Relatório do Estado do Voluntariado no Mundo Valores universais para o bem-estar global 2011 Voluntários das Nações Unidas, 2011 Publicado por: Voluntariado das Nações Unidas (VNU) Traduzido por: Prime Production, Reino Unido Design por: Baseline Arts, Reino Unido Editado por: Phoenix Design Aid, Dinamarca Esse relatório está disponível em árabe, inglês, francês e espanhol. Para dispor de uma cópia, visite: https://unp.un.org/ Uma permissão é requerida para reproduzir qualquer parte dessa publicação. Equipe responsável pelo Relatório do Estado do Voluntariado no Mundo Escritor Sênior: Robert Leigh Equipe de pesquisadores e escritores: David Horton Smith (Pesquisador Sênior), Cornelia Giesing, María José León, Debbie Haski-Leventhal, Benjamin J. Lough, Jacob Mwathi Mati, Sabine Strassburg Editor: Paul Hockenos Gerente de Projeto: Aygen Aytac Especialista em Comunicação: Lothar Mikulla Equipe de suporte administrativo: Vera Chrobok, Johannes Bullmann Editor: Paul Hockenos As análises e a orientação política desse relatório não refletem necessariamente as visões do programa de desenvolvimento das Nações Unidas. A pesquisa e escrita foram fruto de um esforço colaborativo da equipe responsável pelo Relatório da Situação do Voluntariado Mundial e um grupo de notáveis consultores liderados por Flavia Pansieri, coordenadora executiva, do Programa de Voluntariado das Nações Unidas. Citações de nomes de marcas ou processos comerciais não são de nossa responsabilidade. Prólogo O voluntariado ocorre em qualquer sociedade no mundo. Os termos que o definem e as formas de sua expressão podem variar de acordo com a língua e cultura, mas os valores que o dirigem são comuns e universais: um desejo de contribuir para o bem comum por escolha própria em um espírito de solidariedade, sem esperar remunerações materiais. Voluntários são movidos por valores como a justiça, a igualdade e a liberdade, como também expresso na declaração das Nações Unidas. Uma sociedade que oferece assistência e encoraja vários modos de voluntariado também seria apta a promover o bem-estar de seus cidadãos. Uma sociedade que falha em reconhecer e facilitar as contribuições voluntárias priva-se de avanços para atingir o bem-estar social. Na proclamação do ano internacional dos voluntários dez anos atrás, a comunidade internacional reconheceu as contribuições essenciais que voluntários fizeram para o progresso, a harmonia e a resiliência (a capacidade da pessoa se sobrepor e se construir positivamente frente às adversidades) das comunidades e nações. Agora, que lutamos para acelerar o progresso a fim de atingir as Metas do Milênio para 2015, as ações de voluntários nem sempre são contabilizadas nas estratégias de desenvolvimento e algumas vezes ficam nas margens do debate do crescimento qualitativo. O programa dos voluntários das Nações Unidas tomou a iniciativa de incumbir-se desse primeiro relatório em voluntariado como uma maneira de marcar o décimo aniversário do ano internacional do voluntariado, enfatizando o potencial ainda não totalmente explorado dos voluntários. O relatório mostra que a atual estrutura do desenvolvimento é incompleta se omitir as contribuições voluntárias. Nas últimas duas décadas, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) avançou no conceito de desenvolvimento humano, expandindo as escolhas e as liberdades das pessoas, e melhorando a expectativa e a qualidade de vida, dando-lhes oportunidades para serem educadas e aproveitarem um bom padrão de vida. Como os relatórios do desenvolvimento humano vêm mostrando, desenvolvimento não pode ser apenas medido com o PIB per capta, mas também pela extensão de quanto as escolhas das pessoas se expandiram e pelo crescimento da qualidade de vida. O conceito de desenvolvimento humano coloca as pessoas exatamente no centro do desenvolvimento. O relatório dos Voluntários das Nações Unidas também adota esse conceito, reconhecendo a importância da realização imaterial para o bem-estar individual e social. Melhorias materiais – saúde, educação e trabalhos apropriados – continuam essenciais; porém, também vital é a participação e a cidadania ativa das quais os voluntários são fortemente expressivos. O relatório do desenvolvimento humano global de 2010 declarou: “colocar as pessoas no centro do desenvolvimento significa progredir com justiça e com uma forte base, capacitando pessoas a serem participantes ativas nas mudanças.” O relatório dos Voluntários das Nações Unidas mostra que o voluntariado é uma maneira efetiva para construir capacidades nas pessoas em todas as sociedades e em todos os níveis. No PNUD, acreditamos no suporte para os países construírem suas instituições, capacidades e políticas que se dirigirão a mudanças transformadoras. Para serem efetivas, políticas precisam tratar de mudanças profundas. A ação das comunidades pode ajudar a atingir essa meta. Esse relatório deve provocar uma discussão e promover um melhor entendimento com contribuições do voluntariado para a paz e o desenvolvimento. Helen Clark - Administradora, Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Prefácio O foco desse relatório está nos valores universais que motivam pessoas mundo a fora a serem voluntárias para o bem comum e no impacto do voluntariado nas sociedades e nos indivíduos. Acreditamos no poder do voluntariado para promover cooperação, encorajar participação e na contribuição do bem-estar do indivíduo e da sociedade como um todo. O voluntariado foi reconhecido como um importante fator para o desenvolvimento dez anos atrás, em 2001, quando 126 membros da Organização das Nações Unidas asseguraram uma resolução geral na assembleia no final do ano internacional do voluntariado. Essa resolução proporcionou inúmeras políticas de recomendação para os governos, para as Nações Unidas, Organizações Não Governamentais e outros organismos para promover e dar suporte ao voluntariado. Desde então, progressos encorajadores estão sendo feitos através da implementação de algumas dessas recomendações. Ao mesmo tempo, enquanto fazemos o décimo aniversário do ano internacional do voluntariado, apenas uma parte dos trabalhos voluntários são reconhecidos. É mais uma reflexão tardia do que um componente de programas para promover a cidadania e o bem-estar social. Com esse relatório, esperamos o reconhecimento do voluntariado como um componente essencial para a sustentação e um justo progresso das comunidades e nações. Com uma rápida mudança no meio social, o voluntariado torna-se uma constante. Suas formas de expressão podem variar, mas os valores centrais de solidariedade e engajamento em seu âmago se mantêm fortes e universais. Encontram-se em todas as culturas e sociedades e são expressões verdadeiras da nossa humanidade. Está crescendo o reconhecimento da necessidade de mudar nossa produção insustentável e nossos padrões de consumo. Isso requer vontade política e apoio e adesão dos cidadãos. Voluntariado não é o remédio para todos os males, porém, é um componente essencial de qualquer estratégia que reconhece que progresso não pode ser medido por retorno financeiro e que os indivíduos não são motivados por interesses próprios mas também pelos seus valores e convicções. Nos capítulos que se seguem, providenciamos numerosos exemplos que demonstram como podem ocorrer mudanças significativas através das experiências e das produções voluntárias. Mostramos porque voluntariado é crucial para o desenvolvimento humano. Mais importante, argumentamos que uma verdadeira sociedade precisa se basear nos valores da confiança, solidariedade e respeito mutuo, o que inspira todos os voluntários. Preparando esse primeiro relatório das Nações Unidas sobre voluntariado, listamos várias definições e metodologias. Estamos cientes de que é preciso promover mais estudos e pesquisas para um melhor entendimento da natureza dessa expressão humana que é o cuidado e o zelo para com o outro. Esse relatório representa o começo para um debate maior; não possui uma resposta definitiva. Nos próximos anos, pretendemos aprofundar nossos conhecimentos sobre as motivações, valores, impactos e extensões do voluntariado em todo o mundo. Flavia Pansieri Coordenadora executiva, Programa de Voluntariado das Nações Unidas Agradecimentos Esse relatório é o resultado de um verdadeiro esforço conjunto. Sinceros agradecimentos do VNU àqueles que contribuíram com seu tempo, conhecimento e experiência. E, como convém a um relatório sobre voluntariado, a maioria das contribuições são voluntárias, preparado por um grupo central, coordenado pelo gerente do projeto Aygen Aytac orientado e, supervisionado pela Flavia Pansieri, coordenadora executiva do Voluntários das Nações Unidas (VNU). O time de pesquisa e escrita, liderado pelo escritor sênior Robert Leigh, junto ao fundador da ARNOVA, David Horton Smith, da Faculdade de Boston, Benjamin J. Lough da Universidade de Illinois, Jacob Mwathi Mati da universidade de Witwatersrand, Debbie Haski-Leventhal da Universidade de Macquarie, e consultores independentes como María José León, Cornelia Giesing e Sabine Strassburg. O projeto e o suporte administrativo foi provido por Vera Chrobok e Johannes Bullmann. Lothar Mikulla liderou as atividades de comunicação e advocacia e Paul Hockenos editou o relatório. Os agradecimentos também vão a Shubh Chakraborty pela sugestão do design da capa. Um conselho técnico foi ativamente envolvido apontando os problemas e esboçando seu conteúdo. Agradecemos aos membros do conselho técnico: Jeffrey Brudney, Anabel Cruz, Lev Jakobson, Amany Kandil, Thierno Kane, Jeni Klugman, Lucas Meijs, Maureen Nakirunda, Justin Davis Smith and Rajesh Tandon. O conselho superior contribuiu com sua visão ampla e ajudou na contextualização do relatório. Agradecemos aos membros desse quadro por providenciar um inestimável discernimento e sugestões: Soukeyna Ndiaye Ba, Liz Burns, Marian Harkin, Bruce Jenks, Rima Khalaf, Bernardo Kliksberg, Justin Koutaba, Miria Matembe, Taimalieutu Kiwi Tamasese e Erna Witoelar. Um grupo interno de leitores dos Voluntários das Nações Unidas junto aos administradores e ao grupo técnico foram estabelecidos para tecer comentários do esboço do relatório. Este melhorou muito com suas sugestões e conselhos. Queremos agradecer: Kwabena Asante-Ntiamoah, Mahamane Baby, Manon Bernier, Elise Bouvet, Mae Chao, Simona Costanzo-Sow, Peter Devereux, Olga Devyatkin, Francesco Galtieri, Kevin Gilroy, Naheed Haque, Moraig Henderson, Ibrahim Hussein, Ghulam Isaczai, Allen Jennings, Tapiwa Kamuruko, Donna Keher, Svend Amdi Madsen, Yvonne Maharoof, Robert Palmer, Jan Snoeks, Robert Toe, Marco van der Ree, Oliver Wittershagen, Kawtar Zerouali e Veronique Zidi-Aporeigah. Um grupo interno também deu auxílio: obrigado para Alba Candel Pau, Fabienne Copin, Romain Desclous, Rafael Martínez, Marguerite Minani e Amina Said. Os Voluntários das Nações Unidas divulgaram dezenove trabalhos de segundo plano em edições temáticas relacionados ao voluntariado e sete trabalhos regionais. Queremos agradecer àqueles que nos proveram de dados e informações ricas: Jody Aked, Emmanuel Asomba, Denise Bortree, Carol Carter, Kathryn Dinh, Christopher Einolf, Sharon Eng, Snezana Green, Jürgen Grotz, Celayne Healon-Shrestha, Nicole A. Hofmann, Benedict Iheme, Osama Kadi, Alina Meyer, Kimberly Ochs, René Olate, John Robinson, Sigfrido Romeo, Lester Salamon, David H. Smith, Lars Svedberg, Rajesh Tandon, Rebecca Tiessen e Ying Xu (para ver a lista completa de trabalhos divulgados, veja a bibliografia). Na preparação deste relatório, nove encontros consultivos aconteceram entre outubro de 2010 e fevereiro de 2011 para tomarmos um pouco de conhecimento sobre pesquisadores de trabalho voluntário; acadêmicos, líderes da sociedade civil e profissionais liberais que trabalham pelo desenvolvimento em todo o mundo discutiram ações e temas ligados ao voluntariado. Esses encontros incluíram a sociedade civil na Alemanha e em outros países na América Latina, América do Norte, Europa ocidental e oriental, centro-leste e norte da África, ex-colônias francesas e inglesas na África e na região do pacífico da Ásia. Agradecemos todos os participantes por dividirem suas valiosas experiências, sugestões, estudos regionais e suas próprias pesquisas. Também queremos agradecer universidades e organizações conveniadas por dar suporte na participação de seus membros em nossos encontros (veja lista completa dos encontros consultivos e dos participantes nas próximas páginas) Os escritórios de representação do PNUD na Turquia, Senegal, Quênia, Tailândia e Argentina, e do escritório do VNU em Nova York apoiou a organização de reuniões de consulta regionais. A Comisión Cascos Blancos (Comissão dos Capacetes Brancos) da Argentina e o instituto de pesquisas TUSSIDE da Turquia deu apoio a organização de reuniões em Buenos Aires e em Istambul respectivamente. A reunião de consulta multi-regional na Turquia foi financiada pela Comissão Europeia. Estamos gratos pelo apoio financeiro. Os Grupos envolvidos com o PNUD geraram uma gama de idéias e exemplos úteis através discussões online sobre vários temas relacionados com o voluntariado. Os Grupos relacionados com Gênero, Redução do Risco de Desastres, HIV / AIDS, Meio Ambiente, e Prevenção de Conflitos e Recuperação merecem menção especial. Os dados e as estatísticas utilizadas neste relatório desenham significativamente nas bases de dados de outras organizações para que foram autorizados generoso acesso. Neste contexto, gostaríamos de agradecer Richard Harrison, diretor de pesquisa da Charities Aid Foundation, em Londres, e Andrew Rzepa do GALLUP por nos dar esse acesso. Durante o curso do projecto, um número de estagiários dedicados apoiaram a nossa equipe: Collins Fomukong Abie, Abdalhadi Alijla,Bárbara Bécares Castaño, Bowen Cao,Piyush Dhawan, Geline Alfred Fuko, Carly Garonne, Miles Hookey, Ika RiniIndrawati, AuroraGomez Jimenez, Aivis Klavinskis, Parul Lihla,Amrita Manocha, Evgenia Mitroliou, Hiromi Morikawa, Victor Bakhoya Nyange, Valentina Primo, Liam Puzzi and Rafael Tahan. O relatório também se beneficiou do apoio de vários voluntários on-line de todo o mundo: Frank Brockmeier, Jorge Carvajal, Audrey Desmet, Arit Eminue, Camilla Eriksson, Monica Figueroa, Sophie Guo, Carolina Henriques,Ali Hentati, Jae Hyeon Park, Ahsan Ijaz, Syed Ijaz, Hussain Shah, Marina Jousse, Wenni Lee, Natalia Markitan, Leire Martinez Arribas, Lucia Martinkova, Luana Mulugheta, Saki Nagamone,Joanna Pilch, Montasir Rahman, Mara Romiti, Britta Sadoun, Christopher Sam,Divya Sharma, Feiru Tang, Aneliya Valkova e Jennifer Walsh. A APA Journals nos deu apoio contínuo com informação no estilo APA, utilizado nas referências deste relatório. O VNU gostaria de agradecer a todos os contribuintes. Contribuições Soukeyna Ndiaye Ba - Direção Executiva, Rede Internacional de Instituições Financeiras Alternativas, Dakar, Senegal Elizabeth Burns - Presidente do Former World, Associação Internacional de Esforços Voluntários (IAVE), Reino Unido Marian Harkin - Membro Independente do Parlamento Europeu, Irlanda Bruce Jenks - Membro Sênior Não- residente, Universidade de Harvard, Estados Unidos Rima Khalaf - Secretário Executivo, Comissão Econômica e Social para a África Ocidental, Beirute, Líbano Bernardo Kliksberg - Consultor Sênior para o Director do Gabinete para Políticas de Desenvolvimento, PNUD, Argentina Justin Koutaba - Professor de Filosofia, Universidade de Ouagadougou, Burkina Faso Miriam Matembe - Fundador e membro do conselho, Centro para as mulheres na governança, Kampala, Uganda Taimalieutu Tamasese Kiwi – Coordenador da Seção do Pacífico, Centro da Família, Nova Zelândia Erna Witoelar - Presidente, Consórcio de Filantropia Ásia-Pacífico, Indonésia Membros de Conselheiros técnicos Jeffrey Brudney – Ocupa a cadeira Albert A. Levin de Estudos Urbanos e Serviço Público, Faculdade Levin de Assuntos Urbanos, Universidade do Estado de Cleveland, Estados Unidos Anabel Cruz – Diretor, Instituto de Comunicação e Desenvolvimento, Montevidéu, Uruguai Lev Jakobson – Primeiro Vice-Reitor, Escola Superior de Economia, Universidade Estadual, Moscou, Rússia Amany Kandil – Diretor Executivo, Rede Árabe para ONGs, Cairo, Egito Thierno Kane – Ex-Diretor, Divisão de Organizações da Sociedade Civil PNUD, Dakar, Senegal Jeni Klugmann – Ex-Diretor, Escritório de Relatórios de Desenvolvimento Humano do PNUD, Nova York, Estados Unidos Lucas Meijs – Professor, Escola de Gestão de Rotterdam na Universidade Erasmus, Rotterdam, Holanda Maureen Nakirunda – Assistente de Pesquisas, Centro de Pesquisa Básica, Kampala, Uganda Justin Davis Smith – Chefe Executivo, Voluntariado Inglaterra, Londres, Reino Unido Rajesh Tandon – Presidente, Sociedade de Pesquisa Participativa na Ásia, Nova Deli, Índia Reuniões de Consulta Reunião de Consulta Multi-Regional (Europa Ocidental, Europa Oriental / CEI, Oriente Médio e Norte da África), Turquia, 29-30 outubro 2010 Europa Ocidental Cliff Allum (CEO, Skillshare International, Reino Unido); Aurélie Beaujolais (Coordenador, Comité de Ligação de ONGs e Voluntário, França); Rene Bekkers (Professor adjunto, Departamento de Estudos Filantrópicas, VU Universidade de Amsterdã,Holanda); Steffen Bethmann (Pesquisador, Centro para estudos filantrópicos, Universidade de Basel, Suíça); Thilo Boeck (Assistente de pesquisas Sênior, Centro de Ação Social, Universidade De Montfort, Escola de Ciências Sociais Aplicadas, Reino Unido); Angeliki Boura (Assessor Especial do Secretário-Geral da Juventude, Secretaria da Juventude, Grécia); Matthew Hill (Pesquisador, Instituto de Pesquisa Voluntariado, Reino Unido); Lesley Hustinx (Professor Assistente do Departamento de Sociologia, Universidade de Ghent, Bélgica); Liz Lipscomb (Chefe de Pesquisa, Charities Aid Foundation, Reino Unido); Deirdre Murray (Diretor, Comhlámh, participando em nome do FORUM,Irlanda); Colin Rochester (Pesquisador Sênior, Centro para o Estudo do voluntariado e ativista comunitário, Universidade de Roehampton, Reino Unido); Boguslawa Sardinha (Professor adjunto, Escola Superior de Ciências Empresariais, Instituto Politécnico de Setubal, Portugal); Lars Svedberg (Professor/Diretor de Pesquisas,Instituto de Estudos da Sociedade Civil, Universidade Ersta Sköndal, Suécia); Agnes Uhereczky (Diretor, Associação de Organizações de Serviço Voluntário, Bélgica); Annette Zimmer (Diretor, Instituto de Ciências Políticas, Universidade de Münster, Alemanha). Leste Europeu/CEI Indrė Balčaitė (Analista, Instituto de Administração de Políticas Públicas, Lituânia); Galina Bodrenkova (Fundador e Presidente da Casa de Caridade de Moscou / Representante Nacional da IAVE na Rússia); Astrit Istrefi (Coordenador de Projetos, Saferworld, Kosovo (Sérvia)); Nikica Kusinikova (Diretor Executivo, Konekt, a Antiga República Iugoslava da Macedónia); Anna Mazgal (Diretor Internacional, Federação Nacional de ONGs polonesas, Polônia); Ferdinand Nikolla (Diretor Executivo, Fórum de Iniciativas Cívicas, Kosovo (Sérvia)); Miroslav Pospisil (Director, Centro para a pesquisas do Terceiro Setor, República Tcheca); Steve Powell (Presidente e Pesquisador Sênior, proMente, Bósnia e Herzegovina); Lejla Sehic Relic (Gerente, Volonterski Centar Osijek, Croácia); Kuba Wygnanski (Expert, KLON/JAWOR Association, Associação, para a Investigação Social e Inovação de Estaleiro, na Polônia); Igor Germanovich Zakharov (Webmaster Consultor, Sozidanie Foundation, Federação Russa); Elena Zakharova (Diretor Executivo, Sozidanie Foundation, Federação Russa). Oriente Médio e Norte da África Hadeel Al-Ali (Diretor, Comissão da Juventude Voluntária da Síria); Khalid S. Al-Ghamdi( (Organização sem fins lucrativos) Consultor de Tecnologia e Pesquisador, MEDAD Center, Centro Internacional dePesquisas e Estudos, Arábia Saudita); Rana Al Hariri (Programa de Assistente, Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Líbano); Abdel Rahim Belal (Diretor, Fundação Friedrich Ebert, Sudão); Farah Cherif D’Ouezzan (Fundador da Associação Thaqafat, fundador e diretor do Centro de Aprendizagem Cruz Cultural, Marrocos);Hür Güldü (Coordenador, Primeiro-Ministro Organização de Planejamento Estatal, Centro de Programas de Educação e Juventude para a UE, Agência Nacional, Turquia); Osama Kadi (Co-fundador e presidente, Centro sírio de Estudos Políticos e Estratégicos, Estados Unidos); Salma Kahale (Executivo Sênior de Assistência, projetos e iniciativas Escritório da Primeira-Dama, Síria); Najwa Kallas (Programa associado na Agenda dos Projetos da Juventude da Primeira- Dama, Síria); Hagai Katz (Diretor, Centro israelita de Pesquisa do Terceiro Setor, Universidade Ben-Gurion do Negev, Israel). Reunião de Consulta da Sociedade Civil, Alemanha Stefan Agerhem (Diretor Sênior, Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho /Cruz Vermelha Sueca); Ibrahim Betil (Presidente, TOG – Voluntários da Comunidade, Turquia); Elizabeth Burns (Ex-Presidente Mundial da Associação Internacional de Esforços Voluntários, Reino Unido); Jacqueline Butcher-Rivas (Presidente, CEMEFI, Centro de Filantropia Mexicano, México); Mei Cobb (VicePresidente, Voluntários e Funcionários Engajados, United Way Worldwide, Estados Unidos); Kate Cotton (Coordenador do Voluntariado Nacional, Serviço Voluntário Além-mar, Reino Unido); Philippe Fragnier (Unidade de Conhecimento de Gestão do Programa de Voluntariado Uniterra, CECI e WUSC, Canadá); Tuesday Gichuki (Diretor Executivo, NAVNET, Quênia); Rosemary Hindle (Executivo de Desenvolvimento Relações Exteriores, Associação Mundial de Guias e Escoteiras Femininas, Bélgica); Jeffery Huffines (Representante das Nações Unidas, CIVICUS,Estados Unidos); Viola Krebs (Fundador e Diretor Executivo, ICVolunteers, Suíça); Eva Mysliwiec (Fundador e Diretor Executivo,Juventude Estrela do Camboja); Mike Naftali (Fundador e Presidente, Brit Olam (Voluntariado e Desenvolvimento Internacional / Conselho Nacional de Voluntarismo, Israel); Kumi Naidoo (Diretor Executivo, Greenpeace Internacional, Holanda); Cary Pedicini (CEO, Voluntariado da Austrália, Austrália); Taimalieutu Kiwi Tamasese( Coodenador da Seção do Pacífico, Centro da família, Nova Zelândia); Francesco Volpini (Diretor, Coordenação do Comitê para o Serviço Voluntário Internacional, França); Saâd Zian (Diretor de Desenvolvimento Voluntário,Organização Mundial do Movimento Escoteiro, Suíça). Reunião de Consulta Regional da América do Norte Douglas Baer (Professor, Departamento de Sociologia, Universidade de Victoria, Canadá); Thomasina Borkman (Professor de Sociologia Emérita, Universidade George Mason, Estados Unidos); Jeffrey Brudney (Ocupa a cadeira Albert A. Levin nos Estudos Urbanos e Serviço Público, Faculdade Levin de Assuntos Urbanos, Universidade do Estado de Cleveland, Estados Unidos); Carol Carter (Consultor Principal, Consultoria IVA, Estados Unidos); Lilian Chatterjee (Diretoria Geral,Consultas e Alcances, Políticas de Estratégia e Desempenho no ramo, Agência Internacional de Desenvolvimento Canadense, Canadá); Ernest Gilmer Clary (Professor, Departamento de Psicologia, Faculdade de St. Catherine, Estados Unidos); Ram A. Cnaan (Presidente ARNOVA, Professor e Reitor Associado Sênior, Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos); Kathleen Dennis (Diretora Executiva, Associação Internacional do Esforço Voluntário,Estados Unidos); Christopher J. Einolf (Professor Assistente, Escola de Serviço Público, Universidade DePaul, Estados Unidos); Susan J. Ellis (Presidente, Energize Inc.,Estados Unidos); Barney Ellis-Perry (Conselheiro Estratégico, Voluntariado de Vancouver /Escritório de Estratégias Exteriores, Universidade British Columbia, Canadá); Megan Haddock (Coordenação de Pesquisas para Projetos Internacionais, Centro para Estudos da Sociedade Civil, Universidade Johns Hopkins,Estados Unidos); Michael H. Hall (Reitor, Estratégias de Impacto Social, Canadá); Femida Handy (Professor, Escola de Políticas e Práticas Sociais, Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos); David Lasby (Pesquisador Associado Sênior, Imagine Canadá, Canadá); Nancy Macduff (Treinadora e Consultora, Macduff/Bunt Associates, Faculdade, Universidade do Estado de Portland, Estados Unidos); Julie Fisher Melton (Associado, Escritório do Programa Aposentado, Fundação Kettering, Estados Unidos); Brandee Menoher (Diretor de Avaliação/Grau de Performance, Instituto Pontos de Luz, Estados Unidos); Rick Montpelier (Especialista em Operações e Programas, Corpo da Paz, Estados Unidos); Danny Pelletier (Diretor de Programas e Parcerias, CUSO-VSO, Canadá); Victor Pestoff (Professor Convidado, Instituto de Estudos da Sociedade Civil, Universidade Ersta Skondal, Suécia); Jack Quarter (Professor e Diretor, Centro de Economia Social, Universidade de Toronto, Canadá); David Ray (Chefe de estratégia e políticas públicas, Instituto Pontos de Luz, Estados Unidos); Sarah Jane Rehnborg (Direção Associada para Planejamento e Desenvolvimento, RGK Centro de Filantropia e Serviço Comunitário, LBJ Escola de Assuntos Públicos, Universidade do Texas, Estados Unidos); Lester Salamon (Diretor, Centro de Estudos da Sociedade Civil, Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos); Sarah Saso (Direção, Relações Comunitárias, Companhia Financeira Manulife, Canadá); Elizabeth Specht (Direção Executiva, Voluntários de Richmond, Canadá); Robert A. Stebbins (Professor, Departamento de Sociologia, Universidade de Calgary, Canadá); Richard A. Sundeen (Professor Emérito, Escola de Política, Planejamento e Desenvolvimento, Universidade do Sul da Califórnia, Estados Unidos); John Wilson (Professor Emérito, Departamento de Sociologia, Universidade Duke, Estados Unidos). Reunião de Consulta Regional África francófona, Senegal Ibrahim Ag Nock (Coordenador Nacional,Centro para a Promoção Nacional do Voluntariado para a Paz e Desenvolvimento, Mali); Gustave Assah (Presidente, Comissão Cívica para África, Projeto OSC/PNUD, Benin); Kossi Ayeh (Secretário Geral, Frères Agriculteurs et Artisans pour le Développement, Togo); Thierno Kane (Ex-Diretor, PNUD Divisão para a Sociedade Civil, e Membro, Quadro de Conselheiros técnicos UNV/SWVR, Senegal); Flavien Munzuluba Kinier (Secretário Nacional do Voluntariado, Ministério do Planejamento, República Democrática do Congo); Zélia Leite Rodrigues (Diretor, Programa Nacional de Voluntários, Cabo Verde); Ibrahim Patingde Alassane Ouedraogo (Diretor - Geral, Programa Nacional de Voluntários Burkina Faso); Benoit Ouoba (Secretário Executivo, Tin Tua, Burkina Faso); Rodolphe Soh (Diretor de Protecção Social para Pessoas com Deficiência e Pessoas mais velhas, Ministério dos Assuntos Sociais, Camarões); Saadé Souleye (Ex-Ministro de Planejamento e Desenvolvimento Regional e Desenvolvimento Comunitário, Níger); Papa Birama Thiam (Diretor, Assistência Técnica, Senegal). Reunião de Consulta Regional África anglófona, Quênia Raymonde Agossou (Chefe da Divisão de RH e Desenvolvimento da Juventude, da Comissão da União Africana, Etiópia); Fatma Alloo (Fundador, Associação da Tanzânia de Mídia da Mulher, Tanzânia); Salmina E. Jobe (Coordenador Nacional, Centro de Projeto Nacional de Serviços Voluntários, Gâmbia); Eve Lwembe-Mungai (Assessor de Desenvolvimento Voluntário, VSO Jitolee, Quênia); Winnie Mitullah (Professor Pesquisador Associado, Universidade de Nairobi, Quênia); Esther Mwaura-Muiru (Coordenador Nacional, GROOTS Kenya, Quênia); Dieudonné Nikiema (Especialista em Capacitação, da Comissão CEDEAO, Nigéria); Frances Birungi Odong (Diretor de Programas, UCOBAC, Uganda); Morena J. Rankopo (Conferencista,Coordenador de RSU, da Universidade de Botswana, Botswana); Murindwa Rutanga (Professor, Universidade Makerere /CODESRIA Representante, Uganda); Joyce Shaidi (Diretor, Departamento de Desenvolvimento do Jovem, Ministério da Informação, Cultura, Juventude e Desporto, Tanzânia); Benon Webare (Consultor, Desenvolvimento Profissional de Consultores Internacionais, Uganda); Susan Wilkinson-Maposa (Consultoria, África do Sul). Reunião de Consulta Regional Ásia-Pacífico, Tailândia Vinya Ariyaratne (Secretário Geral, Movimento Sarvodaya Shramadana, Sri Lanka); Tim Burns (Diretor Executivo, Voluntariado Nova Zelândia, Nova Zelândia); Kin-Man Chan (Diretor do Centro de Estudos da Sociedade Civil / Professor Adjunto de Sociologia, da Universidade Chinesa de Hong Kong, China); Kathryn Dinh (Consultor de Desenvolvimento Internacional, na Austrália); Yashavantha Dongre (Professor, Coordenador de Projetos em Terceiro Setor da Universidade de Mysore, na Índia); Debbie Haski-Leventhal (Professor Sênior, Escola de Graduação em Gestão Macquarie, Universidade Macquarie, Austrália); Chulhee Kang (Professor, Escola da Previdência Social, Universidade Yonsei, República da Coréia); Kang-Hyun Lee (Presidente, Associação Internacional de Esforços Voluntários, República da Coréia); Corazon Macaraig (Chefe do Escritório de Serviço Voluntário, Agência de Coordenação em Serviço Voluntário Nacional, Filipinas); Phra Win Mektripop (Comissão, Rede do Espírito Voluntário, Tailândia); Malanon Nuntinee (Secretaria, Centro Voluntário, Universidade Thammasat, Tailândia); Pooran Chandra Pandey (Diretor, Times Foundation, Times Group, da Índia); Rajesh Tandon (Presidente, Sociedade de Pesquisa Participativa na Ásia, Índia); Erna Witoelar (Presidente, Consórcio de Filantropia Ásia-Pacífico, Indonésia); Naoto Yamauchi (Professor de Economia Pública, Escola de Osaka de Políticas Públicas Internacionais, Universidade de Osaka, Japão); Zhibin Zhang (Professor Assistente, Universidade Tecnológica Nanyang, Cingapura). Reunião de Consulta Regional América Latina, Argentina Bruno Ayres (Diretor, Redes V2V, Brazil); Analía Bettoni Schafer (Coordenação de Área de Projeto, Instituto de Comunicação e Desenvolvimento, Uruguai); Fernanda Bornhausen Sá (Presidente, Instituto Voluntários em Ação, Brasil); Jacqueline Butcher-Rivas (Membro do Conselho, CEMEFI, México); Laura Carizzoni (Assistente, Comissão dos Capacetes Brancos, Argentina); Geovanna Collaguazo (Voluntário e Coordenador Nacional da Juventude, Cruz Vermelha, Equador); Gabriel Marcelo Fuks (Presidente, Comissão dos Capacetes Brancos, Argentina); Marcela Jiménez de la Jara (Conselheiro Sênior, Centro de Estudos da Sociedade Civil, Universidade Johns Hopkins, Estados Unidos); Mariana Lomé (Coordenação, Programa de Graduação de Organizações sem fins lucrativos, da Universidade de San Andrés, CEDES, Argentina); Raúl Edgardo Martínez Amador (Major, Voluntários do Corpo de Bombeiros, Distrito Central de Comayaguela, Honduras); Carolina Munín (Assistente, Comissão dos Capacetes Brancos, Argentina); Marta Muñoz Cárdenas (Vice-Direção, Christian Youth Association, Confederação de ONG colombiana , Colômbia); Juan Carlos Nadalich (Coordenador Técnico do Conselho Nacional para a Coordenação de Políticas Sociais, Argentina); René Olate (Pesquisador, Faculdade de Trabalho Social, Universidade do Estado de Ohio, Estados Unidos);Felipe Portocarrero (Reitor,Universidade do Pacífico, no Peru); Mario Roitter (Pesquisador, Centro de Pesquisa do Estado e da Sociedade, Argentina); Javiera Serani (Diretor Regional para o México e o Caribe, Fundação Um Teto para meu País, Chile); Cecilia Ugaz (Representante Residente Adjunto, PNUD, Argentina); Carlos Eduardo Zaballa (Coordenador VNU, Comissão dos Capacetes Brancos, Argentina). Acrônimos BwB Banqueiros sem Fronteiras CEPAL Comissão Econômica para América Latina e Caribe HIV/AIDS Vírus da Imunodeficiência Humana e Síndrome da Imunodeficiência adquirida IAVE Associação Internacional para o Esforço Voluntário CHW Agente comunitário de saúde CEI Comunidade dos Estados Independentes CNP Projeto Comparativo Johns Hopkins sobre Setor não-lucrativo ICNL Centro Internacional para Organizações sem Fins Lucrativos. Legislação ICNPO Classificação Internacional Organizações Não Lucrativas das CSI Índice da Sociedade Civil ICT Informação Científica e Tecnológica CSO Organização da Sociedade Civil RSC Responsabilidade Social Corporativa FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola CUSO Serviço Canadense FICV Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho Exterior da Universidade DFID Departamento Para o Desenvolvimento Internacional, Reino Unido IKS Sistemas de Conhecimentos Indígenas OIT Organização Internacional do Trabalho RRD Redução do Risco de Desastres OIM Organização Internacional para as Migrações EACEA Agência Executiva relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura CEDEAO Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental ISO Organização Internacional para UIT União Internacional de Telecomunicações IVS Serviço Internacional dos Voluntários UE União Européia IYV Ano Internacional dos Voluntários EVP Programa de Voluntariado empregado (Employee Volunteer Program) MARWOPNET Rede das Mulheres da União do Rio Mano para a Paz FBO Organização de base religiosa ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio FOCSIV Federação das Organizações Cristãs de Serviço Voluntário Internacional MRU União Do Rio De Mano PIB Produto Interno Bruto ONG Organização Não-Governamental GWP Pesquisa Gallup PEDN Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional HDR Relatório para o Desenvolvimento Humano NVM Movimento do Voluntário Nacional OCDE Organização para a Desenvolvimento Económico Cooperação e SADNET Rede Tecnológica da África Sulista em Estiagem (The Southern Africa Drought Technology Network) UNESCO Organização das Nações Unidas para a educação,ciência e cultura UNGC Pacto Global das Nações Unidas UNGA Assembleia Geral da ONU SIF Fundação Internacional de Singapura SMS Serviço de Mensagem Curta SWVR Relatório do Estado do Voluntariado no Mundo TICA Agência Tailandesa de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento UN IANWGE Agência sobre Mulheres e Igualdade de Gênero UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância UNISDR Estratégia Internacional para Redução de Desastres UNSC Conselho de Segurança das Nações Unidas ONU Organização das Nações Unidas VNU Programa de Voluntários das Nações Unidas UNCCD Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação UNCDF Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento do Capital UPS United Parcel Service (maior empresa de logística do mundo) USAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional UNDESA Departamento das Nações Unidas de Assuntos Econômicos e Sociais VSO Serviço voluntário no ultramar PNUD O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento WANEP Rede da África Ocidental para a Construção da Paz PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente OMS Organização Mundial da Saúde Conteúdo EQUIPE DO RELATÓRIO SOBRE O ESTADO DO VOLUNTARIADO NO MUNDO PRÓLOGO pelo Administrador, PNUD PREFÁCIO pelo Coordenador Executivo, VNU AGRADECIMENTOS CONTRIBUIÇÕES ACRÔNIMOS CONTEÚDO PANORAMA Voluntariado no mundo atual Novas faces do Voluntariado Voluntariado e o paradigma de desenvolvimento CAPÍTULO 1 Voluntarismo é universal Voluntarismo e os valores tradicionais Voluntariado despercebido O que é o Voluntarismo? Como o voluntarismo é expresso? Equívocos comuns sobre voluntariado Conclusões e discussões CAPÍTULO 2 Tomando as medidas do voluntariado Por que mensurar o voluntarismo? Diversas medidas de voluntariado Estudos Nacionais de Voluntários Seguindo uma medida global: destacando a iniciativa de medição internacional Estudo da Comissão Europeia Pesquisa Gallup (GWP) Pesquisa sobre Valores Mundiais (WVS) Projeto Comparativo Johns Hopkins sobre Setor não-lucrativo (CNP) CIVICUS Índice da Sociedade Civil (CSI) O Manual para a Mensuração do Trabalho Voluntário Conclusões e discussões CAPÍTULO 3 Voluntarismo no século XXI Introdução Voluntarismo e tecnologia Voluntarismo e as tecnologias de comunicação móvel Voluntarismo e a Internet Voluntarismo Internacional Voluntarismo e o setor privado Conclusões e discussões CAPÍTULO 4 Meios de Subsistência Sustentáveis Introdução O que são meios de subsistência sustentáveis? Voluntariado e o capital social Voluntariado e o capital humano Voluntariado e o capital natural Voluntariado e o capital físico Voluntariado e os bens financeiros Voluntariado e os bens políticos Conclusões e discussões CAPÍTULO 5 O voluntariado como uma força para a inclusão social O que é inclusão social? Os níveis de inclusão social Inclusão social dos grupos através do voluntariado Mulheres Jovens Pessoas mais velhas Pessoas com deficiência Migrantes 5 Pessoas que convivem com HIV/AIDS Conclusões e discussões CAPÍTULO 6 Voluntariado, coesão e gestão de conflitos Introdução Coesão Social e conflito violento Voluntariado e a prevenção de conflito Voluntariado durante conflitos Voluntariado na sequência do conflito Voluntariado e a promoção da paz Mulheres Jovens Conclusões e discussões CAPÍTULO 7 Voluntariado e Desastres Introdução Desastres e desenvolvimento Múltiplas funções de voluntariado em situações de desastres Antes de um desastre Prevenção e mitigação de desastres Preparação para desastres Resposta aos desastres Voluntariado e recuperação Conclusões e discussões CAPÍTULO 8 . Voluntariado e Bem-estar Introdução Voluntariado e bem-estar individual Voluntariado e bem estar da comunidade Bem-estar e política Conclusões e discussões CONCLUSÃO . O caminho a seguir Introdução É o momento certo NOTAS REFERÊNCIAS QUADROS O.1 O voluntariado como um componente valioso de planos de desenvolvimento O.2 O voluntariado como uma âncora em face das mudanças globais 1.1 As formas tradicionais de voluntariado 1.2 Voluntários em previsões meteorológicas 1.3 Ensinar os pobres na Índia 1.4 Cooperativas de agricultores ajudam agricultores da Zâmbia a sobreviver e prosperar 1.5 Primavera árabe - Egito em Cores 1.6 Parceria Pública e Comunitária contra a pobreza e a tuberculose 1.7 Filantropia africana - uma forte tradição 1.8 De construção de casas a uma cidadania ativa 1.9 Promoção de leis e políticas que apóiam o voluntariado 2.1 Valores voluntários 2.2 Usando calendários da comunidade para medir o valor do voluntariado 2.3 Além do valor econômico 2.4 Jovens Voluntários da União Africana 2.5 Primeiro levantamento do voluntariado em Bangladesh 2.6 De construção de casas a uma cidadania ativa 2.7 Melhores Práticas na medição do voluntariado 3.1 Monitoramento de eleições por SMS 3.2 Voluntariado Online 3.3 Voluntariado online livre para quem desejar 3.4 Micro-Voluntariado da Kraft Foods 3.5 Amigos da Tailândia no Butão 3.6 JICA Voluntários Sênior 3.7 Programa Voluntário da Diáspora Etíope 3.8 Necessidade de princípios e valores nos negócios 3.9 Empregado voluntariado e os ODM 3.10 Voluntariado Corporativo 3.11 Banqueiros sem Fronteiras 3.12 Aproximando pessoas e causas 4.1 Motoristas de táxi do Camboja ajudam a combater a malária 4.2 Educação para a construção de capital humano 4.3 Santuários dos moluscos tonganeses gigantes 4.4 Voluntários da comunidade assumindo a liderança 4.5 Voluntariado transfronteiriço na Mexican Hometown Associations 4.6 Voluntariado para a equidade de gênero na América Latina 5.1 Voluntarismo é um comportamento social 5.2 Aposentado e engajado 5.3 Ajuda tradicional no Brasil – mutirão 5.4 A participação política dos povos indígenas 5.5 Conselho Pastoral das Mulheres Maasai 5.6 Aumentando a empregabilidade dos jovens na Bósnia e Herzegovina 5.7 Tem facilidade – vá ser voluntário 5.8 Imigrante voluntariado: Nova Zelândia 5.9 Falando Positivo sobre HIV: China 6.1 Criando pontes entre fronteiras étnicas 6.2 Organização do Voluntariado Muçulmano nas Filipinas 6.3 Comunidade se voluntariando pela paz 6.4 Mulheres que lutam para serem ouvidas 6.5 Juventude Promover a recuperação pós-conflito na Libéria 7.1 Boas práticas para a resiliência da comunidade 7.2 Voluntários em alerta para salvar vidas 7.3 Terremoto em Christchurch: voluntários de todos os tipos 7.4 Resposta precoce no Haiti 7.5 A recuperação de desastres e o espírito gotong royong 8.1 Felicidade Nacional Bruta no Butão 8.2 Voluntariado e bem-estar individual 8.3 Bem-estar através do voluntariado no Brasil 8.4 Vivendo bem C.1 Reconhecendo a contribuição do voluntarismo FIGURAS FIGURA 2.1 Se os voluntários fossem uma nação FIGURA 2.2 Valor do trabalho voluntário como proporção do PIB FIGURA 2.3 CIVICUS Diamante da Sociedade Civil O VOLUNTARIADO É UNIVERSAL CAPÍTULO 1 O voluntariado é universal O voluntariado é uma expressão do envolvimento do indivíduo na sua comunidade. Participação, confiança, solidariedade e reciprocidade, baseado em um entendimento compartilhado e no senso das obrigações em comum, são valores que se reforçam mutuamente no coração do governo e da boa cidadania. O voluntariado não é um vestígio nostálgico do passado. É a nossa primeira linha de defesa contra a fragmentação social em um mundo globalizado. Hoje, talvez mais do que nunca, cuidar e compartilhar é uma necessidade, não um ato de caridade. VNU (Novembro, 2000) O voluntariado e os valores tradicionais O voluntariado é uma das expressões mais básicas do comportamento humano e surge das antigas tradições de partilha e trocas mútuas, que há muito tempo já foram estabelecidas. No seu núcleo estão os relacionamentos e o seu potencial para engrandecer o bem-estar dos indivíduos e da comunidade. A coesão social e a confiança, por exemplo, prosperam onde o voluntariado é prevalente. O voluntariado não é apenas a coluna vertebral das organizações da sociedade civil, social e dos movimentos políticos, mas também da saúde, educação, habitação e programas ambientais e uma série de outros segmentos da sociedade, programas do setor público e privado em todo o mundo. É uma parte integrante de toda a sociedade. No coração desse relatório estão valores. Em muitas comunidades ao redor do mundo, sistemas estão profundamente enraizados, caracterizados pela solidariedade, compaixão, empatia e respeito pelos outros, muitas vezes expressos por meio da doação de tempo. O voluntariado também expressa o desejo de agir nos sentimentos de justiça e imparcialidade diante da desigualdade e promover a harmonia social, baseado em um interesse comum no bem-estar da comunidade. Na maioria dos idiomas, há palavras que expressam o conceito de voluntariado. Frequentemente inspirado pelas tradições indígenas, elas descrevem os principais caminhos pelos quais as pessoas coletivamente aplicam suas energias, talentos, conhecimentos e outros recursos para o benefício mútuo. O ato de voluntariar-se é bem conhecido por todo o mundo, mesmo que a palavra não seja. Quadro 1.1: As formas tradicionais de voluntariado Em muitos países, o voluntariado está profundamente enraizado nas crenças tradicionais e nas práticas da comunidade. Na Noruega, por exemplo, o termo Dugnad descreve o coletivo do trabalho voluntário: um projeto tradicional de cooperação dentro de um grupo social como família, vizinhança, comunidade, região, área profissional ou nação. Um exemplo é a limpeza das áreas urbanas na primavera. Dugnad é justamente a doação de tempo ou dinheiro. É também o desenvolvimento do senso de comunidade e a construção de relacionamentos entre vizinhos e membros da comunidade. No mundo árabe, o voluntariado tem sido associado a ajudar as pessoas nas celebrações ou em momentos difíceis e é considerado um dever religioso e um trabalho beneficente. O voluntariado em árabe é (tatawa’a) ( ) عوطتque significa doar algo. Também significa comprometer-se com uma atividade beneficente que não seja uma exigência religiosa. Surgiu da palavra (al-taw’a) ( ) عوط الque significa obediência, suavidade e flexibilidade. O conceito está adquirindo novas formas como resultado da modernização e do desenvolvimento das instituições governamentais e não-governamentais. Na África Austral, o conceito de Ubuntu define o indivíduo em relação aos outros. Nas palavras de Nelson Mandela: “Um viajante que passa por um país pararia em uma vila e não precisaria perguntar por comida ou água. Uma vez que ele para, o povo entrega-lhe comida, o entretem. Isso é um aspecto do Ubuntu, mas ele terá muitos aspectos. O Ubuntu não significa que as pessoas não devem enriquecer-se. A questão, portanto, é: Você vai fazer isso para permitir que a comunidade ao seu redor seja capaz de melhorar?” Fontes: Haugestad. (25-30 de julho de 2004); Leland. (29 de agosto de 2010); Mandela. (1 de junho de 2006); Nita Kapoor,[Diretora geral, Fredskorpset (FK Norway)], Comunicação Pessoal. (27 de julho de 2011); Shatti. (2009). Relatório do estado do voluntariado mundial 2011 Por exemplo, elementos da filosofia do Ubuntu, comum por toda a África Austral, são encontrados em muitas tradições ao redor do mundo. O Ubuntu valoriza o ato de cuidar do bem-estar alheio no espírito de apoio mútuo. É baseado no reconhecimento da dignidade humana, relacionamentos em comum, valores humanos e respeito pelo meio ambiente e os seus recursos. ² Como um papel oficial do governo sul africano explica: “Cada bondade de um indivíduo é perfeitamente expressa por meio do seu relacionamento com os outros. O Ubuntu significa que pessoas são pessoas através de outras pessoas. Também reconhece os direitos e as responsabilidades de cada cidadão em promover o bem-estar individual e social.” O voluntariado voando sob o radar O voluntariado ainda voa em grande parte sob o radar dos políticos preocupados com a paz e o desenvolvimento, apesar de uma década da legislação intergovernamental adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas. O engajamento voluntário já é tão importante que muitas sociedades teriam dificuldades para funcionar sem ele. Uma imagem significativa é fornecida pelas previsões meteorológicas. Nós podemos não dar a devida atenção a como elas são produzidas, no entanto, causam grande impacto em nossas vidas, nossa saúde, nosso lazer e atividades produtivas. Além disso, elas refletem os esforços das pessoas que atuam na base do voluntariado. Isso porque os dados de satélites e radar do tempo são mais úteis quando comparados ao que está acontecendo na terra. A medição e a comunicação dos dados sobre a precipitação local realizada pelos voluntários são essenciais para calibrar as informações coletadas por meio de sensoriamento remoto e para torná-las mais precisas. Em muitas regiões, os voluntários fornecem diariamente mais dados pontuais do que as redes de observações oficiais. ⁴ Exemplos similares do voluntariado voando sob o radar podem ser encontrados em todo o amplo espectro de trabalho das Nações Unidas. O voluntariado é universal e imenso, representa um enorme reservatório de habilidades, energia e conhecimento local para paz e desenvolvimento. No entanto, em todo o mundo não existe qualquer estudo abrangente e comparativo sobre o voluntariado. Os estados mais desenvolvidos possuem seus próprios estudos nacionais. Os esforços iniciais para mapear o voluntariado, amplamente apoiados pelos Voluntários das Nações Unidas (VNU), foram realizados em um número limitado de países em desenvolvimento. Entre os desafios de pesquisar o voluntariado, três destacam-se. Primeiramente, não há um consenso sobre o que é o voluntariado e como ele manifesta-se; em segundo lugar, há equívocos generalizados, em contradição com dados empíricos e informações anedóticas, que obscurece a natureza e a extensão do voluntariado; e, em terceiro lugar, não há uma concordância metodológica para acessar o volume e o valor da ação voluntária. O voluntariado ainda voa sob o radar, no entanto muitas sociedades teriam dificuldades para funcionar sem ele. O que é voluntariado? Essa questão parece simples, mas a literatura acadêmica e os quadros jurídicos nacionais revelam uma multiplicidade de definições. Em algumas partes do mundo em desenvolvimento, o termo “voluntário” é uma importação recente do Norte e refere-se essencialmente a expressões de voluntariado internacional. Contudo, não se percebe que as formas de apoio mútuo e de auto-ajuda, que estão inclusas nesse relatório, também se enquadram na definição de voluntariado e merecem ser estudadas e reconhecidas como tal. A definição que usamos para trabalho é aquela adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2011. Primeiramente, a ação deve ser realizada voluntariamente, de acordo com a vontade do indivíduo, e não como uma obrigação prevista em lei, contrato ou exigência acadêmica. A decisão de voluntariar pode ser influenciada pela pressão social, valores pessoais ou obrigações culturais ou sociais, mas o indivíduo deve ser capaz de escolher se quer ou não agir. O “Voluntariado obrigatório”, tais como serviço comunitário como uma alternativa ao dever militar ou penas de prisão para criminosos, cai fora do âmbito deste relatório. Aqui não há juízo de valor em tais formas de serviço. Sob certas circunstâncias, eles podem ser positivos, até plantando as sementes para o futuro do voluntariado. Em segundo lugar, a ação não deve ser Quadro 1.2: Os voluntários na previsão meteorológica realizada, principalmente, recompensa A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) escolheu “Voluntário para tempo, clima e água” como o tema para o dia mundial da Meteorologia em 2001, para dar maior reconhecimento e maior destaque financeira. pela Algum reembolso para despesas ou bolsa auxílio, ou pagamentos em forma de para a contribuição dos voluntários na meteorologia e hidrologia. De fato, refeições ou transporte, pode ser desde os primeiros dias dessas ciências, voluntários, tanto indivíduos justificado. Na verdade, esses tipos de quanto de instituições como escolas ou grupos religiosos, são conhecidos pagamentos por terem assistido meteorologistas e hidrólogos, especialmente em seu considerados como boas práticas, já trabalho operacional e na promoção das ciências. Nesse campo, voluntários são conhecidos por sua perseverança e comprometimento e são frequentemente que geram oportunidades para uma por compartilhar uma fascinação pelo fenômeno meteorológico e ação mais acessível e inclusiva dos hidrológico. Em alguns países, especialmente no caso de catástrofes voluntários. As ações realizadas com naturais, os voluntários são frequentemente chamados para fazer as salário, medições e comunicar os dados quase em tempo real, tais como tais voluntariado como ocorre quando no o horário precipitação, temperatura e o nível de rios, para alertar a população sob comercial, também são reconhecidas como voluntariado, desde que o empregado não receba um ameaça. Os voluntários observadores de tempestades fornecem incentivo financeiro adicional. Éque compreensível que, nesses casos, informações locais e atualizadas muitas vezes complementam as a empresa está voluntariamente abrindo mão do horário de pelos trabalho empregado,e satélites. um aspecto de responsabilidade social corporativa. Os informações fornecidas radaresdo meteorológicos parâmetros da nossa definição também incluem programas de voluntariado integral, tanto nacionais Fonte: OMM. (2001). quanto internacionais, que podem pagar pensão, normalmente calculada de acordo com as despesas locais. Levam-se em consideração custos associados com a vida longe de seu ambiente familiar e a ausência de uma fonte de renda. Em terceiro lugar, a ação deve ser para o bem comum. Ela deve, diretamente ou indiretamente, beneficiar pessoas fora do convívio familiar ou beneficiar uma causa, apesar do voluntário ser beneficiado também. Em muitas culturas, um voluntário é frequentemente descrito como “alguém que trabalha para o bem-estar da comunidade”. ⁵ A noção do que constitui o bem comum pode ser controversa. Por exemplo, quando as pessoas participam de um protesto pacífico a favor ou contra a pesquisa com animais ou a construção de uma barragem, ambos os lados procuram o que eles consideram resultados positivos. Eles estão inclusos na nossa definição. As atividades que envolvam, ou incitam, a violência prejudicial à sociedade e as ações que não correspondem aos valores atribuídos ao voluntariado não estão inclusos na nossa definição. Os três critérios, livre arbítrio, motivação sem fins lucrativos e benefício a terceiros, podem ser aplicados a qualquer ação para avaliar se ela é voluntária. As Nações Unidas usam uma abordagem de grande escala através do reconhecimento de numerosas e variadas manifestações de voluntariado, encontradas em diferentes contextos sociais e culturais. Um parâmetro adicional do voluntariado, que é algumas vezes mencionado, é um elemento de organização. ⁶ Muitos estudos empíricos estão preocupados com o voluntariado desenvolvido no âmbito de organizações formais. Contudo, focar apenas nesse aspecto do voluntariado desconsidera uma grande quantidade de ações voluntárias. Nossa definição é mais ampla. Ela inclui muitas ações do voluntariado que acontecem fora do contexto formal. Essa ampla definição reflete o que nós fortemente acreditamos ser a natureza universal do voluntariado. Os três critérios, livre arbítrio, motivação sem fins lucrativos e benefício a terceiros, podem ser aplicados a qualquer ação para avaliar se ela é voluntária. Com certeza, existem inúmeros atos individuais de bondade com os quais as pessoas comprometem-se, como cuidar de uma pessoa doente, ajudar o filho do vizinho com a sua lição escolar ou fornecer comida e abrigo para um estranho. Nós reconhecemos que o “voluntariado” é frequentemente usado na linguagem geral para ações onde tempo, energia e habilidades foram gastos à vontade e sem um custo. Tais ações são parte vital de sociedades solidárias e compassivas, nas quais são relatados elevados níveis de bem-estar e muitas pesquisas indicam uma correlação positiva com o voluntariado. Este relatório foca essencialmente no voluntariado desenvolvido no cotidiano. A principal exceção é a expansão espontânea e desorganizada do voluntariado comumente encontrado após uma catástrofe natural ou outros tipos de emergências, quando a ação individual une a uma massa crítica com impactos significativos. Esses tendem a ser muito bem documentados. Como o voluntariado é expresso? A primeira, a mais comumente compreensível expressão do voluntariado, é a prestação de serviço formal, ou seja, a prestação de um serviço a terceiros. Isso normalmente ocorre por meio de estruturas que abrangem uma ampla gama de campos sociais, culturais e de desenvolvimento. Tais organizações, sejam formalmente registradas ou não, podem ajudar a fornecer uma infinidade de serviços, que incluem a construção de casas de baixo custo; cuidados e apoio às pessoas com HIV/AIDS; a disseminação de informações sobre o uso de mosquiteiros contra a malária; a alfabetização; e a participação em associações de pais nas escolas. Essa forma de voluntariado pode envolver a prestação de um serviço ou o levantamento e a administração dos fundos que o apóia. Geralmente há um acordo sobre os termos de compromisso entre o voluntário e a organização em questão, que inclui treinamento. O reconhecimento de projetos pode existir, assim como algumas formas de pagamento ou reembolso de despesas. A segunda forma de voluntariado é a ajuda mútua ou a auto-ajuda, quando pessoas com necessidades em comum, problemas ou interesses, unem forças para enfrentá-los. No processo, os membros do grupo beneficiam-se. Alguns exemplos são grupos de jovens liderados por jovens, associações de mulheres e grupos de usuários de recursos naturais. Em muitas culturas, comunidades inteiras comprometem-se em empreendimentos coletivos para plantar e colher, construir defesas contra inundações, coletar lenha para o uso comum e organizar casamentos ou funerais. Em algumas sociedades, as atividades voluntárias são organizadas no nível da comunidade. A reciprocidade também assume a forma de ajuda aos grupos, onde as pessoas se reúnem para discutir as mesmas preocupações, muitas vezes encobertas por problemas mentais, emocionais ou físicos. Além das reuniões para fornecer apoio moral e oferecer um espaço para compartilhar informações, eles também podem envolver-se com a advocacia. Algumas vezes, o caso é esse com os grupos de apoio as pessoas com HIV/AIDS, por exemplo. A ajuda mútua também é encontrada em afiliações profissionais, tais como sindicatos. Enquanto protegem os interesses e promovem o bem-estar dos seus membros, eles também discutem os problemas sociais na comunidade. Da mesma forma, o voluntariado é encontrado em organismos profissionais e científicos e em associações empresariais e comerciais. Tais organismos possuem, normalmente, um grupo de pessoas oficiais e de administradores, eleitos pelos associados, que executam as funções do voluntariado. Há também muitas ações voluntárias que são melhores rotuladas como “participação civil”. Por exemplo, existem apoios e campanhas que visam o efeito ou impedem a mudança. A participação civil inclui campanhas locais e de pequena escala com duração limitada. Os exemplos podem incluir a pressão em autoridades locais para fornecer iluminação pública, coleta de lixo ou água potável ou campanhas para impedir uma empresa privada de construir uma usina de processamento que poluirá as imediações. Em outros casos, a ação voluntária em menor escala pode ganhar força e transformar em campanhas nacionais, como o movimento anti-apartheid na África do Sul ou o movimento Chipko na Índia. Este último começou na década de 1970 com um pequeno grupo de mulheres Quadro 1.3: Ensinando os pobres na Índia Em 2008, “Ensinando a Índia” foi a maior campanha de camponesas no Himalaia de Uttarakhand lutando pela alfabetização liderada por voluntários, que ensinaram proteção de suas floretas. Tornou-se um movimento crianças e adultos carentes nas cidades da Índia. A nacional que conseguiu ter as proibições impostas à iniciativa foi lançada pelo jornal The Times of India com o derrubada de árvores em várias partes do país.⁷ Mais recentemente, alguns estados árabes têm visto um apoio do programa dos Voluntários das Nações Unidas (VNU). Seu objetivo era facilitar o progresso no sentido de alcançar o ensino básico universal, um dos oito grande número de manifestantes lutando por uma Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das mudança democrática, por meio de manifestações Nações Unidas. O jornal The Times of India realizou uma públicas e outras formas de protestos. Movimentos campanha bastante repercutida na mídia com o slogan: sociais podem se tornar globais quando uma constelação de organizações, campanhas, redes e “O que você ensina aqui não é algo que ajudará a criança a chegar à série seguinte. Mas chegar a um futuro livre de pobreza e de privações.” indivíduos se unem em torno de questões sociais Em poucos dias, a campanha mobilizou profissionais em importantes, tais como defender os direitos de atividade e aposentados, homens e mulheres, assim mulheres ou pessoas indígenas, ou lutar pela como estudantes que se comprometeram a ensinar erradicação de minas terrestres. Em todos esses casos, pessoas fornecem a participação ativa, entusiasmo e etos que transformam o status quo. Além do benefício direto de tal voluntariado, existem durante três meses com uma das mais de 60 ONGs envolvidas. O recrutamento de voluntários começou em 6 de julho. Até o final das inscrições, 83000 homens e mulheres estavam registrados. benefícios intangíveis para a sociedade. A ação voluntária dá às pessoas um senso de controle sobre aspectos importantes de suas vidas. Piyush Dhawan, um estudante de economia comercial na Universidade de Delhi, integrou uma organização sem fins lucrativos para ensinar crianças carentes na capital. Ele diz “Ensinando a Índia forneceu uma plataforma perfeita para que pessoas de mesma opinião O voluntariado como uma expressão de participação combatessem as desigualdades sociais e educacionais da cívica é geralmente associada à religião, que, como o Índia. Eu tive a chance de envolver estudantes de vários voluntariado, também se baseia fortemente em valores. Todas as principais religiões reconhecem os benefícios da doação termos pessoa. Ensinando a Índia tem o potencial para catalisar e desenvolver um movimento nacional que pode humanidade e bondade, assim como em termos de fornecer oportunidades para muitas crianças carentes da auto-realização. Índia.” mostram de em inglês, o que também me ajudou a crescer como justiça, Estudos em níveis de informática e oferecer conhecimentos básicos que pessoas religiosas são, geralmente, mais engajadas que pessoas não-religiosas.8 Para a maioria das religiões, o trabalho Fontes: itimes. (2008); Times of India. (6 de julho de 2008); VNU. (2008a). comunitário é um atributo de suas congregações, seja na ajuda em atividades relacionadas à adoração ou encorajando os membros a utilizarem seu conhecimento para beneficiar uma comunidade maior. O tipo de ação voluntária promovida pode variar entre serviços diretos aos necessitados, serviços de educação e saúde, atividades de apoio à comunidade tais como associações comunitárias e a defesa de mudanças sociais em áreas ambientais e de direitos civis. 9 Na América Latina, por exemplo, as igrejas têm um papel importante no apoio a programas de voluntariado e organizações que promovem desenvolvimento social e econômico. Elas fornecem voluntários com forte senso comunitário. Quadro 1.4: As cooperativas de agricultores ajudam agricultores da Zâmbia a sobreviver e a prosperar. Roteiro 8 do Rádio (trechos): Apresentador: O setor agrícola na Zâmbia está enfrentando muitos desafios, o clima está piorando, desestabilizando a colheita e a pecuária... A cooperativa dos agricultores fornece uma estratégia para aliviar a crise em muitas comunidades rurais na Zâmbia... As cooperativas têm uma adesão livre e voluntária; elas são democraticamente controladas por seus membros; seus membros participam economicamente em suas atividades; elas são independentes do controle do governo ou indústria; elas oferecem educação, treinamento e informação para os seus membros; e elas estão preocupadas com a comunidade local. Por que você formou a Cooperativa Nakabu? Agricultor: Em 2006, eu cultivava dois hectares de terra e plantava milho com o intuito de vender para o sustento da minha família. Mas, infelizmente, naquele ano Mumbwa sofreu uma estiagem e eu acabei colhendo muito pouco., pouco demais até para comer em casa, muito menos para vender e levar meus seis filhos para a escola. A vida tornou-se difícil para mim e minha família. Eu sentei com quatro dos meus amigos, que também eram agricultores na minha região, e nós discutimos a ideia de formar uma cooperativa de agricultores para fazer da agricultura um negócio sério e para encontrar meios para sobreviver. Apresentador: Quantos membros você teve no início? Agricultor: Havia um total de 49 membros... Todos os membros têm um voto igual – um membro, um voto, então todos são iguais na cooperativa. Depois de juntar nosso dinheiro, nós compramos milho dos agricultores em vilas vizinhas, então viajamos para Lusaka e vendemos o milho para uma empresa de moagem. Foi fácil vender o milho porque nós éramos um grupo e tínhamos um grande volume quando juntamos nossas colheitas. Apresentador: Quais as diferenças você tem notado nas suas vidas desde que vocês começaram a cooperativa? Agricultor: Há muito progresso na minha vida como um individuo, assim como nas vidas dos outros membros. Falando por mim, todos os meus seis filhos estão na escola agora. ... Há muitas cooperativas com diferentes habilidades. Nós estamos visitando cada uma para aprender um do outro... Nós temos aprendido novas técnicas para reduzir os prejuízos causados por inundações e a conservar água em épocas de seca. A Cooperativa Nakabu está indo bem, mesmo com todos os desafios no setor agrícola do país, porque nós somos unidos e porque nós trabalhamos juntos para garantir o futuro de nossas famílias. Fonte: Banda. (2008). Organizações Baseadas na Fé (OFB) envolvem um grande número de voluntários. Muitas focam em pessoas que vivem em condições de pobreza extrema, tal como a Chilena Hogar de Christo, uma organização Jesuíta que promove a inclusão social dos pobres. Na Tailândia, o Interfaith Network on HIV/AIDS (Rede Inter-religiosa do HIV/AIDS) mobiliza voluntários de comunidades budistas, muçulmanas, católicas e protestantes no país inteiro para organizar atividades de cuidados em domicílio para pessoas com AIDS que vivem em regiões remotas. OFBs como a World Vision e Islamic Relief compreendem um número significativo de voluntários. A Cáritas, focada em reduzir a pobreza e injustiça, auxilia cerca de 24 milhões de pessoas por ano, com 440.000 funcionários assalariados e 625.000 voluntários em todo mundo. De acordo com o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, as OFBs são provedoras cruciais de cuidados médicos em áreas rurais e cuidados com órfãos em países em desenvolvimento. Quadro 1.5: Primavera Árabe – Egito em Cores Depois do dia 25 de janeiro de 2011, um dia de protestos pacíficos de centenas no Cairo, cinco estudantes de graduação decidiram falar ao público na sua “Um componente crítico da resposta própria língua: a arte. mundial a essas doenças é o trabalho das organizações baseadas na fé (OFBs). No dia 11 de fevereiro, as cinco jovens criaram um grafite simples na parede com mensagens motivacionais: “Com ciência e trabalho duro, as nações progridem”, “Tafa’al” (seja otimista). Inspiradas pela reação positiva à sua Historicamente, as OFBs estão à frente da luta contra doenças em países em iniciativa, as jovens perceberam que podiam tocar a comunidade egípcia com desenvolvimento. Elas fornecem uma mensagem criativa e fazer a diferença no seu dia-a-dia através de arte e prevenção, tratamento e apoio, com cor nas ruas. consequências pra toda vida, para aqueles que mais precisam. Isto é particularmente As jovens artistas decidiram pintar uma enorme parede em Maadi, um subúrbio de Cairo. Elas anunciaram a decisão no Twitter e no Facebook, relevante em áreas rurais e isoladas ao convidando outros a participar. Ficaram surpresas ao encontrarem o redor do mundo, onde o trabalho das engajamento entusiasmado da comunidade local. Oitenta e cinco voluntários OFBs afeta a vida de milhões de crianças e se juntaram a elas na pintura, inclusive dúzias de crianças interessadas. famílias.” 14 Membros da comunidade não só testemunharam as paredes ganharem cores novas e vivas, mas também participaram do processo se voluntariando para limpar a área. As muitas e variadas categorizações do voluntariado torna difícil avaliar o Entusiasmadas com a experiência, as jovens decidiram criar um grupo e o tamanho e a extensão do trabalho chamaram de “Egito em Cores”. O grupo agora conta com 25 jovens, mulheres voluntário, e homens, com uma coisa em comum: o amor pelo Egito e a arte. Fonte: Revista Teen Stuff. (Agosto, 2011). percepções e contribui errôneas para a formar cerca do voluntariado. No entanto, elas refletem a riqueza e a natureza ampla da ação voluntária. “Palavras como ‘voluntariado’ são conceitos tanto populares quando científicos... Frequentemente, seus significados são contestados. As pessoas não concordam sobre o que deve ser contado como trabalho voluntário. Às vezes elas usam palavras como ‘voluntariado’ para rotular pessoas e suas ações com o propósito de denegri-las; outras vezes, a mesma palavra é usada para indicar aprovação”. Tomadas juntas, as percepções descritas se enquadram no que é chamado de “paradigma dominante”16 do voluntariado. Um entendimento adequado da universalidade do voluntariado necessita que a névoa que envolve a ação voluntária seja dissipada para revelar a real extensão dos seus contornos. Uma vez que a escala do voluntariado se torne verdadeiramente apreciada, será possível seguir em frente e examinar sua contribuição em questões globais. O restante deste relatório utiliza contexto das Nações Unidas de livre-arbítrio, motivações sem fins lucrativos e benefício a terceiros como os parâmetros de definição do voluntariado. Entrega de serviço formal, apoio mútuo e auto-ajuda, e participação cívica são utilizados para definir suas expressões. Entretanto, é importante lembrar que as expressões do voluntariado também são influenciadas pela cultura local e circunstâncias sociais. Um entendimento adequado da universalidade do voluntariado necessita que a névoa que envolve a ação voluntária seja dissipada para revelar a real extensão dos seus contornos Percepções errôneas sobre voluntariado Existem várias percepções errôneas que dificultam a compreensão adequada da universalidade do voluntariado, mesmo que largamente refutada por um crescente acervo de evidências empíricas e casuais. Essas ilusões devem ser apagadas para que a real extensão do voluntariado seja revelada e para tornar possível analisar suas contribuições para questões globais. Percepção errônea número 1: A ação voluntária só ocorre através de ONGs formais, estruturadas e legalmente reconhecidas, geralmente em países desenvolvidos, com algum tipo de acordo entre o voluntário e a organização. Como tais organizações estão predominantemente localizadas em países desenvolvidos, isso contribui para a noção de que o voluntariado é geralmente encontrado em tais países. Na realidade, grande parte do voluntariado descrito nesse relatório ocorre através de pequenos grupos locais, clubes e associações, que são a base de uma sociedade civil em países industrializados, assim como em países em desenvolvimento. Além do mais, evidências empíricas em países em desenvolvimento pintam um quadro diferente. Para citar apenas um exemplo, pesquisas no México mostram que a maior parte da atividade voluntária no país ocorre fora de organizações formais. Isso acontece porque as circunstâncias legais e fiscais no México não encorajam a criação de organizações de sociedade civil formais. Além disso, existe uma cultura limitada de participação de grupos formais. 17 Percepção errônea número 2: O voluntariado ocorre somente no setor da sociedade civil. Isto é falso. A ação voluntária é universal; ela não ocorre exclusivamente em um “setor”, mas permeia todos os aspectos da vida. Muitos serviços do setor público, por exemplo, dependem de voluntários: escolas e serviços hospitalares e de saúde, policiamento de vizinhanças, guarda costeira e corpo de bombeiros, todos dependem de voluntários. O voluntariado também pode ser encontrado em programas sociais nacionais do governo, em áreas como a de imunização e alfabetização. Desde 1988, a Iniciativa Global de Erradicação da Quadro 1.6: Parceria pública e comunitária contra a pobreza e a tuberculose Pólio, liderada governos Organização A Tuberculose (TB) é uma doença infecciosa associada a pobreza e baixos níveis salariais. Em Karakalpakstan, uma região semi-autônoma do Uzbequistão, a doença atingiu proporções epidêmicas e intensifica a pobreza local. O ministério da saúde do Saúde, por nacionais, a Mundial da UNICEF e Rotary Internacional, imunizou mais Uzbequistão tem atacado o problema da alta incidência de pobreza e tuberculose de 2,5 bilhões de crianças com as Nações Unidas, a sociedade civil local, o governo distrital e com o Mahalla, contra a pólio, graças a um comitê de voluntariado local tradicional que apóia o bem-estar e ajuda a cooperação sem precedentes melhorar o meio de vida. Desde 1994, foi dada ao Mahalla mais responsabilidade pelo direcionamento da assistência social do Governo Central. Através dos Comitês Mahalla e autoridades locais, 32 Treinadores de Voluntários Comunitários foram de mais de 200 países e 20 milhões de voluntários, a treinados. Eles, por sua vez, recrutaram e treinaram mais 30 voluntários. Após três maioria local, respaldada por ciclos de treinamento, existem agora quase 3000 voluntários promovendo a um conscientização da TB, auxiliando na melhoria dos sistemas de saúde e suprimento internacional de mais de 8 de água, dando apoio aos pacientes que foram bem-sucedidos no tratamento da TB e apoiando atividades domiciliares que geram renda entre pacientes da TB e suas famílias. investimento bilhões de americanos. restavam dólares Em somente 2006, quatro “Graças aos Voluntários Comunitários e seu trabalho duro, agora mais pessoas países onde a transmissão de procuram médicos e se consultam a tempo, o que é de extrema importância no pólio não havia sido cessada tratamento da TB” (N Orazimbetova, 2011). Fontes: PNUD (2011); Nesibele Orazimbetova [Médico-Chefe, distrito de Karauzyak], Discurso na cerimônia de abertura do consultório de TB. (14 de janeiro de 2011). e onde os números anual de casos havia caído mais de 99 por cento. Além disso, o engajamento de voluntários no setor privado apresenta um crescimento constante desde meados da década de 90, a maior parte dentro da estrutura de Responsabilidade Social Corporativa (RSC). O setor emprega uma proporção significativa da população mundial, muitos dos quais são voluntários. O voluntariado é uma importante expressão da RSC, com mais de 90 por cento das empresas da Fortune 500 tendo voluntários como funcionários formais e programas de doação. Quadro 1.7: Filantropia Africana – uma tradição de força A filantropia africana não é algo que necessite ser apresentada por Percepção errônea número 3: O alguém, porque os africanos têm uma forte tradição de auto-ajuda, voluntariado é exclusividade dos bem- auto-apoio, instituições voluntárias e crédito rotativo e associações educados e afortunados, daqueles que tem tempo e dinheiro disponíveis. Na verdade, como as stokvels sul-africanas. No entanto, nós ainda não conseguimos explorar essa tradição e não costumamos pensar nas suas várias expressões e ferramentas de desenvolvimento. uma pesquisa empírica em expansão indica que o voluntariado é predominante entre as Fonte: Wilkinson-Maposa, Fowler, Oliver-Evans & Mulenga. (2005). pessoas de salários mais baixos que se engajam no trabalho voluntário para se beneficiar e ajudar suas comunidades. Seus recursos, incluindo conhecimento local, habilidades, trabalho e rede social geralmente desempenham um papel crucial na sobrevivência de estresses e choques, como discutidos no Capítulo 4, na seção Voluntariado e Meio de Vida Sustentáveis. Um estudo do Banco Mundial focado nas comunidades mais pobres, destacou a necessidade de descobrir “redes de solidariedade existentes” e ressaltou que a “mobilização de comunidades locais geralmente começam com a detecção dos grupos locais, tais como centros comunitários.” 21 Outro estudo dos Estado Unidos sobre vizinhanças afligidas e de baixa renda em transformação, concluiu: “Entre os bens [comunitários] menos valorizados estão as redes que ocorrem naturalmente, através das quais vizinhos e residentes se oferecem voluntariamente para abordar e resolver problemas comuns. Uma atenção estratégica e um cultivo mais intencional e uso dessas redes poderia ser uma contribuição importante para a transformação comunitária pelos moradores.” Percepção errônea número 4: O voluntariado é o domínio de amadores que não possuem habilidade ou experiência. Essa percepção errônea surge da concepção de que o profissionalismo, tanto em conhecimento quanto em comportamento, é exclusivamente associado a um trabalho pago. Também pode ser influenciada pela impressão de que a maioria dos voluntários são pessoas jovens. Ao longo deste relatório, existem referências de homens e mulheres profissionalmente qualificados motivados por valores que conduzem o voluntariado. Suas profissões variam de advogados trabalhando para o bem público até profissionais do corpo de bombeiros e médicos, que escolhem levar seu conhecimento e anos de experiência para o voluntariado. Percepção errônea número 5: Mulheres são a maioria no voluntariado. Errado novamente. Enquanto estudos indicam que mulheres são mais propensas ao voluntariado, homens e mulheres trabalham voluntariamente pelo mesmo número de horas. A percepção da predominância do sexo feminino no voluntariado surge, em parte, pela associação com serviços sociais e cuidados médicos, em particular. O movimento feminista na década de 70 descreveu o voluntariado como uma extensão do trabalho doméstico da mulher fora de casa.23 Enquanto as mulheres predominam em áreas tais como o trabalho voluntário no cuidado hospitalar de crianças e pessoas idosas, homens aparecem em maior número nos esportes, nas questões ambientais, e nos resgates em incêndios e no mar.24 Uma justificativa mais convincente pode argumentar que o voluntariado reforça os papéis de gênero e que as mulheres atuam nas áreas de voluntariado que, no mercado pago, são designados como sendo de status mais baixo. O trabalho voluntário dos homens é tipicamente no “domínio público”, em atividades cívicas e profissionais que incluem trabalhar no conselho de organizações. Inversamente, voluntárias são encontradas em “domínios privados”, ajudando os necessitados. Um estudo sobre voluntárias na área de saúde em Lima, Peru, demonstrou como o trabalho de assistência média era visto como uma extensão de seu papel maternal. Um estudo da África do Sul e do Zimbábue sobre profissionais de saúde do sexo feminino na área de HIV/AIDS chegou a uma conclusão similar. 25 Entre os ativistas, os homens estão mais inseridos em campanhas nacionais, enquanto as mulheres estão mais propensas a participar em campanhas locais.26 As Nações Unidas reconheceram a necessidade de evitar estereótipos de gênero quando enfatizou a necessidade de garantir “que as oportunidades de voluntariado em todos os setores estão abertas tanto para mulheres quanto homens, dada a diferença de níveis de participação nas diferentes áreas.” Percepção errônea número 6: Pessoas mais jovens não trabalham como voluntários. Pelo contrário, jovens não constituem um grupo passivo que espera que oportunidades e recursos sejam entregues a ele. Eles se ocupam ativamente no desenvolvimento de suas sociedades em uma vasta gama de atividades. Um exemplo bem conhecido da América Latina é a organização Um Techo para mi País (Um Teto para meu País). Também é verdade, entretanto, que muitos jovens julgam a participação através de organizações formais menos interessante do que no passado. Essas oportunidades em si estão diminuindo à medida que a economia global e instituições políticas e sociais passam por grandes mudanças. 28 No entanto, o comprometimento dos jovens com o engajamento cívico permanece forte apesar de parecer mudar para a participação em situações informais e menos estruturadas. Para os jovens, o ativismo político e social que oferece maneiras informais e não-hierárquicas é mais interessante. Um exemplo é o grupo liderado por jovens da Ucrânia, “Irpinskyi velorukh” (Movimento de ciclismo da cidade de Irpin). Esse é um grupo informal que promove o ciclismo e um estilo de vida livre de automóveis, que organiza anualmente os eventos do Dia sem Carro na comunidade. Em 2009, 56 pessoas participaram. Vinte empresas da mídia cobriram o evento e oficiais locais e membros da comunidade participaram na música, discursos, fabricação de pôsteres, parada de ciclismo e competições cross-country.29 Quadro 1.8: Da construção de casas para a cidadania ativa Em 1997, um grupo de jovens chilenos preocupados com a pobreza extrema em seu país resolveu construir 350 casas populares para famílias que viviam em favelas. O programa, desde então, expandiu para 19 países da América Latina e mobiliza mais de 50.000 jovens voluntários, com idades que variam de 17 a 28 anos, todos os anos. Melhorar a qualidade da habitação de milhares de famílias da região não foi a única coisa que fizeram. Através do contato direto com a pobreza, a experiência mudou a forma que eles enxergavam seu país. Eles agora promovem a conscientização da pobreza através de campanhas e lobbying a favor de casas adequadas para todos. Da construção de casas, jovens voluntários se tornaram cidadãos ativos e líderes em suas comunidades. “Como voluntário, eu compreendi que cada pessoa tem um papel importante na luta contra a pobreza. Nós nos unimos, já que para nós, não há outra maneira de denunciar a pobreza a não ser por meio do nosso engajamento coletivo. Ansnm nou kapb (Juntos nós podemos).” Donald, voluntário da Un Techo no Haiti. Fonte: J. Serani, [Diretor do México e Região do Caribe, Un Techo para mi País]. Comunicação Pessoal (21 de julho de 2011). Percepção errônea número 7: O voluntariado é realizado cara a cara. O desenvolvimento significativo da tecnologia digital significa que o voluntariado não é mais limitado ao contato cara a cara. As novas tecnologias com as quais as pessoas se relacionam são, possivelmente, o desenvolvimento mais significativo no voluntariado. A evolução rápida da tecnologia de telefonia celular e a difusão da Internet têm permitido um maior número de pessoas de amplas partes da população a engajar no voluntariado. Assim sendo, tecnologias estão contribuindo para sua natureza universal. Isso será discutido no Capítulo 3. Percepção errônea número 8: A intervenção estatal deveria ser proibida no voluntariado. Essa visão é bem menos difundida do que era há uma década, como fica evidente pelo número de políticas e leis adotadas por governos, especialmente desde 2001. A maioria visa encorajar a ação voluntária por parte de cidadãos e/ou protege os direitos dos voluntários. Entretanto, existem momentos em que o Estado tenta controlar a ação voluntária para beneficiar sua própria política. O voluntariado, por exemplo, pode ser um meio de compensar por serviços insuficientes, compensando pela inabilidade do estatal de prover os serviços. Esses casos devem ser monitorados e expostos sempre que ocorrerem. Quadro 1.9: Promovendo leis e políticas que apóiam o voluntariado A primeira lei sobre voluntariado na Coréia do Sul, a Lei Básica de Promoção de Serviços Voluntários (2006), estabeleceu o Comitê Nacional de Promoção do Voluntariado. Esse comitê engloba o governo e representantes da sociedade civil e tem trabalhado para encorajar a participação pública no voluntariado. Através da lei, o governo nacional e governos locais são obrigados a assegurar que o serviço voluntário seja executado em um ambiente seguro, e que o governo forneça garantia contra lesões físicas ou econômicas aos voluntários. O voluntariado continua a crescer na República da Coréia, promovido pelo compromisso do governo de apoiar os voluntários. Particularmente notável foi o extenso envolvimento de cidadãos na limpeza dos derramamentos de óleo no Condado de Taean, na costa oeste do país em 2007. Em julho de 2008, o Grupo Automotivo Hyundai KIA fundou uma organização voluntária, o Happy Move Global Youth Volunteers. Desde então, a organização tem mandado cerca de 1000 estudantes universitários coreanos para contribuir com esforços humanitários, culturais e outros esforços voluntários na Índia, Brasil, China, Eslováquia, República Checa, Turquia e Tailândia. Esse programa auxilia jovens coreanos a compreenderem o verdadeiro significado do trabalho voluntário e os ajuda a desenvolver identidade própria através de experiência em primeira mão com novas culturas e cooperação direta com as pessoas. Fontes: The International Centre for Not-for-profit Law. (2010); VNU. (2009). Políticas podem, de forma não intencional, reprimir as forças de impulsão do voluntariado. Os governos estão bem colocados a contribuir para um ambiente em que todos os tipos de voluntariados podem florescer. No entanto, a intenção certamente não é buscar a noção de uma comunidade auto-suficiente, com o Estado negligenciando suas responsabilidades de assegurar as necessidades básicas dos cidadãos. O desafio é como integrar a ação voluntária de cidadãos com as ações tomadas pelo governo e outras fontes financeiras de forma mutuamente reforçada, enfatizando a cooperação e a complementação. Em última análise, isso pode aumentar a eficiência e o alcance dos programas governamentais enquanto fortalece a confiança das pessoas em suas habilidades para afetar o bem-estar de suas comunidades. Percepção errônea número 9: O voluntariado é gratuito. Existe um ditado antigo que diz que, embora os voluntários não sejam pagos, eles não trabalham de graça. Aplicado aos tipos mais formais de voluntariado, tem ligação com a infraestrutura necessária para assegurar contribuições efetivas. Inclui o estabelecimento e a direção de centros de voluntários, gerenciamento de voluntários, treinamento e reconhecimento, e custos associados ao funcionamento apropriado para os voluntários, tal como transporte, refeições e salários. Em termos de governo, isso pode incluir o estabelecimento de políticas apropriadas e sistemas de regulamentação, corpo nacional de voluntários, e esquemas para pessoas mais velhas e para jovens. Conclusões e discussões Percepções errôneas escondem a universalidade de valores e ações associados ao voluntariado. Elas são obstáculos para o entendimento da amplitude e profundidade da ação voluntária ao redor do mundo. Com esse primeiro REVM, nós esperamos esclarecer as opiniões acerca do que é o voluntariado e o que ele alcança, de acordo com as realidades na prática. A pesquisa sobre o assunto ainda se encontra nos primeiros estágios e precisa ser intensificada. Evidentemente, os governos têm um papel de encorajar mais estudos empíricos que irão resultar em um quadro mais exato da natureza universal do voluntariado. A comunidade acadêmica deve questionar suposições fundamentais sobre a ação voluntária. O sistema das Nações Unidas e outros atuantes de desenvolvimento, incluindo a sociedade civil, têm a responsabilidade de assegurar que essa pesquisa alcance todos os interessados. Estabelecer dados robustos sobre o voluntariado é a rota mais correta para desenvolver estratégias que levam em conta a força poderosa e universal que o voluntariado representa. Com esse primeiro REVM, nós esperamos esclarecer as opiniões acerca do que é o voluntariado e o que ele alcança, de acordo com as realidades na prática. MEDINDO O VOLUNTARIADO CAPÍTULO 2 “Se você não pode contá-lo, então ele não conta.” Anon Por que mensurar o voluntariado? O tamanho da contribuição do voluntariado em todo o mundo exige alguma medida de sua magnitude. Não é diferente de outras áreas de esforço humano, importantes no funcionamento das sociedades. O interesse em entender a escala do voluntariado cresceu nos últimos anos, como evidenciam vários estudos em níveis regional, nacional e mundial. Neste capítulo, nós tentamos mensurar o voluntariado, em um olhar além dos números. Calcular a dimensão e o valor do voluntariado, incluindo o valor econômico, é obviamente importante. Ainda que os números não sejam a estória completa. Alguns argumentam que quantificar o voluntariado deprecia seus valores em termos de impacto nas comunidades e suas causas, assim como nos próprios voluntários. Outros dirão que a principal contribuição do voluntariado, seu real valor, encontra-se na criação de sociedades harmoniosas, marcadas pelos altos níveis de coesão e bem-estar sociais, também fatores de difícil quantificação. Os valores humanos que residem nas pessoas e nas comunidades perpassam este relatório. Faz-se necessário a descoberta de melhores métodos de reconhecimento desses valores. Há razões sólidas para medir o voluntariado, as ações que inspira, assim como os benefícios delas derivados. Os principais argumentos a favor da mensuração do voluntariado são abaixo considerados. Para os próprios voluntários é importante que o impacto de suas ações seja reconhecido. Documentar o tempo e os esforços expendidos por milhões de voluntários ajuda a promover o seu reconhecimento e a estimular o desejo de engajamento. No processo, outros podem ser motivados a participar quando virem a contribuição da ação voluntária e perceberem que o voluntariado é um componente de um engajamento cívico. Para as organizações que envolvem voluntários, a medição os ajudaria a obter novas perspectivas em seus programas. Além disso, com fatos e dados em mãos, elas poderiam ampliar seus esforços de relações públicas, valorizar sua responsabilidade para com o resultado, expandir suas opções de mobilização de recursos, assim como promover aos voluntários uma visão global da soma de seus esforços. Em outro nível, se os governantes nacionais levarem em conta o voluntariado na política nacional, eles terão de estar convencidos de seu valor, de sua importância, incluindo aí seu valor econômico. Com frequência, os governantes desconhecem a extensão da ação voluntária de diferentes setores da sociedade dos quais fazem parte, assim como o valor por ele gerado. Uma vez convencidos dos benefícios das ações do voluntariado para a tomada de decisões, os governantes precisam de dados confiáveis para desenvolver estratégias apropriadas. Isto garante que esse recurso seja devidamente fomentado e aproveitado para o bem-estar geral do país. Quadro 2.1 : Valor dos voluntários Os voluntários são essenciais para a Cruz Vermelha e o Movimento do Crescente Vermelho (FICV). Mas quantos voluntários há e quanto valor eles podem oferecer? O estudo da FICV de 2001 fornece respostas. Em torno de 13,1 milhões de voluntários ativos da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho doaram aproximadamente 6 bilhões de dólares em valor de serviços, que atingiu cerca de 30 milhões de pessoas em 2009. Os voluntários ampliaram a força de trabalho da FICV, em uma média global de 20 voluntários para cada membro pago. Na África subsaariana são 327 voluntários para cada membro de equipe. No Sudeste Asiático, 432 voluntários para um membro de equipe; enquanto que a menor proporção está nos Estados Unidos e no Canadá, com 11 voluntários para cada membro de equipe. O levantamento, baseado em dados das 107 sociedades nacionais, não só fornece o valor os números por trás do contingente de voluntariado, mas também descreve as muitas contribuições sociais que eles fazem em suas comunidades nas áreas de saúde, a redução da pobreza e resposta a emergências. Fonte – Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do Crescente Vermelho (2011) A comunidade internacional reconheceu a necessidade de os governantes “estabelecerem o valor econômico do voluntariado para ajudar a ressaltar um aspecto importante dessa contribuição global para a sociedade, assim como para o desenvolvimento de políticas.” Entretanto, nós acreditamos piamente que mensurar o voluntariado poderia ser bem mais que simples cálculos numéricos. Em 2008, a Assembleia Geral do Centro Europeu do Voluntariado expressou precisamente: “Medir e apresentar o valor econômico pode ser um bom caminho para ganhar reconhecimento para os voluntários, especialmente com os políticos. Entretanto, isto em de ser empregado cautelosamente e junto com outras ferramentas de medição para os até então ‘impactos imensuráveis’ do voluntariado, tais como capital social, coesão social, desenvolvimento pessoal e capacitação. Tais ferramentas de medição devem ser desenvolvidas para permitir a descrição da imagem completa do voluntariado e de seu valor real. Quadro 2.2 : Usando os calendários comunitários para medir o valor do voluntariado Despesas municipais, alocação do governo, investimento social corporativo e outras formas de ajuda ao desenvolvimento são capturados em números e registros financeiros. Entretanto, não há dados que atribuam o valor das contribuições feitas pelos cidadãos às iniciativas locais. Há muitas formas pelas quais os membros das comunidades participam, tais como associações de mães, associações masculinas e clubes de jovens, faz parte da rotina diária da vida das pessoas que eles tendem a ignorar o benefício que trazem para o desenvolvimento de suas comunidades. Uma abordagem para conscientizar as comunidades acerca do valor adicionado pela ação voluntária é o uso de calendários comunitários. Para estimular uma comunidade a reconhecer sua contribuição, uma pesquisa do estudo da ação social em Janseville, província do Cabo Oriental, África do Sul, mapeou a quantidade de tempo voluntário, habilidades, bens de espécie e em dinheiro, a organização de base comunitária, organizações não governamentais e base religiosa recebidos dos membros da comunidade. Estas contribuições são somadas e orçadas em valores financeiros que as organizações participantes julgaram razoáveis. Os resultados são traduziram um total de contribuições de 19 anos e oito meses de trabalho não remunerado por ano. Em uma comunidade onde o governo local estima que 60% das famílias vivem na pobreza, o total das contribuições dos voluntários é estimado em um valor de 53.000 dólares gerados por 4343 pessoas por intermédio de 378 famílias. Essa valorização de ativos comunitários abriu os olhos dos governantes para motivar e inspirar os participantes, incentivandoos a construir o seu “investimento.” “Financiadores querem saber que nós ainda estaremos lá depois que seu dinheiro acabar. Nossos membros fazem o bem, isto mostra sustentabilidade deles e também que eles podem seguir por conta própria” diz Notizi Vanda, Diretora e uma dos membros fundadores do Fórum de Desenvolvimento de Janseville. Fonte Wilkinson-Maposa (2009) Diversas medidas do voluntariado Estudos recentes de níveis nacionais, amplamente em países desenvolvidos, acerca do tamanho e composição do voluntariado, têm provado uma base sólida para discussões relativa a muitos aspectos do voluntariado. Por exemplo, o Levantamento de Participação do Voluntariado do Canadá de 2007, conduzido por estatísticas locais, registrou um total de 2.1 bilhões de horas de trabalho voluntário com aumento do número de voluntários (5,7%) e horas doadas (4,2%) em relação a 2004. Em 2004, nos Estados Unidos, o Departamento de estatísticas do Trabalho indicou que 62.8 milhões de pessoas foram voluntárias em alguma organização, pelo menos uma vez, em uma previsão de doze meses. O Departamento de Estatística da Austrália descobriu que, em 2007, 5.2 milhões de pessoas se voluntariaram com uma soma de 713 milhões de horas de trabalho, o equivalente a 14,6 bilhões de dólares australianos de pagamentos em horas trabalhadas. O estudo mostrou que 34 por cento da população adulta se tornou voluntária (36 por cento de mulheres e 32 por cento de homens). Quadro 2.3 : Além do valor econômico Além de dados econômicos, há muito Em 2010, a Pesquisa Nacional do Voluntariado, conduzida pelo órgão mais supremo do Voluntariado da Austrália, descobriu que 83 por cento dos motivações voluntários alegaram que o voluntariado tem aumentado seu senso de pertencimento às suas comunidades. A pesquisa destaca o importante papel que o voluntariado desempenha na provisão de oportunidades de pesquisas sobre natureza e incluem dos estudos voluntários. que Elas examinam estudantes voluntários em 12 países; aprendizado às pessoas com 26 por cento dizendo que os treinamentos idosos saudáveis na Europa; pessoas recebidos como parte de seus trabalhos voluntários os têm ajudado a em adquirir uma habilitação. A pesquisa também descobriu que o benefícios voluntariado desempenha um importante papel na inclusão social da sociedade australiana. O levantamento revelou que o voluntariado pode ajudar a reduzir o sentimento de isolamento pessoal, oferece às pessoas Israel aproveitando-se oferecidos para dos o voluntariado; o papel das organizações religiosas na promoção do voluntariado América Latina1; habilidades e contatos sociais, proporciona grande sentimento de auto- na estima e desafia os estereótipos acerca de diferentes grupos. voluntariado e legislação global2. Fonte: ProBono News (2010) Em 2006, no 5º políticas Fórum do de Desenvolvimento da África, organizado pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, um estudo intitulado Voluntariado Jovem para o Desenvolvido da África no Século 213 foi apresentado. A pesquisa, cobrindo nove países, mostrou como a capacidade das pessoas jovens é desenvolvida quando voluntárias. Elas se tornam agentes ativos de desenvolvimento em suas comunidades. Além disso, é enfatizado como os programas voluntários podem ser ligados a quadros políticos em uma base sustentável. O resultado final declarou que: “É essencial, portanto, que os governantes africanos, trabalhando com seus modelos de parceiros, fomentem o espírito do voluntariado entre a população jovem.” Em 2010 e 2011, tanto a União África quanto o Comitê Econômico dos Estados do Oeste Americano, lançaram a juventude voluntária a contribuir com a paz e com o desenvolvimento de suas regiões. Em 2010, o Fórum de Desenvolvimento de Serviço Internacional mapeou o voluntariado internacional em 20 países da Ásia. Descobriu-se que, quando comparado com outros locais, voluntários na Ásia estavam Quadro 2.4 – União do voluntariado da juventude africana principalmente preocupados com o endereçamento de “A juventude deveria ser o primeiro alvo das iniciativas de investimento na África, porque em um mundo em que habilidades e experiência estão se tornando cada vez mais indispensáveis, os jovens constituem um grande trunfo para a África.” Em dezembro de 2010, os membros do primeiro grupo da Corporação do Voluntariado Jovem na União Africana (UVJA) questões envolvendo alívio de pobreza e concluíram um intenso programa de treinamento de pré- os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do implantação, em Obudu, Nigéria. O CVJ-UA é um programa de Milênio). No Sul e no Sudeste Asiático desenvolvimento que recruta e trabalha com jovens voluntários em havia uma tendência ao voluntariado, no sentido sul a sul, com a larga expansão do voluntariado, identificou novas formas de impulsionar o de uma orientação pan-africanista, a fim de promover um melhor voluntariado na Ásia. Este visava à clima socioeconômico. O programa aspira a melhorar a situação dos e a O União Africana, promoveu o voluntariado para combater a pobreza, a fraqueza profissional e das lideranças e o desenvolvimento lento asiática região. Juventude Africana, no 5º Fórum de Desenvolvimento Africano e da estudo diáspora na todos os 53 países africanos. A iniciativa, um produto da Carta da ligação com voluntários nacionais para aumentar a jovens na África como participantes do desenvolvimento de metas e objetivos humanos da África. Os 60 voluntários servem em todo o continente, compartilhando experiências em áreas, incluindo eficácia dos voluntários internacionais. A educação e TIC, gênero e desenvolvimento, advocacia, reconstrução pesquisa pós-conflito e construção da paz, saúde e população, infraestrutura e também descobriu ligações estreitas com o Estado em parcerias público-privadas e um Estado apoiado em ONGs. Duas tendências futuras na Ásia energia, agricultura e economia. esses voluntários compartilharão habilidades, criatividade e aprendizado para promover o espírito de serviço para a África, seus países e comunidades, desenvolvendo habilidades de liderança. eram o serviço voluntário internacional, como uma forma de responsabilidade Juntos, Fonte: União Africana (2010, Abril) social das empresas, especialmente de curto prazo de voluntariado empresarial, e a crescente influência da internet. Um estudo em Botswana, Malawi, Sul da África, Zâmbia e Zimbábue entre 2005 e 2007, confirmou os desafios da pesquisa do voluntariado no sul, ou seja, experiências mal documentadas, a falta de pesquisa acadêmica e bibliotecas de coleções limitadas. Na falta de estudos mais amplos sobre o alcance do voluntariado, a literatura disponível foi, em grande parte, produzida por ONGs e organizações voluntárias internacionais e incidiu sobre o impacto de programas específicos sobre os beneficiários e suas comunidades. Há limites claros, entretanto, em que a descoberta de pequena escala de investigação, em nível local, pode ser extrapolada a fim de refletir a situação em nível nacional. Estudos do voluntariado nacional As pesquisas regulares sobre o voluntariado e doações no Canadá, Estados Unidos e Austrália fornece dados detalhados que demonstram a relevância da medição contínua do voluntariado. Em 2008, o Secretário Geral das Nações Unidas observou 15 estudos especificamente nacionais em países em desenvolvimento. Em 2010, a UNV (Voluntariado das Nações Unidas) identificou 14 novos estudos e relatórios nacionais em desenvolvimento acerca do voluntariado. Estes geralmente são estudos extraordinários que aumentam o reconhecimento público e a conscientização acerca do voluntariado e de sua contribuição, assim como o avalia como parte das necessidades das comunidades. Tais estudos também realizam mapeamento de recursos e apoio para o desenvolvimento nacional de planejamento e programação. Poucos países assumiram a tarefa de medir o voluntariado sistemática e periodicamente a fim de incorporar os resultados na sua política. Quadro 2.5: Primeiro levantamento do voluntariado em Bangladesh Em 2010, o Departamento de Estatísticas de Bangladesh conduziu uma abrangente pesquisa acerca do voluntariado, o primeiro desse tipo a ser realizado no país. Tal levantamento foi endereçado a voluntários rurais e urbanos; idade, gênero e nível de escolaridade dos voluntários; taxas de voluntariado; organizações voluntárias formais e não formais; horas anuais de voluntariado e avaliações monetárias. Os resultados foram discutidos na Conferência Nacional de Voluntariado em Dhaka, em julho de 2011. A principal recomendação foi o estabelecimento de uma Agência Nacional de Voluntários, responsável por planejar, guiar e gerenciar todas as atividades dos voluntários no país. Seu propósito será aumentar a contribuição do voluntariado para o bem-estar individual e social e o bem-estar em Bangladesh. A pesquisa baseada no trabalho doméstico, revelou que um total de 16.586.000 pessoas acima de 15 anos de idade se voluntariam em 2010. O levantamento estima que a contribuição do voluntariado para a economia em 2010 é de aproximadamente 166 bilhões de dólares americanos. Os dados também mostram que o valor econômico do voluntariado em 2009-2010 equivaleu a 1,7 por cento do produto interno bruto. Aproximadamente 80 por cento do voluntariado de Bangladesh é de organizações formais estrangeiras. Na maioria das vezes, ela toma a forma de ajuda informal, espontânea e esporádica por indivíduos ou grupos. O voluntariado masculino representa 76,3%, com as mulheres em apenas 23,7 por cento. Isto, no entanto, poderia ser subestimado já que a pesquisa questionou chefes de famílias que geralmente são homens. A Conferência Nacional do Voluntariado recomendou fortemente que o Departamento de Estatística de Bangladesh empreenda um acompanhamento quantitativo para fundamentar os resultados em questão. Foi ele também chamado para uma pesquisa mais abrangente visando a uma análise mais aprofundada acerca das diferenças regionais e de gênero no voluntariado, bem como fornecer informações acerca das razões do voluntariado e de suas barreiras. Fonte: Departamento de Estatísticas de Bangladesh (2011, July) Perseguindo uma medida global: destaque de iniciativas internacionais de medição Não obstante esta evolução positiva, poucos países assumiram a tarefa de medir o voluntariado sistemática e periodicamente a fim de incorporar os resultados na sua política. Isso é parcialmente devido à ausência de padrões internacionalmente reconhecidos para definir e medir o voluntariado. Isso limita as comparações entre países, com base nas estatísticas oficiais. No entanto, uma série de iniciativas independentes de medição está em curso, o que oferece uma perspectiva global do voluntariado. Em um recente esforço para conceber uma medição abrangente do voluntariado, a Comissão Européia (CE) autorizou um estudo como parte do Ano Europeu de Voluntários 2011. O objetivo do estudo foi ajudá-la a analisar maneiras como o setor de voluntariado poderia ser ainda melhor promovido e examinar como o voluntariado poderia ajudar a União Européia a alcançar os seus amplos objetivos estratégicos. 15 A intenção era agregar dados nacionais sobre voluntariado. No entanto, uma revisão nos estudos nacionais e regionais, pesquisas, relatórios, e os pontos de vista dos principais interessados no voluntariado em cada Estado-Membro da UE revelaram discrepâncias consideráveis. Isto impediu o esboço de uma comparação estatisticamente precisa em toda a União Européia. Alguns dos desafios e lições relacionadas com este estudo estão descritos abaixo, pois representam um microcosmo do estado da medição do voluntariado. Complexidade da paisagem institucional: a responsabilidade pelos dados de voluntariado de cada país não foi coordenada por um organismo público. Em vez disso, foi gerenciado por diferentes ministérios numa base de "setor por setor" e, por vezes, apoiado por vários setores específicos de organizações voluntárias. "Na prática isso significa que ministérios lidando com questões como justiça, educação, finanças, desporto, saúde e assuntos sociais, e interiores e dos negócios estrangeiros, foram envolvidos com o voluntariado e não foi possível, no âmbito deste estudo, consultar cada ministério individualmente." Dificuldades na análise quantitativa comparativa: analisar informações quantitativas sobre o número e o perfil dos voluntários foi difícil porque estudos nacionais foram conduzidos em momentos diferentes, com diferentes definições, metodologias, amostras de pesquisa e gruposalvo e concentrando-se em diferentes tipos de voluntariado. A conclusão de um número estimado de 92 a 94 milhões de adultos voluntários na UE, cerca de 22 por cento europeus com mais de 15 anos de idade, com a maioria dos voluntários com idades entre 30 a 50 anos, "deve ser visto como indicativo apenas." Estatísticas limitadas sobre organizações voluntárias: muitos países da UE têm um registro nacional de associações ou organizações sem fins lucrativos. Isso normalmente é gerenciado por um organismo público e atualizado regularmente. Esta é uma fonte de dados valiosa, quando associações são obrigadas a se registrar em uma organização pública relevante. Os pontos fracos incluem o fato de que bancos de dados não distinguem entre associações que dependem inteiramente de pessoal remunerado e as que são total ou parcialmente dependentes de voluntários, e que estas organizações não precisam obrigatoriamente dar aviso se deixarem as atividades. Um ponto mais fraco ainda é que, em alguns países, o registro não é obrigatório e organizações não governamentais não recebem nenhum incentivo para se registrar. Falta de consenso sobre dados econômicos: organizações não governamentais estão desenvolvendo ferramentas e instrumentos para monitorar o valor econômico das contribuições de seus voluntários. No entanto, institutos nacionais de estatística variam muito em termos de dados coletados e seu interesse em medir o valor econômico do voluntariado. Esforços são obstruídos com as dificuldades acima referidas, provenientes de inconsistência nas abordagens da quantificação dos números de voluntários, tempo dedicado e atividades realizadas. No final das contas, não há nenhum consenso geral sobre o valor econômico estimado, devido às diferentes formas de valorizar o trabalho voluntário. Finalmente, o estudo não usa cifras em valor monetário dos Estados-Membros. Em vez disso, ele usa estimativas brutas do valor econômico do voluntariado com base no método comum de custo de substituição para todos os países. Impactos sociais e culturais do voluntariado: relatórios nacionais destacaram muitos benefícios sociais, econômicos e culturais além do valor econômico. "No entanto, na prática, benefícios muitas vezes variam consideravelmente entre países, bem como entre diferentes voluntários, comunidades locais e entre os beneficiários diretos das atividades de voluntariado e serviços". 19 Os impactos relativos aos principais objetivos da UE nos domínios da inclusão social e emprego, educação e formação, esporte e cidadania ativa são identificados, mas os dados são esmagadoramente qualitativos. Para resumir a situação atual, não só para estudos nacionais mas também para a medição de voluntariado em geral, o Relatório afirma: “Na medida em que cada relatório nacional é baseado em fontes de dados primárias e secundárias, ele varia dependendo da disponibilidade de dados e relatórios, o número de interessados que poderiam ser consultados e o contexto específico de cada país." Os desafios metodológicos encontrados pela CE são ainda mais acentuados para o mundo em desenvolvimento, onde os dados estatísticos são às vezes menos abrangentes. No entanto, continua a ser essencial para se tentar a chegar a um entendimento do tamanho e alcance do voluntariado. Devemos fazer referência brevemente a quatro tentativas que cobrem ambos os países industrializados e em desenvolvimento: o Instituto Gallup de Pesquisas, a Pesquisa Mundial de Valores, 21 o Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo e o Índice da Sociedade Civil CIVICUS. Todos os quatro empregam medidas diferentes de abordagens e definições de voluntariado. Previsivelmente, eles produzem resultados muito diferentes. O Instituto Gallup de Pesquisas e a Pesquisa Mundial de Valores são levantamentos da população de um país inteiro, e buscam traçar o perfil e as opiniões das pessoas através de amostras representativas nacionalmente. Na vasta gama de tópicos abordados, algumas perguntas podem se relacionar ao voluntariado. Além disso, devido a diversidade de terminologia e entendimento do voluntariado, certas perguntas estão abertas a diferentes interpretações dos entrevistados. No entanto, as pesquisas têm amplo alcance global e podem ser repetidas regularmente para fornecer dados comparativos, bem como de tendências longitudinais. O Instituto Gallup de Pesquisas (IGP) faz as seguintes perguntas relacionadas ao voluntariado: No mês passado você fez alguma destas coisas? Ofereceu voluntariamente seu tempo para alguma organização? Ajudou um estrangeiro ou alguém que você não conhecia e que precisava de ajuda? A primeira é uma pergunta aberta relacionada com organizações de voluntariado, o que presume um entendimento consistente do termo. O IGP descobriu que 16 por cento dos adultos em todo o mundo ofereceram seu tempo para uma organização. As pessoas na América do Norte, Austrália e Nova Zelândia foram as mais simpatizantes ao voluntariado, seguido por aquelas da África e Sudeste Asiático (especificamente, Camboja, Indonésia e Filipinas). Os mais baixos níveis de voluntariado estão no Oriente Médio, África do Norte e leste da Ásia, ou seja, China, Japão e Coréia do Sul. A segunda questão refere-se a ações fora da organização. Como tal, ela pode ou não ser medição de "voluntariado", tal como definido no presente relatório, dependendo da extensão e da natureza do envolvimento individual. Continua sendo essencial tentar chegar a um entendimento do tamanho e grau de voluntariado A Pesquisa Mundial de Valores (WVS) descobriu que as pessoas no leste da Ásia são as que relatam que estão fazendo "trabalho voluntário não remunerado", seguido por pessoas na África, América do Norte e a região do Pacífico. Os níveis mais baixos de voluntariado foram encontrados na Europa Ocidental, Europa Oriental e a Comunidade de Estados Independentes (CEI). O Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo (CNP) fornece um formulário de pesquisa comum aos países participantes com sugestões de perguntas e exemplos de tipos de atividades sobre as quais os entrevistados seriam inquiridos. Pense sobre os últimos 3 meses. Durante esse período de tempo você ajudou, trabalhou ou forneceu qualquer serviço ou assistência para alguma pessoa de fora de sua família ou de sua casa sem receber uma compensação? Os entrevistados que responderam "não" foram, em seguida, solicitados a pensar abertamente (refletir) sobre essas atividades, e se eles pensavam que seria "natural que todo mundo iria fazer alguma coisa assim em uma situação semelhante." Embora isso também se aplique a tipos formais de voluntariado, é especialmente relevante para os tipos informais, muitas vezes tão incorporados em culturas e tradições que podem nem ser considerados como voluntariado. Isso torna a tarefa de medição mais desafiadora. O Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo estima que, entre 1995 e 2000, o número de voluntários contribuindo através de organizações voluntárias em 36 países, juntos, faria o nono maior país do mundo em termos de população (ver Figura 2.1). FIGURA 2.1: Se os voluntários fossem uma nação 1. China 1,306 milhões 2. Índia 1,094 milhões 3. Estados Unidos 296 milhões 4. Indonésia 229 milhões 5. Brasil 186 milhões 6. Paquistão 158 milhões 7. Bangladesh 144 milhões 8. Rússia 143 milhões 9. “Terra do Voluntariado” cerca de. 140 milhões 10. Nigéria 129 milhões 11. Japão 128 milhões Fonte: Voluntariado – Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo; População: Departamento de Censo dos Estados Unidos Nesses mesmos 36 países, os voluntários representados por 44 por cento da força de trabalho em organizações da sociedade civil representam o equivalente a 20,8 milhões de trabalhadores em tempo integral. Usando uma abordagem de "custo de substituição", o CNP calculou a contribuição econômica de voluntários em 36 países em 400 bilhões de dólares anualmente. Isso representou, em média, 1,1 por cento do PIB nestes países. No entanto, em países em desenvolvimento e transição, trabalho voluntário representou um pouco menos que 0,7% do PIB. Nos países desenvolvidos, o trabalho voluntário representou 2,7% do PIB (ver Figura 2.2). FIGURA 2.2: Valor todos os países * do trabalho voluntário como parte do PIB Em Desenvolvido desenvolvimento e transição Suécia Noruega França Reino Unido Estados Unidos Argentina África do Sul Tanzania Itália Espanha Peru Kenya India Colômbia Paquistão Hungria Brasil México 0%1% 2% 3% 4% 5% 6% * 36 média do país Fonte: Salamon, L. (Abril, 2008). Colocando o voluntariado no mapa econômico do mundo. Documento apresentado na Conferência IAVE (Associação Internacional de Esforços Voluntários), Panamá, Costa Rica. O Índice da Sociedade Civil CIVICUS (ISC)27 cria 72 indicadores sobre os diferentes aspectos da sociedade civil. Os indicadores são, em seguida, agrupados em cinco dimensões: Participação Cívica, Nível de Organização, Prática de Valores, Percepção do Impacto e Ambiente Externo. Juntos eles apresentam um quadro abrangente da força da sociedade civil do país, expressa visualmente através do diamante da Sociedade Civil (ver Figura 2.3). FIGURA 2.3: O Diamante da Sociedade Civil CIVICUS Nível Organização de 72 de 53 Prática de valores 62 Percepção impacto Engajamento cívico 46 Ambiente externo 48 100 80 60 40 20 0 Fonte: O Diamante da Sociedade Civil CIVICUS As conclusões do ISC mostram interessantes variações regionais em taxas de participação voluntária entre organizações da sociedade civil de foco social e organizações da sociedade civil com uma orientação ativista. A percentagem de pessoas que adotam trabalho voluntário em organizações da sociedade civil de foco social é muito mais elevada na África subsaariana do que em qualquer outra região, com a América Latina, Europa Oriental e o CEI vindo em seguida. ONGs orientadas a ativismo também relatam as taxas mais elevadas de participação na África subsaariana. No entanto, aqui da Europa Oriental classifica-se à frente da América Latina, seguida do CEI. O ISC também mede a extensão e a natureza do envolvimento do cidadão, incluindo o voluntariado, em relação a outras dimensões fundamentais do diamante. Isso pode permitir comparação e reflexão sobre alguns dos aspectos do voluntariado como confiança e solidariedade que não tinham, até então, servidos para quantificação. Os dados do ISC também indicam que os países com altas taxas de voluntariado em organizações da sociedade civil socialmente focada têm elevadas taxas de voluntariado em organizações da sociedade civil politicamente orientadas. Os dados também mostram uma ligação positiva entre taxas mais elevadas de voluntariado e uma maior eficácia da sociedade civil. Isto sugere que o voluntariado traz benefícios à sociedade civil como um todo. CIVICUS identificou isso como uma oportunidade, especialmente em países em desenvolvimento, para reforçar a ponte entre tipos menos formais do voluntariado, muitos dos quais estão ligados às novas tecnologias, e campanhas e instrumentos de influência para políticas públicas por organizações da sociedade civil, ampliando assim o espaço para a participação cívica. Manual para a medição do trabalho voluntário A Organização Internacional do Trabalho (OIT) deu uma contribuição valiosa para padronizar a medição do voluntariado, preparando e lançando um Manual para a Medição de Trabalhos Voluntários. Desenvolvido pelo Projeto Johns Hopkins de Estudos Comparativos sobre o Setor Não Lucrativo, a pedido da OIT e apoiado pelo programa de voluntários das Nações Unidas, o manual descreve um conjunto padronizado de medidas do voluntariado para complementar pesquisas sobre força de trabalho nacionais. Seu principal objetivo é facilitar as estimativas do valor econômico do trabalho voluntário. Pesquisas sobre força de trabalho coletam uma grande gama de mão de obra e dados demográficos. Adotar as recomendações do manual da OIT pode aumentar substancialmente a disponibilidade de medidas confiáveis e comparáveis sobre voluntariado para complementar as estatísticas da força de trabalho. A definição de voluntariado no Manual é semelhante à descrita no capítulo 1, ou seja "trabalho não remunerado e não obrigatório; ou seja, tempo individual doado sem pagamento para atividades realizadas através de uma organização, ou diretamente para outros fora de seu ambiente familiar".31 O Manual fornece recomendações sobre como administrar eficazmente a pesquisa. O manual também fornece sugestões para analisar os dados e estimar o valor econômico do voluntariado. Isso inclui relatórios sobre voluntariado direto realizado pelas pessoas, bem como de voluntariado através de organizações. Isso permite que os analistas avaliem os recursos voluntários de organizações comunitárias e a extensão do voluntariado fora de contextos organizacionais. Esta iniciativa representa um importante passo a frente rumo a uma abordagem mais uniforme para medir o voluntariado em todo o mundo e para o desenvolvimento de uma perspectiva comparativa. Ele constrói sobre o fato de que a capacidade de execução de pesquisas sobre força de trabalho doméstica, ao contrário de outras metodologias mais complexas, já existe globalmente. Enquanto o foco está na determinação do valor econômico, a abordagem deve enriquecer a compreensão da natureza e grau de ambos os voluntariados, aqueles organizados e os menos formalizados. QUADRO 2.6 : De construção de casas para uma cidadania ativa Não há nenhuma dúvida que o voluntariado contribui de forma significativa para os objetivos da OIT. Ele permeia ambos os objetivos: econômicos, mesmo que não seja realizado para gerar uma renda, e os amplos objetivos sociais. Sua contribuição é reconhecida pela sociedade e pelos políticos como essencial para o bem-estar de toda a sociedade. No entanto seu volume, valor e características não são muito bem representados em sistemas de informação convencionais. Fonte: Young. (2007, Setembro). QUADRO 2.7 : Melhores práticas na medição do voluntariado Descreva o voluntariado para o participante, evitando equívocos relacionados ao uso do termo: "as próximas poucas perguntas serão sobre o trabalho não remunerado e não obrigatório que você fez, ou seja, o tempo você deu, sem pagamento, a atividades executadas quer através de organizações ou diretamente para outros fora de sua própria casa." Pergunte sobre o voluntariado realizado no prazo de quatro semanas anteriores, o que facilita a recordação. Forneça avisos ou exemplos sobre os tipos possíveis de atividades a incluir no relatório, se um for requerido, quando eles não voluntariaram ainda, o que também ajuda na lembrança. Colete informações sobre horas gastas para cada atividade voluntariado mencionada, o tipo de trabalho feito, para permitir a atribuição de códigos no trabalho (por exemplo, profissionais, escrivães, artesanato e trabalhadores correspondentes), o que pode ser usado para estimar o valor da atividade realizada. Colete informações sobre se a atividade foi realizada através de ou para uma organização e, em caso afirmativo, colete o nome da organização e o que ele faz (para permitir a codificação por tipo de organização). Pergunte sobre o tipo de instituição para a qual o voluntariado foi feito (por exemplo, caridade/sem fins-lucrativos, negócios, governo, outros). Fonte: Organização Internacional do Trabalho (OIT). (2011). Conclusões e discussões Este capítulo confirma que a ação voluntária é encontrada no mundo todo e é enorme. Tomar a medida do voluntariado, em toda a sua diversidade e ricas expressões, está ocorrendo em muitos lugares e de muitas maneiras diferentes. No entanto, ele está ainda numa fase muito precoce e apresenta desafios consideráveis. A gama de estudos mencionados aqui aponta para a diversidade dos temas tratados, bem como a ausência de abordagens comuns. Devido às definições altamente variáveis, metodologias e finalidades entre iniciativas nacionais, regionais e globais, não é ainda possível dar uma imagem composta das dimensões do voluntariado por país, região ou qualquer outra categorização. No entanto, o objetivo aqui não é, de qualquer forma, limitar as atuais e novas iniciativas destinadas a medir o voluntariado. Estas têm necessidades específicas. Elas ajudam a somar na base de conhecimento sobre voluntariado. Como tal, elas devem ser encorajadas e apoiadas, especialmente no mundo em desenvolvimento. Estudos nacionais de voluntariado são de particular importância para "garantir que considerações das questões que dizem respeito ao voluntariado são baseadas em uma sólida apreciação e análise dos parâmetros, perfil e tendências do voluntariado no contexto de determinado país.” Políticas eficazes para apoiar o voluntariado não podem ser postas em prática sem compreender suas dimensões e perfis. Estudos nacionais ainda não são suficientes. Há uma necessidade premente para comparar e avaliar comparativamente o voluntariado a nível regional e global. Não obstante a inconsistência das medidas em vigor, uma abordagem comum tem de ser prosseguida. Existem medidas concretas que podem ser tomadas para começar a estabelecer o campo de medição voluntário. Abordagens setoriais para participação no voluntariado do governo, sociedade civil e empresas são relevantes para garantir os benefícios do voluntariado nacionalmente. No entanto, um organismo público deve ser definido como responsável por coordenar a medição do voluntariado em um país. Globalmente, estas instituições de coordenação, juntamente com as partes interessadas em voluntariado nacionais, regionais e globais, precisam chegar a um acordo sobre o conjunto de dados quantitativos de padrão mínimo e uma metodologia para a coleta de dados sobre voluntários e voluntariado adequada para uso em análise comparativa transnacional. Desde que voluntários envolvidos em organizações são os que fornecem uma base comum de dados para medir o trabalho voluntário, deve haver práticas acordadas a nível internacional para garantir a bancos de dados confiáveis. Da mesma forma, há uma necessidade de métodos consensuais para a colocação de um valor no voluntariado, tais como os propostos no Manual da OIT sobre trabalho voluntário. Fontes de financiamento precisam ser gerados e mecanismos criados para incentivar a investigação e construir uma base de conhecimento. Países devem ser incentivados a cumprir seus compromissos na legislação intergovernamental como incentivo e apoio nacionais aos estudos e avaliações sobre o valor econômico do voluntariado. É aceitável dizer que medir a contribuição do voluntariado em termos econômicos representa apenas um pedaço de uma matriz muito maior de benefícios que traz a ação voluntária para comunidades e sociedades. No entanto, há uma necessidade urgente de seguir em frente neste aspecto da agenda de medição. Há uma necessidade premente em comparar e referenciar o voluntariado a nível regional e global VOLUNTARIADO NO SÉCULO 21 CAPÍTULO 3 Estamos propensos a julgar o sucesso pelo índice dos nossos salários ou pelo tamanho de nossos automóveis, e não pela qualidade de nossa relação de serviço com a humanidade. Martin Luther King Jr. Introdução Há cada vez mais oportunidades para as pessoas se engajarem no trabalho voluntário. Este capítulo examina três aspectos das mudanças mundiais do voluntariado e, embora essas mudanças não sejam estritamente produtos do século XXI, tem havido importantes desenvolvimentos na última década, que serão cruciais para a expansão do voluntariado no futuro. Em primeiro lugar, desenvolvimentos tecnológicos estão abrindo espaços para as pessoas atuarem em trabalhos voluntários de uma forma nunca vista antes na história. Estes desenvolvimentos permitem que as pessoas se relacionem entre si globalmente e mais rápido do que nunca. Em segundo lugar, há o papel do setor privado no desenvolvimento e seu interesse em promover ações voluntárias como um aspecto da responsabilidade social empresarial. Em terceiro lugar, movimentos globais de pessoas nunca vistos e as facilidades para viajar, combinadas com mais tempo de lazer, são dois fenômenos que estão impactando as formas tradicionais de voluntariado em todos os lugares. Voluntariado e tecnologia Os voluntários podem contar com um crescimento rápido no leque de tecnologia para ajudar a resolver muitos desafios globais existentes. Estes vão desde o rastreamento da insegurança alimentar ao monitoramento de conflitos violentos, e o envio de aviso antecipado sobre desastres iminentes até relatos de fraude eleitoral. O advento de informações móveis baseadas na Internet e na tecnologia de informação e comunicação (TIC) está revolucionando a ação voluntária em termos de "quem, o quê, quando e onde". Voluntariado e ativismo online, através das mídias sociais, e micro voluntariado são tendências de crescimento rápido. As contribuições potenciais da tecnologia para o voluntariado são de grande alcance. No entanto, as mudanças não ocorrem sem desafios. Alguns observadores afirmam que a divisão digital pode excluir as pessoas com acesso limitado à tecnologia e que os benefícios não são tão acessíveis em países de baixa renda. Outros afirmam que a tecnologia tem feito o voluntariado mais impessoal, desencorajando a interação face-a-face. Como tal, poderia servir para obstruir um engajamento voluntário significativo. Voluntariado e Tecnologias de Comunicação Móveis Acesso, relativamente básico e acessível, à tecnologia móvel está constantemente abrindo novas oportunidades para os voluntários. Embora existam significativas disparidades entre países, o uso de novas tecnologias continua em expansão em todo o mundo. Assinatura de telefone celular nos países desenvolvidos países é superior a 100 por cento, ou seja, mais de uma assinatura por habitante. Em países em desenvolvimento, estima-se em cerca de 60 por cento. De fato, alguns dos exemplos mais bem sucedidos e inovadores de voluntariado móvel estão no mundo em desenvolvimento, um fenômeno tão extraordinário que passou a ser chamado de "a revolução móvel". Mensagens de texto SMS (Serviço de Mensagens Curtas) tiveram, talvez, o impacto mais profundo. Comunicação SMS massiva é considerada uma forma de "micro voluntariado", em virtude da sua duração limitada, que não requer um compromisso a longo prazo. Ela pode contribuir para a produção e partilha de informações mais ricas, mais completas e mais confiáveis. A comunicação SMS também é usada por voluntários para aumentar a conscientização sobre questões locais, para informar as escolhas das pessoas, e para monitorar e melhorar os serviços públicos, tais como previsão de safra, educação e saúde. Voluntários no campo da saúde, por exemplo, enviam mensagens de texto SMS para relatar os sintomas básicos de enfermidades e doenças. Plotar a ocorrência geográfica destes sintomas em mapas, utilizando programas como o queniano Ushahidi, podem ajudar epidemiologistas a identificar padrões de doença e garantir um alerta pró-ativo de potenciais surtos. Em Ruanda, o governo distribui telefones celulares para voluntários da saúde de comunidades localizadas em áreas rurais. Os celulares são utilizados para monitorar o progresso das mulheres grávidas da vila, para enviar regularmente atualizações para os profissionais de saúde, e para pedir ajuda urgente quando necessário. O esquema tem contribuído significativamente para reduzir a mortalidade dessas mulheres. No distrito de Musanze, por exemplo, nenhuma morte foi relatada durante o ano seguinte ao lançamento do programa em 2009, contra as dez mortes no ano anterior. Dado o sucesso do programa, existem planos para distribuir 50.000 telefones chegando a todos os voluntários de saúde que atuam em Ruanda e para estender o programa para a agricultura e educação. Mensagens SMS também são uma ferramenta poderosa para organizações de monitoramento eleitoral para apoiar o trabalho dos voluntários. Ela pode ajudá-los a abordar desafios logísticos mais rapidamente, bem como contribuir para a supervisão eficaz da eleição e da proteção dos direitos dos cidadãos. Voluntariado e a Internet No mundo em desenvolvimento, as sinergias inovadoras entre voluntariado e tecnologia geralmente focam em tecnologias de comunicação móvel ao invés da Internet. Cerca de 26 por cento da população mundial tinha acesso à Internet em 2009. Entretanto, a penetração da Internet em países de baixa renda foi de apenas 18 por cento, em comparação com mais de 64 por cento nos países desenvolvidos. Embora os custos de Internet de banda larga fixa estejam caindo, o acesso continua a ser inacessível para muitos. Apesar disso, o voluntariado online está se desenvolvendo rapidamente. Voluntários online são "pessoas que comprometem o seu tempo e habilidades através da Internet, livremente e sem considerações financeiras, para o benefício da sociedade". O voluntariado online eliminou a necessidade de horários e locais específicos para as ações de voluntariado. Assim, aumenta em muito a liberdade e flexibilidade de engajamento voluntário e complementa o alcance e o impacto de voluntariado local. A maioria dos voluntários online envolvem-se em atividades operacionais e gerenciais, tais como captação de recursos, apoio tecnológico, comunicação, marketing e consultoria. Cada vez mais, eles também se envolvem em atividades como pesquisa e escrita e lideraram grupos de discussão por e-mail. O VNU gerencia um programa online de voluntariado, acessível em www.onlinevolunteering.org. Lançado em 2000, ele conecta ONGs, governos e agências das Nações Unidas com as pessoas que desejam ser voluntários através da Internet. Cerca de 10.000 voluntários de 170 países (62 por cento em países em desenvolvimento) completam uma média de 15.000 trabalhos online a cada ano. Estes voluntários não são apenas profissionais mas também estudantes e pessoas aposentadas. As mulheres representam 55 por cento de todos os participantes. Os campos de atuação incluem educação, juventude, estratégias e intervenções para o desenvolvimento, prevenção de crises, geração de emprego e renda, voluntariado, integração de grupos marginalizados, meio ambiente, saúde e gênero. O voluntariado online aumenta as capacidades das organizações que incentivam o desenvolvimento, além de permitir que muitas pessoas, que de outra forma não teriam oportunidade, participem desse desenvolvimento. Voluntariado online é tipicamente de curto prazo. Em um estudo, mais de 70 por cento dos voluntários online escolheu tarefas que requerem de uma a cinco horas por semana e quase metade escolheu atribuições com duração de 12 semanas ou menos. Algumas organizações, como Sparked.com, oferecerem oportunidades de voluntariado online que duram de 10 minutos a uma hora. Uma característica única do voluntariado online é que ele pode ser feito a distância. Pessoas com mobilidade reduzida ou outras necessidades especiais participam de maneira que não seria possível no tradicional voluntariado presencial. Da mesma forma, o voluntariado online pode permitir às pessoas superarem inibições e ansiedades sociais, particularmente se elas normalmente sofrem com rótulos e estereótipos relacionados a deficiências. 12 Isso permite que pessoas que não seriam voluntárias em ações tradicionais, exerçam o voluntariado. Além disso, pode construir a auto confiança e auto estima, melhorando e ampliando redes e laços sociais. 13 O voluntariado online também permite que os participantes adaptem seu programa de trabalho voluntário às suas necessidades e situações de vida. Sites de redes sociais como Twitter, Facebook e Orkut têm ajudado as pessoas a compartilhar e organizar informações. Entre os exemplos incluem-se a redução de risco incêndios florestais na Rússia em 2010 e a mobilização para manifestações políticas em países árabes no início de 2011. Estas plataformas de mídias sociais também têm sido utilizadas por voluntários e organizações para recrutar, organizar ação coletiva, sensibilizar as pessoas, angariar fundos e comunicar-se com os tomadores de decisão. No entanto, o clicktivismo, como é chamado, pode na verdade impedir que os ativistas, conhecidos como "clickers", sigam adiante e se envolvam em ações de voluntariado e advocacia mais significativas. Argumenta-se que, embora as mídias sociais possam aumentar a consciência de causas sociais, não inspiram uma paixão capaz de criar uma mudança social efetiva. Como consequência, as pessoas podem se tornar "filantropos telescópicos", sem estarem dispostas a fazer qualquer sacrifício real por uma causa. No entanto, embora o micro voluntariado nem sempre pode levar a uma mudança social radical, a simples informação e mudança de atitudes já traz benefícios. Por exemplo, a página Diga NÃO à Violência contra as Mulheres no Facebook informa milhares de assinantes sobre atividades importantes e a legislação sobre direitos das mulheres. A Internet também facilita o voluntariado, combinando os interesses dos voluntários com as necessidades das organizações. Sites de voluntariado ampliam as oportunidades dos voluntários encontrarem colocações, ao mesmo tempo em que proporcionam a participação das organizações com fácil acesso a potenciais voluntários. O prazo de recrutamento e os custos são reduzidos. Em muitos níveis, as novas tecnologias de comunicação e informação introduziram um fluxo de informações horizontal e participativo entre os usuários, abrindo assim possibilidades inovadoras para a participação de voluntários. Voluntariado de base tecnológica pode ser particularmente adequado para os jovens que tendem a adotar e empregar tecnologia. Há uma real necessidade de pesquisas que busquem uma melhor compreensão dos benefícios e desafios da relação online em comparação com o voluntariado presencial. Voluntariado internacional O voluntariado internacional é uma atividade organizada desenvolvida por voluntários que trabalham fora do seu país de origem. Ele inclui tantas tarefas de curto quanto longo prazo através de agências governamentais ou não-governamentais. Na última década em particular notou-se o número de voluntários no exterior aumentando e as formas de envolvimento evoluindo. O voluntariado internacional tornou-se uma característica proeminente de programas de assistência de desenvolvimento em diversos países desenvolvidos na década de 60. Algumas das organizações de coordenação de voluntários internacionais foram estabelecidas durante esse período, incluindo Voluntários da Austrália Internacional (Australina Volunteers International), Japão Voluntários Cooperadores no Exterior (Japan Overseas Cooperation Volunteers), Organização de Serviço da Universidade Canadense (Canadian University Service), Peace Corps, Volontari nel Mon-do – FOCSIV e Voluntários das Nações Unidas (United Nations Volunteers). Com exceção da VNU, a qual sempre teve voluntários de países em desenvolvimento, estes programas tradicionalmente focam em enviar voluntários do norte para o sul. Para muitos programas internacionais de trabalho voluntário, um desenvolvimento mais recente foi adicionar esquemas de voluntariado nacional às suas atividades. Isso é feito com o propósito de tirar proveito do conhecimento de pessoas familiarizadas com a língua local e questões culturais ao mesmo tempo em que constrói capacidades locais sustentáveis e contribui para o desenvolvimento22. Isso constrói complementaridade útil com voluntários internacionais que, somando habilidades, algumas vezes provêm doações concretas e recursos, sendo isso diretamente ou através de ligações com organizações externas. Recentemente um número de agências de agências de intercâmbio, incluindo VSO na Inglaterra, Progresso na Irlanda e Fredskorpset na Noruega, tem promovido missões voluntárias de sul para sul e sul para norte. Isso cria oportunidades para cidadãos de países em desenvolvimento para se voluntariarem no exterior e fortalecer as capacidades nacionais. Esta dimensão sul para o sul também está acontecendo no mundo em desenvolvimento em si. Na África, a União Africana e a ECOWAS, iniciativas regionais de voluntariado jovem possibilitam jovens africanos a ganhar experiências do voluntariado enquanto contribuem com a paz e o desenvolvimento da região. Na América Latina, a iniciativa Capacetes Brancos (White Helmets) foca em atribuições de voluntários latino-americanos em programas de emergência principalmente na região. O Brasil coopera com a VNU enviando voluntários brasileiros para a América Central. O programa está sendo expandido para o Haiti e planos estão em progresso para fazer o mesmo em Moçambique. Na Ásia, há programas em andamento pela Agência de Cooperação Internacional da Coréia (Korea International Cooperation Agency – KOICA), pela Jovens Voluntários da China Servindo Programa da África (Young Volunteers Serving Africa Programme of China) e pela Fundação Internacional da Singapura (Singapore International Foundation – SIF). O objetivo da SIF é melhorar os meios de subsistência e criar maior entendimento entre os nativos de Singapura e comunidades do mundo através de ideias compartilhadas, habilidades e experiências 25. Desde 2004, o Programa Voluntário da Tailândia (Volunteer Programme of Thailand – TICA) enviou cidadãos do seu país para países vizinhos a fim de dar suporte a programas de cooperação técnica. Além de contribuir para o desenvolvimento de recursos humanos sustentáveis, o programa visa construir amizade e proporcionar relacionamentos de pessoas para pessoas em um nível fundamental entre a Tailândia e outros países em desenvolvimento na Ásia e outros continentes. Formas de voluntariado internacional estão se tornando cada vez mais diversas. A tendência é em direção à colocação de curto prazo, com duração média de menos de seis meses e colocações que são individualmente adaptadas ao voluntário. Enquanto voluntariado internacional foi uma vez equiparado com comprometimento de longo prazo através de um programa voluntário formal, novas formas de voluntariado internacional de curto prazo combinam interesses em viajar com o desejo de contribuir. Essa tendência é movida pela globalização, viagens para o exterior mais baratas e mais convenientes, aumento da migração, mídia globalizada, identidades multiculturais e trabalho mais flexível e planos educacionais. O voluntariado internacional é cada vez mais promovido em universidades e corporações como uma força para educação global e desenvolvimento de habilidades. Voluntariado é também crescente entre pessoas vivendo fora dos seus países de origem, expressando o desejo da diáspora de ajudar comunidades em suas terras natais30. Recrutamento de voluntários de diáspora por corporações também é cada vez mais comum. Outra crescente tendência é por programas facilitando colocações de voluntário sênior de curto prazo para profissionais aposentados. Há uma questão de se o voluntariado internacional de curto prazo é mais benéfico como uma experiência de aprendizado para os próprios voluntários ou para a comunidade que os hospeda. A maioria dos estudos conclui que isso depende do programa. Na realidade, voluntariado internacional é uma estrada de dois sentidos, beneficiando tanto os voluntários quanto às comunidades que os hospedam. Voluntários internacionais frequentemente relatam ganhar habilidades que eles dificilmente adquiririam através de voluntariado local e nacional ou empregos33. Voluntários que retornam geralmente alegam que suas experiências no exterior foram “transformadoras” ou “pontos de mudança” nas suas vidas, levando ao comprometimento aumentado do serviço a nível nacional e no exterior. Para comunidades hospedeiras, programas de durações diferentes podem ser apropriados para tipos específicos de atividades de serviço. Voluntários de curto prazo podem respirar vida nova pra dentro de diferentes atividades rotineiras de serviço social com crianças, adultos ou portadores de necessidades especiais35. Voluntários internacionais experientes de curto prazo trazem com eles significativa experiência técnica. Entretanto, missões repetidas são vistas como mais efetivas. Missões experientes individuais também são mais efetivas como parte de projetos de longo termo quando eles são independentes. Há muito a debater sobre os benefícios do turismo voluntário de curto prazo, “volunturismo”, para o desenvolvimento internacional. Em 2008, o mercado para volunturismo no oeste Europeu cresceu de 5 a 10 por cento em cinco anos, com África, Ásia e América Latina, sendo os destinos mais populares. Uma oportunidade pode variar de um ou dois dias até um mês ou mais, com a maioria das experiências durando entre uma e duas semanas. É mais popular com estudantes e pessoas fazendo uma pausa na carreira. Os projetos mais populares incluem educação e treinamento, construção e trabalho com crianças. Volunturismo provém organizações hospedeiras e projetos com meios de divulgação. Para comunidades, isso possibilita maiores recursos humanos e financeiros, empregos locais e melhoramento de infraestrutura. Voluntários tendem a ficar em contato depois que retornam para casa e até levantam fundos em nome das comunidades. Mas volunturismo se tornou também alvo de críticas. Quando a duração da viagem diminui, as colocações de voluntariado são designadas mais para a conveniência do voluntário do que para dar suporte a comunidade local que necessita. Voluntários participantes tendem a deixar a desejar em qualificações relevantes, experiência e treinamento. Portanto eles realizam tarefas simples, menores em escala, e com mínimo impacto. Eles podem até ser um fardo para os recursos locais. Alguns especialistas argumentam que a indústria do volunturismo deveria ser regulamentada a fim de garantir que isso beneficia o desenvolvimento sustentável. Em contraste com as colocações de voluntários internacionais de curto prazo, programas enfatizando voluntariado internacional de longo prazo tendem a colocar uma maior prioridade em combinar as habilidades dos voluntários com as necessidades das comunidades hospedeiras. Programas são mais efetivos quando eles fazem o seguinte: consideram continuidade na presença de voluntários; provêm treinamento e orientação, incluindo sensibilização cultural. Respondem diretamente às necessidades das comunidades e através dos seus planos, maximizam as contribuições. O caso do voluntariado de diáspora merece atenção especial dado o seu enorme potencial para o desenvolvimento nos países com significativa população de residentes estrangeiros. Por exemplo, 1.1 milhões de profissionais médicos praticantes residentes nos Estados Unidos somente são de países em desenvolvimento. Mais de 120.000 desses vêm da África Subsaariana. A natureza do voluntariado de diáspora é contingente sobre circunstâncias da diáspora em seu país adotado e em sua terra natal. No caso do Chifre da África, por exemplo, membros da diáspora retornam às suas terras natais periodicamente por curtos períodos. O propósito deles é ajudar a melhorar as capacidades de redes da sociedade civil além de incutir uma “mentalidade coletiva e civil orientada” em comunidades locais pós-conflito. Ainda, pouco é conhecido sobre o importante papel dos voluntários de diáspora como agentes de mudanças na região. A diáspora do Vietnã foca em questões tais como redução da pobreza, sustentabilidade ambiental, cuidados médicos e incapacidades. Com uma justa segunda geração bem integrada em países de adoção, há uma questão, entretanto, sobre a viabilidade de longo prazo do voluntariado de diáspora no Vietnam como laços ao país de origem se tornam mais fracos. Tem sido estimado que em torno de 400.000 vietnamitas vivendo no exterior receberam maior educação, porém somente 200 são trazidos de volta a cada ano para ensinar ou consultar. Iniciativas para mobilizar voluntários de diáspora são sinais da significância crescente da diáspora para o voluntariado. Tais iniciativas vêm de agências incluindo o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (United Nations Development Programme), a Organização Internacional para Migração (International Organization for Migration), o Departamento Britânico para Desenvolvimento Internacional (British Department for International Development) e o VSO-assistido Aliança de Voluntariado de Diáspora (Diaspora Volunteering Alliance), Serviço da Universidade Canadense no Exterior (Canadian University Service Overseas), o VSO Programa de Voluntariado de Diáspora (Diaspora Volunteering Programme) e o USAID Aliança de Redes de Diáspora (Diaspora Networks Alliance – DNA)44. O valor desse tipo de voluntariado é que isso traz conhecimento especializado para o desenvolvimento e processos de paz em países em necessidade de tal assistência. Tão importante, entretanto, é que isso some ao capital social das pessoas que estão geograficamente separadas, mas culturalmente ligadas. Isso é um bom exemplo do que mantém sociedades conectadas. Voluntariado internacional nos encoraja mudar o foco no sobre o que é assistência de desenvolvimento. Ela não é apenas sobre transferir habilidades técnicas, mas também sobre construção de relacionamentos, cooperação global e os valores da solidariedade. “Isso pode conectar o vazio entre o mundo profissionalizado de especialistas em desenvolvimento e organizações e os ‘não especializados’ que engajam com suas ideias e práticas de desenvolvimento”. VOLUNTARIADO E SETOR PRIVADO Empresas do setor privado operam em um mercado crescentemente "moral" O economista Milton Friedman, dos Estados Unidos, uma vez, brincando, disse que "o negócio do negócio é negócio". No entanto, esta noção tem poucos adeptos atualmente: empresas do setor privado operam em um mercado crescentemente "moral", em que consumidores, investidores e funcionários estão interessados em saber se essas organizações são socialmente responsáveis. Consumidores e investidores têm imagem mais positiva de empresas que eles sabem que são boas "cidadãs corporativas". Da mesma forma, funcionários ficam mais motivados por estarem contribuindo para a sociedade. "Responsabilidade social empresarial" (RSE) tem sido descrita como "expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que uma sociedade tem em relação às organizações em um determinado momento." Significa que as empresas privadas têm, além da obrigação de gerar um retorno justo para os investidores, responsabilidades morais, éticas e filantrópicas. Outra definição vai mais longe afirmando que a RSE implica "melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e de suas famílias, bem como da comunidade local e da sociedade em geral." Isto coincide com os valores do voluntariado e sua relação com o bem-estar de pessoas e de suas comunidades. Pesquisa nos países em desenvolvimento indica que a RSE é mais prevalente do que geralmente se acreditava, embora menos institucionalizada do que em países desenvolvidos. Na Ásia, entre os vários países, variam muito os modos de exercer a RSE, com fundações, voluntariado, parcerias etc. Na África, as práticas de RSE se concentram mais na economia e na filantropia do que nas responsabilidades legais e éticas. Na América Latina a RSE é vista como uma esperança de mudança positiva tendo em vista os desafios socioeconômicos, políticos e ambientais da região. Uma RSE formalizada tende a estar mais presente em empresas grandes, com alta visibilidade, nacionais ou multinacionais, especialmente entre as que têm marcas internacionalmente reconhecidas ou que aspiram a um status global. O Pacto Global da ONU (UN Global Compact), lançado em 2000, que promove direitos humanos e trabalho, princípios ambientais e posturas anticorrupção no setor privado, foi um grande impulso para a RSE. Seu objetivo é catalisar ações no sentido de cumprir os objetivos mais amplos das Nações Unidas - incluindo os ODM - e apoiar uma plataforma para o engajamento empresarial. O número de empresas envolvidas no Pacto Global cresceu de 47, em 2000, para mais de 8.700 em 2011, em 135 países. As empresas participantes são incentivadas, entre outros aspectos, a mobilizar voluntários para atuar no sentido dos MDG. O "voluntariado empresarial" é uma crescente manifestação da RSE. Às vezes é denominado "voluntariado apoiado pelo empregador" ou "voluntariado corporativo" e frequentemente é um componente da estratégia de relações com a comunidade. Os benefícios para os funcionários incluem a elevação do moral, da satisfação no trabalho, do orgulho e de outros sentimentos positivos em relação à empresa. Os benefícios para a empresa incluem a melhoria da imagem e da reputação, uma maior visibilidade junto à comunidade e o aumento de vendas. As comunidades também ganham, em função do crescimento do bem-estar, do apoio financeiro e de outras formas de assistência para as organizações locais, além de aumento dos níveis de voluntariado comunitário. 53 Nas avaliações da RSE por vezes está ausente o reconhecimento de que o voluntariado empresarial permite que os cidadãos participem de atividades que correspondem a seus valores e fortalecem o tecido social - o que reforça a principal mensagem deste relatório. Tal como acontece com a RSE em geral, a natureza do voluntariado empresarial nos países em desenvolvimento mostra consideráveis variações de acordo com os contextos específicos. Um projeto da New Academy of Business (Nova Academia de Negócios) em sete países em desenvolvimento (Brasil, Gana, Índia, Líbano, Nigéria, Filipinas e África do Sul) verificou que as formas tradicionais de filantropia corporativa e as iniciativas de investimento social eram práticas comuns. Os programas de voluntariado empresarial de longo prazo, entretanto, não eram comuns nem recebiam apoio institucional. 59 O estudo Global Companies Volunteering Globally (Empresas globais exercem o voluntariado globalmente) 61 identificou, em todo o mundo, diversas abordagens ao voluntariado empresarial, sendo que fatores regionais e culturais determinam como o voluntariado é entendido e praticado. As empresas apoiam o voluntariado empresarial de maneiras muito diferentes, variando desde encorajar voluntários individuais, em pequenas equipes, até como parte de programas estruturados, muitas vezes em parceria com ONGs. Às vezes as atividades acontecem nas comunidades onde as empresas atuam, mas funcionários participantes dos programas de voluntariado também podem ser enviados para outros países. As atividades podem implicar mobilizações em todo o mundo e desenvolver-se por dias, semanas ou meses. Podem ser projetos únicos ou assumir a forma de voluntariado online. Um fenômeno que ainda é bastante novo, mas rapidamente crescente, é a integração formal dos programas de voluntariado empresarial na infraestrutura e no plano de negócios das empresas. Grandes empresas (mais de 250 funcionários) são mais propensas a ter programas de voluntariado empresarial (47 por cento) do que as empresas médias (20 por cento) ou as pequenas empresas (14 por cento). Os funcionários de empresas maiores também tendem, mais do que os funcionários de empresas menores, a reconhecer que seus empregadores apoiam o voluntariado. Na verdade, mais de 90 por cento das empresas do relatório Fortune de 500 Empresas (Fortune 500 companies report) informam manter programas formais de voluntariado empresarial. Em escala global, é difícil avaliar a prevalência de programas de voluntariado empresarial, uma vez que poucas empresas registram as horas de trabalho voluntário ou avaliam os resultados do voluntariado empresarial. A falta de programas formais de voluntariado empresarial em pequenas empresas e médias empresas não significa que haja falta de envolvimento com a comunidade. Um estudo sobre a responsabilidade social e ambiental dos proprietários de pequenas empresas no Reino Unido encontrou altos níveis de envolvimento com a comunidade: "As pequenas empresas têm, basicamente, uma visão diferente das grandes empresas. Os "grandões" provavelmente ficam esperando para ver o que podem ganhar com isso, enquanto as pequenas empresas se consideram parte da comunidade e, de forma alguma, encaram isso como parte de sua estratégia de negócios". A noção comum é que as ações de voluntariado empresarial ocorrem durante o período de trabalho dos funcionários. As práticas, no entanto, variam muito: algumas empresas fornecem informações sobre oportunidades de voluntariado mas esperam que os funcionários as realizem fora do horário de trabalho. Outras oferecem horários de trabalho flexíveis, permitindo certa dedicação ao voluntariado, enquanto outras, ainda, permitem saídas, remuneradas ou não. Algumas empresas, geralmente grandes, liberam funcionários para voluntariado por longos períodos, na expectativa de que eles retornarão com novas habilidades e nova motivação. O Global Pfizer Health Fellows (Companheiros de saúde global da Pfizer), por exemplo, envolve por períodos de três a seis meses, funcionários com experiência em medicina e negócios, em equipes de organizações voltadas para o desenvolvimento internacional no campo da saúde. Desde 2003 cerca de 270 funcionários se apresentaram como voluntários em mais de 40 países. Os tipos mais comuns de programas de voluntariado empresarial (PVE) envolvem formas simples de apoio. Entre estas incluem o ajustamento de programações de trabalho de modo a acomodar o voluntariado, a permissão de acesso aos recursos e instalações da empresa, a disseminação de informações sobre oportunidades de voluntariado e a valorização, formal, das ações de voluntariado de funcionários. O National Commercial Bank of Saudi Arabia (Banco Comercial Nacional da Arábia Saudita) incentiva os funcionários a ministrar aulas de habilidades interpessoais em escolas, além de proporcionar treinamento para empreendedores. Alguns sistemas são também abertos para famílias, aposentados, clientes e fornecedores. Por exemplo, todos os anos, por três meses, a Hyundai, com parceria da ONG Korean Council of Volunteering (Conselho Coreano de Voluntariado), promove oportunidades adequadas para as famílias de empregados que são apoiados por centros de voluntariado local, além de fornecer uniformes. Cada vez mais, as empresas estão articulando as doações filantrópicas com o voluntariado empresarial, combinando doações e "dólares para realizadores" ("dollars for doers"). As empresas contribuem para um causa ou organização com valores que variam segundo a quantidade de horas de voluntariado de seus funcionários – o que incentiva os funcionários a aumentar seu voluntariado. A Fundação UPS apoia doações a organizações locais escolhidas pelo UPS Community Involvement Comitee (Comitê UPS de Envolvimento com a Comunidade). As subvenções são concedidas depois de, pelo menos, 50 horas de trabalho de voluntários da UPS. PVEs estão cada vez mais focados em colaborações de longo prazo com ONGs locais. Isso ajuda as empresas a assimilar o conhecimento dos parceiros locais e a responder de forma mais eficaz às necessidades da comunidade. Auxiliar organizações sem fins lucrativos, comunitárias, a funcionar mais eficazmente está entre os principais objetivos dos PVEs atualmente. Normalmente as ONGs solicitam voluntários com competências específicas, visando atender certas necessidades - e as empresas encaminham funcionários com as competências solicitadas. Dispor de voluntários com determinadas habilidades pode reduzir radicalmente as despesas fora do orçamento das ONGs. Estima-se um retorno de quatro dólares americanos para cada dólar americano investido no desenvolvimento de uma infraestrutura de formação e gestão de voluntários. O Equity Bank (Banco do Patrimônio), no Quênia, é um excelente exemplo da relação entre o setor privado e ONGs: funcionários do Banco atuam como voluntários, ministrando cursos de alfabetização financeira para comunidades e treinando ONGs sobre os fundamentos do empreendedorismo e da gestão financeira. Estas iniciativas de voluntariado complementam, mas não substituem serviços financeiros destinados a reduzir a pobreza e a fornecer capital e financiamento para grupos de risco. Para o Banco, essas iniciativas aumentam o alcance e o impacto de seus serviços financeiros. O Tata Group (Grupo Tata), um dos maiores conglomerados privados da Índia, é outro exemplo. Nos últimos anos, em níveis local, nacional e global, tem havido um forte interesse no desenvolvimento de conhecimentos e de normas, no estabelecimento de parcerias e na melhoria das práticas do voluntariado empresarial. Câmaras de Comércio, muitas vezes, têm comissões de RSE. Por exemplo, desde 2000 a Câmara de Comércio e Indústria do Vietnã tem mantido a Business Link Initiative (Iniciativa de Articulação de Negócios) e o Business Office for Sustainable Development (Escritório de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável), focalizados na promoção da RSE, incluindo o voluntariado empresarial. O Global Business Coalition on HIV / AIDS, Tuberculosis and Malaria (Pacto Global para a Luta contra o HIV/Aids, Tuberculose e Malária) inclui ferramentas, conexões e informações sobre o envolvimento efetivo da comunidade com voluntários. Embora a atenção seja, em grande parte, dirigida ao voluntariado empresarial, o voluntariado no setor público também é relevante. No Reino Unido, 45 por cento dos funcionários públicos afirmam que seu empregador tem esquemas de voluntariado, contra 30 por cento no setor privado. Funcionários públicos, assim como empregados do setor privado, frequentemente têm sido envolvidos em esforços voluntários, nacionais ou internacionais, de resposta a situações de emergência e de recuperação. O Disaster Service Volunteer Leave Act of Guam (Lei de Licença de Serviço Voluntário em Desastres de Guam) permite que funcionários públicos envolvidos na ajuda à Cruz Vermelha durante desastres tenham 15 dias de licença remunerada por ano. Conclusões e discussões A globalização e a era digital estão alterando a face do voluntariado. A mudança é desafiadora, e questões críticas foram levantadas sobre o valor e a contribuição das várias novas formas de voluntariado. Em alguns casos, o voluntariado envolvido com a tecnologia pode substituir o expressivo e significante compromisso do voluntário. O voluntariado internacional pode ser exclusivo e o voluntariado empresarial insincero. Ao mesmo tempo, o voluntariado moderno tem o potencial para contribuir significativamente para o desenvolvimento humano. Esforços são, portanto, necessários para garantir uma possível participação de todos os membros da sociedade. Para um número elevado de pessoas em países com baixa renda, o acesso a tecnologias inovadoras é ainda limitado e a noção de voluntariado internacional é muito remota. Além disso, somente uma pequena quantidade de empresas em países em desenvolvimento comprometem recursos para dar suporte aos esquemas de voluntariado dos trabalhadores. Mesmo assim há razoes para ser otimista, pois as formas de evolução do voluntariado irão aumentar as oportunidades para pessoas realizarem trabalhos voluntários. A propagação da tecnologia conecta cada vez mais as áreas rurais e isoladas. ONGs e governos estão começando a perceber o valor do voluntariado internacional de sul para sul, bem como do voluntariado de diáspora, e estão dedicando recursos a esses esquemas. Organizações estão respondendo ao “mercado social” suportando iniciativas de RSC que incluem voluntariado. Novas oportunidades para se engajar no voluntariado estão se abrindo com o resultado de que mais pessoas estão se envolvendo e aquelas que já participavam podem expandir seu comprometimento. Isso é uma notícia excelente para o tecido social das nossas sociedades. BOX 3.1 : Monitoramento de eleições por meio de SMS Observadores eleitorais voluntários podem desempenhar um papel fundamental na promoção da boa governança. Voluntários bem treinados, equipados com as novas tecnologias, constituem-se em recurso inestimável para a manutenção de sistemas eleitorais democráticos. Uma nova forma de engajamento cívico surgiu durante o referendo de 2006 em Montenegro. Observadores eleitorais utilizaram mensagens de texto para apresentar relatórios periódicos sobre a eleição. Voluntários de uma ONG de Montenegro, o Centro para Transição da Democracia, com a assistência técnica do Instituto Nacional Norte-americano da Democracia, utilizaram mensagens curtas (SMS) para relatar quase instantaneamente, das seções eleitorais de todo o país. Desde então, voluntários eleitorais reportaram, por meio de mensagens de texto via telefones celular, o que ocorreu nas eleições na Albânia em 2006, Serra Leoa em 2007, Nigéria em 2007 e 2011 e no Sudão em 2010, entre outras. 6 A primeira eleição em Serra Leoa pós-guerra foi monitorada por milhares de voluntários locais treinados, que observaram as seções eleitorais e coletaram informações dos votos, enviando-as para análise via mensagens de texto para o Observatório Nacional de Eleições, uma coalizão de mais de 200 ONGs no país. A presença e contribuições dos voluntários ajudaram a "proteger o direito dos eleitores e promover um ambiente de eleição justo e pacífico”. Relatórios de voluntários, por meio de SMS, estão ampliando as possibilidades de engajamento cívico e transparência e estão contribuindo para uma maior responsabilidade política. Fonte: The National Democratic Institute. (2006); Schuler. (2008); Verclas. (2007). BOX 3.2 : Voluntariado online O Serviço de Voluntariado Online, uma ferramenta da UNV para mobilizar o desenvolvimento de voluntários, une voluntários com organizações a fim de reforçar o impacto do desenvolvimento humano sustentável. Em Camarões, o Engenheiros Sem Fronteiras (EWB) reuniu três voluntários online que desenvolveram um manual de fácil utilização em técnicas e tecnologias complexas de cultivo. Um engenheiro agrícola de Mali traduziu os jargões científicos para uma linguagem simples. Um consultor marroquino com doutorado em estudos ambientais e um agro economista togolês também trabalharam juntos em um produto que está ajudando agricultores a melhorar o cultivo e processamento de abacaxis. EDOH Kokou (Togo), voluntário online, declarou: "Esta colaboração foi um sucesso total. O compromisso, colaboração e convívio da nossa equipe com a equipe da EWB provocou uma mudança decisiva na minha vida. Esta foi a minha primeira vez como um voluntário online e eu fiquei com uma sensação de completa satisfação. Eu decidi ser novamente voluntário para a EWB. " O programa da UNESCO Patrimônio Mundial da Floresta (World Heritage Forests) trabalha para fortalecer a conservação de florestas em locais de Patrimônio Mundial. Vinte e dois voluntários online de 11 países apoiaram a programa, defendendo a conservação durante o Ano Internacional das Florestas em 2011. Ao pesquisar, analisar, resumir e mapear informações, os voluntários contribuíram para o relatório State of World Heritage Forests e construíram bancos de dados relacionadas com Patrimônio Mundial da Floresta. De acordo o estudante de arquitetura e urbanismo para conservação do patrimônio, Jae Hyeon Park (República da Coreia), analisar e sintetizar os dados para o banco de dados "permitiu-me ampliar meus conhecimentos de áreas ambientais e entender mais sobre a participação da UNESCO no patrimônio natural a nível global. Acima de tudo, o que tenho beneficiado desta vez é o prazer de voluntariado com profissionalismo." Fonte: UNV. (n. d., 2004, 2010a, 2010b, 2011b, June). BOX 3.3: Voluntariado online de código aberto As pessoas estão usando cada vez mais as mídias sociais para promover causas importantes para elas. No Dia Anual de Ações em Blogs, marcada em 15 de outubro, milhares de blogueiros se encontram online para compartilhar ideias sobre questões de interesse público. Em 2010, as postagens giravam em torno da crise da água. Da conservação da água até a igualdade entre gêneros, os blogueiros exploraram questões relacionadas à água que tiveram impacto na sociedade, com a esperança de inspirar ações positivas e manter o debate em andamento. Robin Beck, diretor de organização do dia em 2010, afirmou que: "O melhor resultado possível seria espalhar a conversa para lugares onde nunca é realizada."16 Voluntários também participam online através do "movimento de código aberto", que envolve profissionais de várias disciplinas. Biólogos, por exemplo, adotaram ferramentas de código aberto para contribuir com as bases de dados do genoma e sequenciamento genético. Blogs e quadros de mensagens online, formas de jornalismo aberto, contribuem significativamente para a criação de conhecimento e divulgação, além da publicação de livre utilização. O projeto Gutenberg, por exemplo, digitalizou mais de 6.000 livros, onde voluntários digitaram, página por página, clássicos de Shakespeare a Stendhal. Distribuited Proofreading, um projeto relacionado, envolveu incontáveis editoras voluntárias de cópias para ter certeza de que os textos do Gutenberg foram renderizados corretamente.17 Fontes: Goetz. (2003); Roque. (2009); Knight. (n.d.); Blog Action Day Blog. (2010). BOX 3.4: Micro Voluntariado na Kraft Foods A Kraft Foods associou-se com a Sparked, um ambiente online que habilita indivíduos a se voluntariarem independente do tempo e local, para lançar um programa piloto de micro voluntariado. Mais de 50 empregados participaram, ajudando 48 ONGs em questões relacionadas à saúde, nutrição e crianças, em 38 países. As principais habilidades utilizadas foram marketing, vendas e mídia social. Daqueles que se voluntariaram, 67 por cento notaram a facilidade de adaptar isso nos seus horários e 92 por cento falaram que micro voluntariado deveria ser oferecido para todos os empregados. Como um notou: “Eu não tenho tempo para outras atividades voluntárias na minha vida agora, então isso me mantém contribuindo pelo menos de uma maneira”. Um voluntário da Kraft Foods utilizou suas habilidades em línguas para traduzir aplicações para financiamento e levantamento de recursos (do inglês para o espanhol) para uma ONG Internacional, aumentando então o acesso aos financiadores. Outro utilizou suas habilidades com mídia social, colaboração e gerenciamento de conteúdo para orientar uma ONG sobre como utilizar perfis do Facebook para dar notoriedade ao seu trabalho. Tecnologia pode permitir voluntários em locais através do mundo a trabalhar sob sua conveniência sob esforços conjuntos que podem ter um impacto tremendo. Fontes: Allen, Galiano & Hayes. (2011); Sparked. (2012, 4 de Novembro). BOX 3.5: Amigos da Tailândia no Butão O Programa Voluntário Tailandês (Thai Volunteer Programme), também conhecido como “Amigos da Tailândia” (Friends from Thailand – FFT), envia jovens voluntários Tailandeses ou “amigos” para fazer o trabalho de campo no suporte de programas de cooperação técnica Tailandeses em países em desenvolvimento. Através de um acordo cooperativo entre a Tailândia e o Butão, voluntários Tailandeses provêm suporte técnico em agricultura, saúde pública, turismo e estudos vocacionais para os setores públicos e privados no Butão. Bandit Bitbarmund, de 23 anos, é engenheiro agrônomo em uma missão voluntária de dois anos. Bandit está pesquisando desenvolvimento de maquinário agrícola no Centro de Máquinas Agrícolas do Ministério da Agricultura e Cooperativas e fazendo palestras sobre maquinário agrícola para o programa de diploma em agricultura na Universidade Real do Butão. Fonte: Phatarathiyanon, Tomon, Yosthasan, Ito, Lee & Ratcliffe. (2008); Bandit Bitbamrund, Comunicação Pessoal. (2011, 20 de Julho); Comissão de Serviço Civil Real. (2005). BOX 3.6: Voluntários Sênior JICA Masayoshi Maruko é um dono de uma loja de sons para carros há muito tempo. Quando completou 60 anos, ele decidiu aplicar-se para o Programa de Voluntários Sênior da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Ele foi designado para uma escola de treinamento vocacional na Zâmbia para ensinar engenharia eletrônica. Embora ele não tivesse qualquer experiência prévia em ensino, ele estava pelo menos certo de uma coisa: aquele trabalho era somente ensinado através do trabalho. Seguindo esse provérbio, quando ele percebeu quais eram as necessidades, ele ajustou para trabalhar acima e além dos seus deveres de ensino. Na Zâmbia, onde a alimentação de energia elétrica é instável, há uma demanda por geradores de energia solar. Junto com seu ensino sobre como reparar televisões e rádios em aula, o Sr. Maruko também desenvolveu novos produtos, incluindo uma motocicleta denominada “Bicicleta Solar” e uma lanterna alimentada por energia solar chamada “Rei Solar” (Solar King), a qual ganhou prêmios. Através da sua atividade na Zâmbia, o Sr. Maruko disse que percebeu que havia algo mais importante para um Voluntário Sênior JICA do que alto nível de conhecimento e habilidades: “Quando você quer fazer alguma coisa pela felicidade dos outros, então, pela primeira vez, seu conhecimento e técnicas serão passados adiante”. Em 2009, o Programa Voluntário Sênior deu a 445 pessoas da faixa etária de 40 a 69 anos a oportunidade de participar de atividades cooperativas em países em desenvolvimento utilizando suas experiências nos campos de agricultura, silvicultura e pescaria, energia, saúde e cuidados médicos, recursos humanos, educação, cultura e esportes. Desde o começo do programa em 1990, um total de 4.462 pessoas foram despachadas para 64 países. Fonte: Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). (2011). BOX 3.7: O Programa de Voluntariado da Diáspora Etíope Estimados 20.000 profissionais capacitados deixaram a África desde 1990, levando suas habilidades e conhecimentos com eles. A Etiópia está os atingindo através do seu Programa de Voluntariado da Diáspora Etíope, o qual recruta voluntários da área da saúde para construir a capacidade nacional no tratamento de HIV/AIDS e outras doenças. Isso funciona em parceria com a Aliança de Saúde Internacional Americana (American International Health Alliance) e a Rede de Profissionais Etíopes em Diáspora (Network of Ethiopian Professionals in the Diaspora). Entre 2006 e 2010, o programa colocou 45 voluntários em mais de 30 sítios, incluindo o Ministério Federal Etíope de Saúde, onde eles realizaram diversas funções variando de desenvolvendo orientações ao tratamento de dor para os profissionais de saúde do país até construir uma plataforma online para o ministério. Eles também realizaram extensão para universidades estrangeiras, desenvolveram currículo médico para os hospitais de ensino do país e examinaram o programa de tratamento antirretroviral do país42. Entre outros exemplos, os voluntários melhoraram e introduziram novos sistemas de cuidados, desenvolvendo materiais educacionais e de treinamento, ajudaram a adaptar modelos importados e técnicos para a configuração Etíope, treinaram profissionais da área da saúde, desenvolveram promoções de campanhas de prevenção de doenças e saúde e fortaleceram a pesquisa primária. Os voluntários possuem diversas necessidades e expectativas. Entretanto, as motivações para o voluntariado foram um desejo de ajudar a divulgar HIV/AIDS na Etiópia, um sentimento de responsabilidade de dar de volta para a Etiópia, e orgulho na herança Etíope. Fonte: Giorgis & Terrazas (2011a); Organização Internacional para Migração (IOM). (2007); Rede de Profissionais Etíopes em Diáspora (NEPID). (n.d.) BOX 3.8: Valores e princípios são necessários nos negócios "Precisamos dos negócios para dar um sentido e princípios que conectam culturas e pessoas em toda parte." Fonte: Ban Ki-moon. (2008). prático e chegar aos valores BOX 3.9: Voluntariado empresarial e os ODM SUEZ, na França, é um provedor de serviços públicos industriais que contribui para o ODM-7: sustentabilidade ambiental. Oferece aos funcionários oportunidades de atuar como voluntários em seu negócio principal, por meio de uma parceria com UNV. Funcionários da SUEZ estabeleceram duas associações de voluntários, "Aquassistance" e "Energy Assistance" (Assistência para Energia), para melhorar as condições de vida de populações muito desfavorecidas em todo o mundo. Voluntários da "Aquassistance" realizaram avaliações para gestão de resíduos na Albânia, Níger, Senegal e Guiné Bissau. O apoio técnico foi estendido para um projeto de voluntariado comunitário de gestão de resíduos. Voluntários da "Energy Assistance" desenvolveram recomendações para redes de distribuição de energia em Honduras, avaliaram fontes de poluição nas Ilhas Galápagos e, no Timor Leste, recomendaram mudanças na produção de energia e realizaram auditoria em usina elétrica. Fonte: ICG. (N.d.). BOX 3.10 Voluntariado empresarial O programa Proniño (Pró-Menino), uma ideia da multinacional de telecomunicações Telefónica, pretende contribuir para a erradicação do trabalho infantil na América Latina, onde mais de 5 milhões de crianças trabalham. Através da escolarização das crianças e adolescentes que trabalham - e usando tecnologia e gestão sistemas da Telefónica, Proniño visa melhorar a qualidade da educação das crianças e garantir que elas estão protegidas contra o trabalho infantil. 54 Implementado nos 13 países da América Latina em que a empresa tem negócios, o programa funciona por meio de uma rede composta por 118 ONGs, 674 alianças e quase 5.000 escolas e creches. Atinge mais de 160.000 crianças e adolescentes por ano. 55 Proniño é executado por voluntários da Telefónica que oferecem aulas extras, ajudam ONGs parceiras a monitorar as famílias das crianças participantes do programa, conduzem oficinas sobre educação voltadas para famílias e comunidades, além de prestar apoio a professores e assistentes sociais. (56). Os voluntários estão também no centro do programa Escuelas Amigas da Telefónica, que conecta classes entre escolas da Espanha e da América Latina para intercâmbios culturais através da Internet. 57 Voluntários da Telefónica apoiam os professores prestando assistência para o uso de ferramentas Web 2.0 e monitorando os trabalhos em sala de aula. Também acompanham e motivam professores e alunos ao longo dos cinco meses do projeto, durante os quais as classes trabalham juntas em materiais educativos, por meio de blogs e teleconferências. 58 Fonte: Telefónica. (2009); Allen, Galiano & Hayes. (2011). BOX 3.11: Banqueiros sem Fronteiras Banqueiros sem Fronteiras (BSF) é um contingente mundial de 5.700 profissionais altamente qualificados de diversas áreas, não apenas serviços bancários e finanças, aposentados ou não, da Fundação Grameen. São voluntários dispostos a oferecer entre duas semanas e quatro meses de trabalho de assessoria em questões de micro finanças ou tecnologia. Desde seu lançamento, em 2008, mais de 440 voluntários doaram mais de 50 mil horas de serviço, valendo cerca de 4 milhões dólares americanos. Por meio de assistência técnica presencial, treinamento, tutoria e projetos de consultoria remota, os voluntários do BSF trabalham para aumentar a escala, a sustentabilidade e o impacto de instituições de micro finanças. Em 2009, o Technologie for Microfinance Center (Centro de Tecnologia para Microfinanças) da Fundação Grameen alocou quatro experientes voluntários do BSF para auxiliar na compreensão do Mifos, um sistema de informações para gestão aberto. Esses voluntários pesquisaram formas pelas quais a computação em nuvem poderia minimizar custos e maximizar o valor, para instituições de micro finanças, de sistemas de informação para gestão. Durante as 485 horas de trabalho doadas os voluntários realizaram pesquisas que resultaram em um plano de negócios para o Mifos Cloud (Mifos na Nuvem), um sistema completo, pronto para uso, que pode auxiliar as instituições de microfinanças a superar barreiras tecnológicas e aumentar a eficiência. Outro exemplo da contribuição de voluntários do BSF foi a produção do Corporate Governance Handbook for the Middle East and North Africa Region (Manual de Governança Corporativa para o Oriente Médio e região Norte da África). Os voluntários do BSF melhoraram a praticidade do manual, alinharam o material com os treinamentos personalizados e fizeram adaptações ao contexto de micro finanças do mundo árabe. Fonte: Maynard. (2010); Grameen Foundation. (2011). BOX 3.12: Juntando pessoas e causas O Conselho Tata para Iniciativas Comunitárias (Tata Council for Community Initiatives), o qual é o ponto focal para o Compacto Global das Nações Unidas (United Nations Global Compact) na Índia, junta pessoas e causas para fazer a diferença na vida das pessoas. Desde 1994, a iniciativa promoveu voluntariado entre empregados e a corporação privada Grupo Tata na Índia. Ela faz isso fazendo parceria com www.indianngos.com e conectando empregados da Tata com 50.000 ONGS e oportunidades de voluntariado listadas no portal. “Comprometimento para o bem-estar das comunidades, a iniciativa das nossas empresas têm sido um princípio chave do Grupo Tata”, diz Ratan N. Tata, presidente da Tata Sons. O esforço combinado do Conselho Tata para Iniciativas Comunitárias e das empresas Tata levou a uma tentativa mais sistemática de focar o trabalho comunitário da empresa em trazer a tona desenvolvimento social sustentável. Pratham, uma ONG que provê educação para crianças desprivilegiadas da Índia, fez parceria com a Taj Hotels para conduzir treinamento na indústria hospitaleira para pessoas jovens de 40 vilarejos rurais do estado de Maharashtra. Enquanto Pratham mobilizou pessoas jovens e construiu uma instalação no estado da arte em Khaultabad próximo de Aurangabad, a Taj Hotels compartilhou conhecimento sobre desenvolvimento de currículos, programas de treinamento e infraestrutura de treinamento. Mais de 70 jovens pessoas da região foram treinadas com 100 por cento de postos de trabalho de para graduados. Fonte: Conselho Tata para Iniciativas Comunitárias (2010). SUBSISTÊNCIAS SUSTENTÁVEIS CAPÍTULO 4 O pobre é aquele que está sozinho Expressão Senegalesa Introdução O “pobre” é uma pessoa com família, vizinhos, amigos, ideias e capacidades, bem como tradições e aspirações. Estas características geralmente são ignoradas em políticas e programas de desenvolvimento, que definem a pobreza principalmente como falta de renda. Frequentemente, o pobre não tem oportunidades para perceber o seu potencial. Entretanto, eles também possuem uma variedade de ativos, não apenas sua mão-de-obra, mas também conhecimento local, habilidades e redes com as quais eles enfrentam desafios1. Os valores que apoiam o voluntariado, como discutido no Capítulo 1, ajudam a assegurar que estes ativos sejam compartilhados para o benefício da comunidade. Há crescentes evidências em países em desenvolvimento de que os pobres de baixa renda são tanto fornecedores quanto recebedores de ajuda. Eles possuem uma capacidade significativa para ajudarem-se uns aos outros através do voluntariado, em associação com organizações formais e também através de canais informais de ajuda mútua. Um estudo em cinco países, incluindo Botswana, Malawi, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue, destacou o voluntariado feito por pessoas pobres como parte dos mecanismos para lidar com situações adversas na comunidade. Outro estudo na África do Sul revelou que pessoas pobres e pessoas de classes mais altas estavam igualmente dispostas a doar seu tempo como voluntários. Os respondentes pobres e de áreas rurais eram mais suscetíveis a ser voluntários do que aqueles respondentes não pobres ou de áreas urbanas. O mesmo estudo descobriu que grupos de ajuda mútua autogerenciados e baseados em voluntariado são encontrados por todo o país. Estas estruturas sociais são abertas e acessíveis a todos os membros da comunidade e, portanto, pode-se dizer que possuem “boas características públicas”. Necessidades não atendidas ou problemas não resolvidos fazem parte do contexto no qual as pessoas buscam o suporte de outras. Estas necessidades e problemas são também o contexto para prover o suporte a outras pessoas. Onde a entrega de serviços a comunidades pobres é fraca por causa de recursos escassos, ou onde os governos simplesmente falham com seus cidadãos, iniciativas comunitárias baseadas em voluntariado tipicamente emergem em resposta 5. A resposta também pode tomar a forma de uma voz coletiva para advogar em nome dos cidadãos que insistem que os governos cumpram suas obrigações. Condições econômicas frágeis, saúde pobre, acesso limitado ou inexistente a sistemas de saúde e pobreza em geral são incentivos poderosos para as pessoas ajudarem umas ‚às outras e para encontrarem uma voz em comum. Para o indivíduo de baixa renda, o profundo engajamento em relações sociais e em ações coletivas baseadas em voluntariado é um comportamento totalmente racional, dado o seu potencial para a melhoria do bem estar psicológico, cultural e econômico. Este capítulo explora como as pessoas, através do voluntariado, constroem a partir de seus ativos para lidar com o impacto da pobreza. O que são subsistências sustentáveis? Existem 1,4 bilhão de pessoas no mundo vivendo em extrema pobreza, das quais cerca de 70 por cento vive em áreas rurais. Através das lentes de subsistências sustentáveis, vamos examinar a contribuição do voluntariado em suas vidas. O termo “subsistências sustentáveis” reflete a mudança para uma abordagem de desenvolvimento mais centrada em pessoas, a partir do relatório da Comissão Brundtland de 1987 e o primeiro relatório de Desenvolvimento Humano da PNUD em 1990. O conceito de subsistências sustentáveis foi então desenvolvido por instituições de pesquisa, incluindo o Instituto de Estudos de Desenvolvimento da Universidade de Sussex e o Instituto de Desenvolvimento Exterior no Reino Unido; ONGs como CARE e Oxfam; e organizações de desenvolvimento como DFID e PNUD. A definição comumente usada é a subsistência que compreende capacidades, ativos, que incluem recursos materiais e sociais, e atividades requeridas para meios de vida. Uma subsistência é sustentável quando pode enfrentar e recuperar-se de estresses e choques e manter ou melhorar suas capacidades e ativos, tanto agora quanto no futuro, sem esgotar sua base natural de recursos. Durante os anos 90, a abordagem de subsistência foi adotada por muitas agências de desenvolvimento, incluindo o Banco Mundial e PNUD. A abordagem de subsistência é uma forma de pensar sobre os objetivos, escopo e prioridades para o desenvolvimento. Ela foca em múltiplos recursos, habilidades e atividades que as pessoas utilizam para sustentar suas necessidades físicas, econômicas, espirituais e sociais. Por último, é uma tentativa de redefinir o desenvolvimento em termos do que os seres humanos precisam e, podemos adicionar, em termos de como eles podem contribuir para o bem estar de outros. A abordagem de subsistência é um conceito valioso para articular a relevância do voluntariado na vida das pessoas, especialmente aqueles de baixa renda. Ela é complementar a outro conceito: a abordagem baseada em direitos, preocupada em “dar poder” aos beneficiários do desenvolvimento bem como dar maior legitimidade e força moral às suas demandas 12 . Dentro desta estrutura de referência, este capítulo considera seis tipos de ativos capitais em termos de sua relevância ao voluntariado. São eles: Capital social: recursos sociais, incluindo redes, relações sociais e associações de membros, baseadas na confiança, compreensão mútua e valores compartilhados nos quais as pessoas se utilizam quando há uma necessidade de cooperação Capital humano: habilidades, conhecimentos, habilidade para trabalhar e boa saúde Capital natural: solo, água, florestas e pesqueiros Capital físico: infraestrutura básica, como estradas, água e esgoto, irrigação, escolas, postos de saúde, energia, ferramentas e equipamentos Capital financeiro: poupança, crédito, salário, comércio e remessas de dinheiro Capital político: consciência e participação em processos políticos suportados por legislação, políticas públicas e instituições. Voluntariado e capital social O capital social, no contexto de comunidades sustentáveis, refere-se à rede de conexões que as pessoas utilizam em suas vidas diárias. Estas conexões são manifestações claras de voluntariado. Elas incluem a participação em associações locais informais e também em grupos mais formais, governados por regras e normas aceitas. O conceito de capital social também compreende relações de confiança, reciprocidade e trocas que facilitam a cooperação e podem prover uma base para redes de segurança sociais informais entre as pessoas de baixa renda. Dependendo da natureza das necessidades, redes podem ser simples conjuntos de conexões individuais ou estruturas sociais tradicionais, como família, comunidade, vila, etnia e grupos profissionais, ou elas podem conter combinações complexas de atores. Desde iniciativas de associações de bairro nos Estados Unidos 16 até sistemas de ajuda mútua em vilas, em países em desenvolvimento, o que elas têm em comum é o voluntariado como atributo-chave. É a “cola” que mantém um grupo ou sociedade juntos, ao motivar pessoas a ajudar outras na comunidade e, como decorrência, ajudarem a si mesmos. O suporte ao capital social é a noção de “relacionamentos” que está no núcleo do voluntariado. Existe um vocabulário global rico para descrever o fenômeno. Por exemplo, para o povo Zulu na África do Sul, a sociedade é construída ao redor do dito popular umuntu ngumuntu ngabantu, ou “uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas”. Em outras palavras, uma pessoa precisa de outras pessoas para avançar individualmente. O termo ubuntu, significando “humanidade” na língua Zulu, descreve a filosofia Africana de que “sou o que sou por causa das pessoas ao meu redor”. No Leste Africano, um dito similar está incorporado na expressão Suaíli mtuniwatu, significando “uma pessoa é por causa de outras pessoas”. É uma mentalidade que celebra a comunidade e é encontrada por todo o mundo: por exemplo, mutirão no Brasil, batsiranai no Zimbábue, bayanihan nas Filipinas, gotong royong na Indonésia, harambee no Quênia; shramadama em Sri Lanka; tirelosetshaba em Botswana; taka’ful nos Emirados Árabes; minga no Equador e Peru; e neighbouring e barn raising nos Estados Unidos. No Sudão, naffir refere-se à prática comum de vizinhança ou formação de grupos comunitários que se dissolvem quando um trabalho, como construir uma casa ou trabalhar em uma colheita, é concluído. O Naffir beneficia a comunidade como um todo e frequentemente atravessa fronteiras étnicas. Em diversos países, o estado promove sistemas de ajuda mútua baseados em culturas tradicionais ou de auto-ajuda. No Quênia, por exemplo, a palavra harambee, significando “vamos todos fazer juntos”, era a ideologia adotada por Jomo Kenyatta, o primeiro presidente do país. A intenção era mobilizar e unificar a nação, recrutando esforços e recursos para promover um crescimento nacional mais rápido. O voluntariado estava em seu núcleo, assim como para muitos outros sistemas de ajuda mútua em muitos países. Harambee tem conotações de assistência mútua, esforço conjunto e autoconfiança comunitária. O governo do Quênia promoveu grupos harambee desde 1963 “como uma forma de organizar o povo rural ao redor de uma nova base política e valores nativos” e para encorajar comunidades a trabalhar “coletivamente em prol de um objetivo comum”. Com o suporte do governo, projetos harambee de autoajuda construíram escolas, centros de saúde, farmácias, maternidades, pontes e estradas para acesso rural por todo o Quênia. Outro exemplo de sistemas de auto-ajuda apoiados pelo estado é gotong royong, na Indonésia. Este sistema está enraizado na cultura rural Javanesa e refere-se ao princípio de ajuda mútua em uma comunidade. Gotong royong abrange uma larga escala de atividades públicas e privadas, incluindo a manutenção da infra-estrutura rural, como estradas rurais ou equipamentos de irrigação, trabalho emergencial para enfrentar desastres naturais, ajuda mútua para construção de casas ou para operações diárias de agricultura, e suporte na organização de importantes cerimônias. A literatura sobre as conexões entre o capital social e o voluntariado é focada em sua maioria nos países em desenvolvimento e organizações formais. Nós, entretanto, queremos colocar o holofote sobre tipos informais de voluntariado em países em desenvolvimento. Esperamos que isto vá fazer com que pesquisadores, políticos e profissionais prestem maior atenção a como os grupos de auto-ajuda locais são formados, como eles criam suas redes e como eles deveriam ser apoiados em países em desenvolvimento. Voluntariado e capital humano O capital humano é a posse da capacidade de usar habilidades, conhecimento e boa saúde para realizar as estratégias de subsistência. Saúde fraca e falta de educação são as principais dimensões da pobreza. Entretanto, superar estas condições é tanto um objetivo primário de subsistência quanto um pré-requisito para fazer uso efetivo de outros ativos que permitem ao pobre de baixa renda melhorar sua subsistência. Tanto saúde quanto educação estão no topo da agenda do ODM (Objetivos do Milênio), e em ambas as áreas o voluntariado exerce um papel significativo. Sob as circunstâncias corretas, onde o voluntariado é reconhecido e suportado apropriadamente, ele ajuda a construir o capital humano. Ainda assim, o impacto da ação voluntariada em voluntários é raramente considerado na literatura acadêmica. Onde isto foi estudado, os resultados são reveladores. Por exemplo, um estudo nas Filipinas concluiu que o reconhecimento e satisfação pelo voluntariado e o respeito obtido em suas comunidades eram considerados mais importantes pelos voluntários do que as recompensas materiais. Outro exemplo vem do Irã. Em 1992 o governo mobilizou mulheres em centros urbanos para disseminar a consciência do planejamento familiar. Em torno de 100.000 mulheres uniram-se à campanha como voluntárias de serviço de saúde. Através de seu trabalho, elas ganharam respeito e sentiram-se com poder. Uma mulher disse: “Agora eu acredito em mim mesma e sinto que posso ajudar a mudar nossas vidas na vizinhança. Agora algumas mulheres iniciaram seus próprios clubes de economia para ajudar umas às outras financeiramente. Eu aprendo com os outros como podemos fazer petições e pedir aos municípios o que nós precisamos”. O papel do agente comunitário de saúde (ACS) foi destacado pela primeira vez na Declaração Alma Ata adotada na Conferência Internacional de Assistência Médica Primária em 1978. Desde então, ACSs têm sido a chave para a extensão de serviços de saúde às áreas rurais desassistidas em muitos países em desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde define os ACSs como homens e mulheres escolhidos pela comunidade e treinados para lidar com problemas de saúde de indivíduos e da comunidade, e que trabalham em conjunto com os serviços de saúde. Sistemas de assistência médica primária requerem um grande número de agentes de saúde treinados e motivados. ACSs possuem um papel vital a desempenhar para suportar os sistemas públicos de saúde sob pressão. Existe um déficit mundial de 2,4 milhões de agentes de saúde treinados, sendo os maiores déficits na África. ACSs em países em desenvolvimento ajudam a garantir que as pessoas tenham acesso a serviços de saúde que de outra maneira estariam indisponíveis, por causa de geografias remotas, limitação de serviço público ou falta de recursos financeiros. Eles preenchem grandes gaps de pessoal de saúde em áreas como serviços de saúde reprodutivos, respostas ao HIV/AIDS, prevenção de malária e campanhas de imunização da pólio. Com o seu conhecimento local, os ACSs podem ajudar a garantir que os grupos da população mais vulnerável sejam alcançados e a prover serviços que sejam mais apropriados às necessidades das pessoas. Eles são ativos no estabelecimento de comitês locais de saúde, que promovem centros de saúde e farmácias nos vilarejos. Eles mobilizam pessoal local para participar em campanhas tais como imunização, uso de contraceptivos e limpeza de lugares onde as doenças podem se reproduzir. Além disso, ACSs ajudam as organizações locais a direcionar recursos para suportar iniciativas locais. Principalmente, os ACSs servem como uma ponte entre os profissionais de saúde e as comunidades. Eles ajudam comunidades a identificar e endereçar suas próprias necessidades de saúde e ajudam a conscientizar gerentes do sistema de saúde e autoridades de saúde sobre estas necessidades. QUADRO 4.1: Motoristas de taxi no Camboja ajudam a lutar contra a malária Motoristas de taxi no Camboja levam passageiros do ponto A ao ponto B assim como fazem motoristas em qualquer lugar do mundo. Entretanto, eles também se tornaram peças chave no controle da malária. Trabalhadores migrantes frequentemente chegam para trabalhos temporários vindos da região sudeste do país, onde a doença não é comum, indo para a região oeste ao longo da fronteira com a Tailândia, onde a malária é endêmica. Como estes trabalhadores são altamente itinerantes, chegar até eles para conscientizá-los sobre a prevenção e sintomas da malária tem se mostrado difícil. Discussões de grupo nas comunidades afetadas identificaram que os taxis eram o meio de transporte mais popular entre os trabalhadores migrantes. Desde julho de 2010, como parte do Projeto de Controle da Malária no Camboja, 32 taxistas voluntários treinados colocaram CDs ou cassetes com informações sobre a malária tocando em seus rádios durante as corridas, e proveram informações adicionais aos passageiros. Em algumas vezes, eles também ajudaram a identificar sintomas de malária entre seus passageiros e os levaram diretamente ao hospital. De Agosto de 2010 até Maio de 2011, os motoristas de taxi tiveram contato com 47.723 passageiros, dos quais aproximadamente 21.660 eram trabalhadores migrantes. Uma queda aguda em casos de malária nos últimos anos não pode ser atribuída somente à iniciativa dos motoristas de taxi. Entretanto, é válido ressaltar como um exemplo que a província de Pailin, uma área de alto risco, não reportou um único falecimento decorrente de malária durante o período mencionado acima. Fontes: Soy Ty & Linna [Líder, USAID/Controle de Malária no Camboja, e Khorn Linna, Especialista IEC/BCC], Comunicação Pessoal. (13 jun., 2011) Um estudo em cinco países do Sul da Ásia indica que ACSs podem ser extremamente eficazes quando desenvolvendo tarefas claramente definidas e concretas, tais como uma campanha nacional de saúde. O Nepal iniciou um programa voluntário de Saúde Feminina Comunitária Nacional em 1998, que hoje está ampliado para aproximadamente 50.000 voluntários treinados por todo o país. Os voluntários, que são analfabetos, são selecionados localmente por grupos de mães. Suas funções incluem saúde materna e infantil, planejamento familiar e tratamento de doenças como diarreia e infecções respiratórias. Um estudo do programa revelou que as principais motivações para o voluntariado eram a obtenção de respeito social e cumprimento de obrigações morais e religiosas. O Programa de Saúde Familiar no Brasil começou com base no voluntariado e foi depois incorporado aos programas oficiais de saúde com equipes remuneradas. Na Etiópia e no Malavi, ACSs voluntários, treinados e designados para suportar a expansão do acesso a HIV e outros serviços de saúde, também foram totalmente integrados como equipe regular no sistema nacional desses países. No Quênia oriental, mais de 100 ACSs voluntários fornecem o serviço “médico descalço” na Vila do Milênio Sauri. Este programa foi iniciado pelo Programa do Milênio das Nações Unidas e pelo Earth Institute na Universidade de Columbia. Os voluntários são importantes fornecedores e disseminadores de informação. Eles exercem o papel de defensores do planejamento familiar, teste de HIV/AIDS e limpeza de água potável. Eles também ajudam as equipes de saúde que trabalham em Sauri, registrando nascimentos, acompanhando calendários de imunização e promovendo o uso de mosquiteiros nas camas. O papel dos ACSs pode estender-se além da prevenção para funções curativas. Um estudo na África Subsaariana indica que ACSs com bons recursos são eficazes no tratamento de pneumonia menos severa e malária. Há muito debate se os ACSs deveriam ser voluntários pagos pela comunidade com gentilezas, ou pagos com fundos das comunidades, ONGs ou pelo governo. ACSs assalariados em tempo integral são raros, mas uma gama de incentivos financeiros é frequentemente oferecida – e é necessária. Um estudo no Quênia concluiu que 62 por cento das moradias pesquisadas apoiavam-se nos serviços de ACSs voluntários. Entretanto, taxas de atrito entre os voluntários aparentemente eram maiores onde eles tinham que arcar com o custo de viagens. O argumento frequente é que como os ACSs vivem em comunidades pobres, eles necessitam de pelo menos uma renda mínima, pois confiar neles como voluntários para uma parte importante do sistema de saúde é insustentável. QUADRO 4.2: Educação para a construção do capital humano Em 2009, um dos Prêmios de Alfabetização Rei Sejong, da UNESCO, foi para o programa de alfabetização Tin Tua, na Burkina Faso oriental. Tin Tua é uma ONG especializada em educação alfabetizante. Significa “vamos nos ajudar a desenvolver” em Gulimancema, uma das línguas faladas em Burkina Faso. Seu programa de alfabetização começou em 1986 com jovens voluntários de Burkina Faso que inicialmente receberam um programa de treinamento de três semanas, dividido em duas sessões. Estes professores eram então enviados para as vilas para ensinar os conhecimentos básicos de alfabetização em cinco línguas locais. Sua motivação era dar uma educação a crianças e adultos que não tiveram a oportunidade de ir à escola. Hoje, até 50.000 estudantes, homens e mulheres, são treinados todo ano para ensinar em vilas do norte e leste de Burkina Faso. Além de ensinar nas diferentes línguas nacionais, o programa oferece cursos de Francês, assim abrindo portas para exames nacionais. Tin Tua estendeu seu programa a Benin, Togo e Nigéria, países com baixa taxa de alfabetização, onde seus métodos e acompanhamento são propensos a fazer a diferença. De acordo com a UNESCO: “O maior resultado de Tin Tua está nas múltiplas mudanças trazidas às vidas diárias dos aldeões. O programa permitiu aos fazendeiros um melhor gerenciamento da produção de alimentos nas vilas, por exemplo, ao medir estoques de cereais para evitar a especulação em tempos de fome. Treinou trabalhadores de saúde, notadamente no campo de saúde materna”. Fonte: UNV (Janeiro, 2011); UNESCO (2009); SocioLingo Africa (Agosto, 2009). Existem, entretanto, problemas associados ao pagamento de ACSs. Por exemplo, os pagamentos podem ser irregulares ou simplesmente cessarem quando o projeto acabar. Mais ainda, o relacionamento dos ACSs com a comunidade muda, uma vez que incentivos financeiros estão envolvidos. Pagamentos podem “destruir o espírito do voluntariado e atuar de forma contrária à filosofia de senso de comunidade do voluntário”. Até mesmo uma pequena ajuda de custo pode reforçar as percepções na comunidade de que os ACSs são empregados. Há evidências de que, quando isto acontece, a população local pode reter seu pagamento em gentilezas. ACSs voluntários buscam crescimento pessoal e oportunidade de crescimento, treinamento e suporte de seus pares. Acima de tudo, eles buscam um bom relacionamento com a comunidade e o sentimento de que eles estão contribuindo através de seu trabalho voluntário. Alguns observadores argumentam que incentivos não monetários, como treinamento, fornecimento de equipamentos e ligações com outros ACSs devem ser enfatizadas 35 . Em última análise, o setor de saúde constitui um importante canal pelo qual os pobres de baixa renda podem participar ativamente nas vidas de suas comunidades e obter dignidade e respeito. Voluntariado e capital natural Recursos naturais variam desde bens públicos intangíveis, como o ambiente e a biodiversidade, até ativos divisíveis usados diretamente para a produção, como a terra, árvores e produtos da floresta, água e vida selvagem. O relacionamento entre o capital natural e a vulnerabilidade do pobre de baixa renda é particularmente próximo. Muitos dos choques que impactam em suas subsistências, e destroem o capital natural, são seus próprios processos naturais, como o fogo que destrói florestas, enchentes e terremotos que devastam as plantações. O capital natural também pode ser empobrecido por populações em crescimento, declinando recursos e termos de troca adversa. A sustentabilidade de recursos naturais também é afetada por níveis de solidariedade e senso de propósito comum em uma comunidade. O afundamento de poços pode afetar a água do solo, enquanto a extração e comércio de produtos da floresta empobrecem o solo e podem agravar a desertificação. O acesso e o uso destes ativos podem ser distribuídos desigualmente para beneficiar aqueles com melhor condição. Intervenções em bacias hidrográficas, por exemplo, geralmente beneficiam aqueles que possuem mais terras e pessoas que vivem em locais mais elevados. O conhecimento dos recursos naturais reside na base onde necessidades e prioridades são melhores articuladas. Ainda assim, a população local pode não ter acesso à informação de boas práticas disponíveis em outras partes do mundo. É nestes casos que o voluntariado internacional combinado às ações de voluntariado locais pode ter um profundo efeito nas subsistências. Um exemplo está no Pacífico Sul, onde conhecimento externo e engajamento local resultaram na preservação de um ativo ecológico e cultural vital, também conhecido por mexilhões gigantes, para gerações futuras de habitantes das ilhas do Pacífico Sul. QUADRO 4.3: Os santuários de mexilhões gigantes do Tonga Mexilhões gigantes são espécies em perigo em função de sua diminuta população do Oceano Pacífico. Iniciativas lideradas por voluntários estão em curso, para reestabelecer espécies sobreexploradas. Na Ilha Vava’u, Reino de Tonga no Sul do Oceano Pacífico, um expert ambiental independente e voluntários da ONG EarthRights International ajudam comunidades da ilha e o governo no estabelecimento de santuários de mexilhões gigantes em áreas protegidas da costa, para preservar a população de Tokanoas, uma espécie local típica de mexilhão gigante. Por cinco anos, aproximadamente 200 voluntários visitaram Vava’u para coletar informações sobre o rápido declínio da população de mexilhões. Esta ação voluntária forneceu evidências dos fatores que decréscimo dos mexilhões e inspirou a criação dos santuários de mexilhões gigantes. Isto acarretou na colocação de mexilhões adultos em círculos de procriação em águas rasas protegidas. O estabelecimento de santuários de mexilhões gigantes com estoques de mexilhões foi bem sucedido graças ao suporte de lideranças locais. A informação disseminada pela mídia nas vilas aumentou a consciência sobre a preservação dos mexilhões gigantes para benefício da comunidade, para garantir o suprimento de alimento às gerações futuras. Hoje, os santuários em Vava’u são considerados parte das obrigações culturais coletivas do povo para as gerações futuras. “Se alguém pega os mexilhões do santuário comunitário, ele causa danos à produção do mar e não atende suas obrigações sociais para si mesmo, sua família ou sua comunidade”, disse um oficial do distrito do vilarejo. Os aldeões aprenderam como estabelecer e manter santuários para a proteção e cultivação de mexilhões. Comunidades em Vanuatu e Fiji replicaram este exemplo. Fonte: Dinh. (2011); Pesquisa Ambiental na Comunidade nas Ilhas do Pacífico. (n.d.). A Etiópia está experimentando um dos piores casos de erosão no mundo, com 70 por cento do país afetado. O alastramento de desertos agrava a degradação do solo e aumenta a pobreza. Um projeto piloto suportado pela UNV, com a Autoridade Federal de Proteção Ambiental da Etiópia nas regiões de Amhara e Oromia, envolveu o treinamento de 200 jovens voluntários em conservação do solo e água, gerenciamento de floresta, coleta de água, estabelecimento de enfermarias, apicultura e horticultura. Os jovens adquiriram habilidades úteis e experiência prática enquanto melhoravam suas próprias subsistências e de suas famílias. Eles construíram trincheiras e micro bacias para conservar solo, água e mudas de árvores plantadas. Seus esforços ajudaram a aumentar a consciência sobre problemas ambientais nas comunidades vizinhas, que emularam seus esforços. Voluntariado e capital físico O capital físico refere-se à infraestrutura básica necessária para suportar subsistências. Abrange o suprimento adequado de água e esgoto, transporte e energia acessíveis, abrigo seguro e acesso à informação. Muito disso é normalmente considerado como parte dos bens públicos, mas, como muitas outras facetas dos ativos de subsistência, o pobre de baixa renda normalmente não tem pronto acesso a eles e, portanto precisa desenvolver suas próprias estratégias. Comunidades pobres são tipicamente envolvidas em atividades coletivas, como a construção e manutenção de estradas, escolas, centros de saúde, diques de irrigação e proteção contra enchentes. Como um autor observou: “As comunidades rurais não podem se dar ao luxo de cruzar seus braços e aguardar que o governo traga todas as instalações a eles”. No início dos anos 60, líderes Africanos concordaram que infraestrutura era vital para lubrificar as rodas do comércio interafricano e para distribuir seus benefícios. Ainda assim, o maior obstáculo ao comércio entre países africanos permanece na alarmante falta de infraestrutura fora das áreas urbanas ou nas proximidades de portos costeiros. Uma rede de estradas de longo alcance é essencial na África Subsaariana para promover o desenvolvimento. Entretanto, baixos níveis de tráfego fazem com que rodovias pavimentadas caras sejam difíceis de justificar, enquanto estradas não pavimentadas requerem mais intervenções frequentes de manutenção. A participação de comunidades locais é, portanto, vital, não apenas para garantir a manutenção, mas também para aumentar o senso de propriedade. Um estudo identificou alguns dos fatores chave para participação comunitária bem sucedida: um grupo grande e homogêneo que acumula os benefícios de ter boas estradas; a capacidade da comunidade se organizar; e experiências anteriores positivas com programas similares. Enquanto pagamentos são feitos aos membros da comunidade para a manutenção de estradas, comitês locais baseados em voluntariado são responsáveis pelo planejamento e monitoramento de tarefas relacionadas à construção de estradas. Apesar do progresso geral nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de reduzir à metade o número de pessoas sem acesso sustentável à água potável até 2015, na África Subsaariana apenas 60 por cento da população goza deste acesso. Mais ainda, oito entre cada dez pessoas sem acesso a fonte de água tratada vivem em áreas rurais. O problema principal é a falha ao planejar a manutenção de poços, fontes e bombas manuais. Pesquisas sobre poços disfuncionais em Mali e Gana indicaram que 80 por cento e 58 por cento, respectivamente, requerem reparo. “Para toda a África, o número estimado de instalações de suprimento de água disfuncionais é 50.000” 41 . Massivas intervenções feitas na última década por governos e doadores resultaram no provisionamento de água limpa apenas até o acontecimento do primeiro grande colapso. Onde a manutenção eficaz da infraestrutura de suprimento de água acontece, é geralmente por causa da presença de comitês funcionais, baseados em voluntariado, que são uma característica comum nas áreas rurais de muitos países em desenvolvimento 43 . Sua responsabilidade para com os membros da comunidade ajuda a garantir que há senso de propriedade e comprometimento locais com a manutenção das instalações, enquanto o fornecimento de treinamento básico em manutenção assegura sua eficiência. Voluntariado e ativos financeiros Dentre os ativos financeiros que apoiam os objetivos de subsistência estão as remessas financeiras. A “economia da solidariedade” ou a “economia social” refere-se à renda monetária dividida com pessoas fora da família ou residência. Apesar de que a ideia de economia social não é nova, ela aumentou de importância no segundo Fórum Social Mundial em Porto Alegre em 2002. Economia social combina dois conceitos: “economia”, referindo-se à produção de bens ou serviços que contribuem para um crescimento de riquezas em rede, e “social”, referindo-se à lucratividade social em oposição à lucratividade econômica. Entende-se que a economia social contribui para um cidadão ativo e com poder, e para a melhoria da qualidade de vida e bem estar da população, particularmente através do aumento dos serviços disponíveis 44 . É uma forma de solidariedade que evoluiu com números crescentes de migrantes que geram renda fora de seus países de origem e enviam remessas de dinheiro a seus familiares e comunidades nestes países. Transferências financeiras para países em desenvolvimento aumentaram de 18 bilhões de dólares americanos em 1980 para 30 bilhões em 1990 e 126 bilhões em 2004. A parte das transferências que excedem o que as famílias precisam para sobreviver é direcionada para o bem estar das comunidades: ambulâncias, postos de saúde, medicamentos, prédios escolares, salários de professores, etc. Como tal, ela possui os valores do voluntariado em seu núcleo e deve ser incluída em nossa discussão dos ativos do pobre de baixa renda. A “economia da solidariedade” em conjunto com a “economia do voluntariado” e a “economia da tradição” foram os temas de um colóquio de 2005 intitulado “Os Atores Ocultos do Desenvolvimento”, em Ouagadougou, Burkina Faso, e organizado pela Fondation pour l'Innovation Politique e Institut Afrique Moderne 45 . Com a participação de governos, comunidade científica e organizações da sociedade civil, o objetivo era examinar as maiores contribuições ao desenvolvimento que foram sub-reconhecidas, e para unir seus principais atores, incluindo migrantes e suas associações. Dentre os resultados da reunião estava o maior reconhecimento do impacto que as remessas financeiras de migrantes possuem em seus mercados locais e seu efeito como um fator de crescimento econômico. QUADRO 4.4: Voluntários da comunidade tomando a liderança Vinte anos após o desastre nuclear de Chernobyl, muitas comunidades afetadas ainda estão enfrentando problemas ambientais, econômicos e sociais. Além disso, há um senso de “síndrome de dependência” espalhado em comunidades que esperam a provisão do governo. De 2002 a 2007, 192 vilarejos afetados por Chernobyl criaram 279 organizações com a ajuda do Projeto de Recuperação e Desenvolvimento de Chernobyl. Esta iniciativa almejava suportar o desenvolvimento em longo prazo centrado na comunidade. Foi implementado em conjunto pelo PNUD, UNV e o Ministério Ucraniano para Emergências e Assuntos de Proteção da População das Consequências da Catástrofe de Chernobyl. Através de planejamento democrático, organizações comunitárias engajaram-se com governos e negócios locais e regionais para implementar projetos sociais, econômicos e de infraestrutura. Mais de 200.000 pessoas beneficiaram-se diretamente pelos projetos comunitários que trouxeram aquecimento às comunidades, melhorias no sistema de suprimento de água, acesso a computadores e Internet, e centros de saúde, escolas e centros de juventude remodelados. Recursos locais mobilizados foram responsáveis por mais de 70 por cento dos custos totais dos projetos. Numerosas atividades foram conduzidas independentemente dos financiamentos dos projetos, algumas graças aos esforços dos voluntários das comunidades. Um exemplo é a vila Kirdany onde Olga Kolosyuk lidera a organização comunitária Dryzhba. De acordo com a Srta. Kolosyuk, os 1000 habitantes de sua vila agora possuem acesso à água potável segura, porque os residentes da vila tomaram a frente para melhorar sua própria situação. Fonte: Russel. (Dezembro, 2007); UNV. (26 abr, 2006). Voluntariado e ativos políticos Ativos políticos são o poder e a capacidade de influenciar a tomada de decisões através de participação formal e informal em processos políticos. Incluem a liberdade e a capacidade de organizar-se coletivamente para reclamar por direitos, fazer campanha por uma causa e negociar recursos e serviços. Também envolve a participação ativa em apoio aos esforços nacionais para o desenvolvimento e a cobrança de responsabilidade de governos e prestadores de serviços. Já vimos como o ativismo é uma expressão importante do engajamento voluntário em todos os níveis. A extensão em que o pobre de baixa renda pode contar com ativos políticos depende de vários fatores, incluindo a legislação e o nível de poder da lei; a natureza das instituições e acesso público a elas; e a consciência pública de seus direitos básicos. O grau no qual membros da comunidade são organizados impacta profundamente sua capacidade de exercer um papel transformador, assim como sua capacidade de ocupar o “espaço público” e tomar posse dos processos. O voluntariado contribui com a criação de uma base sólida para a participação dos cidadãos em governança. Ele promove e sustenta os sentimentos de ser capaz de expressar suas visões e de influenciar decisões que possuem um impacto em sua comunidade. Isto pode vir através de canais formais de engajamento civil, como distritos eleitorais na África do Sul, desenvolvimento de eleitorado no Quênia, e os panchayats na Índia. Ele também pode ocorrer através de associações civis e participação em movimentos sociais, protestos e ativismo. Há evidências abundantes de que as associações baseadas em voluntariado agem como “campos de treinamento” ou escolas de democracia. Elas transmitem habilidades chave aos cidadãos, desde aprender como organizar ações coletivas até conduzir e falar em reuniões, defender suas questões e escrever cartas. Tais ações trazem as questões locais para a esfera política, enquanto ajudam pessoas a assumir suas responsabilidades como cidadãos. Por esta perspectiva, o papel das organizações da sociedade civil estende-se além das funções usuais de defesa, monitoramento e provisão de serviços. A sociedade civil fornece um espaço para as pessoas engajarem-se politicamente e contribuir, de forma significativa, para a construção dos alicerces democráticos da sociedade. No contexto da descentralização democrática, mover a base de poder para mais perto do povo e seus grupos de voluntários em um nível local podem contribuir para um quadro político no qual outros ativos podem ser mobilizados. Nos anos 60, por exemplo, Uganda adotou um sistema descentralizado com duas categorias de governança local. A primeira é o governo, escolhido com base no mérito para intervenções conduzidas tecnicamente; a segunda são os líderes locais eleitos por sufrágio de pessoas adultas para prover orientação e supervisão política e para coordenar atividades de desenvolvimento locais. Em termos de contextos políticos e de liderança, e seus efeitos no acesso a serviços, membros da comunidade perceberam que a descentralização da autoridade fiscal e administrativa para a utilização de recursos levou a melhorias na qualidade dos serviços, como estradas e suprimentos de água. QUADRO 4.5: Voluntariado transfronteiras em Associações de Imigrantes Mexicanos Associações de Imigrantes Mexicanos (AIMs) são comunidades diásporas nos Estados Unidos que enviam remessas coletivas de dinheiro às suas comunidades de origem no México. AIMs também dão um senso de comunidade aos imigrantes nos Estados Unidos. As associações suportam trabalhos cívicos, como a construção de clínicas de saúde, instalações e melhorias em serviços urbanos nas cidades natais de seus membros. Elas suportam e financiam vários tipos de projetos sociais selecionados através de uma rede de voluntários. Grupo Union é uma AIM baseada em Nova York que consiste de trabalhadores migrantes de Boqueron, México. Apesar de seus membros serem ocupados e mal pagos, eles encontram tempo e motivação para encontros semanais para reunir seu dinheiro. Os membros doam o que eles podem, geralmente entre 10 a 30 dólares americanos por semana. O dinheiro é então depositado em um banco local para financiar projetos em Boqueron. A associação suplementa as contribuições através de rifas e outras atividades para angariar fundos. Grupo Union já conseguiu dinheiro para um refeitório de jardim de infância, uma ambulância, comprada em Nova York e dirigida por 3000 milhas até Boqueron, e um estádio de Baseball com 2000 lugares. Fonte: Belizaire (n.d.) Conclusões e discussões Utilizando a abordagem de subsistências sustentáveis para endereçar a forma que o pobre de baixa renda se engaja em ações voluntárias ajuda a ilustrar a grande gama de ativos disponíveis a eles, incluindo seu conhecimento, habilidades e redes de relacionamento. Isto destaca a necessidade de levar estes ativos em conta em projetos e programas direcionados para a redução da pobreza. Estes ativos são frequentemente mobilizados através de ações coletivas baseadas nos valores de solidariedade e reciprocidade inerentes ao voluntariado. Estes são valores que, como argumentamos em outras partes deste relatório, precisam ser promovidos e nutridos. Os exemplos fornecidos deixam bem claro que são muitos os benefícios das ações voluntárias. Entre eles estão: a vulnerabilidade reduzida com o apoio de outros através de arranjos de ajuda mútua; uso sustentável da base de recursos; acesso à saúde e educação; mobilização inovadora de recursos financeiros; e o poder transformador do ativismo político. Eles também apontam para a melhoria do bem estar em termos de aumento de autoestima e senso de controle sobre suas vidas. Voluntariado em comunidades locais pode ser especialmente poderoso quando recursos são reunidos e utilizados para solucionar alguns dos problemas imediatos de desenvolvimento enfrentados pelas pessoas vivendo na pobreza. Entretanto, retirar pessoas da pobreza requer conexões com um mundo exterior que dá apoio. Investimentos são necessários para garantir um ambiente favorável no qual o voluntariado possa florescer. Isto inclui capacitação local em geral e treinamento em particular, o que por sua vez requer conhecimentos sólidos de instituições locais e líderes, problemas e restrições, incluindo interesses divergentes. Estratégias são necessárias para assegurar que a liderança e estruturas locais respondam às necessidades dos pobres de baixa renda, por exemplo, garantindo que há mecanismos que permitam acesso à informação em programas governamentais locais. Instituições locais, das quais os grupos voluntários dependem para fundos e outros serviços para suportar as iniciativas de subsistência, precisam ser fortalecidas. A participação dos cidadãos e supervisão de autoridades governamentais locais precisam ser estabelecidas para ajudar a garantir a transparência e responsabilidade. Restrições amplas como a corrupção e clientelismo, burocracias ineficientes e máquinas administrativas inconsistentes impactam negativamente o pobre de baixa renda e o impede de aproveitar todas as vantagens das oportunidades de melhoria da subsistência. O voluntariado irá florescer melhor onde estas questões tenham sido endereçadas e solucionadas. No entanto, os benefícios da ação voluntária são claros. Iniciativas que se apoiam no espírito de cooperação, divisão do fardo e autoajuda são claramente mais propensas a ter sucesso do que as iniciativas que carecem dessas virtudes. QUADRO 4.6: Voluntariado para igualdade de gêneros na América Latina A taxa de pobreza na América Latina seria hoje 10 por cento maior sem o trabalho voluntário realizado por mulheres, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe 47 . Ainda assim, as contribuições das mulheres ao desenvolvimento permanecem amplamente invisíveis em políticas e orçamentos ao longo da América Latina. Nos últimos cinco anos, a ONU Mulheres e um programa regional da UNV fortaleceu o engajamento voluntário de mulheres através de processos participativos, aumentando seu envolvimento, e impacto, em tomadas de decisões locais e aumentando a responsabilidade local, nacional e regional. Na Bolívia, o programa forneceu treinamento em direitos e cidadania ativa, tomada de decisão, negociação e responsabilização. Isto deu poder significativo às mulheres que haviam sido anteriormente excluídas dos processos de tomada de decisão, permitindo a elas que se envolvessem no planejamento orçamentário municipal em suas comunidades. Por exemplo, em um município em Tarija, mulheres formularam suas próprias propostas de projetos e defenderam sua inclusão no orçamento municipal. Como resultado, autoridades agora são mais conscientes da importância de se ter orçamentos sensíveis ao gênero. Um acordo foi assinado para assegurar a inclusão das propostas das mulheres no orçamento municipal de 2012. Nas palavras de uma das mulheres envolvidas: “Isto é um momento histórico para o município. Eu fiquei muito orgulhosa de ver que nossos esforços voluntários foram reconhecidos e produziram resultados em prol da igualdade de gêneros”. Fonte: CEPAL. (2007). VOLUNTARIADO COMO FORÇA PARA INCLUSÃO SOCIAL Capítulo 5 Voluntariado como força para inclusão social Temos visto o sucesso de movimentos populares forçando mudanças políticas no comando dos estados Árabes. Isto agora precisa ser observado pela dificuldade e trabalho detalhado para construir mais inclusão de sociedades, economias e sistemas de governo. Helen Clark (2011) O voluntariado capacita pessoas a serem mais completa e mais satisfeita em suas vidas e em suas comunidades e sociedades. O que é inclusão social? O conceito de inclusão social tem crescido sobre pobreza, marginalização e outros tipos de privação. Inclusão social coloca pessoas no centro da legislação. Sua principal meta é capacitá-los a melhorar suas próprias vidas através da realização de oportunidades. A definição do Banco Mundial é um “processo que assegura que estes riscos de pobreza e exclusão social ganha a oportunidade e recursos necessários para participar integralmente na vida da economia, social e cultural e para aproveitar um nível de vida e bem estar que é considerado normal na sociedade na qual elas vivem. Quadro 5.1: Voluntariado como vida social Uma noção está começando a tomar força de voluntariado como uma forma de comportamento do que uma categoria de pessoa: o “voluntário”. A amizade recíproca que suporta este comportamento é entendida para incluir benefícios aumentando os voluntários assim como os “beneficiários”. Esta noção terá maior importância para políticas focadas em promoção e fortalecimento varas forma de ação voluntária. Isso também começa a impactar discussões sobre inclusão social com o voluntariado sendo uma maneira de não exclusão. Fonte: Udesa e UNV (Novembro de 2007). A inclusão social é um conceito relativo onde a exclusão é julgada considerando as circunstâncias de certos indivíduos, grupos ou comunidade em relação a outras. É também um conceito relativo que dá ênfase ao direito de indivíduos de participarem na vida de suas comunidades. A exclusão social é um processo onde indivíduos, grupos ou comunidades são empurradas para o limite da sociedade, expulsas das redes sociais e das atividades da comunidade, e completamente evitadas de participar devido a sua pobreza, fraca saúde, falta de educação e outras desvantagens. Isto pode ser o resultado de discriminação ou uma intencional falta de política. Acesso a pessoas fazedoras de decisões é diminuída e é sempre um sentimento de falta de poder de afetar a vida diariamente. A Conferência Mundial para o Desenvolvimento Social de 1995, em Copenhagen, afirmou que as políticas e investimentos mais produtivos são aqueles que dão poder as pessoas para maximizar suas capacidades, recursos e oportunidades. Deu ênfase a uma “sociedade para todos onde todo indivíduo tem direitos, responsabilidades e um papel a desempenhar”. Cinco anos após Copenhagen, numa sessão especial da Assembléia Geral, em Geneva, governantes reconheceram o voluntariado como: ”um mecanismo adicional na promoção da integração social”. e concordou com a necessidade do aumento “do conhecimento público sobre o valor e as oportunidades do voluntariado” e facilitar “um ambiente capacitador para indivíduos e outros personagens da sociedade civil para engajamento nas atividades de voluntariados e para o setor privado dar suporte a tais atividades. O reconhecimento do voluntariado como um caminho para a inclusão significou um passo a frente para a percepção de presente a amizade, onde um lado dá e o outro recebe, em direção a uma amizade recíproca onde ambos lados se beneficiam. O seminário foi uma semente no discurso do voluntariado. O foco deste capítulo é sobre os benefícios que o voluntariado, com base na sua universalidade e valores podem trazer as pessoas que experimentam alguma forma de exclusão. Entre estes benefícios é o espaço fornecido pelo voluntariado que proporciona pessoas a obterem uma maior e mais agradável participação nas suas vidas dentro de suas comunidades e sociedades. Isto de maneira nenhuma diminui a trabalho importante de intensidade imensurável das organizações e programas, muitos voluntários envolvidos que preveem serviços diretor a pessoas que são consideradas excluídas. No entanto, neste relatório nós queremos virar as luzes sobre os aspectos dos voluntariados que são amplamente experiente mas recebem pouca exposição. Os níveis de inclusão social No nível individual, a ação do voluntário pode ajudar pessoas a superar sentimentos de isolação ou se sentir de menos valia. Voluntários entra em contato com os outros cara a cara ou, cada vez mais aumentando, por computador em circunstância que podem ajudar a aumentar sentimentos de pertencer e de contribuir. 6. Voluntariado reduz o stress na vida e combate sentimento de solidão. As pessoas que são excluídas muitas vezes experimentam um sentido de culpa, falência e falta de esperança se sentindo mal nestas circunstâncias. Através do voluntariado, as pessoas podem ser atingidas por algumas causas mencionadas de exclusão social tais como falta de emprego, educação ou saúde. O voluntariado pode melhorar a empregabilidade melhorando as habilidades vocacionais e sociais da pessoa. Os contatos aumentam através das redes sociais que pessoas foram através do voluntariado e estas pessoas podem lideram assegurando referências úteis ou mesmo achando um trabalho. Indivíduos que tenham experimentado a pobreza e morado na rua podem trabalhar com outros de maneira a elevar seu próprio status. Através do voluntariado em aconselhamento, levando em consideração e ajudando outros, pessoas são capazes de mudarem de serviço de recipientes a provedores de serviço que pode ser fortalecimento. Identidades são expandidas assim que as pessoas veem que elas têm algo a dar a sua comunidade pelo voluntariado. O elemento de reconhecimento da contribuição das pessoas voluntárias é um importante aspecto de pertencer. No nível das comunidades, onde alguns grupos ou população inteira são excluídas, o voluntariado promove o desenvolvimento de um grande senso de poder servir e bons feitos da comunidade que ajuda a criar uma resiliência. Na comunidade rural, em particular, as pessoal que são melhores na mobilização através do voluntariado a gerenciar recursos, minimiza o impacto o impacto do clima de mudança e cria práticas sustentáveis para guiar a melhor qualidade de vida da comunidade. Muitas comunidades urbanas pobres vivem uma decadência urbana, crime e fragmentação social. Vivendo em ambientes desafiadores por trazer que ataca a própria pessoa até a comunidade inteira. 13 As pessoas vivendo em tais comunidades, geralmente voluntários, através de um grupo local e organizações providenciam serviços básicos e engajamento em atividades e campanhas. As ações deste tipo podem desafiar e terem sucesso fora da comunidade em cujo local as pessoas são passivas ou têm tendências violentas. Tais percepções que impedem o progresso se move em direção à inclusão. Quadro 5.2 – Aposentados e engajados Rui Oliveira, um aposentado com mais de 40 anos de experiência em informações e comunicações tecnológicas (ICT) criou um portal de novidades para NGO Voluntariado Parceiro baseado em Ghana para Oeste da África (VPWA). O portal que fornece informação para e sobre NGO´s na África, tem 2000 assinantes e recebe 15.000 visitas por mês. “Rui criou o portal web NGO News África em 2009 e tem sido o webmaster desde então. Ele recentemente reorganizou o website, integrando muitas atrações interessantes! A comunicação com o Rui foi muito alegre e interessantes e nos estamos agradecidos pela sua dedicação ao servir a comunidade NGO na África, diz Portia Sey, Gerente Voluntária da VPWA. Com a NGO News África, VPWA fornece um local de visitas onde jornalistas, doadores, pesquisadores, voluntários e outras pessoas interessadas no mundo inteiro podem achar informações sobre o trabalho da NGOs pela África. Todos os dias, Rui publica novas informações fornecidas por voluntários online que trabalham como correspondentes em diferentes países da África. Também inclui assuntos em desenvolvimento e novidades sobre NGOs, assim como permite oportunidade para NGOs. Rui, que é de Portugal, explica: “Eu era de Guinea Bissau, onde minha preocupação com pessoas que tinham menos na terra, e então surgiu meu desejo de ajudar. Depois de me aposentar de algo que amava muito, meu trabalho em ITC, eu estava comletamente estressado e perdido. Então um amigo da África me contou sobre o voluntariado online”. Continuando: “Depois que eu entrei, minha vida mudou completamente, eu me senti útil e o stress quase acabou. Quando eu vi que tinha mais tempo livre eu olhei o www.onlinevolunteering.org para ver ser outra NGO que precisa de ajuda”. Fonte: UNV. (2010c). Quadro 5.3: A tradicional ajuda no Brasil – mutirão No Brasil, mutirão é um tradicional sistema de ajuda mútua originária nas áreas rurais, durante os tempos mais difíceis. A União Nacional por Moradia Popular tem usado este tema para a construção coletiva e gerenciamento de casa comunitária. Através do trabalho coletivo no mutirão, participantes trabalham juntos não só para obter novas habilidades técnicas mas também para conhecerem melhor uns aos outros. Eles aprendem sobre seus direitos e outras coisas. “No mutirão eu achei minha identidade e pude obter o que eu precisava seja transporte ou saúde!... Eu encontrei muitas pessoas que eu não havia encontrado antes. Eu descobri que havia muitas pessoas que tinham um grande interesse em ajudar os outros que batalhavam diariamente. Antes, minha vida era muito limitada. Eu não tinha nenhum conhecimento político. Aqui, eu comecei a entender os meus direitos. Isto tem sido uma revelação para mim”. Christian Leray, membri, Fonte: União Nacional por Moradia Popular .(n.d);Leray(n.d.) Através do voluntariado, as mulheres estão desafiando suas posições tradicionais na sociedade. Com relação a países ou mundial, o voluntariado, através de campanha ou atividade pode trazer mudanças na política que pode ser uma inclusão secreta. Nós temos visto isto na alta exposição dos diretos das mulheres e nas baixas exposições, mas igualmente efetiva, campanhas para reconhecimento do status dos indígenas e para fornecimento de facilidades para pessoas deficientes. Com uma forma para encorajamento, intensivamente e participação sustentável, o voluntariado é um significante desempenho em determinar como as pessoas podem ser engajadas moldando seus destinos além das suas próprias localidades. O movimento internacional ATD Fourth World trabalha com voluntários no nível rural com ausência de liderança política para aprimorar o bem estar das pessoas vivendo na extrema pobreza. Somando a isto, seus voluntários são advogados a nível de país e mundo para as populações mais em desvantagem em áreas tais como nutrição para as crianças, gênero de violência e inclusão social. 14. Iniciativas mundiais tais como a Campanha do Ban Landmines, a campanha Internacional de movimento das Mulheres e a Chamada para Termino da Pobreza mundial acreditam no desejo das pessoas para se engajarem nas bases do voluntario nas causas com as pessoas estão comprometidas. Acrescentando o suporte da mobilização púbica e ajudando a trazer mudança, estes iniciativas fundações de voluntário também dá oportunidade para pessoas de todos os lugares do mundo a dividir suas idéias e aspirações e, através da participação, ser parte de um mundo com mais inclusão. A inclusão social de grupos através do voluntariado As dimensões do impacto da exclusão na economia, na política e na sociedade na desvantagem de grupos nas diferentes maneiras. Nesta seção, uns pequenos grupos na sociedade se sobressaem focando particularmente mulheres e jovens. O objetivo é ilustrar os principais aspectos da exclusão que grupos específicos se deparam e como o voluntariado as pessoas poder achar um caminho para a inclusão. Mulheres Pelo mundo as mulheres são em maior número que os homens a viver na pobreza. Em muitos lugares, a falta de educação das mulheres e falta de cuidado da saúde é um problema persistente. Em algumas regiões, ainda batalham pelo direto de votar e ter uma propriedade. Neste contexto, é surpreendente que o impacto do voluntariado na vida das mulheres é raramente pesquisado especialmente se nós considerarmos o impacto amplamente estudado sobre o movimento dos direitos das mulheres. No entanto, este movimento dos diretos das mulheres ganhou tanto poder porque o compromisso de tantas mulheres e homens a se engajarem na ação de voluntariado para atingir suas metas. Como foi mencionado no Capítulo 1, nós reconhecemos que a ação do voluntariado pode reforçar os desempenhos existentes. Embora tenham sinais que através do voluntariado, mulheres estão mudando seus lugares tradicionais na sociedade e experimentando uma força poderosa. In Índia, o voluntariado em movimentos sociais tem ajudado a encaminhar assuntos sociais e políticos que afetam a vida das mulheres. Através do trabalho de construir abrigos para garotas abandonadas e abusadas, mulheres têm se agrupado e encaminhado assuntos baseados da violência sexual. Elas têm criado redes sociais e gerado recursos que protegem maus tratos e membros esquecidos pela sociedade. Este trabalho tem elevado a exposição das mulheres, levando algumas para o desempenho de liderança e está influenciando políticas que afetam as mulheres. Quando o voluntario ativista espalha informações sobre tais iniciativas, há um publico maior entendo a importância dos assuntos.18 Mulheres na América Latina tem podido influenciar a política de gênero através de seus programas como voluntárias com gênero num programa de orçamento. Nos estados da Arábia, o voluntariado tem há tempo sido percebido como um conceito adotado do Ocidente com o foco de “serviço voluntário” modelos envolvendo a prestação de assistência através de organizações formais. 19 A realidade é bem diferente com os recentes desenvolvimentos que tem mostrado nas regiões. Na realidade voluntariado e sociedade civil são tão somente novos nomes para antigas tradições na região. O ativismo social tem há tem sido parte de associações tais como conselhos consultores Muslim e organizações paralelas tendo como alvo combater a pobreza e subdesenvolvimento. 20. As mulheres tiveram maior participação nas demonstrações na Tunísia de ativismo na Primavera Árabe no início de 2011, muitas vezes marchando na Avenida Bourguiba na Tunísia com seus maridos e filhos atrás delas. No Yemen, colunas de mulheres com véus vieram a San´s e Taiz para afirmar seus direitos de participar, junto com os homens numa demonstração pacífica pela mudança do regime. 21 Para reivindicar por mudanças sociais e políticas ela usaram todos os meios de expressão a sua disposição: discursos, jornais, internet e a mídia. O poder da atividade das mulheres não só trouxe um maior desempenho em trazer mudanças mas em seguida quebrar os estereótipos sobre a passividades das mulheres árabes. As mulheres voluntárias de várias maneiras informais junto as suas comunidades. Nas áreas rurais, particularmente onde os níveis de pobreza são altos, as mulheres voluntárias como um caminho de combater pobreza e contribuir para a economia. Elas acham mais provável achar a inclusão quando elas organizam grupos funcionais que encaminham assuntos sociais e políticos junto a suas sociedades e extender suporte mútuo em direção a emancipação econômica. Isto é desafiador nas situações de educação mínima leitura. No entanto, as organizações estabelecidas dos voluntários locais são encontradas através do desenvolvimento global. Jovens O relatório do Banco Mundial de Desenvolvimento Mundial de 2007 informa que o número de jovens de 12-24 anos deve se elevar a 1.5 bilhões em 2053. Os jovens representam um grande potencial para desenvolvimento. Há uma pressão para investir neste potencial, para abrir as portas de todas as formas de participação dos jovens incluindo o voluntariado. Os jovens não devem ser vistos como pessoas passivas de recursos ou causas de problemas sociais. E sim, eles devem ser reconhecidos como importantes colaboradores no desenvolvimento nos seus países. No entanto, a economia e a política global e instituições sociais estão se submetendo a maiores mudanças, os jovens sofrem constrangimento devido a sua falta de capacidade e oportunidades limitadas para participarem. Na realidade, os jovens estão entre os grupos maus suscetíveis a exclusão social devido a desemprego, pobreza, crime e uso de drogas. 25 Os crimes entre os jovens em países em desenvolvimento estão aumentando cerca de 30% desde 1995 até 2005. 26 Também está aumentando a participação de jovens em conflitos com armas, especialmente através de recrutamento em gangues e organizações rebeldes. Embora, historicamente, os jovens têm sido socialmente excluídos, na recente economia em baixa criou uma crise que afeta particularmente afeta a geração mais jovem. O trabalho é uma área crítica em qualquer discussão no caminho da inclusão para jovens. A este respeito, o voluntariado é um caminho pelo qual os jovens podem melhorar seus currículos mencionando habilidades nos trabalhos mencionados. Há muita informação interessando de mostrar como voluntariado pode ser um trabalho importante na transição de escola para o emprego pago em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Uma pesquisa no Reino Unido informou que 88% dos entrevistados acreditavam que seus trabalhos como voluntarias poderiam ajudá-los a obter um trabalho. Quadro 5.5: Maasei Pastoral Women´s Council O Pastoral Women´s Council (PWC) é liderado por mulher, uma organização comunidade local fundada em 1997, na Tanzânia para desenvolver soluções para a pobreza e marginalização de mulheres e crianças de Maasai. Através da rede de voluntariado, o conselho conseguiu fazer impactantes mudanças em três problemas para as mulheres de Maasai: educação e igualidade de gênero, independência financial e direito de compra de propriedade e sua participação no processo político. Outro exemplo é Olosirwa Women´s Action Group, estabelecido em 202, tem 25 membros e um empréstimo de um milhão de shillings Tanzanicos obtidos da PWC. A metade dos membros do grupo teve a menor renda na vila. Eles começaram a comprar gado na Tanzânia e vende-los num mercado perto em Posimoro no Kenia. Eles usavam o lucro para construir casa improvisada para os quatro mais pobres e as mulheres mais em desvantagem do grupo e completaram 16 casas pra outros membros. O grupo planta milho indiano e feijão, vende açúcar, chá e rosário; ajudam membros a comprar vacas leiteiras. A Pastoral está envolvida em aumentar o conhecimento sobre HIV/AIDS utilizando músicas Maasei e tem um programa de educação para adultos e escolas de enfermagem. Agora, há 49 membros no grupo da Olusirwa Women Action. No total, eles têm 45 cabras, 4 gados e 51 fazendas. O voluntariado é um caminho que os jovens podem melhorar seus currículos. Voluntariar como forma de combater a pobreza e contribuir para a economia. Eles terão mais probabilidades de atingir a inclusão quando organizados em grupos funcionais que visem desafios sociais e questões políticas dentro de suas sociedades e ampliação do apoio mútuo de iniciativas para emancipação económica. Isto é um desafio em situações de mínima alfabetização e ensino. No entanto, organizações locais de base voluntaria estabelecidas e geridas por mulheres são encontradas nos países em desenvolvimento. Uma pesquisa no Reino Unido revelou que 88 por cento dos desempregados entrevistados acreditavam que seu trabalho voluntario os ajudaria a obter um emprego. Uma investigação. 27 sobre a medida em que o trabalho voluntario aumenta a empregabilidade e competências precisa de ser grandemente analisada de modo a que novas medidas tenham como base uma robusta evidencia. Um levantamento feito pelo jornal China Youth Daily com 1044 empregadores mostra que mais de 60 por cento dos empregadores preferem um candidato com experiência voluntaria na remota região ocidental do China. Os empregadores disseram que os valores que eles estavam procurando em seus empregados eram a dedicação, integridade e boas habilidades de comunicação indicado em trabalhos voluntários. A grande maioria daqueles empregadores que empregaram os voluntários no passado disseram que ficaram satisfeitos com seus desempenhos. No entanto, é igualmente essencial não ver o voluntariado unicamente como uma preparação para o emprego. Os jovens mesmos fazem alusão aos aspectos importantes em doar o tempo deles para ajudar o próximo, para fazer as mudanças que lhes importam adquirir novas experiências, conhecer novas pessoas e divertir-se. Além disso, há benefícios mais abrangentes aos indivíduos e à sociedade em termos da saúde, bem estar e compromisso com a comunidade. Os estudos empíricos apoiam a visão que os jovens que participam no voluntarismo tendem a desenvolver positivos comportamentos sociais. Aliviando assim a delinquência. O voluntariado constitui uma parte importante na transição a responsabilidade da vida adulta. É um meio valioso pelo qual jovens são expostos à cidadania ativa. Cada vez mais, os países em vias de desenvolvimento estão introduzindo voluntarismo aos jovens através do sistema educacional. O aprendizado no serviço tem crescido rapidamente nos últimos anos na América do Sul. Em alguns países, como a Venezuela, serviço foi introduzido no ensino secundário. Isto não é voluntariado com o sentido de ter a escolha livre. No entanto, a exposição ao serviço cívico numa idade tão precoce pode levar a uma participação ao voluntarismo no futuro. O voluntarismo é, para muitos jovens, a primeira experiência em um ambiente de trabalho. Isso os ajuda a formar atitudes e opiniões sobre trabalho e expor-se aos benefícios que eles podem passar aos outros através do voluntarismo. Há igualmente os benefícios a serem ganhos na construção de relacionamentos com os outros voluntários, formando redes da vida adulta e desenvolvendo relacionamentos com aqueles que cumprem com seus esforços. Todas estas conexões sociais facilitam a uma maior inclusão. Na América Latina, o desemprego juvenil está ao redor de 22 por cento, podendo chegar até os 40 por cento em alguns países. Na região, voluntariado sob a forma de serviço cívico juvenil é considerado como uma dupla finalidade: a contribuição ao desenvolvimento e a preparação juvenil para emprego. Com relação aos jovens, dois pontos de vista são necessários. Em primeiro lugar, há um tipo de sociedade que eles irão vivenciar com todas as mudanças e responsabilidades da vida adulta. Em segundo lugar, há as barreiras que podem confrontar como fatores tais como a religião, a afiliação étnica ou a estereotipagem de um modo geral. CAIXA 5.6: Aumentando a empregabilidade juvenil na Bósnia e Herzegovina Os estudantes em Banja Luka, em Bósnia e em Herzegovina, aumentam suas chances de emprego futuro com um programa de Voluntariado social. Ao redor de 300 estudantes da escola secundária e dez estudantes universitários comprometem-se todo ano em um programa gerenciado por Omladinski Komunikativni Centar (OKC) (Centro comunitário para a juventude). Os voluntários derrubam estereótipos e preconceitos entre os estudantes através da organização de atividades lazer atividades para crianças e para jovens com dificuldades de aprendizagem; órfãos e jovens que não possuem cuidado dos pais; e pessoas idosas e jovens físicamente descapacitados. Tanja Grujic, que fez trabalho voluntario no centro Zaštiti Me (Protege-me) para as crianças que necessitam cuidados especiais, disseram: “Eu sempre pensei em como eu poderia ajudar ao proximo? Quando eu comecei com meus estudos, a principio, eu tinha em mente ajudar crianças. Eu contatei o OKC e descobri que eles que estavam planejando a contratar voluntários no centro Zaštiti Me. Como fashion design e a costura são meus passatempos, decidi então a começar com um workshop para costura com as crianças deste centro.” Tanja adiciona orgulhosamente: “Eu sinto que estas horas passadas com estas crianças são realmente úteis para mim. Esta experiência me realiza como pessoa, me permite que eu aprecie a vida e expanda meu conhecimento e experiência.” Conduzindo Oficinas criativas, organizando excursões e jogos dão um impacto real nos estudantes: eles desenvolvem habilidades pessoais e sociais que complementam o conhecimento teórico ganhado durante seus estudos. Com estas habilidades práticas, os estudantes se tornam mais competentes e competitivos para o mercado de trabalho. Fonte: J. Jevdjic, [director executivo, OKC], uma comunicação pessoal. (2011, os 13-27 de julho). Isto é onde o voluntario com valores fundamentais como a reciprocidade e respeito, pode desempenhar um papel significativo. O voluntario salienta participação ativa na sociedade. Como observamos no Capítulo 3, novas formas de voluntariar estão abrindo oportunidades para ampliar a participação. A educação pode desempenhar um papel importante em fomentar atitudes cívicas. No nível mais amplo, a mídia, os governos, as organizações e os voluntários têm uma importante em influencia na vida dos jovens. Incentivo é necessário para promover notícias sobre as contribuições dos jovens, incluindo relatórios pelos próprios jovens. Os governos precisam promover um clima em quais as necessidades e interesses dos jovens sejam plenamente respeitadas e garantir que a infraestrutura seja fornecida. Voluntários incluindo organizações devem ser proativos no engajamento dos jovens. Sociedades saudáveis necessitam de pessoas jovens que estejam envolvidas com suas comunidades. Ação voluntária pode ser uma rota altamente eficaz para tal envolvimento. Pessoas idosas As pessoas idosas têm sido tradicionalmente ativos contribuintes para suas sociedades. Indígenas, em particular, há muito tempo reconheceram o quanto as contribuições feitas pelos idosos são valiosas e como contribuem para a perpetuação e enriquecimento da sociedade. Tendências entre os envelhecidos em muitas partes do mundo estão contribuindo para a sensibilização das dimensões sociais da contribuição dos idosos. A primeira Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento, realizada em 1982 em Viena, junto com subsequentes conferências têm levado à adoção de planos globais, regionais e nacionais de ação para reconhecer o papel do voluntario na atividade dos envelhecidos. A revisão de 20 anos de a conferência de Viena, que aconteceu lugar em Madrid no ano 2002, recomendou primeiramente que uma sociedade para todos deve dar aos idosos a oportunidade de continuar contribuindo. Tais contribuições se estendem além de atividades econômicas para incluir voluntário nas atividades da comunidade. Estes tem que ser reconhecidos como contribuintes para o crescimento e manutenção do bem-estar pessoal. A contribuição feita por pessoas mais velhas para sociedade através da ação voluntária é muito grande. Voluntariar em si próprio pode ser um trunfo valioso na manutenção da atividade e engajo dos idosos. Esta é uma observação importante desde que pesquisas, em sua maioria em países desenvolvidos, indicam que idosos são particularmente vulneráveis à exclusão. Isto é especialmente verdadeiro para aqueles que deixaram o mercado de trabalho com fracos laços familiares. Os dados da Pesquisa do Envelhecimento, Saúde e Aposentadoria na Europa (SHARE) confirmam que pessoas idosas em risco de exclusão social são menos propensos a se envolverem em atividades voluntarias. No entanto, quando o fazem alguma atividade voluntaria, o impacto sobre eles pode ser significativo. Estudos descobriram que o voluntariar com idade mais avançada pode reduzir o risco de exclusão social. Além de doenças relacionadas com a idade, idosos muitas vezes sofrem com restrições de mobilidade ou com isolamento. Voluntariar pode levar não só a maiores níveis de atividade, mas também a uma melhor integração e inclusão na sociedade. 38 Esses resultados são comprovados pela instrução no Guia para a implementação nacional do Plano Internacional de Madrid de Ação sobre o Envelhecimento, que enfatiza a importância da participação dos idosos na vida social e cultural, e combate os estereótipos negativos e práticas de exclusão". O trabalho voluntário é um canal de universal para tais participações. Pessoas com deficiência Box. 5.7: Ter rodas – fara trabalho voluntário? O voluntarismo pode transformar os voluntários, conduzindo a um aumento na confiança em si próprio, uma forte percepção de realização pessoal e novas aspirações profissionais. Motivados por estes ganhos, voluntários com incapacidades ajudam a dissipar estereótipos e mudar percepções sobre as pessoas incapazes o que podem e não podem fazer. Uma cidadã Norte Americana Shannon Coe desempenhou a função voluntaria de corpo de paz no Paraguai. Lá, a população locais com inabilidades físicas não são frequentemente vistos fora de suas casas. Shannon diz: “Quando eu me empurrei ao redor minha comunidade, as pessoas me olhavam fixamente com muita curiosidade. Muitos, provavelmente nunca tinham visto uma mulher independente em uma cadeira de rodas antes. Cada vez que eu ouvia “qué guapa” (você é uma super mulher!) ao ir trabalhar sozinha, eu sabia que eu tinha mudado a perspectiva de uma outra pessoa.” Como Shannon, as pessoas com incapacidades fazem contribuições valiosas como voluntários internacionais, pois, historicamente, eles tem sido sub-representados nos programas voluntários no exterior. Esses programas frequentemente centram-se em servir a comunidade deficiente local em vez de comprometerem os voluntários com incapacidades como líderes e contribuidores. As pessoas com as incapacidades têm o mesmo desejo de contribuir com a sociedade e conquistar experiências como os cidadãos sem deficiência. Com pequenas modificações, criatividade e uma atitude positiva, todo o programa de voluntário internacional pode ser acessível a voluntários com qualquer tipo de incapacidade. Source: Scheib & Gray. (2010). Para que as sociedades possam alcançar a inclusão social, todos os membros devem sentir que são capazes de contribuir de maneira significativa. Pessoas com deficiência muitas vezes enfrentam uma exclusão social que retrata a má interpretação e os preconceitos que por sua deficiência, não tem condições de contribuir, em vez de concentrar no que poderiam fazer pela sociedade. Semelhante a outros grupos excluídos, muitas vezes são vistos como receptores passivos das ações de voluntárias, em vez de como voluntários ativos. A ação caridosa ou a percepção de “doar-se” do voluntarismo predominante nos países desenvolvidos reforça esta atitude. Voluntarismo igualmente tem um problema de imagem para muitas pessoas que pensam que, devido a sua incapacidade, a ação voluntária não é para eles. O resultado é que, é menos provável, que as pessoas com incapacidade façam trabalho voluntario. No Reino Unido, por exemplo, em 2008 apenas 32 por cento dos adultos descapacitados ofereceram trabalho voluntario em organizações quando comparados com 41 por cento do resto da população adulta. Isto ocorre devido aos fatores tais como; a falta de equipamento especial, locais impróprios, custo extra para transporte e a necessidade para o apoio aos trabalhadores. Em um estudo, um informante sugeriu que, no que se dizem respeito ao problema da imagem, esse pesquisadores considere que o termo “ativistas” para voluntários com incapacidades como “pessoas que procuram fugir do que se é considerado tradicional, a imagem passiva das pessoas com incapacidade como o assunto do voluntariado a uma imagem muito mais dinâmica associada com o ativismo.” Um simples exemplo de como a função de ativista ocorreu durante o terremoto e o tsunami que ocorreu no Japão em Março de 2011. Pessoas incapazes evitaram, frequentemente, a ir aos centros evacuação designados porque sabiam que eles não receberiam o apoio necessário a suas circunstancias especiais. Entre os voluntários que foram se identificar de casa a casa e avaliar as necessidades das pessoas incapazes estão da Fundação YUME-YAZA. A fundação foi estabelecida após o terremoto de Hanshin-Awaji em 1996 para ajudar as pessoas incapazes que foram afetadas por catástrofes naturais. Estes voluntários não somente deram a oportunidade para estas pessoas com incapacitadas de expressarem as suas necessidades imediatas, mas igualmente ouviram os seus desejos seus desejos, e capacidades, de viverem em suas próprias comunidades em vez de viver em cuidados domiciliários. Migrantes Os migrantes enfrentam verdadeiros desafios para superar a exclusão. Eles frequentemente devem superar a barreira da língua e aprender os costumes locais. Voluntarismo pode oferecer oportunidades de praticar o idioma e para construir as redes sociais pelas quais podem levar a uma maior inclusão. As minorias raciais e étnicas são normalmente menos propensas a participar em atividades voluntárias formais. As comunidades imigrantes rurais, por outro lado, vivenciam níveis elevados de certo tipo de voluntarismo informal. Estes incluem o voluntariado nas escolas, em programas secundários de línguas e nas organizações que ajudam imigrantes a integrar na sociedade. O potencial dos emigrantes que se oferecem ao voluntariado dentro de suas próprias comunidades supera beiras. O conceito do “co-desenvolvimento” é relativamente novo. Aplica-se às iniciativas de desenvolvimento empreendidas por emigrantes quem vivem em países desenvolvidos para ajudar suas comunidades de origem. O co-desenvolvimento é um meio pelo qual os emigrantes compartilham os benefícios que apreciam em seus países anfitriões e para continuar a comprometerem-se na vida cívica de suas comunidades natais em seus países de origem. Um exemplo é o Asociación Sócio-Cultural de Desarrollo y de Cooperación por Colômbia e Iberoamérica (ACULCO). Esta é uma ONG baseada em trabalho voluntário, criada em 1992 por imigrantes de Colômbia que vivem na Espanha. A organização foca na integração dos Colombianos na sociedade espanhola e apoia iniciativas baseadas no desenvolvimento da comunidade em Colombia. BOX 5.8 : Voluntariado de Imigrantes: Nova Zelândia O fórum da mudança de vida do refugiado (The Change Makers Refugee Forum) em Wellington é uma ONG que ajuda as comunidades de refugiados para que participarem inteiramente na vida e na cultura da Nova Zelândia. Em uma iniciativa do ONG, ao redor de 50 voluntários produziram um DVD e kit com recurso para apoiar famílias do Afeganistão, da Assíria, Birmanês, Colombianos, Eritreus, etíopes, iraquianos, Oromo, de Serra Leao, Somalianos, sudanês, ruandês, Ugandês e Zimbabuenses. As fortes famílias, Fortes Crianças (The Strong Families, Strong Children), kit de recursos levou seis meses para ser completado. Fase um, durante o restabelecimento os imigrantes da Assíria, Eritreia, os etíopes, os somalianos e os sudaneses, incluiran oficinas sobre família e a identidade. Fase dois, centralizou os valores da família e os possíveis fontes de conflito. Na fase três, um grupo de voluntários e os atores profissionais atuaram em cenas para o DVD descrevendo as situações diárias que confrontam estas comunidades de refugiados. Para os participantes, esta era uma possibilidade explorar como tratar a diferença de gerações, as diferenças culturais e as pressões em famílias e como educar crianças em um novo país sem o apoio da família a que estavam habituados. De acordo com os voluntários: “Nosso objetivo é destacar isso vir a um país novo é um deslocamento cultural enorme. Quando os refugiados chegaram à Nova Zelândia, têm somente seis semanas de orientação… mas a adaptação à nova cultura leva muitos anos e continua para sua a vida toda.” Fonte: Mude o fórum do refugiado dos fabricantes. (n.d.); Johnstone, uma comunicação pessoal. (2011, os 16-22 de julho). Pessoas que vivem com o vírus HIV/AIDS Apesar dos casos de mortes por culpa do vírus HIV/AIDS caírem nos últimos anos, o número global de pessoas contaminadas está ainda acima dos 33 milhões de acordo com um programa das Nações Unidas no combate ao vírus HIV/AIDS (UNAIDS). 48 A não-compreensão exata sobre a doença cria um estigma contra os contaminados. Voluntarismo entre Pacientes com HIV/AIDS e voluntarismo de HIV-soropositivos ajudam a criar entre eles mesmos uma maior compreensão sobre a doença e as pessoas afetadas por ela. Quase 75 por cento das pessoas afetadas por HIV/AIDS vivem em África subsaariana. A maior parte do apoio aos pacientes e às famílias provê dos serviços sanitários de saúdes ao domicílio proporcionado por voluntários. 49 Voluntariado é uma das maneiras pelas quais as pessoas soropositivas possam lutar contra o estigma do vírus HIV/AIDS, levantando suas autoestimas e aumentando seus bem-estar. A ideia baseando-se em experiências pessoais das pessoas que vivem com o HIV para tentar ajudar a dar forma a uma resposta à epidemia da AIDS foi formalmente adotada em 1994 em Paris na AIDS Summit. Alguns dos 42 países que declararam que uma maior participação das pessoas que vivem com o HIV e a AIDS (GIPA) eram respostas éticas e eficazes contra a epidemia. Grupos voluntários de apoio comunitários envolvendo pessoas HIV soropositivas estão aumentando cada vez mais os programas contra o HIV em muitos países. Muitos dos cuidados pessoais destas pessoas que vivem com o HIV e AIDS ocorrem na casa dos próprios indivíduos por membros das suas próprias famílias, amigos e da comunidade. Os últimos incluem grupos de apoio e ONGs. BOX5.9: Discutindo positivamente sobre HIV: China “Eu sempre digo as pessoas com um sorriso: O HIV é um vírus, não um pecado! Nós estamos vivendo com o HIV e nós ainda podemos dar a nossa própria contribuição à sociedade,” declara Xiaofeng, que contraiu o HIV em uma transfusão de sangue. Quando isto foi descoberto, ele enfrentou a humilhação e a discriminação mas, eventualmente, ele decidiu confrontá-lo. Apesar dos regulamentos que proíbem a discriminação institucional contra as pessoas que vivem com o vírus HIV, as barreiras ainda permanecem na China. O medo do estigma impede frequentemente que as pessoas procurem os serviços de assistência e divulguem que contraíram o vírus HIV às famílias e aos amigos. O projeto Conversas Positivas foi iniciado por Maria Stopes international China, uma organização sem fins lucrativos que oferece planejamento familiar e orientação sexual e reprodutiva a familias, em 2007, com apoio de UNDP e de UNAIDS, e na consulta com o centro nacional para o controle e a prevenção da AIDS/DST e a associação chinesa da prevenção e controle da AIDS/DST. Mais de 40 pessoas que vivem com o HIV na China foram treinadas como aconselhadores educacionais e instrutores. Subsequentemente, os aconselhadores das Conversas Positivas deram sessões de treinamento para departamentos governamentais, empresas do setor privado, universidades, meios de comunicação, ONGs e para as pessoas em áreas rurais. Em junho de 2008, cinco aconselhadores positivos do Projeto Conversas Positivas treinaram 7500 Voluntários para as olímpiadas de Pequim sobre a consciência do HIV. Através deste compromisso, os aconselhadores positivos da Conversas Positivas estão trazendo esta mudança positiva de comportamento e reduzindo a discriminação contra as pessoas que vivem com o HIV. Fonte: Joint United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS). (2010b, March 6); Luo Nan, [Project Manager, Positive Talks Project], Personal Communication. (2011, July 15). Conclusões e discussões: Há muitas maneiras pelas quais as pessoas podem encontrar o seu caminho fora da exclusão com o voluntarismo. Para indivíduos, a ação voluntária tem ligação às melhorias nos sentimentos de valorpróprio. Pode ajudar a desenvolver habilidades vocacionais e outras competências e assistência em redes de contatos. Isso tudo contribui aos sentimentos de bem estar. A nível comunitário, o voluntarismo pode conduzir a maior coesão através do aumento da confiança própria e a redução de conflitos. Mais especificamente dentro da sociedade, uma maior inclusão com o voluntarismo traz ganhos econômicos e pode ajudar a desenvolver nações fortes e coesivas. O voluntarismo se tornará mais integrado no discurso de inclusão social quando houver maior reconhecimento dos parâmetros do voluntarismo de acordo com o capítulo 1. A literatura em relação ao trabalho voluntário e inclusão focam a maior parte na ação voluntária nas organizações já formadas. Isto deve ser incentivado. Contudo, voluntariado por grupos excluído ocorre geralmente em um contexto informal. A definição mais profunda, adotada pela comunidade internacional, refletindo em todas as formas de ação voluntária, deveria ajudar a função do voluntarismo mais proeminente. Há muito que pode ser feito. Por exemplo, os governos podem incluir o trabalho voluntario nas políticas que lidam com a inclusão social, abrangendo tipos formais, e informais de voluntariado. As micropolíticas do voluntariado e as macro políticas para abordar a exclusão social necessitam estar em união. Por exemplo, Alcance à legislação do trabalho poderia ser prolongado para incluir o voluntariado como legislação anti-discriminatória. O núcleo da inclusão é o reconhecimento das capacidades, não as incapacidades dos indivíduos. Exige uma aproximação aberta e flexível. Os governos, as organizações da sociedade civil e o setor privado tem toda a capacidade para serem proativos e dinâmicos, com o objetivo principal de atingir os grupos excluídos, junto com outros segmentos da sociedade, para envolvê-los no voluntarismo. Se isto acontecer, sociedades mais compreensivas emergiram e isto representaria um passo à frente em assegurar que toda a população aprecie os benefícios múltiplos do voluntarismo. VOLUNTARIADO, COESÃO E MANEJO DE CONFLITOS Capítulo 6 O voluntariado é uma fonte de força comunitária, resiliência, solidariedade e coesão social. Ele pode trazer mudanças sociais positivas ao promover o respeito pela diversidade, igualdade e participação de todos. Ele está entre os recursos mais importantes de uma sociedade. Introdução Este capítulo trata das relações entre voluntariado e coesão social em situações de conflitos violentos. O Relatório de Desenvolvimento Mundial de 2011, Conflito, Segurança, e Desenvolvimento, afirma que 1,5 bilhão de pessoas hoje vivem em países afetados por violência política, crime organizado, taxas de assassinatos excepcionalmente altas ou conflitos de baixa intensidade. Os conflitos violentos são vistos atualmente como um desafio-chave ao desenvolvimento, pois impedem investimentos, limitam o acesso a oportunidades de educação e emprego, drenam recursos estatais e ameaçam o controle dos governos. Eles corroem a coesão social e vêm se tornando a principal causa de pobreza1. Para muitas pessoas, viver em um ambiente de violência física direta é “normal”. Conflitos são mais ou menos comuns em qualquer sociedade etnicamente ou religiosamente diversificada, e manifestações diretas de conflitos tendem a acontecer mais em sociedades democráticas. A questão importante é: como um conflito é manejado? Por instituições e normas sociais ou pela violência? Há várias formas de violência, incluindo o crime organizado ou individual e a violência contra a mulher. Nossa preocupação, aqui, é com o conflito violento, armado. O século XXI marca uma ruptura com o passado, com a diminuição nítida de guerras entre Estados. No lugar dessas guerras, há brigas internas nas nações, na forma de conflitos entre comunidades ou em âmbito nacional. Aqui, as pessoas podem contribuir em todos os níveis. Pela ação voluntária, é possível apaziguar tensões que poderiam tornar-se conflitos violentos; engajar-se na resolução de conflitos; e criar um propósito em comum - prevenir novas ocorrências - uma vez que o conflito imediato se encerra. Na raiz de todas essas intervenções estão os valores cívicos e o desejo de democracia expressados ao longo desse relatório. Como observado pela PNUD: “A paz pode ser acordada entre líderes de alto-escalão reunidos, negociando; mas tais acordos devem ser acompanhados de iniciativas que promovem a habilidade da sociedade em lidar com conflitos e superá-los a curto, médio e longo prazo. Para construir a paz, é preciso que as sociedades aprendam a tratar do passado, ajustar-se ao presente e planejar o futuro”. Nós examinaremos o conflito através da lente da coesão social. Esta pode ser criada e reforçada por pessoas apoiando-se mutuamente, em nível local, pela ação voluntária. Nós falamos de intervenções voluntárias que podem ajudar a prevenir tensões, mitigar o impacto destas quando elas se transformam em violência, ou auxiliar na recuperação quando as tensões diminuem. Nós também focamos nas mulheres e jovens como os dois segmentos da população mais afetados pelos conflitos violentos, além de terem seu papel como reais ou potenciais construtores da paz. O restante deste capítulo vai considerar exemplos de ações voluntárias em três estágios: pré-conflito, conflito e pós-conflito. Não obstante, nós reconhecemos que o conflito violento não ocorre sempre de modo tão linear. Coesão social e conflitos violentos Há muito tempo a coesão social vem sendo considerada um importante fator na promoção do desenvolvimento sustentável, como foi discutido no Capítulo 4. A coesão social como um atributo grupal também possui um papel essencial no contexto do conflito violento. Um dos modos de descrever a coesão social é através da situação onde uma sociedade é caracterizada por duas qualidades complementares. A primeira qualidade é a ausência de desigualdades severas em termos de renda ou riqueza; ou tensões raciais, religiosas ou étnicas, ou qualquer outra forma de polarização. A segunda é a presença de fortes laços sociais, demonstráveis em termos de confiança e normas de reciprocidade. Tais sociedades são abundantes em associações voluntárias, nas quais diferentes grupos sociais estão livres para participar. Há também estruturas e instituições que apóiam o manejo de conflitos, tais como poder judiciário e mídia independentes. Entende-se que o voluntariado promove um senso de pertencimento e participação ativa, de cooperação e solidariedade. Um individuo que se sente parte de algo, motivado por um forte compromisso, vai agir por sentir que aquela é a coisa certa a se fazer, e não por razões utilitárias. Como notado pelo Banco Mundial: “A coesão social manifesta-se em indivíduos dispostos e aptos a trabalhar em grupo para tratar de necessidades em comum, superar restrições e considerar interesses variados. Eles são capazes de resolver diferenças de um modo civilizado, não violento”. A coesão social é uma variável-chave para entender o modo como as pessoas reagem ao risco de conflitos violentos, sua resposta quando eles ocorrem, e suas ações perante as consequências do conflito. Quanto mais forte a coesão social, mais provável é a formação redes de conexões e interações sociais. Tais redes definem as ações voluntárias. Elas diminuem os riscos de desorganização social, fragmentação e exclusão que, por sua vez, realimentam a violência. Como vimos antes, o sistema de valores subjacente ao voluntariado promove normas de reciprocidade e confiabilidade. Estas normas favorecem esforços de redução de conflitos violentos e abrandam seus efeitos. É claro que, se tais redes forem discriminatórias quanto a etnias ou outros fatores, elas podem ser manipuladas para obter vantagens individuais ou grupais e levar ao extremismo. Por exemplo, durante o genocídio em Ruanda, em 1994, grupos Hutus contavam com propaganda que promovia o ódio “que uniu os Hutus, principalmente homens jovens, desempregados e sem educação formal, para formar grupos tais como os Interahamwe (“aqueles que atacam juntos” em Kinyarwanda), que estavam à frente do genocídio.” Redes baseadas no voluntariado, que operam entre pessoas com interesses em comum – mesmo que elas não se conheçam - têm um papel importante em situações de conflito potencial ou real. Em 2005, a Comissão para a África reconheceu a efetividade destas redes na sociedade africana e qualificou-as como formas não estatais de governança. A Comissão também ressaltou a falta de visibilidade de tais redes: “estas são redes sociais que muito frequentemente parecem invisíveis àqueles no mundo desenvolvido, que possuem uma perspectiva diferente, mais formal, de governança. No entanto, essas redes formam uma grande parte do capital social sem o qual muitas sociedades africanas não conseguiriam funcionar... Para muitas pessoas, a lealdade primária pertence à família, clã, tribo ou outras redes sociais, incluindo, de modo crescente, grupos religiosos.”10 A contribuição da ação voluntária para a paz muitas vezes acontece no contexto dessas redes sociais, ou por meio de associações informais ou grupos de ajuda mútua. Como os conflitos envolvem diferentes facções ou partidos, a construção da paz requer contatos recíprocos entre todos os interessados. No caso de eventos violentos, isso inclui todas as partes ativas no conflito. Tais contatos podem gerar a criação de redes regionais ou nacionais para a promoção da paz. O voluntariado na prevenção de conflitos Pessoas que vivem suas vidas em um contexto de tolerância e respeito mútuos, com a ação voluntária como uma das características da harmonia social, são mais propensas a evitar situações de conflito. Uma importante faceta da coesão é a participação recíproca e a ajuda mútua na vida da comunidade, como por exemplo em importantes ritos, cerimônias e eventos relacionados à produção econômica. Na Índia, onde confrontos entre grupos religiosos não são incomuns, foi observado que a participação inter-religiosa em festivais ajuda a prevenir conflitos. Hindus e muçulmanos participam de celebrações uns dos outros, e compartilham a comida uns dos outros. Vigílias conjuntas para a paz e marchas são outros exemplos de colaboração entre etnias. Intercâmbios entre a juventude da Índia e do Paquistão reduzem o potencial para conflitos por meio do reforço do entendimento mútuo. Essa é uma abordagem Ghandiana para a paz, com jovens vivendo junto às famílias uns dos outros e se engajando em ações pacíficas. Esses programas são inteiramente baseados no voluntariado. Grupos de trabalho mistos são comuns na região costeira no Sul da Índia, ainda que a divisão do trabalho na agricultura esteja em declínio. A união de famílias hindus, muçulmanas e cristãs na divisão do trabalho ajudou a reduzir conflitos e levou a um senso de identidade compartilhada. Essa ação também criou uma maior compreensão das diferenças e um entendimento sobre como elas podem levar a conflitos se não forem bem manejadas, e, por outro lado, como o entendimento sobre as diferenças pode ajudar na resolução de conflitos. Em situações de conflitos potenciais, os relacionamentos entre comunidades podem servir como um amortecedor ao reduzir o impacto negativo que situações de insegurança têm na sensação de bem estar das pessoas. As pessoas podem utilizar associações locais e ação coletiva como um modo de gerar uma sensação de proteção para os indivíduos. Por exemplo, a capacidade de usar redes para espalhar informações sobre acontecimentos que causam medo e insegurança pode atuar como um importante fator de proteção.13 O tipo de resiliência que previne potenciais manifestações violentas também pode ser criado por meio de redes comunitárias voluntárias para combater eventos violentos e por meio da educação e treinamento, em associações voluntárias, para a construção de um sentimento de confiança. Um estudo comparou o conflito entre Hindus e Muçulmanos na Índia com manifestações violentas na antiga Iugoslávia e na Irlanda do Norte. Este estudo confirmou a relação entre altas taxas de violência étnica com baixas taxas de engajamento civil entre etnias e entre grupos religiosos. Isso sugere que comunidades vigorosas e bem-integradas podem servir como agentes da paz. Formas intensas de engajamento civil, tais como organizações integradas de negócios, organizações sindicais, partidos políticos e organizações profissionais são freqüentemente capazes de conter explosões de violência étnica e religiosa, entre outras. Esse também foi o caso encontrado na Bósnia, Chipre, e Israel e Palestina. Voluntariado durante a ocorrência de conflitos No Quênia, durante as ocorrências de violência pós-eleições em 2008, grupos de voluntários se espalharam esporadicamente nas comunidades afetadas para ajudar uns aos outros e fazer conexões entre diferentes grupos étnicos. Visitas para intercâmbios culturais foram organizadas por anciões de diferentes partes do país para promover aprendizagens interculturais. Esse tipo de iniciativa criou novos campos de interações sociais. Tais interações são diversas daquelas promovidas por políticos, que tiveram uma certa responsabilidade em alimentar animosidades entre as comunidades. 16 No pico das ocorrências violentas, o conselho de mídia do Quênia foi além dos interesses parciais que tomavam conta do país. O conselho foi capaz de persuadir a mídia nacional a sincronizar mensagens, ao transmiti-las de graça por alguns dias, para permitir que as pessoas entrassem em contato umas com as outras. Blogs online, tais como Ushahidi e Pambazuka mantiveram as pessoas informadas quanto às atrocidades que estavam ocorrendo, e chamaram os quenianos a ajudar uns aos outros. Algumas ONGs forneceram suporte logístico para que os voluntários pudessem chegar até as comunidades, dando assistência na construção da paz sempre que possível. Em situações de conflitos potenciais, relacionamentos entre comunidades e uma sensação de pertencimento a redes sociais podem ajudar a construir escudos que geram a sensação de proteção aos indivíduos. Intervenções externas baseadas em iniciativas voluntárias, seja em âmbito nacional ou dentro das comunidades, podem ser muito eficientes para retirar as pessoas dos conflitos e fazer com que elas se voltem para a paz. Por exemplo, quando há ameaças de conflitos entre religiões na Índia, elas são frequentemente resolvidas pela mediação de “voluntários da paz”, que se engajam junto a partidos para facilitar a reconciliação. Em países como Bangladesh, Índia e Tailândia, voluntários são o centro de iniciativas de “políticas comunitárias” apoiadas pelos governos locais e por agências de segurança. Voluntariado após a ocorrência de conflitos Hoje, no Sri Lanka, o processo de cura entre os dois grupos étnicos envolvidos no conflito mais duradouro do país vem sendo assistido por voluntários do Movimento Sarvodaya Shramadana. Essa é a ONG mais influente do país, com uma estratégia de desenvolvimento e um programa próprios. Sarvodaya mobilizou milhares de voluntários treinados na construção da paz, intervenção em crises e resolução não-violenta de disputas, contribuindo para o processo de reabilitação a longo prazo. Em Ruanda, onde o genocídio resultou na dizimação da população masculina, a tarefa de reconstruir o país ficou para as mulheres. As mulheres com acesso a terras formaram grupos que eram estruturados como as associações de ajuda mútua que existiam antes da guerra. O propósito era ajudar umas às outras na produção agrícola, construir casas e estabelecer poupanças e esquemas de crédito para financiar atividades geradoras de renda. Essas iniciativas recíprocas permitiram que as mulheres ganhassem um status social que ia além de seus papéis tradicionais e assegurar direitos como maior poder e independência econômica. O voluntariado pode ser especialmente eficiente na construção da coesão social e da paz quando pessoas de grupos anteriormente opostos se conectam de maneiras inovadoras. Na Irlanda do Norte, por exemplo, as pessoas entraram em contato independentemente de suas religiões ou partidos políticos por meio da colaboração em projetos que ajudaram a reconstruir laços de confiança entre comunidades divididas. Quando a violência étnica começou a crescer nas Ilhas Salomão, no Pacífico Sul, em 2002, entre os colonos Malaitan e o povo indígena de Guadalcanal, mulheres da capital Honiara juntaram forças para criar o “Womans Communiqué for peace”. Posteriormente, o grupo multiétnico voluntário Women for Peace negociou com as partes em conflito, criando consciência sobre os impactos do conflito e ajudando as vítimas. Voluntariado e a Promoção da Paz Mulheres Mulheres são mais vulneráveis a conflitos violentos, mas têm o potencial para serem poderosas agentes da paz e da transformação. Como o Relatório do Desenvolvimento Mundial de 2011 diz: “organizações de mulheres frequentemente têm um papel muito importante na restauração da confiança e no apoio da recuperação e transformação.” A participação civil por meio do voluntariado pode ser um mecanismo poderoso para mulheres marginalizadas, dando-lhes poder de decisão. Isso é especialmente verdadeiro em sociedades nas quais tanto os costumes quanto a lei favorecem claramente os homens, em termos de controle de recursos chave, propriedade de terras, recursos financeiros e de renda, e acesso ao mercado de trabalho e empregos oficiais. Esse é o caso, por exemplo, na Etiópia, e no Sudão (2009). Ainda que as mulheres sejam membros ativos da sociedade civil, elas encontram muitos obstáculos para conseguirem se envolver no desenvolvimento e na reconstrução da paz. As mulheres estão cada vez mais envolvidas, como combatentes, em conflitos violentos. No entanto, para a maioria das mulheres, tais conflitos agravam sua situação, levando algumas delas a organizar resistências. Com efeito, existe uma longa história de participação das mulheres em ações de base para minimizar hostilidades e começar a reconstrução. Em países expostos a longas guerras, tais como Angola, Chade, Eritréia, Etiópia, Libéria, República Democrática do Congo e Serra Leoa, as mulheres assumiram um papel de liderança em uma ampla gama de iniciativas voluntárias, incluindo a liderança em protestos, iniciativas de construção da paz, mobilização de recursos e a criação de um novo senso de comunidade. A literatura reconheceu isto, primeiramente, nos anos 9030 e, desde então, esse fenômeno vem ganhando atenção crescente. A Quarta Conferência Mundial sobre Mulheres de 1995, em Pequim, definiu o seguinte objetivo estratégico: “Aumentar a participação feminina na resolução de conflitos em todos os níveis... integrar uma perspectiva de gênero na resolução de conflitos armados ou não... e certificar-se de organismos estejam aptos a abordar questões de gênero apropriadamente.” A Resolução das Nações Unidas 1325 para Mulheres, Paz e Segurança (2000) convoca uma maior participação das mulheres no processo de paz e resolução de conflitos. 33 No entanto, como indicado em 2003, “se a Resolução 1325 fortaleceu as reivindicações das mulheres africanas através de uma cadeira na mesa da paz, ela não eliminou os enormes obstáculos políticos, econômicos e culturais para a total participação feminina como agentes da paz ou cidadãs.” Naquela época, as experiências de mulheres na República Democrática do Congo, e nos países União do Rio Mano – Guiné, Libéria e Serra Leoa, ilustraram bem as barreiras que as mulheres encontram quando querem ter suas vozes ouvidas e quando querem promover mudanças em nível político. Na América Latina, o impacto das mulheres em conflitos como o da Colômbia, ao longo de cinco décadas, permaneceu desconhecido por anos. O silêncio foi quebrado quando, em 1996, milhares de mulheres de organizações indígenas e organizações base em todo o país se uniram para enviar uma mensagem contra os conflitos, por meio da rede Ruta Pacifica de las Mujeres (Rota Pacífica das Mulheres). A rede voluntária abriu portas para que as mulheres pudessem ter um papel ativo no processo de construção da paz na Colômbia. Visões convencionais das mulheres como espectadoras passivas em tempos de crise precisam ser corrigidas. No entanto, como a experiência de Rio Mano mostrou mulheres que se engajam voluntariamente em conflitos têm que se preparar para uma longa batalha. Jovens A população jovem do mundo está aumentando rapidamente, especialmente em países pobres afetados por conflitos violentos. Há uma preocupação crescente com as condições que podem levar adolescentes, especialmente meninos, a perpetuar a violência e impedir o processo de consolidação da paz. Jovens são normalmente vistos como uma ameaça à segurança, e normalmente se pensa que eles precisam ser desarmados e mantidos ocupados. No entanto, um recurso vital para superar o conflito violento é ignorado quando os jovens são denegridos ou temidos, ou quando seu papel potencial na resolução de conflitos é ignorado. Em muitos dos conflitos, os jovens estiveram envolvidos nos confrontos. No entanto, quando as hostilidades terminam, eles têm poucas oportunidades de se envolver em processos de construção da paz em escala nacional. Além disso, a ausência de mecanismos de participação, combinada com altas taxas de desemprego, podem resultar em maior alienação dos jovens em muitos países pobres, recém-saídos de conflitos. Isso reforça exatamente os mesmos fatores que deram início ao conflito em primeiro lugar. Deve-se sempre lembrar que, em países onde os conflitos são prevalentes, muitos dos jovens nasceram em tempos de guerra. Essa é a única “dinâmica social” que eles conhecem, e eles desenvolveram mecanismos de enfrentamento para suportar essa realidade de medo e violência. Às vezes, esse mecanismo faz com que eles se tornem violentos. Os jovens têm poucas oportunidades para se expressar de outras maneiras. O envolvimento em atividades pacíficas pode, no entanto, trazer uma nova perspectiva a eles, encorajando formas não violentas de interação com diferentes grupos. A ideia de que a juventude deve agir como blocos de construção essenciais para um futuro pacífico está começando a receber aceitação. O voluntariado é um dos canais pelo qual a juventude pode se envolver, especialmente por meio de organizações de jovens. Jovens trabalhando juntos, de modo voluntário, contribuem para a construção de pontes entre culturas e gênero e se tornam parte do processo de construção da paz. A West Africa Network for Peace-building (WANEP), uma importante organização da sociedade civil, tem um programa para a juventude chamado “ActiveNon-Violence and Conflict Transformation Programme for Youth”, que cria oportunidades para que mais de 650 estudantes e 450 jovens da comunidade possam se envolver diretamente na prevenção e manejo de conflitos por meio de “clubes da paz” em Monrovia, na Libéria. Após 20 anos de guerra, o norte da Uganda tem a sorte de ter uma rede dinâmica e crescente de voluntários nacionais e locais, muitos dos quais fazem parte da juventude afetada pela guerra. Um dos exemplos é um grupo de mulheres ex-combatentes do Exército de Resistência do Senhor. Elas usaram habilidades adquiridas em campo, tais como habilidades de parteira e liderança, para executar o trabalho de construção da paz, junto à ONG Empowering Hands. Estabelecida em 2004, a ONG cria grupos de apoio para prisioneiros voltando à liberdade. A ONG disponibilizou conselheiros e ajudou-os a voltar para a escola. A história da Empowering Hands é uma conhecida história de sucesso. Em toda a parte norte de Uganda há muitos grupos voluntários de jovens que mostraram um potencial similar, com a capacidade para formar a próxima geração da sociedade civil. No entanto, sendo associações dispersas, elas não têm status oficial legal e não conseguem receber subsídios. Muito poderia ser feito se governos e doadores reconhecessem a presença da iniciativa da juventude em situações de conflito e trabalhassem com o intuito de capacitar grupos e seus lideres. Conclusões e Discussões Nesse capítulo, nós examinamos as relações entre voluntariado e conflitos violentos na perspectiva da coesão social, com foco particular na situação de mulheres e jovens. A dinâmica que gera conflitos violentos, e determina seus cursos, é complexa. Tais conflitos não respondem a um conjunto estabelecido de soluções. No entanto, os valores da solidariedade e apoio mútuo, que ajudam a criar coesão em sociedades e estão subjacentes à ação voluntária, contribuem na prevenção, atenuando e removendo as causas do conflito. A ação voluntária, portanto, deve ser parte integrante de políticas e programas focados em prevenir e responder a conflitos. Ainda que comida, abrigo, reconstrução da infraestrutura e estabilização econômica sejam necessários, também é necessário o engajamento cívico baseado na reciprocidade e na solidariedade. Há uma consciência crescente da necessidade de reforçamento de redes que sobreviveram a conflitos violentos, e da necessidade de apoiar a reativação de tais redes onde elas forem destruídas. Redes não são auto-suficientes: a lei, a justiça e os direitos humanos devem acompanhar o processo de paz. No entanto, reconhecer e apoiar o voluntariado ajuda a certificar a sustentabilidade das realizações, e a evitar o risco de que elementos subjacentes ao conflito permaneçam ativos. Quadro 6.1.: Criando pontes entre fronteiras étnicas Kikuyus for Change é uma iniciativa da juventude pela paz. Ela foi formada no Quênia, em 2008, por jovens Kikuyus durante a violência ocorrida após as eleições. Os jovens viam a questão étnica como a principal fonte dos problemas do país. Esse grupo de voluntários desafiou os laços tribais, alcançando jovens em diferentes partes do país. Eles organizaram plataformas de diálogo interétnicas, aonde jovens formadores de opinião vinham discutir a questão étnica. Eles também desenvolveram atividades e estratégias para propor a boa-vizinhança e a reconciliação. Eles realizaram conferências de imprensa em resposta a afirmações de líderes políticos que eles consideraram prejudiciais à harmonia étnica. Eles falaram no rádio e na televisão e prepararam artigos para a imprensa escrita sobre tribalismo e a necessidade de coesão nacional. Kikuyus for Change também promove a interação com anciões Kikuyus e organiza educação cívica em diversos tópicos. “Nós devemos partir da ideia que o Quênia é uma veste de muitas cores, que é bela exatamente por ter cada uma dessas cores presentes. Nós não podemos ter uma só cor, porque a veste seria desinteressante. Algumas cores não podem dominar as outras, porque a veste seria feia. Nós devemos todos ficar em nossos lugares, e ser brilhantes.”18 Fonte: Prefeito de Garissa [em Kikuyus for Change Secretariat]. (2010). Quadro 6.2.: Organizações Voluntárias Muçulmanas nas Filipinas “Acreditar na mudança mantendo a fé” é o lema da Muslim Volunteering Organization for Peace and Development nas Filipinas. Criada em 2004, a Kapamagogopa Inc. (KI) está ativamente envolvida em iniciativas de construção da paz na região de Mindanao, onde o antagonismo entre o governo e a Moro Islamic Liberation Front (MILF) alimentou conflitos entre cristãos e muçulmanos. 69 voluntários têm se mobilizado desde 2005, trabalhando com ONGs cristãs e muçulmanas na construção da paz, do diálogo comunitário e do intercâmbio cultural. Eles contribuíram algo em torno de 150.000 horas de trabalho voluntário, causando impacto na vida de 500.000 pessoas. Os voluntários contribuíram para o estabelecimento de reservatórios comunitários de água. Eles implantaram a tecnologia chamada Sloping Area Land, um método simples e de baixo custo de agricultura de montanha para agricultores de baixa renda, com recursos limitados e pouco conhecimento da agricultura moderna. Eles ensinaram métodos de cultivo orgânico aos agricultores, promoveram treinos para a redução de desastres e participaram do All Women Contingent in the Civilian Protection Component no time de monitoramento internacional que está prestando assistência no processo de paz de Mindanao. A KI tem tido um papel chave na mobilização de voluntários muçulmanos para ajudar ONGs cristãs a alcançar comunidades não cristãs. Durante o conflito de agosto de 2008, voluntários da Kl ajudaram comunidades remotas. Eles também contribuíram em iniciativas de construção da paz, por exemplo, intervindo no rido (conflito no clã ou família) na comunidade Mindanao. Fonte: Kapamagogopa Inc.(2011); Maralm Barandia, Comunicação Pessoal. (17-22 de julho de 2011) Quadro 6.3 Voluntariado para a paz na comunidade No Pacífico Sul, as mulheres estão começando a se envolver mais em iniciativas comunitárias para a construção da confiança, entendimento e paz. A KUP Women for Peace (KWP) começou em 1999 nos planaltos de Papua Nova Guiné após décadas de lutas tribais. A violência brutal contra mulheres e crianças chegou a causar a destruição por incêndio de vilas inteiras. Após uma batalha particularmente devastadora, mulheres de quatro tribos antagônicas formaram a KWP com o objetivo de acabar com a violência tribal. Os membros da KWP, homens e mulheres, coletaram histórias nas vilas que enfatizavam o desejo de paz e dividiam essas histórias com homens das tribos beligerantes. Eles mediaram acordos de paz, conduziram workshops sobre a saúde da mulher e produção de comida, e captaram recursos locais para ajudar as vítimas de violência. Em 2003, um conflito estourou entre dois clãs na província dos planaltos do oeste. Em um esforço para recuperar a paz, sete mulheres e cinco homens da KWP passaram duas semanas nos campos de batalha. Durante o dia, eles usavam megafones para chamar uma trégua e pedir a reconciliação. Todas as noites, eles ficavam em uma das vilas dos clãs oponentes e falavam sobre a paz. Os homens em conflito nunca haviam escutado estranhos, especialmente mulheres, falar sobre paz daquela maneira. Nas palavras de um dos homens: “A polícia e o governo nos esqueceram. Mas essas mulheres se preocupavam conosco o suficiente para ficar conosco por duas semanas.” Eventualmente, as duas partes pararam de lutar e permitiram que as mulheres mediassem o pagamento de indenizações. Fonte: Dinh. (2011); Garap. (2004) Quadro 6.4 Mulheres que lutam por uma voz A região da bacia hidrográfica do Rio Mano é uma área de fronteira entre Nova Guiné, Costa do Marfim, Libéria e Serra Leoa. Com as fronteiras facilitando o fluxo de armas e combatentes, essa área foi foco de conflitos intensos e movimentos de refugiados. A Mano River Union (MRU) Women Peace Network (MARWOPNET) foi criada em 2000 com o envolvimento de lideranças femininas, mulheres da área rural, comunicadoras, religiosas e executivas dos quatro países. Ainda que a MARWOPNET tenha participado de modo significante na mediação de conflitos, ela foi excluída de algumas partes do processo formal de pacificação. De acordo com um membro, o problema é "a mentalidade masculina que diz que as mulheres não devem se envolver nessas coisas. Eles se encontram conosco e dizem que valorizam nossos esforços, e prometem cooperar. Mas nós não os vemos fazendo isso. Eles querem nos dar apenas o status de observadores, e isso nós não podemos aceitar.” Fonte: Fleshman. (2003). Quadro 6.5.: A juventude promove recuperação pós-conflito na Libéria A Liberia National Youth Volunteers Service (NYVS) permite que universitários formados contribuam para a reconstrução e o desenvolvimento na Libéria, após os 15 anos de conflito civil no país. O programa oferece treinamento para jovens com formação universitária em educação, saúde e agricultura por um ano. Depois, os mobiliza como voluntários ao redor do país. Os voluntários dão aulas em escolas e administram campanhas de saúde. Eles trabalham para melhorar a situação das mulheres, para reivindicar a educação de meninas, pelo fim da violência de gênero e de práticas discriminatórias, e desenvolvem campanhas de pacificação para reduzir divisões e polarizações. Nos locais onde trabalharam, as pessoas ficaram mais dispostas a se voluntariar e os pais quiseram que seus filhos participassem.45 A Libéria também enfrenta altas taxas de desemprego, especialmente entre os jovens. A NYVS permitiu que recém-formados desenvolvessem habilidades e ganhassem experiência profissional. Mais de 80% dos primeiros 67 voluntários estão atualmente empregados, tanto no setor público quanto no privado. Dos 121 voluntários da segunda leva, 50% estão empregados e 3% estão buscando continuar os estudos. Uma terceira leva de 128 voluntários completaram suas tarefas em junho de 2011.46 Fonte: : Isaac Bropleh, [Gerente de Projetos da Liberia National Volunteer Youth Service Programme], Comunicação Pessoal (13 de julho de 2011). VOLUNTARIADO E DESASTRES Capitulo 7 Quando enfrentamos um desastre de grandes proporções como o que ocorreu em Tohoku (região nordeste do Japão), todos devem ter sentido a vulnerabilidade dos seres humanos para ameaças naturais. Contudo, acredito que o maior poder de recuperação vem de seres humanos. O que um voluntário pode fazer é muito pouco mas o que todos nós podemos fazer é muita coisa para a recuperação, ele cria um poder mais forte ... Após o boom inicial da mídia, as pessoas gradualmente se esqueçeram do desastre, mas o verdadeiro desafio para os sobreviventes apenas começou. Suas necessidades podem ter mudado, mas há ainda a necessidade de ajuda . A verdadeira recuperação só pode vir depois de um esforço de todos a longo prazo . Khaliunaa, (Mongólia) prestou serviço voluntário no caso de tsunami do Japão Introdução A ação de voluntariado em resposta aos desastres é talvez uma das mais claras expressões dos o valores humanos que compõem a unidade para atender às necessidades dos outros. Esta é a face mais visível dentro do voluntarismo. A imediata reação das pessoas ao desatre é traduzida pela ajuda às pessoas diretamente afetadas. Em muitos casos ocorre de forma espontânea, fora de locais organizados. No entanto, a contribuição do voluntariado estende-se muito além da resposta imediata . Este capítulo analisa o conjunto de ações voluntárias através do espectro da gestão de um desastre, desde a preparação e mitigação, até ações de resposta e recuperação. Desastres e desenvolvimento A natureza e a frequência dos desastres é modificada pela mudança climática, a rápida urbanização, a insegurança alimentar e o aumento do número de conflitos. Os valiosos progressos alcançados pelo desenvolvimento podem ser drasticamente eliminados por catástrofes. A crescente conscientização desta conexão levou a um afastamento no que diz respeito a lidar com desastres simplesmente como uma emergência humanitária para tratá-las como questões de desenvolvimento. Como reduzir a vulnerabilidade aos desatres principalmente para as pessoas que vivem na pobreza, é atualmente uma preocupação política importante em muitos países. A Confêrencia Mundial de Redução de Desastres em 2005, deu um considerável impulso a essa mudança de pensamento. O objetivo geral do Quadro de Ação de Hyogo 2005-2015 é construir a resiliência das nações e comunidades aos desastres. Se reconheceu que os recursos mais eficazes para reduzir a vulnerabilidade eram organizações comunitárias que ajudam a si mesmas e redes locais. Varias funções do voluntariado em desatres A gestão eficente e eficaz dos desastres tem início e fim nas comunidades. A palavra chave é resiliência que inclui a capacidade da comunidade para prevenir, estar preparada, lidar e recuperar-se dos desastres. Aquelas localizadas em meio ambiente perigoso não são apenas vítimas potencias e impotentes de eventos fora de seu controle, eles podem ter opções de vida limitadas mas podem se envolver em iniciativas que reduzam sua vulnerabilidade. Antes de um desatre (catastrofe) Cada vez mais, o objetivo dos programas de desastres é aumentar a prevenção, mitigação e preparação, limitando a necessidade de resposta e recuperação, e assim reduzir a perda de vidas e meios de subsistência. Estes passos são conhecidos coletivamente como Redução de Risco de Desastres (RRD) e é hoje o foco de esforços nacionais e internacionais. A prevenção envolve a eliminação do perigo ou a construção de uma barreira entre o perigo e a comunidade. A mitigação é a proteção dos elementos em risco antes de um desastre, a fim de minimizar os seus efeitos prejudiciais. A preparação engloba medidas adotadas antes de um desastre incluindo a rápida disponibilidade de uma resposta diante de emergências e o estabelecimento de bases para recuperação. Prevenção e mitigação de desastres As ações de prevenção e mitigação incluem o reflorestamento, a ordenação de bacias hidrográficas, a ordenação e planejamento urbanos, uma melhor infraestrutura nas comunicações e no transporte, o uso de sementes resistentes a seca, e planejamento de construções otimizadas como habitações resistentes a terremotos. As mudanças nos modelos climáticos estão aumentando a vulnerabilidade das comunidades, especialmente entre as mais vulneráveis. Os voluntários desempenham um papel fundamental na criação de consciência a respeito da gestão sustentável dos recursos naturais que podem prevenir e mitigar o efeito dos desastres . A primeira Conferência Internacional sobre Voluntariado e Objetivos do Desenvolvimento do Milênio celebrada em 2004 em Islamabad, Paquistão, enfatizou o papel dos voluntários na gestão de risco dos desastres. A Conferência destacou o vínculo entre voluntariado e sustentabilidade do meio ambiente em projetos de água e saneamento, silvicultura e gestão dos recursos naturais. As iniciativas de base não só estão garantindo a sustentabilidade ambiental como também a melhoria das condições de vida locais. Isto foi especialmente correto no caso de mulheres e meninas que se beneficiaram da melhor abastecimento de água. A conferência levou os governos a reconhecerem a importante contribuição dos voluntários e das organizações de voluntários nestas áreas. No que diz respeito a prevenção e mitigação , além de outros aspectos nos desastres, os jovens são muito ativos. No Nepal, o trabalho voluntário é inspirado nas tradições culturais e históricas profundamente enraizadas. Em 2000, começou a funcionar no país o Serviço Voluntário de Desenvolvimento. Este serviço seguia os passos do Serviço Nacional de Desenvolvimento, um modelo bem sucedido de voluntariado em áreas de atividade rural instituido no início da década de 1970. O programa inclui principalmente estudantes de projetos dos distritos montanhosos do Nepal, e nele tomam parte iniciativas de desenvolvimento de infraestrutura, agricultura, saúde e saneamento. Desde 2000, tem mais de 7.000 voluntários, distribuídos por 72 distritos para trabalhar em projetos de mitigação de desastres, como a criação de bancos de sementes, construção de banheiros e saneamento de água. Através da ação voluntária, as ONGs e as organizações locais podem mobilizar as comunidades e criar sistemas comunitários para a gestão do risco de desastres. Por exemplo, o Movimento de Mulheres Plantadoras e Cuidadoras de Árvores de 2009 para a Conservação da Água da Indonésia incentivou várias organizações de mulheres a plantarem mais de 30 milhões de Árvores em 2007. 8 No Sri Lanka, 26 líderes jovens e voluntários da Brigada de Luta pela Paz de Sarvodaya compartilharam seus conhecimentos e capacitação a 32 populações costeiras todas atingidas pelo tsunami do Oceano Indico de 2004. Esta iniciativa mobilizou as comunidades locais muçulmanas, cingalesas e tâmeis. Durante a época da seca no período 2008-2009 na Síria, diversos voluntários da Federação Internacional da Sociedade Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho realizaram uma tarefa crucial ao ajudar as comunidades locais para avaliar a vulnerabilidade e a capacidade de compensar a desertificação. 10 Aqui. assim como em outros lugares suscetíveis de sofrer os efeitos da seca, as comunidades possuem conhecimentos relativo aos riscos , as vulnerabilidades e os recursos disponíveis que podem auxiliar os gestores de desastres a adotar as medidas mais apropriadas. Além disso, as secas na África são combatidas fomentando a integração do conhecimento local com as novas tecnologias. Por exemplo, a Aliança Sulista para os Recursos Indígenas (SAFIRE) e a Rede de Tecnologia para as Secas no Sul da África (SADNET) facilitaram o intercâmbio de informações entre pequenos agricultores e organizações da comunidade para aliviar os efeitos das seca no sul da África. A SADNET tem operado como uma rede, reunindo profissionais de desenvolvimento envolvidos nas questões do desenvolvimento agrícola. Promove através do intercâmbio de informações sistemas de conhecimentos indígenas e aborda questões de subsistência e segurança alimentar em comunidades de áreas suscetíveis ao sofrimento com a seca. Os voluntários adotam outras formas importantes de adaptação a novos ambientes em vítimas da mudança climática mediante iniciativas que levem em conta as peculiaridades culturais e que são aceitas localmente. Na Austrália, as práticas tradicionais dos povos indígenas, como a queima controlada da vegetação, integraram-se às técnicas do corpo de bombeiros rural de Wollondilly, ao sudoeste de Sydney, como parte das medidas de redução dos riscos de incêndios. O grupo étnico D’harawal, possui conhecimento avançado em plantas indicadoras de incêndios florestais importantes. Frances Bodkin, uma D’harawal que previu os incêndios florestais de Nova Gales do Sul no início de 2002, explicou como sua gente “seguiu as orientações da flora e fauna para indicar como iriam se comportar as estações”. O corpo de bombeiros rural consulta os D’harawal e utiliza seus conhecimentos para planificar atividades de queima controlada. As contribuições dos voluntários que utilizam o conhecimento local são importantes para contestar a tendência identificada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), segundo o qual “o conhecimento indígena foi enfraquecido ou ignorado no desenvolvimento destes sistemas (de alerta imediato). Este conhecimento deve ser recuperado, aproveitado, documentado e colocado a serviço das comunidades.” Preparação para os desastres A etapa de preparação é alcançada quando apesar dos esforços de prevenção e mitigação, um desastre está prestes a ocorrer. Atualmente se utiliza o conhecimento e as capacidades desenvolvidas pelos governos, as organizações profissionais de resposta e recuperação, as comunidades e as pessoas para antecipar, reagir e recuperar efetivamente os efeitos de prováveis perigos, iminente ou em curso. As medidas adotadas podem incluir a análise de riscos, a criação de sistemas de alertas, a informação pública , os planos de contingência , a arrecadação de materiais, assim como treinamento e exercícios em campo. Nos Estados Unidos foram criadas Equipes Comunitárias de Resposta a Emergências (CERT), depois do furacão Katrina. Nelas participaram voluntários locais capacitados em emergências para os desastres. Estavam envolvidos as organizações comunitárias, as comunidades religiosas, funcionários de escolas, assalariados, organizações de escoteiros e outros grupos. Conscientes de que os voluntários são a primeira linha de resposta, o Governo da Índia salienta a importância de preparar a comunidade. Isto inclui os exercícios periódicos que as comunidades realizam antes que ocorra o desastre. Para que as ações resultem efetivas, é necessário que os voluntários recebam capacitação. O Quadro de Ação de Hyogo ressaltou a necessidade de “Promover iniciativas de capacitação comunitária, tendo em vista a função que os voluntários podem desenvolver as iniciativas locais para mitigar e lidar com os desastres”. Além de usar as comunidades, há muitas outras maneiras em que o voluntariado se manifesta na preparação para desastres. No México, foi criada uma rede universitária (UNIRED) em 1997, mobilizando voluntários de universidades para coletar e compartilhar informações sobre situações de perigo em casa e no exterior. Esta rede engloba mais de 60 universidades mexicanas e tem conexões com governos, setor privado e organizações internacionais fora da país. Os voluntários são responsáveis por todas iniciativas: recrutar mais voluntários, capacita-los , desenvolver e implementam avaliações dos riscos além de coordenar a ajuda humanitária diversifcada. Em 2010, o UNIRED ajudou a enfrentar as emergências subsequentes ao furacão Alex e as inundações do Estado de Chiapas no México. A rede também participou da fase de reconstrução. Outra contribuição foi no envio de voluntários para ajudar na emergência do terremoto do Haiti de 2010. Uma manifestação adicional do voluntariado em situações de desastre envolve o setor privado. O programa voluntário Ready When the Time Comes (Prontos Quando a Hora Chegar) iniciou sua caminhada com a iniciativa da Cruz Vermelha Americana em 2006. Aproximadamente 10.000 empregados de 300 empresas americanas receberam treinamento como força reativa voluntária comunitária . Como resultado, a capacidade reativa aos desastres locais aumentou mais de 40% entre 2006-2010. A conscientização e a educação deveriam iniciar na primeira infância. Na Nigéria foram criados clubes escolares voluntários para a redução de riscos de desastres no território da capital federal. Esta iniciativa lançada em 2010, reconhece o potencial das crianças de influir na redução do risco de desastres através do voluntariado em suas escolas e comunidades. Assim se compreende a educação das crianças em idade escolar para que possam atuar como agentes de prevenção e gestão em emergências básicas como incêndio, inundações, contaminação do ar nas escolas, casas e comunidade. Espera-se que as crianças difundam a importância de conseguir comunidades resistentes a desastres. Em 2006, na província de Giang (Vietnã) na parte inferior da bacia do rio Mekong, projetos escolares foram implementados na preparação para desastres, organizados pelo Departamento de Educação e Formação. Assim eles obtiveram sucesso em criar consciência entre as crianças sobre a segurança diante de uma inundação na escola, aulas de natação úteis em caso de emergência foram ministradas e se estabeleceram parcerias "criança para criança" em que as crianças poderiam atuar como voluntárias, sob a supervisão de professores . Resposta a desastres A imagem do voluntariado no momento após um desastre, muitas vezes mostrada nos meios de comunicação, é a primeira reação espontânea das pessoas que vivem na área afetada ou nas proximidades. Normalmente, este é descrito como positivo, um ato que demonstra altruísmo e preocupação com o próximo. Frequentemente estes momento é seguido pela chegada de pessoal estrangeiro, incluindo muitos voluntários.Neste contexto, as expressões local nacional de solidariedade muitas vezes são desapercebidas. Por um lado, este aspecto é positivo, pois focaliza a atenção sobre a importância do voluntariado. Por exemplo, "a resposta humanitária sem precedentes ao terremoto de 2008, em Wenchuan, que envolveu centenas de milhares de voluntários, levou ao reconhecimento do importante papel desempenhado por voluntários treinados ações de emergência, um mecanismo para uma melhor coordenação e um aumento de organizações que continuaram a apoiar os esforços de reconstrução e desenvolvimento a longo prazo.” De outro ponto de vista, esta abordagem significa que as comunidades locais são consideradas apenas vítimas que sofrem com os desastres, ao invés de voluntários pró-ativos. A evidência aponta uma realidade diferente. Os primeiros reagentes não são treinados em emergência, mas sim os residentes locais e vizinhos. Muitas ações são espontâneas. Quando os voluntários não são treinados, ou suas ações são descoordenadas, eles podem ser feridos , como por exemplo ao entrar em prédios em risco de colapso. Da mesma forma, isto pode dificultar a organização do trabalho de resgate de diferentes modos, um deles é o bloqueio de estradas de acesso. Ainda assim, muitas pessoas envolvidas em organizações comunitárias locais ou ONGs nacionais combinam o conhecimento local e experiência com formação de básica. A resposta não é apenas salvar vidas, mas também reduzir os riscos para a saúde, garantir a segurança pública e atender a necessidades de subsistência das pessoas afetadas. Os residentes são os mais indicados para identificar as necessidades de resposta de emergência imediata e contribuir para a tomada de decisão local para futuro. Eles também podem fornecer informações valiosas sobre as necessidades da comunidade, trazendo confiança e solidariedade para as famílias afetadas como uma parte do processo de reconstrução. A combinação de pessoas locais com quem tem as habilidades necessárias pode ser particularmente eficaz se for ativada rapidamente. Os voluntários nacionais que estão fora das comunidades afetadas também podem influenciar decisivamente. Eles garantem uma ligação direta e confiável entre as pessoas diretamente afetadas e outras partes interessadas. Por outro lado, são "um elo vital entre os recursos não oficiais da comunidade como um todo e os recursos mais específicos de órgãos governamentais estabelecidos como os serviços de polícia, bombeiros e médicos." Isto é especialmente verdadeiro no caso dos chamados "voluntários permanentes" que são muito bem treinados e estão disponíveis imediatamente para auxiliar em grande escala de crises. Em alguns países. Em alguns países, esses voluntários são cada vez mais utilizados. Na China, em 2006, havia cerca de 100 milhões de voluntários treinados, muitos dos quais participaram através de três principais organizações: a Liga da Juventude Comunista, Cruz Vermelha e Administração Civil. Voluntários são especialmente valiosos em situações de perigo oriundas de desastres menos visíveis, como as pandemias epidemiológicas Em alguns casos, os governos criaram programas de voluntariado nacionais. Após um grande terremoto no Paquistão em 2005, foi criada uma agência nacional dedicada a coordenar e apoiar as atividades relacionadas ao voluntariado, o Movimento Voluntário Nacional , que funcionava como eixo de organização de iniciativas voluntárias no país. Suas metas de longo prazo incluem a formação de um grupo de pessoas que assumam uma resposta imediata, facilitem a ajuda em situações de desastre, promovam o voluntariado em agências governamentais; facilitem a cooperação voluntária entre os setores público e privado e sociedade civil, e melhorem o reconhecimento público de voluntários. Para isso contam com um núcleo de 17.000 voluntários e coordenadam mais 80.000 . Durante enchentes de 2010, o Movimento Voluntário Nacional realizou uma mobilização maciça de voluntários. As enchentes são as piores na memória na história do Paquistão, onde de 1.750 pessoas morreram e 20 milhões foram afetadas. O Movimento Voluntário Nacional funcionava como um elo de ligação entre o Governo e as organizações não governamentais. O capítulo 3 discutiu a relação entre voluntariado e da tecnologia. Em 2008, um sistema chamado Ushahidi foi desenvolvido para identificar a violência emergente após as eleições e os esforços para a paz no Quênia. Este sistema foi utilizado em vários esforços de ajuda humanitária, desenvolvimento e em situações desastres, incluindo os terremotos no Chile e no Haiti, de 2010. Assim, os voluntários supervisionam e identificavam informações provenientes de várias fontes: entre elas postagens no Twitter, contas no Facebook, blogs e meios de comunicação tradicionais, como rádio, imprensa escrita e televisão. Localizavam os lugares em crise e, assim, os voluntários se deslocavam mais rapidamente. Inicialmente, esta tecnologia foi desenvolvida para garantir que os usuários de telefones móveis a capacidade de enviar mensagens de texto em vários locais e eventos. As mensagens são exibidas em um mapa hospedado na Web.. Durante o terremoto do Haiti, Ushahidi em Nairobi e um parceiro de tecnologia, Frontline SMS, gerou o código (9636) para pessoas em qualquer lugar no Haiti. Isso permitiu o envio de mensagens de texto gratuitas e o deslocamento do grupo de trabalho adequado para ajudar. Esse serviço possibilitou a identificação de lesões, familiares e amigos,desaparecidos pessoas presas, corpos, crianças que ficaram órfãs e necessidades de água. No caso do terremoto de 2008 ocorrido em Wenchuan (China), a ações foram acelerada pela distribuição de mapas das áreas na província, que precisavam de ajuda. Milhares de voluntários online compartilharam. Quando o Monte Merapi em Java Central (Indonésia) entrou em erupção em 2010, houve um esforço específico e pessoal. A comunidade vizinha usou o Twitter para ajudar na ações ao desastres. A conta do Twitter era parte de uma grande rede de informação que começou com uma rádio comunitária chamada Jalin Merapi, que foi criada para acompanhar de erupções vulcânicas. A agência de notícias Reuters informou que "Jalin Merapi ajudou abrigos que não podem receber ajuda do governo, deslocando de 700 voluntários que, através de Twitter, comunicaram as necessidades de ajuda específicas” " A comunidade disse que precisava de ajuda alimentar para 30.000 pessoas, e os alimentos ficaram prontos em quatro horas” Embora não haja meio de verificar a exatidão das informações compartilhadas nestes canais, em tempos de crise as pessoas usam a tecnologia em que se sentem confortáveis. Neste caso, foi Twitter. Em muitos países, os bombeiros voluntários são um exemplo de como as pessoas participam em ações de voluntariado para reforçar as capacidades locais na resposta aos desastres. As brigadas de bombeiros voluntários são normalmente muito confiáveis e tem o respeito mundial. Pesquisas realizadas no Chile colocam os bombeiros entre as instituições mais valorizadas pelos chilenos, à frente da polícia e da Igreja Católica. A primeira brigada de bombeiros voluntários da América Latina se formou no Brasil, em 1892. Nos últimos anos temos visto um aumento em voluntários externos aos países afetados que querem participar ajudando em atividades relacionadas à desastres. Isso pode representar novos desafios. Por exemplo, no caso do terremoto no Haiti de 2010, foi demonstrada a dificuldade para gerir as centenas de médicos e enfermeiros que se voluntariaram e cujas habilidades foram muitas vezes subutilizadas. Outros problemas foram identificados : a falta de familiaridade com o meio ambiente e arrededorer e falta de sensibilidade com a cultura e conhecimento do idioma. Por outro lado, quando essa contribuição se coordena corretamente é útil e é algo que deve ser reconhecido profundamente. Durante o tsunami do Oceano Índico de 2004 e subseqüentes terremotos em 2005 e 2006, a resposta da Indonésia à emergência se beneficiou de uma contribuição maciça de voluntários. Esta contribuição foi feita em uma maneira estruturada desde o Governo, ONGs internacionais e grupos comunitários nacionais, e os não estruturados. Milhares de voluntários adicionais espontâneos e não filiados ofereceram sua ajuda inspirados pelo gotong royong, ou "trabalhando juntos", (multirão) mencionado no Capítulo 4. A contribuição de voluntários é fundamental para responder aos desastres. No entanto, sua capacidade deverá ser reforçada. Os governos devem utilizar como um recurso na gestão integrada de desastres, ao invés de considerá-los como um componente independente. Voluntariado e recuperação O número de pessoas que não são das comunidades afetadas que se oferecem como voluntários cai drasticamente, uma vez ultrapassada a fase de emergência. Em um estudo sobre ONGs que participam em iniciativas na recuperação de desastre, 64% faziam uso de serviços voluntários para 12 semanas ou menos após a crise. No entanto, como observado pela Estratégia Internacional para Redução de Desastres das Nações Unidas: "As tarefas de reabilitação e reconstrução no processo de recuperação começam imediatamente depois de concluída a fase de emergência, e deve estar baseada em estratégias e políticas existentes que facilitem o estabelecimento de responsabilidades institucionais claras e que permitam a participação pública ” Durante a fase de recuperação de um desastre, a atenção das autoridades e financiadores tendem a centrar-se na reconstrução da infraestrutura física básica: pontes, estradas, linhas de energia e edifícios. Estes serviços são vitais para as pessoas manterem a sua subsistência, muitas vezes em situações de extrema vulnerabilidade. No entanto, esta abordagem ignora a infraestrutura social. A pesquisa empírica de crescimento indica que as comunidades com mais confiança, engajamento cívico e redes mais fortes que dependem fortemente de voluntários têm mais probabilidade de recuperação de um desastre do que aquelas que são fragmentadas e isoladas. De fato, "as redes sociais podem ser o recurso que mais dependemos depois de um desastre", afirma Zhao Yandong da Academia Chinesa de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento. Uma análise do desastre após o tsunami na Indonésia em 2004 assinalou que “os esforços de socorro e recuperação mais efetivos identificam, utilizam e fortalecem o capital existente, a saber: as habilidades, os programas e as redes comunitárias. O enfoque deste o ponto de vista da comunidade a respeito da recuperação após os desastres, que aproveita este capital social, requer inversões importantes quanto ao tempo e recursos humanos, mas resultam em maior satisfação do cliente, um desembolso mais rápido e responsabilização local”. Sabe-se que após os desastres, a necessidade de avaliar o dano não é, só infraestrutura física, mas também a infraestrutura social. O Quadro de Hyogo para 2005-2015 enfatizou o "espírito de voluntariado" como um pilar para desenvolver mecanismos apropriados e intervenções. Como visto, este "espírito" é uma característica universal dos seres humanos, e é isso que leva as pessoas a ajudarem umas as outras no período de recuperação, bem como outras fases de desastres. Sem dúvida, contribui muito para as comunidades recuperem a esperança e a confiança a medida que se vai repondo os meios de subsistência. Conclusões e debates As comunidades sempre enfrentaram desastres e o voluntariado sempre esteve presente nas fases de preparação e de recuperação. Nos últimos anos, temos prestado mais atenção ao desenvolvimento e implementação de abordagens estratégicas em casos de desastres, incluindo o uso de conexões existentes com a área de desenvolvimento, razão pela qual o voluntariado deve ser totalmente incorporado ao discurso. Este capitulo mostrou que as pessoas realizam tarefas voluntárias nas fases de preparação, mitigação, resposta e recuperação em casos de desastre. Vimos claramente como essa ação se manifesta de várias maneiras: ações espontâneas de pessoas na comunidade, associações voluntárias e organizações organizadas localmente e nacionalmente, e os voluntários do exterior. Ele também enfatizou que o envolvimento de voluntários ajuda a garantir os valores fundamentais da solidariedade e um senso de destino comum, valores que favorecem fortemente a resiliência das comunidades, como refletido nas estratégias e programas de redução do risco de desastres . Uma das faces mais visíveis do voluntariado surge em casos de desastre. É natural, portanto, que estas circunstâncias, onde as ações que apóiam o voluntariado se articulem com mais firmeza. O Quadro de Ação de Hyogo para 2005-2015 tem como subtítulo "Construir a Resiliência das Nações e das Comunidades aos Desastres”. Isto indica claramente o papel das comunidades e, dentro dela, a ação voluntária de seus membros. O Quadro de Hyogo faz diversas recomendações para fornecer educação e formação as pessoas de desastres em escala local. Estas devem ser expandidas para assegurar a realização da força de voluntários utilizada na redução da vulnerabilidade e no aumento da resiliência. ANEXOS A ação voluntaria deve fazer parte das politicas e programas que tem como objetivo evitar e responder aos conflitos . (coluna à esquerda pag 84 ao lado da introdução) Quadro 7.1(item desastres e desenvolvimento coluna à esquerda ) p.84 Boas práticas a favor da resistência das comunidades É particularmente notável o nível do voluntariado, a força e empenho de organizações comunitárias que foram criadas nas comunidades afetadas. O papel delas na orientação do desenvolvimento e implementação de planos de desenvolvimento comunitário [...] reforça a coesão e contribui para a sustentabilidade do manejo comunitário de desastres. Fonte: Ullah, Shahnaz & Van Den Ende. (2009, p.6). Os voluntários desempenham um papel fundamental na conscientização sobre a gestão sustentável dos recursos naturais que podem prevenir e mitigar os efeitos do desastre (coluna à direita p.85) _Os voluntários são a primeira linha de resposta (coluna à esquerda p. 86 Quadro 7,2 inicio da p 87 Prévios avisos de voluntários para salvar vidas Em Bangladesh, os desastres naturais são comuns. Depois de sofrer um ciclone devastador em 1970 que matou meio milhão de pessoas, a Sociedade do Crescente Vermelho de Bangladesh e o Governo de Bangladesh estabeleceu o Programa de Preparação para Ciclones (CPP) com o fortalecer a capacidade de gestão de desastres nas comunidades costeiras. O CPP depende de habilidades técnicas e empenho de voluntários para assegurar-se de que há aviso de ciclone com antecedência. O programa inclui 2.845 unidades em 32 subdistritos, cada unidade monitora uma a duas cidades de entre 2.000 e 3.000 pessoas. Os aldeões elegerão dez homens e cinco mulheres em cada unidade e estes são divididos em grupos por áreas temáticas, tais como alerta, abrigos, resgate, primeiros socorros e as necessidades alimentares e de vestuário. Voluntários receberam treinamento sobre o comportamento de ciclones, aviso, evacuação, abrigo, resgate auxílio de emergência, primeiros socorros. Cerca de 160 voluntários foram treinados como multiplicadores e levarão conhecimentos adquiridos para suas comunidades. Em 15 de novembro de 2007, o ciclone Sidr de categoria 4 atingiu a costa sudoeste de Bangladesh, tirando a vida de cerca de 30.000 pessoas. Um ciclone de magnitude similar já havia matado 140.000 pessoas em 1991. A diminuição na taxa de mortes em 2007 foi em parte devido ao trabalho de mais de 40.000 voluntários treinados que receberam aviso prévio e informaram as comunidades através de banners, megafones, sirenes de mão e tocando tambores.Os Dados da Organização Meteorológica Mundial a respeito da iminência de ciclones chegaram aos voluntários através de serviços públicos e escritórios do Crescente Vermelho. Os voluntários também ajudaram as pessoas a evacuarem e procurarem abrigos seguros na tempestade, aconselhando sobre questões de segurança e ajudando na manutenção da ordem, demonstrando um alto grau de compromisso com o programa e as pessoas. Fontes: The Government of Bangladesh. (2008); Rashid. (n.d.) p87 coluna a direita Os primeiros a reagirem não são tecnicos emergência capacitados , mas sim moradores locais e vizinhos p 88 coluna á esquerda As pessoas locais ( ou residentes) são as que estão em melhor posição para para identificar as necessidades de resposta às emergências imediatas .Quadro7.3 Terremoto de Christchurch: voluntários de todo tipo Em 22 de fevereiro de 2011 um terremoto de intensidade 6.3 na escala Richter causou estragos em Christchurch, Nova Zelândia. A devastação originou uma rede de solidariedade que se expressou através do voluntariado. Um grupo de organização própria de 10.000 estudantes do Exército de Estudantes Voluntários da Universidade de Canterbury auxiliou na limpeza, retirada de escombros ao redor das casas e na divulgação de informações. Os estudantes utilizaram uma plataforma disponibilizada na web para organizar os voluntários através da atualização de postos de trabalho, coletando informações sobre o terreno e enviando fotos com iPhones doados pela Apple, além de cartões de dados da Vodafone, 2Degree e Telecom. Além disso as companhias de comunicação ofereceram aos voluntários um curto código de emergências por SMS sem custos para recargas pré-pagas. Twitter, Flirck e Facebook abriram canais para que a população pedisse e oferecesse ajuda e para receber dados de informações pertinentes. Um grupo de agricultores Farmy Army, se ofereceu como voluntário junto com os alunos para limpar as partes da cidade gravemente afetadas e distribuir alimentos para os moradores afetados. Outras contribuições voluntárias, entre as quais a preparação de 1.500 sanduíches para os envolvidos resgate incluindo-se os segurança de presos de baixa periculosidade, o assessoramento oferecido por arquitetos profissionais e designers urbanos que se dispuseram a ajudar a reconstruir a cidade. Além da área afetada, vários estudantes de Auckland levantaram fundos para as vítimas, enquanto os residentes Dunedin e Wellington forneciam alojamento. Fonte 3 News. (n.d.); MacManus. (2011, February 21) QUADRO 7.4 Resposta rápida no Haiti (final p 91) A iniciativa dos Capacetes brancos (White Helmets) foi realizada pelos Governos da Argentina em 1993 e aprovada na Assembleia das nações Unidas em 1994. Com ela se oportuniza aos voluntários da América Latina e outras regiões a auxiliar nos esforços de socorro após o desastres e nos esforços de recuperação. O programa participa de missões de cooperação diante de emergências mundiais. Nas 72 horas após o desastre pode mobilizar mais de 4.000 voluntários altamente capacitados de outros países em desenvolvimento para colaborar com organismos das Nações Unidas em associação com o programa de Voluntários das Nações Unidas. Após o terremoto do Haiti em janeiro de 2010, os Capacetes Brancos enviaram 37 voluntários da Argentina, Paraguai e Uruguai para ajudarem nas ações emergenciais assim como nas de recuperação à longo prazo, especialmente no âmbito sanitário. A equipe de voluntários mobilizada pelos Capacetes Brancos incluiu médicos, enfermeiros, paramédicos, além de bombeiros e especialistas em gestão de suprimentos e logística. Foram enviados material médico, instalações sanitárias, alimentos, sementes, tendas de campanha, e dispositivo de comunicação móvel para socorrer as ações emergenciais ao terremoto. Os voluntários concentraram seu trabalho principalmente em Leogane , uma cidade localizada no epicentro do terremoto, a 40 km de Porto Príncipe. Colaboraram com a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS)e receberam o apoio operacional do programa VNU. Em consequência do sucesso e reconhecimento do trabalho dos voluntários por parte da OPAS, a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti ( MINUSTAH), o Governo do Haiti enviou mais voluntários dos Capacetes Brancos para reforçar a ajuda na República Dominicana em Jimani e a cidade haitiana de Fond Parisien. Fonte Carlos Eduardo Zaballa, [Coordenador das Nações Unidas - Comissão White Helmets, Argentina], comunicação online (25 de Julho de 2011). coluna à direita p 92 As comunidades com mais confiança, participação cívica e redes mais sólidas tem maior possibilidade de recuperação após um desastre QUADRO 7.5 Recuperação em casos de desastre e o espírito de gotong royong Os graves terremotos que devastaram a costa norte de Sumatra, Indonésia, em 2004 e 2005, e o tsunami por eles originado, causaram uma grande perda de vidas humanas e danos materiais, especialmente nas províncias de Aceh e Nias. A assistência dos doadores internacionais incluiu a subvenção de 291 milhões de dólares americanos ao governo da Indonésia por parte do Banco Asiático de Desenvolvimento para projetos de Apoio à emergências de Tsunamis e Terremotos ( ETESP), para ajudar a restaurar os serviços públicos e de infraestrutura básicos e facilitar o restabelecimentos nas áreas afetadas. O projeto enfatizou muito especialmente a implicação das comunidades locais em todos os níveis. Um exemplo, o componente de irrigação foi uma parte vital na restauração dos meios de vida rurais. A reabilitação e reconstrução dos sistemas de canalização de dutos de sistemas inferiores, foi realizada graças as organizações de usuários de água comunitária inspirando-se na tradição de trabalho voluntário gotong royong (multirões) fortemente arraigados. O êxito da iniciativa mostrou que com a ajuda financeira externa apropriada, as comunidades locais são capazes de executar tarefas substanciais de infraestrutura de forma efetiva, mesmo se foram afetadas com o trauma de um desastre natural ou graves conflitos internos durante décadas como foi o caso de Aceh. Fonte: Seyler, comunicação pessoal (14 de Julho de 2011). VOLUNTARIADO E BEM ESTAR Capítulo 8 Demais e por muito tempo, parecemos ter rendido a excelência pessoal e os valores comunitários pela mera acumulação de bens materiais. Nosso Produto Interno Bruto... Se julgarmos os Estados Unidos da América... Considera a poluição do ar e propaganda de cigarros, e ambulâncias para limpar as ruas das carnificinas. Consideram também as fechaduras especiaispara nossas portas e cadeias para as pessoas que as arrombam. Considera a destruiçãodo Pau-Brasil e a perda das nossas belezas naturais numa expansão caótica. Considera o Nepalm e também as ogivas nucleares e os carros blindados para a polícia combater os motins nas nossas cidades. Considera o rifle Whiteman e a faca Speck, e os programas de televisão que glorificam a violência para vender brinquedos às nossas crianças. No entanto, o produto nacional bruto não considera a saúde das nossas crianças, a qualidade de sua educação ou a alegria de suas brincadeiras. Não inclui a beleza da nossa poesia e a força dos nossos casamentos, a inteligência dos nossos debates públicos ou a integridade de nossos funcionários públicos. Não mede nem nossoentendimento nem nossa coragem, nem nossa sabedoria nem nosso aprendizado, nem nossa compaixão nemnossa devoção pelo nosso País. Ele mede tudo sumariamente, exceto o que faz a vida valer a pena. Robert F. Kennedy (1968 18 de Março) Introdução Nos capítulos anteriores, nós analisamos as contribuições do voluntariado em áreas específicas. Agora é hora de considerar como ascontribuiçõesdo voluntariadoafetam a sociedade como um todo. O sucesso de um país vemhá muito tempo sendo avaliado, principalmente, com base no seu Produto Interno Bruto. Cada vez mais, no entanto, a relação direta entre o crescimento econômico e o desenvolvimento social está sendo contestada. Os críticos estão buscando conceitos alternativos e novos indicadores alternativos. Na realidade, essa crítica não é particularmente nova, como a citação acima, de Robert Kennedy, em 1968, mostra. O relatório Drag Hammarskjold, de 1975, afirma que: “Desenvolvimento é um todo; é um processo cultural, integral e carregado de valor; engloba o meio ambiente, as relações sociais, educação, produção,consumo e bem estar. Essa preocupaçãopassou dos círculos acadêmicos para debates públicos e agora está cada vez mais relevante nos mais altos níveis de decisão política, como consequência dasatuais crises globais que afetam a economia, a sociedade e o meio ambiente. O relatório de 2009 da Comissão de Medição do Desempenho Econômico e Progresso social, também conhecido como a Comissão Stiglitz, representou um momento chave no crescente debate sobre o que a sociedade devese esforçar para alcançar. Foi criado por iniciativa da Franca, a fim de identificar os limites do PIB como um indicador de desempenho econômico e progresso social, além de, considerar alternativas. Chefiado pelos renomadoseconomistas: Joseph Stigltiz, Amartya Sem e Jean Paul Fitoussi, esta influente iniciativa, concluiu que o PIB não deve ser descartado. No entanto, como um indicador deatividade de mercado, elefalha na captura de muitos fatoresque contribuem para o bem-estar humano e o progresso social. Os escritores argumentaram que: “Como o que medimos define o que coletivamente nos esforçamos para alcançar – e o que buscamos determina o que medimos – o relatório e sua implementaçãopodem ter um significante impactono modocomo nossa sociedade vê ela mesma e, portanto, no modo como políticas são projetadas, implementadas e avaliadas.” Então, porque isso é importante para o voluntariado? A Comissão Stiglitz, assim como outrasiniciativas desafiando o paradigma crescimento econômico, considera o bem-estar o objetivo final do desenvolvimento. Claramente, economias fortes e saudáveis são desejáveis, mas apenas na medidaem que permitemque as pessoas levem uma vida que lhes tragam bem-estar. Entre esses importantes fatores estão valores como a solidariedade, a paixão por uma causa e a vontade de devolver à sociedade, os quais foramidentificados ao longo deste relatório. Neste capitulo, vamos olhar pra o bem-estare como o voluntariado o afeta. Em seguida, olhar algumas questões políticas relacionadas. O bem-estar tem sido descrito como se sentir bem e estar bem, tanto fisicamente como emocionalmente. O cernedo bem-estar é: “a percepçãode ter o que você precisa para a vida ser boa”. Para nossos propósitos, adicionamos aideiade ”bem estar social” como um senso de pertenceràs nossascomunidades, uma atitude positiva perante os outros, um sentimento de que estamos contribuindo paraa sociedade e se engajando em um comportamento pró-social, e uma crença de que a sociedadeé capaz de se desenvolverpositivamente. Outras definiçõesincluem a noção de felicidade. Pesquisas estudam sobre satisfação com a vida e a felicidade das pessoas, de diferentes formas. As pessoas têm idéias diferentesem menteao responderperguntas sobre satisfação com a vida e felicidade. Satisfação com a vida está próxima de bemestar, que se preocupa com questões concretas, tais como, saúde, habitação educação. Felicidade envolve a avaliação das pessoas sobre suas vidas. O Reino de Butão fez a felicidade um objetivo fundamental no âmbito nacional. Em 2011, o Butão liderou uma iniciativa na Assembléia Geral das Nações Unidas que convida os Estados-Membros a elaborar medidas que com sucesso capturema busca da felicidade e bemestar em desenvolvimento para ajudar a orientar políticas públicas. "Felicidade" e "bem-estar" são termos que muitas vezes são usados como sinônimos. No entanto, a felicidade se refere a sentimentos positivos subjetivos sobre o contexto de vida e o ambiente de uma pessoa, enquanto bem-estar inclui parâmetros mensuráveis, tais como saúde, segurança e segurança financeira, junto com sentimentos de conexão e participação. Neste relatório, a felicidade é considerada como parte integrante do bem-estar. À primeira vista, a relevância do bem-estar para grande parte do mundo em desenvolvimento, especialmente para a renda pobre, pode ser questionável. Quando as pessoas não têm renda para fornecer o básico para a sobrevivência, então bem-estar e felicidade podem parecer uma preocupação secundária. No entanto, os menos favorecidos não são definidos pela sua pobreza por si só. Eles se esforçam para alcançar o bem-estar para si, seus filhos e suas comunidades. Cada vez, mais evidencias estão aparecendo de que as pessoas nos países em desenvolvimento têm noções de bem-estar que são tão reais e válidas quanto às das pessoas que vivem nos países mais ricos. O grupo de pesquisa, Bem-estar em Países em Desenvolvimento, é uma iniciativa inovadora. Começou em 2003, na Universidade de Bath, para desenvolver um sistema para a compreensão do bem-estar. A aplicação dosistema foi testada em Bangladesh, Etiópia, Peru e Tailândia com parceiros locais. O voluntariado não é explicitamente mencionado nas conclusões do estudo. No entanto, entre as áreaschaves identificadas pelas pessoas como impactantes no seu bem estar, foi o motivo para participar e tomar ações efetivas, criando conexões sociais positivas e ter um senso de autoestima. Em Bangladesh, ser benevolente e altruísta levou ao bem-estar. Na Etiópia, foi dando conselhos e resolvendo litígios. No Peru e Tailândia, foi ajudar um ao outro. Enquadrando a questão em termos de bem-estar, ao invés da pobreza, permitiu aos pesquisadores explorar o que os menos favorecidos têm, e o que eles podem fazer, ao invés de focar em seus déficits. O objetivo era produzir representações mais aceitáveis, mais respeitosas, da vida das pessoas, a fim de informar àpolítica e às práticas de desenvolvimento e para criar as condições para que as pessoas possam experimentar o bem-estar. O grupo Bem-estar em Países em Desenvolvimento agora está engajado com as ONGs locais parceiras em um projeto de pesquisa de acompanhamento na Índia e Zâmbia rural, sobre a forma como a pobreza afeta o bem-estar e como bem-estar geral influencia os caminhos das pessoas para dentro e forada pobreza. O domínio do bem-estar inclui valores e significados, conexões sociais e participação, todos os quais são essenciais para o voluntariado. De acordo com Bem-estar e Caminhos da Pobreza (2011), "Relacionamento está no coração do bem-estar - não é a propriedade de uma pessoa individualmente”. O mesmo estudotambém mostra que a avaliar o bem-estar deve, portanto, considerarasinterações entre as pessoas e entre elas e o ambiente em geral. A relação entre o voluntariado eo bem-estar tem sido extensivamente estudada em países desenvolvidos, com conclusões em grande parte baseadas em informações fornecidas por indivíduos sobre o impacto positivo do voluntariado nas questões de saúde, depressão e satisfação com a vida. Este capítulo trará alguma clareza para as conexões entre o voluntariado eo bem-estar, considerando o impacto da ação voluntária sobre o bem-estar das comunidades, bem como o de indivíduos. Voluntariado e Bem Estar Individual Entre os estudos sobre os benefícios do bem-estar que os indivíduosretiram do voluntariado, muitos têm sido na área da saúde. Estes estudos examinam como a experiência do voluntario tem impacto sobre a forma como as pessoas se sentem e como eles avaliam as suas vidas como um todo. Um achado comum é que as pessoas que se voluntariam, são mais propensas a relatar serem felizes. A expressão da ação voluntaria resulta muitas vezes em pessoas relatando a experiência de um "brilho quente", que elas associam ao ato de ajudar alguém e contribuir para o bem público, além de sentir mais forte e enérgico. Para pessoas mais velhas, o voluntariado também leva a estados de espírito mais positivos, bem como, menos ansiedadee menos sentimentos de desamparo e desesperança. Alguns estudos longitudinais de rastreamento do bem-estar dos indivíduos ao longo do tempo descobriram que o envolvimento em ações voluntárias leva a uma saúde mental positiva. Também pode resultar na redução do estresse psicológico e atenuar as conseqüências negativas do estresse, reforçando simultaneamente a satisfação com a vida,a vontade de viver e o auto respeito. Pessoas que se voluntariam por mais horas e para mais de uma organização tem uma maior experiência de bem-estar. Outros estudos longitudinais sugerem que o envolvimento em voluntariado leva a uma melhor saúde física. Adultos mais velhos que não são voluntários relatam uma saúde significativamente pior do que aqueles que fazem trabalho voluntário. Na China rural, verificou-se que as relações de reciprocidade através da ajuda mútua levaram a níveis mais elevados de saúde. Em particular, os altos níveis de confiança que podem resultar da ajuda mútua foram relacionadoscom maiores níveis de saúde geral, saúde mental e bem-estar subjetivo. As taxas de mortalidade são mais baixas para os voluntários, em comparação com não voluntários da mesma idade, independentemente da idade, estado civil, escolaridade ou sexo. Um estudo descobriu uma mortalidade muito menor em pessoas idosas que relataram oferecer apoio prático e emocional a outras pessoas em comparação com aqueles que não o fazem. Curiosamente, dar apoio teve um impacto muito maior sobre as taxas de mortalidade do que receberapoio. Embora exista uma relação de mão dupla entre saúde e trabalho voluntário, com pessoas mais saudáveis voluntariando-se mais, estes estudos são bastante conclusivos em demonstrar que o voluntariado contribui para o bem-estar físico. Voluntariado e o bem-estar da Comunidade O voluntariado também apresenta um impacto positivosignificativo sobre o bem-estar da comunidade. Ele cria laços entre as pessoas, aumenta o capital social e contribuipara muitos fatores sociais que criam sociedades saudáveis em que as pessoas gostam de viver. Um senso de comunidade mais forte também incentiva o voluntariado. Sendo assim, acaba criando um ciclo virtuoso no qualpessoas se voluntariam, fortalecendoassim os laços da comunidade, o que leva a mais pessoasa se voluntariarem. “Comunidade” inclui não apenas pessoas vivendo em estreita proximidade geográfica, mas também pessoas de necessidades, bens e interesses comuns. Membros de comunidades virtuais podem gerar sentimento de acolhimento e bem-estar. Esforços para capturar a experiência pessoal de bem-estar comunitário, têm focadoprincipalmente nos componentes sociaisdo bem-estar humano. O bem-estar socialtem sido avaliado medindo-se as relações de apoio, a confiança e a sensação de acolhimento. Voluntários são mais propensos adesenvolver “habilidades cívicas”, acrescentandomais importância ao ato de servir ao interesse público como um objetivo de vidae para serem mais politicamente ativos. Assim, engajando-se em suas ações voluntárias, indivíduos estão também cultivando uma perspectivaque contribui para um ambiente socialque alimenta o bem-estar de todos. Outro conceito relativo ao bem-estar da comunidade é resiliência: capacidade coletiva para envolver e mobilizar recursos da comunidade para responder, influenciar e mudar. Um estudo mostrou a relação entre a estabilidade da comunidade e bem-estar em comunidades dependentes da floresta. Tem sido sugerido que a resiliência da economia local tem três dimensões: recursos da comunidade, da cidadania ativa e de ação estratégica. Laços sociais, e os recursos os quais eles dão acesso de forma coletiva, sustentam a vida da comunidade e reforçam a resiliência quando suportadospela confiança, reciprocidade e sensação de pertencimento. Nos bons tempos, eles fortalecem as economias locais. Em tempos mais difíceis, o impacto de fatores de risco que estão além do controle direto das pessoas pode ser reduzido pela capacidade de uma comunidade de envolver e mobilizar seus recursos para responder positivamente e influenciar, mudar. Como foi visto em outros capítulos, isso ocorre, por exemplo, quando ocorre uma catástrofe ou quando um conflito violentoestoura. O voluntariado também pode ajudar a reduzir o crime. As conexões diretas, e o conhecimento que vizinhos têm uns dos outros, fornece um sistema de “vigilância natural”. Resultados semelhantes foram encontrados para ações voluntárias fora do contexto organizacional. As pessoas têm uma saúde melhor, melhor desempenho na escola e evidencia menor índice decriminalidade quandovivem em bairros caracterizados por altos níveis de voluntariado informal, como ajudar pessoas idosas ou participar de iniciativas da comunidade local. Em um estudo com uma amostra nacional de afroamericanos nos Estados Unidos, as redes de apoio social da família, da amizade, da igreja, e da vizinhança foram consideradas contribuintes para a satisfação de vida e felicidade das pessoas. Em um estudo em áreas urbanas da Etiópia, redes sociais diretas e a capacidade de confiar em outros nos caso de emergência estavam relacionadas com o bem-estar subjetivo e a felicidade. Bem estar e política. O bem estar está agora fazendo incursões na política nacional. Butão foi mencionado antes (veja Felicidade Interna Bruta de Butão) como exemplo de um País que há muito tempo tem qualidade de vida considerada no centro de sua política. Desde 2004, conferências têm sido realizadas sobre Felicidade Interna Bruta ao redor do mundo, incluindo Butão, Brasil, Canadá e Tailândia. Os participantes discutiram resultados de pesquisas relacionadas às políticas do bem estar e o desenvolvimento de indicadores para medir a felicidade. A noção de viver bem na região andina refleteas preocupações do bem-estar dos povos indígenas e enfatiza a coexistência harmoniosa com outras pessoas e com o meio ambiente. Trabalhar em conjunto através deações voluntárias para atingir objetivos comuns com base em valores como tolerância erespeito é parte integrante da vida dos povos indígenas ao redor do mundo. Esse desenvolvimento é de particular interesse para este relatório. A aplicação prática continua sendo um desafio, uma vez que os indicadores de progresso não conseguem captar essa dimensão. Portanto, novos indicadores são necessários. Deve ser dito que há muito debate a respeito do que viver bem realmente significa em termos de aplicação prática, pois é uma noção que rejeita a maioria dos indicadores de progresso aceitos. Diversos países têm focado no bem estar dos jovens. Um estudo do Banco de Suporte Mundial de 2007 focou em como os jovens brasileiros estavam lidando com a sua transição para a idade adulta. Foi examinado: saúde, desempenho escolar, conexões e condições sócio econômicas.O Relatório de Desenvolvimento Humano do Egito de 2010, com seu foco em projetar jovens na sociedade, propôs um índice de bem-estar anual. Ele avalia o progresso de uma série de indicadores e alimenta as políticas relacionadas aos jovens para garantir que a sua contribuição potencial para o desenvolvimento se realize plenamente. Participação cívica, para que o voluntariado jovem é visto como um fator contribuinte está incluído entre os indicadores. O Índice de Bem-estar do Canadá identifica e divulga o que impacta na qualidade de vida dos canadenses. Vitalidade comunitária é um dos indicadores chave, e voluntariado é um dos principais parâmetros considerados. O Índice Planeta Feliz da Fundação Nova Economia no Reino Unido é um índice global que combina o impacto ambiental com o bem-estar, medido de país a país pela eficiência ambiental com que as pessoas vivem vidas longas e felizes. Ela mostra que altos níveis de consumo de recursos não produzem altos níveis de bem-estar. O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010 inclui um índice de bem-estar e felicidade usando dados do Gallup World Poll, citando a satisfação com a vida, bem como medidas de propósito, respeito e apoio social.Bem estar é um conceito central no projeto global Medindo o Progresso das Sociedades da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Este projetotem aumentado aconscientização e mobilizadoo apoio político pela melhora das medidas de progresso. Tais medidas incluem a riqueza das interações das pessoas dentro de suas comunidades. O voluntariado está presente através dos valores que ele representa eosenso de significado e propósito que dá à vida das pessoas. Bem-estar é, portanto, cada vez mais visto como um conceito útil e importante que pode orientar e informar a política de desenvolvimento. O consenso está sendo construindo em torno da idéia de que um entendimento de bem-estar poderia promover melhor eficácia no desenvolvimento. No entanto, pouco tem sido feito até agora para identificar mecanismos e formas de trabalho que apoiamdiretamente os resultados do bem-estar para os indivíduos e as comunidades ao passo que elas se desenvolvem economicamente. Há "pouca clareza sobre como traduzirbem-estar em prática, em nível de programa e projeto". Conclusão e Discução Existe uma opinião generalizada atualque o PIB não fornece uma imagem adequada de uma sociedade, pois não leva em conta o bem estar dos indivíduos e suas comunidades. Também não inclui atividades que têm um valor econômico, mas que estão fora do mercado e, portanto, não têm tradicionalmente, sido refletidas nas contas nacionais, como discutido no Capítulo 2. Na busca por modelos alternativos de desenvolvimento, o bem-estar está rapidamente ganhando respeitabilidade como um conceito útil para orientar e informar a política de desenvolvimento. Ele oferece "uma oportunidade única paramelhorar as maneiras pelas quais as nossas políticas são feitas e insuflar nova vida ao processo democrático”. Há várias definições de bem-estar e diferentes pontos de vistasobre o que ele deve incluir. É certamente, sobre conectar o processo de desenvolvimento com fatores que refletemuma melhor meio de vida para todos. Como vimos, para o voluntariado, a questão dos relacionamentos é sublime. O nosso próprio bemestar está intrinsecamente ligado ao que contribuímos para a vida dos outros. Onde a economia convencional fomenta valores deauto interesse e concorrência para alcançar a satisfação máxima, o foco no bem-estar encontra maior razão para valorizar compaixão e cooperação, ambosvalores centrais do voluntariado. O discurso sobre a qualidade de vida e bem-estar, e seu lugar no crescente paradigma do desenvolvimento, deve reconhecer a solidariedade e os valores recíprocos do voluntariado como parte da dinâmica que melhoram o bem-estar humano. O caminho a seguir é de prestar especial atenção à contribuição do voluntariado para "sociedades saudáveis que são boas para se viver", como descrito anteriormente, ou o que o Índice Canadense de Bemestar se refere como "vitalidade da comunidade". Uma sociedade saudável é aquela em que é dada importância às relações formais e informaisque facilitam a interação e envolvimento e, assim, geram um sentimento de acolhimento. É também aquela em que há uma ampla participação de todos os setores da população. Como vimos em outra parte deste relatório, as comunidades com essas características conseguem melhorsatisfazer as aspirações comuns. Elas são mais capazes de construir sua resiliência a fim de resistir aos choques e tensões que a renda pobre, em particular, encontra regularmente. O capitulo seguinte examinará alguns aspectos da estrutura de desenvolvimento em evolução e o surgimento do bem-estar como um elemento chave. No entanto, já podemos afirmar que os formuladores de política precisam incorporar o voluntariado nos discursos em andamento. Em muitos aspectos, já está implícito. No entanto, fazera conexão explicita entre o voluntariado e bem-estar, e conectar com pesquisadores e praticantes que trabalham na área de engajamento voluntário, ajudaria a assegurar que a política levasse em conta todas as opções de ação. A comunidade de pesquisanecessita estender o seu trabalho no voluntariado. Ela precisa abordar o impacto da ação voluntária sobre o bem-estar das comunidades e das sociedades a uma escala muito maior, especialmente no mundo em desenvolvimento. Voluntários envolvendo organizações devem ser pró-ativos na divulgação do impacto do seu trabalho. Este impacto não se limita aos voluntários em si e as pessoas e as causas a quem a ação voluntária é dirigida. As organizações precisam olhar para a contribuição globalde seus esforços para a saúde de suas sociedades. Box8.1 Felicidade Nacional Bruta no Butão O Estado Himalaico de Butão é um país com a maior experiência em adotar a felicidade como indicador predominante de progresso. O conceito de Felicidade Nacional Bruta, introduzido pela primeira vez em 1972, está profundamente enraizado no contexto histórico, cultural e socioeconômico único do Butão. Elementos substantivos da FIB, como o objetivo geral de bem-estar e a meta de conservação do meio ambiente, foram tiradas a partir de valores budistas, enquanto os princípios da autossuficiência e o paternalismo eram inerentes da sociedade tradicional do Butão. O conceito provocou um diálogo nacional sobre o progresso e tornou-se uma diretriz para a política no Butão. Em uma entrevista ao Financial Time em 1986, o rei do Butão, disse: "Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o Produto Nacional Bruto". Um índice de nove domínios foi desenvolvido para tornar o conceito mensurável. Ele incluiu: educação, saúde física, bem-estar psicológico, uso do tempo, nível de vida, diversidade cultural, boa governança, a diversidade e resiliência ecológica e, finalmente, vitalidade comunitária e relações sociais. A vitalidade comunitária foca os pontos fortes e fracos do relacionamento e interações dentro das comunidades. Neste domínio, o voluntariado é uma variável importante para ser medida. Nos questionários, o povo butanês é interrogado se eles se voluntariam em suas comunidades, pois o trabalho voluntário é visto como parte fundamental de uma comunidade vital, feliz. Box 8.2 Voluntariado e Bem-estar individual Na África do Sul, um estudo sobreassistentes voluntários de organizações baseadas na fé que trabalham com pessoas com AIDS, descobriram que voluntários desenvolviam recompensas relacionadas aoautocrescimento e desenvolvimento pessoal. Eles relataram a satisfação dos membros da comunidade, alegando gostar deles e apreciando seus serviços. Eles se sentiram recompensados quando os serviços prestados por eles fizeramseus pacientes felizes, e quando eles ganharam habilidades e competências. A habilidade dos voluntários de fazer a diferença na comunidade contribuiu para sua sensação de felicidade. Box 8.3 Bem-estar através do voluntariado no Brasil Para a associação de Apoio à Criança em Risco (ACER), o desenvolvimento econômicolocal de bairros pobres como Eldorado, na cidade de Diadema, Brasil, tem que vir de dentro da comunidade. Um novo projeto foca no potencial inexplorado de jovens entre 13-16 anos. Aos 16 anos de idade, a maioria dos jovens tem que se sustentar. Antes dessa idade, eles são ignorados pela comunidade apesar de terem idéias e energia para contribuir. Aproximadamente 600 estudantes da escola Simon Bolívar participaram de oficinas sobrecinco temas principais: desenvolvimento da economia local, mapeamento das necessidades da comunidade, minha escola sustentável, gerenciamento de projetos e cinco passos para o bem-estar. Através dessas oficinas, os jovens exploraram o que importa para eles, a sua interdependência com outros e com a natureza, e suas próprias capacidades para fazer as mudanças que façam a diferença. Eles discutiram e identificaram o que eles achavam que poderia contribuir para o bem-estar econômico, social e ambiental, e o para o bem-estar da sua comunidade. A ACER oferece a estes jovens o apoio de um jovem trabalhador que é treinado em técnicas de instrução. Sua função é destravar a desenvoltura natural e a energia, que ajudam os jovens a acreditarem em si mesmos. Grupos de jovens lideraram projetos para limpar a escola, fornecera publicidade para uma festa de Halloween organizada por um grupo de teatro local, e criar uma oficina para ensinar crianças e adolescentes como fazer enfeites de Natal a partir de materiais reutilizados e reciclados. Este grupo realizou 15 reuniões para consolidar idéias, organizar materiais e pesquisar, e encontrar formas de fazer objetos com materiais recicláveis. Uma das jovens, Tália, destacou a importância do instrutor que "acreditou em nós em todos os momentos”. O instrutor pode ajudar a cultivar a energia positiva e a disposição para a ação futura buscando ativamente apoiar o psicológico e o bem-estar social dos jovens. A ACER está usando pesquisas para avaliar as mudanças na forma como os jovens se sentem na medida em que o projeto progride. As pesquisas consideram o seu senso de competência, autonomia e relação com os outros, bem como seus recursos pessoais de autoestima, resiliência e otimismo. Box 8.4 Viver Bem As comunidades indígenas dos Andes ostentam um modelo de crescimento alternativo que eles chamam de sumak kawsay em Quechua, traduzido como buen vivir em espanhol. Literalmente "vida boa" ou "viver bem" em português, o conceito é baseado em uma longa tradição de solidariedade e de respeito pelos outros e pelo meio ambiente, ao invés de individualismo e materialismo. Ele reflete uma mudança do progresso econômico para uma visão mais humanistafocada na qualidade de vida. Em seu núcleo está o bem-estar coletivo e a satisfação das necessidades básicas em harmonia com os recursos naturais do planeta. Sumak kawsay foi formalmente consagrado na Constituição do Equador em 2008. Em 2009, buen vivir, ou suma qamaña em Aymara, foi incorporada à Constituição da Bolívia como um princípio ético e moral a ser promovido pelo Estado. Comentários Laterais Pag 1 – Economias fortes e saudáveis são desejáveis, mas apenas na medida em que permitem que as pessoas levem uma vida que lhes tragam bem-estar. Pag2Relacionamento está no coração do bem-estar. Pag6As pessoas têm uma saúde melhor, melhor desempenho na escola e evidenciam menor índice decriminalidadequando vivem em bairros caracterizados por altos níveis de voluntariado informal. Pag. 7 O entendimento de bem-estar poderia promover melhor eficácia no desenvolvimento. Pag. 8 Fazera conexão explicita entre o voluntariado e bem-estar, ajudaria a assegurar que a política levasse em conta todas as opções de ação. CONCLUSÃO: O CAMINHO ADIANTE Conclusão: O caminho adiante A eficácia da ajuda no programa causou mudanças comportamentais importantes tanto por parte dos doadores como por parte dos parceiros. A questão remanescente com a qual a comunidade global se depara é se este progresso é suficiente para superar até mesmo desafios globais maiores. Em vista das ultimas crises nos campos das finanças, da segurança, da alimentação, da saúde, do clima e da energia, eu tenho que concluir que o paradigma de desenvolvimento ainda não mudou o suficiente. Para resolver estas crises e atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio nós devemos todos fazer mais. Brian Atwood (n.d) Introdução Este relatório ressaltou a natureza universal, e seus valores fundamentais, do voluntariado e as contribuições significantes que ele faz em algumas das maiores questões globais de nosso tempo. Nós testemunhamos como as pessoas se engajam no voluntariado como uma rota para a inclusão, para alcançar meios de vida que são sustentáveis, para controlar os riscos de desastre e prevenir e se recuperar de conflitos violentos. Nós também vimos como a ação voluntaria pode contribuir de maneira significativa para a coesão e bem-estar de comunidades e de sociedades como um todo. Com os sólidos levantes sociais afetando a maioria de nosso planeta, nunca houve antes uma necessidade maior de reconhecer, nutrir e promover ações que leve em direção à uma comunidade vivendo em harmonia, caracterizada por justiça, igualdade, paz e bem-estar. Este relatório não alega que o voluntariado é uma panacéia que pode ser “programada” para colocar direitos por si só nas injustiças do mundo. Um ponto-chave, e é um que caracteriza de maneira proeminente nas legislações intergovernamentais através das últimas décadas, é que o voluntariado não deveria tomar lugar de ações que são responsabilidade do Estado. Entretanto, governos e outras partes interessadas da sociedade civil, o setor privado e as agencias de desenvolvimento internacional tem papeis fundamentais a desenvolver no ato de promover e nutrir um meio ambiente no qual o voluntariado possa florescer. Ao mesmo tempo, alguns cuidados deveriam ser tomados para não prescrever alem do necessário o como os cidadãos deveriam se engajar ao voluntariado. Tal ação poderia remover a espontaneidade da ação voluntaria e impactar negativamente sobre os muitos valores que levam as pessoas a engajarem-se. É essencial entender e apreciar o voluntariado nos termos do foco que ele coloca nas abordagens que são centradas em pessoas, em parcerias, em motivações além do dinheiro, e na abertura de trocas de idéias e informação. Acima de tudo, o voluntariado é sobre os relacionamentos que ele pode criar e sustentar entre mos cidadãos de um país. Ele gera um senso de coesão social e ajuda a criar resiliência nas questões confrontadas neste relatório. Essa coesão e resiliência são geralmente o esteio de uma vida decente pela qual todas as pessoas lutam. O voluntariado é um ato de solidariedade humana, de delegação e de cidadania ativa. Apesar de todos estes atributos, é lamentável que o voluntariado tenha, até agora, estado amplamente ausente do programa de paz e desenvolvimento. Isto foi explicado no Capítulo 1 como sendo devido a erros comuns nas percepções que formam um “paradigma dominante” sobre o que é voluntariado e o que ele alcança. Este paradigma ilusório tende a obscurecer a essência da ação do voluntário e o impacto que ela tem sobre nossa vida cotidiana. O poderoso papel complementar que a ação voluntária pode ter, juntamente com outras áreas de intervenção, são assim infelizmente minimizados, ou sequer trazidos a tona, em discussões vitais sobre políticas e programas de desenvolvimento. Como resultado, essas intervenções são menos eficazes do que elas seriam se os desejos e as habilidades das pessoas de se engajarem em voluntariados fossem levadas totalmente em conta. Isto se refere não somente a alcançar os resultados de desenvolvimento desejados mas também de criar benefícios mais intangíveis associados à participação das pessoas tais como melhora no bem-estar e coesão social. O voluntariado nos países desenvolvidos é tema de pesquisa extensiva, discussão e escrita. De fato, é uma parte crescente no discurso das sociedades que procuramos. È um aspecto do comportamento humano que precisa ser nutrido e encorajado. Este mesmo fenômeno em muitos países em fase de desenvolvimento, quando é reconhecido, é geralmente considerado a ser parte integral das culturas e tradições locais, um ponto o qual é raramente fatorado em pensamentos estratégicos. Ainda estas muitas culturas e tradições, com relacionamentos baseados em relacionamentos recíprocos de voluntariado em suas raízes, são ao mesmo tempo antigos e altamente contemporâneos para uma grande parte da humanidade. Eles são característica chave em estratégias de possibilitar as pessoas à sobreviver e à progredir a níveis mais altos de bem-estar. Como expressões de solidariedade através do mundo, elas precisam ser respeitadas e revalidadas e trazidas à luz no debate de desenvolvimento. A Hora é essa O ritmo deste relatório é crucial. Em 2010, o mundo analisou o progresso dos oito ODMs que os países tinham concordado em alcançar por volta de 2015. Esta análise destacou os muitos progressos irregulares ao atingir os objetivos entre regiões e entre, e dentro, dos países. Os governos expressaram “graves preocupações” sobre o estado de alguns dos objetivos. Eles incluíram entre suas recomendações “apoiar estratégias participatorias e lideradas pela comunidade [que estão] alinhadas com as prioridades e estratégias de desenvolvimento nacionais”. A implementação de estratégias lideradas pela comunidade são enraizadas na expressão do voluntariado. Assim, este relatório deveria ser um importante elemento em ajudar a colocar os ODMs de volta nos eixos. Conectar o voluntariado e o plano de desenvolvimento nacional é provável que traga benefícios consideráveis aos países que mais precisam acelerar o progresso em direção aos alvos do ODM. O ritmo deste relatório também é crucial por outros motivos. Preocupação sobre a eficácia da cooperação do desenvolvimento está crescendo. As pressões estão se elevando ambas para melhorar e demonstrar mais claramente a eficácia da ajuda em termos de melhorar as vidas de populações pobres e marginalizadas que estão, ou deveriam estar, no centro do desenvolvimento. Um estudo recente na eficácia da ajuda no setor da saúde afirmou que o foco esteve principalmente nos processos e coordenação da ajuda ao invés dos impactos rio abaixo destes processos sobre distribuição e resultado da saúde. Quando o foco realmente se move rio abaixo, o papel e as contribuições da ação voluntaria devem ser compreendidos se este recurso principal está para ser incorporado em estratégias de desenvolvimento. Necessita-se que a ajuda seja reconhecida não só como a única ferramenta no kit de cooperação de desenvolvimento. O voluntariado doméstico crescente já desenvolve um papel significativo na paz e no desenvolvimento, e constitui um vasto recurso inexplorado. Entretanto, há grandes lacunas em nosso conhecimento sobre o assunto que precisam ser abordados com urgência. Esta foi uma das recomendações que os governos fizeram em 2001. Ainda a pesquisa em voluntariado em países em desenvolvimento ainda esta longe de pequenas esperanças e de expectativas trazidas à tona naquela época. Um outro marcador importante no debate evolutivo sobre desenvolvimento é a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ou “Rio+20”, a ser conduzida em 2012. O Capítulo 4 examina as sinergias entre voluntariado pelos pobres e recursos naturais. A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável mantida em Johanesburgo em 2002 ressaltou os fatores sociais, sublinhando que o elo entre desenvolvimento econômico e a melhora do bem-estar humano não é automático. A conferencia citou a necessidade por parcerias aprimoradas entre governos e grupos maiores incluindo grupos voluntários. Esta posição precisa ser reforçada na Rio+20. Um relatório síntese sobre as melhores praticas, preparado como uma entrada para a Rio+20, afirmou que os planos de desenvolvimento nacionais tem que comprometer muito mais recursos para os programas e políticas baseados em comunidades. A Secretária – Geral das Nações Unidas ressaltou como ignorar a marginalização social, vulnerabilidade e as distribuições irregulares de recursos enfraquece a confiança necessária para a ação coletiva. A Rio+20 é uma oportunidade extraordinária para dar maior reconhecimento ao fato que a ação voluntaria nas zonas rurais é um caminho chave para a renda dos pobres se engajarem em praticas de desenvolvimento sustentáveis a nível local. Como tal, esta necessita ser apoiada. Nós afirmamos ao longo deste relatório que o voluntariado é um recurso poderoso, ainda que sub-explorado com o qual resolver os desafios de desenvolvimento. Ele se aproxima muito da economia ecológica, no contexto de desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza, e não deve ser negligenciado. Em um prazo maior, a aproximação do fim do ciclo do ODM em 2015 é atualmente de preocupação primária. Esforços consideráveis são necessários para sustentar o progresso onde ele está sendo alcançado e trabalhar em direção a superação de obstáculos onde fossem identificados. É esperado que este relatório ofereça um ímpeto de incluir o voluntariado como um complemento de outros esforços em opor-se aos desafios. Entretanto, não podemos ignorar o fato que organizações bilaterais e multilaterais, governos nacionais e sociedades civis estão agora pensando seriamente sobre o formato do quadro de desenvolvimento para o período pós-2015. Os crescentes reconhecimentos das limitações do presente paradigma de desenvolvimento, e um desejo relacionado de ver questões do bem-estar mais proeminentes no discurso do desenvolvimento foram discutidos no Capítulo 8. O contexto para idéias agora circulando sobre um paradigma de desenvolvimento evolutivo é muito diferente daquele prevalecente em 2000 quando a Declaração do Milênio foi adotada. As questões que agora dominam os debates sobre paz e desenvolvimento, incluindo mudanças climáticas, desastres, conflitos, movimentos populacionais, jovens e a exclusão, são todos discutidos neste relatório no contexto do voluntariado. O voluntariado é uma tradição muito antiga. Ao mesmo tempo é uma abordagem singular e potencialmente frutífera quando pensamos sobre a política de desenvolvimento. Em um mundo experimentando mudanças sem precedentes, o voluntariado é uma constante. Mesmo se suas formas de expressão estejam evoluindo, os valores centrais de solidariedade e sentimentos de conexão com outros permanecem firmes como sempre e são universais. As pessoas não são guiadas somente por suas paixões e interesses próprios mas também por seus valores, suas normas e seus sistemas de crenças. Com as distinções Norte-Sul se tornando altamente irrelevantes, a ação voluntária é um bem global renovável com enorme potencial para fazer uma diferença real em resposta as muitas pressões das preocupações mundiais. É certamente possível ser otimista que o voluntariado assumirá um perfil muito maior conforme a qualidade de vida parece ocupar um lugar no núcleo das questões de todas as nações. Nós estamos melhorando nosso questionamento sobre o que valorizamos na vida. Os benefícios do bem-estar associados com a experiência do voluntariado, juntamente com laços de confiança e coesão societária que derivam de relacionamentos forjados através da ação voluntaria são possíveis de estar em primeiro plano de tal pensamento. O momento chegou para assegurar que o voluntariado seja uma parte integral de qualquer novo consenso de desenvolvimento. O presente relatório foi traduzido para a língua portuguesa (português do Brasil) pelo Instituto Voluntários em Ação – IVA, através da colaboração de voluntários online recrutados no Portal www.voluntariosonline.org.br Aqui fica um agradecimento mais do que especial para os voluntários do Portal Voluntários Online, que traduziram e revisaram o Relatório oficinal. Muito obrigado! Voluntários Tradutores Online Kelly Missae Miyano Sumi Mariana Beatriz Batista Ana Helena Ribas de Almeida Nicéia Isabel Monteiro Bruno Fontana da Silva Claudine A Giacomitti Budel Milda Jodelis Priscilla Novaes Garrido Jose Augusto Manetta Ramos Solange Schoenacher Martins Isis De Vitta G. Rodrigues Sofia Gonçalves Ribeiro Silva Marilia Couto Silva Shiraiwa Hélder Elan de Sousa Rodrigo Sgobbi Pellegrini Voluntários Revisores de Texto Tatiana Duarte Cardozo de Pina Alana Coffone Cabral Guilherme Pires Arbache Kelly Missae Miyano Sumi Milda Jodelis