Competências Profissionais Capacidade de conquistar Pai e alunos 1. Na medida em que, quando estamos aqui juntos, seja pouco, seja muito, se transmitirmos confiança, se transmitirmos segurança no trabalho, nós, como profissionais, transmitirmos segurança, transparência (…) E1D2 2. Mas quando os aproximar saber como os aproximar… E1D2 3. (…)E eu aqui tento, realmente… e acho que em relação a esses professores, é isso, manter uma boa relação mas também não é deixar‐se rebaixar (…) E2D2 4. Desde melhorar a relação, fazer com que os pais se aproximem, até mesmo como lidar com eles e como é que… da melhor forma, sei lá… porque não há receitas… Mas há situações que acontecem e, como é que poderá sair delas de uma forma [ligeira]… E3D2 5. Se eu vou à sala do meu filho e vejo a professora que pouco tem para dizer, ter de ser eu a fazer perguntas, questionar para ter um feedback, a pessoa às tantas desmotiva‐se um pouco, não é?! Eu também – não estou a valorizar o meu trabalho, por amor de deus – mas o facto de eu falar dos mais diversos assuntos é um dos motivos que os faz ter dúvidas e que desperta curiosidade e quererem saber mais e mais sobre [os filhos]. E4D2 6. É, talvez, sim [é tudo mais desmistificado]. Eu tenho, não sei se é defeito (risos)… eu ligo muito aos pormenores e portanto, explico‐lhes tudo. E4D2 7. Mas, como tenho uma boa relação com eles, bem ou mal, vamos conseguindo dar a volta… E3D2 8. (…) [Os alunos] Mostrarem um vídeo de uma visita de estudo que fizeram e maquetas, e faze‐los vir à escola ver essas coisas todas. E6D2 9. (…) Era importante que os filhos vissem… “Ok, eu sei que é sábado e que é suposto fazermos compras, mas se calhar era giro irmos lá.” Portanto, pode ser falha nossa… em não insistirmos mais. E6D2 10. (…) agora aqui é que se coloca uma questão: somos nós [professores] que não sabemos sensibilizar os pais para virem à escola, em quantidade que queríamos (…) E6D2 11. (…) mas pronto, sempre tive boa relação com os pais e tento envolve‐los o mais possível nas aprendizagens e na vida dos filhos enquanto escola. E7D2 12. O meu apelo [o que mudou do início da minha carreira para os dias de hoje]. E6D2 13. Eu acho que também parte um bocadinho de nós apelarmos para… E4D2 14. (…) Pronto, eu faço questão que os dias de atendimento venham nesse desdobrável para que os pais tenham sempre um registo, porque uns escrevem, os outros não, e assim é entregue aqui o registo. E apelo, na primeira reunião logo, para a presença deles. Porque, lá está, pelos motivos que já disse. Apelo para que eles venham. E4D2 15. Foi (uma despedida) Que eu, nem pouco mais ou menos sonhava… eu ia jantar com o meu marido e um amigo do meu marido. Portanto, acho que vale a pena investir… e, eu acho que muitas vezes, é preciso envolver, envolvê‐los… vamos lá… há outra coisa em que os envolvemos, por exemplo, nas tasquinhas… P1 16. Nunca fecho as portas aos pais. Pode não ser por muito tempo, uma conversa muito alongada. Mas acho que é importante [os pais conversarem com a professora]. [Sente que se aproximar os pais supera mais facilmente os problemas dos alunos/turma] Disso, disso, eu não tenho dúvida. Tem de haver uma conquista. Mas acho que isso, em tudo na vida. Acho que em tudo na vida. P1 1. (…) Eu fazia, há muitos anos já, naquele fim de semana… no fim‐de‐semana entregava um convite a lembrar que no dia x havia reunião de pais, dava a ordem de trabalhos e pedia para estarem presentes e, tinha um destacável em que eu tinha a certeza se os miúdos tinham, ou não, entregue. Porque as pessoas às vezes esquecem‐se, não é. E funcionava. Funcionava lindamente. (…) E7D2 2. (…) Agora se não há envolvência, é como em tudo, como acontece connosco… impõem‐nos as regras e nós acabamos por fazer porque somos obrigados (…) E aqui, eu acho que com os pais é um bocadinho isto. Se os tentarmos envolver, em determinado tipo de situações e faze‐
los sentir que também são um grupo e que também têm força eles, pronto, sentirão isto de outra maneira. E7D2 3. (…) Agora, eles já sentem que podem partilhar os problemas dos seus filhos com os outros (…) Isto já é partilhado com eles, têm vindo a trabalhar… mas é difícil às vezes, trabalhar este tipo de mentalidades ainda, porque realmente eles também se sentem à parte. E7D2 4. (…) Portanto, eles perceberem que se há reunião é porque é importante vir, e isso é muito trabalhado no primeiro ano. Nós só podemos colher aquilo que semeamos e, se não o fizermos, não… é em tudo, assim na vida. Tentar cativar os pais e criar laços, como no principezinho. E7D2 5. (…) E eu não pronto, tentava, e porque queria… e não era directora de escola, era titular de turma só… se queria alguma coisa em troca, envolver os pais, também tinha de dar. (…) E7D2 6. Em relação aos quatro anos que deixei, eram pais muito participativos agora estes… lá está, é preciso nós nos darmos a conhecer… P1 Interacção 7. [Com os outros pais já tinha uma relação mais próxima, com estes] Ah, sim… é isso, a relação constrói‐se, não tenha dúvida. P1 Interacção ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 8. (…) e tenho aqui um menino aqui à frente… que ele adora, adora mesmo, ouvir ler e ler! Portanto, não sei se ele não estava habituado (…) E2D2 9. [Onde aprendeu a lidar com os pais de modo a que estabeleça com eles uma relação ideal] É assim, já dizia Sebastião da Gama, só se aprende com quem se ama e, na medida em que eu conquistar a criança, há dificuldades, mas se eu conquistar a criança mais facilmente… se eu conquistar a criança aprendem mais e depois, por acréscimo, os pais. E1D2 10. Sim, também converso muito com eles [os alunos] aqui. E2D2 11. (…) Como ponto de partida é muito importante que eles tenham a consciência e depois, também saber aquilo que se diz e, quando estamos na sala de aula, acho que é muito importante sermos correctas a falar com os alunos porque os alunos dizem (…) e portanto, nós temos que ser o mais correctas possível a abordar, a falar, a manter um diálogo com os nossos alunos. E4D2 12. (…) Eu digo sempre “Os meus alunos…” e até agora tenho tido sorte nisso “tratar todos de igual.” Pronto, às vezes há uma empatia, alguém com quem simpatizamos mais. Porque nós sabemos, as pessoas são diferentes e, pode haver uma empatia, ou mais ou menos, com um, ou outro. Mas pronto, tento sempre contrariar que eu não quero cá confusões… porque eles, coitadinhos, não têm culpa. Mas é assim, são todos miúdos e, os pais, são todos pais. (…) E2D2 13. … e também facilito, do género, se há uma criança que não tem tinteiro, ou impressora “Oh professora!” e digo‐lhe: “Vais ali à biblioteca num instante ou então fazes um desenho, em vez de imprimir.” Também não exijo que todos tragam, como é óbvio, cada um tem as suas possibilidades, as oportunidades que têm e, portanto, não vou ser rígida a ponto de… acho que temos de saber ponderar, não é?! Saber equilibrar dentro desta realidade. E4D2 14. (…) Às vezes é mais difícil convencer os pais que eu tenho de tomar determinadas atitudes porque, enquanto cidadãos eles têm de ser sensibilizados e criados com uma sensibilidade muito grande (…) E7D2 15. (… ) Aqui eu tento, o mais possível, tratá‐los da mesma forma, que eles sintam que são… e eu tenho desde… tenho aqui uma sala especial muito variada, os próprios pais que têm um nível social mais elevado pensam que eu vou criar diferenças e eu faço questão em que eles vejam que não. E7D2 Competências profissionais Capacidade de dialogar com os pais 1. Tento criar uma linha(…) também não a sei ver muito bem [a fronteira entre os assuntos do professor e os do encarregados de educação]. Mas, digo‐lhe uma coisa, portanto, agora tenho aí uns pais mais novos que eu, não é. Quando eu digo, “Dona Margarida! Dona Elsa!”, respondem “ Ai, não me faça ainda mais velha.” Desculpe, mas é a minha maneira de ser… não sei o quê, não sei que mais…” “Não entendam isto como um distanciamento mas fui educada assim e sempre serei assim, já não é agora, com esta idade que eu também vou mudar. Também tenho os meus direitos.” Portanto, tento rematar porque, como se costuma dizer, quando a gente dá a mão, muitas vezes nos tomam o pé, tomam a outra mão, e às tantas estamos todas: é tu cá, tu lá… E aí não. Não, não como distanciamento mas mantendo sempre uma distância. Não é distanciar os pais, atenção! Os pais sempre próximos, mas criar ali… E1D3 delimitar fronteira 2. Nós não podemos ser muito amigos dos pais (risos). Eu não gosto [de misturar amizade com a função de professora] eu separo logo. Porque é assim, professor … “na sala eu sou professor e tu és encarregada de educação lá fora, podemos ser amigas”, mas é assim, quer se queira, quer não tem de haver alguma distância porque… (…) E tem de haver… porque nós depois temos de ter a frieza de dizer certas coisas (…) Porque depois chateiam‐se as pessoas todas. (…)E2D3 delimitr frontira Não sou melhor ou pior mas eu gosto de falar e gosto de, de… eu não crio barreiras com os pais. E7D3 delimitar fronteriras 3. Há pessoas que criam barreiras, sei pôr‐me no meu lugar quando é necessário e quando os pais precisam de ser chamados à atenção… de resto, é a tal história, eu gosto muito de ter a família enquanto parceira. E7D3 fronteiras 4. (…) Eu partilho muitas coisas minhas com eles [os alunos] (…) Eu nunca falo com os pais do lado de lá a secretária. Eu falo com os pais sem fronteiras… sem estabelecer limites, [sem nenhum obstáculo] (…) Portanto, quando falo com algum pai, geralmente, faço‐o nestas condições, como eu estou a falar consigo. Portanto, sem que haja nada no meio, em que percebam que não há nada a interferir. E7D3 sem fronteiras 5. Disse, disse [Os pais mandam daquela porta para fora, eu mando para dentro]. Digo muitas vezes na reunião. Na reunião de primeiro ano digo: “Olha vocês agora vocês vão‐me emprestar por umas horas os vossos filhos. Há alturas em que eu vou sentir que mos deram, mesmo, porque estou muitas horas com eles”. E6D2 fronteiras 6. (…) “E há aqui uma coisa que vocês tem de perceber… cada um tens as suas regras, um vai para a cama às nove e meia, outro (…) Quando eu disser, sentaste‐te. Portanto, daquela porta para dentro quem manda sou eu! E o que eu pretendo com isto, pretendo que se em alguma situação os corrigi que por favor lá em casa não me desautorizem também. E isso é já da porta para fora, lá em casa”. E6D3 (…) delimitar fronteiras ____________________________________________________ 7. Eu acho que é assim, nós não podemos ter medo dos pais e temos de tratar os pais… há colegas minhas que “Ah, tu vais fazer isso? Vê lá…” “Desculpa lá, eles são os filhos deles”. Portanto, eles têm de saber e nós, temos de falar com eles no sentido de explicar o que se passa aqui mas também (…) E2D3 trocar informações 8. (…) Temos de contar [as situações que acontecem na escola com os alunos] para os pais perceberem o que é que se passa aqui. Porque há pais que também não percebem, uma coisa é terem o filho sozinho em casa e, outra coisa, é ter num grupo. (…) E2D3 trocar inormações 9. Eu acho que depende das pessoas. Uma pessoa que tenha, mesmo sejam os mais novos, desde que tenham à vontade e que … porque isto passa um pouco pela maneira de ser. E, em relação às reuniões com os pais, a única coisa que eu acho é que, os professores não devem considerar os pais como um bicho papão que está ali, que vai ali para lhe pedir justificação. P3 10. E eu acho que os pais têm de estar ao corrente que podem surgir determinados assuntos na sala de aula, com temas que não são concretamente relacionados com o programa… E4D3 trocar 11. (…) Opto muito por telefonar à hora do jantar que é quando eu sei que eles ou estão em casa, ou estão a chegar. Ligo mesmo “Ele hoje (…)”. É a passagem do testemunho. Eu recebo‐o de manhã mas já não vi a mãe e recebo um recado. Depois entrego o recado à monitora que o vai entregar à mãe. (…) E6D3 paasar informações sobre os filhos 12. É para estar à vontade e falar de… desde falar do que faz, o que fez e do que irá fazer, e tentar aproximar os pais, essencialmente tentar aproximar os pais à escola. E3D3 trocar informações 13. Nós temos esta relação de escola, escola e professora com a família e alunos… para mim a que está, está óptima. Se tenho alguma coisa a dizer, alguma coisa a pedir, alguma coisa a fazer, sei que consigo fazer. E3D3 trocar informaçãoes 14. E, eu acho, que estou a desenvolver um trabalho com crianças, essas crianças são filhas de pais e portanto, eu acho que é importante eles estarem ao corrente daquilo que se passa na sala de aula. E4D3 trocar informações 15. (…) E, se tiver situações, não tenho situações de comportamento, primeiro ano, não é… mas se tivesse não [iria falar em frente a todos] mas, no geral digo aos pais que são uma turma faladora, irrequieta, das AEC’s… isso é geral porque é a turma, não é A, nem B, nem C, da turma. E8D3 trocar informações 16. E coisas mais pequenininhas, minhas… eu passo muitas horas com eles, “Olhe ele tem a franja enorme, tem de lhe cortar a franja (…)” Falo de tudo, eu aproveito e falo de tudo. E6C9 trocar informação 17. (…) Acho que também passa muito por, quando falo com eles, começar por dizer as coisas boas dos alunos, só depois… porque logo aí começamos por afastá‐los da escola, não é… passa muito pelos reforços positivos que dou aos alunos… porque se começamos logo numa de dizer mal, só dizer coisas negativas, se calhar, da próxima vez só temos metade e depois muito menos, não é… mas de resto não faço assim nada de especial para que eles venham à escola. E8D3 trocar informações 18. (…) Tenho aqui pais de crianças com comportamentos mais desajustados e que tem de haver grandes conversas e que surja entre nós grande cumplicidade mesmo (…) E7D3 passar infromações 19. (…) E é preciso nós conversarmos muito com os pais. E7D3 trocar informações 20. (…) Estou, neste momento, a tentar capacitar os pais, de que é preferível eles lerem, escreverem, estudarem (…) que o terceiro ano já tem conteúdos programáticos mais complicados e aí eles vão ter de aprender a estudar e os pais devem estar com eles para os ajudar a estudar… não é a estudar por eles (…) portanto até nisso os pais têm de ser alertados [choque da transição do 2º para o 3º ano]. E7D3 trocar informação __________________________________________________ 21. Eu acho que sim, acho que sim [que se deve ao diálogo entre a professora e os pais]. O porquê… se houver dúvidas aqui e ali, eu explico porquê e como é que podemos, então, tentar melhorar. Há um grande diálogo e os pais percebem isso e vêem porque gostam de estar a par, às tantas se eu fosse muito vaga nas reuniões, os pais… porque, cada um tem a sua realidade, se não tem experiência (eu peguei nesta turma no segundo ano) acabam por não ter termo de comparação. “Ah é normal, se a professora só diz isto é porque é só isto que tem para dizer.” Enquanto que, se perceberem que vamos ao fundo da questão e são abordados todos os assuntos, desde as AEC’s, à sala de aula, às monitoras, ao recreio, tudo... não é!? E4D3 explicar 22. (…) Por vezes os pais não questionam se ouvem dizer ou se o filho chega a casa e conta qualquer coisa, antes de abordar a professora ou a auxiliar, quem quer que seja que envolve a escola, antes de abordar já vêm, como se diz, com sete pedras na mão e temos que aprofundar, temos que saber concretamente o que é que aconteceu. E, é por isso que é importante o diálogo entre todos. E4D3 explicar ponto de vista 23. (…) Porque há assuntos importantes, têm sentido serem discutidos na altura, depois de passar não é… passou, já está fora do contexto, já não tem… e, se for logo, evita‐se complicações. (…) Mas, se nós conseguirmos acalmar, antes de o encarregado de educação começar a pôr [problemas] e aí é que começam as complicações (…) não se pode começar logo na defesa, tem de se gerir situação. Mais ou menos tenho conseguido. (risos) E8D3 explicar ponto de vista 24. (…) Procurar fazer‐lhes ver que as coisas não são sempre assim… e tenho conseguido mudar alguns comportamentos. E7D3 explicar ponto de vistA ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 25. (…) Às vezes saem daqui com o rabo entre as pernas porque de facto as coisas não são assim e, nós [professores] aproveitamos para dizer também o que pensamos e eles às vezes não gostam, não é. E6D3 frontalidadde 26. (…) “Vai haver regras, regras que eles às vezes não querem cumprir porque não estão habituados a cumpri‐las em casa. Eu espero que vocês tenham feito os trabalhinhos de casa, bem feitinhos, e que eles venham a aprender a cumprir a regra mas se não o fizerem, eu vou trabalhar para isso” (…) E6D3 frontalidade 27. (…) A melhor maneira das coisas correrem bem é exactamente havendo essa parceria mas, há ali um limitezinho… quando eu acho que já estou, que já me estão a ultrapassar a minha responsabilidade e autoridade dentro da sala de aula então ali, com uma maneira “soft” tenho de dizer “Olhe não pode ser assim, eu sei que ele gosta de comer gomas, mas aqui dentro não pode. Senão podíamos todos. Mas, como não podemos, o seu filho também não pode.” E6D3 frontalidade 28. Por exemplo, eu mando trabalhos de casa, mando poucos (…) Há pais, na reunião, que me disseram: “ Ah professora, a professora marca muitos trabalhos.” E outros pais dizem: “Oh professora, a professora marca poucos trabalhos.” Eu disse: “Vamos lá chegar a um acordo! Marco muitos ou marco poucos? (…) Mas depois há os pais que dizem logo “Mas nós queremos que passe.” “Então, é assim, faz quem quer!” E, na minha turma, é mesmo assim, faz quem quer. P5 frontalidade 29. (…) Com os pais às vezes também sou um pouco bruta, porque há coisas que eu tenho mesmo de dizer. (…) E5D3 frontalidade ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 30. Nem sempre é fácil. Muitas vezes até se pegam uns com os outros, a pessoa tem de pôr água na fervura. Porque “aquele bate no meu e o meu não bate”. (…) E6D3 mediação entre pais ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 31. Mas eu não sou capaz, não sou capaz porque sinto que ficou tudo a perder por ter essa postura… perdia uma reunião com a encarregada de educação, perdia um diálogo sobre um aluno, que é meu, que é filho, que devemos favorece‐lo e não o faço. E4D3 ponderação no diálogo 32. Bem, eu acho que, nós temos de ter, acima de tudo, alguma ponderação com os encarregados de educação: da forma como falamos (…) E4D3 ponderação ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ Competências profissionais Capacidade de ouvir 1. (…) para eles nos falarem de coisas que aconteçam do outro lado, para funcionarmos todos (…) E2D1 2. Eu tento ao máximo que os pais percebam… eu não sou mãe deles, como é óbvio, mas todos os assuntos que por vezes, como eu já disse, não têm nada a ver com os conteúdos programáticos, são abordados na sala de aula porque surgem, partindo dos alunos, não estou a dizer de mim, partindo dos alunos. E4D1 3. (…) já o fizeram “Oh professora não marque trabalhos no dia da natação que eles vêm de rastos” Óptimo, não marquei. Foi uma sugestão, e eu aceitei (…) E6D1 4. Pedem [os pais pedem a minha colaboração]. Às vezes até em coisas lá de casa, em que eu não tenho nada a ver. (…)Eu acho que é boa ideia. E foi. (…) Portanto a mãe ajudou‐me e eu ajudei‐a nesse aspecto. (…) E6D1 5. Depois daí, fui para o Sarge, outra realidade, completamente diferente, em que , eu na minha sala – não era muito política da escola mas talvez eu já viesse moldada de outra maneira – eu tive muito boa relação com a maioria dos pais. Estive lá três anos, desde servir de padre ou de psicóloga, ou não sei o quê… quando havia divórcios… portanto num regime já normal (…) E7D1 6. Sim, há alguns pais que se preocupam em dizer, então nesta (…), há muito o caso de divórcio dos pais, em que eles avisam se há alguma coisa mais importante, que tenha acontecido na família, eles avisam. Geralmente começam por perguntar se tem andado bem, se notou alguma coisa. Se nós notamos também, eu pelo menos, e as minhas colegas também temos esse cuidado, de informar, se alguma coisa se está a passar, porque o aluno apresenta este ou aquele comportamento. Por isso, eu acho que sim. Porque eles, nestas idades, ainda são tratados, e continuam a ser tratados como os bebezinhos lá de casa. É um pouco isso, no primeiro ciclo. E3C9 ouvir os pais Competências profissionais Dialogar com pares 1. É um bocadinho de tudo, não é [na aquisição de competências para se relacionar com os encarregados de educação: formação inicial, colegas, experiência]. Eu acho que, pronto, realmente o que nós aprendemos [na formação] nos ajuda, mas também se vai conversando muito com os colegas. E2D8 2. Quando comecei, fui para um colégio trabalhar e, parecendo que não, somos muito… pronto, há aquele cuidado de nos darem dicas, é um colégio particular, não é?! E eu acho, que nesse aspecto, e por ser a instituição que era que… mas nunca me deram, vamos lá… deram‐
me conselhos. E3D8 3. Ah, por exemplo, uma ideia, [os professores na formação inicial] poderem assistir, por exemplo, a uma reunião de pais, ver como são os pais e o que é que eles dizem. Fazerem este tipo de entrevistas a quem já lidou com muitos pais. (…) E6D8 4. (…) é no campo. É ir à escola e ver. Ver uma festa, ver uma actividade em que estejam pais e crianças envolvidas, e perguntar o que é que a gente, ao fim destes anos todos, que andamos aqui, pensamos destas situações. E6D8 5. A pessoa vai‐se informando e vai ouvindo, junto dos colegas e em reuniões e em colóquios. (…) E8D8 6. Mesmo com os colegas, aprende‐se muito, principalmente com os mais jovens, já vêem com outras ideias, e nós que já estamos um bocadinho cotas… (risos) E8D8 Competências Profissionais Respeitar o outro/colocar‐se no lugar do outro 1. (…) Pus‐me no lugar, imaginei‐me ir embora e deixar os meus filhos e pensei “Coitada desta mãe, não é?!” E4D5 2. Há coisas que eu não digo, há coisas que eu digo de uma maneira diferente, tento não… eu costumo dizer, tento me pôr no lugar dos pais dos meus alunos. E5D5 3. E então, há coisas que eu acho que também não têm a nada a ver. Eu acho que há uma certa privacidade… que eu posso dizer de uma maneira diferente, porque há perspectivas diferentes de ver as coisas. Portanto, também as temos de respeitar, não é?! E então, eu vou muito pelo senso comum. E5D5 4. Não nunca senti isso [a intromissão por parte dos pais], nem “Ah os pais fizeram queixa de uma professora”. Também não. Acho que, quer os pais, quer os professores de dar, de ter a sua opinião. E5D5 5. Sermos muito tolerantes. É preciso muita tolerância e termos a capacidade de nos colocarmos no papel da outra pessoa. Porque às vezes quando um pai vem (…) E6D5 6. (…) Como tendo miúdos a meio, é bom que isso passe depressa, ultrapassar isso, temos de ser adultos, engolir… ultrapassar essa contenda e portanto, não passamos a amizade, talvez tão próxima (…) como outros, tem de ser algo verdadeiro. E6D5 7. [A relação escola‐família] Passa muito pelo respeito mútuo. Quando há uma falta de respeito, é uma barreira que foi incondicionalmente transposta, quer de um lado, quer do outro. (…) E6D5 8.
(…) Também sou mãe, sei que não é fácil. (…) E6D5 9. Como eu lhe disse não há receitas e não há panaceias mas para ser extremamente… se calhar diria [a professor recém‐formado] para terem muita atenção, para já cada um deles, cada criança é diferente da outra, logicamente os pais também. O tipo de relação que pode estabelecer com um pai não poderá, de forma alguma estabelecer com o outro. Isto não pode ser… não há matrizes, porque as próprias pessoa também… E7D5 10. Sabe, eu às vezes não percebo [onde está a fronteira] e, às vezes peco por isso… às vezes penso: “Não devia ter dado tanta confiança”, porque sou um bocadinho ingénua, nesse aspecto, porque na tentativa de que tudo corra bem (…) E8D5 11. Eu penso que deve ponderar sempre o bom senso (…) e é como digo, se falares com educando, falar sempre tendo em conta que o encarregado de educação, se calhar, também [tem algumas dificuldades que o conduzem ao afastamento]… não ir numa de afastamento. E8D5 (…) que temos de ser solidários, que temos de estar atentos a determinadas situações, que não podemos fazer determinado tipo de palermices, porque também não gostamos que nos façam a nós… eu trabalho muito nesse sentido, e os pais às vezes não percebem. E7B1 12. Competências Profissionais aprendizagem através da prática 1. Aqui, a esta hora (17h 30m) sou só eu, mais duas ou três, que estamos a fazer a essa hora, e apanha‐se mais gente. A gente já tem por experiência que, a partir dessa hora ainda apanhamos… sujeitamo‐nos é a sair daqui às oito horas da noite. E1D7 experiência 2. Eu acho que... quando saí da minha formação tive a sensação de que estive ali como estivesse no ensino secundário, a aprender matéria (…) Experiência, praticamente pela experiência. E3D7 3. (…) Foi pela experiência. E3D7 4. (…) Porque eu acho que há coisas a nível prático que é muito mais proveitoso para nós, na sala de aula(…) E3D7 5. (…) sem tomar consciência, talvez pela experiência comecei a perceber que de facto era importante que isto acontecesse. Porque no início, de facto, não… o envolvimento dos pais era menor. (…) E4D7 6. (…) Mas eu acho que isto [a relação com os pais] parte muito de nós e da nossa experiência (…) E4D7 7. (…) no meu curso eu acho que… aprendi começando a trabalhar. E4D7 8. [O que faz aprendeu através do] Senso comum. Eu vou muito pelo senso comum. Não aprendi a fazer nada e há até colegas minhas que fazem de outra maneira. Eu… pronto, é o senso comum. E5D7 1.
(…) era Magistério Primário e não tinha formação nesse nível e portanto, é no campo, é no campo que se aprende. É no dia‐a‐dia. É na maneira, às vezes, de expormos as nossas ideias … e depois vemos que daquela maneira não vai lá e tem de ser outra. E6D7 2. E, o ser mãe também me ajudou, ir às reuniões da minha filha e ver que havia o outro lado, e às vezes aprendia com as professoras da minha filha. Olha, a postura é a correcta… portanto, vendo, fazendo, experimentando (…) E6D7 3.
(…) Agora, que é sempre um pau de dois bicos porque não podemos agradar a gregos e a troianos. Somos mais rudes com alguns para se dizer as coisas… eu tenho aí uma questão, por exemplo, que só consegui que este ano, a mãe viesse à escola quando a ameacei com a CPCJ. Porque realmente isto pareça o armazém daquela criança. Uma criança cheia de problemas e tentar encaminhá‐la… lógico que não fiz a queixa. Mas pronto só funciona assim. (…) E7D7 4.
(…) E, portanto... é complicado, não se aprende nos livros. Só se aprende, levando algumas cabeçadas, levando alguns pontapés no traseiro, reaprendendo, ajustando o nosso comportamento também… nunca agradando a gregos e a troianos. E7D7 5. Há coisas em que eu investia e, já não invisto, invisto noutras. Há coisas em que me faço de parva, porque é preferível, do que estar a mexer em águas passadas… e portanto, não vale a pena, há coisa que é preciso… pronto, é o aprender. Eu acho que aprendo todos os dias, levo bofetadas todos os dias, mas aprendo. E7D7 6. 7. Mas isto, também se vai aprendendo, vai‐se estudando e vai‐se… porque é muito aprendendo. Acho que tem muito a ver com o nosso amadurecimento também, enquanto pessoas. Lógico que eu comecei a trabalhar aos vinte anos e não tinha esta postura, tinha uma postura mais destravada. (…) faz‐se caminhando. E7D7 8. Não sei se faço bem, é assim, tem resultado, em vinte e seis anos de trabalho e nunca tive complicações, por isso não devo fazer assim tão mal. Mas, se calhar faço muitas vezes determinadas coisas quase instintivamente. E8D7 9. (…) Por acaso, isso do começar por salientar os pontos positivos do aluno, isso é uma questão prática, porque também sou mãe e sei que sabe bem, como encarregada de educação, ouvir as coisas boas. E, também senti, muitas vezes como encarregada de educação, um ambiente às vezes assim – eu jamais faria aquilo – pronto, porque depois, quando estamos no outro lado, temos de nos pôr um bocadinho no papel do encarregado de educação. (…) E8D7 10. (…) mas também depois, quando eu sinto que… no tempo lectivo não… mas, nem sempre é fácil, se fomos longe, às vezes só com a prática, falhando é que aprendo. (…) E8D7 11. Eu até hoje, felizmente, não tive complicações. Sempre senti da parte deles, pronto, sempre me senti bem. Mas agora, também a velhice é um posto e acaba por… também há erros que também já não vai cometer. E8D7 ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ Postura 9. Sim, talvez [passe por uma questão de profissionalidade]. Posso ter falado nisso, em alguma cadeira (risos) mas eu acho que isso parte muito de nós (…) P4 10. (…) da nossa forma de estar e do modo profissional de agir, também. E4A 11. (…) Portanto, eu acho que tem muito a ver com a nossa postura enquanto professores. E7A 12. (…) Mas realmente, não há… eu acho que tem muito a ver com o ser, a maneira de ser, a maneira de estar da pessoa, o grau de envolvimento da pessoa… nós agora… vamos aprendendo, eu agora já sou mais velhota, vou aprendendo. (…) E7D7 ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ 13. (…) Uma pessoa quando está a tirar um curso… uma reunião com os pais é uma realidade por vezes estranha, não é?! Eu acho que sim, que deve ser trabalhada… porque há uma série de coisas que devem ser… não é o treino… vamos lá, algum conhecimento de diversas realidades para se poder saber como é que deve agir… P3 conhecimento de diversas realidades 14. Também [aprendeu essa forma de agir por experiência]. Também [através de outros colegas]. A experiência… os melhores ensinamentos são as experiências, sem dúvida. Nós podemos trazer muitos ensinamentos, mas depois a prática, no dia‐a‐dia, de constatarmos as realidades tão diferentes, nós [aprendemos] (…) E1D7 15. É complicado, acho que aprendi muito, engraçadamente, porque passei pelos meios rurais. Tem a ver com a experiência de vida que a pessoa vai tendo. Tem a ver também, com o feitio da pessoa. (…) E7D7 
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