
Hidrodensitometria como o método mais apropriado para medir a composição
corporal, considerando que:
-
fórmulas
apropriadas
para
conversão
específica
para
diferentes
populações são usadas para converter DC em %G;
-
equações de modelos multicomponentes, ajustadas para variações
individuais na água corporal total relativa e ou mineral corporal total são
usadas para estimar % G a partir da DC.
Algumas limitações têm restringido o uso da Pesagem Hidrostática, apesar do
grande uso em pesquisas da composição corporal (MCCLENAGHAN e ROCCHIO,
1986, apud PETROSKI & PIRES NETO, 1992). São elas:
-
O tempo demasiado para realizar as pesagens mínimas necessárias, até a
aquisição do valor ideal.
-
O complexo protocolo de testagem.
-
A necessidade de grande colaboração dos avaliados.
-
A necessidade da boa aptidão dos avaliados para resistirem a repetidos
períodos de submersão.
-
O excessivo tempo requerido para a análise.
Apesar da Pesagem Hidrostática ser considerada até hoje a "gold standard"
da análise da composição corporal, alguns estudiosos têm criticado sua validade
devido à Massa Livre de Gordura (MLG) ser considerada, neste método, como
sendo relativamente constante, porém isso não é verdadeiro, já que a densidade da
45
MLG varia conforme a idade, gênero, etnia, nível de gordura corporal e nível de
atividade (BAUGARTNER et al., 1991; WILLIAMS et al., 1993; apud WAGNER,
1999).
Segundo Norton & Olds (1996), os métodos do uso de equações de predição
da Densidade Corporal e Porcentagem de Gordura acumulam três erros em sua
metodologia. São eles:
-
Os erros associados com a predição da Densidade Corporal a partir de
dados antropométricos.
-
A medição da Densidade Corporal através da Densitometria.
-
Os erros introduzidos na transformação da Densidade Corporal em
Porcentagem de Gordura.
Para os cálculos da densidade corporal através do método da Pesagem
Hidrostática, Norton & Olds (1996) explicam que os valores da densidade são
generalizados em 0,907 g/cm3 e em 1,10 g/cm3 para a massa gorda e massa livre de
gordura, respectivamente. Estes são valores médios baseados em adultos jovens e
de meia-idade.
Para Heyward & Stolarczyk (1996), os avanços tecnológicos recentemente
desenvolvidos para medir os multicomponentes corporais, tais como, MLG, água,
minerais e proteínas, permitiram que os pesquisadores quantificassem a composição
da MLG in vivo, levando em conta variações individuais da quantidade de água e
minerais
da
MLG.
Estes
estudos
comprovaram
haver
uma
considerável
concordância entre os valores generalizados da densidade da MLG (1,10 g/cm3) e a
estimativa do modelo multicomponente, que é de 1,10 g/cm3 para mulheres brancas
de 20 a 59 anos (FULLER et al., 1992; apud. HEYWARD & STOLARCZYK, 1996) e
46
de 1,106 g/cm3
para mulheres negras de 24 a 79 anos (ORTIZ, 1992; apud.
HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
No processo da Pesagem Hidrostática, o avaliado deverá ter noções de
submersão. Caso contrário, pode-se utilizar um procedimento modificado de
Pesagem Hidrostática, onde o indivíduo fica sentado com o nível da água logo
abaixo do queixo (DONNELLY et al., 1988 apud McARDLE, KATCH & KATCH,
1998). Este procedimento possui valores muito semelhantes aos do procedimento
padronizado por Goldman & Buskirk (1961) (KATCH & McARDLE, 1998).
Segundo Katch (1969) o peso dentro d’água pode aumentar de medida para
medida, tendo em vista que o avaliado aprende a expelir mais ar dos pulmões a
cada vez que realiza o processo de pesagem hidrostática.
Behnke & Wilmore (1974), utilizaram o seguinte método para determinar o
peso dentro d’água:
1. Selecionar o peso mais alto observado, caso se repita mais de uma vez.
2. Se o critério 1 não for satisfeito, selecionar o segundo peso mais alto que
tenha sido registrado mais de uma vez.
3. Se os critérios 1 e 2 não forem satisfeitos, selecionar o terceiro peso mais
alto e assim sucessivamente até conseguir o peso desejado.
De tentativa para tentativa, pode-se perceber uma variação na densidade
corporal de 0,0015 a 0,0020 dentro de um mesmo dia, Lohman (1992).
A melhor hora para se medir a massa corporal dentro e fora d’água é pela
manhã, pois a massa corporal é bastante variável e pode alterar com o estado de
hidratação, com os padrões da alimentação, com as enfermidades e com a hora do
dia (POLLOCK & WILMORE, 1993).
47
Para Jackson, Pollock, Graves & Mahar (1988), o erro técnico para Pesagem
Hidrostática é de 0,003 g/cc, equivalente a 1,1 % Gordura e 1,2% Gordura para
homens e mulheres respectivamente (LOHMAN,1992).
Pollock & Wilmore (1993) relatam que, em relação aos erros potenciais que
possam ocorrer na determinação da densidade corporal pelo método da Pesagem
Hidrostática, o Volume Residual, o peso dentro d’água e o peso medido fora d’água,
são considerados fatores críticos.
Alguns problemas comuns são associados à leitura do peso dentro d’água,
tais como, a balança desequilibrada, incapacidade do avaliado em colaborar e as
oscilações criadas pelo movimento da água. Para corrigi-los, Pollock & Wilmore
(1993) recomendam calibragens constantes da balança com pesos conhecidos,
realização de múltiplas pesagens na tomada do peso dentro d’água e utilização de
uma cadeira estável e confortável, para que o avaliado possa relaxar e se
movimentar lentamente, em um pequeno tanque, minimizando os problemas de
oscilação.
2.6. Cálculo do Volume Residual
No procedimento da Pesagem Hidrostática, os gases internos influenciam
diretamente no resultado das medidas dentro da água. Dependendo da quantidade
de ar residente dentro do corpo, o peso dentro d’água pode alterar para mais ou
para menos, influenciando diretamente no resultado da gordura corporal.
O Volume Residual é a quantidade de ar presente nos pulmões após a
expiração máxima.
48
Uma maior permanência de ar nos pulmões fará com que o indivíduo que está
sendo medido flutue mais, afetando a validade da medida. Então, para garantir uma
média precisa da Densidade Corporal pela Pesagem Hidrostática, o Volume
Residual (VR) deve ser estimado ou medido.
Segundo Roche, Heymsfield & Lohman (1996), a medida direta do volume
residual, que pode ser feita em sistema de circuito fechado, por diluição e eventual
equilíbrio de nitrogênio, oxigênio ou hélio, envolve equipamentos de alto custo e
difícil acesso.
A melhor maneira de se medir o Volume Residual é através do método direto
da espirometria de circuito fechado de oxigênio ou da diluição em hélio ou lavagem
de nitrogênio(N2) em circuito aberto (POLLOCK & WILMORE, 1993).
Atualmente, uma das empresas que vendem o aparelho para a medição
direta do Volume Residual é a Medical Graphics Corporation e o modelo indicado
para tal função é o Sistema de Função Pulmonar e Teste de Esforço, modelo Profiler
DX.
Segundo Foss & Keteyian (2000) o Volume Residual medido tem melhor
precisão, variando em aproximadamente 1,2 % Gordura.
Além do Volume Residual, outro componente que pode influir na pesagem
Hidrostática é o volume do ar do trato intestinal, que, apesar de sua variação,
Buskirk (1961) recomenda o uso de um fator de correção constante de 100 ml.
Devido à dificuldade em medi-lo, o volume de ar gastrointestinal foi estimado
em 100 ml, mas, segundo Lukaski (1987), uma variabilidade intra-individual no
volume deste gás pode ser muito grande (50 a 300ml), podendo comprometer a
precisão do método de Pesagem Hidrostática (POLLOCK & WILMORE ,1993).
49
O volume residual estimado tem uma variação de ± 3,9 % Gordura para o
valor real e pode ser estimado pela equação de Goldman & Becklake (1959), a qual
leva em consideração sexo, idade e altura do indivíduo (FOSS & KETEYIAN, 2000):
-
VR (litros) para mulheres = 0,009 x (idade em anos) + 0,08128 x (altura em
polegadas) - 3,9.
-
VR (litros) para homens = 0,017 x (idade em anos) + 0,06858 x (altura em
polegadas) - 3,447.
As mesmas medidas do Volume Residual são apresentadas por Petroski
(1995), só que com a estatura em centímetros (cm):
- VR (litros) para mulheres = 0,009 x (idade em anos) + 0,032 x (altura em cm) - 3,9.
- VR (litros) para homens = 0,017 x (idade em anos) + 0,027 x (altura em cm) 3,447.
A estimativa do Volume Residual também pode ser feita por tabelas de
valores médios, segundo a idade e gênero, como é apresentado abaixo:
Fórmulas:
Homens (BOREN, KORY & SYNER, 1966):
VR(ml) = 0.0115 (idade) + 0.019 (estatura em cm) – 2.24.
Mulheres (BLACK, OFFORD & HYATT, 1974):
VR (ml) = 0.021 (idade) + 0.023 (estatura em cm) – 2.978.
Na Tabela 2, são apresentados os valores médios (ml) que podem ser usados
para a estimativa do Volume Residual.
50
TABELA 2
VALORES MÉDIOS DO VOLUME RESIDUAL PARA AMBOS OS SEXOS
(WILMORE, 1977. APUD COSTA, 2001).
Idade
Masculino
Feminino
6-10
900
600
11-15
1100
800
16-20
1300
1000
21-25
1500
1200
26-30
1700
1400
Pollock & Wilmore (1993) recomendam a utilização das equações
desenvolvidas por Goldman & Becklake (1959) para a estimativa do Volume
Residual.
Behnke (1942) (apud LOHMAN 1992), declarou que o maior erro na medida
da Densidade Corporal pela Pesagem Hidrostática ocorre na determinação do
Volume Residual. Em 1969, AKERS e BUSKIRK confirmaram esta declaração. Eles
calcularam um erro combinado (peso corporal, PH e temperatura da água) de
apenas 0.0006 g/cc. Mas, quando este erro foi associado ao erro do VR, o erro
técnico total para PH passou a ser de 0,0015 g/cc ou 0,7% Gordura
(LOHMAN,1992).
Marks e Katch (1986) mostraram que 72% da variação do VR é um resultado
da variabilidade biológica, enquanto 19% pode ser atribuída ao erro técnico e 9 % ao
efeito da aprendizagem e do cansaço da técnica de submersão (apud. WAGNER et
col, 1999).
51
Wilmore (1969) demonstrou que a diferença na densidade corporal média
entre os grupos empregando valores estimados e valores medidos para o Volume
Residual era inferior a 0,001 g/ml. Assim, para a utilização em grandes grupos, o
Volume Residual estimado pode ser considerada aceitável.
No método da Pesagem Hidrostática, além dos erros potenciais que podem
ocorrer durante a leitura e estimativa dos valores, um outro erro pode ser
encontrado, no caso de ser medido diretamente, se o Volume Residual for medido
fora ou dentro d’água. Relatos apresentam diferenças entre 200 e 300 ml entre os
dois métodos, mas, se algumas precauções forem tomadas na posição corporal para
as medidas e na expiração completa do ar, os erros dos dois métodos de medição
do Volume Residual podem ser minimizados para uma diferença de apenas 200 ml,
o que resulta numa diferença de 1% de Gordura Corporal (POLLOCK & WILMORE,
1993).
2.7. Densidade da Água
A densidade da água é outro fator que irá influenciar diretamente no cálculo
da Densidade Corporal. A densidade da água varia de acordo com a sua
temperatura. Esta temperatura geralmente é mantida em aproximadamente 35oC,
valor próximo à temperatura cutânea (KATCH & McARDLE, 1998).
Na tabela 3 são apresentadas as densidades da água de acordo com a sua
temperatura.
52
TABELA 3
TABELA DE CONVERSÃO PARA A DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DA ÁGUA
NAS DIVERSAS TEMPERATURAS. (POLLOCK & WILMORE, 1993, p. 314).
T (oC)
D (g/cm3)
T (oC)
D (g/cm3)
23
0,997569
31
0,995372
24
0,997327
32
0,995057
25
0,997075
33
0,994734
26
0,996814
34
0,994403
27
0,996544
35
0,994063
28
0,996264
36
0,993716
29
0,995976
37
0,993360
30
0,995678
Conforme apresentado na Tabela 3, a densidade da água varia com a sua
temperatura e requer um fator de conversão padronizado que será incluído na
fórmula para o cálculo da Densidade Corporal. No entanto, Pollock & Wilmore (1993)
consideram que, para o conforto do avaliado, a temperatura da água, no momento
da pesagem, deveria estar em torno de 32 e 35o C e que, apesar de a densidade da
água ser considerada um fator importante para o cálculo da Densidade Corporal,
variações de aproximadamente 3o C são consideradas desprezíveis e não
influenciam negativamente no resultado dos cálculos.
53
2.8. Equações Específicas
Equações específicas são equações desenvolvidas a partir de populações
homogêneas. Como exemplo, podemos citar a construção de equações específicas
para a estimativa da densidade corporal de estudantes de Educação Física da
Universidade Federal de Santa Maria, de ambos os sexos (GUEDES, 1985).
A principal vantagem de uma equação específica, quando aplicada à sua
população de origem, é a acuracidade. Já não podemos dizer o mesmo quando uma
equação específica é utilizada para sujeitos com características diferentes da
população que a gerou. No caso, se desejarmos utilizar a equação desenvolvida por
Guedes (1985), como, por exemplo, para universitários do Rio de Janeiro, teremos
que realizar um estudo de validação comparando as densidades estimadas pela
fórmula utilizada com a densidade medida pela pesagem hidrostática, considerada
como o procedimento padrão para tais estudos; após tais cálculos, se esta
comparação obtiver correlação superior a 0,80 (LOHMAN, 1992), a fórmula de
Guedes (1985) poderia ser utilizada para os universitários do Rio de Janeiro.
A maior limitação dessas equações específicas é a impossibilidade da
generalização: elas são acuradas somente para grupos relativamente homogêneos.
Já no final dos anos 70, nova tendência emergiu no sentido de estabelecer
equações generalizadas, elaboradas com amostras grandes, variando largamente
em termos de idade e aptidão física. Contudo, quando os grupos a serem avaliados
apresentam características muito homogêneas em termos de idade, nível de
atividade física e alimentação, as equações específicas podem se mostrar mais
precisas.
54
Para se usar uma equação específica, pode-se proceder como Petroski e
Pires Neto (1996), que, em um estudo de validação de equações, selecionaram 20
equações específicas desenvolvidas por 6 autores, sendo um nacional e cinco
estrangeiros, das quais validaram somente três, utilizando uma amostra de 304
homens da região sul, com idade média de 30,17 + 9,18, e a pesagem hidrostática
como método de referência.
Atualmente, existem centenas de equações para estimar a densidade
corporal e, em geral, são usadas duas ou mais medidas antropométricas.
A seguir, são apresentadas algumas fórmulas específicas, encontradas na
literatura, para a estimativa da Densidade Corporal a partir de dobras cutâneas,
desenvolvidas para o sexo feminino.
Guedes (1985), desenvolveu a seguinte fórmula específica para estudantes
universitárias com idade entre 17 e 27 anos:
D = 1,1665 – 0,0706 Log10 (coxa + suprailíaca + subescapular)
Durnin & Rahman (1967) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas
para mulheres adolescentes e jovens (PETROSKI, 1995):
a) Mulheres adolescentes:
D = 1,1369 – 0,0598 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca).
b) Mulheres jovens:
D = 1,1581 – 0,072 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca).
55
Durnin & Womersley (1974) desenvolveram algumas fórmulas específicas
para 227 mulheres escocesas por faixas etárias entre 16 a 68 anos, utilizando como
procedimento padrão a pesagem hidrostática. Para as fórmulas apresentadas a
seguir, os autores obtiveram correlações que variavam entre 0,7 e 0,9 e EPE =
0,0116.
a) Mulheres de 16 a 19 anos:
D = 1,1549 – 0,0678 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca).
b) Mulheres de 20 a 29 anos:
D = 1,1599 – 0,0717 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca).
c) Mulheres de 30 a 39 anos:
D = 1,1423 – 0,0632 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca).
d) Mulheres de 40 a 49 anos:
D = 1,1333 – 0,0612 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca).
e) Mulheres de 50 a 68 anos:
D = 1,1339 – 0,0645 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca).
Wilmore & Behnke (1970) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas
para 128 estudantes universitárias de 18 a 48 anos (NORTON & OLDS, 1996):
D = 1,06234 – 0,00068(subescapular) – 0,00039(tríceps) – 0,00025(coxa).
Norton & Olds (1996) relatam que Sloan, Burt & Blyth (1962) desenvolveram
uma fórmula específica para 50 mulheres universitárias com idade entre 17 e 25
56
anos, utilizando como procedimento padrão a pesagem hidrostática. A fórmula
apresentada a seguir obteve um r = 0,74 e um EPE = 0,0082:
DC = 1,0764 – 0,00081(crista ilíaca) + 0,00088 (triciptal)
Nagamine et Suzuki (1964) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas
para japonesas nativas de 18 a 23 anos (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996):
D = 1,0897 – 0,00133 (tríceps+subescapular)
Katch et Michael (1968) desenvolveram uma fórmula destinada a estudantes
universitárias, utilizando dobras cutâneas e perímetros, como mostrado a seguir
(NORTON & OLDS, 1996):
DC = 1,12569 – 0,001835 (tríceps) – 0,002779 (perímetro do quadril em
polegadas) + 0,005419 (perímetro do braço com o cúbito flexionado, em polegadas)
– 0,0007167 (subescapular).
Pollock et alii (1975) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas para
calcular a Densidade Corporal de mulheres jovens e de meia idade (NORTON &
OLDS, 1996):
D = 1,0852 – 0,0008(suprailíaca) – 0,0011(coxa).
D = 1,0836 – 0,0007 (suprailíaca) – 0,0007 (coxa) + 0,0048 (perímetro do
punho) – 0,0088 (diâmetro do fêmur).
Withers, Norton, Craig, Hartland et Venables (1987) desenvolveram as
fórmulas específicas abaixo para o cálculo da Densidade Corporal destinadas a 135
mulheres ativas, com idade entre 17 e 35 anos (NORTON & OLDS, 1996):
57
D
=
1,20953
–
0,08294
Log10
(tríceps+subescapular+supra-
espinhal+abdominal + coxa + panturrilha medial).
D
=
1,16957
–
0,06447
log10
(tríceps+subescapular+supra-
espinhal+abdominal + coxa + panturrilha medial) – 0,000806 ( perímetro dos glúteos)
+ 0,00170 (perímetro do antebraço) + 0,00606 (diâmetro biepicondiliano do úmero).
Thorland et alii (1984) desenvolveram as fórmulas apresentadas abaixo para
133 atletas jovens, do sexo feminino, das modalidades de atletismo, ginástica,
mergulho e luta livre (NORTON & OLDS, 1996):
D = 1,1046 – 0,00059 (tríceps + subescapular + axilar média + suprailíaca +
abdominal + coxa + panturrilha medial) + 0,0000006(tríceps + subescapular + axilar
média + suprailíaca + abdominal + coxa + panturrilha medial)2.
D = 1,0987 – 0,00122 (tríceps + subescapular + suprailíaca) + 0,00000263
(tríceps + subescapular + suprailíaca)2.
Withers,
Whittingham,
Norton,
Laforgia,
Ellis
et
Crockett
(1987)
desenvolveram uma fórmula para estimar a Densidade Corporal de 182 atletas de
alto nível, com idade entre 11 e 41 anos, de badminton, basquetebol, hockey,
lacrosse, squash, ginástica, levantamento de peso, remo, atletismo, netbol, futebol,
softbol e voleibol (NORTON & OLDS, 1996):
D = 1,17484 – 0,07229 Log10 (tríceps + subescapular + supra espinhal +
panturrilha medial).
Katch & Mcardle (1973) desenvolveram algumas fórmulas específicas,
utilizando para este estudo 69 mulheres estudantes universitárias de Educação
58
Física, com idade de 20,3 ± 1,8 anos. Para este estudo, os autores utilizaram, como
procedimento padrão, a pesagem hidrostática e, como medidas antropométricas,
utilizaram dobras cutâneas, diâmetros ósseos e perímetros musculares. A seguir,
são apresentadas as fórmulas desenvolvidas pelos autores no estudo citado
(NORTON & OLDS, 1996):
DC
=
1,09246
–
0,00049(subescapular)
–
0,00075(crista
ilíaca)
+
0,00710(diâmetro biepicondiliano do úmero) – 0,00121(perímetro da coxa superior)
( R= 0,84 e EPE= 0,0086)
Lewis, Haskel, Perry, Kovacevic & Wood (1978) desenvolveram a fórmula a
seguir, destinada a calcular a densidade corporal de corredoras de média e longa
distância, de nível nacional e internacional (NORTON & OLDS, 1996):
D = 0,97845 – 0,0002 (tríceps) + 0,00088 (estatura) – 0,00122 (subescapular)
– 0,00234 (perímetro do braço relaxado).
Mayhew et alii (1983) desenvolveveram a fórmula a seguir, destinada ao
cálculo da Massa Livre de Gordura (MLG) para atletas do sexo feminino, com idade
entre 18 e 23 anos (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996) :
MLG = 0,757 (massa corporal) 0,981 (perímetro do pescoço) – 0,516
(perímetro da coxa) + 0,79.
Hergenroeder et alii (1993) desenvolveram uma fórmula para bailarinas, com
idade entre 11 e 25 anos, que calcula diretamente a MLG, conforme mostrado a
seguir (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996):
MLG = 0,73 (massa corporal) + 3.
59
Algumas equações específicas, utilizando perímetros corporais, para militares
foram desenvolvidas nos Estados Unidos da América e são apresentadas a seguir
(NATIONAL ACADEMY PRESS, 1998):
Exército (VOGEL et al.,1988), R = 0,82 e EPE = 3,6 % G:
% G = 105,3 Log10 (massa corporal) – 0,2 (pulso) – 0,533 (pescoço) – 1,574
(antebraço) + 0,173 (quadril) – 0,515 (estatura) – 35,6.
Marinha e Aeronáutica (HODGDON and BECKETT, 1984a,b), R = 0,85 e
EPE = 3,72 % G :
D = - 0,350 Log10 (cintura + quadril + pescoço) + 0,221 Log10 (estatura) +
1,296.
Fuzileiros Navais (WRIGHT et al., 1980,1881), R = 0,81 e EPE = 3,67:
% G = 1,051 (braço relaxado) – 1,522 (antebraço) – 0,879 (pescoço) + 0,326
(abdômen) + 0,597 (coxa) + 0,707.
2.9. Equações Generalizadas
As equações generalizadas são desenvolvidas utilizando grandes amostras
heterogêneas de idade, gordura corporal e aptidão física, como as de PETROSKI
(1995).
As equações generalizadas geralmente usam o modelo de regressão
curvilinear e a idade como variável independente.
60
Segundo Petroski (1995), a vantagem de se utilizar uma equação
generalizada e não uma específica é que a equação generalizada minimiza os erros
de predição que ocorrem nos extremos da distribuição da densidade, fazendo com
que uma equação possa ser aplicada a muitas populações sem perder a
acuracidade.
Tran et Weltman (1989) desenvolveram uma fórmula generalizada destinada
à mulheres com idade entre 15 e 79 anos, utilizando como variáveis perímetros,
estatura e idade, como se pode ver a seguir: (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996)
DC = 1,168297 – 0,002824 (perímetro abdominal médio) + 0,0000122098
(perímetro abdominal médio)2 – 0,000733128 (perímetro do quadril) + 0,000510477
(estatura) – 0,000216161(idade em anos).
Em um estudo de validação realizado por Petroski e Pires Neto (1995), foram
selecionadas dez equações generalizadas de vários autores, das quais foram
validadas somente três, utilizando uma amostra de 281 mulheres da região sul, com
idade média de 27,46 + 7,58 e a pesagem hidrostática como método de referência.
Na Tabela 4, são apresentadas equações generalizadas desenvolvidas por
Petroski & Pires Neto (1995) para o sexo feminino, utilizando-se de 213 mulheres
com idade entre 18 a 51 anos, dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(PETROSKI,1995).
61
TABELA 4
FÓRMULAS GENERALIZADAS DESENVOLVIDAS POR PETROSKI & PIRES
NETO (1995).
Mulheres com idade entre 18 - 51 anos
F 1 D = 1,03992377 – 0,00036083 (Y7) + 0,00000058 (Y7)2 – 0,00027099 (ID) –
0,00046621(MC) + 0,00047136(ES).
F2
D = 1,03091919 – 0,00048584(Y5) + 0,00000131(Y5)2– 0,00026016(ID) – 0,00056484(MC)
+ 0,00053716(ES).
F3
D = 1,03465850 – 0,00063129(Y4) + 0,00000187(Y4)2 – 0,00031165(ID) – 0,00048890(MC)
+ 0,00051345(ES).
F4
D = 1,0412759 – 0,00087756(Y3) + 0,00000380(Y3)2 – 0,00025821(ID) – 0,00059076(MC)
+ 0,00051050(ES).
F5
D = 1,1954713 – 0,07513507 log10 (axilar média + supra ilíaca + coxa + panturrilha medial)
– 0,00041072 (idade em anos).
Obs: ONDE ID = IDADE EM ANOS, MC = MASSA CORPORAL, ES = ESTATURA, Y7= Σ 7
DOBRAS (Subescapular+Triciptal + Axilar Média + Supra Ilíaca + Abdominal +Coxa + Panturrilha
Medial), Y5 = Σ 5 DOBRAS (Subescapular+Triciptal+Suprailíaca + Abdominal + Panturrilha
Medial), Y4 = Σ 4 DOBRAS (Axilar Média + Supra Ilíaca + Coxa + Panturilha Medial), Y3 = Σ 3
DOBRAS (Subescapular + Suprailíaca + Coxa).
Num estudo realizado com 249 mulheres com idade entre 18 e 55 anos,
Jackson, Pollock & Ward (1980) desenvolveram várias fórmulas utilizando dobras
cutâneas, idade e perímetros, que são apresentadas abaixo (PETROSKI, 1995):
DC = 1,097 – 0,00046971 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular +
abdominal + suprailíaca + coxa) + 0,00000056 (torácica + axilar média + tríceps +
subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa)2 – 0,00012828 (idade em anos).
62
DC = 1,23173 – 0,03841 logn (torácica + axilar média + tríceps +
subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa) – 0,00015 (idade em anos).
DC = 1,096095 – 0,0006952 (tríceps + abdominal + suprailíaca +coxa) 0,0000011
(tríceps + abdominal + suprailíaca + coxa)2 – 0,0000714 (idade em
anos).
DC = 1,21389 – 0,04057 logn (tríceps + supr ilíaca + coxa) – 0,00016 (idade
em anos).
DC = 1,21993 – 0,03936 logn (tríceps + abdominal + suprailíaca +coxa)0,00011 (idade em anos).
DC = 1,147 – 0,00042359 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular +
abdominal + suprailíaca + coxa) + 0,00000061 (torácica + axilar média + tríceps +
subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa)2 - 0,000652 (perímetro do quadril).
DC = 1,25475 – 0,031 logn (torácica + axilar média + tríceps + subescapular +
abdominal + suprailíaca + coxa) – 0,00068 (perímetro do quadril).
DC = 1,147 – 0,0004293 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular +
abdominal + suprailíaca + coxa) + 0,00000061 (torácica + axilar média + tríceps +
subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa)2 - 0,00009975 (idade em anos) –
0,00062415 (perímetro do quadril).
DC = 1,25186 – 0,03048 logn (torácica + axilar média + tríceps + subescapular
+ abdominal + suprailíaca + coxa) – 0,00011 (idade em anos) – 0,00064 (perímetro
do quadril).
63
DC = 1,1443913 – 0,0006523(tríceps + abdominal + suprailíaca +coxa) 0,0000014 (tríceps + abdominal + suprailíaca + coxa)2 – 0,0006053 (perímetro do
quadril).
DC = 1,24374 -0,03162 logn (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca) –
0,00066 (perímetro do glúteo) (R = 0,74 e EPE = 0,0082).
DC = 1,1454464 – 0,0006558 (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca) +
0,0000015 (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca)2 – 0,0000604 (idade em anos)
– 0,0005981 (perímetro do quadril).
DC = 1,241721 – 0,031069 logn (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca) –
0,000077 (idade em anos) – 0,000635 (perímetro do quadril).
DC = 1,1466399 – 0,00093 (tríceps + coxa + suprailíaca) + 0,0000028 (tríceps
+ coxa + suprailíaca)2 – 0,0006171 (perímetro do quadril).
DC1,23824 – 0,03248 logn (tríceps + coxa + suprailíaca) – 0,00067 (perímetro
do quadril).
DC = 1,1470292 – 0,000937 (tríceps + coxa + suprailíaca) + 0,000003 (tríceps
+ coxa + suprailíaca)2 – 0,0001156 (idade em anos) – 0,0005839 (perímetro do
quadril).
DC = 1,2353 - 0,03192 logn (tríceps + coxa + suprailíaca) – 0,00013 (idade
em anos) – 0,00062 (perímetro do quadril).
Pollock, Schmidt et Jackson (1980), desenvolveram duas fórmulas, utilizando
dobras cutâneas, para mulheres adultas que são apresentadas a seguir
(PETROSKI,1995):
64
DC = 1,0994921 – 0,0009929 (tríceps + suprailíaca + coxa) + 0,0000023
(tríceps + suprailíaca + coxa)2 – 0,0001392 (idade em anos).
DC = 1,0902369 – 0,0009379 (tríceps + suprailíaca + abdominal) + 0,0000026
(tríceps + suprailíaca + abdominal)2 – 0,0001087 (idade em anos).
2.10. Desenvolvimento e Validação Cruzada de Equações
Para que se desenvolvam boas equações de predição, estas devem
apresentar uma alta correlação, ou seja, um alto Coeficiente de Correlação Múltipla
(R) entre a medida de referência (obtida pelo procedimento padrão) e a combinação
de variáveis medidas que serão utilizadas para predizê-la (HEYWARD &
STOLARCZYK, 1996).
Geralmente, um R acima de 0,80 é recomendado para equações de predição
de composição corporal. Outro valor importante de se analisar é o Erro Padrão da
Estimativa (EPE) e este, por não ser tão afetado pelo tamanho e pela variabilidade
da amostra como o R, se tornou um parâmetro mais importante de se verificar para
se avaliar a validade relativa de uma equação de predição (HEYWARD &
STOLARCZYK, 1996).
Segundo Lohman (1992), os padrões de avaliação para os EPE em equações
de composição corporal para a estimativa da Densidade Corporal, % de gordura e
Massa Livre de Gordura, são os apresentados na Tabela abaixo:
65
TABELA 5
PADRÕES DE EPE DE % G, D E MLG, PARA VALIDAR EQUAÇÕES DE
PREDIÇÃO DE COMPOSIÇÃO CORPORAL, Lohman (1992).
EPE % G
EPE DC (g/cm3)
EPE MLG (Kg) Feminino
Escala
2,0
0,0045
1,5 – 1,8
Ideal
2,5
0,0055
1,8
Excelente
3,0
0,0070
2,3
Muito bom
3,5
0,0080
2,8
Bom
4,0
0,0090
2,8
Razoavelmente Bom
4,5
0,0100
3,6
Razoável
5,0
0,0110
> 4,0
Ruim
O tamanho da amostra é muito importante no desenvolvimento de equações
de predição para o cálculo da composição corporal. Heyward & Stolarczyk (1996)
recomendam que as amostras tenham de 100 a 400 sujeitos para assegurar que os
dados sejam representativos para aquela população para a qual a equação foi
desenvolvida.
Para que se desenvolva uma equação de predição, é necessário que se
possua de 10 a 20 sujeitos para cada variável independente, sendo que, quanto
maior o número de sujeitos, maior a estabilidade do peso da regressão para cada
variável preditiva (PEDHAZEUR, 1982. apud HEYWARD & STOLARCZYK ,1996).
Para a validação de uma equação de predição, vários cálculos estatísticos e
procedimentos científicos são utilizados para verificarmos se tal fórmula pode ser
utilizada com determinada precisão ou não.
Heyward & Stolarczyk (1996) recomendam que as amostras sejam divididas
para se determinar a validação ou a precisão da estimativa da fórmula desenvolvida,
66
ou seja, a amostra que testará a validade da fórmula desenvolvida não pode ter
participado do processo de regressão.
Segundo LOHMAN (1996), o tratamento estatístico utilizado na validação de
fórmulas de predição é o seguinte:
ET (erro técnico) = √ ∑(Y1 - Y2)2 / n onde: Y1 é a densidade estimada e
Y2 é a densidade medida.
EPE (erro padrão da estimativa) = s √ 1- R2
.
R2 = Coeficiente de Determinação.
EC (erro constante) = MÉDIA ((Dm) - (De)), isto é, diferença média entre
a densidade mensurada (Dm) e estimada (De).
r = coeficiente de correlação de Pearson, para verificar se há correlação
entre a Densidade medida e a estimada.
t = teste t de Student, para comparar as médias das Densidades medidas
e estimadas.
Petroski & Pires Neto (1995) utilizaram-se de 68, das 213 mulheres para o
desenvolvimento de equações generalizadas, para a validação de tais equações e
concluíram que os resultados encontrados podem ser utilizados para predizer a
densidade corporal em amostra heterogênea em termos de idade, aptidão física e
composição corporal. Os resultados são apresentados a seguir, na Tabela 6.
67
TABELA 6
RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA VALIDAÇÃO DAS EQUAÇÕES
GENERALIZADAS DESENVOLVIDAS POR Petroski & Pires Neto (1995).
Equação
X
S
r
t
EC
ET
EPE
F1
1,04619 ±0,009 0,778
-0,246
-0,0002
0,0064
0,0064
F2
1,04597 ±0,009 0,771
0,519
0,0004
0,0066
0,0065
F3
1,04663 ±0,009 0,782
0,310
0,0002
0,0064
0,0063
F4
1,04688 ±0,009 0,752
0,595
0,0005
0,0068
0,0067
2.11. Equipamentos Utilizados no Tanque para a Pesagem Hidrostática
Pollock & Wilmore (1993) utilizaram um tanque de 121.9 X 152.4 X 152.4 cm,
construído em aço inox e com seu próprio sistema de aquecimento e filtragem. A
cadeira utilizada foi construída em PVC de 5,08 cm. Foi utilizada uma balança com
capacidade de 15 Kg e com precisão de 20 g.
Recomenda-se, para estudos de Composição Corporal, a utilização de um
tanque de, pelo menos, 120 X 120 X 120 cm, sendo que tanques com profundidade
superior a 152,5 cm são úteis para a realização de pesagens de pessoas com
estatura superior a 2 m. Este tanque deverá possuir um sistema de aquecimento,
filtragem e escoamento de emergência para a água (POLLOCK & WILMORE ,1993).
Guedes (1985) utilizou-se de uma piscina de 23 X 12 metros, com
profundidade de 1,40 m e temperatura constante de 27o a 29o C, onde construiu uma
caixa de madeira compensada, sem fundo, com dimensões de 1,5 X 1,5 m, com o
objetivo de evitar oscilações na água no momento da obtenção do peso submerso.
68
Petroski & Pires Neto (1995) utilizaram-se de uma caixa quadrada pintada de
branco de 130 X 130 cm, com 140 cm de altura e 2,5 cm de espessura, para a
pesagem hidrostática. Para a obtenção do peso submerso, utilizaram também uma
balança de marca Filizola com capacidade de 6 Kg e precisão de 5 g.
Rodrigues-Añez & Pires Neto (1999) realizaram a Pesagem Hidrostática em
uma piscina semi-olímpica, em uma caixa vazada pintada de branco, com
dimensões de 130 cm X 130 cm por 140 cm de altura, construída em madeira de 2,5
cm de espessura.
Yanomine & Pires Neto (2000) realizaram a pesagem hidrostática dentro de
uma piscina, olímpica com profundidade 1,20 m, onde foi adaptada, num dos cantos
da piscina uma prancha retangular de madeira de 4,00 m (comprimento) x 1,40 m
(altura), formando assim um triângulo isósceles de 4,00 x 2,80 x 2,80 com 1,40 m de
altura. Para a obtenção do peso submerso, utilizaram-se de uma balança de molas
do tipo dinamômetro, modelo Crown, fabricado pela Filizola Ltda, com capacidade de
5,00 kg e precisão de 20,0 g.
69
CAPÍTULO III
3. METODOLOGIA
3.1. Modelo do Estudo
Este estudo se caracteriza como sendo de modelo descritivo, pois tem como
objetivo descrever as características antropométricas e da D da amostra em questão
( FLEGER e DIAS, 1995, p.56).
3.2. Tipo do Estudo
Este estudo se caracteriza como sendo do tipo correlacional, pois destina-se
a coletar dados da densidade corporal medida e estimada para determinar a relação
entre elas (THOMAS & NELSON, 1996, p.339), desenvolvendo, assim, equações
específicas para a estimativa da densidade corporal em mulheres militares do
Exército Brasileiro, com idades entre 18 e 45 anos.
70
3.3. Seleção dos Sujeitos
3.3.1 População
A população deste estudo abrange, aproximadamente, 3.000 mulheres
militares do Exército Brasileiro, com idade entre 18 e 45 anos de idade.
3.3.2. Técnica de Amostragem
A amostra foi escolhida de forma sistemática e aleatória (TRIOLA, 1999), pois
foram escolhidas, aleatoriamente, mulheres que fossem adaptadas ao meio líquido e
que satisfizessem os critérios de inclusão e exclusão.
3.3.3 Amostra
A amostra foi constituída por 100 mulheres militares do Exército Brasileiro,
independente de posto ou graduação, da cidade do Rio de Janeiro (RJ), divididas
em dois grupos: um para desenvolver equações específicas e o outro para a
validação das equações de regressão (PEDHAZUER, 1982. apud. HEYWARD &
STOLARCZYK, 1996).
3.3.4 Critérios de Inclusão
Militares do segmento feminino do Exército, da faixa etária de 18 a 45 anos de
idade, adaptação ao meio.
3.3.5 Critérios de Exclusão
Problemas
de
gravidez,
problemas
endócrinos
ou
hormonais
que
provocassem composição corporal alterada e fora da normalidade e, conforme
71
preconizam Pollock & Wilmore (1993), mulheres que tivessem problemas de
diminuição da mineralização óssea proveniente do climatério, se for o caso.
Foram
excluídas
deste
grupo
mulheres
que
foram
consideradas
extremamente obesas; estivessem grávidas; possuíssem próteses de silicone;
usassem anabolizantes; apresentassem doenças respiratórias ou circulatórias;
apresentassem hidratação ou desidratação excessivas causadas por exercícios
físicos, realização de sauna, problema de diarréia e menstruação (POLLOCK &
WILMORE 1993).
Todos os itens citados acima, envolvendo a saúde dos sujeitos deste estudo,
foram verificados por um médico na organização militar de origem e no momento da
anamnese imediatamente antes da coleta dos dados.
3.3.6. Amostra de Regressão
Foi constituída por 80 mulheres militares avaliadas (80% da amostra), sendo
os dados destas utilizados para o desenvolvimento das equações.
3.3.7. Amostra de Validação
Foi constituída por 20 mulheres militares avaliadas (20% da amostra) e os
dados destas foram utilizados para validar as equações desenvolvidas.
3.4 Ética da Pesquisa
O presente estudo atendeu as Normas para a Realização de Pesquisa em
Seres Humanos, Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996
72
e foi aprovado pelo Comitê de Ética da UCB - RJ .
Todos os participantes do trabalho assinaram o Termo de Participação
Consentida (Anexo I). As Organizações Militares que, fizeram parte os sujeitos deste
estudo receberam um termo de Informação (Anexo II).
3.5. Protocolo de Mensuração
Todos os sujeitos que participaram do estudo foram voluntários, gozando de
boa saúde e atenderam os critérios de inclusão e exclusão.
3.5.1. Seqüência da coleta de dados
O estudo apresentou as seguintes fases:
1) Anamnese,
2) Medida da massa e da estatura corporal.
3) Medida da espessura de dobras cutâneas.
4) Medida de Perímetros Corporais.
5) Medida de Diâmetros Ósseos.
6) Medida da Densidade Corporal através da pesagem hidrostática.
3.5.2. Procedimentos Preliminares
O procedimento para a determinação da amostra foi feito através de uma
anamnese, descrita no anexo III, quando foram coletadas as informações sobre os
critérios de inclusão e exclusão da amostra.
73
3.5.3 Procedimentos da coleta de dados
Os sujeitos foram mensurados descalços, usando roupa de banho apropriada
para a prática de natação, cumprindo as seguintes restrições:
-
Não comer dentro das 4 h que antecederam o teste;
-
Procurar fazer refeições leves, principalmente a última antes do início do
jejum;
-
Não praticar qualquer atividade física no dia que antecedem a coleta de
dados;
-
Não ingerir bebidas alcoólicas nas últimas 24 horas que antecederam;
-
Procurar esvaziar intestinos e bexiga, pela manhã;
-
Não ingerir bebidas gaseificadas, inclusive água, pelo menos 4 h antes do
teste;
-
Evitar comer feijão, ervilha, lentilha, soja, grão de bico, rabanete, repolho,
couve, couve flor e espinafre, (esta medida evita a produção e o acúmulo
de gases provenientes da digestão).
As mensurações foram feitas em dois momentos, conforme relato a seguir.
3.5.4. Mensurações Antropométricas
Para o estudo, foram determinados, além da idade (ID), os valores de massa
corporal (MC), estatura(ES), sete dobras cutâneas, nove perímetros e três diâmetros
ósseos, de acordo com os procedimentos e na seqüência descrita a seguir:
Massa Corporal – A avaliada foi posicionada de pé, descalça, no centro da
plataforma da balança, vestindo apenas roupa de banho, procurando
não se
74
movimentar. O cursor da escala foi movido manualmente até haver um equilíbrio. A
massa corporal foi registrada em quilogramas, com precisão de 100 gramas.
FIGURA 4
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DA MASSA CORPORAL TOTAL.
Estatura Corporal – É a distância compreendida entre a planta dos pés e o
ponto mais alto da cabeça (vértex). O sujeito estava descalço, na postura padrão, ou
seja, em ângulo reto com o estadiômetro, procurando colocar em contato com o
aparelho de medida os calcanhares, a cintura pélvica, a cintura escapular e a região
occipital. A cabeça foi orientada no plano de Frankfurt. A medida foi registrada em
0,1 cm, estando o indivíduo em apnéia, após inspiração profunda.
75
FIGURA 5
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DA ESTATURA CORPORAL.
3.5.4.1.Dobras Cutâneas
A mensuração das dez dobras cutâneas seguiu os procedimentos de
HARRISON et al. (1991) e (OLDS & NORTON, 1996). As medidas foram realizadas
no lado direito dos sujeitos e repetidas de duas a três vezes, dependendo da
diferença entre elas ( NORTON & OLDS, 1996). As medidas foram realizadas uma
vez em cada local até o término e após isso foram repetidas da mesma maneira
duas ou três vezes. Foi utilizada a média como valor da medida dos dois valores
mais próximos, contanto que não possuíssem diferença superior a 5%, entre elas
(Norton & Olds, 1996).
Dobra Cutâneas Peitoral (PEI) – Medida obliquamente ao eixo longitudinal
do corpo a 2/3 da distância entre o mamilo e a linha axilar anterior, Esta medida foi
realizada mais próxima da linha axilar anterior.
76
FIGURA 6
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA
CUTÂNEA PEITORAL.
Dobra Cutânea do Bíceps (BIC) – Medida com o sujeito relaxado, ao longo
do eixo longitudinal do braço, na mesma linha onde é medida a dobra triciptal, ou
seja, na altura do ponto médio da distância entre a projeção lateral do processo
acromial da escápula e o olécrano. No momento da medida, o sujeito rodou a mão
direita no sentido horário, para facilitar a medida.
77
FIGURA 7
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA
CUTÂNEA DO BÍCEPS.
Dobra Cutânea Subescapular (SUB) – Foi mensurada imediatamente
abaixo do ângulo inferior da escápula. O ponto é determinado através de apalpação
do ângulo inferior da escápula, com os dedos indicador e medial. Em sujeitos
obesos, pode-se pedir que movimentem os braços para facilitar a localização do
ponto anatômico. O adipômetro é colocado no sentido natural da dobra,
obliquamente para baixo e lateralmente ao eixo longitudinal do corpo, em um ângulo
de + 45 º.
78
FIGURA 8:
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA
SUBESCAPULAR.
Dobra Cutânea do Tríceps (TRIC) – O local da mensuração fica no ponto
médio da distância entre a projeção lateral do processo acromial da escápula e o
olecrano, utilizando uma fita métrica e estando o cotovelo em flexão de 90 º.
Figura 9:
Foto do ponto anatômico utilizado para a medida da dobra triciptal.
79
Dobra Cutânea Axilar Média Vertical (AM) – Foi mensurada no mesmo
ponto da anterior, com a diferença que a orientação foi o eixo longitudinal do corpo.
FIGURA 10
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA
AXILAR MÉDIA VERTICAL.
Dobra Cutânea Abdominal Vertical (DABDO) – foi medida estando o
indivíduo na posição ortostática. A dobra é determinada paralelamente ao eixo
longitudinal do corpo, a três cm da cicatriz umbilical e a um cm no sentido inferior.
80
FIGURA 11
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA
ABDOMINAL VERTICAL.
Dobra Cutânea Supraespinhal (SUPE) – Foi mensurada na intersecção de
duas linhas imaginárias: uma horizontal, que passa por cima da crista ilíaca e outra,
vertical, que passa pela espinha ilíaca antero-posterior do íleo. A dobra foi pinçada
obliquamente.
FIGURA 12
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA
SUPRAESPINHAL OBLÍQUA.
81
Dobra Cutânea Suprailíaca (SUPI) – Foi mensurada obliquamente acima da
crista ilíaca superior, no ponto de encontro entre uma linha imaginária horizontal que
passa pela cicatriz umbilical e a linha axilar média.
FIGURA 13
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA
CUTÂNEA SUPRAILÍACA.
Dobra Cutânea da Coxa Medial (DCOXA) – foi mensurada no ponto médio
entre a dobra inguinal e a borda superior da patela. A dobra cutânea da CX é
vertical, sendo mensurada com o sujeito sentado em uma cadeira, sem contração
muscular, com os pés apoiados ao solo.
Dobra Cutânea da Panturrilha Medial (DPAN) – A medida foi realizada no
local de maior perímetro da panturrilha medial. O sujeito foi colocado na posição
sentado, com os pés apoiados no solo, estando a perna e o joelho em ângulo de
90º. A medida foi realizada com a dobra pinçada verticalmente na face interna da
panturrilha, conforme demonstrado na Figura 11.
82
FIGURA 14
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA DA
COXA MEDIAL.
FIGURA 15
FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA DA
PANTURRILHA MEDIAL.
83
3.5.4.2. Perímetros Corporais
A mensuração dos oito perímetros seguiu os procedimentos de Callaway et
al. (1991) e Norton & Olds (1996).
O mensurador exerceu uma pressão firme com a fita sobre os segmentos
corporais, mas não deve comprimiu os tecidos moles. As medidas são repetidas
duas ou três vezes em cada local, dependendo da distância entre elas (NORTON &
OLDS, 1996). Se os valores não fossem iguais, a média dos valores mais próximos
representaria o valor da medida.
Perímetro do Pescoço (PESC)– para a mensuração do perímetro do
pescoço o indivíduo foi posicionado com a cabeça no plano de Frankfurt e a fita foi
colocada
imediatamente
por
baixo
da
proeminência
laríngea
no
sentido
perpendicular ao eixo longitudinal do pescoço, sendo a colocação da fita não
necessariamente horizontal. A pressão exercida na trena foi suficiente para o contato
completo com a pele, sem provocar desconforto.
FIGURA 16
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO PESCOÇO.
84
Perímetro do antebraço (ANTE) – Para mensuração do perímetro do
antebraço, o sujeito foi colocado na posição ortostática, com o braço direito
estendido e elevado lateralmente ao corpo. A fita métrica foi colocada em volta do
antebraço, na parte proximal, onde o maior perímetro foi encontrado.
FIGURA 17
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO ANTE BRAÇO.
Perímetro do Braço Relaxado (BREL) – O indivíduo foi colocado na posição
ortostática, com o braço direito estendido e elevado lateralmente ao corpo. A medida
foi efetuada no ponto médio entre a projeção lateral do processo acromial da
escápula e o olecrano.
85
FIGURA 18
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO BRAÇO
RELAXADO.
Perímetro do Braço Contraído (BCON) – O indivíduo foi colocado na
posição ortostática, com o braço totalmente flexionado. A medida foi efetuada no
ponto de maior perímetro entre a projeção lateral do processo acromial da escápula
e o olecrano, estando o cotovelo flexionado e durante uma contração máxima.
FIGURA 19
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO BRAÇO
CONTRAÍDO
86
Perímetro do Tórax (TORAX) – Este ponto foi medido com o indivíduo em
posição ortostática, braços ao longo do corpo e após expiração normal. A fita métrica
foi colocada horizontalmente no ponto abaixo dos seios, tendo como referência o
apêndice xifóide.
FIGURA 20
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO TÓRAX.
Perímetro da Cintura (CINT) – Medida realizada a nível do ponto mais
estreito entre o último arco costal e a crista ilíaca.
FIGURA 21
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DA CINTURA.
87
Perímetro do Abdômen (PABDO) – O sujeito ficou na posição de pé, com o
abdômen relaxado, os braços descontraídos ao lado do corpo. O avaliador colocouse à frente do sujeito. A fita métrica foi colocada horizontalmente em volta do
abdômen do sujeito, exatamente em cima da cicatriz umbilical. Um avaliador auxiliar
foi necessário para verificar a colocação da fita no plano horizontal.
FIGURA 22
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO ABDOMEM.
Perímetro do Quadril (QUAD) – Com o indivíduo na posição ereta, braços
cruzados à frente do corpo e pés juntos, observou-se lateralmente o maior perímetro
dos glúteos, onde foi colocada a fita horizontalmente e paralela ao solo. A fita ficou
em contato com a superfície da pele, sem provocar compressão dos tecidos. Um
avaliador auxiliar foi necessário para verificar se a fita estava corretamente colocada
do outro lado do avaliador principal.
88
FIGURA 23
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO QUADRIL.
Perímetro superior da Coxa (PCOXA) – É o maior perímetro da coxa
mensurado imediatamente abaixo da prega ou dobra do glúteo. O indivíduo usou
roupas que permitiram fácil visualização dos pontos de reparo. A medida foi
realizada estando o indivíduo em pé, com afastamento lateral dos pés em torno de
10 cm e o peso do corpo distribuído igualmente em ambas as pernas.
FIGURA 24
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO SUPERIOR DA
COXA.
89
Perímetro da Panturrilha (PPAN) - Foi medido no ponto de maior
circunferência da perna. A medida foi realizada estando o sujeito em pé, com ligeiro
afastamento das pernas e o peso do corpo distribuído igualmente em ambas pernas.
A fita foi colocada em volta da perna direita e movida para cima e para baixo, com o
intuito de encontrar o máximo perímetro no plano perpendicular ao eixo longitudinal
da perna.
FIGURA 25
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DA
PANTURRILHA.
3.5.4.3.Diâmetros Ósseos
A mensuração dos diâmetros ósseos seguiu os procedimentos de Norton &
Olds (1996). O mensurador exerceu uma pressão firme sobre os locais medidos
para diminuir a influência dos tecidos moles. As medidas foram realizadas no lado
direito dos sujeitos e repetidas duas ou três vezes em cada local. Foi considerada a
média dos dois valores mais próximos, quando os valores não coincidiram.
90
Diâmetro Biestilóide (DBI) – É a distância entre as apófises estilóides do
rádio e da ulna. O avaliador localizou as bordas mediais do estilóide ulnar e lateral
do estilóide do rádio para a mensuração do diâmetro. A borda mais lateral do
estilóide da ulna foi localizada com o dedo médio ou com o indicador da mão
esquerda e do rádio com o polegar.
FIGURA 26
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO DIÂMETRO BIESTILÓIDE.
Diâmetro Biepicondiliano do Úmero (DBU) – Esta medida é a distância
entre as bordas externas dos epicôndilos medial e lateral do úmero. O indivíduo foi
colocado na posição de pé. O braço foi posicionado horizontalmente, com o cotovelo
e o ombro em flexão próxima a 90 º. O examinador ficou de pé, em frente do
avaliado, e apalpar os epicôndilos medial e lateral do úmero, com os dedos indicador
e polegar da mão esquerda. As hastes do paquímetro foram colocadas em ângulo
próximo a 45 º.
91
FIGURA 27
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO DIÂMETRO BIEPICONDILIANO
DO ÚMERO.
Diâmetro do Biepicondiliano do Fêmur (DBF) – Esta medida é a distância
entre a borda medial e lateral dos epicôndilos do fêmur. Estes pontos são
conhecidos como os epicôndilos medial e lateral. O sujeito sentou-se com flexão do
joelho próximo a 90 º. O ponto aparente mais lateral do epicôndilo femural foi
apalpado com os dedos indicador e/ou médio da mão esquerda, enquanto os
correspondentes dedos da mão direita apalparam o ponto aparente mais medial do
epicôndilo femural. As hastes do paquímetro foram colocadas + 45 º para baixo.
92
FIGURA 28
FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO DIÂMETRO BIEPICONDILIANO
DO FÊMUR.
3.5.5. Mensuração do Peso Hidrostático
Os materiais e procedimentos utilizados neste estudo seguiram as
recomendações de Lohman (1992), Pollock & Wilmore (1993), Petroski & Pires Neto
(1995), Heyward & Stolarczyk (1996) e Norton & Olds (1996).
Em relação aos problemas relatados por Pollock & Wilmore (1993) no
momento da leitura da pesagem dentro d’água, causados pela oscilação da água,
algumas providências foram tomadas neste estudo, ou seja:
- A balança foi tarada a cada início de pesagem, ou seja, para cada sujeito
que entrou no tanque, foi realizada uma nova tara na balança para minimizar as
alterações decorrentes da diferença de volume corporal de cada sujeito avaliado.
- O tanque foi construído acima do chão e possui na parte da frente, um vidro
de 50 X 60 cm para comunicação entre o avaliado e o avaliador, diminuindo assim, a
ansiedade de quem está sendo pesado e, conseqüentemente, as oscilações da
água.
93
- Um aquecedor automático foi instalado no tanque para que, ao atingir a
temperatura ideal da pesagem, o mesmo desligue. O inverso acontece quando a
água desaquece, pois, ao decréscimo de 2o. C, o aquecedor se liga
automaticamente para que a água volte à temperatura inicial. Mas, para que o
reaquecimento não causa turbulência na água, os canos de retorno da água quente
foram posicionados no fundo do tanque, a 10 cm acima do solo, fazendo com que,
ao entrar pelo fundo do tanque, o aquecimento seja naturalmente realizado, sem
agitar a superfície da água, o que dificultaria a estabilização da balança.
- A filtragem da água também é automatizada e realizada por um timer
ligado aos filtros, em dois períodos de duas horas: o primeiro logo após as pesagens
e o segundo, imediatamente quando do início das mesmas no dia seguinte.
- A cloração da água também é feita automaticamente, através de um
clorador automático ligado ao filtro, que mantém o nível correto de cloro da água a
cada filtragem.
- Para minimizar as oscilações que ocorrem em piscinas, o tanque tem
apenas 120 X 120 cm, o que facilita em muito a leitura.
- O tanque tem a altura de 190 cm, sendo que a água só alcança 150 cm de
altura. Esta medida, além de ser o suficiente para a realização da pesagem, é a ideal
para que os aquecedores tenham máxima eficiência e a água atinja a temperatura
ideal no menor tempo possível e com maior economia.
- Para a realização da medida do peso submerso, foi instalada uma célula
de carga de marca Filizola com mostrador digital IDSI, com capacidade de 50 Kg,
resolução de 10 g e leitura, que pode ser realizada com 5 velocidades diferentes
para facilitar a obtenção do peso correto.
94
- A cadeira foi presa à balança por um cabo de aço inoxidável encapado,
que possui tamanho reduzido e, para tal, a balança foi fixada a uma viga de madeira
de lei, posicionada a 50 cm do topo do tanque, para reduzir também a oscilação que
possa ocorrer logo após o posicionamento do avaliado na cadeira.
Peso Submerso (PS) – Os indivíduos foram avaliados na posição sentada,
conforme descrição de Pollock & Wilmore (1993).
Antes da pesagem, os sujeitos foram convidados a esvaziarem a bexiga e
defecarem, caso já não o tivessem realizado.
Antes de efetuarem-se os procedimentos da pesagem, foi permitida a prática
de expiração submersa. O registro da pesagem foi realizado após o máximo esforço
expiratório, estando o sujeito totalmente submerso. A respiração foi mantida
bloqueada por aproximadamente 5 -10 segundos para a estabilização da balança e
para a realização da leitura. Após cada tentativa, aguardou-se, antes, o
restabelecimento da respiração antes, sendo o mesmo procedimento repetido por 610 vezes (KATCH, 1968). Os indivíduos foram avaliados pela manhã e ao final da
tarde, num limite máximo de até 5 sujeitos por dia.
95
FIGURA 29
FOTO DO TANQUE DE PESAGEM HIDROSTÁTICA.
Os movimentos excessivos na escala durante a pesagem foram controlados
pelo avaliador, permitindo fazer leituras com precisão de até ± 20 gramas. Os
indivíduos foram estimulados a expirarem o máximo no momento da mensuração e a
se movimentarem bem lentamente no momento da submersão, tendo em vista a
sensibilidade da célula de carga, pois movimentos muito rápidos poderiam impedir a
estabilidade no momento da leitura, aumentando, assim, o número de tentativas e a
permanência do avaliado com a respiração bloqueada.
96
A determinação do peso dentro d’água foi feita utilizando o que prescrevem
Behnke & Wilmore (1974), apresentados em Pollock & Wilmore (1993) e foi
selecionado da seguinte maneira:
a) Primeiramente, foi selecionado o peso mais alto observado, caso tenha
repetido mais de uma vez.
b) Caso o item anterior não tenha sido satisfeito, foi selecionado o segundo
peso mais alto que tenha sido registrado mais de uma vez.
c)
quando os critérios anteriores não foram satisfeitos, foi selecionado o
terceiro peso mais alto e assim sucessivamente, até conseguir o peso
desejado.
Embora os sujeitos tenham sido orientados a não se alimentarem pelo mínimo
de quatro horas antes das pesagens, o cumprimento desta orientação não podê ser
controlado pelos avaliadores.
3.6 Cálculo da Composição Corporal
Cálculo da Densidade Corporal (D) – partindo da fórmula convencional
peso/volume, a D foi determinada através da seguinte equação:
D (g/ml) =
MC
[ (MC – PS) / Da ] – (VR + 100)
Onde: D = Densidade corporal
MC = Massa corporal em kg
PS = Peso submerso na água em kg
Da = Densidade da água
97
VR = Volume residual em litros
0,1 = Constante de gás gastrointestinal (100 ml)
Volume Residual (VR) – o VR foi medido por estimativa, seguindo a
orientação de Pollock & Wilmore (1993), que recomenda a utilização da equação de
Goldman & Becklake (1959) que considera a idade e a estatura:
Mulheres: VR = 0,009 (idade, anos) + 0,032 (estatura, cm) – 3,9.
Percentual de gordura (%G) – o %G é determinado através da equação de
Siri (1961): %G = (495 / D) – 450.
Massa de Gordura (MG, kg) – a MG foi obtida multiplicando-se a massa
corporal pela fração do percentual de gordura: MG = MC (100 /%G ).
Massa Corporal Magra (MCM, kg) – a MCM foi estimada subtraindo a MG da
massa corporal: MCM = MC – MG.
3.7. Instrumentação
Descrevemos, a seguir, material utilizado para a realização da Pesagem
Hidrostática e das medidas antropométricas.
O equipamento desenvolvido para a pesagem hidrostática foi um tanque, de
formato quadrado 120 X 120 cm, com 190 cm de altura, construído em alvenaria e
azulejado por dentro, com 30 cm de espessura, sendo que a parte frontal do tanque
possui um visor de vidro de marca Blindex, laminado, de 30mm de espessura,
possuindo uma forma retangular de 50 cm largura e 60 cm de altura para
comunicação visual entre o avaliado e o avaliador.
98
O tanque foi mantido com a água a uma altura de 150 cm, com a temperatura
da água mantida a 36o C, podendo alterar-se em aproximadamente 2o C, fato este
que não deverá alterar a Densidade Corporal ao final das medidas.
Uma célula de carga, com mostrador IDSI de marca FILIZOLA, de capacidade
para 50 kg e com precisão de 10 g, foi fixada em um gancho preso numa viga de
madeira de lei, a uma altura de 210 cm, através de um mosquetão de aço inox.
Na célula de carga foi colocado um outro mosquetão ao qual estão presos os
cabos de aço inox encapados, para a sustentação da cadeira onde sentaram os
sujeitos no momento da pesagem submersa. A cadeira foi construída em canos de
PVC, com 40 mm de diâmetro e 50 cm de comprimento .
Um cinto de mergulhador com 4 kg foi colocado em volta da cintura do
avaliado para garantir a estabilidade durante as pesagens. O peso do cinto foi
subtraído do peso submerso, através efetuando a tara da célula de carga, antes do
início das pesagens.
Para as medidas de diâmetros ósseos, foi utilizado um paquímetro
MITUTOYO, de fabricação Japonesa, adaptado com hastes de 15 cm, com precisão
de 0,01 mm (Fig 30).
Para a medida da massa corporal, foi utilizada uma balança digital, de marca
Filizola, de fabricação Brasileira, com capacidade para 150 kg e precisão de 100g
(Fig 31).
Para as medidas de dobras cutâneas, utilizou-se um compasso de Lange, de
fabricação da Cambridge Scientific Industries, com escala de 1 mm e pressão
constante em todas as aberturas de 10 g/mm2 (Fig 32).
99
Para as medidas dos perímetros, foi utilizada uma fita métrica metálica, de
fabricação brasileira, vendida pela empresa Sanny, com largura de 0,5 cm e com
precisão de 0,1 cm (Fig 33).
FIGURA 30
FIGURA 31
PAQUÍMETRO.
BALANÇA FILIZOLA.
FIGURA 32
COMPASSO LANGE.
FIGURA 33
FITA MÉTRICA.
3.8. Fidedignidade das Mensurações
A fidedignidade foi realizada para testar a constância das medidas
antropométricas e da pesagem hidrostática. Para se testar a fidedignidade das
100
medidas, foram convidadas 10 mulheres que fizeram parte da amostra, com idade
entre 18 e 45 anos de idade. Os sujeitos foram mensurados em duas ocasiões, com
intervalo entre as medidas de, no mínimo, de 3 dias. A correlação de Pearson
relatada pelos autores para a fidedignidade destas mensurações deve ser de, no
mínimo, de r = 0,80 para p< 0,025 (LOHMAN, 1996).
Analisando os resultados apresentados na tabela 7, podemos observar que,
pelo resultado, houve correlação significativa p ≤ 0,025 para todas as medidas entre
a primeira e a segunda medição.
Na Tabela 8, estão descritos os valores do teste “t” pareado, realizado entre a
primeira e a segunda medida, para comparar as médias das dobras, circunferências,
MCT, DC e % G na primeira e segunda medição.
Analisando os resultados do teste t pareado, na Tabela 8, podemos concluir
que todas as médias calculadas não apresentaram diferença significativa entre si (p
> 0,05).
Os resultados obtidos indicaram significativa correlação, p ≤ 0,05, além de
não haver diferença significativa entre as médias nas duas avaliações, comprovando
que os valores foram obtidos com consistência e confiabilidade, satisfazendo, assim,
os critérios científicos para a fidedignidade dos resultados.
101
TABELA 7
MÉDIA E DESVIO PADRÃO DOS DOIS MOMENTOS DO TESTE DE
FIDEDIGNIDADE E O RESULTADO DA CORRELAÇÃO “R” ENTRE ELES.
MEDIDAS
MC, kg
D, g/ml
%G
PRIMEIRA
MÉDIA
DP
56,25
5,95
1,045947 0,007467
23,27
3,37
SEGUNDA
MÉDIA
DP
56,12
6,19
1,046610 0,007006
22,97
3,16
CORRELAÇÃO
r
0,998
0,994
0,994
p
0,000
0,000
0,000
DOBRAS CUTÂNEAS,
mm
PEI
BIC
TRIC
SUB
AM
SUPI
SUPE
DABDO
DCOXA
DPAN
10,32
8,16
19,46
11,95
8,21
19,18
12,13
18,29
24,56
14,69
4,23
2,89
3,09
3,60
2,78
3,96
4,42
4,98
6,33
3,33
11,03
8,29
19,47
11,63
7,76
19,80
12,54
18,26
23,46
15,17
4,57
2,30
3,11
3,71
2,37
4,72
4,12
5,39
5,29
3,80
0,842
0,698
0,870
0,960
0,880
0,937
0,951
0,969
0,968
0,921
0,002
0,025
0,001
0,000
0,001
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
31,00
22,64
25,89
26,54
73,23
69,33
77,45
95,58
55,25
34,55
1,16
1,25
1,81
1,59
3,75
4,00
4,15
3,92
3,16
1,95
30,82
22,51
25,98
26,60
73,37
69,09
77,52
96,01
55,08
34,31
1,67
1,11
1,78
1,48
3,90
4,12
5,21
3,78
3,37
1,79
0,931
0,906
0,986
0,991
0,976
0,977
0,960
0,947
0,992
0,989
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
PERÍMETROS, cm
PESC
ANTE
BREL
BCON
TORAX
CINT
PABDO
QUAD
PCOXA
PPAN
102
TABELA 8
DIFERENÇAS MÉDIAS, VALOR t CALCULADO E DA PROBABILIDADE ENTRE OS
DOIS MOMENTOS DO TESTE DA FIDEDIGNIDADE.
MC, kg
D, g/ml
%G
DOBRAS CUTÂNEAS,
mm
PEI
BÍC
TRI
SUB
AM
SUPI
SUPE
DABDO
DCOXA
DPAN
PERÍMETROS, cm
PESC
ANTE
BREL
BCON
TORAX
CINT
PABDO
QUAD
PCOXA
PPAN
DIF ENTRE MÉDIAS
0,13
-0,00066
0,29
t
0,872
-2,239
2,240
p
0,406
0,052
0,052
-0,71
-0,12
-0,01
0,32
0,45
-0,62
-0,40
0,06
1,10
-0,48
-0,907
-0,189
-0,020
0,979
1,085
-1,151
-0,931
0,151
1,950
-1,027
0,388
0,854
0,984
0,353
0,306
0,279
0,376
0,884
0,083
0,331
0,18
0,13
-0,09
-0,06
-0,14
0,24
-0,07
-0,43
0,17
0,24
0,778
0,780
-0,938
-0,802
-0,518
0,867
-0,132
-1,079
1,170
2,343
0,456
0,456
0,373
0,443
0,617
0,409
0,898
0,308
0,272
0,044
3.9. Análise dos Dados
3.9.1. Procedimentos Gerais
Primeiramente, os dados foram analisados através da estatística descritiva
103
para estabelecer os perfis tanto do grupo para a montagem das equações de
regressão quanto do grupo de validação. Em um segundo momento, foi utilizada a
correlação de Pearson para determinar a relação entre a densidade Corporal (D)
determinada através da pesagem hidrostática e as medidas antropométricas (massa,
estatura, dobras cutâneas, perímetros e diâmetros), bem como a idade cronológica.
Em um terceiro momento, foi realizada uma série de somatórios, tanto de dobras
cutâneas, perímetros e diâmetros, associados ou não a outras variáveis para
determinar de que maneira os somatórios melhoraram a correlação com a
Densidade medida diretamente pela Pesagem Hidrostática.
3.9.2. Regressão
A análise de regressão “Stepwise” foi utilizada para desenvolver as equações
específicas para a estimativa da Densidade. A variável dependente (critério) foi a
Densidade determinada hidrostaticamente, e as variáveis independentes (preditoras)
foram as medidas antropométricas, combinações e somatórios de variáveis que
atingiram a mais alta correlação.
A análise de regressão foi realizada nos seguintes estágios:
1- Para dobras, perímetros e diâmetros isoladamente;
2- Com as dobras e seus quadrados, perímetros e seus quadrados,
diâmetros e seus quadrados;
3- Da mesma forma anterior, só que associada à idade, massa corporal e
estatura,
104
4- Combinando dobras e perímetros, dobras e diâmetros e perímetros e
diâmetros, todos associados a idade, massa e estatura;
5- Todas as variáveis juntas;
6- Usando combinações de Dobras Cutâneas e Perímetros que obtiverem
maior r quando tratados de forma individual;
7- Utilizando várias combinações de dobras, perímetros e diâmetros, com R
alto e menor números de variáveis, com seus quadrados e, ainda,
somando-se a idade, massa e estatura para se verificar se o R
aumentava;
8- Utilizando combinações mistas de dobras, perímetros e diâmetros, para se
verificar o aumento do R;
9- Combinando os somatórios mistos com a idade, massa e estatura;
10- Incluiu-se o termo quadrático e logarítmico nos diferentes somatórios.
3.10. Validação das Equações
A validação das equações desenvolvidas foi realizada através da utilização de
uma amostra correspondente a 20% do número de indivíduos mensurados e
escolhidos randomicamente (amostra de validação) e que não participaram do
desenvolvimento das equações (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996).
As análises de validação foram realizadas através da determinação dos
seguintes cálculos: correlação múltipla (r > 0,80), teste t pareado (t < t crítico e P <
0,05), erro constante (EC), erro total (ET) e erro padrão de estimativa (EPE) (EPE <
0,0080), conforme sugestões de Lohman (1992) e Petroski (1995).
105
Onde:
EC (erro constante) = MÉDIA ((Dm) - (De)), diferença média entre a
densidade mensurada (Dm) e estimada (De).
ET (erro técnico) = √∑ (Y1 - Y2)2 / n onde: Y1 é a densidade estimada e Y2
é a densidade medida.
EPE = EPE (erro padrão da estimativa) = s √ 1- R2
R2 = Coeficiente de determinação múltipla.
Os cálculos do ET,
EC, r e t foram realizados na planilha do Excel for
windows.
A seleção dos modelos foi realizada de acordo com os seguintes critérios:
1- Significância parcial das variáveis;
2- Menor EPE;
3- Maior coeficiente de correlação múltipla;
4- Praticidade do modelo;
5- Menor número de variáveis independentes.
106
CAPÍTULO IV
4.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo foram apresentados em quatro etapas para
atender os objetivos específicos, que foram:
1) Avaliar as características antropométricas de mulheres do Exército
Brasileiro;
2) Verificar a densidade corporal de mulheres do Exército Brasileiro através
da pesagem hidrostática;
3) Desenvolver equações para a estimativa da densidade corporal a partir
das variáveis antropométricas;
4) Validar as equações desenvolvidas para a predição da densidade
corporal.
4.1. Características Antropométricas
Para o desenvolvimento deste estudo, foram utilizadas 100 mulheres
militares do Exército, servindo na cidade do Rio de Janeiro, divididas em dois
grupos, o de Regressão (N=80) e o de Validação (N=20), sendo o tamanho do grupo
de regressão adequado para o poder de 0,8, segundo Cohen (1988) (apud THOMAS
107
e NELSON, 2002), para regressão utilizando de três a cinco variáveis
independentes. Portanto, baseado no tamanho da amostra, no efeito esperado e no
poder escolhido (α ≤ 0,05, β ≤ 0,2 e poder = 1 - β ) , obteve-se neste estudo 80% de
acerto em relação as hipóteses alternativas e um efeito moderado no resultado, com
o tamanho da amostra calculado.
Os valores descritivos da Idade, Estatura, Massa Corporal Total (MCT),
Densidade Corporal (D) e Porcentagem de Gordura (%G), são apresentados na
Tabela 9.
TABELA 9
VALORES DESCRITIVOS DOS GRUPOS DE REGRESSÃO E VALIDAÇÃO.
N
Mínimo
Máximo
GRUPO DE REGRESSÃO
X ± s
IDADE (anos)
80
18,92
45,25
30,54 ± 6,53
ESTATURA (cm)
80
152,10
184,90
165,05 ± 5,95
MC (Kg)
80
48,10
79,00
58,71 ± 6,68
D (g/ml)
80
1,027583
1,063440
1,045620 ± 0,00876
%GORDURA (%G)
80
15,47
31,71
23,44 ± 3,97
GRUPO DE VALIDAÇÃO
IDADE (anos)
20
19,42
42,58
31,08 ± 6,84
ESTATURA (cm)
20
156,50
173,00
164,21 ± 5,49
MC (Kg)
20
49,20
81,70
58,88 ± 7,88
D (g/ml)
20
1,026236
1,062773
1,043877 ± 0,01117
%GORDURA (%G)
20
15,76
32,35
24,25 ± 5,07
Com o objetivo de desenvolver equações específicas para a determinação da
densidade corporal de mulheres militares do Exército a partir de variáveis
antropométricas, foram mensuradas 10 dobras cutâneas, 10 perímetros e 3
diâmetros, que foram correlacionados com a densidade corporal para que pudessem
108
ser incluídos como variáveis independentes nas equações desenvolvidas por este
estudo. Os valores descritivos das medidas antropométricas do Grupo de Regressão
são apresentados na Tabela 10.
TABELA 10
VALORES DESCRITIVOS DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DOS GRUPOS
DE REGRESSÃO E VALIDAÇÃO
G. REGRESSÃO
( N = 80)
G. VALIDAÇÃO
( N = 20)
DOBRAS (mm)
Mín
Máx
X ± s
Mín
Máx
X ± s
PEI
BIC
TRIC
SUB
AM
SUPI
SUPE
DABDO
DCOXA
DPAN
4,00
2,80
12,00
7,00
5,00
6,20
5,50
7,10
12,40
9,50
26,50
21,00
38,50
34,00
23,50
39,00
25,10
33,00
46,00
37,00
12,09 ± 4,5
9,19 ± 3,6
20,06 ± 4,7
14,38 ± 5,1
10,32 ± 3,9
21,56 ± 6,7
13,17 ± 4,3
19,6 1± 5,4
27,70 ± 6,4
17,54 ± 5,4
5,00
4,50
8,10
7,00
4,50
3,50
7,10
9,50
13,00
11,00
26,00
18,50
32,00
42,00
31,00
45,50
22,00
33,50
51,00
31,00
11,90 ± 6,07
9,72 ± 4,03
19,44 ± 5,74
14,86 ± 7,72
10,94 ± 6,99
19,28 ± 8,97
12,17 ± 4,03
19,03 ± 6,16
28,46 ± 8,65
19,34 ± 5,29
28,60 35,50
20,50 26,40
22,60 31,60
23,50 32,40
66,60 85,00
61,80 79,60
34,70 98,40
88,60 112,90
49,60 68,10
30,80 39,40
31,39 ± 1,6
23,12 ± 1,2
26,42 ± 1,9
27,10 ± 1,9
74,56 ± 4,1
69,72 ± 4,5
77,51 ± 7,7
97,00 ± 5,0
56,15 ± 3,7
35,22 ± 2,0
29,20
21,30
23,90
24,90
62,90
62,10
63,50
92,50
51,20
32,10
34,90
26,00
33,20
31,30
88,80
88,00
101,50
113,50
63,60
40,00
31,65 ± 1,78
23,50 ± 1,41
26,70 ± 2,30
27,38 ± 1,71
75,23 ± 6,17
70,87 ± 6,22
77,52 ± 7,99
97,13 ± 4,80
55,99 ± 3,50
35,55 ± 2,13
8,20
5,30
4,30
8,92 ± 0,5
5,90 ± 0,3
4,84 ± 0,2
8,14
5,40
4,40
10,00
6,50
5,45
8,99 ± 0,44
5,98 ± 0,30
4,92 ± 0,31
PERÍMETROS
( cm)
PESC
ANTE
BREL
BCON
TORAX
CINT
PABDO
QUAD
PCOXA
PPAN
DIÂMETROS
( cm)
DBF
DBU
DBI
11,10
6,85
5,50
109
4.2. Teste de Correlação entre as Variáveis
Para a escolha das variáveis independentes que foram analisadas pela
regressão, testou-se, primeiramente, a correlação das variáveis, individualmente,
para depois testar as mesmas variáveis elevadas ao quadrado e, após isso, as
combinações entre todas elas, juntamente com a idade, estatura e massa corporal.
Para testar a correlação entre a idade e variáveis antropométricas com a
densidade corporal, foi utilizada a Correlação de Pearson, considerando
significativas as correlações para p ≤ 0,01.
Considerando os valores apresentados na tabela 11, pode-se verificar que
todas as variáveis apresentaram correlação significativa com a D com exceção do
perímetro do pescoço (p = 0,801), antebraço (p = 0,158) e DBU (p = 0,381). Dentre
as variáveis que apresentaram correlação significativa, as que apresentaram maior
valor de “r” foram as dobras do Bíceps (r = - 0,656), e o perímetro da cintura (r = 0,534) e o DBI ( r = 0,279).
Uma outra correlação foi realizada entre as variáveis elevadas ao quadrado e
a densidade corporal , com o objetivo de verificar o aumento da correlação.
Pelos valores das correlações apresentados na Tabela 11, pode-se concluir
que os quadrados dos valores das variáveis não necessariamente elevaram os
valores da correlação. Inclusive, em várias delas, o valor de “r” diminuiu, como, por
exemplo, a dobra do Bíceps ( r = - 0,635). As variáveis que aumentaram a
correlação, quando elevadas ao quadrado, foram a idade (r = – 0,129), a dobra
suprailíaca (r = – 0,444), a dobra da coxa (r = -0,505) e o perímetro abdominal
(r = - 0,442). É importante ressaltar que a elevação ao quadrado da correlação foi
considerada apenas para os valores que tiveram aumento, no mínimo, na segunda
casa decimal.
110
TABELA 11
CORRELAÇÃO DA IDADE E VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E DESTAS
ELEVADAS AO QUADRADO,COM A DENSIDADE CORPORAL .
VARIÁVEIS
D
IDADE (ID)
ESTATURA (EST)
Massa Corporal Total
r
-0,114
0,004
- 0,309
sig
0,313
0,972
0,005
Variáveis 2
r
sig
- 0,129
0,254
0,006
0,958
- 0,302
0,007
DOBRAS
PEI
BIC
TRIC
SUB
AM
SUPI
SUPE
DABDO
DCOXA
DPAN
- 0,465
- 0,656
- 0,589
- 0,389
- 0,565
- 0,432
- 0,474
- 0,361
- 0,479
- 0,544
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,001
0,000
0,000
- 0,446
- 0,635
- 0,573
- 0,367
- 0,543
- 0,444
- 0,448
- 0,355
- 0,505
- 0,527
0,000
0,000
0,000
0,001
0,000
0,000
0,000
0,001
0,000
0,000
PERÍMETROS
PESC
ANTE
BREL
BCON
TORAX
CINT
PABDO
QUAD
PCOXA
PPAN
- 0,029
- 0,159
- 0,350
- 0,240
- 0,355
- 0,534
- 0,399
- 0,329
- 0,419
- 0,242
0,801
0,158
0,001
0,032
0,001
0,000
0,000
0,003
0,000
0,031
- 0,025
- 0,157
- 0,352
- 0,239
- 0,357
- 0,536
- 0,442
- 0,329
- 0,417
- 0,239
0,828
0,164
0,001
0,032
0,001
0,000
0,000
0,003
0,000
0,033
DIÂMETROS
DBF
DBU
DBI
- 0,237
- 0,099
0,279
0,034
0,381
0,012
- 0,238
- 0,098
0,284
0,034
0,389
0,011
variáveis
Apesar de quase todas variáveis apresentarem significativa correlação com a
densidade corporal, os valores de “r” ainda eram muito baixos e foi preciso testar as
correlações múltiplas através do Teste de Regressão, para verificar quais somatórios
e combinações de variáveis tinham maior R .
111
4.3. Correlação Múltipla entre as Combinações de Variáveis e a DC
O teste de correlação múltipla (R) foi realizado através da regressão com a
opção Stepwise, primeiramente, para verificar quais variáveis foram escolhidas para
participar das equações; depois de saber quais eram essas variáveis, foi utilizada a
opção Backward para verificar quais os maiores R
e com que combinação de
variáveis.
Os resultados destas regressões são apresentados nas próximas tabelas,
com as variáveis escolhidas, os R de cada grupo de variáveis, o coeficiente de
Determinação (R2) e o Erro Padrão da Estimativa (EPE). Na Tabela 12, são
apresentados os valores de R, R2 e EPE, quando foi utilizada a regressão para
dobras, perímetros, diâmetros isoladamente, associados aos seus quadrados,
combinados com Idade (ID), estatura (EST), massa corporal (MC) e com seus
quadrados.
Cabe ressaltar que, quando se entrou com as combinações de variáveis na
regressão, o acréscimo de variáveis nem sempre aumentou o R; as variáveis
incluídas que não fizeram o R aumentar foram excluídas das combinações que
poderiam ser utilizadas nas equações que foram desenvolvidas, como, por exemplo,
quando se combinou as dobras, as variáveis escolhidas foram as dobras do Bíceps
e Tríceps, mas quando incluiu-se a idade (ID), estatura (EST) , MC e estes valores
elevados ao quadrado, as variáveis escolhidas pela regressão se mantiveram as
mesmas (BIC + TRI). Quando foram combinados os perímetros com a idade,
estatura, MCT e estes valores elevados ao quadrado, os resultados da correlação
mantiveram-se os mesmos, isto é, os mesmos da combinação dos perímetros com
perímetros ao quadrado, apresentados na Tabela 12.
112
TABELA 12
2
VALORES DE R, R E EPE OBTIDOS NA REGRESSÃO STEPWISE.
R
R2
EPE
(g/ml)
0,692
0,479
0,00641
CINTURA + PESCOÇO
0,617
0,381
0,00698
CINTURA + PESCOÇO + COXA
0,658
0,433
0,00672
CINTURA + PESCOÇO+ COXA + ANTEBRAÇO
0,688
0,474
0,00652
CINTURA2 + PESCOÇO2
0,617
0,381
0,00698
CINTURA2 +PESCOÇO2 +COXA2
0,660
0,435
0,00671
CINTURA2 +PESCOÇO2 +COXA2+ANTEBRAÇO
0,689
0,475
0,00651
DBF + DBI
0,489
0,239
0,00774
DBF + DBI2
0,494
0,244
0,00771
Variáveis
DOBRAS
BÍC + TRÍC
PERÍMETROS
DIÁMETROS
DIÂMETROS + ID +EST +MCT
MCT + DBI2
2
MCT + DBI +DBI
0,535
0,286 0,00750
0,570
0,325 0,00734
Após a regressão aplicada às dobras, perímetros e diâmetros, isoladamente,
o teste foi repetido para as combinações de dobras com perímetros, dobras com
diâmetros, diâmetros com perímetros, estas combinações associadas a ID, EST e
MCT e todas as variáveis juntas. Os resultados do R, R2 e EPE são apresentados na
Tabela 13.
113
TABELA 13
2
VALORES DO R, R E EPE DAS COMBINAÇÕES DAS VARIÁVEIS ESCOLHIDAS
NA REGRESSÃO STEPWISE.
R
R2
EPE
(g/ml)
BIC + CABDO2
0,705
0,497
0,00629
BIC + CABDO2+ ANTE2
0,745
0,555
0,00596
BIC + CABDO2+ ANTE2 + TRIC
0,779
0,608
0,00563
BIC + CABDO2+ ANTE2 + TRIC + CCINT2
0,793
0,629
0,00551
BIC + ANTE2 + TRIC + CCINT2
0,786
0,619
0,00555
BIC + ANTE2 + TRIC + CCINT2 + TÓRAX
0,805
0,648
0,00537
BIC + TRI +DBI
0,725
0,525
0,00615
BIC + TRI +DBI + SUPE
0,742
0,551
0,00602
BIC + TRI +DBI + SUPE + DPAN
0,758
0,575
0,00590
CINT2 + DBI
0,640
0,410
0,00681
2
0,685
0,469
0,00651
VARIÁVEIS
DOBRAS + PERÍMETROS
DOBRAS + DIÂMETROS
PERÍMETROS + DIÂMETROS
CINT + DBI + TORAX
DOBRAS +PERÍMETROS
BIC + PABDO2
0,705
0,497
0,00629
BIC + PABDO2 + DBI
0,753
0,566
0,00588
BIC + PABDO2 +DBI + TRI
0,787
0,619
0,00555
BIC + PABDO2 +DBI + TRI + ANTE2
0,806
0,649
0,00536
DIÂMETROS
MC + DBI
0,529
0,280
0,00753
É importante observar que a regressão não soma simplesmente as variáveis
que ela escolheu; ela soma se, a cada variável incluída, o R aumenta; caso
114
contrário, ela muda a combinação, como se pode verificar na Tabela 13, quando
foram combinadas as variáveis Bíceps (BIC) + Perímetro Abdominal2 (PABDO2)+
Antebraço2 (ANTE2)+ Tríceps (TRIC) + Cintura2 (CINT2): o R foi igual a 0,786, mas,
quando foi incluído o perímetro do Tórax, o PABDO2 foi retirado e, mesmo assim, o
R aumentou para 0,805, pois esta combinação era mais apropriada e possuía uma
correlação múltipla (R) maior.
A combinação com dobras ao quadrado não foi mais utilizada, pois, quando foi
usada na regressão combinado com as dobras, nenhuma variável ao quadrado foi
aproveitada.
Quando se combinou as dobras cutâneas com a ID, EST e MCT, a regressão
continuou escolhendo as dobras do BIC e TRI (Tab 12). Da mesma forma, quando
os perímetros e perímetros ao quadrado foram combinados com a ID, EST e MCT,
as variáveis escolhidas foram as mesmas de quando foram analisados os perímetros
com os mesmos ao quadrado ( Tab 12).
É importante ressaltar que, quando se combina variáveis individualmente, o
resultado das correlações, para que dêem um R alto, usa um número grande de
variáveis e isso torna inviável a montagem das equações, pois elas ficariam com um
R alto, com um EPE baixo, mas ficariam impraticáveis pelo número excessivo de
cálculos a serem realizados para a estimativa da Composição Corporal. Para tanto,
foi realizada a Regressão Backward, para que se pudesse ter uma orientação de
como se poderia montar somas de variáveis para entrar na equação como uma
variável só.
Na tabela 14, são apresentados os valores de R e EPE para as combinações
escolhidas pela regressão quando se analisam as dobras, perímetros e diâmetros
separadamente.
115
TABELA 14
RESULTADO DO R E EPE PARA O SOMATÓRIO DE DOBRAS, PERÍMETROS E
DIÂMETROS.
R
Σ
DOBRAS
EPE
(g/cm2)
1 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRIC+ SUPI + BIC + DCOXA + DABDO +
AXILAR
0,743 0,00627
2 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRI + BIC + DCOXA + DABDO + AXILAR
0,743 0,00623
3 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRI + BIC + DABDO + AXILAR
0,743 0,00618
4 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRI + BIC + DABDO
0,743 0,00615
5 = DPAN + PEIT+ SUPE + TRI + BIC + DABDO
0,741 0,00612
6 = DPAN + SUPE + TRI + BIC + DABDO
0,731 0,00617
PERÍMETROS
7 = PPAN + PABDO + BCON + PESC + QUAD + TORAX + ANTE + PCOXA +
CINT + BREL
0,719
0,00651
8 = PPAN + PABDO + BCON + PESC + TORAX + ANTE + PCOXA + CINT +
BREL
0,719
0,00647
9 = PPAN + BCON + PESC + TORAX + ANTE + PCOXA + CINT + BREL
0,719
0,00642
10 = BCON + PESC + TORAX + ANTE + PCOXA + CINT + BREL
0,717
0,00639
11 = BCON + PESC + ANTE + PCOXA + CINT + BREL
0,713
0,00639
DIÂMETROS
12 = DBF +DBU + DBI
0,506 0,00770
13 = DBF + DBI
0,489 0,00774
É interessante observar o comportamento das combinações das dobras
escolhidas pela regressão, pois, na Tabela 14, quando se analisa os somatórios 1,
2, 3 e 4, estas possuem o mesmo valor de R (0,743) e baixíssima diminuição do
EPE (diferença de 0,00012). Isto comprova que nem sempre o aumento
considerável de variáveis em uma equação aumenta seu R e diminui seu EPE. O
mesmo aconteceu com os perímetros, pois os somatórios 7, 8, 9 e 10 apresentaram
116
uma mínima diferença no R (0,006) e o EPE também não abaixou de forma
significativa (0,00012).
Apesar das combinações utilizando várias dobras, perímetros e diâmetros
obterem um “R” alto, sua utilização contraria um dos objetivos deste estudo, que é a
montagem de equações mais práticas e simples para a estimativa da Densidade
Corporal. Por isso, com o resultado da Regressão Backward pode-se ter uma
orientação de quais variáveis poderiam ser somadas para, novamente, ser aplicada
a regressão e verificar o aumento de R, mas, como o número de variáveis a serem
somadas ainda era muito grande e estava comprometendo a praticidade das
equações, resolveu-se testar novamente as menores combinações, associando-se
os resultados da Regressão Stepwise com a Backward e aplicar a regressão
novamente para poder verificar qual o menor número de variáveis obteriam um
maior R e, a partir daí, utilizar o somatório destas variáveis na regressão para
verificar se a correlação não diminuiria, pois, com isso, poderíamos montar
equações com um bom R, baixo valor de EPE e com menor número de variáveis, o
que aumentaria a praticidade.
TABELA 15
VALORES DA CORRELAÇÃO E SIGNIFICÂNCIA DOS SOMATÓRIOS DAS
VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS COM A D.
D
SOMATÓRIOS
r
sig
(BIC + TRI)
(ANTE + TÓRAX + CINT)
( CINT + PABDO)
( TÓRAX+ANTE+PABDO+CINT)
2
( TÓRAX+ANTE+PABDO+CINT)
(CINT + PESC)
- 0,681
- 0,443
- 0,448
- 0,469
- 0,475
- 0,445
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
117
Na Tabela 15, são apresentados alguns somatórios que foram escolhidos por
possuírem menor número de variáveis envolvidas, ou seja, serem mais simples e
apresentarem correlação significativa p ≤ 0,01 com a D. Vários somatórios foram
analisados e, como não apresentaram correlação significativa ou possuíam um
maior número de variáveis envolvidas, foram descartados como variáveis no
momento de montagem das equações.
4.4. Montagem das Equações
Após a escolha de quais variáveis deveriam ser analisadas para a montagem
das equações, a Regressão Stepwise foi utilizada com diferentes combinações de
variáveis para, cada vez mais, tentar um valor alto de R e um menor valor do EPE.
Para a montagem das equações, foram testadas combinações de dobras e
perímetros, diâmetros, ID, EST e MCT; dobras, perímetros e diâmetros; dobras e
perímetros; perímetros e diâmetros; dobras e diâmetros; somente perímetros e
somente dobras.
Quando se realiza uma regressão com um número tão grande de variáveis,
dezenas de equações são montadas e devem ser avaliadas quanto ao emprego e
praticidade, de acordo com o objetivo do estudo. Portanto, após a montagem das
equações, a escolha, das combinações mais significativas e práticas, para entrar nas
equações, foi realizada e é apresentada na Tabela 16.
118
TABELA 16
VALORES DE R E EPE DAS COMBINAÇÕES DE VARIÁVEIS QUE PODERÃO
FAZER PARTE DAS EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA D .
VARIÁVEIS
No
R
EPE
(BIC+TRI) + (ANTE) + (TORAX) +(CINT)2
E1
0,798
0,00542
(BIC+TRI) + (ANTE) + (CINT)
E2
0,780
0,00593
(BIC+TRI) + (TORAX)2 + (CINT)2 + (ANTE)2 + (DBI)
E3
0,822
0,00516
(BIC+TRI) +(CINT)2 + (ANTE)2 + (DBI)
E4
0,802
0,00537
(PESC) + (CINT) + (PCOXA) + (DBI)
E5
0,710
0,00633
(PESC) + (ANTE)2 + (PCOXA) + (CINT)2
E6
0,689
0,00652
(BIC+TRI) + (CINT+PABDO) + (DBI)
E7
0,784
0,00555
(BIC+TRÍ) + (CINT+PABDO)
E8
0,720
0,00616
(BIC + TRI)
E9
0,681
0,00645
(BIC+TRI) + (BIC+TRI)2 + (CINT)2
E10
0.711
0.00628
Para se chegar às combinações de variáveis poderiam ser usadas nas
equações
desenvolvidas
neste
estudo,
utilizou-se
a
regressão
stepwise
primeiramente utilizando-se as variáveis mais significativas para a montagem das
equações, isto é, os grupos de variáveis que foram selecionadas na Regressão
Stepwise e as combinações que apareceram com menor número de variáveis e
mantendo o valor de R consideravelmente alto.
Os testes para se encontrar as combinações com o R mais alto foram
realizados da seguinte maneira: primeiramente, incluiu-se as dobras e somatórios de
119
dobras com perímetros e somatório de perímetros; depois, foram retiradas, uma por
uma, as variáveis que foram eliminadas pela regressão, só que isso não foi feito
como a regressão faz, pois ela faz a retirada das variáveis e combina as que
sobraram, mas, no caso deste estudo, as variáveis que eram eliminadas foram
retiradas e aplicadas a regressão novamente para se verificar qual era o
comportamento do R e do EPE. Quando o R atingia um valor considerável, com um
menor número de variáveis combinadas, eram incluídas a idade, a estatura e a MC,
para se verificar o comportamento do R, que geralmente não aumentou.
Após várias tentativas, retirando-se e incluindo-se variáveis, as únicas dobras
que continuaram a ser usadas foram as dobras do TRI, BIC e os somatórios
(BIC+TRI) e (BIC+TRI)2. Os diâmetros que continuaram a ser utilizados foram os
DBF e DBI. Somente a EST e MC continuaram sendo utilizadas, em poucas
combinações. Com a proposta de se montar equações mais simples e práticas, a
maioria dos perímetros foram utilizados na regressão e mais os perímetros ANTE2,
TÓRAX2, CINT2, PABDO2 e os somatórios de 2, 3 e 4 perímetros, ou seja, ( CINT +
PABDO), (ANTE + TÓRAX + CINT), (PESCO + CINT + PCOXA)2 , (TÓRAX + ANTE
+ CINT + ABDO) e (TÓRAX + ANTE + CINT + ABDO)2 .
Com a redução das variáveis, ficou mais fácil combiná-las para a verificação de
quais grupos poderiam ser escolhidos para a montagem das equações deste estudo
e, a partir daí, passou-se a escolher quais combinações, seriam efetivamente
utilizadas na montagem das equações (Tabela 16).
120
TABELA 17
VALORES DO R e EPE DAS EQUAÇÕES DESENVOLVIDAS NESTE ESTUDO.
D (g/ml)
EQUAÇÕES
No
R
EPE
D = 1,0 – 0,000748 (BIC+TRI) + 0,002538 (ANTE) + 0,0007667 (TORAX) – 0,00000995
(CINT)2
E1
0,798 0,00542
D = 1,058 – 0,000763(BIC+TRI) + 0,002948(ANTE) – 0,000836 (CINT)
E2
0,780 0,00593
D = 1,022 – 0,000676 (BIC+TRI) + 0,000005533(TORAX)2 – 0,0000104 (CINT)2 +
0,00004012 (ANTE)2 + 0,008641 (DBI)
E3
0,822 0,00516
D = 1,03 – 0,0007 (BIC+TRI) – 0,00000603 (CINT)2 + 0,00005083 (ANTE)2 + 0,007819
(DBI)
E4
0,802 0,00537
D = 1,045 + 0,002079(PESC) – 0,00112( CINT) – 0,000736(PCOXA) + 0,01142(DBI)
E5
0,710 0,00633
D = 1,058 + 0,002142 (PESC) + 0,00004764(ANTE)2 – 0,0011 (PCOXA) –
0,00000885(CINT)2
E6
0,689 0,00652
D = 1,040 – 0,000611(BIC+TRI) – 0,000269(CINT+PABDO) + 0,01303 (DBI)
E7
0,784 0,00555
D = 1,095 – 0,000676(BIC+TRÍ) – 0,000198 (CINT+PABDO)
E8
0,720 0,00616
D = 1,069 – 0,000796 (BIC + TRI)
E9
0,681 0,00645
D = 1.081 – 0.000649 (BIC+TRI) – 0.000000380 (BIC+TRI)2 – 0.00000326 (CINT)2
E10
0.711 0.00628
Após a redução das variáveis, comentada anteriormente, os critérios para a
escolha das combinações que poderiam fazer parte das equações desenvolvidas
(Tabela 16) e das equações desenvolvidas neste estudo (Tabela 17), foram os
seguintes: primeiramente, eliminaram-se as equações com maior número de
variáveis, pois se tornariam muito complicadas e pouco práticas; em segundo lugar,
foram eliminadas as equações parecidas; em terceiro lugar, foram eliminadas as
equações
que necessitassem da realização de muitas medidas por parte do
usuário, como por exemplo, as equações com o somatório de 4 e 3 perímetros, pois,
apesar de possuírem um R alto e o EPE bem baixo, se tornaram pouco práticas; em
quarto lugar, procurou-se manter as equações que possuíssem dobras, dobras e
121
perímetros, dobras e diâmetros, perímetros e diâmetros, só dobras e só perímetros
e, a partir daí, escolher os modelos com menor número de variáveis, com R
relativamente alto (acima de 0,70) e EPE relativamente baixo (abaixo de 0,007); por
último, foram calculados os valores da D de todas equações para os sujeitos do
grupo de regressão e das equações que não apresentaram diferença significativa
com a média da D obtida através da Pesagem Hidrostática, foram escolhidas as 10
mais simples.
4.5. Validação das Equações Desenvolvidas
Atendendo aos objetivos do estudo, foram montadas equações que pudessem
ser utilizadas de uma forma simples (Tab 17), mas um outro passo importante é o de
validar as equações desenvolvidas através de um Grupo de Validação que foi
retirado aleatoriamente da população deste estudo, mas que não participou da
montagem das equações. Os valores descritivos deste grupo foram apresentados na
Tabela 9 e os resultados da validação são apresentados na Tabela 18.
122
TABELA 18
VALIDAÇÃO DAS EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA DENSIDADE CORPORAL.
Eq
PH
X ± s
r
sig
t
sig
EC
( g/ml)
ET
( g/ml)
EPE
( g/ml)
X = 1,043877 ± 1,1173E-02
E1
1,045826 ±
0,0096
E2
1,046023 ±
0,0104
E3
1,045940 ±
E4
0,799
0,000
0,804
0,000
- 1,291
0,212
-1,414
0,173
- 0,00129 0,0000235
0,00542
- 0,00190 0,0000235
0,00593
0,0097
0,751
0,000
-1,230
0,234
- 0,00206 0,0000289
0,00516
1,045725 ±
0,0104
0,773
0,000
-1,131
0,272
- 0,00185 0,0000277
0,00537
E5
1,045073 ±
0,0073
0,00633
1,045300 ±
0,0083
- 0,00194 0,0000379
0,00652
E7
1,046387 ±
0,0088
- 0,00251 0,0000309
0,00555
E8
1,045489 ±
0,0084
- 0,00203 0,0000248
0,00616
E9
1,045681 ±
0,0076
- 0,00191 0,0000250
0,00645
E10 1,045247 ±
0,0087
- 0,594
0,560
- 0,731
0,474
-1,468
0,159
- 1,050
0,307
- 1,167
0,258
- 0,910
0,374
- 0,00253 0,0000432
E6
0,595
0,006
0,635
0,003
0,731
0,000
0,790
0,000
0,793
0,000
0,799
0,000
- 0,00135 0,0000229
0,00628
Considerando os valores dos resultados da validação, verificamos que as
correlações lineares realizadas foram todas consideradas significativas (p ≤ 0,05) e
variaram entre (r= 0,595 a 0,804). O valor mais baixo foi obtido pela E5, que utiliza
perímetros e um diâmetro para o cálculo da D, e o valor mais alto foi obtido pela
E
2, que utiliza uma combinação de dobras e perímetros para a estimativa da D.
Quando analisamos as diferenças entre as D medidas através da pesagem
hidrostática e através das equações desenvolvidas, nota-se que nenhuma equação
apresentou diferença significativa (p ≤ 0,05) entre as médias das D medidas e as D
123
estimadas. Os valores de t variaram entre - 0,594 (E5) e – 1,468 (E7),
respectivamente a equação que só utilizou perímetros e a que utilizou dobra,
perímetro e diâmetro para o cálculo da D.
Analisando as diferenças médias encontradas pelas D medidas pela PH e as
estimadas pelas equações desenvolvidas (EC = D
medida
– D
estimada),
observamos
uma variação entre 0,00129 (E 1) e 0,00253 (E 5), respectivamente a equação que
utiliza dobras e perímetros e a equação que só utiliza perímetros.
Por último, os baixíssimos valores do ET e os valores do EPE considerados
excelentes (E1, E3, E4 e E7 para EPE < 0,0055) e muito bons ( E2, E5, E6, E8, E9 e
E10 para EPE < 0,0070) por Lohman (1992) validam as equações desenvolvidas
neste estudo para estimar a D para mulheres militares do Exército com idade entre
18 e 45 anos.
Finalmente, fazendo uma relação entre a equação desenvolvida neste estudo,
que utiliza somente medidas de perímetros corporais (E6), e as equações
desenvolvidas por outros autores, nos EUA, para militares do Exército (Ex),
Marinha(Ma), Aeronáutica(Ae) e Fuzileiros Navais(FN), podemos verificar que,
apesar dos coeficientes de correlação múltipla serem superiores aos da equação
deste estudo E6 (R = 0,689), Ex (R=0,82), Ma e Ae (R=0,81) e FN (R=0,73), os EPE
da equação desenvolvida para mulheres deste estudo foi o mais baixo de todos E6
(EPE= 2,93 % G), Ex (EPE= 3,6 % G), Ma e Ae (EPE=3,72 % G) e FN (EPE=4,11 %
G). Este fato, no que tange ao R, pode ser devido, primeiramente, ao fato de as
correlações individuais das medidas antropométricas dos sujeitos dos outros estudos
serem mais altas do que as correlações das medidas dos sujeitos deste estudo; em
segundo lugar, ao fato de as equações relacionadas utilizarem perímetros
diferentes, como variáveis independentes, nas equações; e, em terceiro lugar, ao
124
fato de os sujeitos deste estudos parecerem apresentar maior homogeneidade do
que os sujeitos dos estudos dos EUA.
Na Tabela 19, pode-se verificar as variáveis utilizadas nas equações que estão
sendo analisadas neste capítulo.
TABELA 19
VARIÁVEIS INDEPENDENTES UTILIZADAS EM EQUAÇÕES PARA
MULHERES MILITARES (Brasil e EUA)
Equações que utilizam somente perímetros corporais
Equação deste estudo.
Salem,2003
Exército (EUA)
Vogel et al.,1988
Marinha e Aeronáutica (EUA)
Hodgdon and Beckett, 1984 a e b
Fuzileiros Navais (EUA)
Wright et al, 1980,1981
Pescoço + antebraço + coxa + cintura
Peso + pulso + pescoço + antebraço + quadril +
estatura
(Cintura + quadril + pescoço) + estatura
Braço relaxado + antebraço + pescoço +
abdomem + coxa
Comparando as variáveis utilizadas neste estudo e nos outros, pode-se verificar
que o perímetro do pescoço é comum a todas as equações; o perímetro do
antebraço também foi utilizado nas equações do Exército (EUA) e Fuzileiros Navais
(EUA); o perímetro da coxa foi utilizado para os Fuzileiros Navais (EUA) e o
perímetro da cintura foi utilizado na equação da Marinha e Aeronáutica (EUA).
Na Tabela 20, podem-se verificar os resultados da correlação linear e
comparação entre médias, entre a porcentagem de gordura, medida através do
método da pesagem hidrostática e a estimada pelas equações desenvolvidas para
militares de outras forças dos EUA, com exceção da equação para o Exército (EUA),
pois utilizou como variável independente a circunferência do punho, variável esta
não medida neste estudo.
125
TABELA 20
RESULTADO DA CORRELAÇÃO LINEAR E COMPARAÇÃO ENTRE MÉDIAS DA
% G MEDIDA E A ESTIMADA PELAS EQUAÇÕES (EUA), PARA OS SUJEITOS
DESTE ESTUDO
% G Medida pela pesagem hidrostática
D PESAGEM HIDROSTÁTICA
X = 1,043877 ± 1,1173E-02
EQUAÇÕES
X ± s
Marinha e Aeronáutica
Hodgdon and Beckett, 1984 a e b
Fuzileiros Navais
Wright et al, 1980,1981
53,95 ± 3,37
24,48 ± 3,84
r
sig
0,447
0,000
0,595
0,000
t
sig
- 72,065
0,000
- 2,671
0,009
Obs: Testes estatísticos significantes para p ≤ 0,05.
Na Tabela 20, os resultados demonstram que, apesar de existir correlação
estatisticamente significante entre a D medida e a estimada pelas duas equações
(p ≤ 0,05), as médias comparadas apresentaram diferenças estatisticamente
significativas, com maior diferença para a equação da Marinha e Aeronáutica (EUA)
e menor diferença para a equação dos Fuzileiros Navais. Estas diferenças se dão,
principalmente, por três motivos: primeiro, os sujeitos daqueles estudos possuem
características antropométricas diferentes dos sujeitos deste estudo; segundo, os
modelos matemáticos apresentados são bem diferentes; e terceiro, os sujeitos dos
outros estudos parecem ser mais heterogêneos, motivo pelo qual os EPE foram bem
mais altos.
126
CAPÍTULO V
5. Conclusões e Recomendações
Este estudo teve por objetivo desenvolver e validar equações específicas para
a determinação da densidade corporal de mulheres Militares do Exército, com idade
entre 18 e 45 anos, servindo na cidade do Rio de Janeiro, a partir de variáveis
antropométricas.
Para tanto, participaram deste estudo 100 mulheres militares que foram
divididas em dois grupos: o Grupo de Regressão (n=80), utilizado para o
desenvolvimento das equações propostas por este estudo, e o Grupo de Validação
(n=20), utilizado para validação das equações desenvolvidas.
5.1. Conclusões
Após a realização deste estudo, chegou-se às seguintes conclusões:
-
Foi possível desenvolver e validar equações específicas para a
determinação da densidade corporal de mulheres militares do Exército,
servindo na cidade do Rio de Janeiro, a partir de variáveis antropométricas
(dobras, perímetros e diâmetros);
127
-
As mulheres militares do Exército caracterizam-se por apresentarem as
seguintes características antropométricas: Idade de 30,65 ± 6,56 anos,
estatura de 164,88 ± 5,84 cm, MC de 58,74 ± 6,90 Kg e % gordura de
23,60 ± 4,19 %.
-
Após a realização da Pesagem Hidrostática, determinou-se a Densidade
corporal do sujeitos deste estudo que foi de 1,045272 ± 0,00926 g/ml.
-
Houve correlação significativa entre a D medida pela técnica da pesagem
hidrostática e as várias combinações de somatórios de medidas
antropométricas (dobras, perímetros e diâmetros), portanto rejeita-se a
H01;
-
Foram desenvolvidas 10 equações para a estimativa da densidade
corporal de mulheres Militares do Exército, servindo na cidade do Rio de
Janeiro, usando como variáveis dobras, perímetros e diâmetros que se
caracterizam pela simplicidade e praticidade, portanto rejeita-se a H02;
-
Houve correlação significativa entre a D medida através da técnica da
pesagem hidrostática e a estimada através da equações desenvolvidas,
portanto rejeita-se a H03;
-
As equações desenvolvidas neste estudo são válidas para a estimativa da
D de mulheres militares do Exército com idade entre 18 e 45 anos,
portanto rejeita-se a H04.
5.2. Recomendações
Recomenda-se que novos estudos sejam realizados no sentido de validar as
128
equações desenvolvidas neste estudo para outros grupos de mulheres militares
brasileiras.
Levando em consideração que a falta de prática do avaliador para a obtenção
das medidas de dobras cutâneas pode influenciar negativamente no resultado da D,
somando, assim, mais um erro ao resultado, recomenda-se que, apesar da maior
precisão das equações que utilizam dobras, perímetros e diâmetro, e dobras e
perímetros, para os avaliadores com pouca experiência, seja utilizada a equação
que utiliza somente perímetros, ou seja, a equação (E6):
D= 1,058 + 0,002142 (PESC) + 0,00004764(ANTE)2 – 0,0011 (PCOXA) – 0,00000885(CINT)2,
Principalmente por não necessitar de equipamentos de alto custo para medição
de dobras cutâneas, suas medidas serem de simples obtenção e terem sido
validadas, recomenda-se que esta equação seja utilizada nas Organizações Militares
que possuam militares do segmento feminino com as mesmas características dos
sujeitos deste estudo.
129
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134
ANEXOS
135
ANEXO I
Termo de Participação Consentida
Caro Participante,
O Profissional de Educação Marcelo Salem do Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Motricidade Humana – PROCIMH, da Universidade Castelo
Branco, na Cidade do Rio de Janeiro, pretende realizar um estudo sobre o
Desenvolvimento e Validação de Equações Específicas para a Determinação da
Densidade Corporal de Mulheres Militares do Exército Brasileiro, a partir
de
Variáveis Antropométricas ( perímetros e dobras cutâneas). O objetivo do presente
estudo é desenvolver uma equação brasileira, mais precisa, para o cálculo da
composição corporal de mulheres militares do Exército, possibilitando assim um
cálculo bem mais correto e eficaz dos componentes corporais.
No presente estudo, serão realizadas 10 medidas de dobras cutâneas, 9
medidas de circunferência, 3 medidas de diâmetro, massa corporal, estatura, e o
peso hidrostático ( dentro da água).
Sua participação neste estudo é voluntária. Mediante a sua aceitação,
espera−se que você, siga as instruções determinadas pelo coordenador da
pesquisa.
Para a realização da pesagem dentro d’água não é necessário saber nadar,
mas ao menos que seja adaptada ao meio liquido, isto é, consiga submergir seu
corpo completamente e permanecer assim por aproximadamente 10 a 15 segundos.
Para sua segurança a profundidade do tanque é de aproximadamente 1,4
metros, sendo possível que todos os avaliados fiquem de pé a qualquer momento.
Para a pesagem, foi construída uma cadeira tipo balanço de bebê que
mantêm a pessoa segura e presa mesmo inconsciente, assegurando o rápido
resgate caso necessário.
_________________________________________________________________
136
Eu li estas regras, entendi o propósito do referido estudo e, estando em
perfeitas condições de participar do mesmo, isento o avaliador e a instituição à qual
ele pertence de qualquer responsabilidade sobre danos causados ao meu estado
físico.
_________________________________
Assinatura do Participante
_________________________________
Testemunha
Rio de Janeiro, ______ de _____________de 2003.
137
ANEXO II
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE ENSINO E PESQUISA
DIRETORIA DE PESQUISA E ESTUDOS DE PESSOAL
E FORTALEZA DE SÃO JOÃO (Cur Prov EF / 1929)
INSTITUTO DE PESQUISA DA CAPACITAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO
1. Versa o presente expediente sobre solicitação de apoio para a realização
do Projeto de Pesquisa “Desenvolvimento e Validação de Equações de
Regressão para a Determinação da Densidade Corporal de Mulheres Militares do
Exército, a partir de Variáveis Antropométricas”, anteriormente aprovado pela
Diretoria de Pesquisa e Estudos de Pessoal (DPEP).
2. O objetivo deste projeto é desenvolver e validar novas equações para o
cálculo da composição corporal de militares do segmento feminino do Exército, a
partir de variáveis antropométricas (circunferências). Este trabalho possui grande
relevância, pois as informações sobre a composição corporal, apesar de somente
recentemente utilizadas no Exército Brasileiro, já se tornaram úteis para todos os
setores relacionados a atividade, saúde e desempenho profissional, pois todos
estes itens envolvem, de uma maneira ou de outra, o uso do corpo e, se esta
variável puder ser bem controlada, ou modificada de acordo com as necessidades
impostas pelos objetivos traçados, podem ser alcançadas mais facilmente as
metas.
O Exército Brasileiro, apesar de ser uma das mais antigas instituições do
nosso país, somente há alguns anos tem admitido mulheres em seus quadros.
Com a inclusão do segmento feminino, vem crescendo o interesse por sua
composição corporal, tendo em vista as peculiaridades das missões
desempenhadas, que têm no peso corporal um fator limitante ou não.
Atualmente, o valor do peso corporal como um todo não é mais usado como
referencial, já que pessoas com mesma área corporal, peso, estatura, idade e
gênero podem apresentar tecidos com quantidades diferentes. Por isso, uma
avaliação precisa e criteriosa do quanto significa a proporção de cada
componente faz-se necessária.
Apesar da disponibilidade de uma variedade de métodos estrangeiros bem
precisos e modernos, seus usos não são recomendados para avaliar um grande
138
número de pessoas, pois utilizam equipamentos caros, gastam um tempo
considerável e necessitam de profissionais altamente qualificados, o que é difícil
de encontrar nos Corpos de Tropa.
3. Para tanto, os militares do segmento feminino constituem-se na amostra
necessária para a coleta de dados desse trabalho, pois por se originarem de
diferentes regiões e estarem em maior concentração nas na região do Rio de
Janeiro, constituem um grupo que, dentro dos critérios científicos, pode ser
considerado grande o suficiente para que seja possível selecionar uma amostra
adequada para este estudo.
.
4. Em face do exposto, solicito-vos gestões no sentido de que seja autorizado
o contato direto do Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exército com as
militares do segmento feminino dessa Unidade, com a finalidade de solicitar a
participação na coleta de dados para o estudo em referência.
139
ANEXO III
ANAMNESE
(a) Nome_________________________________________________,
(b) Possui de 18 a 45 anos de idade ? sim (
) Não (
),
(c) Respeitou as orientações prévias ao teste? Sim (
(d) Está menstruada? Sim (
) Não (
) Não (
),
),
(e) Está sentindo-se inchada ou retendo líquido? Sim (
(f) Possui alguma prótese de silicone? Sim (
) Não (
) Não (
),
(g) Possui algum tipo de doença degenerativa? Sim (
) Não (
(h) Faz uso de algum medicamento? Sim (
),
) Não (
),
),
(i) Qual(is)_____________________________________________________,
(j) Faz uso de algum suplemento alimentar ? Sim (
) Não (
),
(k) Qual(is)_____________________________________________________,
(l) Está em jejum de no mínimo 4 horas ? sim (
(m) Esvaziou a bexiga e o intestino ? sim (
) Não (
) Não (
),
),
140
ANEXO IV
FICHA PARA COLETA DOS DADOS
NOME =
IDADE =
MCT =
ESTATURA =
MEDIDAS
1a MEDIDA
PEITORAL
BÍCEPS
TRICIPTAL
SUBESCAPULAR
AXILAR MÉDIA
SUPRAILÍACA
SUPRA
ESPINHAL
ABDOMINAL
COXA
PANTURRILHA
PESCOÇO
ANTE BRAÇO
BRAÇO RELAX
BRAÇO CONTRA
TÓRAX
CINTURA
ABDOMEM
QUADRIL
COXA
PANTURRILHA
B.E. FÊMUR
B. E. ÚMERO
BIESTILÓIDE
DENSIDADE
% GORDURA
IDADE FRAÇÃO
2a MEDIDA
MÉDIA
TEMPERATURA AGUA=
PESAGEM HIDROSTÁTICA
1a
2a
3a
4a
5a
6a
7a
8a
9a
10ª
11ª
12ª
Download

Desenvolvimento e validação de equações específicas