1 CAPITULO I 1. O PROBLEMA 1.1.Introdução O interesse dos estudiosos voltou-se, segundo Malina (1984), para a composição corporal no sentido da medida do homem em sua variedade de perspectivas morfológicas, com sua aplicação nas mais variadas formas e sua influência no movimento. Hoje em dia, sempre que uma pessoa pensa sobre sua aparência, saúde, atividade física e longevidade, ela está pensando também na sua composição corporal, especificamente no componente gordura corporal. Este componente tem sido largamente usado como indicador de saúde e aptidão física ( PETROSKI & PIRES NETO, 1995). A composição corporal tem sido usada como parâmetro para vários segmentos da atividade física, saúde e desempenho profissional e é de suma importância que seja calculada corretamente. Devido à relevância das áreas de seu emprego, torna-se necessária a utilização correta das técnicas de medição e das fórmulas para o cálculo dos componentes julgados necessários, de acordo com os objetivos da avaliação. 2 Segundo Guedes (1998), informações associadas à composição corporal são de fundamental importância na orientação dos programas de controle do peso corporal e se tornam mais importantes, ainda, quando relacionados ao que temos de mais precioso: a saúde. As informações sobre a composição corporal, apesar de somente recentemente utilizadas no Exército Brasileiro, já se tornaram úteis para todos os setores relacionados a atividade física, saúde, beleza e desempenho profissional, pois todos estes envolvem, de uma maneira ou de outra, o uso do corpo e, se esta variável puder ser bem controlada ou modificada de acordo com as necessidades impostas pelos objetivos traçados, podem ser alcançadas mais facilmente as metas. O Exército Brasileiro, apesar de ser uma das mais antigas instituições do nosso país, somente há alguns anos tem admitido mulheres em seus quadros. Com a inclusão do segmento feminino, vem crescendo o interesse por sua composição corporal, tendo em vista as peculiaridades das missões desempenhadas, que têm no peso corporal um fator delimitante ou não. Atualmente, o valor do peso corporal, como um todo, não é mais usado como referencial, já que pessoas com mesma área corporal, peso, estatura, idade e gênero podem apresentar tecidos com quantidades diferentes. Por isso, uma avaliação precisa e criteriosa do quanto significa a proporção de cada componente faz-se necessária. Existem duas formas de avaliar a composição corporal quanto ao método: o de laboratório e o de campo. Norton & Olds (1996) colocam que alguns métodos de laboratório bem sofisticados são utilizados hoje em dia para estimar a gordura corporal, dentre eles o 3 da condutividade elétrica total do corpo (MALINA, 1987), o ultrasônico (KATCH, 1983) e o do scanner com raios infravermelhos (MCLEAN & SKINNER, 1992). Além dos métodos acima citados, podemos encontrar também a absortometria radiológica de dupla energia (DEXA), a bioimpedância elétrica, a densitometria, a pletismografia, a hidrometria, a espectometria, a ultra sonografia, a tomografia computadorizada, o da ressonância magnética, o da ativação de nêutrons, o da interactância de raios infravermelhos, a antropometria, a excreção de creatinina, a creatinina sérica, a absorção fotônica, a radiografia e a 3-metil-histidina urinária (POLLOCK & WILMORE, 1993). Na escolha de um teste, devemos levar em consideração o tempo disponível para a sua realização, o custo de execução do teste, a quantidade de sujeitos que participarão do teste e a qualificação técnica do pessoal que o aplicará (Kiss, 1986). Esta análise faz com que as técnicas antropométricas sejam, dentre todas as técnicas disponíveis, as mais escolhidas. Apesar da disponibilidade de uma variedade de métodos bem precisos e modernos, seus usos não são recomendados para avaliar um grande número de pessoas, pois utilizam equipamentos caros, gastam um tempo considerável e necessitam de profissionais altamente qualificados (NORTON & OLDS, 1996). A busca de técnicas mais fáceis e bem mais econômicas fez com que vários profissionais procurassem uma solução prática e menos dispendiosa nos métodos antropométricos, que preconizam as medidas de dobras cutâneas, perímetros musculares e diâmetros ósseos, realizados fora dos laboratórios. Com a oferta de métodos, técnicas e modelos criados a partir de amostras específicas, muito ainda tem a ser desenvolvido na área da composição corporal 4 para mulheres brasileiras, pois, apesar de existirem algumas equações genéricas (desenvolvidas nos Estados Unidos da América, na África do Sul, na Europa, na América Central e Canadá), que podem ser perfeitamente utilizadas aqui no Brasil, é importante determinar o perfil antropométrico da mulher brasileira e, se este perfil coincide com o que foi utilizado para gerar as equações que hoje usamos, podendo ocasionar uma certa imprecisão incompatível com a importância das informações obtidas e com a relevância de seu campo de utilização. Com o avanço da tecnologia e a aquisição de recursos, um dos objetivos mais almejados atualmente é a busca da precisão dos cálculos para a estimativa da densidade corporal e, conseqüentemente, a porcentagem de gordura. Existem centenas de equações disponíveis na literatura científica para a predição da densidade corporal e da gordura corporal (NORTON & OLDS, 1996). Norton & Olds (1996), alertam sobre a importância do uso e escolha corretos de equações de predição, pois se usarmos incorretamente uma equação de predição da densidade corporal, por exemplo, estaremos aumentando os erros incorporados à fórmula provenientes da predição da densidade corporal a partir de dados antropométricos, da medição da densidade corporal usando a hidrodensitometria e da transformação da densidade corporal em percentual de gordura. A inexistência de equações disponíveis para a determinação mais precisa da densidade corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro e a conseqüente identificação da quantidade de gordura tem causado, entre estas militares, uma certa ansiedade, pois a busca pela condição física ideal para a carreira militar implica em uma composição corporal adequada para a conquista de tal objetivo. 5 O não conhecimento da correta composição corporal e, mais especificamente, da quantidade de gordura corporal, faz com que programas de dietas e de preparação física sejam elaborados com grandes erros, podendo vir a prejudicar, em muitos casos, quem os segue, pois, na esperança da melhora da forma física, as mulheres estão se preparando a partir de parâmetros errados, causando resultados desastrosos. Com base nos problemas levantados acima e nas necessidades apresentadas, faz-se necessário um estudo que descubra qual o método eficaz e bem simples para o correto cálculo da densidade corporal que seja capaz de suprir as carências levantadas, melhorando, assim, a qualidade de vida dos sujeitos deste estudo a partir da melhora do desempenho profissional dentro do Exército. Através do desenvolvimento e validação de equações para a determinação da densidade corporal de mulheres militares do Exército e o correto cálculo dos demais componentes da composição corporal, poderemos suprir as carências e necessidades em relação à saúde física e biológica dos sujeitos considerados neste estudo. Sendo assim, este estudo insere-se na Ciência da Motricidade Humana, através do eixo temático Enfoque Bio-Físico da Motricidade Humana, especificamente na área temática: Atividade Física, Epidemiologia, Saúde e Qualidade de Vida, na linha de pesquisa: Testes e Medidas em Avaliação nas Variáveis Bio-Físicas, onde o projeto de pesquisa de maior abrangência é Análise dos Padrões da Aptidão Física e Saúde, utilizando Testes, Medidas em Avaliação Física. Justifica-se a escolha desta linha de pesquisa pelo fato de a mesma propor o desenvolvimento e validação de equações para a estimativa da densidade corporal 6 e, conseqüentemente, dos componentes da composição corporal em mulheres militares do Exército Brasileiro. 1.2. Definição de Termos Técnica Antropométrica – Procedimento das medidas corporais em relação ao seu tamanho e proporções, incluindo as medidas de diâmetro, perímetros, dobras cutâneas, estatura e massa corporal (PETROSKI, 1995). Biometria – Desenvolvida por Karl Pearson (1896), matemático britânico, como uma ciência das medidas e comparação quantitativa da variação biológica (BEUNEN & BORMS, 1990). Cineantropometria – Segundo Malina (1984), é a disciplina que se originou da Antropometria e da Biometria e que estuda as medidas do homem em uma variedade de perspectivas morfológicas, sua aplicação ao movimento em suas variadas formas e os fatores que influenciam no movimento. Composição Corporal - É a divisão do corpo humano em componentes, ou seja, nas partes que o compõem. Geralmente, o corpo humano é dividido em dois ou quatro componentes: Gordura e Massa Livre de Gordura (modelo de dois componentes) ou Massa Gorda, Massa Óssea, Massa Muscular e Massa Residual ( modelo de quatro componentes) (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Densidade Corporal (D) – A densidade (D) é a massa por unidade de volume do corpo (KATCH E MCARDLE, 1996). 7 Diâmetro Ósseo (DO) – É uma reta que une dois pontos. No corpo humano, é o valor de uma reta que une dois pontos anatômicos bem definidos. É mensurado com um paquímetro especialmente preparado para tais medidas (DE ROSE, 1984). Dobra Cutânea (DC) – É uma medida de duas camadas de pele mais a gordura subcutânea adjacente, determinando a espessura total do tecido subcutâneo (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Equação de Predição – É uma fórmula matemática derivada da análise de regressão entre a técnica padrão e as variáveis preditivas, regressão esta que gera uma fórmula utilizada para calcular componentes corporais (% G, D e MLG) (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Equações Específicas – São equações preditivas obtidas em estudos realizados em grupos homogêneos específicos, adequadas para avaliar grupos com características semelhantes. (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Equações Generalizadas - São equações preditivas obtidas em estudos realizados com grupos heterogêneos; são utilizadas para avaliar grupos com características variadas (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Gordura Essencial – Compostos lipídicos (fosfo–lipídios) necessários para a formação da membrana celular e que valem aproximadamente 10% da quantidade de gordura corporal (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Gordura armazenada – é a quantidade de gordura que está armazenada no tecido adiposo (KATCH & MCARDLE, 1996). Massa Corporal (MC) – É a massa total do corpo, incluindo seus componentes principais, os músculos, os ossos e a gordura (KATCH & MCARDLE, 1996). 8 Massa Gorda (MG) – A MG compreende toda a gordura presente no corpo: é a soma da gordura que se encontra no tecido subcutâneo mais a gordura essencial (PETROSKI, 1995). Massa Corporal Magra (MCM) – É a MC, incluindo a gordura essencial, menos a massa de gordura (RODRIGUES AÑES , 1997). Massa Livre de Gordura (MLG) - É a MC, isenta de qualquer gordura. (KATCH & MCARDLE, 1996). Percentual de Gordura Corporal (%G) – É a quantidade de gordura corporal relativa, expressa em porcentagem, da massa corporal. Para este estudo, a % G, será estimada pela equação de Siri (1961). %G = (4,95/D - 4,5) X 100 (apud. PETROSKI, 1995). Pesagem Hidrostática (PH) – É um método indireto não invasivo, realizado em laboratório, para determinar a densidade do corpo através do princípio de Arquimedes, onde um corpo imerso em fluído perde uma quantidade de peso equivalente ao peso de fluído deslocado (BEHNKE & WILMORE, 1974). Perímetro (P) – É uma medida linear realizada circunferencialmente, geralmente realizada em partes específicas do corpo (DE ROSE, 1984). Técnica Antropométrica - É um procedimento no qual se realizam medidas corporais tais como dobras cutâneas, perímetros musculares e diâmetros ósseos, para futura utilização em equações para estimativa da D e/ou %G (PETROSKI,1995). Validação Cruzada – Técnica estatística utilizada para testar a validade dos métodos de composição corporal e a validade de predição das equações de estimativa da composição corporal (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). 9 1.3. Objetivos do Estudo 1.3.1. Objetivo Geral Desenvolver e validar equações específicas para a determinação da densidade corporal de mulheres militares do Exército, servindo na cidade do Rio de Janeiro, a partir de variáveis antropométricas. 1.3.2. Objetivos Específicos 1) Avaliar as características antropométricas de mulheres militares do Exército Brasileiro, servindo na cidade do Rio de Janeiro. 2) Avaliar a densidade corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro, servindo na cidade do Rio de janeiro, através da pesagem hidrostática. 3) Testar a correlação entre as combinações de somatórios de medidas antropométricas e a D medida através da pesagem hidrostática. 4) Desenvolver equações para a estimativa da densidade corporal a partir das variáveis antropométricas. 5) Testar a correlação entre a DC estimada, para a amostra de validação, através da fórmula desenvolvida e a DC medida através da pesagem hidrostática. 10 6) Validar as equações desenvolvidas para a predição da densidade corporal. 1.4. Pressupostos Teóricos Neste item, serão evidenciados os pressupostos que fundamentam o desenvolvimento de equações específicas para a determinação da densidade corporal e a conseqüente conversão em percentual de gordura. 1.4.1. O uso da Densimetria e Antropometria Os perfis antropométricos são comumente utilizados como base para avaliar o nível de gordura corporal tanto em atletas como em membros da comunidade em geral (NORTON & OLDS, 1996). Segundo Lohman (1992), muitos peritos consideram a medida da densidade corporal como o procedimento padrão para a avaliação da composição corporal. A maioria das equações de predição é desenvolvida usando métodos de laboratório como a densimetria hidrostática, ou seja, a medição da D utilizando a pesagem hidrostática, (NORTON & OLDS, 1996). Os métodos de campo são as medidas antropométricas (massa corporal, estatura, perímetros, diâmetros ósseos, dobras cutâneas). O uso destas variáveis, 11 nos mais diferentes procedimentos, fornece informações em relação a uma referência. De Rose (1984) explica que o ser humano pode ser descrito com grande precisão através de medidas da sua morfologia externa, tais como alturas, diâmetros, perímetros e dobras cutâneas Segundo Guedes & Sampedro (1985), a sofisticação de algumas metodologias, aliada ao grande sacrifício por parte dos avaliados na obtenção dos resultados, além do elevado custo operacional dos instrumentos exigidos, fizeram com que a densitometria e a medida de dobras cutâneas passassem a ser os procedimentos mais difundidos em nosso meio. Os estudos de Petroski & Pires Neto (1995) comprovam a existência de várias vantagens no uso da técnica antropométrica, entre elas: a boa relação das medidas antropométricas com a densidade corporal obtida através dos métodos laboratoriais; uso de equipamentos de baixo custo financeiro; facilidade e rapidez na coleta de dados; e a não invasividade do método. 1.4.2. Validação da Equação de Predição Lohman (1992) e Petroski (1995) sugerem que a validação de equações de predição seja realizada através dos seguintes cálculos: correlação linear, teste t pareado, erro constante (EC), erro técnico (ET) e erro padrão da estimativa (EPE). 1.5. Hipótese do Estudo 12 1.5.1. Hipótese substantiva A presente hipótese antecipa que é possível desenvolver e validar equações de regressão para a determinação da densidade corporal de mulheres do Exército Brasileiro, servindo na cidade do Rio de Janeiro, a partir de variáveis antropométricas. 1.5.2. Hipóteses Estatísticas H01 = Não há correlação significante entre as combinações de somatórios de medidas antropométricas (D, P, MC, DO e estatura) e a densidade corporal medida na pesagem hidrostática , para p ≤ 0,05. H1 = Existe correlação significante entre as combinações de somatórios de medidas antropométricas (D, P, MC, DO e estatura) e a densidade corporal medida na pesagem hidrostática, para p ≤ 0,05. H02 = Não é possível elaborar equações para a estimativa da densidade corporal a partir das variáveis antropométricas através da regressão “Stepwise”. H2 = É possível elaborar equações para a estimativa da densidade corporal a partir das variáveis antropométricas através da regressão “Stepwise”. H03 = Não há correlação significante entre a densidade corporal estimada para a amostra de validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela pesagem hidrostática, para p ≤ 0,05. H3 = Existe correlação significante entre a densidade corporal estimada para a amostra de validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela pesagem hidrostática, para p ≤ 0,05. 13 H04 = Não é possível validar as equações de regressão desenvolvidas. H4 = É possível validar as equações de regressão desenvolvidas. 1.6. Variáveis DEPENDENTES = Densidade corporal. INDEPENDENTES = As combinações e somatórios das variáveis antropométricas (DO, P, MC, D e estatura). INTERVENIENTES = Doenças desconhecidas e não detectadas na anamnese inicial dos sujeitos (desmineralização óssea e outras) e o não cumprimento das recomendações prévias necessárias neste estudo. 1.7 Questões a Investigar 1) Quais as características antropométricas de mulheres militares do Exército Brasileiro, servindo na cidade do Rio de Janeiro. 2) Qual é a densidade corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro, servindo na cidade do Rio de janeiro, medida através da pesagem hidrostática. 3) Qual a correlação entre a densidade corporal estimada para a amostra de validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela pesagem hidrostática. 4) Quais são as equações desenvolvidas que podem ser utilizadas para estimar a densidade corporal a partir das variáveis antropométricas, através da regressão linear “Stepwise”. 14 5) Qual a correlação entre a densidade corporal estimada para a amostra de validação, através da fórmula desenvolvida, e a densidade medida pela pesagem hidrostática. 6) Quais são as equações desenvolvidas e que podem ser validadas para estimar a Densidade Corporal . 1.8. Delimitação do Estudo Este estudo possui as seguintes delimitações: 1) Foram utilizadas 100 voluntárias do segmento feminino do Exército, do Comando Militar do Leste, por ser esta região o local de maior concentração de mulheres militares vindas de todas as regiões do país. 2) Estas voluntárias foram selecionadas com idades compreendidas entre 18 e 45 anos, excluindo-se as grávidas, mulheres com problemas endócrinos ou hormonais que tenham sua composição corporal alterada e fora da normalidade, conforme preconizam Pollock & Wilmore (1993). 3) Foram excluídas deste grupo mulheres que forem consideradas extremamente obesas; estiverem grávidas; possuírem próteses de silicone; usarem anabolizantes; possuírem doenças respiratórias ou circulatórias; apresentarem hidratação ou desidratação excessivas causadas por exercícios físicos, realização de sauna, problema de diarréia e menstruação, detectadas na anamnese realizada antes da pesagem hidrostática (POLLOCK & WILMORE ,1993). 15 4) Todos os itens citados acima, envolvendo a saúde dos sujeitos deste estudo, foram verificados por um médico. 1.9.Limitações do Estudo Algumas limitações, neste estudo, poderão ser encontradas provenientes dos fatores apresentados abaixo, razão pela qual os eventuais achados não poderão ser generalizados para outras mulheres militares. - A correta exalação de ar no momento da pesagem hidrostática. - O depoimento dos sujeitos avaliados em relação ao cumprimento das exigências técnicas para que se realize uma correta pesagem em meio líquido. - A impossibilidade de se determinar diretamente o volume residual. - A falta de condições para o levantamento de problemas como a desmineralização óssea, que não podem ser determinados através da anamnese inicial, feita pelo médico. 1.10. Justificativa do Estudo A carreira militar exige de seus profissionais uma condição física mínima suficiente para o desempenho de funções militares específicas em tempo de paz e de guerra, fazendo com que as mulheres que optaram pela carreira das armas precisem manter a saúde e a forma física constantemente. 16 Um dos parâmetros exigidos no Manual do Treinamento Físico Militar (C2020) é a quantidade de gordura corporal, a qual, para as mulheres, se transformou num fator estressante a mais. Este estresse é proveniente da dificuldade da manutenção da quantidade de gordura aceitável para os padrões militares em virtude da falta de uma adequada mensuração desse parâmetro para mulheres militares do Exército Brasileiro, já que inexistem estudos a respeito, pois a maioria dos métodos utilizado foi desenvolvido a partir de populações específicas diferentes dos sujeitos deste estudo. Com a utilização de uma equação específica, os componentes da composição corporal poderão ser calculados adequadamente, diminuindo a probabilidade dos erros cometidos, melhorando, assim, a qualidade de vida das mulheres do segmento feminino do Exército, para as quais este estudo se destina. Portanto, devido ao grande interesse por parte do Exército Brasileiro com relação ao conhecimento da composição corporal das militares do segmento feminino, a grande importância da precisão nos cálculos dos componentes da composição corporal e por não conhecermos o perfil antropométrico das mulheres militares do Exército Brasileiro, faz-se necessário o desenvolvimento de equações específicas para a população em questão, visando traçar um perfil adequado da composição corporal de mulheres militares do Exército Brasileiro, justificando a realização deste estudo. 1.11. Relevância do Estudo 17 Aqui no Brasil, os estudos sobre composição corporal iniciaram-se na década de 70 e, durante muitos anos, os trabalhos realizados utilizavam somente a equação de Faulkner (1968) para estimar a quantidade de gordura corporal. Por não ter sido levada em consideração a especificidade da equação de Faulkner (1968), não se sabe o tamanho dos erros obtidos nos cálculos desta equação para amostras nacionais, pois, naquela época, nem se discutia a validade de se utilizar determinada equação para a população brasileira (PETROSKI, 1995). A preocupação quanto ao uso de fórmulas estrangeiras para a população brasileira não é recente. Guedes (1986) fez um estudo em academicos de educação física da Universidade Federal de Santa Maria, sobre a validade da utilização da equação de Faulkner (1968) para brasileiros adultos e concluiu que sua utilização era inadequada, pois sua amostra era específica. Segundo Petroski (1995), acredita-se que a tendência da pesquisa no estudo da composição corporal seja o questionamento, o desenvolvimento e a identificação das equações que devam ser utilizadas para a estimativa da densidade corporal da população brasileira. De acordo com Añez & Pires Neto (1999), durante os últimos anos, observamse os esforços de alguns pesquisadores brasileiros no sentido de desenvolverem equações específicas ou generalizadas para a estimativa da densidade corporal (DC) e massa corporal magra (MCM), bem como de validá-las (CARVALHO & PIRES NETO, 1998A, 1998B; CARVALHO, 1997; GUEDES, 1985; PETROSKI, 1995; PIRES NETO & RODRIGUEZ AÑEZ, 1998; RODRIGUEZ AÑEZ, 1997; YONAMINE, 2000). Essas equações fornecem estimativa da MCM ou da DC de sujeitos que representam, respectivamente, um grupo específico de universitários com idades entre 18 a 30 anos, como os estudos de Carvalho & Pires Neto (1998a; 18 1998b) ou pela abordagem generalizada, conforme a proposição de Petroski (1995), para homens entre 18 e 66 anos e mulheres entre 18 e 51 anos de idade. Além disso, cada equação que é desenvolvida possui uma padronização toda especial, não só em relação à população, como também com relação à metodologia utilizada que deveria ser criteriosamente seguida por todos os profissionais que as utilizassem. Espera-se que, com o desenvolvimento dessas equações específicas, possamos traçar um perfil antropométrico mais preciso e característico das mulheres militares do Exército Brasileiro, podendo essas informações serem usadas com maior exatidão no desenvolvimento da saúde e do bem estar, na melhora do cumprimento de suas missões e na melhora de atividades que concorram para o seu sucesso pessoal. CAPÍTULO II 2. REVISÃO PARCIAL DA LITERATURA Este capítulo será estruturado por assuntos pertinentes ao objeto de estudo. Serão citados estudos semelhantes que afirmem ou neguem a hipótese, possibilitando uma discussão mais ampla sobre a pesquisa. 19 2.1. A Composição Corporal A origem das medidas corporais (Antropometria) se deu nas artes e não na Medicina ou na Biologia. Seus preceitos eram baseados na filosofia pitagórica da assimetria e da harmonia corporais (MAIA & JANEIRA, 1991; BEUNEN & BORMS, 1990, apud PETROSKI, 1995). De acordo com Petroski (1995), a história das medidas corporais se inicia nas civilizações da Índia, Egito e Grécia, com o uso das dimensões e proporções corporais, como o primeiro passo para a determinação de um padrão de medida corporal, com o objetivo de estabelecer um padrão das proporções corporais. Antigamente, os artistas utilizavam alguma parte do corpo como referência para determinar o tamanho de todas as outras partes e assim desenhavam formas praticamente perfeitas em seus trabalhos. Segundo De Rose, Pigatto & De Rose (1984), a escultura do artista POLYKLITUS, criada no séc. V a.C. e chamada de “ Doryphorus ” , a qual representava a forma masculina ideal, foi considerada por ROSS & WILSON como o primeiro modelo metafórico (Phantom), pois tinha a idéia de procurar obter um protótipo de proporcionalidade humana. O povo grego possivelmente tenha sido o primeiro povo a cultuar a forma corporal como sinônimo de beleza, estética e saúde; seus deuses eram figuras compostas por formas consideradas perfeitas. Protágoras, um filósofo grego do século V a.C., afirmava que “ ... o homem é a medida padrão de todas as coisas “ (PETROSKI,1995). Neste sentido, muitos povos chegaram a usar partes do corpo 20 como padrão e unidade de medida que ainda hoje são usadas, como, por exemplo, as medidas do pé e da polegada. De acordo com De Rose, Pigatto & De Rose (1984), HIPÓCRATES apresentou a primeira classificação biotipológica conhecida, dividindo os homens em tísicos e apopléticos 400 anos a.C. De acordo com Petroski (1995), no ano 15 d.C., um arquiteto Romano chamado VITRUVIUS escreveu o primeiro e teorista tratado sobre a proporção humana, tendo, em um dos seus livros, defendido o corpo humano como modelo de medida, de número e de simetria. O italiano Marco Pólo, entre 1273 e 1295, após diversas viagens pelo mundo, constatou a existência de diversas raças, povos e culturas, observando que esses povos diferiam muito em estrutura corporal e tamanho. Leonardo Da Vinci (1452 – 1519) se baseou nos livros de VITRUVIUS e elaborou um desenho do corpo humano que ficou famoso por sua forma , proporção e beleza, sendo utilizado no futuro pelos estudiosos da proporcionalidade (PETROSKI, 1995). Neste mesmo período, foi dado início à Antropometria Científica com uma obra chamada de Os quatro livros da proporção humana, de Albrecht Durer (1471 – 1528). A primeira diferença em raças humanas, em termos de proporções corporais, foi comprovada por Linnè (1707 – 1778), Buffon (1707 – 1788) E White (1729 – 1813). Neste mesmo estudo, foi formalizada a classificação do homem no sistema zoológico e, por isso, foi atribuída a eles a criação da chamada Antropologia Racial Comparativa (PEREIRA NETO, 1992. apud PETROSKI, 1995). 21 Segundo De Rose, Pigatto & De Rose (1984), no final do século XIX a física antropológica estabeleceu-se como ciência a partir dos trabalhos de JOHANN KARL FRIEDRICH GAUSS E LAMBERT ADOLPHE QUETELET. Gauss, em 1794, com apenas 17 anos, fundamentou as bases matemáticas de sua famosa curva, que indicava a tendência central dos fenômenos astronômicos (DE ROSE, PIGATTO & DE ROSE (1984). QUETELET (1786 – 1874), astrônomo e matemático belga, professor da Universidade de Geut, foi considerado o pai da Cineantropometria, tendo recebido tal título por ter descoberto a ciência e tê-la divulgado. QUETELET publicou, em 1835 o trabalho Man and the Development of his Faculties, em quatro volumes, sendo os dois primeiros dedicados às capacidades físicas do homem (KRAKOWER, 1937. apud PETROSKI, 1995). Em 1841, QUETELET aplicou os métodos estatísticos no estudo dos seres humanos, abandonando, definitivamente, os padrões subjetivos pela análise científica. Ele descobriu que, nos tratamentos estatísticos aplicados aos fenômenos biológicos e principalmente em medidas antropométricas, poderia ser usada a teoria de Gauss. Este estudo foi realizado analisando-se graficamente os resultados do perímetro toráxico de soldados escoceses e a estatura dos militares do Exército Francês, demonstrando que a distribuição de freqüência das medidas realizadas aproximava-se do formato da curva de GAUSS, ou seja, da curva normal das probabilidades (DE ROSE, PIGATTO & DE ROS, 1984). Figura 1_ Foto do selo comemorativo de Adolphe Quetelet, emitido 100º aniversário de sua morte. 22 Petroski (1995) comenta, (KRAKOWER, 1937; BOVARD & COZENS, 1938) relatam que o primeiro estudo sobre mensuração física foi realizado em 1854 por ZEISSING, que estudou adolescentes Belgas. Um pouco mais tarde, um outro estudo envolvendo crescimento de escolares de 8 a 18 anos, realizado por CRONWELL em 1860, descobriu que, entre 11 e 14, anos as meninas eram, geralmente, mais altas e mais pesadas que os meninos, mas que, a partir desta idade, a situação se invertia. A mensuração do Peso, Estatura, Circunferências e Força de Braços em estudantes e o desenvolvimento de tabelas que mostravam resultados médios destas variáveis realizado pelo Dr EDWARD HITCHCOCK, em 1861, foi considerado por Petroski (1995) como o primeiro estudo antropométrico realizado no continente americano. De acordo com Pereira Neto, 1992. Apud Petroski, 1995 foi no final do século passado e no início deste que a antropometria avançou. Isto se deu com a definição, estudo, discussão e padronização dos pontos anatômicos para a realização de medidas antropométricas. 23 Em 1921, MATIEGKA propôs um método antropométrico para fracionar o peso corporal nos quatro principais componentes: o peso de gordura, o peso ósseo, o peso muscular e o peso residual (DE ROSE, PIGATTO & DE ROSE, 1984). Segundo Ross, Carr & Carter (1999), este trabalho histórico de MATIEGKA da metodologia para o fracionamento da Massa do Corpo (A Prova da Eficiência Física), publicado no Diário Americano de Antropologia Física, é considerado um clássico. JINDRICH MATIEGKA nasceu em 31 de março de 1862, em Benesov (Bohemia, Tchecoslováquia), e se formou em medicina na Universidade de Praga. Em 1891, recebeu o diploma em saúde pública e trabalhou como oficial médico em Praga, no Serviço do Conselho do País de Bohemia, onde permaneceu até 1908. Durante esta função, avançou para se tornar a cabeça do Departamento de Saúde Pública. Em 1897, tornou-se um conferencista em Antropologia Física no Corpo Docente de Filosofia na Charles University, em Praga. Em 1908, tornou-se professor na Universidade e serviu como o Decano do Corpo Docente de Ciência (1921-1922) e Reitor da Universidade (1929-1930). De 1891 a 1932, publicou 234 documentos, incluindo o estudo clássico na Prova de Eficiência Física em 1921 (ROSS, CARR & CARTER, 1999). Figura 2_ Foto de Jindrich Matiegka retirado de ROSS, CARR & CARTER (1999). 24 Jindrich Matiegka A Equação do fracionamento da Massa Corporal de Matiegka (1921) é a seguinte: W=O+D+M+R onde, W = Massa corporal total; O = Peso do esqueleto (ossos); D = Massa do tecido gorduroso subcutâneo; M = Músculos do esqueleto; R = Resto do peso do corpo, que é igual a subtração da soma de (O + D + M). As três equações específicas do cálculo de cada componente corporal são apresentadas a seguir: Massa Óssea: MO = O2 * L * 1.2 Onde: O = (O1 + O2 + O3 + O4 )/ 4 O1 = diâmetro do úmero; O2 = diâmetro do fêmur; O3 = diâmetro do pulso; 25 O4 = diâmetro do tornozelo; L = estatura em cm; Massa gorda: MG = D * S * 0.13 Onde: D = ½ * Σ dobras ( d1+d2+d3+d4+d5+d6) d1= dobra do braço sobre o bíceps; d2 = antebraço na circunferência máxima; d3 = coxa sobre o quadríceps; d4 = panturrilha; d5 = axilar entre a mama e o umbigo; d6 = dobra a meio caminho entre o umbigo e a crista ilíaca superior anterior. Massa Muscular : MM = R2 * L* 6.5 onde, R = (r1+r2+r3+r4)/4 r1 = circunferência do bíceps; r2 = circunferência máxima do antebraço; r3 = circunferência da coxa a meio caminho entre o trocânter e o epicôndilo; r4 = circunferência máxima da panturrilha; L = Estatura em cm. Obs: Estas circunferências tiveram seus valores corrigidos pela espessura do tecido subcutâneo mais a pele. Na década de 40, o Dr ALBERT BEHNKE, médico da marinha americana, considerado a maior autoridade em composição corporal, realizou um trabalho de medidas corporais no sentido de fracionar a composição corporal, onde realizou medidas de estatura, forma e estrutura de 25 jogadores profissionais de futebol americano. Este estudo comprovou que 11 dos 17 jogadores considerados obesos pela tabela de peso e altura, utilizada na época como padrão de composição corporal, possuíam a gordura corporal relativamente baixa e que este excesso de peso era devido ao desenvolvimento da massa muscular Katch & Mcardle (1996). 26 Figura 3_ Foto de ALBERT BEHNKE retirado de (ROSS, CARR & CARTER, 1999) Segundo De Rose, Pigatto & De Rose (1984), no Brasil o estudo da composição corporal na disciplina de Biometria aplicada iniciou-se junto com o ensino da Educação Física. Nesta disciplina, o conteúdo compreendia basicamente a análise de índices antropométricos, a determinação do biótipo de viola e noções de estatística aplicada. Durante quarenta anos, esta disciplina não sofreu alteração, até que o LABOFISE, em 1971, com a introdução dos conceitos fundamentais da composição corporal, ou seja, com a determinação do percentual de gordura estimado pela medida de dobras cutâneas e pelo cálculo da massa óssea através de diâmetros ósseos, iniciou o processo de renovação. Segundo Petroski (1995), hoje em dia, os estudos envolvendo composição corporal vão além dos aspectos morfológicos, com preocupações envolvendo diferenças entre grupos e da influência entre etnias, regiões e culturas. 27 Nos dias atuais, os termos Antropometria e a Biometria, citados anteriormente, não são mais usados quando se trata dos estudos em relação à composição corporal. A disciplina que atualmente se responsabiliza pelo conteúdo do ensino da Composição Corporal é a Cineantropometria. O termo Cineantropometria, que significa o estudo do homem em movimento, foi introduzido pela primeira vez em 1966, por ROCH MEYNARD, da Universidade de Laval, Quebec, Canadá. O termo foi primeiramente usado em um artigo de ROSS et al (1972), publicado no jornal chamado Kinantropologia, em língua francesa (BEUNEN & BORMS, 1990). QUADRO 1 OS VÁRIOS ASPECTOS QUE ENVOLVEM O ESTUDO DA CINEANTROPOMETRIA (ROSS, 1978. apud BEUNEN & BORMS,1990). Identificação Cineantropometria – Mensuração do homem em movimento Especificação Para o estudo do ser humano – Tamanho, Forma, Proporção, Composição, Maturação e Função. Aplicação Para ajudar no entendimento – Crescimento, Exercício, Performance e Nutrição. Relevância Com aplicação para a Medicina, Educação, Governo, com respeito aos direitos individuais a serviço da humanidade. Esta nova disciplina passou a abranger o estudo do homem como um todo , como podemos identificar no quadro a seguir: Segundo FERNANDES FILHO (1999), quando qualidades e características de seres humanos são avaliadas quantitativamente, é necessário que se desenvolvam técnicas de medição valorosas. Para tanto, as medidas utilizadas como ferramenta de pesquisa devem cumprir os critérios de autenticidade científica e atingir os seguintes requisitos: 28 - O teste e as medidas devem ser padronizados; - O teste e as medidas devem ser confiáveis; - O teste e as medidas devem ser válidos; - O teste e as medidas devem ser objetivos. Quanto à padronização das medidas antropométricas, vários trabalhos visando padronizar as técnicas utilizadas para medir as dimensões corporais foram e ainda são realizados e publicados. No campo da Educação Física, o primeiro trabalho realizado a fim de padronizar as técnicas antropométricas internacionalmente foi o trabalho de LARSON em 1974 (apud BEURNEN & BORMS, 1990). Desta época até hoje, vários trabalhos tiveram este objetivo, sendo que os mais recentes e citados são os de LOHMAN (1981), NORTON & OLDS (1996) e o de ROSS, CARR & CARTER (1999), sendo estes últimos seguidos e recomendados pela Sociedade Internacional para o Avanço da Cineantropometria (ISAK), antigo Grupo Internacional de Trabalhos sobre Cineantropometria. BEURNEN & BORMS (1990) comentam que, de acordo com TANNER (1964), para o estudo dos componentes corporais devem ser realizadas as seguintes medidas: - Tamanho do esqueleto: medidas do tronco e membros, ou seja, estatura, diâmetro dos ombros e comprimentos de membros. - Componentes do tronco e membros: medidas de tamanho do tronco e tamanho dos membros, indicando também o tamanho do esqueleto. - Componente muscular: medidas de perímetros musculares corrigidos pela espessura do tecido adiposo subcutâneo. 29 - Componente gordura: medidas de espessura do tecido adiposo subcutâneo através da técnica de dobras cutâneas em pontos anatômicos específicos. Os estudos de BEHNKE deram início ao grande interesse em se fracionar a composição corporal, para que se possam obter informações detalhadas e importantes sobre as dimensões do corpo humano, pois segundo Mc CLOY (1936), o tipo corporal fornece muito mais informações do que simplesmente proporções corporais (apud BEURNEN & BORMS (1990). Segundo HEYWARD & STOLARCZYK (1996), além de avaliar a quantidade total e regional de gordura corporal para identificar riscos à saúde, são várias as aplicações da composição corporal, apresentadas a seguir: - Identificar riscos à saúde, associados a níveis excessivamente altos e baixos de gordura corporal total; - Identificar riscos à saúde, associados ao acúmulo excessivo de gordura intra-abdominal; - Proporcionar entendimento sobre os riscos à saúde, associados à falta ou ao excesso de gordura corporal; - Monitorar mudanças na composição corporal, associadas a certas doenças; - Avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e de exercícios físicos na alteração da composição corporal; - Estimar o peso corporal ideal de atletas e não- atletas; - Formular recomendações dietéticas e prescrições de exercícios físicos; - Monitorar mudanças na composição corporal, associadas ao crescimento, desenvolvimento, maturação e idade. 30 Para que se obtivessem informações mais detalhadas sobre a composição corporal , vários estudos foram realizados para fracionar a composição corporal e, a partir daí, a Massa Corporal Total (MCT) passou a ser dividida em dois ou mais compartimentos. O modelo de divisão da MCT mais comum é o de dois compartimentos, ou seja, a MCT dividida em Massa Gorda (MG) e Massa Livre de Gordura (MLG), sendo a MG a soma de todos os lipídios corporais e a MLG a soma da água, proteínas e os componentes, minerais do corpo (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Segundo (BROZEK, 1963; SIRI, 1961. apud HEYWARD & STOLARCZYK , 1996), para que, na composição corporal, seja aplicado o modelo de dois componentes os seguintes pressupostos devem ser assumidos: - A densidade da gordura é de 0,901 g/cm3 ; - A densidade da MLG é de 1.10 g/cm3 ; - As densidades de gordura e dos componentes da MLG (água, proteínas e minerais) são as mesmas para todos os indivíduos; - As densidades dos tecidos componentes da MLG são constantes em um indivíduo e sua contribuição proporcional para os componentes magros permanece constante; - O indivíduo avaliado difere do corpo referencial apenas na quantidade de gordura. A MLG do corpo referencial é estabelecida como 73,8% de água, 19,4% de proteínas e 6,8% de minerais. Obs: O corpo referencial com densidade igual a 0,901 g/cm3 para a gordura e igual a 1,10 g/cm3 para a MLG foram baseado em medidas observadas de dissecação de apenas três cadáveres de homens brancos com idade de 25, 35 e 46 31 anos (BROZEK, GRANDE, ANDERSON & KEYS, 1963. apud HEYWARD & STOLARCZYK, 1996) O modelo de dois componentes tem servido internacionalmente como fundamento sobre o qual o método da Pesagem Hidrostática (PH) é baseado e, com o uso de proporções estabelecidas e suas respectivas densidades, várias equações podem ser desenvolvidas para converter a densidade corporal (DC) adquirida pelo procedimento da PH em porcentagem de gordura corporal (% G) e, a partir daí, fracionar o corpo no modelo de dois compartimentos. Segundo Pollock & Wilmore (1993), Lohman (1986) apresenta os seguintes modelos de divisão da composição corporal: - Modelo Químico: dividido em gordura, proteína, carboidratos, água e sais minerais. - Modelo anatômico: dividido em quatro componentes - o tecido adiposo, os músculos, os ossos e outros. - Modelo de BEHNKE: dividido em excesso de gordura, lipídios essenciais e massa corporal magra (livre de gordura). - Modelo de VON DOBELN: dividido em componente adiposo, músculo e massa muscular magra. De acordo com Heyward & Stolarczyk (1996), os avanços tecnológicos recentes permitem que os pesquisadores consigam medir os compartimentos corporais usando os modelos multicomponentes que levam em conta as variações individuais nos compartimentos de água e minerais da MLG, mas, a par desta consideração, geralmente as equações baseadas em modelos de dois componentes 32 fornecem estimativas mais precisas de % G se forem respeitados os pressupostos básicos deste modelo. 2.2. Utilização de Medidas Antropométricas para Estimar a Gordura Corporal Durante muitos anos, foram utilizadas as tabelas de peso e estatura para a estimativa dos limites da obesidade. Até que, na década de 40, um estudo realizado por Welham & Behnke (1942), utilizando 25 jogadores profissionais de futebol americano, considerava que 17 deles estavam inaptos para o serviço militar por terem sido considerados obesos de acordo com a tabela de peso e estatura. Os autores relatavam que a maioria dos atletas possuía baixa quantidade de gordura corporal e que o excesso de massa corporal total era devido a uma grande quantidade de massa corporal magra, ou seja, ao desenvolvimento músculoesquelético e não ao excesso de gordura (POLLOCK & WILMORE, 1993). Este estudo foi um dos primeiros a comprovar que a massa corporal total em excesso não caracteriza somente a obesidade e sim que outros componentes contribuem para o excesso de massa corporal, devendo ser calculados separadamente. Segundo Katch & Mcardle (1996), por volta de 1930, foi desenvolvido o primeiro compasso para medir a gordura subcutânea em locais específicos com relativa precisão. Brozek & Keys (1951) mediram pela primeira vez a espessura do tecido adiposo subcutâneo através das medidas de dobras cutâneas e relataram que, apesar da espessura das dobras variarem em diferentes pontos, havia uma correlação de moderada a alta entre as medidas de dobras cutâneas e a gordura 33 corporal (BROZEK & KEYS, 1951; FRANZEN, 1929; apud HEYWARD & STOLARCZYK ,2000). No começo dos anos 60, os pesquisadores publicaram diversas equações com a finalidade de estimar a densidade corporal usando dobras cutâneas. A partir da metade dos anos 60, inúmeros pesquisadores determinaram equações adicionais para homens e mulheres, incluindo, além de medidas de dobras cutâneas, outras variáveis independentes, tais como massa corporal, idade, diâmetros ósseos e perímetros corporais. O objetivo das pesquisas, na época, era o de desenvolver equações mais acuradas para a estimativa da densidade (JACKSON, 1984). Sloan et al. (1962) mensuraram 50 mulheres universitárias, com média de 20,2 anos de idade, para caracterizar valores de densidade e também verificar as medidas de dobras cutâneas e perímetros corporais e, se combinando essas medidas, seria possível melhor predizer a densidade corporal. A análise dos resultados indicou que a variável que melhor se relacionou com a densidade foi a dobra supra ilíaca ( r = - 0,71), seguida da triciptal ( r = - 0,68). A correlação múltipla entre essas duas dobras cutâneas e densidade foi de R = 0,74. Não foi observado um aumento da correlação com a inclusão de perímetros corporais. Sloan et al. (1962) desenvolveram a seguinte fórmula para estimar a densidade: D = 1,0764 – 0,00081 (SI) – 0,00088 (TR) Para esta equação, o erro padrão estimado foi de + 0,0082 g/ml. Os autores observaram, também, baixa correlação entre o peso e a estatura corporal com a densidade. Esses achados demonstram a inadequada determinação da gordura corporal, com base em valores de peso e estatura corporais. 34 Yuhasz (1962) experimentou vários somatórios de dobras cutâneas para determinar um melhor índice de correlação múltipla e desenvolveu várias equações para estimar o %G em homens jovens e adultos. Para tal, utilizou dois grupos: o primeiro, constituído por 118 jovens universitários e o segundo, constituído por 116 adultos. As medidas foram todas realizadas no lado direito, entre outras, as dobras cutâneas localizadas nas regiões SI, TR, PT e CX; no lado esquerdo, as dobras SE e AB. Usando a soma destas seis dobras cutâneas, obteve-se R = 0,7579 e 0,7279; EPE = 2,889 e 4,293 (%G) para jovens e adultos, respectivamente, e as equações desenvolvidas foram: Jovens, %G = 3,641 + 0,0970 (PT +TR +SE +SI +AB +CX) Adultos, %G = 4,975 + 0,1066 (PT +TR +SE +SI +AB +CX) Outro estudo bastante popular para estimar a densidade corporal foi reportado por Wilmore & Behnke (1970), que mensuraram as dobras cutâneas SE, TR e CX em universitárias e obtiveram a correlação r = 0,70, usando a Pesagem Hidrostática como critério de determinação da gordura corporal. A equação foi a seguinte: D = 1,06234 – 0,00068 (SE) – 0,00039 (TR) – 0,00025 (CX) Katch & Michael (1968) determinaram a densidade de 64 mulheres universitárias, incluindo, também, valores de perímetros como variáveis independentes. A maior correlação múltipla entre gordura e densidade foi encontrada quando usaram as dobras cutâneas do TR e SE e os perímetros em polegadas do glúteo (X1) e do braço (X2) (r = 0,70). A equação foi a seguinte: D = 1,12569 – 0,001835(TR) – 0,0027779(SE) + 0,005419(X1) – 0,0007167(X2) 35 As mulheres jovens foram comparadas com outras jovens de diferentes regiões geográficas. Os resultados indicaram diferenças significativas nos valores de %G. Os autores atribuíram essas diferenças a fatores climáticos, variação sazonal, bem como a fatores genéticos e culturais. Um estudo feito por Hayes et al.(1988) demonstrou que a dobra cutânea é uma boa medida de gordura subcutânea. Ele avaliou a gordura subcutânea pelos métodos de compasso de dobras, ressonância magnética e ultra-sonografia, em doses locais diferentes de 24 homens e 26 mulheres. Uma boa correlação entre os sujeitos foi achada entre todos os três métodos nos homens, mas somente o compasso e a ressonância magnética foram bem correlacionados nas mulheres. Essa pesquisa concluiu que a gordura subcutânea, avaliada pelo método de Dobras Cutâneas (DC) em doze locais é similar ao valor obtido nas imagens de ressonância magnética. Com isso, a espessura das dobras cutâneas é ainda considerada uma boa medida da gordura subcutânea (HAYES et al.,1988). A medição das circunferências corporais proporciona uma avaliação de gordura corporal livre das limitações geradas pelo método de medição de dobras cutâneas. Assim sendo, diferentes equações foram desenvolvidas com base no sexo e na idade e todas testadas nos mesmos grupos de pessoas, com bons resultados. O cálculo da composição corporal pelo método de circunferências gera uma margem de erro individual de 2,5 a 4% de gordura, que é considerada baixa pelas vantagens de não precisar de instalações laboratoriais, pois essas medidas são muito fáceis de realizar e necessitam somente de uma fita métrica metálica Katch & Mcardle (1996). Pollock & Wilmore (1993) consideram que, em decorrência do pouco tempo, equipamentos e espaço, os métodos laboratoriais não são geralmente usados na 36 prática clínica e que as medidas antropométricas são mais práticas para a utilização em estudos e pesquisas. 2.3. Conversão da Densidade Corporal em Porcentagem de Gordura Calculada a densidade corporal pela pesagem hidrostática, poderemos estimar o % G através das equações de Siri (1961) e Brozek (1963). Outras fórmulas para calcular o % G foram elaboradas, mas a diferença entre estas fórmulas, em geral, é inferior a 1% para níveis de gordura que variam entre 4 e 30% (POLLOCK & WILMORE,1993). As equações para converter a densidade em % de G são um pouco variadas. Ratbhburn & Pace (1945), estudando a quantidade de gordura de porcos, determinaram que as densidades da gordura e da MCM seriam 0,918 e 1,10 g/ml, respectivamente, e sugeriram a seguinte fórmula para humanos: % G = (554,8 / D – 504,4) ( RATHBURN & PACE,1945, p. 675) SIRI em 1961, idealizou uma equação para estimar a % Gordura com base nas constantes de 1,10 g/ml para a Massa Magra e 0,9007 g/ml para a Massa Gorda. Sua equação ficou assim: % G = (4,95 / D – 4,5) X 100 (SIRI,1961, p. 230). Brozek et al. (1963), através da análise da composição química do corpo, analisaram cada componente e determinaram a densidade da gordura em 0,915, derivando, assim, a seguinte fórmula: % G = (4,57 / D – 4,124 ) X 100 (BROZEK et al. 1963, p. 137). 37 Estas duas últimas equações estão baseadas na premissa de que os componentes corporais (músculos, ossos e gordura) apresentam, cada um, uma densidade constante e que a água corporal total apresenta uma composição padrão. Para o cálculo da gordura corporal, as fórmulas acima apresentam correlações de r = 0,995 e r = 0,999, e, para uma pessoa, com uma densidade igual a 1,0605, os valores da gordura corporal serão de 16.74% e 16.71%, demonstrando que, até a primeira casa decimal, as fórmulas são bem precisas e por isso são recomendadas (POLLOCK & WILMORE, 1993). Apesar da grande precisão e aceitação universal das fórmulas de SIRI e BROZEK, elas possuem alguns problemas, pois ambas se baseiam nos resultados da análise de composição corporal direta em cadáveres humanos e, como só alguns cadáveres foram utilizados para este estudo, eles não representam uma distribuição razoável da população. 38 TABELA 1 EQUAÇÕES UTILIZADAS PARA CONVERSÃO DA D PARA %G, PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS ( HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). População Idade (anos) sexo %G Autor Ïndios americanos 18-60 Fem (4,81/DC) – 4,34 HICKS, 1992 Negros 24-79 Fem (4,85/DC) – 4,39 ORTIZ et al., 1992 Hispânicos 20-40 Fem (4,87/DC) – 4,41 STOLARCZYK et al., 1995 Japoneses nativos 18-48 Fem (4,76/DC) – 4,28 TSUNENARI et al., 1993 61-78 Fem (4,95/DC) – 4,50 SIRI (1961), utilizado por TSUNENARI et al., 1993 Brancos 7-12 Fem (5,35/DC) – 4,95 Não fornecido pelos autores. 13-16 Fem (5,10/DC) – 4,66 Não fornecido pelos autores. 17-19 Fem (5,05/DC) – 4,62 Não fornecido pelos autores. 20-80 Fem (5,01/DC) – 4,57 Não fornecido pelos autores. Anoréxicos 15-30 Fem (5,26/DC) – 4,83 DEMPSEY et al.., 1984 Obesos 17-62 Fem (5,00/DC) – 4,56 LINDSAY et al., 1992 Algumas equações, além das tradicionais, foram desenvolvidas e utilizadas para populações específicas, para a conversão da DC em %G (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). 2.4. A Utilização de Equações para Estimar a Gordura Corporal Brozek & Keys (1951) foram os primeiros a usar o relacionamento entre Densidade Corporal e Densidade para estudar a composição corporal. Nesse estudo, dispensaram especial atenção a indivíduos de diferentes idades. Os autores 39 trabalharam com dois grupos: um com 133 universitários, com média de idade igual a 20,3 anos, e outro formado por 122 homens de meia-idade, com média de 49,2 anos. Foram mensuradas cinco dobras cutâneas (B, PT, TR, CX E SE) e os perímetros do tórax e do abdômen. Com base nos resultados, desenvolveram duas equações: uma usou três medidas de dobras cutâneas (AB, PT e TR) e mostrou significativa correlação com a densidade derivada da pesagem hidrostática (R = 0,876, erro padrão = 0,00708 g/ml) para os adultos jovens. Já para os mais velhos, foi verificado um r = 0,744 (erro padrão = 0,00854 g/ml), quando quatro variáveis foram usadas (PT, TR SE e massa corporal). Brozek & Keys (1951) concluíram que o coeficiente de correlação múltipla parece maior, com menor erro em adultos jovens do que nos adultos de meia-idade. Os esforços dos autores demonstraram e já evidenciaram, naquela época, que o uso adicional de medidas de dobras cutâneas na regressão não assegura maior precisão na predição e que há necessidade de diferentes equações para homens e mulheres e para diferentes grupos etários. A seguir, são apresentadas várias fórmulas específicas encontradas na literatura, para o cálculo da Porcentagem de Gordura Corporal, a partir de dobras cutâneas, desenvolvidas para sexo feminino. Slaughter et alii (1988) desenvolveu algumas fórmulas específicas para o cálculo da % Gordura de crianças e adolescentes, com somatório de dobras menor ou igual a 35 mm e maior que 35 mm ( HEYWARD & STOLARCZYK, 1996): a) Meninas brancas ou negras de 8 a 17 anos, com somatório de dobras menor que 35 mm: 40 % G = 1,33 ( tríceps + subescapular) – 0,13 (tríceps + subescapular)2 – 2,5. b) Meninas brancas ou negras de 8 a 17 anos, com somatório de dobras maior que 35 mm: % G = 0,546 ( tríceps + subescapular) + 9,7 c) Meninas brancas ou negras de 8 a 17 anos: % G = 0,61 (tríceps +panturrilha medial) + 5,1 Deurenberg et alii (1990) desenvolveu algumas fórmulas para o cálculo da porcentagem de gordura de meninas pré-púberes, púberes e pós-púberes : a) Meninas pré-púberes: % G = 29,85 log10 (bíceps + triceps + subescapular + supra- ilíaca) – 25,87. b) Meninas púberes: % G = 23,94 log10 (bíceps + triceps + subescapular + supra- ilíaca) – 18,89. c) Meninas pós-púberes: % G = 39,02 log10 (bíceps + triceps + subescapular + supra- ilíaca) – 43,49. Parizkova (1961) desenvolveu fórmulas para o cálculo da porcentagem de gordura de meninas brancas ou negras com idades de 9 a 12 anos e 13 a 16 anos: a) Meninas de 9 a 12 anos: % G = 1,088 – 0,014 log10 (tríceps) – 0,036 log10 (subescapular). b) Meninas de 13 a 16 anos: 41 % G = 1,114 – 0,031 log10 (tríceps) – 0,041 log10 (subescapular). Boileau et alii (1985) desenvolveu uma fórmula para o cálculo da porcentagem de gorduras de mulheres: % G = 1,35 (tríceps + subescapular) – 0,012 (tríceps + subescapular)2 – 2,4. Weltman et alii (1988) desenvolveu a fórmula abaixo para calcular a porcentagem de gordura corporal de mulheres obesas com idade entre 20 e 60 anos: % G = 0,11077 (perímetro abdominal médio) – 0,17666 (estatura) + 0,187 (massa corporal) + 51,03301. 2.5. Pesagem Hidrostática O termo densitometria refere-se ao processo geral da estimativa da composição corporal por densidade corporal. Embora vários métodos possam ser usados para estimar a densidade corporal, a densitometria tem-se tornado praticamente sinônimo da pesagem hidrostática, também chamada pesagem subaquática ou hidrodensitometria (LOHMAN, 1996). Esse método leva em consideração que o corpo é composto por dois componentes distintos: a massa gorda (MG)e a massa livre de gordura (MLG) (WILMORE e BEHNKE,1974) . A Pesagem Hidrostática (PH), inicialmente estudada por Behnke, Feen e Welham (1942), baseia-se no princípio matemático de Arquimedes. De acordo com Wilmore e Behnke (1974), podemos determinar a densidade de um corpo relacionando sua massa e o seu volume, usando a seguinte relação: 42 Densidade = Massa corporal / volume Considerando que o corpo seja fracionado em dois compartimentos, a gordura e a massa sem gordura, pode-se determinar a distribuição percentual através da densidade do sistema (WILMORE e BEHNKE,1974). Pelo princípio de Arquimedes, podemos concluir que a massa de um corpo dentro d’água terá um valor menor do que se medido fora dela. Esta perda de massa deverá ser igual ao volume de líquido deslocado, corrigido pela densidade da água. A equação que determina este volume é a seguinte: Volume = (MC – MC (dentro d’água)) / ( densidade da água) A densidade da água tomada em função de sua temperatura pode ser verificada no Quadro 2.1, a MC medida fora d’água é medida em balança antropométrica comum, Wilmore e Behnke (1974) e a MCT dentro d’água é medida através do procedimento da Pesagem Hidrostática. No volume total do corpo são incluídos dois volumes de ar: o Volume Residual (VR), que pode ser estimado ou medido diretamente com a técnica da diluição em hélio ou nitrogênio, e o ar existente no trato gastrointestinal, que foi estimado por Buskirk (1961) em 100 ml. Após as correções propostas, chega-se á seguinte equação do volume: V = (((MC – MC (dentro d’água)) / ( densidade da água)) – (VR + 0,1)) Wilmore e Behnke (1974) explicam que o Volume Residual pode ser estimado através da Capacidade Vital, pois em fisiologia respiratória aquele é caracterizado como sendo 28% da Capacidade Vital (CV). Após conhecermos o Volume Corporal, poderemos calcular a Densidade, pois, tendo a Massa, poderemos usar a fórmula do Volume e calcularmos a 43 Densidade, pois esta será a Massa dividida pelo Volume, como demonstrado na seguinte fórmula: Volume = Massa Corporal / Densidade Após algumas adaptações matemáticas, a fórmula final para calcular a Densidade corporal partindo da fórmula do volume WILMORE e BEHNKE (1974) é a seguinte: D (g/cm3) = MC [ (MC – PS) / Da ] – (VR + 0,1) Onde: D = Densidade corporal (g/cm3) MC = Massa corporal em kg PS = Peso submerso na água em kg Da = Densidade da água VR = Volume residual em litros 0,1 = Constante de gás gastrointestinal (100 ml) Segundo Petroski & Pires Neto (1992), a Pesagem Hidrostática tem sido considerada como o método de laboratório não invasivo mais aceito para os estudos da composição corporal e que, mesmo após todas as adaptações que o método original já sofreu, é, ainda hoje, considerado o procedimento padrão em muitos laboratórios, com aplicação na aptidão física, nutrição e controle de peso. 44 A técnica de Pesagem Hidrostática representa o procedimento indireto laboratorial mais amplamente utilizado para a medida da densidade corporal (POLLOCK & WILMORE, 1993). Muitos peritos em estudos da composição corporal consideram a Hidrodensitometria como o método mais apropriado para medir a composição corporal, considerando que: - fórmulas apropriadas para conversão específica para diferentes populações são usadas para converter DC em %G; - equações de modelos multicomponentes, ajustadas para variações individuais na água corporal total relativa e ou mineral corporal total são usadas para estimar % G a partir da DC. Algumas limitações têm restringido o uso da Pesagem Hidrostática, apesar do grande uso em pesquisas da composição corporal (MCCLENAGHAN e ROCCHIO, 1986, apud PETROSKI & PIRES NETO, 1992). São elas: - O tempo demasiado para realizar as pesagens mínimas necessárias, até a aquisição do valor ideal. - O complexo protocolo de testagem. - A necessidade de grande colaboração dos avaliados. - A necessidade da boa aptidão dos avaliados para resistirem a repetidos períodos de submersão. - O excessivo tempo requerido para a análise. Apesar da Pesagem Hidrostática ser considerada até hoje a "gold standard" da análise da composição corporal, alguns estudiosos têm criticado sua validade devido à Massa Livre de Gordura (MLG) ser considerada, neste método, como sendo relativamente constante, porém isso não é verdadeiro, já que a densidade da 45 MLG varia conforme a idade, gênero, etnia, nível de gordura corporal e nível de atividade (BAUGARTNER et al., 1991; WILLIAMS et al., 1993; apud WAGNER, 1999). Segundo Norton & Olds (1996), os métodos do uso de equações de predição da Densidade Corporal e Porcentagem de Gordura acumulam três erros em sua metodologia. São eles: - Os erros associados com a predição da Densidade Corporal a partir de dados antropométricos. - A medição da Densidade Corporal através da Densitometria. - Os erros introduzidos na transformação da Densidade Corporal em Porcentagem de Gordura. Para os cálculos da densidade corporal através do método da Pesagem Hidrostática, Norton & Olds (1996) explicam que os valores da densidade são generalizados em 0,907 g/cm3 e em 1,10 g/cm3 para a massa gorda e massa livre de gordura, respectivamente. Estes são valores médios baseados em adultos jovens e de meia-idade. Para Heyward & Stolarczyk (1996), os avanços tecnológicos recentemente desenvolvidos para medir os multicomponentes corporais, tais como, MLG, água, minerais e proteínas, permitiram que os pesquisadores quantificassem a composição da MLG in vivo, levando em conta variações individuais da quantidade de água e minerais da MLG. Estes estudos comprovaram haver uma considerável concordância entre os valores generalizados da densidade da MLG (1,10 g/cm3) e a estimativa do modelo multicomponente, que é de 1,10 g/cm3 para mulheres brancas de 20 a 59 anos (FULLER et al., 1992; apud. HEYWARD & STOLARCZYK, 1996) e 46 de 1,106 g/cm3 para mulheres negras de 24 a 79 anos (ORTIZ, 1992; apud. HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). No processo da Pesagem Hidrostática, o avaliado deverá ter noções de submersão. Caso contrário, pode-se utilizar um procedimento modificado de Pesagem Hidrostática, onde o indivíduo fica sentado com o nível da água logo abaixo do queixo (DONNELLY et al., 1988 apud McARDLE, KATCH & KATCH, 1998). Este procedimento possui valores muito semelhantes aos do procedimento padronizado por Goldman & Buskirk (1961) (KATCH & McARDLE, 1998). Segundo Katch (1969) o peso dentro d’água pode aumentar de medida para medida, tendo em vista que o avaliado aprende a expelir mais ar dos pulmões a cada vez que realiza o processo de pesagem hidrostática. Behnke & Wilmore (1974), utilizaram o seguinte método para determinar o peso dentro d’água: 1. Selecionar o peso mais alto observado, caso se repita mais de uma vez. 2. Se o critério 1 não for satisfeito, selecionar o segundo peso mais alto que tenha sido registrado mais de uma vez. 3. Se os critérios 1 e 2 não forem satisfeitos, selecionar o terceiro peso mais alto e assim sucessivamente até conseguir o peso desejado. De tentativa para tentativa, pode-se perceber uma variação na densidade corporal de 0,0015 a 0,0020 dentro de um mesmo dia, Lohman (1992). A melhor hora para se medir a massa corporal dentro e fora d’água é pela manhã, pois a massa corporal é bastante variável e pode alterar com o estado de hidratação, com os padrões da alimentação, com as enfermidades e com a hora do dia (POLLOCK & WILMORE, 1993). 47 Para Jackson, Pollock, Graves & Mahar (1988), o erro técnico para Pesagem Hidrostática é de 0,003 g/cc, equivalente a 1,1 % Gordura e 1,2% Gordura para homens e mulheres respectivamente (LOHMAN,1992). Pollock & Wilmore (1993) relatam que, em relação aos erros potenciais que possam ocorrer na determinação da densidade corporal pelo método da Pesagem Hidrostática, o Volume Residual, o peso dentro d’água e o peso medido fora d’água, são considerados fatores críticos. Alguns problemas comuns são associados à leitura do peso dentro d’água, tais como, a balança desequilibrada, incapacidade do avaliado em colaborar e as oscilações criadas pelo movimento da água. Para corrigi-los, Pollock & Wilmore (1993) recomendam calibragens constantes da balança com pesos conhecidos, realização de múltiplas pesagens na tomada do peso dentro d’água e utilização de uma cadeira estável e confortável, para que o avaliado possa relaxar e se movimentar lentamente, em um pequeno tanque, minimizando os problemas de oscilação. 2.6. Cálculo do Volume Residual No procedimento da Pesagem Hidrostática, os gases internos influenciam diretamente no resultado das medidas dentro da água. Dependendo da quantidade de ar residente dentro do corpo, o peso dentro d’água pode alterar para mais ou para menos, influenciando diretamente no resultado da gordura corporal. O Volume Residual é a quantidade de ar presente nos pulmões após a expiração máxima. 48 Uma maior permanência de ar nos pulmões fará com que o indivíduo que está sendo medido flutue mais, afetando a validade da medida. Então, para garantir uma média precisa da Densidade Corporal pela Pesagem Hidrostática, o Volume Residual (VR) deve ser estimado ou medido. Segundo Roche, Heymsfield & Lohman (1996), a medida direta do volume residual, que pode ser feita em sistema de circuito fechado, por diluição e eventual equilíbrio de nitrogênio, oxigênio ou hélio, envolve equipamentos de alto custo e difícil acesso. A melhor maneira de se medir o Volume Residual é através do método direto da espirometria de circuito fechado de oxigênio ou da diluição em hélio ou lavagem de nitrogênio(N2) em circuito aberto (POLLOCK & WILMORE, 1993). Atualmente, uma das empresas que vendem o aparelho para a medição direta do Volume Residual é a Medical Graphics Corporation e o modelo indicado para tal função é o Sistema de Função Pulmonar e Teste de Esforço, modelo Profiler DX. Segundo Foss & Keteyian (2000) o Volume Residual medido tem melhor precisão, variando em aproximadamente 1,2 % Gordura. Além do Volume Residual, outro componente que pode influir na pesagem Hidrostática é o volume do ar do trato intestinal, que, apesar de sua variação, Buskirk (1961) recomenda o uso de um fator de correção constante de 100 ml. Devido à dificuldade em medi-lo, o volume de ar gastrointestinal foi estimado em 100 ml, mas, segundo Lukaski (1987), uma variabilidade intra-individual no volume deste gás pode ser muito grande (50 a 300ml), podendo comprometer a precisão do método de Pesagem Hidrostática (POLLOCK & WILMORE ,1993). 49 O volume residual estimado tem uma variação de ± 3,9 % Gordura para o valor real e pode ser estimado pela equação de Goldman & Becklake (1959), a qual leva em consideração sexo, idade e altura do indivíduo (FOSS & KETEYIAN, 2000): - VR (litros) para mulheres = 0,009 x (idade em anos) + 0,08128 x (altura em polegadas) - 3,9. - VR (litros) para homens = 0,017 x (idade em anos) + 0,06858 x (altura em polegadas) - 3,447. As mesmas medidas do Volume Residual são apresentadas por Petroski (1995), só que com a estatura em centímetros (cm): - VR (litros) para mulheres = 0,009 x (idade em anos) + 0,032 x (altura em cm) - 3,9. - VR (litros) para homens = 0,017 x (idade em anos) + 0,027 x (altura em cm) 3,447. A estimativa do Volume Residual também pode ser feita por tabelas de valores médios, segundo a idade e gênero, como é apresentado abaixo: Fórmulas: Homens (BOREN, KORY & SYNER, 1966): VR(ml) = 0.0115 (idade) + 0.019 (estatura em cm) – 2.24. Mulheres (BLACK, OFFORD & HYATT, 1974): VR (ml) = 0.021 (idade) + 0.023 (estatura em cm) – 2.978. Na Tabela 2, são apresentados os valores médios (ml) que podem ser usados para a estimativa do Volume Residual. 50 TABELA 2 VALORES MÉDIOS DO VOLUME RESIDUAL PARA AMBOS OS SEXOS (WILMORE, 1977. APUD COSTA, 2001). Idade Masculino Feminino 6-10 900 600 11-15 1100 800 16-20 1300 1000 21-25 1500 1200 26-30 1700 1400 Pollock & Wilmore (1993) recomendam a utilização das equações desenvolvidas por Goldman & Becklake (1959) para a estimativa do Volume Residual. Behnke (1942) (apud LOHMAN 1992), declarou que o maior erro na medida da Densidade Corporal pela Pesagem Hidrostática ocorre na determinação do Volume Residual. Em 1969, AKERS e BUSKIRK confirmaram esta declaração. Eles calcularam um erro combinado (peso corporal, PH e temperatura da água) de apenas 0.0006 g/cc. Mas, quando este erro foi associado ao erro do VR, o erro técnico total para PH passou a ser de 0,0015 g/cc ou 0,7% Gordura (LOHMAN,1992). Marks e Katch (1986) mostraram que 72% da variação do VR é um resultado da variabilidade biológica, enquanto 19% pode ser atribuída ao erro técnico e 9 % ao efeito da aprendizagem e do cansaço da técnica de submersão (apud. WAGNER et col, 1999). 51 Wilmore (1969) demonstrou que a diferença na densidade corporal média entre os grupos empregando valores estimados e valores medidos para o Volume Residual era inferior a 0,001 g/ml. Assim, para a utilização em grandes grupos, o Volume Residual estimado pode ser considerada aceitável. No método da Pesagem Hidrostática, além dos erros potenciais que podem ocorrer durante a leitura e estimativa dos valores, um outro erro pode ser encontrado, no caso de ser medido diretamente, se o Volume Residual for medido fora ou dentro d’água. Relatos apresentam diferenças entre 200 e 300 ml entre os dois métodos, mas, se algumas precauções forem tomadas na posição corporal para as medidas e na expiração completa do ar, os erros dos dois métodos de medição do Volume Residual podem ser minimizados para uma diferença de apenas 200 ml, o que resulta numa diferença de 1% de Gordura Corporal (POLLOCK & WILMORE, 1993). 2.7. Densidade da Água A densidade da água é outro fator que irá influenciar diretamente no cálculo da Densidade Corporal. A densidade da água varia de acordo com a sua temperatura. Esta temperatura geralmente é mantida em aproximadamente 35oC, valor próximo à temperatura cutânea (KATCH & McARDLE, 1998). Na tabela 3 são apresentadas as densidades da água de acordo com a sua temperatura. 52 TABELA 3 TABELA DE CONVERSÃO PARA A DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DA ÁGUA NAS DIVERSAS TEMPERATURAS. (POLLOCK & WILMORE, 1993, p. 314). T (oC) D (g/cm3) T (oC) D (g/cm3) 23 0,997569 31 0,995372 24 0,997327 32 0,995057 25 0,997075 33 0,994734 26 0,996814 34 0,994403 27 0,996544 35 0,994063 28 0,996264 36 0,993716 29 0,995976 37 0,993360 30 0,995678 Conforme apresentado na Tabela 3, a densidade da água varia com a sua temperatura e requer um fator de conversão padronizado que será incluído na fórmula para o cálculo da Densidade Corporal. No entanto, Pollock & Wilmore (1993) consideram que, para o conforto do avaliado, a temperatura da água, no momento da pesagem, deveria estar em torno de 32 e 35o C e que, apesar de a densidade da água ser considerada um fator importante para o cálculo da Densidade Corporal, variações de aproximadamente 3o C são consideradas desprezíveis e não influenciam negativamente no resultado dos cálculos. 53 2.8. Equações Específicas Equações específicas são equações desenvolvidas a partir de populações homogêneas. Como exemplo, podemos citar a construção de equações específicas para a estimativa da densidade corporal de estudantes de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria, de ambos os sexos (GUEDES, 1985). A principal vantagem de uma equação específica, quando aplicada à sua população de origem, é a acuracidade. Já não podemos dizer o mesmo quando uma equação específica é utilizada para sujeitos com características diferentes da população que a gerou. No caso, se desejarmos utilizar a equação desenvolvida por Guedes (1985), como, por exemplo, para universitários do Rio de Janeiro, teremos que realizar um estudo de validação comparando as densidades estimadas pela fórmula utilizada com a densidade medida pela pesagem hidrostática, considerada como o procedimento padrão para tais estudos; após tais cálculos, se esta comparação obtiver correlação superior a 0,80 (LOHMAN, 1992), a fórmula de Guedes (1985) poderia ser utilizada para os universitários do Rio de Janeiro. A maior limitação dessas equações específicas é a impossibilidade da generalização: elas são acuradas somente para grupos relativamente homogêneos. Já no final dos anos 70, nova tendência emergiu no sentido de estabelecer equações generalizadas, elaboradas com amostras grandes, variando largamente em termos de idade e aptidão física. Contudo, quando os grupos a serem avaliados apresentam características muito homogêneas em termos de idade, nível de atividade física e alimentação, as equações específicas podem se mostrar mais precisas. 54 Para se usar uma equação específica, pode-se proceder como Petroski e Pires Neto (1996), que, em um estudo de validação de equações, selecionaram 20 equações específicas desenvolvidas por 6 autores, sendo um nacional e cinco estrangeiros, das quais validaram somente três, utilizando uma amostra de 304 homens da região sul, com idade média de 30,17 + 9,18, e a pesagem hidrostática como método de referência. Atualmente, existem centenas de equações para estimar a densidade corporal e, em geral, são usadas duas ou mais medidas antropométricas. A seguir, são apresentadas algumas fórmulas específicas, encontradas na literatura, para a estimativa da Densidade Corporal a partir de dobras cutâneas, desenvolvidas para o sexo feminino. Guedes (1985), desenvolveu a seguinte fórmula específica para estudantes universitárias com idade entre 17 e 27 anos: D = 1,1665 – 0,0706 Log10 (coxa + suprailíaca + subescapular) Durnin & Rahman (1967) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas para mulheres adolescentes e jovens (PETROSKI, 1995): a) Mulheres adolescentes: D = 1,1369 – 0,0598 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca). b) Mulheres jovens: D = 1,1581 – 0,072 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca). 55 Durnin & Womersley (1974) desenvolveram algumas fórmulas específicas para 227 mulheres escocesas por faixas etárias entre 16 a 68 anos, utilizando como procedimento padrão a pesagem hidrostática. Para as fórmulas apresentadas a seguir, os autores obtiveram correlações que variavam entre 0,7 e 0,9 e EPE = 0,0116. a) Mulheres de 16 a 19 anos: D = 1,1549 – 0,0678 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca). b) Mulheres de 20 a 29 anos: D = 1,1599 – 0,0717 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca). c) Mulheres de 30 a 39 anos: D = 1,1423 – 0,0632 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca). d) Mulheres de 40 a 49 anos: D = 1,1333 – 0,0612 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca). e) Mulheres de 50 a 68 anos: D = 1,1339 – 0,0645 Log10 (biceps + triceps + subescapular + suprailíaca). Wilmore & Behnke (1970) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas para 128 estudantes universitárias de 18 a 48 anos (NORTON & OLDS, 1996): D = 1,06234 – 0,00068(subescapular) – 0,00039(tríceps) – 0,00025(coxa). Norton & Olds (1996) relatam que Sloan, Burt & Blyth (1962) desenvolveram uma fórmula específica para 50 mulheres universitárias com idade entre 17 e 25 56 anos, utilizando como procedimento padrão a pesagem hidrostática. A fórmula apresentada a seguir obteve um r = 0,74 e um EPE = 0,0082: DC = 1,0764 – 0,00081(crista ilíaca) + 0,00088 (triciptal) Nagamine et Suzuki (1964) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas para japonesas nativas de 18 a 23 anos (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996): D = 1,0897 – 0,00133 (tríceps+subescapular) Katch et Michael (1968) desenvolveram uma fórmula destinada a estudantes universitárias, utilizando dobras cutâneas e perímetros, como mostrado a seguir (NORTON & OLDS, 1996): DC = 1,12569 – 0,001835 (tríceps) – 0,002779 (perímetro do quadril em polegadas) + 0,005419 (perímetro do braço com o cúbito flexionado, em polegadas) – 0,0007167 (subescapular). Pollock et alii (1975) desenvolveram as seguintes fórmulas específicas para calcular a Densidade Corporal de mulheres jovens e de meia idade (NORTON & OLDS, 1996): D = 1,0852 – 0,0008(suprailíaca) – 0,0011(coxa). D = 1,0836 – 0,0007 (suprailíaca) – 0,0007 (coxa) + 0,0048 (perímetro do punho) – 0,0088 (diâmetro do fêmur). Withers, Norton, Craig, Hartland et Venables (1987) desenvolveram as fórmulas específicas abaixo para o cálculo da Densidade Corporal destinadas a 135 mulheres ativas, com idade entre 17 e 35 anos (NORTON & OLDS, 1996): 57 D = 1,20953 – 0,08294 Log10 (tríceps+subescapular+supra- espinhal+abdominal + coxa + panturrilha medial). D = 1,16957 – 0,06447 log10 (tríceps+subescapular+supra- espinhal+abdominal + coxa + panturrilha medial) – 0,000806 ( perímetro dos glúteos) + 0,00170 (perímetro do antebraço) + 0,00606 (diâmetro biepicondiliano do úmero). Thorland et alii (1984) desenvolveram as fórmulas apresentadas abaixo para 133 atletas jovens, do sexo feminino, das modalidades de atletismo, ginástica, mergulho e luta livre (NORTON & OLDS, 1996): D = 1,1046 – 0,00059 (tríceps + subescapular + axilar média + suprailíaca + abdominal + coxa + panturrilha medial) + 0,0000006(tríceps + subescapular + axilar média + suprailíaca + abdominal + coxa + panturrilha medial)2. D = 1,0987 – 0,00122 (tríceps + subescapular + suprailíaca) + 0,00000263 (tríceps + subescapular + suprailíaca)2. Withers, Whittingham, Norton, Laforgia, Ellis et Crockett (1987) desenvolveram uma fórmula para estimar a Densidade Corporal de 182 atletas de alto nível, com idade entre 11 e 41 anos, de badminton, basquetebol, hockey, lacrosse, squash, ginástica, levantamento de peso, remo, atletismo, netbol, futebol, softbol e voleibol (NORTON & OLDS, 1996): D = 1,17484 – 0,07229 Log10 (tríceps + subescapular + supra espinhal + panturrilha medial). Katch & Mcardle (1973) desenvolveram algumas fórmulas específicas, utilizando para este estudo 69 mulheres estudantes universitárias de Educação 58 Física, com idade de 20,3 ± 1,8 anos. Para este estudo, os autores utilizaram, como procedimento padrão, a pesagem hidrostática e, como medidas antropométricas, utilizaram dobras cutâneas, diâmetros ósseos e perímetros musculares. A seguir, são apresentadas as fórmulas desenvolvidas pelos autores no estudo citado (NORTON & OLDS, 1996): DC = 1,09246 – 0,00049(subescapular) – 0,00075(crista ilíaca) + 0,00710(diâmetro biepicondiliano do úmero) – 0,00121(perímetro da coxa superior) ( R= 0,84 e EPE= 0,0086) Lewis, Haskel, Perry, Kovacevic & Wood (1978) desenvolveram a fórmula a seguir, destinada a calcular a densidade corporal de corredoras de média e longa distância, de nível nacional e internacional (NORTON & OLDS, 1996): D = 0,97845 – 0,0002 (tríceps) + 0,00088 (estatura) – 0,00122 (subescapular) – 0,00234 (perímetro do braço relaxado). Mayhew et alii (1983) desenvolveveram a fórmula a seguir, destinada ao cálculo da Massa Livre de Gordura (MLG) para atletas do sexo feminino, com idade entre 18 e 23 anos (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996) : MLG = 0,757 (massa corporal) 0,981 (perímetro do pescoço) – 0,516 (perímetro da coxa) + 0,79. Hergenroeder et alii (1993) desenvolveram uma fórmula para bailarinas, com idade entre 11 e 25 anos, que calcula diretamente a MLG, conforme mostrado a seguir (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996): MLG = 0,73 (massa corporal) + 3. 59 Algumas equações específicas, utilizando perímetros corporais, para militares foram desenvolvidas nos Estados Unidos da América e são apresentadas a seguir (NATIONAL ACADEMY PRESS, 1998): Exército (VOGEL et al.,1988), R = 0,82 e EPE = 3,6 % G: % G = 105,3 Log10 (massa corporal) – 0,2 (pulso) – 0,533 (pescoço) – 1,574 (antebraço) + 0,173 (quadril) – 0,515 (estatura) – 35,6. Marinha e Aeronáutica (HODGDON and BECKETT, 1984a,b), R = 0,85 e EPE = 3,72 % G : D = - 0,350 Log10 (cintura + quadril + pescoço) + 0,221 Log10 (estatura) + 1,296. Fuzileiros Navais (WRIGHT et al., 1980,1881), R = 0,81 e EPE = 3,67: % G = 1,051 (braço relaxado) – 1,522 (antebraço) – 0,879 (pescoço) + 0,326 (abdômen) + 0,597 (coxa) + 0,707. 2.9. Equações Generalizadas As equações generalizadas são desenvolvidas utilizando grandes amostras heterogêneas de idade, gordura corporal e aptidão física, como as de PETROSKI (1995). As equações generalizadas geralmente usam o modelo de regressão curvilinear e a idade como variável independente. 60 Segundo Petroski (1995), a vantagem de se utilizar uma equação generalizada e não uma específica é que a equação generalizada minimiza os erros de predição que ocorrem nos extremos da distribuição da densidade, fazendo com que uma equação possa ser aplicada a muitas populações sem perder a acuracidade. Tran et Weltman (1989) desenvolveram uma fórmula generalizada destinada à mulheres com idade entre 15 e 79 anos, utilizando como variáveis perímetros, estatura e idade, como se pode ver a seguir: (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996) DC = 1,168297 – 0,002824 (perímetro abdominal médio) + 0,0000122098 (perímetro abdominal médio)2 – 0,000733128 (perímetro do quadril) + 0,000510477 (estatura) – 0,000216161(idade em anos). Em um estudo de validação realizado por Petroski e Pires Neto (1995), foram selecionadas dez equações generalizadas de vários autores, das quais foram validadas somente três, utilizando uma amostra de 281 mulheres da região sul, com idade média de 27,46 + 7,58 e a pesagem hidrostática como método de referência. Na Tabela 4, são apresentadas equações generalizadas desenvolvidas por Petroski & Pires Neto (1995) para o sexo feminino, utilizando-se de 213 mulheres com idade entre 18 a 51 anos, dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (PETROSKI,1995). 61 TABELA 4 FÓRMULAS GENERALIZADAS DESENVOLVIDAS POR PETROSKI & PIRES NETO (1995). Mulheres com idade entre 18 - 51 anos F 1 D = 1,03992377 – 0,00036083 (Y7) + 0,00000058 (Y7)2 – 0,00027099 (ID) – 0,00046621(MC) + 0,00047136(ES). F2 D = 1,03091919 – 0,00048584(Y5) + 0,00000131(Y5)2– 0,00026016(ID) – 0,00056484(MC) + 0,00053716(ES). F3 D = 1,03465850 – 0,00063129(Y4) + 0,00000187(Y4)2 – 0,00031165(ID) – 0,00048890(MC) + 0,00051345(ES). F4 D = 1,0412759 – 0,00087756(Y3) + 0,00000380(Y3)2 – 0,00025821(ID) – 0,00059076(MC) + 0,00051050(ES). F5 D = 1,1954713 – 0,07513507 log10 (axilar média + supra ilíaca + coxa + panturrilha medial) – 0,00041072 (idade em anos). Obs: ONDE ID = IDADE EM ANOS, MC = MASSA CORPORAL, ES = ESTATURA, Y7= Σ 7 DOBRAS (Subescapular+Triciptal + Axilar Média + Supra Ilíaca + Abdominal +Coxa + Panturrilha Medial), Y5 = Σ 5 DOBRAS (Subescapular+Triciptal+Suprailíaca + Abdominal + Panturrilha Medial), Y4 = Σ 4 DOBRAS (Axilar Média + Supra Ilíaca + Coxa + Panturilha Medial), Y3 = Σ 3 DOBRAS (Subescapular + Suprailíaca + Coxa). Num estudo realizado com 249 mulheres com idade entre 18 e 55 anos, Jackson, Pollock & Ward (1980) desenvolveram várias fórmulas utilizando dobras cutâneas, idade e perímetros, que são apresentadas abaixo (PETROSKI, 1995): DC = 1,097 – 0,00046971 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa) + 0,00000056 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa)2 – 0,00012828 (idade em anos). 62 DC = 1,23173 – 0,03841 logn (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa) – 0,00015 (idade em anos). DC = 1,096095 – 0,0006952 (tríceps + abdominal + suprailíaca +coxa) 0,0000011 (tríceps + abdominal + suprailíaca + coxa)2 – 0,0000714 (idade em anos). DC = 1,21389 – 0,04057 logn (tríceps + supr ilíaca + coxa) – 0,00016 (idade em anos). DC = 1,21993 – 0,03936 logn (tríceps + abdominal + suprailíaca +coxa)0,00011 (idade em anos). DC = 1,147 – 0,00042359 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa) + 0,00000061 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa)2 - 0,000652 (perímetro do quadril). DC = 1,25475 – 0,031 logn (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa) – 0,00068 (perímetro do quadril). DC = 1,147 – 0,0004293 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa) + 0,00000061 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa)2 - 0,00009975 (idade em anos) – 0,00062415 (perímetro do quadril). DC = 1,25186 – 0,03048 logn (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + abdominal + suprailíaca + coxa) – 0,00011 (idade em anos) – 0,00064 (perímetro do quadril). 63 DC = 1,1443913 – 0,0006523(tríceps + abdominal + suprailíaca +coxa) 0,0000014 (tríceps + abdominal + suprailíaca + coxa)2 – 0,0006053 (perímetro do quadril). DC = 1,24374 -0,03162 logn (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca) – 0,00066 (perímetro do glúteo) (R = 0,74 e EPE = 0,0082). DC = 1,1454464 – 0,0006558 (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca) + 0,0000015 (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca)2 – 0,0000604 (idade em anos) – 0,0005981 (perímetro do quadril). DC = 1,241721 – 0,031069 logn (tríceps +abdominal + coxa + suprailíaca) – 0,000077 (idade em anos) – 0,000635 (perímetro do quadril). DC = 1,1466399 – 0,00093 (tríceps + coxa + suprailíaca) + 0,0000028 (tríceps + coxa + suprailíaca)2 – 0,0006171 (perímetro do quadril). DC1,23824 – 0,03248 logn (tríceps + coxa + suprailíaca) – 0,00067 (perímetro do quadril). DC = 1,1470292 – 0,000937 (tríceps + coxa + suprailíaca) + 0,000003 (tríceps + coxa + suprailíaca)2 – 0,0001156 (idade em anos) – 0,0005839 (perímetro do quadril). DC = 1,2353 - 0,03192 logn (tríceps + coxa + suprailíaca) – 0,00013 (idade em anos) – 0,00062 (perímetro do quadril). Pollock, Schmidt et Jackson (1980), desenvolveram duas fórmulas, utilizando dobras cutâneas, para mulheres adultas que são apresentadas a seguir (PETROSKI,1995): 64 DC = 1,0994921 – 0,0009929 (tríceps + suprailíaca + coxa) + 0,0000023 (tríceps + suprailíaca + coxa)2 – 0,0001392 (idade em anos). DC = 1,0902369 – 0,0009379 (tríceps + suprailíaca + abdominal) + 0,0000026 (tríceps + suprailíaca + abdominal)2 – 0,0001087 (idade em anos). 2.10. Desenvolvimento e Validação Cruzada de Equações Para que se desenvolvam boas equações de predição, estas devem apresentar uma alta correlação, ou seja, um alto Coeficiente de Correlação Múltipla (R) entre a medida de referência (obtida pelo procedimento padrão) e a combinação de variáveis medidas que serão utilizadas para predizê-la (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Geralmente, um R acima de 0,80 é recomendado para equações de predição de composição corporal. Outro valor importante de se analisar é o Erro Padrão da Estimativa (EPE) e este, por não ser tão afetado pelo tamanho e pela variabilidade da amostra como o R, se tornou um parâmetro mais importante de se verificar para se avaliar a validade relativa de uma equação de predição (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). Segundo Lohman (1992), os padrões de avaliação para os EPE em equações de composição corporal para a estimativa da Densidade Corporal, % de gordura e Massa Livre de Gordura, são os apresentados na Tabela abaixo: 65 TABELA 5 PADRÕES DE EPE DE % G, D E MLG, PARA VALIDAR EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO DE COMPOSIÇÃO CORPORAL, Lohman (1992). EPE % G EPE DC (g/cm3) EPE MLG (Kg) Feminino Escala 2,0 0,0045 1,5 – 1,8 Ideal 2,5 0,0055 1,8 Excelente 3,0 0,0070 2,3 Muito bom 3,5 0,0080 2,8 Bom 4,0 0,0090 2,8 Razoavelmente Bom 4,5 0,0100 3,6 Razoável 5,0 0,0110 > 4,0 Ruim O tamanho da amostra é muito importante no desenvolvimento de equações de predição para o cálculo da composição corporal. Heyward & Stolarczyk (1996) recomendam que as amostras tenham de 100 a 400 sujeitos para assegurar que os dados sejam representativos para aquela população para a qual a equação foi desenvolvida. Para que se desenvolva uma equação de predição, é necessário que se possua de 10 a 20 sujeitos para cada variável independente, sendo que, quanto maior o número de sujeitos, maior a estabilidade do peso da regressão para cada variável preditiva (PEDHAZEUR, 1982. apud HEYWARD & STOLARCZYK ,1996). Para a validação de uma equação de predição, vários cálculos estatísticos e procedimentos científicos são utilizados para verificarmos se tal fórmula pode ser utilizada com determinada precisão ou não. Heyward & Stolarczyk (1996) recomendam que as amostras sejam divididas para se determinar a validação ou a precisão da estimativa da fórmula desenvolvida, 66 ou seja, a amostra que testará a validade da fórmula desenvolvida não pode ter participado do processo de regressão. Segundo LOHMAN (1996), o tratamento estatístico utilizado na validação de fórmulas de predição é o seguinte: ET (erro técnico) = √ ∑(Y1 - Y2)2 / n onde: Y1 é a densidade estimada e Y2 é a densidade medida. EPE (erro padrão da estimativa) = s √ 1- R2 . R2 = Coeficiente de Determinação. EC (erro constante) = MÉDIA ((Dm) - (De)), isto é, diferença média entre a densidade mensurada (Dm) e estimada (De). r = coeficiente de correlação de Pearson, para verificar se há correlação entre a Densidade medida e a estimada. t = teste t de Student, para comparar as médias das Densidades medidas e estimadas. Petroski & Pires Neto (1995) utilizaram-se de 68, das 213 mulheres para o desenvolvimento de equações generalizadas, para a validação de tais equações e concluíram que os resultados encontrados podem ser utilizados para predizer a densidade corporal em amostra heterogênea em termos de idade, aptidão física e composição corporal. Os resultados são apresentados a seguir, na Tabela 6. 67 TABELA 6 RESULTADOS ESTATÍSTICOS DA VALIDAÇÃO DAS EQUAÇÕES GENERALIZADAS DESENVOLVIDAS POR Petroski & Pires Neto (1995). Equação X S r t EC ET EPE F1 1,04619 ±0,009 0,778 -0,246 -0,0002 0,0064 0,0064 F2 1,04597 ±0,009 0,771 0,519 0,0004 0,0066 0,0065 F3 1,04663 ±0,009 0,782 0,310 0,0002 0,0064 0,0063 F4 1,04688 ±0,009 0,752 0,595 0,0005 0,0068 0,0067 2.11. Equipamentos Utilizados no Tanque para a Pesagem Hidrostática Pollock & Wilmore (1993) utilizaram um tanque de 121.9 X 152.4 X 152.4 cm, construído em aço inox e com seu próprio sistema de aquecimento e filtragem. A cadeira utilizada foi construída em PVC de 5,08 cm. Foi utilizada uma balança com capacidade de 15 Kg e com precisão de 20 g. Recomenda-se, para estudos de Composição Corporal, a utilização de um tanque de, pelo menos, 120 X 120 X 120 cm, sendo que tanques com profundidade superior a 152,5 cm são úteis para a realização de pesagens de pessoas com estatura superior a 2 m. Este tanque deverá possuir um sistema de aquecimento, filtragem e escoamento de emergência para a água (POLLOCK & WILMORE ,1993). Guedes (1985) utilizou-se de uma piscina de 23 X 12 metros, com profundidade de 1,40 m e temperatura constante de 27o a 29o C, onde construiu uma caixa de madeira compensada, sem fundo, com dimensões de 1,5 X 1,5 m, com o objetivo de evitar oscilações na água no momento da obtenção do peso submerso. 68 Petroski & Pires Neto (1995) utilizaram-se de uma caixa quadrada pintada de branco de 130 X 130 cm, com 140 cm de altura e 2,5 cm de espessura, para a pesagem hidrostática. Para a obtenção do peso submerso, utilizaram também uma balança de marca Filizola com capacidade de 6 Kg e precisão de 5 g. Rodrigues-Añez & Pires Neto (1999) realizaram a Pesagem Hidrostática em uma piscina semi-olímpica, em uma caixa vazada pintada de branco, com dimensões de 130 cm X 130 cm por 140 cm de altura, construída em madeira de 2,5 cm de espessura. Yanomine & Pires Neto (2000) realizaram a pesagem hidrostática dentro de uma piscina, olímpica com profundidade 1,20 m, onde foi adaptada, num dos cantos da piscina uma prancha retangular de madeira de 4,00 m (comprimento) x 1,40 m (altura), formando assim um triângulo isósceles de 4,00 x 2,80 x 2,80 com 1,40 m de altura. Para a obtenção do peso submerso, utilizaram-se de uma balança de molas do tipo dinamômetro, modelo Crown, fabricado pela Filizola Ltda, com capacidade de 5,00 kg e precisão de 20,0 g. 69 CAPÍTULO III 3. METODOLOGIA 3.1. Modelo do Estudo Este estudo se caracteriza como sendo de modelo descritivo, pois tem como objetivo descrever as características antropométricas e da D da amostra em questão ( FLEGER e DIAS, 1995, p.56). 3.2. Tipo do Estudo Este estudo se caracteriza como sendo do tipo correlacional, pois destina-se a coletar dados da densidade corporal medida e estimada para determinar a relação entre elas (THOMAS & NELSON, 1996, p.339), desenvolvendo, assim, equações específicas para a estimativa da densidade corporal em mulheres militares do Exército Brasileiro, com idades entre 18 e 45 anos. 70 3.3. Seleção dos Sujeitos 3.3.1 População A população deste estudo abrange, aproximadamente, 3.000 mulheres militares do Exército Brasileiro, com idade entre 18 e 45 anos de idade. 3.3.2. Técnica de Amostragem A amostra foi escolhida de forma sistemática e aleatória (TRIOLA, 1999), pois foram escolhidas, aleatoriamente, mulheres que fossem adaptadas ao meio líquido e que satisfizessem os critérios de inclusão e exclusão. 3.3.3 Amostra A amostra foi constituída por 100 mulheres militares do Exército Brasileiro, independente de posto ou graduação, da cidade do Rio de Janeiro (RJ), divididas em dois grupos: um para desenvolver equações específicas e o outro para a validação das equações de regressão (PEDHAZUER, 1982. apud. HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). 3.3.4 Critérios de Inclusão Militares do segmento feminino do Exército, da faixa etária de 18 a 45 anos de idade, adaptação ao meio. 3.3.5 Critérios de Exclusão Problemas de gravidez, problemas endócrinos ou hormonais que provocassem composição corporal alterada e fora da normalidade e, conforme 71 preconizam Pollock & Wilmore (1993), mulheres que tivessem problemas de diminuição da mineralização óssea proveniente do climatério, se for o caso. Foram excluídas deste grupo mulheres que foram consideradas extremamente obesas; estivessem grávidas; possuíssem próteses de silicone; usassem anabolizantes; apresentassem doenças respiratórias ou circulatórias; apresentassem hidratação ou desidratação excessivas causadas por exercícios físicos, realização de sauna, problema de diarréia e menstruação (POLLOCK & WILMORE 1993). Todos os itens citados acima, envolvendo a saúde dos sujeitos deste estudo, foram verificados por um médico na organização militar de origem e no momento da anamnese imediatamente antes da coleta dos dados. 3.3.6. Amostra de Regressão Foi constituída por 80 mulheres militares avaliadas (80% da amostra), sendo os dados destas utilizados para o desenvolvimento das equações. 3.3.7. Amostra de Validação Foi constituída por 20 mulheres militares avaliadas (20% da amostra) e os dados destas foram utilizados para validar as equações desenvolvidas. 3.4 Ética da Pesquisa O presente estudo atendeu as Normas para a Realização de Pesquisa em Seres Humanos, Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996 72 e foi aprovado pelo Comitê de Ética da UCB - RJ . Todos os participantes do trabalho assinaram o Termo de Participação Consentida (Anexo I). As Organizações Militares que, fizeram parte os sujeitos deste estudo receberam um termo de Informação (Anexo II). 3.5. Protocolo de Mensuração Todos os sujeitos que participaram do estudo foram voluntários, gozando de boa saúde e atenderam os critérios de inclusão e exclusão. 3.5.1. Seqüência da coleta de dados O estudo apresentou as seguintes fases: 1) Anamnese, 2) Medida da massa e da estatura corporal. 3) Medida da espessura de dobras cutâneas. 4) Medida de Perímetros Corporais. 5) Medida de Diâmetros Ósseos. 6) Medida da Densidade Corporal através da pesagem hidrostática. 3.5.2. Procedimentos Preliminares O procedimento para a determinação da amostra foi feito através de uma anamnese, descrita no anexo III, quando foram coletadas as informações sobre os critérios de inclusão e exclusão da amostra. 73 3.5.3 Procedimentos da coleta de dados Os sujeitos foram mensurados descalços, usando roupa de banho apropriada para a prática de natação, cumprindo as seguintes restrições: - Não comer dentro das 4 h que antecederam o teste; - Procurar fazer refeições leves, principalmente a última antes do início do jejum; - Não praticar qualquer atividade física no dia que antecedem a coleta de dados; - Não ingerir bebidas alcoólicas nas últimas 24 horas que antecederam; - Procurar esvaziar intestinos e bexiga, pela manhã; - Não ingerir bebidas gaseificadas, inclusive água, pelo menos 4 h antes do teste; - Evitar comer feijão, ervilha, lentilha, soja, grão de bico, rabanete, repolho, couve, couve flor e espinafre, (esta medida evita a produção e o acúmulo de gases provenientes da digestão). As mensurações foram feitas em dois momentos, conforme relato a seguir. 3.5.4. Mensurações Antropométricas Para o estudo, foram determinados, além da idade (ID), os valores de massa corporal (MC), estatura(ES), sete dobras cutâneas, nove perímetros e três diâmetros ósseos, de acordo com os procedimentos e na seqüência descrita a seguir: Massa Corporal – A avaliada foi posicionada de pé, descalça, no centro da plataforma da balança, vestindo apenas roupa de banho, procurando não se 74 movimentar. O cursor da escala foi movido manualmente até haver um equilíbrio. A massa corporal foi registrada em quilogramas, com precisão de 100 gramas. FIGURA 4 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DA MASSA CORPORAL TOTAL. Estatura Corporal – É a distância compreendida entre a planta dos pés e o ponto mais alto da cabeça (vértex). O sujeito estava descalço, na postura padrão, ou seja, em ângulo reto com o estadiômetro, procurando colocar em contato com o aparelho de medida os calcanhares, a cintura pélvica, a cintura escapular e a região occipital. A cabeça foi orientada no plano de Frankfurt. A medida foi registrada em 0,1 cm, estando o indivíduo em apnéia, após inspiração profunda. 75 FIGURA 5 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DA ESTATURA CORPORAL. 3.5.4.1.Dobras Cutâneas A mensuração das dez dobras cutâneas seguiu os procedimentos de HARRISON et al. (1991) e (OLDS & NORTON, 1996). As medidas foram realizadas no lado direito dos sujeitos e repetidas de duas a três vezes, dependendo da diferença entre elas ( NORTON & OLDS, 1996). As medidas foram realizadas uma vez em cada local até o término e após isso foram repetidas da mesma maneira duas ou três vezes. Foi utilizada a média como valor da medida dos dois valores mais próximos, contanto que não possuíssem diferença superior a 5%, entre elas (Norton & Olds, 1996). Dobra Cutâneas Peitoral (PEI) – Medida obliquamente ao eixo longitudinal do corpo a 2/3 da distância entre o mamilo e a linha axilar anterior, Esta medida foi realizada mais próxima da linha axilar anterior. 76 FIGURA 6 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA CUTÂNEA PEITORAL. Dobra Cutânea do Bíceps (BIC) – Medida com o sujeito relaxado, ao longo do eixo longitudinal do braço, na mesma linha onde é medida a dobra triciptal, ou seja, na altura do ponto médio da distância entre a projeção lateral do processo acromial da escápula e o olécrano. No momento da medida, o sujeito rodou a mão direita no sentido horário, para facilitar a medida. 77 FIGURA 7 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA CUTÂNEA DO BÍCEPS. Dobra Cutânea Subescapular (SUB) – Foi mensurada imediatamente abaixo do ângulo inferior da escápula. O ponto é determinado através de apalpação do ângulo inferior da escápula, com os dedos indicador e medial. Em sujeitos obesos, pode-se pedir que movimentem os braços para facilitar a localização do ponto anatômico. O adipômetro é colocado no sentido natural da dobra, obliquamente para baixo e lateralmente ao eixo longitudinal do corpo, em um ângulo de + 45 º. 78 FIGURA 8: FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA SUBESCAPULAR. Dobra Cutânea do Tríceps (TRIC) – O local da mensuração fica no ponto médio da distância entre a projeção lateral do processo acromial da escápula e o olecrano, utilizando uma fita métrica e estando o cotovelo em flexão de 90 º. Figura 9: Foto do ponto anatômico utilizado para a medida da dobra triciptal. 79 Dobra Cutânea Axilar Média Vertical (AM) – Foi mensurada no mesmo ponto da anterior, com a diferença que a orientação foi o eixo longitudinal do corpo. FIGURA 10 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA AXILAR MÉDIA VERTICAL. Dobra Cutânea Abdominal Vertical (DABDO) – foi medida estando o indivíduo na posição ortostática. A dobra é determinada paralelamente ao eixo longitudinal do corpo, a três cm da cicatriz umbilical e a um cm no sentido inferior. 80 FIGURA 11 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA ABDOMINAL VERTICAL. Dobra Cutânea Supraespinhal (SUPE) – Foi mensurada na intersecção de duas linhas imaginárias: uma horizontal, que passa por cima da crista ilíaca e outra, vertical, que passa pela espinha ilíaca antero-posterior do íleo. A dobra foi pinçada obliquamente. FIGURA 12 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA SUPRAESPINHAL OBLÍQUA. 81 Dobra Cutânea Suprailíaca (SUPI) – Foi mensurada obliquamente acima da crista ilíaca superior, no ponto de encontro entre uma linha imaginária horizontal que passa pela cicatriz umbilical e a linha axilar média. FIGURA 13 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA CUTÂNEA SUPRAILÍACA. Dobra Cutânea da Coxa Medial (DCOXA) – foi mensurada no ponto médio entre a dobra inguinal e a borda superior da patela. A dobra cutânea da CX é vertical, sendo mensurada com o sujeito sentado em uma cadeira, sem contração muscular, com os pés apoiados ao solo. Dobra Cutânea da Panturrilha Medial (DPAN) – A medida foi realizada no local de maior perímetro da panturrilha medial. O sujeito foi colocado na posição sentado, com os pés apoiados no solo, estando a perna e o joelho em ângulo de 90º. A medida foi realizada com a dobra pinçada verticalmente na face interna da panturrilha, conforme demonstrado na Figura 11. 82 FIGURA 14 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA DA COXA MEDIAL. FIGURA 15 FOTO DO PONTO ANATÔMICO UTILIZADO PARA A MEDIDA DA DOBRA DA PANTURRILHA MEDIAL. 83 3.5.4.2. Perímetros Corporais A mensuração dos oito perímetros seguiu os procedimentos de Callaway et al. (1991) e Norton & Olds (1996). O mensurador exerceu uma pressão firme com a fita sobre os segmentos corporais, mas não deve comprimiu os tecidos moles. As medidas são repetidas duas ou três vezes em cada local, dependendo da distância entre elas (NORTON & OLDS, 1996). Se os valores não fossem iguais, a média dos valores mais próximos representaria o valor da medida. Perímetro do Pescoço (PESC)– para a mensuração do perímetro do pescoço o indivíduo foi posicionado com a cabeça no plano de Frankfurt e a fita foi colocada imediatamente por baixo da proeminência laríngea no sentido perpendicular ao eixo longitudinal do pescoço, sendo a colocação da fita não necessariamente horizontal. A pressão exercida na trena foi suficiente para o contato completo com a pele, sem provocar desconforto. FIGURA 16 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO PESCOÇO. 84 Perímetro do antebraço (ANTE) – Para mensuração do perímetro do antebraço, o sujeito foi colocado na posição ortostática, com o braço direito estendido e elevado lateralmente ao corpo. A fita métrica foi colocada em volta do antebraço, na parte proximal, onde o maior perímetro foi encontrado. FIGURA 17 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO ANTE BRAÇO. Perímetro do Braço Relaxado (BREL) – O indivíduo foi colocado na posição ortostática, com o braço direito estendido e elevado lateralmente ao corpo. A medida foi efetuada no ponto médio entre a projeção lateral do processo acromial da escápula e o olecrano. 85 FIGURA 18 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO BRAÇO RELAXADO. Perímetro do Braço Contraído (BCON) – O indivíduo foi colocado na posição ortostática, com o braço totalmente flexionado. A medida foi efetuada no ponto de maior perímetro entre a projeção lateral do processo acromial da escápula e o olecrano, estando o cotovelo flexionado e durante uma contração máxima. FIGURA 19 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO BRAÇO CONTRAÍDO 86 Perímetro do Tórax (TORAX) – Este ponto foi medido com o indivíduo em posição ortostática, braços ao longo do corpo e após expiração normal. A fita métrica foi colocada horizontalmente no ponto abaixo dos seios, tendo como referência o apêndice xifóide. FIGURA 20 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO TÓRAX. Perímetro da Cintura (CINT) – Medida realizada a nível do ponto mais estreito entre o último arco costal e a crista ilíaca. FIGURA 21 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DA CINTURA. 87 Perímetro do Abdômen (PABDO) – O sujeito ficou na posição de pé, com o abdômen relaxado, os braços descontraídos ao lado do corpo. O avaliador colocouse à frente do sujeito. A fita métrica foi colocada horizontalmente em volta do abdômen do sujeito, exatamente em cima da cicatriz umbilical. Um avaliador auxiliar foi necessário para verificar a colocação da fita no plano horizontal. FIGURA 22 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO ABDOMEM. Perímetro do Quadril (QUAD) – Com o indivíduo na posição ereta, braços cruzados à frente do corpo e pés juntos, observou-se lateralmente o maior perímetro dos glúteos, onde foi colocada a fita horizontalmente e paralela ao solo. A fita ficou em contato com a superfície da pele, sem provocar compressão dos tecidos. Um avaliador auxiliar foi necessário para verificar se a fita estava corretamente colocada do outro lado do avaliador principal. 88 FIGURA 23 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DO QUADRIL. Perímetro superior da Coxa (PCOXA) – É o maior perímetro da coxa mensurado imediatamente abaixo da prega ou dobra do glúteo. O indivíduo usou roupas que permitiram fácil visualização dos pontos de reparo. A medida foi realizada estando o indivíduo em pé, com afastamento lateral dos pés em torno de 10 cm e o peso do corpo distribuído igualmente em ambas as pernas. FIGURA 24 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO SUPERIOR DA COXA. 89 Perímetro da Panturrilha (PPAN) - Foi medido no ponto de maior circunferência da perna. A medida foi realizada estando o sujeito em pé, com ligeiro afastamento das pernas e o peso do corpo distribuído igualmente em ambas pernas. A fita foi colocada em volta da perna direita e movida para cima e para baixo, com o intuito de encontrar o máximo perímetro no plano perpendicular ao eixo longitudinal da perna. FIGURA 25 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO PERÍMETRO DA PANTURRILHA. 3.5.4.3.Diâmetros Ósseos A mensuração dos diâmetros ósseos seguiu os procedimentos de Norton & Olds (1996). O mensurador exerceu uma pressão firme sobre os locais medidos para diminuir a influência dos tecidos moles. As medidas foram realizadas no lado direito dos sujeitos e repetidas duas ou três vezes em cada local. Foi considerada a média dos dois valores mais próximos, quando os valores não coincidiram. 90 Diâmetro Biestilóide (DBI) – É a distância entre as apófises estilóides do rádio e da ulna. O avaliador localizou as bordas mediais do estilóide ulnar e lateral do estilóide do rádio para a mensuração do diâmetro. A borda mais lateral do estilóide da ulna foi localizada com o dedo médio ou com o indicador da mão esquerda e do rádio com o polegar. FIGURA 26 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO DIÂMETRO BIESTILÓIDE. Diâmetro Biepicondiliano do Úmero (DBU) – Esta medida é a distância entre as bordas externas dos epicôndilos medial e lateral do úmero. O indivíduo foi colocado na posição de pé. O braço foi posicionado horizontalmente, com o cotovelo e o ombro em flexão próxima a 90 º. O examinador ficou de pé, em frente do avaliado, e apalpar os epicôndilos medial e lateral do úmero, com os dedos indicador e polegar da mão esquerda. As hastes do paquímetro foram colocadas em ângulo próximo a 45 º. 91 FIGURA 27 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO DIÂMETRO BIEPICONDILIANO DO ÚMERO. Diâmetro do Biepicondiliano do Fêmur (DBF) – Esta medida é a distância entre a borda medial e lateral dos epicôndilos do fêmur. Estes pontos são conhecidos como os epicôndilos medial e lateral. O sujeito sentou-se com flexão do joelho próximo a 90 º. O ponto aparente mais lateral do epicôndilo femural foi apalpado com os dedos indicador e/ou médio da mão esquerda, enquanto os correspondentes dedos da mão direita apalparam o ponto aparente mais medial do epicôndilo femural. As hastes do paquímetro foram colocadas + 45 º para baixo. 92 FIGURA 28 FOTO TÉCNICA UTILIZADA PARA A MEDIDA DO DIÂMETRO BIEPICONDILIANO DO FÊMUR. 3.5.5. Mensuração do Peso Hidrostático Os materiais e procedimentos utilizados neste estudo seguiram as recomendações de Lohman (1992), Pollock & Wilmore (1993), Petroski & Pires Neto (1995), Heyward & Stolarczyk (1996) e Norton & Olds (1996). Em relação aos problemas relatados por Pollock & Wilmore (1993) no momento da leitura da pesagem dentro d’água, causados pela oscilação da água, algumas providências foram tomadas neste estudo, ou seja: - A balança foi tarada a cada início de pesagem, ou seja, para cada sujeito que entrou no tanque, foi realizada uma nova tara na balança para minimizar as alterações decorrentes da diferença de volume corporal de cada sujeito avaliado. - O tanque foi construído acima do chão e possui na parte da frente, um vidro de 50 X 60 cm para comunicação entre o avaliado e o avaliador, diminuindo assim, a ansiedade de quem está sendo pesado e, conseqüentemente, as oscilações da água. 93 - Um aquecedor automático foi instalado no tanque para que, ao atingir a temperatura ideal da pesagem, o mesmo desligue. O inverso acontece quando a água desaquece, pois, ao decréscimo de 2o. C, o aquecedor se liga automaticamente para que a água volte à temperatura inicial. Mas, para que o reaquecimento não causa turbulência na água, os canos de retorno da água quente foram posicionados no fundo do tanque, a 10 cm acima do solo, fazendo com que, ao entrar pelo fundo do tanque, o aquecimento seja naturalmente realizado, sem agitar a superfície da água, o que dificultaria a estabilização da balança. - A filtragem da água também é automatizada e realizada por um timer ligado aos filtros, em dois períodos de duas horas: o primeiro logo após as pesagens e o segundo, imediatamente quando do início das mesmas no dia seguinte. - A cloração da água também é feita automaticamente, através de um clorador automático ligado ao filtro, que mantém o nível correto de cloro da água a cada filtragem. - Para minimizar as oscilações que ocorrem em piscinas, o tanque tem apenas 120 X 120 cm, o que facilita em muito a leitura. - O tanque tem a altura de 190 cm, sendo que a água só alcança 150 cm de altura. Esta medida, além de ser o suficiente para a realização da pesagem, é a ideal para que os aquecedores tenham máxima eficiência e a água atinja a temperatura ideal no menor tempo possível e com maior economia. - Para a realização da medida do peso submerso, foi instalada uma célula de carga de marca Filizola com mostrador digital IDSI, com capacidade de 50 Kg, resolução de 10 g e leitura, que pode ser realizada com 5 velocidades diferentes para facilitar a obtenção do peso correto. 94 - A cadeira foi presa à balança por um cabo de aço inoxidável encapado, que possui tamanho reduzido e, para tal, a balança foi fixada a uma viga de madeira de lei, posicionada a 50 cm do topo do tanque, para reduzir também a oscilação que possa ocorrer logo após o posicionamento do avaliado na cadeira. Peso Submerso (PS) – Os indivíduos foram avaliados na posição sentada, conforme descrição de Pollock & Wilmore (1993). Antes da pesagem, os sujeitos foram convidados a esvaziarem a bexiga e defecarem, caso já não o tivessem realizado. Antes de efetuarem-se os procedimentos da pesagem, foi permitida a prática de expiração submersa. O registro da pesagem foi realizado após o máximo esforço expiratório, estando o sujeito totalmente submerso. A respiração foi mantida bloqueada por aproximadamente 5 -10 segundos para a estabilização da balança e para a realização da leitura. Após cada tentativa, aguardou-se, antes, o restabelecimento da respiração antes, sendo o mesmo procedimento repetido por 610 vezes (KATCH, 1968). Os indivíduos foram avaliados pela manhã e ao final da tarde, num limite máximo de até 5 sujeitos por dia. 95 FIGURA 29 FOTO DO TANQUE DE PESAGEM HIDROSTÁTICA. Os movimentos excessivos na escala durante a pesagem foram controlados pelo avaliador, permitindo fazer leituras com precisão de até ± 20 gramas. Os indivíduos foram estimulados a expirarem o máximo no momento da mensuração e a se movimentarem bem lentamente no momento da submersão, tendo em vista a sensibilidade da célula de carga, pois movimentos muito rápidos poderiam impedir a estabilidade no momento da leitura, aumentando, assim, o número de tentativas e a permanência do avaliado com a respiração bloqueada. 96 A determinação do peso dentro d’água foi feita utilizando o que prescrevem Behnke & Wilmore (1974), apresentados em Pollock & Wilmore (1993) e foi selecionado da seguinte maneira: a) Primeiramente, foi selecionado o peso mais alto observado, caso tenha repetido mais de uma vez. b) Caso o item anterior não tenha sido satisfeito, foi selecionado o segundo peso mais alto que tenha sido registrado mais de uma vez. c) quando os critérios anteriores não foram satisfeitos, foi selecionado o terceiro peso mais alto e assim sucessivamente, até conseguir o peso desejado. Embora os sujeitos tenham sido orientados a não se alimentarem pelo mínimo de quatro horas antes das pesagens, o cumprimento desta orientação não podê ser controlado pelos avaliadores. 3.6 Cálculo da Composição Corporal Cálculo da Densidade Corporal (D) – partindo da fórmula convencional peso/volume, a D foi determinada através da seguinte equação: D (g/ml) = MC [ (MC – PS) / Da ] – (VR + 100) Onde: D = Densidade corporal MC = Massa corporal em kg PS = Peso submerso na água em kg Da = Densidade da água 97 VR = Volume residual em litros 0,1 = Constante de gás gastrointestinal (100 ml) Volume Residual (VR) – o VR foi medido por estimativa, seguindo a orientação de Pollock & Wilmore (1993), que recomenda a utilização da equação de Goldman & Becklake (1959) que considera a idade e a estatura: Mulheres: VR = 0,009 (idade, anos) + 0,032 (estatura, cm) – 3,9. Percentual de gordura (%G) – o %G é determinado através da equação de Siri (1961): %G = (495 / D) – 450. Massa de Gordura (MG, kg) – a MG foi obtida multiplicando-se a massa corporal pela fração do percentual de gordura: MG = MC (100 /%G ). Massa Corporal Magra (MCM, kg) – a MCM foi estimada subtraindo a MG da massa corporal: MCM = MC – MG. 3.7. Instrumentação Descrevemos, a seguir, material utilizado para a realização da Pesagem Hidrostática e das medidas antropométricas. O equipamento desenvolvido para a pesagem hidrostática foi um tanque, de formato quadrado 120 X 120 cm, com 190 cm de altura, construído em alvenaria e azulejado por dentro, com 30 cm de espessura, sendo que a parte frontal do tanque possui um visor de vidro de marca Blindex, laminado, de 30mm de espessura, possuindo uma forma retangular de 50 cm largura e 60 cm de altura para comunicação visual entre o avaliado e o avaliador. 98 O tanque foi mantido com a água a uma altura de 150 cm, com a temperatura da água mantida a 36o C, podendo alterar-se em aproximadamente 2o C, fato este que não deverá alterar a Densidade Corporal ao final das medidas. Uma célula de carga, com mostrador IDSI de marca FILIZOLA, de capacidade para 50 kg e com precisão de 10 g, foi fixada em um gancho preso numa viga de madeira de lei, a uma altura de 210 cm, através de um mosquetão de aço inox. Na célula de carga foi colocado um outro mosquetão ao qual estão presos os cabos de aço inox encapados, para a sustentação da cadeira onde sentaram os sujeitos no momento da pesagem submersa. A cadeira foi construída em canos de PVC, com 40 mm de diâmetro e 50 cm de comprimento . Um cinto de mergulhador com 4 kg foi colocado em volta da cintura do avaliado para garantir a estabilidade durante as pesagens. O peso do cinto foi subtraído do peso submerso, através efetuando a tara da célula de carga, antes do início das pesagens. Para as medidas de diâmetros ósseos, foi utilizado um paquímetro MITUTOYO, de fabricação Japonesa, adaptado com hastes de 15 cm, com precisão de 0,01 mm (Fig 30). Para a medida da massa corporal, foi utilizada uma balança digital, de marca Filizola, de fabricação Brasileira, com capacidade para 150 kg e precisão de 100g (Fig 31). Para as medidas de dobras cutâneas, utilizou-se um compasso de Lange, de fabricação da Cambridge Scientific Industries, com escala de 1 mm e pressão constante em todas as aberturas de 10 g/mm2 (Fig 32). 99 Para as medidas dos perímetros, foi utilizada uma fita métrica metálica, de fabricação brasileira, vendida pela empresa Sanny, com largura de 0,5 cm e com precisão de 0,1 cm (Fig 33). FIGURA 30 FIGURA 31 PAQUÍMETRO. BALANÇA FILIZOLA. FIGURA 32 COMPASSO LANGE. FIGURA 33 FITA MÉTRICA. 3.8. Fidedignidade das Mensurações A fidedignidade foi realizada para testar a constância das medidas antropométricas e da pesagem hidrostática. Para se testar a fidedignidade das 100 medidas, foram convidadas 10 mulheres que fizeram parte da amostra, com idade entre 18 e 45 anos de idade. Os sujeitos foram mensurados em duas ocasiões, com intervalo entre as medidas de, no mínimo, de 3 dias. A correlação de Pearson relatada pelos autores para a fidedignidade destas mensurações deve ser de, no mínimo, de r = 0,80 para p< 0,025 (LOHMAN, 1996). Analisando os resultados apresentados na tabela 7, podemos observar que, pelo resultado, houve correlação significativa p ≤ 0,025 para todas as medidas entre a primeira e a segunda medição. Na Tabela 8, estão descritos os valores do teste “t” pareado, realizado entre a primeira e a segunda medida, para comparar as médias das dobras, circunferências, MCT, DC e % G na primeira e segunda medição. Analisando os resultados do teste t pareado, na Tabela 8, podemos concluir que todas as médias calculadas não apresentaram diferença significativa entre si (p > 0,05). Os resultados obtidos indicaram significativa correlação, p ≤ 0,05, além de não haver diferença significativa entre as médias nas duas avaliações, comprovando que os valores foram obtidos com consistência e confiabilidade, satisfazendo, assim, os critérios científicos para a fidedignidade dos resultados. 101 TABELA 7 MÉDIA E DESVIO PADRÃO DOS DOIS MOMENTOS DO TESTE DE FIDEDIGNIDADE E O RESULTADO DA CORRELAÇÃO “R” ENTRE ELES. MEDIDAS MC, kg D, g/ml %G PRIMEIRA MÉDIA DP 56,25 5,95 1,045947 0,007467 23,27 3,37 SEGUNDA MÉDIA DP 56,12 6,19 1,046610 0,007006 22,97 3,16 CORRELAÇÃO r 0,998 0,994 0,994 p 0,000 0,000 0,000 DOBRAS CUTÂNEAS, mm PEI BIC TRIC SUB AM SUPI SUPE DABDO DCOXA DPAN 10,32 8,16 19,46 11,95 8,21 19,18 12,13 18,29 24,56 14,69 4,23 2,89 3,09 3,60 2,78 3,96 4,42 4,98 6,33 3,33 11,03 8,29 19,47 11,63 7,76 19,80 12,54 18,26 23,46 15,17 4,57 2,30 3,11 3,71 2,37 4,72 4,12 5,39 5,29 3,80 0,842 0,698 0,870 0,960 0,880 0,937 0,951 0,969 0,968 0,921 0,002 0,025 0,001 0,000 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 31,00 22,64 25,89 26,54 73,23 69,33 77,45 95,58 55,25 34,55 1,16 1,25 1,81 1,59 3,75 4,00 4,15 3,92 3,16 1,95 30,82 22,51 25,98 26,60 73,37 69,09 77,52 96,01 55,08 34,31 1,67 1,11 1,78 1,48 3,90 4,12 5,21 3,78 3,37 1,79 0,931 0,906 0,986 0,991 0,976 0,977 0,960 0,947 0,992 0,989 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 PERÍMETROS, cm PESC ANTE BREL BCON TORAX CINT PABDO QUAD PCOXA PPAN 102 TABELA 8 DIFERENÇAS MÉDIAS, VALOR t CALCULADO E DA PROBABILIDADE ENTRE OS DOIS MOMENTOS DO TESTE DA FIDEDIGNIDADE. MC, kg D, g/ml %G DOBRAS CUTÂNEAS, mm PEI BÍC TRI SUB AM SUPI SUPE DABDO DCOXA DPAN PERÍMETROS, cm PESC ANTE BREL BCON TORAX CINT PABDO QUAD PCOXA PPAN DIF ENTRE MÉDIAS 0,13 -0,00066 0,29 t 0,872 -2,239 2,240 p 0,406 0,052 0,052 -0,71 -0,12 -0,01 0,32 0,45 -0,62 -0,40 0,06 1,10 -0,48 -0,907 -0,189 -0,020 0,979 1,085 -1,151 -0,931 0,151 1,950 -1,027 0,388 0,854 0,984 0,353 0,306 0,279 0,376 0,884 0,083 0,331 0,18 0,13 -0,09 -0,06 -0,14 0,24 -0,07 -0,43 0,17 0,24 0,778 0,780 -0,938 -0,802 -0,518 0,867 -0,132 -1,079 1,170 2,343 0,456 0,456 0,373 0,443 0,617 0,409 0,898 0,308 0,272 0,044 3.9. Análise dos Dados 3.9.1. Procedimentos Gerais Primeiramente, os dados foram analisados através da estatística descritiva 103 para estabelecer os perfis tanto do grupo para a montagem das equações de regressão quanto do grupo de validação. Em um segundo momento, foi utilizada a correlação de Pearson para determinar a relação entre a densidade Corporal (D) determinada através da pesagem hidrostática e as medidas antropométricas (massa, estatura, dobras cutâneas, perímetros e diâmetros), bem como a idade cronológica. Em um terceiro momento, foi realizada uma série de somatórios, tanto de dobras cutâneas, perímetros e diâmetros, associados ou não a outras variáveis para determinar de que maneira os somatórios melhoraram a correlação com a Densidade medida diretamente pela Pesagem Hidrostática. 3.9.2. Regressão A análise de regressão “Stepwise” foi utilizada para desenvolver as equações específicas para a estimativa da Densidade. A variável dependente (critério) foi a Densidade determinada hidrostaticamente, e as variáveis independentes (preditoras) foram as medidas antropométricas, combinações e somatórios de variáveis que atingiram a mais alta correlação. A análise de regressão foi realizada nos seguintes estágios: 1- Para dobras, perímetros e diâmetros isoladamente; 2- Com as dobras e seus quadrados, perímetros e seus quadrados, diâmetros e seus quadrados; 3- Da mesma forma anterior, só que associada à idade, massa corporal e estatura, 104 4- Combinando dobras e perímetros, dobras e diâmetros e perímetros e diâmetros, todos associados a idade, massa e estatura; 5- Todas as variáveis juntas; 6- Usando combinações de Dobras Cutâneas e Perímetros que obtiverem maior r quando tratados de forma individual; 7- Utilizando várias combinações de dobras, perímetros e diâmetros, com R alto e menor números de variáveis, com seus quadrados e, ainda, somando-se a idade, massa e estatura para se verificar se o R aumentava; 8- Utilizando combinações mistas de dobras, perímetros e diâmetros, para se verificar o aumento do R; 9- Combinando os somatórios mistos com a idade, massa e estatura; 10- Incluiu-se o termo quadrático e logarítmico nos diferentes somatórios. 3.10. Validação das Equações A validação das equações desenvolvidas foi realizada através da utilização de uma amostra correspondente a 20% do número de indivíduos mensurados e escolhidos randomicamente (amostra de validação) e que não participaram do desenvolvimento das equações (HEYWARD & STOLARCZYK, 1996). As análises de validação foram realizadas através da determinação dos seguintes cálculos: correlação múltipla (r > 0,80), teste t pareado (t < t crítico e P < 0,05), erro constante (EC), erro total (ET) e erro padrão de estimativa (EPE) (EPE < 0,0080), conforme sugestões de Lohman (1992) e Petroski (1995). 105 Onde: EC (erro constante) = MÉDIA ((Dm) - (De)), diferença média entre a densidade mensurada (Dm) e estimada (De). ET (erro técnico) = √∑ (Y1 - Y2)2 / n onde: Y1 é a densidade estimada e Y2 é a densidade medida. EPE = EPE (erro padrão da estimativa) = s √ 1- R2 R2 = Coeficiente de determinação múltipla. Os cálculos do ET, EC, r e t foram realizados na planilha do Excel for windows. A seleção dos modelos foi realizada de acordo com os seguintes critérios: 1- Significância parcial das variáveis; 2- Menor EPE; 3- Maior coeficiente de correlação múltipla; 4- Praticidade do modelo; 5- Menor número de variáveis independentes. 106 CAPÍTULO IV 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados deste estudo foram apresentados em quatro etapas para atender os objetivos específicos, que foram: 1) Avaliar as características antropométricas de mulheres do Exército Brasileiro; 2) Verificar a densidade corporal de mulheres do Exército Brasileiro através da pesagem hidrostática; 3) Desenvolver equações para a estimativa da densidade corporal a partir das variáveis antropométricas; 4) Validar as equações desenvolvidas para a predição da densidade corporal. 4.1. Características Antropométricas Para o desenvolvimento deste estudo, foram utilizadas 100 mulheres militares do Exército, servindo na cidade do Rio de Janeiro, divididas em dois grupos, o de Regressão (N=80) e o de Validação (N=20), sendo o tamanho do grupo de regressão adequado para o poder de 0,8, segundo Cohen (1988) (apud THOMAS 107 e NELSON, 2002), para regressão utilizando de três a cinco variáveis independentes. Portanto, baseado no tamanho da amostra, no efeito esperado e no poder escolhido (α ≤ 0,05, β ≤ 0,2 e poder = 1 - β ) , obteve-se neste estudo 80% de acerto em relação as hipóteses alternativas e um efeito moderado no resultado, com o tamanho da amostra calculado. Os valores descritivos da Idade, Estatura, Massa Corporal Total (MCT), Densidade Corporal (D) e Porcentagem de Gordura (%G), são apresentados na Tabela 9. TABELA 9 VALORES DESCRITIVOS DOS GRUPOS DE REGRESSÃO E VALIDAÇÃO. N Mínimo Máximo GRUPO DE REGRESSÃO X ± s IDADE (anos) 80 18,92 45,25 30,54 ± 6,53 ESTATURA (cm) 80 152,10 184,90 165,05 ± 5,95 MC (Kg) 80 48,10 79,00 58,71 ± 6,68 D (g/ml) 80 1,027583 1,063440 1,045620 ± 0,00876 %GORDURA (%G) 80 15,47 31,71 23,44 ± 3,97 GRUPO DE VALIDAÇÃO IDADE (anos) 20 19,42 42,58 31,08 ± 6,84 ESTATURA (cm) 20 156,50 173,00 164,21 ± 5,49 MC (Kg) 20 49,20 81,70 58,88 ± 7,88 D (g/ml) 20 1,026236 1,062773 1,043877 ± 0,01117 %GORDURA (%G) 20 15,76 32,35 24,25 ± 5,07 Com o objetivo de desenvolver equações específicas para a determinação da densidade corporal de mulheres militares do Exército a partir de variáveis antropométricas, foram mensuradas 10 dobras cutâneas, 10 perímetros e 3 diâmetros, que foram correlacionados com a densidade corporal para que pudessem 108 ser incluídos como variáveis independentes nas equações desenvolvidas por este estudo. Os valores descritivos das medidas antropométricas do Grupo de Regressão são apresentados na Tabela 10. TABELA 10 VALORES DESCRITIVOS DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS DOS GRUPOS DE REGRESSÃO E VALIDAÇÃO G. REGRESSÃO ( N = 80) G. VALIDAÇÃO ( N = 20) DOBRAS (mm) Mín Máx X ± s Mín Máx X ± s PEI BIC TRIC SUB AM SUPI SUPE DABDO DCOXA DPAN 4,00 2,80 12,00 7,00 5,00 6,20 5,50 7,10 12,40 9,50 26,50 21,00 38,50 34,00 23,50 39,00 25,10 33,00 46,00 37,00 12,09 ± 4,5 9,19 ± 3,6 20,06 ± 4,7 14,38 ± 5,1 10,32 ± 3,9 21,56 ± 6,7 13,17 ± 4,3 19,6 1± 5,4 27,70 ± 6,4 17,54 ± 5,4 5,00 4,50 8,10 7,00 4,50 3,50 7,10 9,50 13,00 11,00 26,00 18,50 32,00 42,00 31,00 45,50 22,00 33,50 51,00 31,00 11,90 ± 6,07 9,72 ± 4,03 19,44 ± 5,74 14,86 ± 7,72 10,94 ± 6,99 19,28 ± 8,97 12,17 ± 4,03 19,03 ± 6,16 28,46 ± 8,65 19,34 ± 5,29 28,60 35,50 20,50 26,40 22,60 31,60 23,50 32,40 66,60 85,00 61,80 79,60 34,70 98,40 88,60 112,90 49,60 68,10 30,80 39,40 31,39 ± 1,6 23,12 ± 1,2 26,42 ± 1,9 27,10 ± 1,9 74,56 ± 4,1 69,72 ± 4,5 77,51 ± 7,7 97,00 ± 5,0 56,15 ± 3,7 35,22 ± 2,0 29,20 21,30 23,90 24,90 62,90 62,10 63,50 92,50 51,20 32,10 34,90 26,00 33,20 31,30 88,80 88,00 101,50 113,50 63,60 40,00 31,65 ± 1,78 23,50 ± 1,41 26,70 ± 2,30 27,38 ± 1,71 75,23 ± 6,17 70,87 ± 6,22 77,52 ± 7,99 97,13 ± 4,80 55,99 ± 3,50 35,55 ± 2,13 8,20 5,30 4,30 8,92 ± 0,5 5,90 ± 0,3 4,84 ± 0,2 8,14 5,40 4,40 10,00 6,50 5,45 8,99 ± 0,44 5,98 ± 0,30 4,92 ± 0,31 PERÍMETROS ( cm) PESC ANTE BREL BCON TORAX CINT PABDO QUAD PCOXA PPAN DIÂMETROS ( cm) DBF DBU DBI 11,10 6,85 5,50 109 4.2. Teste de Correlação entre as Variáveis Para a escolha das variáveis independentes que foram analisadas pela regressão, testou-se, primeiramente, a correlação das variáveis, individualmente, para depois testar as mesmas variáveis elevadas ao quadrado e, após isso, as combinações entre todas elas, juntamente com a idade, estatura e massa corporal. Para testar a correlação entre a idade e variáveis antropométricas com a densidade corporal, foi utilizada a Correlação de Pearson, considerando significativas as correlações para p ≤ 0,01. Considerando os valores apresentados na tabela 11, pode-se verificar que todas as variáveis apresentaram correlação significativa com a D com exceção do perímetro do pescoço (p = 0,801), antebraço (p = 0,158) e DBU (p = 0,381). Dentre as variáveis que apresentaram correlação significativa, as que apresentaram maior valor de “r” foram as dobras do Bíceps (r = - 0,656), e o perímetro da cintura (r = 0,534) e o DBI ( r = 0,279). Uma outra correlação foi realizada entre as variáveis elevadas ao quadrado e a densidade corporal , com o objetivo de verificar o aumento da correlação. Pelos valores das correlações apresentados na Tabela 11, pode-se concluir que os quadrados dos valores das variáveis não necessariamente elevaram os valores da correlação. Inclusive, em várias delas, o valor de “r” diminuiu, como, por exemplo, a dobra do Bíceps ( r = - 0,635). As variáveis que aumentaram a correlação, quando elevadas ao quadrado, foram a idade (r = – 0,129), a dobra suprailíaca (r = – 0,444), a dobra da coxa (r = -0,505) e o perímetro abdominal (r = - 0,442). É importante ressaltar que a elevação ao quadrado da correlação foi considerada apenas para os valores que tiveram aumento, no mínimo, na segunda casa decimal. 110 TABELA 11 CORRELAÇÃO DA IDADE E VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E DESTAS ELEVADAS AO QUADRADO,COM A DENSIDADE CORPORAL . VARIÁVEIS D IDADE (ID) ESTATURA (EST) Massa Corporal Total r -0,114 0,004 - 0,309 sig 0,313 0,972 0,005 Variáveis 2 r sig - 0,129 0,254 0,006 0,958 - 0,302 0,007 DOBRAS PEI BIC TRIC SUB AM SUPI SUPE DABDO DCOXA DPAN - 0,465 - 0,656 - 0,589 - 0,389 - 0,565 - 0,432 - 0,474 - 0,361 - 0,479 - 0,544 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 0,000 0,000 - 0,446 - 0,635 - 0,573 - 0,367 - 0,543 - 0,444 - 0,448 - 0,355 - 0,505 - 0,527 0,000 0,000 0,000 0,001 0,000 0,000 0,000 0,001 0,000 0,000 PERÍMETROS PESC ANTE BREL BCON TORAX CINT PABDO QUAD PCOXA PPAN - 0,029 - 0,159 - 0,350 - 0,240 - 0,355 - 0,534 - 0,399 - 0,329 - 0,419 - 0,242 0,801 0,158 0,001 0,032 0,001 0,000 0,000 0,003 0,000 0,031 - 0,025 - 0,157 - 0,352 - 0,239 - 0,357 - 0,536 - 0,442 - 0,329 - 0,417 - 0,239 0,828 0,164 0,001 0,032 0,001 0,000 0,000 0,003 0,000 0,033 DIÂMETROS DBF DBU DBI - 0,237 - 0,099 0,279 0,034 0,381 0,012 - 0,238 - 0,098 0,284 0,034 0,389 0,011 variáveis Apesar de quase todas variáveis apresentarem significativa correlação com a densidade corporal, os valores de “r” ainda eram muito baixos e foi preciso testar as correlações múltiplas através do Teste de Regressão, para verificar quais somatórios e combinações de variáveis tinham maior R . 111 4.3. Correlação Múltipla entre as Combinações de Variáveis e a DC O teste de correlação múltipla (R) foi realizado através da regressão com a opção Stepwise, primeiramente, para verificar quais variáveis foram escolhidas para participar das equações; depois de saber quais eram essas variáveis, foi utilizada a opção Backward para verificar quais os maiores R e com que combinação de variáveis. Os resultados destas regressões são apresentados nas próximas tabelas, com as variáveis escolhidas, os R de cada grupo de variáveis, o coeficiente de Determinação (R2) e o Erro Padrão da Estimativa (EPE). Na Tabela 12, são apresentados os valores de R, R2 e EPE, quando foi utilizada a regressão para dobras, perímetros, diâmetros isoladamente, associados aos seus quadrados, combinados com Idade (ID), estatura (EST), massa corporal (MC) e com seus quadrados. Cabe ressaltar que, quando se entrou com as combinações de variáveis na regressão, o acréscimo de variáveis nem sempre aumentou o R; as variáveis incluídas que não fizeram o R aumentar foram excluídas das combinações que poderiam ser utilizadas nas equações que foram desenvolvidas, como, por exemplo, quando se combinou as dobras, as variáveis escolhidas foram as dobras do Bíceps e Tríceps, mas quando incluiu-se a idade (ID), estatura (EST) , MC e estes valores elevados ao quadrado, as variáveis escolhidas pela regressão se mantiveram as mesmas (BIC + TRI). Quando foram combinados os perímetros com a idade, estatura, MCT e estes valores elevados ao quadrado, os resultados da correlação mantiveram-se os mesmos, isto é, os mesmos da combinação dos perímetros com perímetros ao quadrado, apresentados na Tabela 12. 112 TABELA 12 2 VALORES DE R, R E EPE OBTIDOS NA REGRESSÃO STEPWISE. R R2 EPE (g/ml) 0,692 0,479 0,00641 CINTURA + PESCOÇO 0,617 0,381 0,00698 CINTURA + PESCOÇO + COXA 0,658 0,433 0,00672 CINTURA + PESCOÇO+ COXA + ANTEBRAÇO 0,688 0,474 0,00652 CINTURA2 + PESCOÇO2 0,617 0,381 0,00698 CINTURA2 +PESCOÇO2 +COXA2 0,660 0,435 0,00671 CINTURA2 +PESCOÇO2 +COXA2+ANTEBRAÇO 0,689 0,475 0,00651 DBF + DBI 0,489 0,239 0,00774 DBF + DBI2 0,494 0,244 0,00771 Variáveis DOBRAS BÍC + TRÍC PERÍMETROS DIÁMETROS DIÂMETROS + ID +EST +MCT MCT + DBI2 2 MCT + DBI +DBI 0,535 0,286 0,00750 0,570 0,325 0,00734 Após a regressão aplicada às dobras, perímetros e diâmetros, isoladamente, o teste foi repetido para as combinações de dobras com perímetros, dobras com diâmetros, diâmetros com perímetros, estas combinações associadas a ID, EST e MCT e todas as variáveis juntas. Os resultados do R, R2 e EPE são apresentados na Tabela 13. 113 TABELA 13 2 VALORES DO R, R E EPE DAS COMBINAÇÕES DAS VARIÁVEIS ESCOLHIDAS NA REGRESSÃO STEPWISE. R R2 EPE (g/ml) BIC + CABDO2 0,705 0,497 0,00629 BIC + CABDO2+ ANTE2 0,745 0,555 0,00596 BIC + CABDO2+ ANTE2 + TRIC 0,779 0,608 0,00563 BIC + CABDO2+ ANTE2 + TRIC + CCINT2 0,793 0,629 0,00551 BIC + ANTE2 + TRIC + CCINT2 0,786 0,619 0,00555 BIC + ANTE2 + TRIC + CCINT2 + TÓRAX 0,805 0,648 0,00537 BIC + TRI +DBI 0,725 0,525 0,00615 BIC + TRI +DBI + SUPE 0,742 0,551 0,00602 BIC + TRI +DBI + SUPE + DPAN 0,758 0,575 0,00590 CINT2 + DBI 0,640 0,410 0,00681 2 0,685 0,469 0,00651 VARIÁVEIS DOBRAS + PERÍMETROS DOBRAS + DIÂMETROS PERÍMETROS + DIÂMETROS CINT + DBI + TORAX DOBRAS +PERÍMETROS BIC + PABDO2 0,705 0,497 0,00629 BIC + PABDO2 + DBI 0,753 0,566 0,00588 BIC + PABDO2 +DBI + TRI 0,787 0,619 0,00555 BIC + PABDO2 +DBI + TRI + ANTE2 0,806 0,649 0,00536 DIÂMETROS MC + DBI 0,529 0,280 0,00753 É importante observar que a regressão não soma simplesmente as variáveis que ela escolheu; ela soma se, a cada variável incluída, o R aumenta; caso 114 contrário, ela muda a combinação, como se pode verificar na Tabela 13, quando foram combinadas as variáveis Bíceps (BIC) + Perímetro Abdominal2 (PABDO2)+ Antebraço2 (ANTE2)+ Tríceps (TRIC) + Cintura2 (CINT2): o R foi igual a 0,786, mas, quando foi incluído o perímetro do Tórax, o PABDO2 foi retirado e, mesmo assim, o R aumentou para 0,805, pois esta combinação era mais apropriada e possuía uma correlação múltipla (R) maior. A combinação com dobras ao quadrado não foi mais utilizada, pois, quando foi usada na regressão combinado com as dobras, nenhuma variável ao quadrado foi aproveitada. Quando se combinou as dobras cutâneas com a ID, EST e MCT, a regressão continuou escolhendo as dobras do BIC e TRI (Tab 12). Da mesma forma, quando os perímetros e perímetros ao quadrado foram combinados com a ID, EST e MCT, as variáveis escolhidas foram as mesmas de quando foram analisados os perímetros com os mesmos ao quadrado ( Tab 12). É importante ressaltar que, quando se combina variáveis individualmente, o resultado das correlações, para que dêem um R alto, usa um número grande de variáveis e isso torna inviável a montagem das equações, pois elas ficariam com um R alto, com um EPE baixo, mas ficariam impraticáveis pelo número excessivo de cálculos a serem realizados para a estimativa da Composição Corporal. Para tanto, foi realizada a Regressão Backward, para que se pudesse ter uma orientação de como se poderia montar somas de variáveis para entrar na equação como uma variável só. Na tabela 14, são apresentados os valores de R e EPE para as combinações escolhidas pela regressão quando se analisam as dobras, perímetros e diâmetros separadamente. 115 TABELA 14 RESULTADO DO R E EPE PARA O SOMATÓRIO DE DOBRAS, PERÍMETROS E DIÂMETROS. R Σ DOBRAS EPE (g/cm2) 1 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRIC+ SUPI + BIC + DCOXA + DABDO + AXILAR 0,743 0,00627 2 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRI + BIC + DCOXA + DABDO + AXILAR 0,743 0,00623 3 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRI + BIC + DABDO + AXILAR 0,743 0,00618 4 = DPAN + PEIT+ SUPE+ SUB + TRI + BIC + DABDO 0,743 0,00615 5 = DPAN + PEIT+ SUPE + TRI + BIC + DABDO 0,741 0,00612 6 = DPAN + SUPE + TRI + BIC + DABDO 0,731 0,00617 PERÍMETROS 7 = PPAN + PABDO + BCON + PESC + QUAD + TORAX + ANTE + PCOXA + CINT + BREL 0,719 0,00651 8 = PPAN + PABDO + BCON + PESC + TORAX + ANTE + PCOXA + CINT + BREL 0,719 0,00647 9 = PPAN + BCON + PESC + TORAX + ANTE + PCOXA + CINT + BREL 0,719 0,00642 10 = BCON + PESC + TORAX + ANTE + PCOXA + CINT + BREL 0,717 0,00639 11 = BCON + PESC + ANTE + PCOXA + CINT + BREL 0,713 0,00639 DIÂMETROS 12 = DBF +DBU + DBI 0,506 0,00770 13 = DBF + DBI 0,489 0,00774 É interessante observar o comportamento das combinações das dobras escolhidas pela regressão, pois, na Tabela 14, quando se analisa os somatórios 1, 2, 3 e 4, estas possuem o mesmo valor de R (0,743) e baixíssima diminuição do EPE (diferença de 0,00012). Isto comprova que nem sempre o aumento considerável de variáveis em uma equação aumenta seu R e diminui seu EPE. O mesmo aconteceu com os perímetros, pois os somatórios 7, 8, 9 e 10 apresentaram 116 uma mínima diferença no R (0,006) e o EPE também não abaixou de forma significativa (0,00012). Apesar das combinações utilizando várias dobras, perímetros e diâmetros obterem um “R” alto, sua utilização contraria um dos objetivos deste estudo, que é a montagem de equações mais práticas e simples para a estimativa da Densidade Corporal. Por isso, com o resultado da Regressão Backward pode-se ter uma orientação de quais variáveis poderiam ser somadas para, novamente, ser aplicada a regressão e verificar o aumento de R, mas, como o número de variáveis a serem somadas ainda era muito grande e estava comprometendo a praticidade das equações, resolveu-se testar novamente as menores combinações, associando-se os resultados da Regressão Stepwise com a Backward e aplicar a regressão novamente para poder verificar qual o menor número de variáveis obteriam um maior R e, a partir daí, utilizar o somatório destas variáveis na regressão para verificar se a correlação não diminuiria, pois, com isso, poderíamos montar equações com um bom R, baixo valor de EPE e com menor número de variáveis, o que aumentaria a praticidade. TABELA 15 VALORES DA CORRELAÇÃO E SIGNIFICÂNCIA DOS SOMATÓRIOS DAS VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS COM A D. D SOMATÓRIOS r sig (BIC + TRI) (ANTE + TÓRAX + CINT) ( CINT + PABDO) ( TÓRAX+ANTE+PABDO+CINT) 2 ( TÓRAX+ANTE+PABDO+CINT) (CINT + PESC) - 0,681 - 0,443 - 0,448 - 0,469 - 0,475 - 0,445 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 117 Na Tabela 15, são apresentados alguns somatórios que foram escolhidos por possuírem menor número de variáveis envolvidas, ou seja, serem mais simples e apresentarem correlação significativa p ≤ 0,01 com a D. Vários somatórios foram analisados e, como não apresentaram correlação significativa ou possuíam um maior número de variáveis envolvidas, foram descartados como variáveis no momento de montagem das equações. 4.4. Montagem das Equações Após a escolha de quais variáveis deveriam ser analisadas para a montagem das equações, a Regressão Stepwise foi utilizada com diferentes combinações de variáveis para, cada vez mais, tentar um valor alto de R e um menor valor do EPE. Para a montagem das equações, foram testadas combinações de dobras e perímetros, diâmetros, ID, EST e MCT; dobras, perímetros e diâmetros; dobras e perímetros; perímetros e diâmetros; dobras e diâmetros; somente perímetros e somente dobras. Quando se realiza uma regressão com um número tão grande de variáveis, dezenas de equações são montadas e devem ser avaliadas quanto ao emprego e praticidade, de acordo com o objetivo do estudo. Portanto, após a montagem das equações, a escolha, das combinações mais significativas e práticas, para entrar nas equações, foi realizada e é apresentada na Tabela 16. 118 TABELA 16 VALORES DE R E EPE DAS COMBINAÇÕES DE VARIÁVEIS QUE PODERÃO FAZER PARTE DAS EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA D . VARIÁVEIS No R EPE (BIC+TRI) + (ANTE) + (TORAX) +(CINT)2 E1 0,798 0,00542 (BIC+TRI) + (ANTE) + (CINT) E2 0,780 0,00593 (BIC+TRI) + (TORAX)2 + (CINT)2 + (ANTE)2 + (DBI) E3 0,822 0,00516 (BIC+TRI) +(CINT)2 + (ANTE)2 + (DBI) E4 0,802 0,00537 (PESC) + (CINT) + (PCOXA) + (DBI) E5 0,710 0,00633 (PESC) + (ANTE)2 + (PCOXA) + (CINT)2 E6 0,689 0,00652 (BIC+TRI) + (CINT+PABDO) + (DBI) E7 0,784 0,00555 (BIC+TRÍ) + (CINT+PABDO) E8 0,720 0,00616 (BIC + TRI) E9 0,681 0,00645 (BIC+TRI) + (BIC+TRI)2 + (CINT)2 E10 0.711 0.00628 Para se chegar às combinações de variáveis poderiam ser usadas nas equações desenvolvidas neste estudo, utilizou-se a regressão stepwise primeiramente utilizando-se as variáveis mais significativas para a montagem das equações, isto é, os grupos de variáveis que foram selecionadas na Regressão Stepwise e as combinações que apareceram com menor número de variáveis e mantendo o valor de R consideravelmente alto. Os testes para se encontrar as combinações com o R mais alto foram realizados da seguinte maneira: primeiramente, incluiu-se as dobras e somatórios de 119 dobras com perímetros e somatório de perímetros; depois, foram retiradas, uma por uma, as variáveis que foram eliminadas pela regressão, só que isso não foi feito como a regressão faz, pois ela faz a retirada das variáveis e combina as que sobraram, mas, no caso deste estudo, as variáveis que eram eliminadas foram retiradas e aplicadas a regressão novamente para se verificar qual era o comportamento do R e do EPE. Quando o R atingia um valor considerável, com um menor número de variáveis combinadas, eram incluídas a idade, a estatura e a MC, para se verificar o comportamento do R, que geralmente não aumentou. Após várias tentativas, retirando-se e incluindo-se variáveis, as únicas dobras que continuaram a ser usadas foram as dobras do TRI, BIC e os somatórios (BIC+TRI) e (BIC+TRI)2. Os diâmetros que continuaram a ser utilizados foram os DBF e DBI. Somente a EST e MC continuaram sendo utilizadas, em poucas combinações. Com a proposta de se montar equações mais simples e práticas, a maioria dos perímetros foram utilizados na regressão e mais os perímetros ANTE2, TÓRAX2, CINT2, PABDO2 e os somatórios de 2, 3 e 4 perímetros, ou seja, ( CINT + PABDO), (ANTE + TÓRAX + CINT), (PESCO + CINT + PCOXA)2 , (TÓRAX + ANTE + CINT + ABDO) e (TÓRAX + ANTE + CINT + ABDO)2 . Com a redução das variáveis, ficou mais fácil combiná-las para a verificação de quais grupos poderiam ser escolhidos para a montagem das equações deste estudo e, a partir daí, passou-se a escolher quais combinações, seriam efetivamente utilizadas na montagem das equações (Tabela 16). 120 TABELA 17 VALORES DO R e EPE DAS EQUAÇÕES DESENVOLVIDAS NESTE ESTUDO. D (g/ml) EQUAÇÕES No R EPE D = 1,0 – 0,000748 (BIC+TRI) + 0,002538 (ANTE) + 0,0007667 (TORAX) – 0,00000995 (CINT)2 E1 0,798 0,00542 D = 1,058 – 0,000763(BIC+TRI) + 0,002948(ANTE) – 0,000836 (CINT) E2 0,780 0,00593 D = 1,022 – 0,000676 (BIC+TRI) + 0,000005533(TORAX)2 – 0,0000104 (CINT)2 + 0,00004012 (ANTE)2 + 0,008641 (DBI) E3 0,822 0,00516 D = 1,03 – 0,0007 (BIC+TRI) – 0,00000603 (CINT)2 + 0,00005083 (ANTE)2 + 0,007819 (DBI) E4 0,802 0,00537 D = 1,045 + 0,002079(PESC) – 0,00112( CINT) – 0,000736(PCOXA) + 0,01142(DBI) E5 0,710 0,00633 D = 1,058 + 0,002142 (PESC) + 0,00004764(ANTE)2 – 0,0011 (PCOXA) – 0,00000885(CINT)2 E6 0,689 0,00652 D = 1,040 – 0,000611(BIC+TRI) – 0,000269(CINT+PABDO) + 0,01303 (DBI) E7 0,784 0,00555 D = 1,095 – 0,000676(BIC+TRÍ) – 0,000198 (CINT+PABDO) E8 0,720 0,00616 D = 1,069 – 0,000796 (BIC + TRI) E9 0,681 0,00645 D = 1.081 – 0.000649 (BIC+TRI) – 0.000000380 (BIC+TRI)2 – 0.00000326 (CINT)2 E10 0.711 0.00628 Após a redução das variáveis, comentada anteriormente, os critérios para a escolha das combinações que poderiam fazer parte das equações desenvolvidas (Tabela 16) e das equações desenvolvidas neste estudo (Tabela 17), foram os seguintes: primeiramente, eliminaram-se as equações com maior número de variáveis, pois se tornariam muito complicadas e pouco práticas; em segundo lugar, foram eliminadas as equações parecidas; em terceiro lugar, foram eliminadas as equações que necessitassem da realização de muitas medidas por parte do usuário, como por exemplo, as equações com o somatório de 4 e 3 perímetros, pois, apesar de possuírem um R alto e o EPE bem baixo, se tornaram pouco práticas; em quarto lugar, procurou-se manter as equações que possuíssem dobras, dobras e 121 perímetros, dobras e diâmetros, perímetros e diâmetros, só dobras e só perímetros e, a partir daí, escolher os modelos com menor número de variáveis, com R relativamente alto (acima de 0,70) e EPE relativamente baixo (abaixo de 0,007); por último, foram calculados os valores da D de todas equações para os sujeitos do grupo de regressão e das equações que não apresentaram diferença significativa com a média da D obtida através da Pesagem Hidrostática, foram escolhidas as 10 mais simples. 4.5. Validação das Equações Desenvolvidas Atendendo aos objetivos do estudo, foram montadas equações que pudessem ser utilizadas de uma forma simples (Tab 17), mas um outro passo importante é o de validar as equações desenvolvidas através de um Grupo de Validação que foi retirado aleatoriamente da população deste estudo, mas que não participou da montagem das equações. Os valores descritivos deste grupo foram apresentados na Tabela 9 e os resultados da validação são apresentados na Tabela 18. 122 TABELA 18 VALIDAÇÃO DAS EQUAÇÕES PARA ESTIMATIVA DA DENSIDADE CORPORAL. Eq PH X ± s r sig t sig EC ( g/ml) ET ( g/ml) EPE ( g/ml) X = 1,043877 ± 1,1173E-02 E1 1,045826 ± 0,0096 E2 1,046023 ± 0,0104 E3 1,045940 ± E4 0,799 0,000 0,804 0,000 - 1,291 0,212 -1,414 0,173 - 0,00129 0,0000235 0,00542 - 0,00190 0,0000235 0,00593 0,0097 0,751 0,000 -1,230 0,234 - 0,00206 0,0000289 0,00516 1,045725 ± 0,0104 0,773 0,000 -1,131 0,272 - 0,00185 0,0000277 0,00537 E5 1,045073 ± 0,0073 0,00633 1,045300 ± 0,0083 - 0,00194 0,0000379 0,00652 E7 1,046387 ± 0,0088 - 0,00251 0,0000309 0,00555 E8 1,045489 ± 0,0084 - 0,00203 0,0000248 0,00616 E9 1,045681 ± 0,0076 - 0,00191 0,0000250 0,00645 E10 1,045247 ± 0,0087 - 0,594 0,560 - 0,731 0,474 -1,468 0,159 - 1,050 0,307 - 1,167 0,258 - 0,910 0,374 - 0,00253 0,0000432 E6 0,595 0,006 0,635 0,003 0,731 0,000 0,790 0,000 0,793 0,000 0,799 0,000 - 0,00135 0,0000229 0,00628 Considerando os valores dos resultados da validação, verificamos que as correlações lineares realizadas foram todas consideradas significativas (p ≤ 0,05) e variaram entre (r= 0,595 a 0,804). O valor mais baixo foi obtido pela E5, que utiliza perímetros e um diâmetro para o cálculo da D, e o valor mais alto foi obtido pela E 2, que utiliza uma combinação de dobras e perímetros para a estimativa da D. Quando analisamos as diferenças entre as D medidas através da pesagem hidrostática e através das equações desenvolvidas, nota-se que nenhuma equação apresentou diferença significativa (p ≤ 0,05) entre as médias das D medidas e as D 123 estimadas. Os valores de t variaram entre - 0,594 (E5) e – 1,468 (E7), respectivamente a equação que só utilizou perímetros e a que utilizou dobra, perímetro e diâmetro para o cálculo da D. Analisando as diferenças médias encontradas pelas D medidas pela PH e as estimadas pelas equações desenvolvidas (EC = D medida – D estimada), observamos uma variação entre 0,00129 (E 1) e 0,00253 (E 5), respectivamente a equação que utiliza dobras e perímetros e a equação que só utiliza perímetros. Por último, os baixíssimos valores do ET e os valores do EPE considerados excelentes (E1, E3, E4 e E7 para EPE < 0,0055) e muito bons ( E2, E5, E6, E8, E9 e E10 para EPE < 0,0070) por Lohman (1992) validam as equações desenvolvidas neste estudo para estimar a D para mulheres militares do Exército com idade entre 18 e 45 anos. Finalmente, fazendo uma relação entre a equação desenvolvida neste estudo, que utiliza somente medidas de perímetros corporais (E6), e as equações desenvolvidas por outros autores, nos EUA, para militares do Exército (Ex), Marinha(Ma), Aeronáutica(Ae) e Fuzileiros Navais(FN), podemos verificar que, apesar dos coeficientes de correlação múltipla serem superiores aos da equação deste estudo E6 (R = 0,689), Ex (R=0,82), Ma e Ae (R=0,81) e FN (R=0,73), os EPE da equação desenvolvida para mulheres deste estudo foi o mais baixo de todos E6 (EPE= 2,93 % G), Ex (EPE= 3,6 % G), Ma e Ae (EPE=3,72 % G) e FN (EPE=4,11 % G). Este fato, no que tange ao R, pode ser devido, primeiramente, ao fato de as correlações individuais das medidas antropométricas dos sujeitos dos outros estudos serem mais altas do que as correlações das medidas dos sujeitos deste estudo; em segundo lugar, ao fato de as equações relacionadas utilizarem perímetros diferentes, como variáveis independentes, nas equações; e, em terceiro lugar, ao 124 fato de os sujeitos deste estudos parecerem apresentar maior homogeneidade do que os sujeitos dos estudos dos EUA. Na Tabela 19, pode-se verificar as variáveis utilizadas nas equações que estão sendo analisadas neste capítulo. TABELA 19 VARIÁVEIS INDEPENDENTES UTILIZADAS EM EQUAÇÕES PARA MULHERES MILITARES (Brasil e EUA) Equações que utilizam somente perímetros corporais Equação deste estudo. Salem,2003 Exército (EUA) Vogel et al.,1988 Marinha e Aeronáutica (EUA) Hodgdon and Beckett, 1984 a e b Fuzileiros Navais (EUA) Wright et al, 1980,1981 Pescoço + antebraço + coxa + cintura Peso + pulso + pescoço + antebraço + quadril + estatura (Cintura + quadril + pescoço) + estatura Braço relaxado + antebraço + pescoço + abdomem + coxa Comparando as variáveis utilizadas neste estudo e nos outros, pode-se verificar que o perímetro do pescoço é comum a todas as equações; o perímetro do antebraço também foi utilizado nas equações do Exército (EUA) e Fuzileiros Navais (EUA); o perímetro da coxa foi utilizado para os Fuzileiros Navais (EUA) e o perímetro da cintura foi utilizado na equação da Marinha e Aeronáutica (EUA). Na Tabela 20, podem-se verificar os resultados da correlação linear e comparação entre médias, entre a porcentagem de gordura, medida através do método da pesagem hidrostática e a estimada pelas equações desenvolvidas para militares de outras forças dos EUA, com exceção da equação para o Exército (EUA), pois utilizou como variável independente a circunferência do punho, variável esta não medida neste estudo. 125 TABELA 20 RESULTADO DA CORRELAÇÃO LINEAR E COMPARAÇÃO ENTRE MÉDIAS DA % G MEDIDA E A ESTIMADA PELAS EQUAÇÕES (EUA), PARA OS SUJEITOS DESTE ESTUDO % G Medida pela pesagem hidrostática D PESAGEM HIDROSTÁTICA X = 1,043877 ± 1,1173E-02 EQUAÇÕES X ± s Marinha e Aeronáutica Hodgdon and Beckett, 1984 a e b Fuzileiros Navais Wright et al, 1980,1981 53,95 ± 3,37 24,48 ± 3,84 r sig 0,447 0,000 0,595 0,000 t sig - 72,065 0,000 - 2,671 0,009 Obs: Testes estatísticos significantes para p ≤ 0,05. Na Tabela 20, os resultados demonstram que, apesar de existir correlação estatisticamente significante entre a D medida e a estimada pelas duas equações (p ≤ 0,05), as médias comparadas apresentaram diferenças estatisticamente significativas, com maior diferença para a equação da Marinha e Aeronáutica (EUA) e menor diferença para a equação dos Fuzileiros Navais. Estas diferenças se dão, principalmente, por três motivos: primeiro, os sujeitos daqueles estudos possuem características antropométricas diferentes dos sujeitos deste estudo; segundo, os modelos matemáticos apresentados são bem diferentes; e terceiro, os sujeitos dos outros estudos parecem ser mais heterogêneos, motivo pelo qual os EPE foram bem mais altos. 126 CAPÍTULO V 5. Conclusões e Recomendações Este estudo teve por objetivo desenvolver e validar equações específicas para a determinação da densidade corporal de mulheres Militares do Exército, com idade entre 18 e 45 anos, servindo na cidade do Rio de Janeiro, a partir de variáveis antropométricas. Para tanto, participaram deste estudo 100 mulheres militares que foram divididas em dois grupos: o Grupo de Regressão (n=80), utilizado para o desenvolvimento das equações propostas por este estudo, e o Grupo de Validação (n=20), utilizado para validação das equações desenvolvidas. 5.1. Conclusões Após a realização deste estudo, chegou-se às seguintes conclusões: - Foi possível desenvolver e validar equações específicas para a determinação da densidade corporal de mulheres militares do Exército, servindo na cidade do Rio de Janeiro, a partir de variáveis antropométricas (dobras, perímetros e diâmetros); 127 - As mulheres militares do Exército caracterizam-se por apresentarem as seguintes características antropométricas: Idade de 30,65 ± 6,56 anos, estatura de 164,88 ± 5,84 cm, MC de 58,74 ± 6,90 Kg e % gordura de 23,60 ± 4,19 %. - Após a realização da Pesagem Hidrostática, determinou-se a Densidade corporal do sujeitos deste estudo que foi de 1,045272 ± 0,00926 g/ml. - Houve correlação significativa entre a D medida pela técnica da pesagem hidrostática e as várias combinações de somatórios de medidas antropométricas (dobras, perímetros e diâmetros), portanto rejeita-se a H01; - Foram desenvolvidas 10 equações para a estimativa da densidade corporal de mulheres Militares do Exército, servindo na cidade do Rio de Janeiro, usando como variáveis dobras, perímetros e diâmetros que se caracterizam pela simplicidade e praticidade, portanto rejeita-se a H02; - Houve correlação significativa entre a D medida através da técnica da pesagem hidrostática e a estimada através da equações desenvolvidas, portanto rejeita-se a H03; - As equações desenvolvidas neste estudo são válidas para a estimativa da D de mulheres militares do Exército com idade entre 18 e 45 anos, portanto rejeita-se a H04. 5.2. Recomendações Recomenda-se que novos estudos sejam realizados no sentido de validar as 128 equações desenvolvidas neste estudo para outros grupos de mulheres militares brasileiras. Levando em consideração que a falta de prática do avaliador para a obtenção das medidas de dobras cutâneas pode influenciar negativamente no resultado da D, somando, assim, mais um erro ao resultado, recomenda-se que, apesar da maior precisão das equações que utilizam dobras, perímetros e diâmetro, e dobras e perímetros, para os avaliadores com pouca experiência, seja utilizada a equação que utiliza somente perímetros, ou seja, a equação (E6): D= 1,058 + 0,002142 (PESC) + 0,00004764(ANTE)2 – 0,0011 (PCOXA) – 0,00000885(CINT)2, Principalmente por não necessitar de equipamentos de alto custo para medição de dobras cutâneas, suas medidas serem de simples obtenção e terem sido validadas, recomenda-se que esta equação seja utilizada nas Organizações Militares que possuam militares do segmento feminino com as mesmas características dos sujeitos deste estudo. 129 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEHNKE, A. R. & WILMORE, J. H. EVALUATION AND REGULATION OF BODY BUILDING AND COMPOSITION. 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In: LOHMAN, T. G.; ROCHE A. F. & MARTORELL, R. (Eds). Anthropometric Standardization Reference Manual. Abridged edition, Illinois: Human Kinetics Books, 1991. 134 ANEXOS 135 ANEXO I Termo de Participação Consentida Caro Participante, O Profissional de Educação Marcelo Salem do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Motricidade Humana – PROCIMH, da Universidade Castelo Branco, na Cidade do Rio de Janeiro, pretende realizar um estudo sobre o Desenvolvimento e Validação de Equações Específicas para a Determinação da Densidade Corporal de Mulheres Militares do Exército Brasileiro, a partir de Variáveis Antropométricas ( perímetros e dobras cutâneas). O objetivo do presente estudo é desenvolver uma equação brasileira, mais precisa, para o cálculo da composição corporal de mulheres militares do Exército, possibilitando assim um cálculo bem mais correto e eficaz dos componentes corporais. No presente estudo, serão realizadas 10 medidas de dobras cutâneas, 9 medidas de circunferência, 3 medidas de diâmetro, massa corporal, estatura, e o peso hidrostático ( dentro da água). Sua participação neste estudo é voluntária. Mediante a sua aceitação, espera−se que você, siga as instruções determinadas pelo coordenador da pesquisa. Para a realização da pesagem dentro d’água não é necessário saber nadar, mas ao menos que seja adaptada ao meio liquido, isto é, consiga submergir seu corpo completamente e permanecer assim por aproximadamente 10 a 15 segundos. Para sua segurança a profundidade do tanque é de aproximadamente 1,4 metros, sendo possível que todos os avaliados fiquem de pé a qualquer momento. Para a pesagem, foi construída uma cadeira tipo balanço de bebê que mantêm a pessoa segura e presa mesmo inconsciente, assegurando o rápido resgate caso necessário. _________________________________________________________________ 136 Eu li estas regras, entendi o propósito do referido estudo e, estando em perfeitas condições de participar do mesmo, isento o avaliador e a instituição à qual ele pertence de qualquer responsabilidade sobre danos causados ao meu estado físico. _________________________________ Assinatura do Participante _________________________________ Testemunha Rio de Janeiro, ______ de _____________de 2003. 137 ANEXO II MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ENSINO E PESQUISA DIRETORIA DE PESQUISA E ESTUDOS DE PESSOAL E FORTALEZA DE SÃO JOÃO (Cur Prov EF / 1929) INSTITUTO DE PESQUISA DA CAPACITAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO 1. Versa o presente expediente sobre solicitação de apoio para a realização do Projeto de Pesquisa “Desenvolvimento e Validação de Equações de Regressão para a Determinação da Densidade Corporal de Mulheres Militares do Exército, a partir de Variáveis Antropométricas”, anteriormente aprovado pela Diretoria de Pesquisa e Estudos de Pessoal (DPEP). 2. O objetivo deste projeto é desenvolver e validar novas equações para o cálculo da composição corporal de militares do segmento feminino do Exército, a partir de variáveis antropométricas (circunferências). Este trabalho possui grande relevância, pois as informações sobre a composição corporal, apesar de somente recentemente utilizadas no Exército Brasileiro, já se tornaram úteis para todos os setores relacionados a atividade, saúde e desempenho profissional, pois todos estes itens envolvem, de uma maneira ou de outra, o uso do corpo e, se esta variável puder ser bem controlada, ou modificada de acordo com as necessidades impostas pelos objetivos traçados, podem ser alcançadas mais facilmente as metas. O Exército Brasileiro, apesar de ser uma das mais antigas instituições do nosso país, somente há alguns anos tem admitido mulheres em seus quadros. Com a inclusão do segmento feminino, vem crescendo o interesse por sua composição corporal, tendo em vista as peculiaridades das missões desempenhadas, que têm no peso corporal um fator limitante ou não. Atualmente, o valor do peso corporal como um todo não é mais usado como referencial, já que pessoas com mesma área corporal, peso, estatura, idade e gênero podem apresentar tecidos com quantidades diferentes. Por isso, uma avaliação precisa e criteriosa do quanto significa a proporção de cada componente faz-se necessária. Apesar da disponibilidade de uma variedade de métodos estrangeiros bem precisos e modernos, seus usos não são recomendados para avaliar um grande 138 número de pessoas, pois utilizam equipamentos caros, gastam um tempo considerável e necessitam de profissionais altamente qualificados, o que é difícil de encontrar nos Corpos de Tropa. 3. Para tanto, os militares do segmento feminino constituem-se na amostra necessária para a coleta de dados desse trabalho, pois por se originarem de diferentes regiões e estarem em maior concentração nas na região do Rio de Janeiro, constituem um grupo que, dentro dos critérios científicos, pode ser considerado grande o suficiente para que seja possível selecionar uma amostra adequada para este estudo. . 4. Em face do exposto, solicito-vos gestões no sentido de que seja autorizado o contato direto do Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exército com as militares do segmento feminino dessa Unidade, com a finalidade de solicitar a participação na coleta de dados para o estudo em referência. 139 ANEXO III ANAMNESE (a) Nome_________________________________________________, (b) Possui de 18 a 45 anos de idade ? sim ( ) Não ( ), (c) Respeitou as orientações prévias ao teste? Sim ( (d) Está menstruada? Sim ( ) Não ( ) Não ( ), ), (e) Está sentindo-se inchada ou retendo líquido? Sim ( (f) Possui alguma prótese de silicone? Sim ( ) Não ( ) Não ( ), (g) Possui algum tipo de doença degenerativa? Sim ( ) Não ( (h) Faz uso de algum medicamento? Sim ( ), ) Não ( ), ), (i) Qual(is)_____________________________________________________, (j) Faz uso de algum suplemento alimentar ? Sim ( ) Não ( ), (k) Qual(is)_____________________________________________________, (l) Está em jejum de no mínimo 4 horas ? sim ( (m) Esvaziou a bexiga e o intestino ? sim ( ) Não ( ) Não ( ), ), 140 ANEXO IV FICHA PARA COLETA DOS DADOS NOME = IDADE = MCT = ESTATURA = MEDIDAS 1a MEDIDA PEITORAL BÍCEPS TRICIPTAL SUBESCAPULAR AXILAR MÉDIA SUPRAILÍACA SUPRA ESPINHAL ABDOMINAL COXA PANTURRILHA PESCOÇO ANTE BRAÇO BRAÇO RELAX BRAÇO CONTRA TÓRAX CINTURA ABDOMEM QUADRIL COXA PANTURRILHA B.E. FÊMUR B. E. ÚMERO BIESTILÓIDE DENSIDADE % GORDURA IDADE FRAÇÃO 2a MEDIDA MÉDIA TEMPERATURA AGUA= PESAGEM HIDROSTÁTICA 1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a 10ª 11ª 12ª