Conteúdos de 13 à 15 1) Dinâmica relativística: Momento linear relativístico. 2) Dinâmica relativística: Energias relativisticas: cinética, de repouso e total . 3) Massa de repouso e a conversão entre energia e massa. Estes temas serão discutidos durante a aula, mas não de maneira cronológica. Quando estudamos Mecânica Clássica começamos usando uma definição para a dinâmica que é a segunda lei de Newton. Assim como na Clássica não podemos “deduzir” as forças, precisaremos dos mesmos artifícios para encontrar as equivalentes relativísticas das grandezas dinâmicas. No entanto, as analogias entre forças clássicas e relativísticas causam certos problemas. Por exemplo: As forças elétricas estão em conformidade com a relatividade, pois seus sinais se deslocam no máximo com: c- velocidade da Luz. As forças gravitacionais geram problemas. Quem poderá nos ajudar? ➲ ➲ Sabemos que podemos obter todos os equivalentes das leis da dinâmica através das leis de conservação. Assim, se conseguirmos reescrever as leis de conservação com as imposições relativísticas teremos as novas versões. A primeira lei de conservação que aprendemos é a do momento linear que de forma “ad hoc” trás a lei de conservação da massa. d P = F dt (1) Onde: P é o momento linear que é dado por: d x P=m v =m dt (2) Vamos para as implicações ➲ ➲ ➲ Temos que pensar que a variação do tempo é alterada pela relatividade. Se espaço e tempo variam de forma diferente da clássica o outro absoluto deve se alterar: A massa. m=mv ; v=∣ v∣ (3) De forma que teremos p =m v v (4) Vamos ter que imaginar novamente o problema das partículas em colisão elástica e para simplicar , o caso de duas partículas, na ausência de forças externas, para pensar na conservação do momento linear. Conservação do momento linear y v ' B (depois) A (antes) v ' y' S v ' V B (antes) A (depois) S' x x' v ' Deveremos pensar nas componentes em x' e y' das velocidades das partículas a e b. Para facilitar iremos montar uma tabela. Conservação do momento linear Componentes das velocidades em (S') antes e depois da colisão x' y' x' y' Antes vx' vy' −v x ' depois vx' −v y ' −v x ' Partícula a −v y ' vy' Partícula b Como não há forças externas o momento linear total se conserva. Agora podemos reescrever as componentes em termos das velocidades no referencial (S') e da velocidade do referencial. Para isto precisamos pensar na composição de velocidades relativísticas e a tabela fica um pouco maior. Conservação do momento linear Componentes das velocidades em (S') antes e depois da colisão x' Antes y' v x ' V 2 1v ' V /c ] [ x depoi s v x ' V x' 1− 2 v y ' −v x ' V 2 1−v ' V /c ] x [ 1v x ' V /c ] [ 2 − 1− v y ' 2 [ 1v x ' V /c ] [ 1v x ' V /c 2] 2 y' Partícula a − 1− v y ' 2 2 1−v ' V /c ] [ x −v x ' V 1− 2 v y ' [ 1−v x ' V /c 2] [ 1−v x ' V /c 2 ] Partícula b Os módulos das velocidades das partículas a e b não se alteram apesar de se alterarem vetorialmente. Pela conservação do momento: Conservação do momento linear [ mv a va mv b vb ] antes=[ mv a va mv b vb ] depois (5) A expressão (5) é satisfeita claramente para a componente x. Mas, para a y, teremos mais trabalho. 2 2 1− v y ' 1− v y ' mv a −mv b = 2 2 [ 1v x ' V /c ] [ 1−v x ' V /c ] −mv a 1− 2 v y ' [ 1v x ' V /c ] 2 mv b 1− 2 v y ' (6) [ 1−v x ' V /c ] 2 A expressão (6) só é satisfeita se ambos os membros forem nulos. Usando aquela identidade, velocidades revx' V 1 2 lativas, que demonstramos na lista mv a c (hahaha) = 2 2 mv b v x ' V (7) u V 1− 2 1− 1− c 2 2 2 u´ 1− 2 = c c 1− c uV 2 Momento linear relativístico v´ 2 1− 2 2 va c 1− 2 = 2 v ' V v vx' V c x b 1 1− 1 2 2 2 c c c = v´ 2 2 v ' V x 1− 1− v a 1− 2 v b2 1− c2 2 c 1− 2 = c vx ' V c 1− 2 c Substituindo (8) em (7) chegamos em: v a2 v 2b 1− 2 mv a = 1− 2 mv b (9) c c 1− Embora as partículas sejam idênticas, as grandezas correspondentes a m(v) não serão as mesmas, a menos que as velocidades de a e b sejam idênticas. Mas, a grandeza (8) Momento linear relativístico (ainda) 2 1− v mv (10) 2 c Independe da velocidade e temos mais um invariante. Definindo uma massa de repouso quando a velocidade é nula, teremos: mv= m0 2 1− v 2 c , m0 ≡m0 (11) Finalmente, podemos voltar à equação (2) que define o momento linear. =mv v = P m0 v v2 1− 2 c A característica da inércia da partícula que tem um significado invariante é sua massa própria m0. (12) Energia Cinética Relativística Após 9 quadros e muito trabalho chegamos no momento relativístico e podemos expressar a força e toda a dinâmica usando o formalismo newtoniano. Eu usei o livro de Moyses para este tratamento, mas poderíamos ter feito todo o tratamento usando o formalismo de tensores que dispensaria a preocupação com o momento linear. Este procedimento é o feito por Griffiths. Para tratar da energia me basearei no livro de Young & Freedman que tratam de maneira mais direta as implicações no momento relativístico na obtenção da energia. Lembrando a definição de força pela relação com momento linear teremos: d p =F dt Usando (13) em (14) teremos: (13) Energia Cinética Relativística F= m 2 3/2 v 1− 2 c a (14) A força e a aceleração em módulo quando força e velocidade coplanares. Para pensarmos em energia, primeiro devemos pensar em trabalho. Definindo o trabalho realizado por uma força entre dois pontos x1 e x2 teremos: x2 W =∫x 1 x2 ⃗ d ⃗x =∫ F x 1 ma 2 3 /2 ( ) 1− v 2 c dx (15) Usando algumas manipulações, dadas por: d vx dx a dx= d x ; v x= ; a=v x dv x dt dt (16) Energia Cinética Relativística Usando o teorema trabalho energia cinética que diz: “Que a variação de energia cinética e igual ao trabalho realizado por uma força”. Usando as relações (17) em (16) em uma partícula que sai do repouso, teremos: v K =W =∫0 m v x dv x 2 2 3/2 (17) 1−v /c Como a variação da energia cinética é K-K0 , resolvendo a integral por uma simples mudança de variável, a energia cinética da partícula com velocidade v será: 2 mc 2 2 (18) K= −mc =−1 mc 2 2 1−v /c Através de uma simples expansão em série de Taylor do termo (γ1) podemos obter o limite clássico quando v<<c. Encontramos também um limite onde a energia vai para infinito quando v se aproxima de c. Energia de repouso e total Podemos reescrever a equação (18) de forma a verificar mais algumas características da energia. 2 K mc = mc 2 1−v 2 2 /c = m c =E 2 (18) Chamaremos de E a energia total da partícula sem a contribuição de um potencial. Se a particula estiver em repouso K=0, mas ainda se tem uma energia mc2. Que é chamada de energia de repouso. E=mc 2 (19) A expressão (19) acaba por relacionar energia e massa de uma maneira nova e permite finalmente a unificação dos princípios da conservação da Massa e da Energia. Massa de repouso e a conversão entre massa e energia Vamos apresentar alguns exemplos de massas associadas a energia em transformações na natureza. 1-) Elétrons com energias elevadas: a) Calcule a energia de repouso de um elétron (m=9,11 x 10 -31 kg, q =-e=-1,6 x 10-19 C) em joules e elétron-volts. b) Determine a velocidade de um elétron acelerado por um campo elétrico, a partir do repouso, com diferença de potencial igual a 20 kV (típica em um tubo de TV) ou 5 MV (comum em tubos de raios X). Assim, temos três energias para o elétron: Energia de repouso, cinética e total. Massa de repouso e a conversão entre energia e massa. Outro exemplo. Dois prótons (cada um com M=1,67 x 10-27 kg) estão se movendo inicialmente com velocidades de módulos iguais e sentidos opostos. Depois da colisão eles continuam a existir, porém, ocorre a produção de um píon neutro de massa m= 2,40 x 10-28 kg. Sabendo que os prótons e o píon permanecem em repouso depois da colisão, calcule a velocidade inicial dos prótons. A energia é conservada na colisão. Conclusões ➲ ➲ ➲ A força não é uma representação simples em relatividade. A natureza do momento linear não varia na relatividade. A energia apresenta algumas novas particularidades. Referências: Nussenzveig, H. M. “Curso de Física Básica”, vol. 4, Edgar Blücher: São Paulo, 1998. Griffiths, D. J. “Introduction to Electrodynamics”, 3 th Edition, Printice Hall: New Jersey, 1998.