ANÁLISE DE CONJUNTURA 1º TRIMESTRE 2015 EDIÇÃO ELETRÓNICA ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA Análise de conjuntura elaborada com informação até 26-03-15 1T 15 FICHA TÉCNICA ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Índice de Assuntos EDITORIAL ........................................................................................................................ 4 Propriedade CIP - Confederação Empresarial de Portugal Praça das Indústrias 1300-307 LISBOA Diretor João Costa Pinto Edição CIP - Departamento de Assuntos Económicos Coordenação Pedro Capucho Redação Rui Madaleno Lurdes Fonseca Nuno Torres Sede de Redação CIP - Confederação Empresarial de Portugal Praça das Indústrias 1300-307 LISBOA 1. ENQUADRAMENTO ....................................................................................................... 6 1.1 Enquadramento internacional .......................................................................................... 6 1.2 Enquadramento nacional ................................................................................................ 8 2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL ............................................................................. 10 2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade ......................................... 10 2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais ................................................... 16 2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas .................................................... 22 2.3.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas.............................................. 22 2.3.2 Insolvências de empresas .......................................................................................... 23 3. INTERNACIONALIZAÇÃO ........................................................................................... 24 3.1 Comércio internacional ................................................................................................. 24 3.1.1 Comércio internacional de bens .................................................................................. 24 3.1.2 Comércio internacional de serviços ............................................................................. 31 3.1.3 Balança de bens e serviços ......................................................................................... 33 3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços ....................................................................... 33 3.2 Investimento direto ...................................................................................................... 34 NIF 500 835 934 4. FINANCIAMENTO ....................................................................................................... 35 Design Gráfico 4.1 Taxas de juro ............................................................................................................... 35 Mariana Barros Periodicidade Trimestral 4.2 Crédito bancário ........................................................................................................... 37 4.3 Mercado de capitais ...................................................................................................... 39 5. MERCADO DE TRABALHO ........................................................................................... 41 ISSN 2183-198X Registo na ERC 117830 É autorizada a reprodução dos trabalhos publicados, desde que citada a fonte e informada a direção da revista. 6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS ............................................................................. 43 7. CUSTOS DA ENERGIA ................................................................................................. 44 7.1 Eletricidade .................................................................................................................. 44 7.2 Gás natural .................................................................................................................. 45 7.3 Combustíveis ................................................................................................................ 45 8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS ........................................... 47 8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação ........................................................... 47 8.2 Competitividade pelos custos laborais ............................................................................ 49 9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA .......................................................... 50 9.1 Equilíbrio externo ......................................................................................................... 50 9.2 Endividamento ............................................................................................................. 51 9.3 Contas públicas ............................................................................................................ 51 ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 3 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA EDITORIAL 1. Este segundo número da Publicação – Envolvente Empresarial: Análise de Conjuntura – refere-se a um período – 1.º trimestre de 2015 – em que se verificaram acontecimentos com implicações muito complexas, tanto sobre a economia da Área Euro, como, em particular, sobre as Economias Periféricas mais frágeis, como é o nosso caso. O BCE lançou finalmente o seu Programa de Compra de Ativos – Quantitative Easing (QE) – com que se propõe combater as pressões que ameaçam enraizar nas Economias do Euro um clima deflacionista. O resultado mais imediato foi o de forçar uma baixa generalizada das taxas de juro para níveis históricos, ao mesmo tempo que impulsionou um movimento de depreciação cambial do Euro. Por outro lado, a acentuada queda do preço do barril de petróleo foi apenas em parte absorvida pela queda do Euro, o que contribuiu para impulsionar a frágil recuperação económica da Área Euro, que continua a debater-se com uma Procura Interna débil. Mas, para além disso, outro acontecimento está a marcar a situação da Europa do Euro. A crise da Grécia, que se acentuou depois do início de funções do novo Governo grego, claramente paralisado entre as exigências de reformas estruturais feitas pelos credores oficiais e as expectativas criadas na Sociedade grega, exausta e descrente, depois de cinco anos de austeridade. 2. É neste contexto de complexidade crescente que deve ser avaliada a situação da nossa Economia. Como se mostra no ponto 2 desta Publicação, 2014 foi um ano de viragem, em que a Economia cresceu próximo de 1%, depois de ter recuado mais de 7% nos três anos anteriores. No quarto trimestre, o comportamento reflete um menor contributo da Procura Interna, articulado com uma evolução mais favorável das exportações líquidas, em linha com uma reorientação mais favorável do nosso modelo de crescimento. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 4 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA No entanto, o elemento menos favorável da evolução recente da nossa Economia continua a ser o Investimento, com uma desaceleração acentuada da Formação Bruta de Capital em equipamento que não de transporte. Variável crítica de que depende a capacidade produtiva, o crescimento e a absorção de desemprego. Esta evolução confirma o interesse em lançar programas dirigidos à diversificação das fontes e dos instrumentos de financiamento das PME’s, como a CIP e as Associações Empresariais têm vindo persistentemente a reclamar. De outro modo, a generalidade das PME’s portuguesas corre o risco de ficar à margem do atual movimento de queda das taxas de juro nos mercados, com implicações muito desfavoráveis sobre o relançamento da atividade económica e, a prazo, sobre a taxa de crescimento potencial. João Costa Pinto ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 5 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 1. ENQUADRAMENTO 1.1 Enquadramento internacional Área Euro a 19 No dia 1 de janeiro, a Área do Euro alargou-se a 19 membros com a entrada da Lituânia. Comissão anuncia interpretação mais flexível do PEC para potenciar o emprego e o crescimento No dia 13 de janeiro, a Comissão Europeia apresentou novas orientações mais flexíveis sobre a aplicação das atuais regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), com vista a reforçar a ligação entre as reformas estruturais, o investimento e a responsabilidade orçamental em benefício do emprego e do crescimento: (A) No âmbito do investimento: A1) A não consideração das contribuições nacionais para o Fundo Europeu para o Investimento Estratégico 1 tanto na componente preventiva do PEC como na corretiva; A2) Na componente preventiva são permitidos desvios temporários à trajetória para o Objetivo de Médio Prazo do saldo estrutural (OMP) para acomodar aumentos efetivos do investimento cofinanciado, desde que o crescimento real do PIB seja negativo ou esteja abaixo do potencial, o desvio não leve a um défice excessivo com uma margem de segurança e seja compensado no horizonte do Programa de Estabilidade; (B) No âmbito das reformas estruturais: B1) Na componente preventiva serão permitidos desvios temporários à trajetória para o OMP no caso de reformas estruturais alargadas, com impacto direto verificável na melhoria da posição orçamental de longo prazo, incluindo a subida do crescimento potencial, após avaliação e validação pela Comissão do plano detalhado; B2) Na componente corretiva, a Comissão terá em conta a existência de um plano de reformas estruturais dedicado, verificável e com um calendário credível, aquando da recomendação do prazo para a correção de um défice excessivo ou uma eventual extensão do mesmo; (C) No âmbito da modulação em função do ciclo económico: C1) Na componente preventiva será aplicada uma matriz (Anexo 2 do documento) especificando o ajustamento orçamental requerido em cada situação, considerando cinco intervalos para o output gap cruzados com dois níveis de sustentabilidade da dívida2, sendo aplicáveis valores menos exigentes com taxas de crescimento abaixo do potencial3; C2) Na componente corretiva, a Comissão continuará a aferir a ação necessária em função do ajustamento do saldo orçamental estrutural excluindo desenvolvimentos fora do controlo dos governos; (D) As provisões do PEC no caso de uma recessão severa na Área Euro ou na UE (menor ritmo de consolidação para todos os Estados-membros) serão usadas quando necessário. 1 No mesmo dia, a Comissão apresentou uma Proposta de Regulamento para o Fundo Europeu para o Investimento Estratégico, criado em dezembro pelo Conselho Europeu. 2 Abaixo de 60% do PIB ou sem riscos de sustentabilidade; acima de 60% do PIB ou com risco de sustentabilidade. 3 Não é requerido qualquer ajustamento se o output gap for inferior a -4% ou a variação real do PIB for negativa, independentemente da sustentabilidade da dívida, ou ainda, no caso de ela ser sustentável, se o output gap for inferior a -3% ou apenas inferior a -1.5% desde que o crescimento esteja abaixo do potencial. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 6 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA No dia 8 de janeiro, a Comissão Europeia publicou as propostas do articulado da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a UE e os EUA (TTIP). No dia 22 de janeiro, o BCE manteve as suas taxas diretoras em mínimos, eliminou o spread das operações de refinanciamento de longo prazo para reforço do crédito e anunciou um BCE anuncia plano alargado de compra de ativos, com impacto imediato nos mercados, que melhora as perspetivas europeias programa de compra de ativos em larga escala4, com vista a combater os “riscos de um período demasiado prolongado de baixa inflação” (com expectativas de inflação em mínimos) e, assim, cumprir o seu mandato de defesa da estabilidade de preços na Área do Euro “em total concordância com os tratados europeus”. Além da compra de instrumentos emitidos pelo setor privado, iniciada no final de 2014, o programa passa a incluir a aquisição de dívida em euros emitida pelo setor público5 (Governos, agências públicas e instituições europeias) na proporção da chave de capital de cada país no BCE, mas com limites de 25% por emissão e 33% da dívida de cada emitente6. No caso de Portugal7, estas restrições devem permitir a compra de apenas 16 a 17 mil milhões de dívida, segundo a Presidente do IGCP. No que se refere ao impacto esperado do programa, o Presidente do BCE salientou que a política monetária apenas pode criar as bases para o crescimento económico, e que a retoma da confiança e do investimento requer que os governos prossigam as reformas estruturais e uma consolidação orçamental amiga do crescimento, aproveitando a flexibilidade das regras europeias. Alguns analistas apontam que, no final do programa, as compras de dívida soberana representarão, no mínimo, 9.5% da dívida pública da Área Euro (900 mil milhões de euros), face a 15% nos EUA e 25% no Japão, enquanto o balanço alargado de 3 biliões de euros corresponderá a 29% do PIB da Área Euro, face a 27% do PIB nos EUA e 60% no Japão. A decisão do BCE foi bem recebida nos mercados, levando à valorização das bolsas, à descida das taxas Euribor e das yields soberanas, e à depreciação do euro, o que se traduz numa Receios sobre a Grécia acentuam queda do euro forte melhoria das perspetivas da Área Euro. A depreciação do euro foi acentuada, a partir do final de janeiro, pela eleição de um novo Governo na Grécia (liderado pelo partido Syriza), que solicitou a renegociação do programa de ajuda, suscitando riscos de saída da Área do Euro. Consulta à União de Mercados de Capitais No dia 18 de fevereiro, a Comissão Europeia lançou uma consulta (Livro Verde) sobre a União Fed sem pressa na normalização da política monetária No dia 18 de março, a Reserva Federal manteve as taxas diretoras e sinalizou não ter pressa Acordo para reforçar interligações de energia a PT e ES O Conselho Europeu de 20 de março saudou o acordo entre a França, Portugal, Espanha, dos Mercados de Capitais, para desbloquear o financiamento não bancário às empresas. na normalização da política monetária, embora tenha deixado de usar a palavra “paciência”. a Comissão e o BEI para reforçar as interligações energéticas da Península Ibérica. 4 Com uma meta de 60 mil milhões de euros por mês, desde março de 2015 até, pelo menos, setembro de 2016, num total de mais de um bilião de euros, aumentando em cerca de 50% o balanço do BCE, para perto de 3 biliões de euros. 5 Com maturidades entre 2 e 30 anos e critérios de elegibilidade mínimos (adaptados nos países sob programa). 6 As aquisições de títulos de instituições europeias (12% do total, a realizar pelos bancos centrais nacionais, BCN) estarão sujeitas a partilha de perdas, o que não acontecerá com as restantes aquisições a realizar pelos BCN. Como o BCE deterá 8% das aquisições adicionais, conclui-se que 20% do risco é partilhado e 80% recai sobre os BCN. 7 A chave nacional relevante é 2.4767% do capital do BCE subscrito por países da Área Euro. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 7 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 1.2 Enquadramento nacional Seleção de leis e medidas (período de 24-12-14 a 26-3-15) 1. Contas públicas, fiscalidade, procedimentos administrativos, privatizações A Lei n.º 82-B/2014, de 31/12, aprova o Orçamento do Estado para 2015; a Lei n.º 82Lei do OE 15; alterações ao IRS, IRC e Código Adm.vo; privatização da TAP, CP Carga e EMEF C/2014, de 31/12, altera o Código do IRC; a Lei n.º 82-E/2014, de 31/12, aprova a Reforma do IRS; o Decreto-Lei (DL) n.º 4/2015, de 7/01, aprova o novo Código do Procedimento Administrativo; o DL n.º 181-A/2014, de 24/12, aprova o processo de reprivatização indireta da TAP; o Conselho de Ministros de 26 de março aprova os processos de privatização da CP Carga e da EMEF. 2. Investimento e financiamento Regulamentos geral e específicos do Portugal 2020 2.1 No âmbito do Portugal 2020 (ligação para as candidaturas abertas) foram publicadas as Regras gerais dos sistemas de incentivos às empresas no continente (Decreto-Lei n.º 6/2015, de 8/01, estabelece) e os vários Regulamentos específicos. 2.2 Outras medidas: o DL n.º 191/2014, de 31/12, estabelece um Regime Especial Contratual de Investimento para grandes projetos enquadráveis no âmbito da AICEP; o DL n.º 7/2015, de 13/01, procede à reforma do regime de tributação dos OIC (organismos de investimento coletivo); o DL n.º 26/2015, de 6/02, promove o enquadramento para a reestruturação e revitalização de empresas, o financiamento de longo prazo da atividade produtiva e a emissão de instrumentos híbridos de capitalização; a Lei n.º 16/2015, de 24/02, revê o regime jurídico dos OIC, o Regime Geral das Instituições de Várias outras medidas com impacto no financiamento do investimento, incluindo uma nova Linha PME crescimento Crédito e Sociedades Financeiras e o Código dos Valores Mobiliários; a Lei n.º 18/2015, de 4/03, aprova o Regime Jurídico do Capital de Risco, do Empreendedorismo Social e do Investimento Especializado; no dia 18 de fevereiro, o Governo lançou a plataforma online Parcerias para o Desenvolvimento com informação sobre fundos disponíveis para projetos em economias em desenvolvimento; no dia 17 de março, o Governo assinou um protocolo com a Corporação Financeira Internacional, do Banco Mundial, para apoiar o financiamento de investimentos em mercados emergentes; no dia 18 foram assinados os protocolos para operacionalizar a Linha PME Crescimento 2015 (1.4 mil M€) e a Linha de Apoio à Revitalização Industrial (50 M€), com início em abril. 3. Mercado de trabalho O Conselho de Ministros de 31 de dezembro de 2014 aprovou o regime de acesso e exercício de profissões e atividades profissionais; a Portaria n.º 26/2015, de 10/02, estabelece a Medida Incentivo à Aceitação de Ofertas de Emprego; a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.º 11-A/2015, de 6/03, promove a participação de mulheres ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 8 1T 15 Novo regime de acesso a profissões; Promoção da aceitação de ofertas de emprego, igualdade de género e mobilidade geog. ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA nos órgãos de decisão das empresas e uma maior igualdade salarial; a Portaria n.º 84/2015, de 20/03, cria a medida de Promoção de Igualdade de Género; a Portaria n.º 85/2015, de 20/03, cria a medida de Apoio à Mobilidade Geográfica; a Portaria n.º 86/2015, de 20/03, cria a medida REATIVAR, de apoio a estágios; a RCM n.º 12-B/2015, de 20/03, aprova o Plano Estratégico para as Migrações (2015-2020). 4. Economia Verde e Ambiente A Lei n.º 82-D/2014, de 31/12, aprova a Reforma da Fiscalidade Verde (posteriormente retificada pela Declaração de Retificação n.º 6/2015, de 27/02); o Conselho de Ministros de 8 Publicada a Reforma da Fiscalidade Verde e aprovada simplificação no domínio do licenciamento ambiental de janeiro alarga o âmbito de atuação da Agência para a Energia (Adene), preconizando uma abordagem integrada das políticas de energia e clima; o Conselho de Ministros de 29 de janeiro aprova a alteração do Sistema da Indústria Responsável (SIR) e o regime jurídico do Licenciamento Único Ambiental (LUA), que poderão ter efeitos relevantes em termos de simplificação, celeridade e a diminuição de custos para as empresas; a RCM n.º 6B/2015, de 4/02, aprova a Estratégia Nacional para as Florestas; a RCM n.º 11-C/2015, de 16/03, aprova o Plano Nacional de Gestão de Resíduos para o horizonte 2014-2020. 5. Energia Alargamento da CESE para baixar preço do gás natural O conselho de Ministros de 29 de janeiro alargou a incidência da Contribuição Extraordinária sobre o Sector Energético (CESE) aos contratos de longo prazo de aprovisionamento de gás natural, estimando que a receita obtida possa permitir baixar entre 3% e 5% o preço do gás natural aos consumidores e empresas, reconhecido como elevado a nível europeu. Outros destaques de enquadramento (período de 24-12-14 a 26-3-15) No dia 16 de janeiro, o primeiro-ministro alertou que Portugal só poderá beneficiar das regras europeias de flexibilização do défice quando deixar de estar em défice excessivo. Reembolso antecipado de parte do empréstimo do FMI a Portugal No dia 16 de fevereiro, os ministros das Finanças da Área Euro aceitaram o reembolso antecipado de parte do empréstimo do FMI solicitado por Portugal. No dia 26 de fevereiro, a Comissão Europeia recolocou Portugal no grupo de países com desequilíbrios macroeconómicos excessivos, no âmbito do semestre europeu. As recomendações no Relatório sobre Portugal, nomeadamente sobre reformas estruturais, deverão ser tidas em conta no Programa Nacional de Reformas e no Programa de Estabilidade. S&P melhora perspetiva do rating de Portugal No dia 20 de março, a agência de notação Standard & Poor’s manteve o rating de Portugal, mas melhorou a perspetiva de “estável” para “positiva”, apontando para uma subida próxima. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 9 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL 2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade PIB abranda no 4T em termos homólogos apesar de melhoria da evolução em cadeia Segundo dados revistos do INE (devido à divulgação dos dados definitivos de 2012), o PIB registou um abrandamento em termos homólogos no quarto trimestre de 2014 (variação real de 0.7%, após 1.2% no trimestre anterior), não obstante uma melhoria do andamento em cadeia (de uma variação de 0.2% para 0.5%, valores corrigidos de sazonalidade). Quadro 2.1.1: PIB e componentes de despesa 2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Tvcr (%) -1.6 0.9 -0.5 0.5 0.2 0.5 Tvhr (%) -1.6 0.9 0.9 0.9 1.2 0.7 Despesas de Consumo Final -1.7 1.5 1.6 1.3 2.1 1.1 Consumo Privado, do qual: -1.5 2.1 2.1 1.7 2.7 1.9 PIB Componentes de despesa (tvhr, %) Bens alimentares 0.7 0.4 0.8 0.3 0.1 0.2 Bens duradouros 1.9 14.9 17.9 12.2 16.7 13.1 Bens correntes não alim., serviços -2.4 1.3 1.0 1.1 2.0 1.2 -2.4 -0.3 -0.2 0.1 0.4 -1.4 -6.7 5.2 12.0 3.2 2.8 3.1 -6.7 2.5 0.0 3.7 4.1 2.4 -4.9 -1.6 -3.0 -1.9 -1.0 -0.5 Consumo Público FBC, da qual: FBCF Recursos biológicos cultivados Outras máq. e eq., sist. armamento 4.0 14.8 13.1 17.8 19.8 9.0 Eq. de transporte 24.8 21.9 20.2 17.2 27.1 23.3 Construção -14.7 -4.3 -7.4 -2.6 -4.2 -2.8 Produtos de propriedade intelectual -1.8 0.2 -0.2 0.1 0.3 0.6 Exportações 6.4 3.4 3.3 2.0 2.9 5.3 Bens 6.0 3.6 2.5 2.1 3.1 6.7 Serviços 7.6 2.7 5.6 1.8 2.4 1.3 3.9 6.4 9.1 3.9 5.4 7.1 Bens 4.2 6.3 9.9 4.1 5.0 6.4 Serviços 2.1 6.8 4.3 2.7 8.3 11.6 Importações Contributos para a tvhr do PIB (p.p.) Procura Interna -2.5 2.1 3.1 1.6 2.2 1.4 Procura Externa Líquida 0.9 -1.2 -2.2 -0.7 -1.0 -0.7 Fonte: INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvc(h)r = taxa de variação em cadeia (homóloga) real; p.p.=pontos percentuais; FBC(F)=Formação Bruta de Capital (Fixo). Procura interna menos positiva e externa menos negativa com aceleração das exportações A desaceleração homóloga do PIB traduziu o menor contributo positivo da procura interna (1.4 p.p., após 2.2 p.p. no terceiro trimestre) e foi atenuada pelo contributo menos negativo das exportações líquidas (-0.7 p.p.), face à aceleração mais forte das exportações (de 2.9% para 5.3%, com origem nos bens) do que das importações (de 5.4% para 7.1%). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 10 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA O menor dinamismo da procura interna traduziu o abrandamento do consumo privado (de uma variação homóloga real de 2.7% para 1.9%), a quebra do consumo público (-1.4%) e a redução do crescimento da FBCF (de 4.1% para 2.4%), sobretudo nas outras máquinas e equipamento (de 19.8% para 9.0%). O valor menos negativo da variação de existências melhorou o andamento da FBC e impediu um pior desempenho da procura interna. 2014 Marca saída da recessão, com retoma do consumo privado (em particular de bens duradouros) e da FBCF. O ano de 2014 ficou marcado pela saída da recessão, com o PIB a recuperar 0.9% após três anos consecutivos de contração (estimativa provisória de -1.6% em 2013 e valores finais de -4.0% em 2012 e -1.8% em 2011), traduzindo um contributo positivo da procura interna (2.1 p.p., após -2.5 p.p. em 2013) e negativo da procura externa líquida (-1.2 p.p., após 0.9 p.p. no ano anterior), numa inversão da tendência observada entre 2011 e 2013. Ao nível da procura interna, as despesas de consumo final recuperaram 1.5% (2.1% no consumo privado, incluindo 14.9% nos bens duradouros, e -0.3% no consumo público) e a FBCF 2.5% (impulsionada pelas subidas de 21.9% no equipamento de transporte e 14.8% nas outras máquinas e equipamento, e ajudada pela redução da queda na construção para -4.3%), O ano 2014 assinala, porém, um contributo negativo da procura externa líquida, com a aceleração das importações e o abrandamento das exportações após variações de -1.7% e -6.7% em 2013, respetivamente. Faz-se notar que a forte progressão do consumo de bens duradouros (com elevado conteúdo importado) traduzirá, em parte, o adiamento de despesas durante a fase mais aguda do processo de ajustamento. A quebra no contributo da procura externa líquida decorreu da aceleração das importações (de 3.9% para 6.4%) e do abrandamento das exportações de bens e serviços (de 6.4% para 3.4%), cuja evolução foi penalizada por fatores extraordinários, em particular pela paragem programada e temporária da refinaria de Sines, para manutenção, no início do ano. É, por isso, de sublinhar que os dados do comércio internacional de mercadorias (secção 3.1.1) mostram uma aceleração das exportações de bens excluindo a componente de combustíveis. Figura 2.1.1: Intensidade exportadora (total, bens e serviços) 45,0 40,0 39,9 39,6 35,0 29,0 30,0 39,8 29,1 29,0 30,1 29,2 28,9 28,3 41,1 40,1 39,7 38,8 25,0 20,0 15,0 10,8 10,5 10,8 10,5 10,8 10,9 11,0 10,0 5,0 0,0 2013 Fonte: INE 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Exportações totais (% do PIB a preços correntes) Exportações de bens (% do PIB a preços correntes) Exportações de serviços (% do PIB a preços correntes) ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 11 1T 15 Peso das exportações no PIB sobe para 41.1% no 4T, um máximo de várias décadas ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Salienta-se também uma nova subida do peso das exportações no PIB para 41.1% no quarto trimestre (30.1% nos bens e 11.0% nos serviços) e 39.9% no cômputo de 2014 (29.0% e 10.5%), valores que traduzem máximos de várias décadas neste indicador, após uma subida rápida nos últimos anos. A subida do valor anual (0.3 p.p., face a 39.6% em 2013) foi apenas ligeira devido aos efeitos extraordinários que afetaram as exportações. Quadro 2.1.2: VAB por ramos VAB total e por ramos (tvhr, %)* Agricultura, Silvicultura e Pesca 2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 -1.2 0.6 0.6 0.8 0.8 0.1 2.0 1.4 1.9 1.5 1.2 0.9 Indústria 0.9 1.1 2.0 2.1 1.6 -1.3 Energia, Águas e Saneamento -1.7 -0.8 -1.3 -0.7 0.0 -1.1 Construção -13.1 -3.5 -6.7 -2.2 -3.3 -1.9 Comércio e rep. aut, Aloj. e Restauração 0.5 2.5 2.2 2.2 3.1 2.4 Transp. e armaz., Inf. e comunicação -1.3 -0.4 0.3 -0.2 -1.3 -0.4 Ativ. Financeira, Seguradora e Imobiliária -1.8 -2.3 -1.3 -2.4 -3.0 -2.4 Outros Serviços -1.2 1.6 1.2 2.0 2.3 1.0 INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvhr=taxa de variação homóloga real; VAB=Valor Acrescentado Bruto. *VAB a preços base sem impostos líquidos de subsídios. No 4T, Comércio e rep. aut., Aloj. e Restauração regista o maior crescimento do VAB, apesar de abrandamento; Indústria e Energia, Águas e Saneamento em quebra, e Construção em desagravamento Retomando a análise dos dados das contas nacionais no quarto trimestre, agora no que diz respeito à variação homóloga em volume do VAB (sem impostos líquidos de subsídios), que se reduziu de 0.8% para 0.1%, os dados mostram que o Comércio e reparação automóvel, Alojamento e Restauração continuou a ser o ramo com maior crescimento (2.4%), seguindo-se a categoria Outros Serviços (1.0%) e a Agricultura, Silvicultura e Pesca (0.9%), nos três casos em abrandamento face ao terceiro trimestre. Todos os restantes ramos evidenciaram variações negativas, embora com andamentos distintos. Enquanto os ramos da Indústria e da Energia, Águas e Saneamento entraram em quebra (-1.3% e -1.1%, respetivamente), nos restantes casos observou-se um comportamento menos negativo, com o desagravamento mais forte a ocorrer na Construção (de -3.3% para -1.9%), que deixou de registar a queda mais elevada por troca com a Atividade Financeira, Seguradora e Imobiliária (-2.4%). No cômputo de 2014, o VAB (sem impostos líquidos de subsídios) cresceu 0.6%, após -1.2% em 2013, com destaque para a aceleração no Comércio e reparação automóvel, Alojamento e Restauração (de 0.5% para 2.5%) e na Indústria (de 0.9% para 1.1%), a recuperação nos Outros Serviços (de -1.2% para 1.6%) e o forte desagravamento na construção (de -13.1% para -3.5%). Realça-se ainda o crescimento, ainda que a menor ritmo, do VAB da Agricultura, Silvicultura e Pesca (de 2.0% para 1.4%). Nos restantes casos observaram-se perdas ligeiras sem grandes diferenças face ao comportamento observado em 2013. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 12 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Figura 2.1.2: PIB e Indicador Coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade do Banco de Portugal (tvhr, %) 2,0 1,2 1,2 0,9 0,9 1,0 0,9 0,9 0,7 0,4 0,4 0,1 0,0 -0,1 -0,6 -1,0 -2,0 -0,8 -1,6 2013 Fontes: INE; BdP Indicador coincidente tendencial de atividade do BdP retoma um valor positivo em fevereiro; indicador de consumo privado mostra abrandamento Aceleração da FBCF em janeiro 2014 1T 14 2T 14 PIB 3T 14 4T 14 jan-15 fev-15 Ind. coincidente tendencial de atividade económica do BdP (%) Relativamente a indicadores mensais de atividade, os dados revistos do indicador coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade do BdP mostraram um valor positivo em fevereiro (0.4%), pela primeira vez em seis meses. O indicador coincidente para a evolução homóloga tendencial do consumo privado, também divulgado pelo BdP, desceu pelo sétimo mês consecutivo em fevereiro, mas manteve um valor positivo (1.2%)8. Quanto ao indicador de FBCF do INE, os dados disponíveis mostram uma aceleração em janeiro deste ano (para uma tvh de 1.3%), beneficiando do maior aumento nas outras máquinas e equipamento (2.6%; já em fevereiro, a tvh desceu ligeiramente, situando-se em 2.5%) e de um novo desagravamento na construção (para -2.0%). Apesar de uma desaceleração, a componente de equipamento automóvel continuou a exibir um dinamismo assinalável (tvh de 22.5%, após 26.7% em dezembro). Estes dados favoráveis do investimento, embora representem apenas um mês, contrastam com a revisão em baixa das perspetivas de investimento empresarial (também divulgadas pelo INE), analisadas em detalhe mais abaixo. Indicador avançado do INE sugere maior dinamismo da atividade nos próximos meses Quanto a indicadores avançados, merece destaque a recuperação do Indicador de Clima do INE (calculado a partir do inquérito do INE às empresas e consumidores sem correção de sazonalidade) em janeiro deste ano e a manutenção do valor em fevereiro, invertendo-se a tendência descendente registada desde agosto do ano passado. Os novos dados apontam para alguma retoma do ritmo de crescimento da atividade nos próximos meses. Nos indicadores de confiança, apenas o relativo aos Serviços diminuiu em janeiro e fevereiro, tendo a subida mais forte ocorrido no Indicador da Construção e Obras públicas, seguido pelos indicadores de confiança dos Consumidores, da Indústria Transformadora e do Comércio. 8 O Banco de Portugal salienta que estes indicadores mensais tendenciais não têm, por definição, uma componente irregular, pelo que apresentam um perfil alisado e, portanto, não se destinam a captar em cada momento do tempo a evolução da taxa de variação homóloga da respetiva variável de referência (PIB e consumo privado, respetivamente). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 13 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Figura 2.1.3: Indicador de Clima Económico (tvh; média móvel de 3 meses, mm3) e Indicadores de Confiança, IC (saldo de respostas extremas, sre; mm3) 0,7 10 0,6 0,6 0 0,8 0,6 -10 0,6 0,4 0,4 0,2 0,3 0,2 -20 0,3 0,2 -0,1 -30 0,0 -0,2 -40 -50 -0,2 -0,5 -0,4 -60 -0,6 Fev-14 Abr-14 Fonte: INE Índice de Sentimento Económico de Portugal recua abaixo dos valores da Área Euro e UE 0,4 Jun-14 Ago-14 Out-14 IC Consum. IC Constr. e Obras Púb. IC Serviços Dez-14 Fev-15 IC Ind. Transf. IC Comércio Indicador de clima ec. (esc. dta) O Índice de Sentimento Económico da Comissão Europeia para Portugal (valores efetivos corrigidos de sazonalidade) recuou para 101.9 pontos em fevereiro (102.4 pontos em janeiro), tendo exibido uma tendência descendente, mas com um movimento algo irregular, depois de um máximo de mais de seis anos em outubro. O valor de fevereiro é ainda superior à média de longo prazo (100 pontos), mas passou a situar-se abaixo dos números da Área Euro (102.1 pontos) e da UE (105.1 pontos). Figura 2.1.4: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, Área Euro e UE (média 1990-2012=100, valores ajustados de sazonalidade) 110 105 101,9 100 95 90 85 80 75 70 Mar-14 Abr-14 Mai-14 Jun-14 Fonte: Comissão Europeia Investimento empresarial revisto em baixa, mas melhoria recente das perspetivas deverá inverter essa evolução Jul-14 Ago-14 Set-14 Out-14 Nov-14 Dez-14 Jan-15 Fev-15 Portugal Área Euro UE Média 1990-2012=100 Em termos de dados de conjuntura, salientamos ainda a deterioração das perspetivas de investimento no inquérito semestral de conjuntura ao investimento do INE divulgado em janeiro (período de inquirição entre 1 de outubro de 2014 e 19 de janeiro de 2015). O inquérito aponta para o regresso da queda do investimento empresarial em 2015 (variação nominal prevista de -2.2%), após uma recuperação de 1.0% em 2014 (revista de ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 14 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 2.4% no inquérito anterior, o que, segundo o INE, poderá resultar do adiamento ou cancelamento de investimentos), que interrompeu uma série de seis anos consecutivos de contração. Note-se, contudo, que a inquirição foi feita antes do BCE ter anunciado o seu programa alargado de compra de ativos, que conduziu a uma melhoria significativa das perspetivas económicas na Área Euro e em Portugal (conforme é referido na secção 2.2), o que certamente não deixará de se refletir positivamente no próximo inquérito às perspetivas de investimento, que será divulgado em julho. Figura 2.1.5: Investimento empresarial (tvan, %) 25 24,0 20 14,7 15 7,4 10 6,0 5 0,8 0,8 0 -5 3,2 0,7 -0,1 -0,6 -1,3 -10 1,6 1.0 (E) -0,6 -5,4 -0,1 -4,0 -5,9 -7,3 -15 1,5 -11,1 -11,8 -2.2 (P) -15,8 -20 -18,5 -25 -30 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 -28,1 2012 2014 Fonte: INE; E= Estimativa provisória; P=Previsão; Tvan= taxa de variação anual nominal Nos dados por setor, realça-se a forte revisão em baixa do investimento da indústria transformadora (IT) em 2014 (tvan de -7.6%, que compara com -1.5% no anterior inquérito), sendo esperado um desagravamento em 2015 (para -3.2%). Nas empresas exportadoras, a queda em 2014 foi inferior à média da IT (-3.2%, valor revisto de 4.8% no anterior inquérito) mas espera-se que se alargue um pouco no presente ano (para -5.1%). Não obstante a evolução negativa do investimento na IT, este setor continua a deter, de forma destacada, o maior peso neste indicador (26.2% em 2015). Por escalão de pessoal ao serviço, verifica-se que a queda do investimento em 2015 tem origem nos dois primeiros escalões (tvan de -18.4% até 50 trabalhadores e -2.3% entre 50 e 250 trabalhadores), relativos às PME, contrariando a subida nas grandes empresas (tvan de 10.9% no escalão de 250 a 500 trabalhadores e 3.1% no escalão de 500 e mais trabalhadores, que deu o principal contributo para o crescimento do investimento em 2014). Redução do peso do crédito bancário no financiamento do investimento O autofinanciamento continua a ser a principal fonte de financiamento para o investimento (com um reforço do peso para 69.7% do total em 2015, após 69.1% em 2014), seguida pelo recurso ao crédito bancário (que se atenua para 19.2%, face a 20.2% em 2014), pelos fundos da UE (2.2% e 2.1%, uma melhoria apenas ligeira no ano em que se inicia o ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 15 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Portugal 2020), pelos empréstimos do Estado (0.6% e 1.0%) e pela categoria “outros” (8.3% e 7.7%), mantendo-se um valor virtualmente nulo na rubrica ações e obrigações. No que se refere ao impacto do investimento em termos de criação de emprego, regista-se Maior impacto do investimento no emprego em 2015 uma melhoria do saldo de respostas extremas de 2014 para 2015, em resultado de um maior número de empresas a indicar um aumento da contratação (13.3% do total de respostas) e um menor número a esperar uma diminuição (8.6%). 2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais Projeções para Portugal Quadro 2.2.1: Projeções económicas para Portugal BdP FMI CE OCDE Governo Mar-15 Mar-15 Fev-15 Nov-14 Out-14 2015 2014 2015 2014 2015 2016 2017 2015 2016 2015 2016 PIB (tvar, %) 0.9 1.7 1.9 2.0 1.6 1.5 1.6 1.7 1.3 1.0 1.5 Consumo privado 2.1 2.4 1.7 1.7 1.8 1.6 1.8 1.5 0.5 1.8 2.0 Consumo público -0.7 -0.5 0.2 0.0 -0.5 0.0 -0.3 0.2 -0.8 -0.6 -0.5 FBCF 2.3 4.0 4.4 5.3 2.8 2.6 2.9 3.1 2.9 1.5 2.0 Exportações 3.4 4.3 5.8 6.2 5.1 4.8 5.0 5.4 5.3 3.7 4.7 Importações 6.2 3.9 5.5 6.1 3.7 4.4 4.9 4.8 3.0 4.7 4.4 Exportações Líquidas 0.6 0.8 1.1 1.2 0.5 0.1 0.1 0.3 0.9 -0.3 0.2 Procura Interna 0.3 1.0 0.8 0.8 1.0 1.4 1.5 1.4 0.4 1.4 1.3 4.3 4.5 5.4 5.8 3.1 4.3 1.4 1.0 Contributos (p.p.) Proc. externa relevante (tvar, %) Emprego (tva, %) 0.2 0.6 0.7 0.7 Taxa de desemprego (%) 13.1 12.6 13.4 12.6 12.8 14.2 13.4 0.6 1.2 0.1 1.1 0.2 0.0 0.7 2.0 2.2 1.5 1.5 0.4 0.6 0.3 0.3 1.3 1.5 -4.8 -2.7 Inflação (tva do IHPC, %) -0.2 0.2 1.1 1.1 Bal. corrente e de capital (% PIB) 2.1 3.3 3.3 3.5 Balança corrente (% PIB) Bal. de bens e serviços (% PIB) 1.1 1.1 2.7 2.6 Saldo orçamental (% PIB) 0.4 2.5 -3.2 Dívida pública bruta (% PIB) 0.6 -2.7 -3.2 -2.8 125.8 124.8 124.5 123.5 -2.9 128.1 127.2 123.7 Fontes: Banco de Portugal, BdP, Projeções para a economia portuguesa: 2015-2017; Fundo Monetário internacional, FMI, Portugal: Concluding Statement of the 2015 Article IV Mission; Comissão Europeia, CE, European Economy - Winter 2015; OCDE, Economic Outlook - November 2014;; Governo, Relatório da Proposta do Orçamento do Estado para 2015; Tva = taxa de variação anual; tvar= taxa de variação anual real; p.p.= pontos percentuais. No dia 25 de março, a atualização das projeções macroeconómicas do Banco de Portugal (BdP) deu conta de uma melhoria das perspetivas de crescimento do PIB nos próximos anos, com valores de 1.7% em 2015 (+0.2 p.p. face às anteriores previsões, de dezembro), 1.9% em ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 16 1T 15 BdP melhora as perspetivas de crescimento da economia portuguesa, com aceleração gradual até 2.0% em 2017 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 2016 (+0.3 p.p.) e 2.0% em 2017, que são os mais elevados até ao momento (ver quadro acima). No final de 2017, o último ano do exercício de projeção, o nível do PIB deverá situar-se próximo do registado antes do início da crise financeira internacional, segundo o BdP. O BdP destaca a “recuperação gradual da atividade” a um “ritmo de crescimento próximo do projetado para a área do euro”, tendo em conta o último exercício de projeção do BCE e as principais hipóteses de enquadramento, que adotou, com destaque para os efeitos favoráveis, sobretudo em 2015, do recente programa alargado de compra de ativos do BCE (menores taxas de juro; depreciação do euro) e da queda do preço do petróleo em euros. 9 Os parágrafos seguintes selecionam alguns dos aspetos mais relevantes da análise do BdP. Figura 2.2.1: Contributos brutos e líquidos de importações para o crescimento do PIB Exportações suportam aceleração gradual da atividade económica e manutenção do excedente externo “A evolução do PIB continua a ter implícita uma transferência de recursos produtivos dos setores não transacionáveis para os setores transacionáveis, uma das características mais salientes do processo de recuperação recente da economia portuguesa. A aceleração da atividade económica ao longo do horizonte de projeção reflete, em larga medida, o crescimento projetado para as exportações, em linha com as hipóteses para a procura externa dirigida à economia portuguesa. Esta evolução contribui para a manutenção de um excedente da balança corrente e de capital”.10 9 Das principais hipóteses técnicas, destacam-se os valores para o preço do petróleo (99.3 dólares em 2014, 58.5 em 2015, 66.8 em 2016 e 70.7 em 2017, sendo os valores em euros de 74.4, 51.5, 58.9 e 62.3, respetivamente), para o câmbio euro/dólar (1.33, 1.14, 1.13 e 1.13 dólares por euro), para a Euribor a 3 meses (0.2%, 0.1%, 0.1% e 0.2%) e para a taxa de juro implícita da dívida pública (3.9%, 3.8%, 3.8% e 3.6%). 10 Segundo o BdP, “para 2015, projeta-se um aumento do excedente da balança corrente e de capital para 3.3% do PIB, refletindo essencialmente o aumento do excedente da balança de bens e serviços. Esta evolução está associada ao ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 17 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA “Num contexto de aceleração do comércio a nível mundial, as exportações deverão acelerar em 2015 [variação anual de 4.3%, após 3.4% em 2014], mantendo um crescimento robusto ao longo do horizonte de projeção, acima de 5 por cento em média. O crescimento robusto das exportações é comum quer à componente de bens quer à componente de serviços, destacando-se neste último caso as exportações de turismo. A aceleração das exportações em 2015 é impulsionada, em larga medida, pela reversão, na segunda metade de 2014, da forte diminuição das exportações de bens energéticos ocorrida na primeira metade desse ano, bem como pela forte depreciação do euro. Em sentido contrário, o efeito da queda do preço do petróleo na atividade em Angola terá implicações negativas sobre as exportações de bens. Quota de mercado das exportações estabiliza em 2015 e sobe em 2016-17 Globalmente, estes fatores traduzem-se numa estabilização da quota de mercado em 2015. Em 2016 e 2017, a manutenção de um crescimento robusto das exportações reflete em larga medida a evolução da procura externa dirigida à economia portuguesa, projetando-se adicionalmente um ligeiro aumento da quota de mercado”. “A evolução projetada para as importações [variações de 3.9% em 2015, 5.5% em 2016 e 6.1% em 2017] traduz a elasticidade habitual desta componente face à evolução da procura global ponderada por conteúdos importados, o que implica um aumento da penetração de Importações desaceleram em 2015 importações no horizonte de projeção, em linha com a sua evolução histórica. Esta evolução traduz-se numa desaceleração das importações em 2015, após um elevado crescimento em 2014 [6.2%] que resultou do maior dinamismo de componentes da despesa com elevado conteúdo importado, como a variação de existências e o investimento empresarial”. Aumento moderado da procura interna de 2015 a 2017 “A procura interna apresenta um crescimento moderado ao longo do horizonte de projeção, refletindo um crescimento sustentado do consumo privado [com variações de 2.4% em 2015 e 1.7% nos dois anos seguintes], consistente com a evolução do rendimento disponível real, e uma aceleração da formação bruta de capital fixo [para 4.0% em 2015, 4.4% em 2016 e 5.3% em 2017], nomeadamente da componente empresarial. A evolução da procura interna mantém-se condicionada pela necessidade de continuar o processo de consolidação orçamental e pelos elevados níveis de endividamento do setor privado”. “Em termos de composição do consumo, projeta-se uma aceleração do consumo de bens não duradouros em 2015, seguida de um crescimento em 2016 e 2017 em linha com o crescimento do rendimento disponível real. Após o elevado crescimento em 2014, decorrente em parte de compras adiadas durante o período de recessão por motivos de precaução, antecipa-se uma desaceleração do consumo de bens duradouros em 2015 e 2016”. forte dinamismo das exportações, superior ao aumento das importações, a par de um efeito favorável de termos de troca, muito influenciado pela diminuição do preço do petróleo em euros. Por seu turno, projeta-se um aumento do défice da balança de rendimento primário, tendo em conta expetativas de menores transferências de alguns fundos estruturais da União Europeia, segundo a informação contida no Orçamento do Estado para 2015. Para 2016 e 2017 projeta-se uma relativa estabilização do excedente da balança corrente e de capital, influenciada pela manutenção do elevado dinamismo das exportações”. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 18 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA “A FBCF deverá acelerar ao longo do horizonte de projeção. Não obstante, os níveis de investimento em percentagem do PIB continuarão a situar-se muito abaixo do observado nas últimas décadas, em particular no que se refere ao investimento público e ao investimento FBCF acelera, liderada pela componente empresarial residencial. O fraco dinamismo da FBCF é uma característica comum à área do euro e constitui um dos fatores explicativos da atual recuperação mais moderada face a anteriores ciclos económicos. A FBCF empresarial deverá aumentar de forma robusta ao longo do horizonte de projeção. A evolução desta componente reflete inter alia a conjugação de vários fatores: perspetivas mais favoráveis de procura, quer interna quer externa; a necessidade de renovação do stock de capital, após um longo período de redução do investimento; a tendência de aumento na utilização da capacidade produtiva no setor da indústria transformadora e dos serviços; e, finalmente, alguma melhoria nas condições de financiamento, favorecidas pelas mais recentes decisões de política monetária não convencional do BCE. A evolução projetada para este agregado é compatível com a redução do nível de endividamento das sociedades não financeiras em percentagem do PIB ao longo do horizonte de projeção”. Investimento público corrige em alta em 2015 e mantém peso no PIB em 2016-17 “No que respeita ao investimento público, a atual estimativa para 2014 aponta para que este tenha sido o quarto ano consecutivo de queda nesta rubrica. Uma vez que a execução de 2014 ficou aquém do orçamentado e esteve associada a uma diminuição forte das transferências provenientes de fundos comunitários, é projetada uma recuperação do investimento público em 2015 e a sua estabilização em rácio do PIB em 2016 e 2017”. Melhoria gradual no mercado de trabalho Previsão de baixa inflação “Ao longo do período 2015-2017, projeta-se uma aceleração moderada do emprego e uma diminuição progressiva da taxa de desemprego”. “Para 2015 projeta-se uma virtual estabilização do índice harmonizado de preços no consumidor, em termos médios anuais, seguindo-se um aumento de cerca de 1% nos dois anos seguintes, em linha com a recuperação moderada da economia internacional e da economia portuguesa”. Perspetiva de redução do rácio da dívida pública a partir de 2015 Riscos equilibrados para a atividade económica e para a inflação “O maior crescimento nominal do PIB e a redução da taxa de juro implícita da dívida, em conjugação com o excedente primário que se verifica desde 2013, contribuirão para uma redução da dívida pública a partir de 2015”. “A projeção contempla riscos equilibrados para a atividade económica e para a inflação”. “No que se refere aos riscos descendentes [para a atividade económica], importa sublinhar a possibilidade de um menor crescimento da procura externa dirigida à economia portuguesa, associada a uma recuperação económica mais moderada nomeadamente na área do euro, a eventual necessidade de medidas adicionais para a continuação do processo de ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 19 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA consolidação orçamental, bem como o risco de recrudescimento de tensões geopolíticas e nos mercados de dívida soberana. No que se refere aos riscos ascendentes, refira-se o eventual impacto favorável das reformas estruturais, quer nas exportações quer no investimento, a possibilidade de depreciação adicional do euro com a plena implementação das medidas de política monetária não convencional do BCE, e o risco de um maior aumento do consumo, num quadro de diminuição da poupança por motivos de precaução”. “Em relação aos preços no consumidor […], os riscos descendentes associados a uma menor procura (externa e interna) e à manutenção de expetativas de inflação abaixo do objetivo de estabilidade de preços do BCE são globalmente compensados pelos riscos ascendentes associados a uma maior depreciação do euro”. Na conclusão, o BdP salienta que “o potencial de crescimento da economia portuguesa está […] condicionado pela evolução da conjuntura internacional, pelo elevado nível de endividamento dos setores público e privado, bem como pela expectável evolução adversa em Potencial de crescimento condicionado pela conjuntura, pelo endividamento e demografia, mas favorecido pela reorientação de recursos termos demográficos. Por seu turno, o processo de reestruturação produtiva observado ao longo dos últimos anos, a gradual reorientação dos recursos para os setores mais produtivos e mais expostos ao exterior, bem como a contínua melhoria do capital humano incorporado no processo produtivo constituem dinâmicas que tenderão a favorecer um crescimento estrutural da produtividade total dos fatores no futuro. Neste quadro, a continuação do processo de reformas estruturais é indispensável para promover uma melhor afetação de recursos e os consequentes ganhos de produtividade, contribuindo sustentadamente para níveis mais elevados de crescimento económico em Portugal”. Projeções para a economia mundial e principais mercados OCDE sobe previsões de crescimento mundial com efeitos da política do BCE e preço do petróleo Em março, as previsões intercalares da OCDE mostraram uma subida das estimativas de crescimento da economia mundial para 4.0% em 2015 e 4.3% em 2016, refletindo os efeitos positivos da política monetária acomodatícia (já considerando o programa alargado de compra de ativos do BCE) e a queda dos preços do petróleo. Estes valores, considerados “moderados” pela organização, são os mais otimistas até ao momento, superando as estimativas mais recentes da Comissão Europeia (divulgadas em fevereiro) e, em particular, as do FMI e do Banco Mundial (de janeiro), como é visível no quadro abaixo. Dos dados disponíveis da OCDE, destaca-se o dinamismo das economias dos EUA, do Reino Unido e (em menor medida) da Alemanha, ao nível das grandes economias avançadas, e, entre as economias emergentes, a aceleração do PIB da Índia, que passa a apresentar previsões de crescimento superiores à China, onde se perspetiva um abrandamento suave, ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 20 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA mantendo um dinamismo assinalável. Pela negativa, merece referência a deterioração das perspetivas do Brasil, influenciadas em parte pela queda da cotação do petróleo. Quadro 2.2.2: Previsões de crescimento económico – mundo e mercados (tvar, %) OCDE, mar-15 [nov-14] Mundo CE, fev-15 FMI, jan-15 [out-14] 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 3.7* 4.0* 4.3* 3.3 3.6 4.0 3.3 3.5 3.7 2.6 3.0 3.3 1.8 2.4 2.4 1.8 2.2 2.4 2.4 3.6 3.3 2.4 3.2 3.0 0.2 1.2 1.6 0.8 1.1 1.6 Ec. Avanç. EUA 2.4 3.1 3.0 2.4 3.5 3.2 Japão 0.0 1.0 1.4 0.4 1.3 1.3 0.1 0.6 0.8 1.3 1.7 2.1 [1.4] [1.8] [2.0] UE Área Euro BM, jan-15 0.9 1.4 2.0 0.8 1.3 1.9 0.8 1.2 1.4 Alemanha 1.6 1.7 2.2 1.5 1.5 2.0 1.5 1.3 1.5 França 0.4 1.1 1.7 0.4 1.0 1.8 0.4 0.9 1.3 Itália -0.4 0.6 1.3 -0.5 0.6 1.3 -0.4 0.4 0.8 Espanha [1.3] [1.7] [1.9] 1.4 2.3 2.5 1.4 2.0 1.8 Holanda [0.8] [1.4] [1.6] 0.7 1.4 1.7 [0.6] [1.4] [1.6] 2.6 2.6 2.5 2.6 2.6 2.4 2.6 2.7 2.4 [1.8] [2.3] [2.6] 4.4 4.3 4.7 4.4 4.8 5.3 [3.9] [5.9] [6.2] 4.4 5.3 5.0 [8.3] [8.2] [8.2] 7.2 8.0 8.1 0.1 0.3 1.5 0.1 1.0 2.5 0.6 -3.0 -1.0 0.7 -2.9 0.1 5.8 6.3 6.5 5.6 6.4 7.0 7.4 6.8 6.3 7.4 7.1 7.0 RU OCDE Ec. em Des. Angola Moçambique Brasil 0.0 -0.5 1.2 Índia 7.3 7.7 8.0 China 7.4 7.0 6.9 Rússia 7.4 7.1 6.9 Fontes: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, OCDE, Interim Economic Assessment - March 2015 [Economic Outlook - November 2014]; Comissão Europeia, CE, European Economy - Winter 2015; Fundo Monetário Internacional, FMI, World Economic Outlook update - January 2015 [World Economic Outlook – October 2014]; Banco Mundial, BM, Global Economic Prospects - January 2015. Tvar= taxa de variação anual real. *Valores para um agregado de países representando mais de 70% do PIB Mundial em 2013. OCDE e BCE melhoram perspetivas de crescimento da Área Euro Banco de Espanha sobe previsão de crescimento em 2015 para 2.8% Risco crescente de instabilidade financeira com baixos valores de inflação e taxas de juro No que se refere à Área Euro, a OCDE aponta para taxas de crescimento de 1.4% em 2015 e 2.0% em 2016, valores quase em linha com as últimas projeções do BCE, divulgadas também em março (1.5% em 2015 e 1.9% em 2016, mais 0.5 p.p. e 0.3 p.p. face à anterior atualização de dezembro, e 2.1% em 2017). No caso de Espanha, as previsões de crescimento divulgadas a 25 de março pelo Banco de Espanha são as mais favoráveis até ao momento, com valores de 2.8% em 2015 (+0.7 p.p. que na anterior projeção) e 2.7% em 2016, que comparam com 2.3% e 2.5% nas previsões mais recentes da Comissão Europeia. Apesar das perspetivas globalmente mais favoráveis, a OCDE salienta que os valores anormalmente baixos de inflação e de taxas de juro criam um risco crescente de instabilidade financeira, com a tomada de risco a ser mais dirigida pela liquidez do que pelos fundamentais. Acresce ainda que as taxas de crescimento projetadas continuam demasiado baixas para ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 21 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA reparar e reativar completamente os mercados de trabalho. Embora os bancos centrais continuem a ser uma peça essencial na retoma, deverá procurar-se uma abordagem mais equilibrada em que a política orçamental e as reformas estruturais complementem de forma mais eficaz e com sinergias a atuação da política monetária. 2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas 2.3.1 Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas Em 2014, o número de constituições de empresas registou uma ligeira correção em baixa (-0.2%, para 33352), após uma forte recuperação em 2013 (15.2%), enquanto o número de Quebra ligeira das constituições e forte subida das dissoluções (influenciada pela atualização dos registos) conduz a perda líquida de empresas em 2014, mas saldo agregado desde 2013 ainda muito positivo dissoluções aumentou 98.8% (para 35903), invertendo o movimento descendente registado em 2012 e 2013. Note-se que o aumento acentuado das dissoluções em 2014 está influenciado pela atualização dos registos, que levou à retirada de um número elevado de empresas. Este comportamento resultou numa perda líquida de empresas em 2014 (-2351, após +15561 em 2013) e, consequentemente, numa descida do rácio de constituições por dissolução abaixo da unidade (0.9, que compara com 1.9 em 2013). Note-se, contudo, que o saldo agregado é ainda muito positivo se consideramos os dados acumulados desde 2013 (13210), ano em que se registou uma forte criação de empresas (15651). Quadro 2.3.1.1: Constituições, dissoluções e criação líquida de empresas 2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 33 618 33 352 10 175 18 175 25 440 33 352 15.2 -0.2 -13.2 -5.4 -2.5 -0.2 18 057 35 903 7 229 17 019 20 806 35 903 -30.1 98.8 43.5 108.9 67.6 98.8 Número acumulado 15 561 -2 351 2 946 1 156 4 634 -2 531 Tvh (%) 364.9 s.s. -55.9 -89.6 -66.1 s.s. 1.9 0.9 1.4 1.1 1.2 0.9 Constituições de empresas Número acumulado Tvh (%) Dissoluções de empresas Número acumulado Tvh (%) Criação líquida de empresas Rácio constituições/dissoluções Fonte: INE. Tvh= Taxa de variação homóloga; s.s.= sem significado Por setores, os dados de 2014 apenas mostraram criação líquida de empresas na Agricultura, produção animal, caça e floresta (1164 empresas), no Alojamento e restauração (218), na Eletricidade, gás e água (7) e na componente Outros serviços, onde destacamos as Atividades de consultoria, científicas técnicas e similares (790), as Atividades de saúde humana e apoio social (545), as Atividades imobiliárias (540), as Atividades financeiras e de seguros (255) e as Atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas (254). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 22 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA As atividades com maiores perdas líquidas de empresas foram a Construção (-3235), o Comércio (-1593), a Indústria transformadora (-972) e os Transportes e armazenagem (-593). Em comparação com os valores de criação líquida de empresas em 2013, a deterioração foi generalizada, sobretudo nestes setores com perda líquida de empresas. Figura 2.3.1.1: Criação líquida de empresas por setor (nº de empresas) Outros serviços 5848 2562 Atividades de informação e de comunicação 121 Alojamento e restauração Transportes e armazenagem 1930 218 254 -593 Comércio por grosso e a retalho* 793 3464 -1593 466 Construção -3235 72 7 Eletricidade, gás, e água Indústria transformadora 1481 -972 Indústrias extrativas 4 -30 1249 1164 Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca -4000 -3000 -2000 -1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 2013 Fonte: INE e cálculos próprios. * Inclui reparação automóvel 2014 2.3.2 Insolvências de empresas Queda mais forte das insolvências em 2014 e continuação da descida no início de 2015 De acordo com dados da Informa D&B, o número de empresas com processos de insolvência reduziu-se 20.7% em 2014 (para 4412), acentuando o movimento de descida iniciado em 2013. A tendência de queda prosseguiu já no início de 2015, ainda que a um ritmo um pouco menor (variação homóloga de -14.5% no acumulado até fevereiro). Quadro 2.3.2.1: Insolvências 2013 2014 Mar-14 Jun-14 Set-14 Dez-14 Fev-15 5 562 4412 1 361 2 570 3 275 4412 780 -6.3 -20.7 -12.6 -16.1 -23.4 -20.7 -14.5 Empresas com insolvências * Número acumulado Tvh (%) Fonte: Informa D&B. * Empresas com processos de insolvência iniciados no período considerado com publicação no portal Citius/Ministério de Justiça. Tvh = taxa de variação homóloga. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 23 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 3. INTERNACIONALIZAÇÃO 3.1 Comércio internacional Nesta seção são apresentadas as principais tendências das exportações e importações de bens e de serviços, incluindo o cálculo e análise de quotas de mercado das exportações. 3.1.1 Comércio internacional de bens Saldo da balança de bens Quadro 3.1.1.1: Saldo da balança de bens 2014 Var. homóloga Jan-15 Var. homóloga Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) 48 200 933 2.0 3 860 -69 -1.8 Importações (CIF) 58 806 1 900 3.3 4 416 -504 -10.2 Saldo -10 606 -966 10.0 -556 435 -43.9 0.2 Total Exportações (FOB) Taxa de Cobertura (%) 82.0 87.4 Intra-UE Exportações (FOB) 34 181 Importações (CIF) 43 931 Saldo -9 750 Taxa de Cobertura 954 2.9 2 881 6 2 977 7.3 3 389 -93 -2.7 -2 023 26.2 -508 99 -16.3 77.8 85.0 Extra-UE Exportações (FOB) 14 019 -20 -0.1 978 -75 -7.1 Importações (CIF) 14 875 -1 077 -6.8 1 027 -411 -28.6 Saldo -856 1 057 -55.2 -49 336 -87.4 Taxa de Cobertura 94.2 95.3 Total sem combustíveis Exportações (FOB) 44 104 1 761 4.2 3 572 58 1.7 Importações (CIF) 48 592 2 846 6.2 3 786 -16 -0.4 Saldo -4 488 -1 085 31.9 -215 74 -25.7 Taxa de Cobertura 90.8 94.3 Fonte: INE. Tvhn = taxa de variação homóloga nominal. M€= Milhões de euros. CIF (Cost, Insurance and Freight) significa a inclusão dos custos inerentes ao transporte das mercadorias e FOB (Free on Board) o contrário. Défice da balança de bens agrava-se em 2014 com subida das exportações inferior à das importações Em 2014, o défice da balança de bens registou um agravamento anual 10.0% (para 10606 M€), traduzindo variações nominais de 2.0% nas exportações (2.9% no mercado comunitário e -0.1% no extracomunitário) e 3.3% nas importações (7.3% e -6.8%), o que se repercutiu numa queda da taxa de cobertura (para 82.0%, após 83.1% em 2013). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 24 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Faz-se notar que a deterioração do saldo da balança de bens em 2014 (após uma melhoria de Interrupção da melhoria da balança de bens influenciada por fatores temporários 1521 M€ em 2013, com subidas de 4.5% nas exportações e apenas 0.9% nas importações) refletiu, pelo menos em parte, alguns fatores temporários. Destaca-se a paragem programada, para manutenção, da refinaria de Sines no início do ano, que afetou as exportações de combustíveis, mas também a forte retoma da despesa de bens de consumo duradouro, com elevado conteúdo importado, que fora adiada durante o período mais difícil do processo de ajustamento e não deverá manter uma dinâmica de crescimento tão forte nos próximos anos. Aceleração das exportações sem combustíveis em 2014 Excluindo combustíveis, as exportações de bens aceleraram em 2014 (subida de 4.2%, após 2.2% em 2013), mas as importações também (de 2.4% para 6.2%), traduzindo-se num agravamento do saldo deficitário ligeiramente superior ao observado no saldo global. Os dados mais recentes, relativos a janeiro de 2015, se bem que ainda pouco representativos do que poderá ser a tendência deste ano, mostram um desagravamento significativo da balança Défice da balança de bens reduz-se em janeiro com forte correção das importações, mas com influência de efeitos de base de bens, em resultado de uma correção acentuada no valor das importações (variação homóloga de -10.2%), bastante superior à registada nas exportações (-1.8%). Note-se, contudo, que a evolução homóloga do comércio internacional em janeiro está afetada por efeitos de base, designadamente a reabertura de portos e a antecipação da paragem da refinaria de Sines em janeiro de 2014, fatores que fizeram aumentar os valores das importações e das exportações nesse mês, influenciando em particular as importações de combustíveis. Exportações de bens O detalhe dos dados por produtos mostra que o contributo mais positivo para o aumento nominal de 2.0% das exportações de bens em 2014 teve origem nos bens agrícolas (0.6 p.p.), seguindo-se o material de transporte (0.6 p.p.), o vestuário, os metais, os plásticos e borracha, Contributos positivos de um conjunto variado de bens exportados contrariam quebra dos combustíveis em 2014 o mobiliário, a alimentação, bebidas e tabaco, o calçado e os têxteis, considerando os valores acima de 0.1 p.p.. A paragem já referida da refinaria de Sines no início do ano explicou o forte contributo negativo das exportações de combustíveis em 2014 (-1.8 p.p.). Sem essa componente, as exportações de bens cresceram 4.2%, como foi referido. Apenas mais duas rubricas registaram contributos negativos, mas pouco significativos (-0.1 p.p. nos químicos e na rubrica “outros”). Os dados relativos a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostram um contributo mais negativo da rubrica de combustíveis no início do ano (-3.2 p.p.), uma evolução influenciada por efeitos de base, como foi referido, e que foi atenuada pelo contributo positivo também significativo do material de transporte (2.1 p.p.). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 25 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Quadro 3.1.1.2: Exportações de bens por tipo de produto 2014 Jan-15 Produtos NC8 e respetivos códigos Valor (M€) Tvhn (%) Contributo (p.p.) Valor (M€) Tvhn (%) Contributo (p.p.) Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 6 986 0.6 0.1 Material de Transporte: S17 (86-89) 5 242 5.6 0.6 554 -0.3 0.0 480 20.5 Combustíveis e óleos minerais: S5 (27) 4 096 -16.8 2.1 -1.8 288 -30.7 -3.2 Metais: S15 (72-83) 3 882 5.0 0.4 302 -2.3 -0.2 Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 858 0.9 0.1 294 -6.2 -0.5 3 456 5.4 0.4 265 -2.0 -0.1 Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 3 131 4.6 0.3 233 2.4 0.1 Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15) 2 884 11.4 0.6 227 3.9 0.2 Vestuário: S11 (61-62) 2 773 9.1 0.5 252 -3.8 -0.3 Químicos: S6 (28-38) 2 614 -2.1 -0.1 181 -9.1 -0.5 Calçado: S12 (64-67) 1 965 7.5 0.3 186 -0.3 0.0 Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 844 5.9 0.2 152 0.8 0.0 Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 1 573 3.8 0.1 126 1.7 0.1 Mobiliário: S20 (94) 1 539 12.0 0.3 124 -1.5 0.0 Outros 1 319 -4.4 -0.1 110 6.4 0.2 Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (2526) 784 1.5 0.0 66 38.4 0.5 Peles e couros S8 (41-43) 253 11.7 0.1 20 -7.2 0.0 Total 48 200 2.0 3 860 -1.8 Total sem combustíveis 44 104 4.2 3 572 1.7 3.7 1.5 Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais. Abrandamento das exportações para a UE em 2014 e quebra ligeira nas extra-UE O crescimento das exportações em 2014 foi assegurado pelo mercado comunitário, onde se 20 Maiores mercados de exportação reforçam peso O crescimento nos 20 principais mercados em 2014 (2.6%) foi superior ao conjunto das observou um aumento de 2.9%, inferior ao registado em 2013 (3.5%). As exportações para o mercado extracomunitário registaram uma quebra ligeira (-0.1%), após uma forte dinâmica de crescimento em 2013 (subida de 7.1%). exportações (2.0%), reforçando o seu peso na estrutura de vendas para o exterior. Nesses mercados, confirma-se que o maior contributo positivo para o aumento das exportações foi dado pelo Reino Unido (0.7 p.p.), seguindo-se a Espanha, a China, a França, a Alemanha e os EUA. Os principais contributos negativos tiveram origem nos mercados de Marrocos (-0.3 p.p.), Brasil (-0.2 p.p.) e Bélgica (-0.1 p.p.). França ultrapassa mercado alemão Salienta-se ainda que a Espanha permaneceu o maior mercado nacional de exportação em 2014, mas o segundo lugar passou a ser ocupado pela França, que ultrapassou por uma margem pequena o mercado alemão. Angola foi o quarto maior mercado de exportação. Já em janeiro de 2015, a Alemanha retomou a segunda posição como mercado de exportação, sendo sobretudo de destacar a quarta posição do Reino Unido em substituição de ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 26 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Angola, mercado onde as nossas exportações registaram uma queda homóloga de 26.4%, que poderá estar afetada por efeitos de base, como já referido. Quadro 3.1.1.3: Exportações de bens nos 20 principais mercados de 2014 2014 Jan-15 Valor (M€) Tvhn (%) Contributo (p.p.) Valor (M€) Tvhn (%) Contributo (p.p.) Espanha 11 356 1.6 0.4 980 0.1 0.0 França 5 648 2.8 0.3 495 -4.1 -0.5 Alemanha 5 628 2.3 0.3 505 11.4 1.3 Angola 3 175 2.0 0.1 177 -26.4 -1.6 Reino Unido 2 928 12.5 0.7 245 5.1 0.3 Estados Unidos 2 111 5.6 0.2 156 -11.7 -0.5 Países Baixos 1 914 1.3 0.1 156 -13.7 -0.6 Itália 1 568 0.5 0.0 124 -0.4 0.0 Bélgica 1 301 -2.8 -0.1 95 -4.2 -0.1 China 839 27.5 0.4 47 -8.9 -0.1 Brasil 639 -13.5 -0.2 65 36.8 0.4 Marrocos 593 -19.0 -0.3 41 2.0 0.0 Argélia 589 11.6 0.1 45 -8.8 -0.1 Suécia 467 5.8 0.1 37 -4.5 0.0 Polónia 466 5.5 0.1 37 -10.9 -0.1 Suíça 429 2.4 0.0 37 4.3 0.0 Turquia 404 5.9 0.0 20 -46.8 -0.5 República Checa 321 11.9 0.1 25 -0.3 0.0 Moçambique 318 -2.5 0.0 20 15.2 0.1 Dinamarca 307 -3.3 0.0 28 -0.4 0.0 Subtotal 41 001 2.6 2.2 3 334 -2.3 -2.0 Total 48 200 2.0 3 860 -1.8 Intra-UE 34 181 2.9 2.0 2 881 0.2 0.1 Extra-UE 14 019 -0.1 0.0 978 -7.1 -1.9 Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais. Perspetiva de aceleração das exportações de bens em 2015 Salientam-se ainda os resultados do Inquérito sobre Perspetivas de Exportação de Bens (divulgado pelo INE em março, mas com período de inquirição em novembro), que apontava, já no final do ano passado, para uma aceleração das vendas para o exterior em 2015, em particular de bens de consumo não alimentar e de máquinas e equipamento, e fora da UE. Quotas de mercado das exportações de bens Quota de mercado mundial das exportações de bens sobe para 0.340% De acordo com dados revistos, confirma-se que a quota de mercado das exportações nacionais no mercado mundial de bens se situou em 0.340% nos três primeiros trimestres de 2014, correspondendo a uma subida ligeira face ao ano de 2013 (0.335%), com uma melhoria mais notória no mercado intra-UE (de 0.734% para 0.741%) do que no mercado extra-UE (de 0.1028% para 0.1032%). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 27 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Quadro 3.1.1.4: Quotas de mercado das exportações de bens (%) Mundo 2012 2013 1T-3T 14 0.315 0.335 0.340 Intra-UE 0.693 0.734 0.741 Extra-UE 0.0955 0.1028 0.1032 Fontes: OMC e INE. Nota metodológica: as quotas foram calculadas dividindo as exportações de Portugal (dados trimestrais da OMC em milhões de dólares, repartidos entre os mercados intra-UE e extra-UE usando a estrutura de exportações de Portugal calculada a partir de informação do INE para os períodos em causa) pelas importações totais nos vários mercados (obtidas na mesma base de dados trimestrais da OMC). Segundo dados do INE já para o conjunto de 2014, a procura externa relevante recuperou Menor ganho de quota em 2014, mas recuperação no 4T 1.6% em termos nominais nesse ano (após uma variação de -2.1% em 2013), enquanto as exportações abrandaram para 2.0% (influenciadas por fatores temporários, como já referido), significando que se voltou a registar um ganho de quota de mercado, mas menor que nos anos precedentes (cerca de 0.4%, após 6.6% e 4.3% nos dois anos anteriores). Os dados relativos ao quarto trimestre mostravam já um dinamismo assinalável das exportações (variação homóloga nominal de 4.8%) e um ganho de quota mais significativo (3.4%). Figura 3.1.1.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura externa relevante e dos ganhos de quota de mercado 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 -1,0 -2,0 -3,0 6,6 6,7 6,9 5,6 4,3 4,8 4,5 3,4 2,0 1,3 2,5 2,2 1,6 1,0 0,4 1,2 -0,2 -0,6 -2,1 2012 2013 1,5 1,6 1,4 -0,9 -2,1 2014 4T 13 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Exportações de mercadorias (tvhn, %) Procura externa relevante (tvhn, %) Ganho (+) / Perda (-) de quota de mercado Fonte: INE e cálculos próprios Relativamente às quotas de mercado nos 20 principais mercados de exportação de bens em 2014, os nossos cálculos mostram que, nesse ano, os valores mais elevados foram registados em Angola (15.86% de janeiro a setembro), Moçambique (5.22% no 3º trimestre), Espanha (4.21% no conjunto do ano), Marrocos (1.72%), Argélia (1.34%) e França (1.10%), considerando apenas valores acima de 1%. Em termos de evolução, a melhoria mais significativa de quota ocorreu no mercado de Moçambique (0.43 p.p., considerando o valor disponível para o 3º trimestre), seguindo-se a uma larga distância os ganhos na Argélia (0.06 p.p.), Reino Unido (0.04 p.p.), França (0.03 p.p.), Turquia, República Checa e Suécia (0.02 p.p.). Destaca-se ainda, pela elevada dimensão do mercado, o ganho de quota na China (de ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 28 1T 15 Perdas de quota em apenas 6 dos 20 maiores mercados de exportação ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 0.045% para 0.057%). Apenas seis dos 20 maiores mercados de exportação evidenciaram perdas de quota em 2014, designadamente Angola (-0.64 p.p., utilizando o valor disponível de janeiro a setembro), Marrocos (-0.43 p.p.), Espanha (-0.14 p.p.), Brasil (-0.04 p.p.), Dinamarca (-0.03 p.p.) e Bélgica (-0.01 p.p.). Quadro 3.1.1.5: Quotas de mercado nos 20 maiores mercados de exportação de bens Quotas (%, valores acumulados) Variação (p.p.) 2012 2013 2014 2013 2014 Espanha 3.87 4.36 4.21 0.49 -0.14 França 1.02 1.07 1.10 0.05 0.03 Alemanha 0.62 0.61 0.61 -0.01 0.00 Angola* 18.67 16.49 15.86 (1-3T 14) -2.18 -0.64 (1-3T 14) Reino Unido 0.44 0.53 0.57 0.08 0.04 Estados Unidos 0.10 0.11 0.12 0.01 0.00 Países Baixos 0.41 0.43 0.43 0.02 0.01 Itália 0.44 0.43 0.44 -0.01 0.01 Bélgica 0.42 0.39 0.38 -0.02 -0.01 China 0.055 0.045 0.057 -0.010 0.012 Brasil 0.38 0.39 0.35 0.02 -0.04 Marrocos 1.32 2.15 1.72 0.84 -0.43 Argélia 1.09 1.28 1.34 0.18 0.06 Suécia 0.36 0.37 0.38 0.00 0.02 Polónia 0.26 0.28 0.28 0.02 0.00 Suíça 0.26 0.28 0.28 0.02 0.00 Turquia 0.19 0.20 0.22 0.01 0.02 República Checa 0.30 0.26 0.28 -0.03 0.02 Moçambique* 4.05 4.79 5.22 (3T 14) 0.74 0.43 (3T 14) Dinamarca 0.44 0.44 0.41 0.00 -0.03 Fontes: OMC, INE Angola, INE Moçambique, Governo de Gibraltar, ONU, INE, BdP, cálculos próprios. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2013 (como no quadro 3.1.1.3). P.p. = pontos percentuais. *Pesos de Portugal nas importações de mercadorias desses países, obtidas a partir de dados dos respetivos institutos nacionais de estatística. As restantes quotas seguem a metodologia descrita na nota do quadro anterior (mas aqui com dados mensais). Importações de bens Material de transporte com forte contributo para a subida das importações em 2014 A desagregação das importações por tipo de produtos mostra que o aumento nominal de 3.3% das importações de bens em 2014 resultou, em larga medida, dos contributos positivos do material de transporte (2.1 p.p.) e das máquinas e aparelhos (1.0 p.p.). O principal contributo negativo teve origem nos combustíveis (-1.7 p.p.). Nos dados relativos a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, as importações registam Forte recuo das importações em janeiro associada a um efeito de base uma variação homóloga de -10.2%, mas a descida é de apenas -0.4% excluindo a componente de combustíveis, cuja forte contração (-43.7%) está associada a efeitos de base, conforme refere o INE na sua divulgação. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 29 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Quadro 3.1.1.6: Importações de bens por tipo de produto 2014 Produtos NC8 e respetivos códigos Jan-15 Valor (M€) Tvhn (%) Contributo (p.p.) Valor (M€) Tvhn (%) Contributo (p.p.) Combustíveis: S5 (27) 10 213 -8.5 -1.7 630 -43.7 -9.9 Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 8 939 6.8 1.0 697 1.5 0.2 Material de Transporte: S17 (86-89) 6 189 23.3 2.1 456 3.6 0.3 Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15) 6 149 -1.5 -0.2 450 -10.0 -1.0 Químicos: S6 (28-38) 6 103 3.7 0.4 470 -5.4 -0.5 Metais: S15 (72-83) 4 473 3.5 0.3 374 5.1 0.4 Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 453 5.2 0.3 281 4.3 0.2 Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 2 710 -4.2 -0.2 196 -7.5 -0.3 Outros 2 031 2.6 0.1 167 7.7 0.2 Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) 1 930 4.5 0.1 148 1.0 0.0 Vestuário: S11 (61-62) 1 821 12.8 0.4 160 2.9 0.1 Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 799 4.0 0.1 138 -9.5 -0.3 Peles e couros S8 (41-43) 825 12.8 0.2 68 -3.6 -0.1 Mobiliário: S20 (94) 718 13.6 0.2 64 25.9 0.3 Calçado: S12 (64-67) 704 19.1 0.2 59 1.1 0.0 Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 588 10.0 0.1 46 6.9 0.1 Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26) 162 15.9 0.0 14 28.4 0.1 Total 58 806 3.3 4 416 -10.2 Total sem combustíveis 48 592 6.2 3 786 -0.4 5.0 -0.3 Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais. Mercado comunitário justifica subida das importações em 2014 Considerando agora a desagregação das importações por mercados, o aumento verificado em 2014 resultou de variações de 7.3% no mercado comunitário e -6.8% no mercado extracomunitário, como já referido. Os 20 principais mercados de importação registaram um crescimento (4.8%) superior ao total das importações (3.3%), reforçando assim o seu peso. Os maiores contributos positivos para o aumento das importações pertenceram à Espanha, Alemanha (1.4 p.p. nos dois casos) e França (0.6 p.p.), enquanto os contributos mais negativos ocorreram nos mercados de Angola (-1.8 p.p.), Rússia e Nigéria. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 30 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Quadro 3.1.1.7: Importações de bens nos 20 principais mercados de 2014 2014 Valor (M€) Jan-15 Tvhn (%) Contributo (p.p.) Valor (M€) Tvhn (%) Contributo (p.p.) Espanha 19 109 4.2 1.4 1 528 1.7 0.5 Alemanha 7 266 12.4 1.4 539 -8.3 -1.0 França 4 160 8.9 0.6 336 -6.2 -0.5 Itália 3 075 5.5 0.3 221 -6.0 -0.3 Países Baixos 3 007 5.4 0.3 217 -14.2 -0.7 Reino Unido 1 793 7.8 0.2 137 4.3 0.1 Angola 1 606 -39.0 -1.8 43 -75.3 -2.6 China 1 597 16.6 0.4 160 12.3 0.4 Bélgica 1 562 9.7 0.2 108 -8.6 -0.2 Estados Unidos 920 9.2 0.1 57 -28.9 -0.5 Brasil 865 4.0 0.1 74 124.5 0.8 Cazaquistão 814 48.0 0.5 47 -54.4 -1.1 Arábia Saudita 785 12.9 0.2 83 69.5 0.7 Argélia 712 77.7 0.5 5 -91.9 -1.1 Rússia 711 -28.9 -0.5 82 76.8 0.7 Suécia 661 20.4 0.2 42 4.9 0.0 Irlanda 610 11.6 0.1 43 3.4 0.0 Nigéria 542 -27.5 -0.4 0 -46.1 0.0 Polónia 526 21.2 0.2 45 16.9 0.1 Índia 492 25.3 0.2 44 10.4 0.1 Subtotal 50 812 4.8 4.1 3 810 -5.5 -4.5 Total 58 806 3.3 4 416 -10.2 Intra-UE 43 931 7.3 5.2 3 389 -2.7 -1.9 Extra-UE 14 875 -6.8 -1.9 1 027 -28.6 -8.3 Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais. 3.1.2 Comércio internacional de serviços O excedente da balança de serviços praticamente não se alterou em 2014 (variação anual Excedente da balança de serviços mantém-se em 2014, após forte melhoria em 2013 Aceleração das exportações de viagens e turismo em 2014 de 0.1%, para 10946 M€), após uma subida de 18.0% em 2013. Esta evolução traduziu a aceleração das importações (de 3.3% para 7.9%) e o abrandamento das exportações de serviços (de uma variação anual de 10.2% em 2013 para 4.0% em 2014), que, ainda assim, mantiveram um dinamismo assinalável, suportadas pela componente Viagens e turismo, cuja aceleração (de 7.2% para 10.9%, com um contributo de 5.1 p.p.) não foi suficiente para contrariar a evolução desfavorável na maioria das outras rubricas. O crescimento das importações de serviços em 2014 resultou de contributos significativos de várias componentes, em particular os Outros serviços fornecidos por empresas (2.9 p.p.), os Transportes (2.6 p.p.), as Viagens e turismo (2.1 p.p.) e os Direitos e serviços de telecomunicações, informáticos e de informação (1.4 p.p.), todas em aceleração. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 31 1T 15 Melhoria homóloga do excedente em janeiro de 2015 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Dos dados referentes a janeiro de 2015, ainda pouco representativos, destaca-se a melhoria homóloga do excedente, refletindo o abrandamento mais forte das importações (para 2.8%) do que das exportações (para 2.5%), onde a aceleração nas viagens e turismo (para 13.9%) voltou a ser contrariada pela evolução desfavorável de várias componentes. Quadro 3.1.2.1: Balança de serviços 2014 Var. homóloga Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) 22 817 882 4.0 671 -149 -18.1 Transportes 5 647 47 Viagens e turismo* 11 359 Jan-15 Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) 1 560 38 2.5 -0.7 54 2 4.3 0.1 0.8 0.2 401 -45 -10.2 -3.0 1 118 10.9 5.1 675 82 13.9 5.4 1 128 105 10.3 0.5 95 -3 -3.5 -0.2 3 627 -88 -2.4 -0.4 300 -3 -1.0 -0.2 386 -151 -28.1 -0.7 36 6 18.0 0.4 11 871 872 7.9 1 004 27 2.8 330 52 18.8 0.5 22 2 9.3 0.2 Transportes 3 382 286 9.2 2.6 246 -34 -12.2 -3.5 Viagens e turismo* 4 328 231 5.6 2.1 341 23 7.1 2.3 1 380 159 13.0 1.4 142 -12 -7.5 -1.2 2 150 322 17.6 2.9 211 33 18.3 3.3 301 -178 -37.2 -1.6 41 16 64.4 1.7 10 946 10 0.1 556 11 2.0 340 -201 -37.1 31 0 1.0 Transportes 2 265 -239 -9.6 155 -11 -6.6 Viagens e turismo* 7031 887 14.4 333 60 21.7 -253 -53 26.8 -47 8 -14.7 1477 -410 -21.7 89 -36 -28.5 86 27 45.5 -5 -11 s.s. Exportações Transformação, manut., reparação Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação Outros serviços forn. por empresas Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb. Importações Transformação, manut., reparação Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação Outros serviços forn. por empresas Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb. Saldo Transformação, manut., reparação Direitos e serviços de telecom., informáticos e de informação Outros serviços forn. por empresas Pessoais, culturais, recreativos, Ad. Púb. Contributo (p.p.) Var. homóloga Contributo (p.p.) Fonte: BdP. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; ; p.p. = pontos percentuais; s.s. = sem significado. * Inclui as componentes da construção, seguros, pensões e serviços financeiros, com peso reduzido. Quota de mercado dos serviços sobe para 0.61% em 2013 e deverá ter também aumentado em 2014 De acordo com dados anuais da OMC, a quota das exportações nacionais nas importações mundiais de serviços comerciais aumentou de 0.58% em 2012 para 0.61% em 2013. Os dados trimestrais mais recentes da OMC (não totalmente comparáveis com os anuais) sugerem uma subida significativa em 2014 (estimativa provisória de 0.74% nos três primeiros trimestres desse ano, após um valor de 0.67% em 2013; cálculos próprios). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 32 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 3.1.3 Balança de bens e serviços Segundo dados do Banco de Portugal, o saldo da balança de bens e serviços (BBS) Excedente da BBS recua em 2014 com subida do défice da balança de bens reduziu-se de 2953 M€ em 2013 para 1982 M€ em 2014 (note-se que o saldo da componente de bens difere dos dados acima apresentados do INE – ver nota do quadro abaixo), em resultado do agravamento do défice da balança de bens, que refletiu em parte fatores temporários, como já foi referido. Em janeiro de 2015, o saldo da BBS situou-se em 125 M€, valor que representa uma melhoria de 354 M€ em comparação homóloga, refletindo sobretudo a redução da importação de bens. Reforço do peso dos serviços na estrutura de exportações e importações da BBS Na estrutura da BBS, salienta-se o ligeiro reforço do peso dos serviços nas exportações totais em 2014 (de 32.0% em 2013 para 32.5%), sobretudo na componente de Viagens e turismo (de 14.9% para 16.2%), assim como nas importações totais (de 16.8% para 17.4%). Quadro 3.1.3.1: Balança de bens e serviços Exportações 2014 Importações Jan-15 2014 Saldo Jan-15 2014 Jan-15 Valor (M€) Valor (M€) Valor (M€) Peso (%) Valor (M€) Peso (%) Valor (M€) Peso (%) Valor (M€) Peso (%) Bens (FOB) 47 386 67.5 3 806 70.9 56 351 82.6 4 238 80.8 -8 965 -432 Serviços 22 817 32.5 1 560 29.1 11 871 17.4 1 004 19.2 10 946 556 671 1.0 54 1.0 330 0.5 22 0.4 340 31 Transportes 5 647 8.0 401 7.5 3 382 5.0 246 4.7 2 265 155 Viagens e turismo* 11 359 16.2 675 12.6 4 328 6.3 341 6.5 7 031 333 Direitos e serv. de telecom., informát. e de informação 1 128 1.6 95 1.8 1 380 2.0 142 2.7 -253 -47 Outros serviços forn. por empresas 3 627 5.2 300 5.6 2 150 3.2 211 4.0 1 477 89 Pessoais, culturais, recreat., Ad. Púb. 386 0.6 36 0.7 301 0.4 41 0.8 86 -5 70 203 100.0 5 367 100.0 68 222 100.0 5 242 100.0 1 982 125 Transformação, manut., reparação Total Fonte: Banco de Portugal. M€= milhões de euros. Nota: devido a diferenças de natureza metodológica, ocorre uma diferença significativa de valores na balança de bens entre este quadro e o quadro 3.1.1.1, que tem como fonte o INE. As diferenças têm origem sobretudo nas importações, em boa medida porque esta componente se encontra expressa em valores CIF nos dados do INE e em valores FOB nos do Banco de Portugal (ver nota ao quadro 3.1.1.1). * Inclui as componentes da construção, seguros, pensões e serviços financeiros, com peso reduzido. 3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços Termos de troca mais favoráveis em 2014 beneficiam a BBS A evolução da balança de bens e serviços (BBS) beneficiou de uma melhoria mais intensa dos termos de troca em 2014, traduzida num diferencial de 1.9 p.p. entre a variação do deflator das exportações e a do deflator das importações (1.6 p.p. nos bens e 0.8 p.p. nos serviços), após 1.2 p.p. e 0.6 p.p. nos dois anos precedentes. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 33 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA A evolução mais favorável dos termos de troca traduziu a queda acrescida dos preços das importações (-2.2%, após -1.9% em 2013), com origem na componente de bens (-2.7%) – influenciada pela descida dos preços da energia nos mercados internacionais – e a queda mais ligeira dos preços das exportações (-0.3%, após -0.8% em 2013), com a descida na componente de bens (-1.1%) a ser mitigada pelo aumento nos serviços (1.7%). Quadro 3.1.4.1: Evolução dos termos de troca (tvh, %) Deflator exportações, tvh (1) Bens (FOB) Serviços Total Deflator importações, tvh (2) Bens (FOB) Serviços Termos de troca (p.p.)= (1)-(2) Total Bens (FOB) Serviços Total 2012 1.7 1.6 1.7 1.0 1.6 1.1 0.7 -0.1 0.6 2013 -0.9 -0.4 -0.8 -2.3 0.5 -1.9 1.4 -0.9 1.2 2014 -1.1 1.7 -0.3 -2.7 0.9 -2.2 1.6 0.8 1.9 1T 14 -0.8 0.1 -0.5 -3.4 0.8 -2.8 2.6 -0.7 2.3 2T 14 -0.8 1.7 -0.2 -2.4 1.4 -1.9 1.6 0.2 1.7 3T 14 -1.1 3.1 0.0 -2.2 0.8 -1.7 1.1 2.3 1.7 4T 14 -1.6 1.9 -0.7 -2.9 0.5 -2.4 1.3 1.5 1.7 Fonte: INE (Contas nacionais base 2011, SEC 2010) e cálculos próprios. Tvh = taxa de variação homóloga. FOB: ver nota ao quadro 3.1.1.1. 3.2 Investimento direto Forte aumento do IDE e do investimento no exterior em 2014 Segundo dados revistos do BdP (seguindo o princípio direcional), o investimento direto estrangeiro (IDE) aumentou para 6638 M€ em 2014, cerca de quatro vezes o valor de 2013, apontando para um regresso progressivamente mais sustentado dos investidores (já não apenas interessados nas operações de privatizações), reflexo de uma maior confiança na economia nacional com a saída bem-sucedida do programa de ajustamento. Investimento direto líquido continuou positivo em 2014 O investimento português no exterior registou uma forte recuperação em 2014 (para 5023 M€), que poderá estar associada à dinâmica das exportações. O investimento direto líquido foi positivo (1615 M€), tendo diminuído ligeiramente face a 2013 (1750 M€). Os dados de janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostraram uma ligeira correção do investimento no exterior e a continuação do crescimento do IDE e do saldo líquido positivo. Quadro 3.2.1: Investimento direto (saldos acumulados no ano em M€, salvo outra indicação) Invest. Direto líquido = (1)-(2) Inv. Direto. Estrangeiro (1) Tvha (%) Inv. Direto no Exterior (2) Tvha (%) 2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15 1 750 1 615 1 682 6 638 -1 468 783 1 763 1 615 291 500 6 094 6 874 6 638 626 -73.8 294.6 -67 5 023 2868.8 s.s. 2695.9 294.6 337.1 1 968 5 310 5 110 5 023 335 -99.1 s.s. 40.3 316.5 1172.0 s.s. -32.1 Fontes: INE e BdP. Tvha =taxa de variação homóloga acumulada; M€= milhões de euros; s.s. = sem significado. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 34 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 4. FINANCIAMENTO 4.1 Taxas de juro Quadro 4.1.1: Taxas de juro 2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15 Fev-15 0.25 0.05 0.25 0.15 0.05 0.05 0.05 0.05 3 meses 0.220 0.209 0.295 0.299 0.165 0.082 0.063 0.048 6 meses 0.336 0.308 0.397 0.393 0.266 0.181 0.152 0.126 12 meses 0.536 0.475 0.563 0.570 0.440 0.334 0.298 0.255 Yield PT, 10 anos (a) 6.29 3.75 4.86 3.66 3.45 3.05 2.49 2.32 Yield Área Euro, 10 anos 3.00 2.05 2.66 2.23 1.80 1.50 1.14 1.05 Yield Alemanha, 10 anos (b) 1.57 1.16 1.61 1.35 0.99 0.70 0.39 0.30 Prémio de risco de PT = (a) –(b) 4.72 2.59 3.25 2.31 2.45 2.35 2.10 2.02 Taxa de juro média pond. em PT 6.39 5.53 6.04 5.78 5.37 4.94 4.97 Tx. de juro média pond. na A. Euro 3.78 3.52 3.78 3.69 3.42 3.17 2.99 Taxas de juro (%) Mercado monetário Taxa “Refi” do BCE (fim de período) Taxas Euribor (valores médios) Dívida soberana: OT (valores médios) Crédito a empresas Novas operações até 1 M€ (exclui descobertos bancários) Fontes: EMMI (European Money Markets Institute), BdP, BCE e Eurostat. OT = Obrigações do Tesouro; PT = Portugal; Taxa “Refi” do BCE = taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema. Figura 4.1.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %) 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,255 0,2 0,126 0,1 0,048 Fonte: BdP Taxas Euribor com forte descida em 2014 Euribor 3m Euribor 6 m Fev-15 Jan-15 Dez-14 Nov-14 Out-14 Set-14 Ago-14 Jul-14 Jun-14 Mai-14 Abr-14 Mar-14 Fev-14 0,0 Euribor 12 m Em dezembro de 2014, as taxas Euribor recuaram para mínimos históricos mensais de 0.081% no prazo de três meses, 0.176% a seis meses e 0.329% a 12 meses, descendo de ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 35 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA forma acentuada face ao final de 2013 (0.274%, 0.371% e 0.543% nos prazos referidos), refletindo a política monetária mais expansionista do BCE. O movimento de descida prosseguiu em janeiro e em fevereiro com a adoção do programa Novas medidas do BCE reforçam descida das Euribor no início de 2015 alargado de compra de ativos do BCE. Em fevereiro, os valores médios mensais atingiram mínimos de 0.048% a três meses, 0.126% nos seis meses e 0.255% nos doze meses. Já em março, as taxas de juro diárias recuaram para mínimos de 0.021%, 0.088% e 0.201%, respetivamente, no dia 25. Nos prazos mais curtos, até um mês, a Euribor registou mesmo valores negativos, a refletir o valor negativo da taxa da facilidade de depósito no BCE. No mercado secundário de dívida pública, a yield média a 10 anos de Portugal recuou de 6.04% em dezembro de 2013 para 2.81% em dezembro de 2014 (de 6.29% para 3.75% em média anual), traduzindo a conclusão bem-sucedida do PAEF, o sucesso das emissões de dívida em mercado primário, a retoma da economia nacional e o contexto de atenuação da crise de dívidas soberanas na Europa, para o que contribuiu a política monetária expansionista do BCE. Já em 2015, a yield nacional acentuou a descida em janeiro e fevereiro (valores médios mensais de 2.49% e 2.32%, respetivamente) com o anúncio do programa alargado de compra Yield das OT a 10 de ativos do BCE (incluindo dívida soberana nacional), atingindo mínimos históricos e reduzindo anos em mínimos históricos, mas ainda a 3ª mais elevada da A. Euro o diferencial face à Alemanha para 2.02 p.p., que traduz o prémio de risco-país. Todavia, a yield soberana de Portugal a 10 anos registava ainda o terceiro valor mais elevado da Área Euro em fevereiro, apenas abaixo dos valores do Chipre (6.0%) e da Grécia (9.72%), que contrariou a tendência de descida na zona em face da tentativa de renegociação do programa de assistência desse país por parte do novo Governo do Syriza. No dia 20 de março, a yield nacional a 10 anos situou-se em 1.66%, próximo de um mínimo histórico. Figura 4.1.2: Yields soberanas a 10 anos de alguns países da Área Euro (%) 12 10 9,72 8 6 4 Fonte: Eurostat Espanha ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA Grécia Jan-15 Fev-15 Dez-14 Out-14 Irlanda Nov-14 Set-14 Jul-14 Ago-14 Jun-14 Mai-14 Abr-14 Mar-14 Fev-14 Jan-14 Dez-13 Nov-13 Set-13 Alemanha Out-13 Ago-13 Jul-13 Jun-13 Mai-13 0,30 Abr-13 0 Mar-13 2,32 Fev-13 2 Portugal 36 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Figura 4.1.3: Taxas de juro sobre novas operações (até 1 M€, excluindo descobertos bancários) a sociedades não financeiras por inst. fin. monetárias (médias ponderadas, %) 8 7 6 5 4.97 4 3 2.37 2 1.76 Fontes: BCE, Eurostat Dez-14 Out-14 Ago-14 Jun-14 Abr-14 Fev-14 Dez-13 Out-13 Ago-13 Jun-13 Abr-13 Fev-13 Dez-12 Out-12 Ago-12 Jun-12 Abr-12 Fev-12 Dez-11 Out-11 Ago-11 Jun-11 1 Chipre Alemanha Espanha França Grécia Irlanda Itália Luxemburgo Portugal Zona Euro A taxa de juro média dos empréstimos às Sociedades Não Financeiras (operações até Taxa de juro do crédito às empresas em mínimo de mais de 15 anos em dezembro, mas corrige em alta em janeiro de 2015 e permanece a 3ª mais alta da A. Euro 1 M€) recuou de forma significativa em 2014, atingindo um mínimo de mais de quinze anos no final do ano (4.68%, após 5.89% em dezembro de 2013), a refletir a conclusão bem-sucedida do PAEF e as medidas expansionistas do BCE. Já em janeiro de 2015, a taxa nacional registou uma correção em alta (para 4.97%), à semelhança de outros países da Área Euro (cuja média se situou em 2.99%), permanecendo a terceira mais elevada, apenas abaixo dos valores do Chipre, da Grécia (neste caso, o último valor disponível data de maio de 2014) e da Irlanda. 4.2 Crédito bancário Quadro 4.2.1: Stock de crédito (final de período) Crédito interno total (M€) Tvh (%) Crédito a soc. não financeiras Tvh (%) Crédito à Ind. Transf. Tvh (%) 2013 2014 Mar-14 Jun-14 Set- 14 Dez-14 Jan-15 330 632 311 342 324 639 321 154 316 092 311 342 309 372 -4.0 -5.8 -4.6 -5.7 -6.5 -5.8 -6.3 115 704 101 094* 114 788 112 085 110 789 101 094* 100 882 -6.1 s.s. -5.6 -7.5 -5.6 s.s. s.s. 13 241 13 115* 13 297 13 469 13 353 13 115* 13 334 -2.6 s.s. -2.1 -2.1 -0.5 s.s. s.s. Fonte: BdP. Tvh =taxa de variação homóloga; M€= milhões de euros; s.s.=sem signifciado. *Quebra de série. Crédito interno continua a cair em 2014 e em janeiro de 2015 Os dados do stock de crédito interno mostram que em dezembro de 2014 se registava uma variação homóloga de -5.8% (menos 19.3 mil M€), representando um agravamento face ao final de 2013 (-4.0%). Quanto à evolução nos setores institucionais, devido à quebra de série ocorrida em dezembro de 2014 (motivada pela reclassificação setorial introduzida com o novo sistema europeu de contas SEC 2010), com alterações significativas dos dados, a análise considera os valores de novembro de 2014 para aferir a evolução no ano. Nesse mês, o stock ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 37 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA de crédito interno registava uma queda homóloga de 6.4%, também em agravamento face a dezembro de 2013, com origem nos setores institucionais Administrações Públicas (de -0.5% para -13.8%) e Sociedades Financeiras (de -0.4% para -9.2%). Em sentido contrário, as taxas de variação homólogas tornaram-se menos negativas para os Particulares (de -4.4% para -3.4%) e para as Sociedades Não Financeiras (de -6.1% para -6.0%), mas apenas de forma marginal neste caso. Não obstante um desagravamento face a 2013, as Sociedades Não Financeiras voltaram a apresentar o maior decréscimo no crédito concedido em valor absoluto (-5.7 mil M€, após -7.6 mil M€ em 2013), seguidas pelos Particulares (-3.9 e -5.9 mil M€), pelas Sociedades Financeiras (-3.8 e -0.2 mil M€) e pelo Governo (-2.8 e -0.2 mil M€). Em janeiro de 2015, o crédito interno reduziu-se 1.97 mil M€ face ao mês precedente, com variações de -1.14 mil M€ nas Administrações Públicas, -0.47 mil M€ nos Particulares, -0.21 mil M€ nas Sociedades Não Financeiras e -0.15 mil M€ nas Sociedades Financeiras. Figura 4.2.1: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não financeiras (M€ e tvh em %) 160000 0% -1% 140000 100 882 120000 -2% -3% 100000 -4% 80000 -5% -6% 60000 -7% -6.4% 40000 -8% 20000 -9% Fonte: BdP. Quebra de série em dez-14 Stock de crédito interno às soc. não fin. (esc. esq.) Jan-15 Set-14 Nov-14 Jul-14 Mai-14 Mar-14 Jan-14 Set-13 Nov-13 Jul-13 Mai-13 Mar-13 Jan-13 Set-12 Nov-12 Jul-12 Mai-12 Mar-12 Jan-12 Set-11 Nov-11 Jul-11 Mai-11 -10% Mar-11 0 Jan-11 Sociedades Não Financeiras voltam a registar uma forte queda do crédito em 2014, apesar de um ligeiro desagravamento homólogo tvh (esc. dta.) Figura 4.2.2: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de atividade (saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€) Construção 14.940 Indústria transformadora 13.334 Comércio 12.202 Atividades imobiliárias 11.708 Transportes e armazenagem 6.706 Atividades de consultoria, técnicas… 5433 SGPS 5329 Alojamento, restauração e similares 4.697 Eletricidade, gás, vapor e água; … 4.117 Educação, saúde e outras … Agricultura, produção animal, … Outras atividades 3933 2.057 1.200 0 5.000 Fonte: BdP. Nota: quebra de série em Dez-14 ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 10.000 dez-13 nov-14 15.000 dez-14 20.000 jan-15 38 1T 15 Crédito apenas melhora na IT e na agricultura em 2014 e só na IT em janeiro de 2015 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Por setor de atividade, onde também há quebras de série pelos motivos acima referidos, apenas a indústria transformadora e a agricultura e pescas tiveram um aumento do crédito entre dezembro de 2013 e novembro de 2014 (109 M e 106 M€, respetivamente). Entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, apenas a IT registou um aumento de crédito (219 M€). Figura 4.2.3: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não financeiras: PME, grandes empresas e exportadoras (tva, %) 4,0 2,5 1,5 2,0 0,9 0,0 -2,0 -1,6 -4,0 -4,0 -3,9 -4,8 -6,0 -8,0 -6,7 -7,8 -10,0 PME Grandes empresas Dez-13 Fonte: BdP Dez-14 Empresas exportadoras Jan-15 Ainda nas Sociedades Não Financeiras, o ano de 2014 saldou-se por uma redução menos Menor queda do crédito a PME e maior nas grandes empresas em 2014 acentuada do financiamento bancário às PME (taxa de variação anual, tva, de -4.0% em dezembro de 2014, após -6.7% no final de 2013) e mais forte nas grandes empresas (-7.8% e -1.6%, respetivamente), mas apenas porque estas revelaram preferência por outras fontes de financiamento com o reacesso aos mercados internacionais após a conclusão bem-sucedida do programa de assistência externa. O crédito às empresas exportadoras continuou a aumentar Crédito às empresas exportadoras acelera em janeiro em dezembro de 2014, ainda que em abrandamento face ao final de 2013 (de uma tva de 1.5% para 0.9%), mas o ritmo de crescimento aumentou já em janeiro de 2015. Nesse mês, a tendência de desagravamento prosseguiu nas PME, enquanto a queda do crédito às grandes empresas foi menos acentuada.11 4.3 Mercado de capitais Em 2014, o valor transacionado no mercado secundário a contado aumentou 27.3% em termos anuais, para 39668.7 M€, valor que se distribuiu entre 38816.4 M€ na Euronext Lisbon (com uma subida de 27.8%) e, ao nível dos sistemas de negociação multilateral (com menores exigências de listagem, por isso mais apropriados à participação das PME), 828.5 11 Nota: os dados deste parágrafo não são diretamente comparáveis com os anteriores, por incluírem empréstimos de instituições não monetárias, mas excluírem o crédito titularizado. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 39 1T 15 Subida do valor transacionado em bolsa em 2014, com origem na Euronext (sobretudo ações) e na EasyNext Lisbon (sobretudo certificados) Capitalização bolsista cresce em 2014 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA M€ na EasyNext Lisbon (15.7%) e 23.7 M€ no PEX (-61.9%). O valor negociado na AlterNext Lisbon não atingiu 1 M€, mas sabe-se que se reduziu para perto de zero. Considerando os segmentos com maior peso em cada mercado, a subida homóloga das transações na EuroNext Lisbon foi fortemente influenciada pelas ações (tvh de 26.9%; peso de 96.6% nas sessões normais), enquanto na EasyNext Lisbon se destacou a progressão nos certificados (22.5%; 77.6%) e no PEX o recuo nas obrigações (-61.9%; 100%). Em dezembro de 2014, a capitalização bolsista atingiu 240262.5 M€ na EuroNext Lisbon (tvh de 6.3%), 3231.7 M€ na EasyNext Lisbon (0.4%) e 64.3 M€ na AlterNext Lisbon (732.5%). Já em 2015, os dados de janeiro a fevereiro, ainda pouco representativos, mostram uma correção em baixa do valor transacionado (tvh de -32.7%: -32.8% na Euronext Lisbon e -26.2% nos sistemas de negociação multilateral). No que se refere à capitalização, em fevereiro registava-se algum abrandamento na Euronext e na Alternext (mas mantendo ainda um forte crescimento homólogo) e uma aceleração na Easynext. Quadro 4.3.1: Transações e capitalização bolsista (M€, salvo outra indicação) Valor transacionado Mercados regulamentados 2013 2014 Jan-Fev 15 30 383.3 38 816.4 5 020.5 27.8% -32.8% 30 383.3 38 816.4 Tvh (%) Euronext Lisbon Tvh (%) Sistemas de neg. multilateral 778.1 Tvh (%) EasyNext Lisbon 715.8 Tvh (%) AlterNext Lisbon 0.0 Tvh (%) PEX 62.3 Tvh (%) Total (merc. secund. contado) Tvh (%) 31 161.4 Capitalização bolsista Dez-13 Dez-14 Jan-Fev 15 5 020.5 226 057.0 240 262.5 262 626.7 27.8% -32.8% 8.7% 6.3% 5.6% 852.3 129.9 9.5% -26.2% 828.5 128.1 3 220.1 3 231.7 3 698.0 15.7% -24.4% 25.2% 0.4% 6.5% 0.0 0.0 7.7 64.3 63.0 -96.2% s.s. 0.0% 732.5% 579.6% 23.7 1.8 -61.9% -73.1% 39 668.7 5 150.4 27.3% -32.7% Fonte: CMVM. Tvh = taxa de variação homóloga; s.s.=sem significado. O índice acionista de referência PSI-20 desvalorizou-se 26.8% em 2014, em comparação PSI-20 recua 26.8% em 2014, mas recupera até março de final de período (atingindo 4798.99 pontos na última sessão do ano), mas recuperou parte das perdas em janeiro e fevereiro (variações mensais de 7.2% e 10.6%, respetivamente), mês que encerrou em 5689.70 pontos. Já em março, o PSI-20 atingiu 6015.48 pontos no dia 25, traduzindo uma subida de 25.3% desde o início do ano. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 40 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 5. MERCADO DE TRABALHO A taxa de desemprego situou-se em 13.5% no quarto trimestre de 2014, valor que Taxa de desemprego recua de 16.2% em 2013 para 13.9% em 2014 (13.5% no 4º trimestre) representa uma redução face ao período homólogo (15.1%) e um aumento face ao mínimo de três anos registado no trimestre anterior (13.1%), mas note-se que neste caso a variação pode ser influenciada por sazonalidade. O número de desempregados reduziu-se 13.6% em termos homólogos, o emprego aumentou 0.5% e a população ativa recuou 1.6%. A taxa de desemprego anual reduziu-se para 13.9% em 2014, após um máximo de 16.2% em 2013. Figura 5.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração (%, sem correção de sazonalidade) 42,5 45 37,9 38,1 40 35 37,5 34,8 30,3 32,2 28,0 30 25 20 15 12,7 34,0 15,5 16,2 17,5 13,9 13,1 13,5 15,1 12,4 2T 14 1T 14 4T 13 3T 13 2T 13 1T 13 4T 12 3T 12 2T 12 1T 12 4T 11 3T 11 8,8 8,7 4T 14 9,6 10,4 6,6 2T 11 9,1 1T 11 10,0 2014 8,4 2013 2011 0 6,7 2012 5 3T 14 10 Taxa de desemprego total Taxa de desemprego jovem (15-24 anos) Fonte: INE Taxa de desemprego de longa duração (12 ou mais meses) Em variação absoluta, o aumento homólogo do emprego (22.7 mil pessoas) absorveu apenas parte da queda acentuada do número de desempregados (109.7 mil), traduzindo-se numa redução significativa da população ativa (87.0 mil) apenas parcialmente justificada pelo aumento dos inativos (26.4 mil). Setor secundário lidera aumento homólogo do emprego Dos dados mais detalhados do emprego, realça-se que o aumento homólogo do emprego teve origem nos setores secundário e terciário (3.3% e 2.1%, respetivamente), mais do que compensando a queda no setor primário (-17.5%), e que os contratos de trabalho com termo foram os que mais aumentaram entre os trabalhadores por conta de outrem (variação homóloga de 6.5%, face a 3.7% nos sem termo). No que se refere ao desemprego, foi o setor primário que registou a variação homóloga mais negativa (tvh de -25.5%, face a -19.4% no setor secundário e -13.6% no secundário). Desemprego desce menos nas qualificações intermédias Por grau de qualificação, a redução homóloga do desemprego foi superior nas pessoas com ensino superior (tvh de -16.6%), seguida das que possuem apenas ensino básico (-14.7%) e das que têm como habilitações o ensino secundário ou pós-secundário (-9.2%). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 41 1T 15 Recuo das taxas de desemprego jovem e de longa duração ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA É também de realçar a queda homóloga da taxa de desemprego de longa duração (para 8.7%) e da taxa de desemprego jovem (para 34.0%) no quarto trimestre. Quadro 5.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE 4T 13 3T 14 4T 14 Tvh (%) Tvc (%) 5 276.8 5 254.0 5 189.8 -1.6 -1.2 50.6 50.6 50.1 4 468.9 4 565.1 4 491.6 0.5 -1.6 422.4 407.3 348.5 -17.5 -14.4 Sector Secundário 1 041.0 1 089.7 1 074.9 3.3 -1.4 Sector Terciário 3 005.5 3 068.2 3 068.2 2.1 - 3 514.1 3 676.5 3 659.4 4.1 -0.5 Com contrato de trabalho sem termo 2 768.3 2 864.6 2 869.9 3.7 0.2 Com contrato de trabalho com termo 614.7 683.6 654.7 6.5 -4.2 3 População ativa (10 indivíduos) Taxa de atividade (%) População empregada (103) Sector Primário 3 Trabalhadores por conta de outrem (10 ) População desempregada (103) 808.0 688.9 698.3 -13.6 1.4 Ensino básico: até 3º ciclo 449.7 390.6 383.6 -14.7 -1.8 Ensino secundário ou pós-secundário 215.9 183.2 196.0 -9.2 7.0 Ensino superior 142.3 115.1 118.7 -16.6 3.1 3 Desemp. à procura de novo emprego (10 ) 722.8 595.6 615.5 -14.8 3.3 Oriundos do Sector Primário 18.8 12.9 14.0 -25.5 8.5 Oriundos do Sector Secundário 239.4 188.5 193.2 -19.3 2.5 Oriundos do Sector Terciário 438.6 367.7 378.8 -13.6 3.0 15.3 13.1 13.5 Homens 14.8 12.3 13.1 Mulheres 15.9 14.0 13.8 Jovens (15-24 anos) 36.1 32.2 34.0 Longa duração (12 ou mais meses) 9.7 8.8 8.7 Norte 16.4 14.3 14.2 -2.2 -0.1 Centro 10.5 10.5 10.7 0.2 0.2 Lisboa 17.2 14.0 14.0 -3.2 0.0 Alentejo 15.6 12.6 14.5 -1.1 1.9 Algarve 17.0 11.2 14.9 -2.1 3.7 R. A. Açores 17.3 15.7 15.5 -1.8 -0.2 Taxa de desemprego (%) Regiões R. A. Madeira População inativa (103 indivíduos) 17.0 13.0 15.1 -1.9 2.1 5 151.6 5 127.4 5 178.0 0.5 1.0 Fonte: INE. Tvh(c)= taxa de variação homóloga (em cadeia). Redução homóloga da taxa de desemprego em todas as regiões, exceto no Centro, que mantém o valor mais baixo (10.7%) Nas regiões, a maior descida homóloga ocorreu em Lisboa (3.2 p.p., para 14.0%), seguida do Norte (2.2 p.p., para 14.2%), do Algarve (2.1 p.p., para 14.9%), da R. A. da Madeira (1.9 p.p., para 15.1%), da R. A. dos Açores (1.8 p.p., para 15.5%, o máximo nacional) e do Alentejo (1.1 p.p., para 14.5%). Apenas a região Centro registou uma subida homóloga da taxa de desemprego (0.2 p.p, para 10.7%), mas o valor continuou a ser o mais baixo a nível nacional. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 42 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS O índice global de matérias-primas do FMI recuou pelo terceiro ano seguido em 2014 (-6.3%), a refletir o fraco crescimento da economia global, o abrandamento na China (com forte impacto no índice dos metais, que recuou -10.3%), o fim do programa de compra de ativos da Fed e o impacto mundial da exploração de gás e petróleo de xisto nos EUA, que voltou a penalizar o índice da energia (-7.5%, incluindo -9.1% no brent). Em 2015, o índice global caiu 12.1% em janeiro e subiu 5.5% em fevereiro, com origem na energia (12.3%). Quadro 6.1: Índices e cotações das matérias-primas (médias de período) 2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Jan-15 Fev-15 -1.6 -6.3 0.1 1.4 -5.3 -16.8 -12.1 5.5 Índices (tvc, %) Índice global de matérias-primas (100%) Índice de m.p. agrícolas (7.7%) 1.6 1.9 1.2 0.4 -2.9 -2.6 -0.5 0.9 Índice de metais (10.7%) -4.3 -10.3 -4.2 -3.4 0.5 -7.3 -5.7 -2.2 Índice da energia (63.1%) -1.8 -7.5 -0.6 1.7 -5.7 -22.8 -18.7 12.3 Índice de alimentação e bebidas (18.5%) -0.1 -2.1 4.7 3.1 -7.6 -4.7 -2.7 -3.3 90.40 83.10 93.99 92.60 77.07 68.72 67.35 69.84 Preços de mat.-primas industriais Algodão (cts. $/libra de peso) Tvc (%) Cobre ($/tonelada) Tvc (%) Minério de ferro ($/tonelada) Tvc (%) Petróleo (barril de brent, $) Tvc (%) 1.3 -8.1 7.8 -1.5 -16.8 -10.8 -1.4 3.7 7331.5 6863.4 7030.2 6795.3 6995.8 6632.3 5830.5 5729.3 -7.9 -6.4 -1.9 -3.3 3.0 -5.2 -9.6 -1.7 135.4 96.8 120.4 102.6 90.3 74.0 67.4 62.7 5.3 -28.5 -10.7 -14.8 -12.0 -18.0 -2.1 -7.0 108.8 98.9 107.9 109.8 102.1 76.0 48.4 57.9 -2.8 -9.1 -1.3 1.7 -7.0 -25.6 -22.1 19.6 Fonte: FMI. Tvc = taxa de variação em cadeia; cts=cêntimos. Figura 6.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais: metais, matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais) 300 250 200 150 100 50 Fonte: FMI M.P. Agrícolas ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA Metais Set-14 Jan-15 Jan-14 Mai-14 Set-13 Mai-13 Set-12 Jan-13 Jan-12 Energia Mai-12 Set-11 Mai-11 Set-10 Jan-11 Mai-10 Set-09 Jan-10 Mai-09 Set-08 Jan-09 Mai-08 Set-07 Jan-08 Mai-07 Set-06 Jan-07 Mai-06 Set-05 Jan-06 Jan-05 0 Mai-05 Índice global de matérias-primas cai pelo 3º ano seguido em 2014 com descidas acentuadas nos metais e energia Índice global M.P. 43 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 7. CUSTOS DA ENERGIA 7.1 Eletricidade No segundo semestre de 2014, os preços sem IVA e outros impostos dedutíveis da eletricidade pagos pela indústria nacional registaram variações homólogas mais baixas nos dois primeiros escalões e mais altas nos seguintes, por comparação com o semestre anterior, mas ainda com valores moderados ou mesmo negativos (no quarto e no quinto escalões). Portugal na metade de países com preços da eletricidade (sem impostos) mais altos da UE no 2º semestre Portugal continuou a situar-se na metade de países da UE (cuja média ainda não está disponível no segundo semestre) em que a indústria mais paga pela eletricidade, sobretudo nos primeiros escalões, onde se situam as PME, sendo ainda de notar que Portugal tem défice e dívida tarifários, não repercutidos no preço, uma situação só com paralelo em Espanha. Quadro 7.1.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) da eletricidade na indústria (€/KWh) Portugal UE (28) 2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 #UE 28 (sem imp., taxas) 2S 13 1S 14 0.1836 0.1910 0.1868 6º em 25 (9º em 25) 0.1929 0.1903 4.4 1.9 8º em 25 (6º em 25) 0.1423 0.1479 3.2 4.7 6º em 25 (7º em 25) 0.1185 0.1234 2.4 3.2 9º em 25 (8º em 25) 0.1065 0.1085 1.9 1.7 0.0945 0.0945 0.7 0.1 0.0841 0.0852 -0.5 -2.0 Bandas de consumo IA: Consumo < 20 MWh IBTvh (%) IB: [20Wh; 500 MWh [ Tvh (%) IC: [500Wh; 2 000 MWh [ Tvh (%) ID: [2 000; 20 000 MWh [ Tvh (%) IE: [20 000Wh; 70 000 MWh [ Tvh (%) IF: [70 000; 150 000 MWh] Tvh (%) 1.3 2.8 1.7 0.1406 0.1494 0.1442 0.4 3.4 2.6 0.1138 0.1162 0.1187 -0.9 0.8 4.3 0.1025 0.1010 0.1008 -1.4 -3.0 -1.7 0.0910 0.0842 0.0879 -1.0 -8.2 -3.4 0.0818 0.0761 0.0838 0.4 -6.7 2.4 9º em 25 (11º em 25) 9º em 23 (10º em 23) Fonte: Eurostat. # UE 28 (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos dedutíveis (sem todos os impostos e taxas) na UE 28; Mwh= megawatts/hora.; tvh= taxa de variação homóloga. Nota: não há dados para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão de consumo acima de 150 000 MWh. A posição no ranking de preços não se altera muito quando se exclui a totalidade de impostos e taxas (permitindo aferir os preços de mercado sem a influência global da fiscalidade), sendo menos gravosa na maioria dos escalões, com exceção do segundo e do quarto (em que Portugal sobe duas e uma posição, respetivamente). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 44 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 7.2 Gás natural Crescimento acentuado dos preços do gás à indústria no 2º semestre de 2014 Preços do gás natural (sem impostos) na indústria em Portugal entre os mais altos da UE No segundo semestre de 2014, os preços do gás natural da indústria sem IVA e outros impostos dedutíveis registaram variações homólogas significativamente mais altas que no trimestre anterior, com exceção do primeiro escalão (onde se verificou um abrandamento), em todos os casos com valores acima de 5%, que contrastam com a descida observada nas cotações internacionais de produtos energéticos durante esse período (ver quadro 6.1). No caso do gás natural à indústria, os preços médios nacionais (sem IVA e outros impostos e taxas dedutíveis) são mesmo os mais elevados entre os países europeus com informação disponível, sobretudo nos dois primeiros escalões de consumo (1ª posição nos dois casos). Quadro 7.2.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) do gás natural na indústria (€/GJ) Portugal UE (28) 2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 #UE (sem imp. taxas) 2S 13 1S 14 20.46 20.59 21.73 1º em 24 (1º em 24) 15.40 14.58 1.4 -2.0 1º em 25 (1º em 25) 13.28 13.04 5.9 -4.8 2º em 25 (1º em 25) 11.12 10.93 4.9 -4.7 3º em 25 (1º em 25) 9.45 9.08 1.3 -4.7 5º em 20 (1º em 20) 8.53 8.28 -2.7 -6.2 Bandas de consumo I1: Consumo < 1 000 GJ IBTvh (%) 11.8 10.5 6.2 I2: [1 000; 10 000 GJ [ 16.05 16.02 16.91 Tvh (%) I3: [10 000; 100 000 GJ [ Tvh (%) I4: [100 000; 1 000 000 GJ [ Tvh (%) I5: [1 000 000; 4 000 000 GJ] Tvh (%) 6.4 4.7 5.4 11.66 11.86 13.17 0.0 1.7 13.0 10.03 10.10 11.40 -2.1 -0.8 13.7 9.27 9.56 9.97 -5.3 -0.6 7.6 Fonte: Eurostat. # UE (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos e taxas dedutíveis (sem todos os impostos e taxas) nos países com informação disponível da UE. ; GJ= gigajoules; tvh= taxa de variação homóloga. Nota: não há dados para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão acima de 4 000 000 GJ. Excluindo todos os impostos e taxas, verifica-se que Portugal passa para primeiro lugar também nos escalões quatro e cinco. 7.3 Combustíveis Preço do gasóleo sem impostos cai 8.4% em 2014, ficando já pouco acima da média da UE O preço do gasóleo rodoviário sem impostos foi o 13º mais alto da UE em 2014, traduzindo-se num valor ligeiramente superior à média europeia (0.696 e 0.681 €/litro, respetivamente), tendo a distância sido encurtada devido à queda anual relativamente mais forte em Portugal (variação anual de -8.4%, face a -6.3% na UE). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 45 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA No entanto, o preço de venda ao público (com impostos) situou-se abaixo da média europeia (1.311 e 1.398 €/litro, respetivamente) devido a um peso da tributação inferior à UE Preço do gasóleo com impostos abaixo da média da UE mas igual ao de Espanha em 2014 (46.9% e 51.3% do preço final), situando-se apenas na 19ª posição entre os países da UE (28) com preços mais elevados, abaixo do meio da tabela. Na comparação com Espanha, o preço do gasóleo nacional em 2014 foi inferior antes de impostos (0.696 e 0.713 €/litro, respetivamente) e igual após impostos (1.311 €/litro), devido a uma fiscalidade mais elevada em Portugal (46.9%, face a 45.7% em Espanha). Quadro 7.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro) 2013 2014 Jan-15 Fev-15 0.760 0.696 0.523 0.562 -6.5 -8.4 -29.4 -28.1 8º 13º 10º 0.727 0.681 0.500 -5.7 -6.3 -29.1 1.387 1.311 1.138 1.186 -4.4 -5.5 -16.7 -15.6 Preço do gasóleo rodoviário sem impostos Portugal Tvh (%) Ranking na UE (28) UE (28) Tvh (%) Preço de venda ao público do gasóleo rodoviário Portugal Tvh (%) Ranking na UE (28) 15º 19º 16º 1.445 1.398 1.193 -3.1 -3.2 -16.2 Portugal 45.2 46.9 54.0 UE (28) 49.7 51.3 58.1 UE (28) Tvh (%) Peso da tributação no preço (%) Fonte: DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia). Nota: a tributação inclui o IVA (dedutível) e o ISP, do qual estão isentas as instalações abrangidas pelo CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão) e as empresas abrangidas pelos ARCE (Acordos de Racionalização de Consumos Energéticos) – nº 2 do artº 89 do CIEC (Código dos Impostos Especiais sobre o Consumo). Já em 2015, o preço do gasóleo antes de impostos registou uma queda homóloga acentuada Recuperação mensal do preço do gasóleo em fevereiro em janeiro (-29.4%) e fevereiro (-28.1%), embora já com uma recuperação mensal significativa neste mês (7.5%). Em janeiro, o preço antes de impostos era o décimo mais elevado da UE, registando um valor acima da média (0.523 e 0.500 €/litro, respetivamente), enquanto o valor com impostos era o 16º mais elevado, ligeiramente abaixo da média. No dia 23 de março, o preço do gasóleo situou-se em 0.592 €/litro antes de impostos e 1.223 €/litro após impostos, evidenciando uma subida face aos valores médios de fevereiro. Perspetivas para a cotação do petróleo sugerem maior estabilidade do preço do gasóleo em 2015 A evolução dos preços dos combustíveis reflete a cotação do petróleo, que depois de uma queda acentuada na parte final de 2014 corrigiu em alta no início deste ano, mas a perspetiva é de que se mantenha a um nível baixo em 2015 (ver secção 2.2). No dia 25 de março, o preço do barril de brent situou-se em 55.65 dólares, abaixo da média de fevereiro (ver secção 6). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 46 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS 8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação Em 2014 observou-se uma melhoria de 0.5% da competitividade-preço em Portugal (correspondente a uma depreciação no Índice de Taxa de Câmbio Real Efetiva, ITCRE, medido com o deflator IPC face a 42 parceiros comerciais12), após uma deterioração ligeira em 2013 (0.3%), com o efeito desfavorável da apreciação cambial do euro (aferida pelo Índice de Competitividade preço recupera no 2º semestre com depreciação cambial induzida pelo BCE e manutenção de um diferencial de inflação negativo Taxa de Câmbio Nominal Efetiva, ITCNE, medido também face a 42 parceiros comerciais) a ser mais do que compensado pelo efeito favorável do diferencial de inflação negativo face ao exterior (-1.3 p.p.). A melhoria da competitividade foi conseguida apenas na segunda metade do ano (1.3% no terceiro trimestre e 1.7% no quarto trimestre, em termos homólogos), altura em que o euro começou a depreciar-se devido à política mais expansionista do BCE. Figura 8.1.1: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de diferencial de preços face ao exterior: 42 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.) 2,2 2,5 2,0 1,9 1,7 1,5 0,8 1,0 0,5 0,8 0,3 0,3 0,1 0,0 -0,5 -0,5 -1,0 -1,5 -0,8 -0,9 -1,4 -1,3 -2,0 2013 Fonte: Comissão Europeia 2014 -1,4 1T 14 -1,6 2T 14 -1,3 -1,4 3T 14 -1,7 4T 14 Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-preço (ITCRE_IPC, tvh em %) Componente cambial (ITCNE, tvh em %) Componente preços (diferença em p.p.) A taxa de inflação medida pelo IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) recuou para um valor negativo em 2014 (de 0.4% para -0.2%; de 0.3% para -0.3% no IPC e de 0.2% Diferencial de inflação face à UE torna-se ligeiramente positivo em janeiro e fevereiro para 0.1% no IPC exceto energia e bens alimentares não transformados), levando a um diferencial face à UE de -0.8 p.p., que explicou boa parte da melhoria da competitividadepreço no ano, sendo o principal determinante do diferencial face ao exterior. Em janeiro e fevereiro, o diferencial de inflação homóloga face à UE passou a ser ligeiramente positivo. Salienta-se também a maior proximidade entre a taxa de inflação homólogas da UE e a dos EUA, que em 2014 registou um valor claramente superior (1.6%, face a 0.6% na UE). 12 42 parceiros: 37 parceiros [UE (28)+9 outros países industrializados (Austrália, Canadá, EUA, Japão, Noruega, Nova Zelândia, México, Suíça e Turquia)]+5 outros países industrializados (Rússia, China, Brasil, Coreia do Sul e Hong Kong). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 47 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Figura 8.1.2: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC), e diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.) 3,0 2,0 1,0 0,4 -0,2 0,0 -0,1 0,1 0,0 -0,3 -0,2 0,1 -0,1 -0,4 -0,8 -0,9 -0,9 -0,8 2T 14 3T 14 -1,1 1T 14 -1,0 2014 -0,2 Fonte: Eurostat e BLS Diferencial PT-UE Portugal UE (28) fev-15 jan-15 4T 14 2013 -2,0 EUA A taxa de inflação negativa em 2014 (-0.2%, medida pelo IHPC) teve origem na componente de bens (-1.1%), que contrariou a subida na componente de serviços (1.1%), uma tendência que prosseguiu em janeiro e fevereiro de 2015, considerando as variações homólogas. Figura 8.1.3: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %) 2 1,6 2 1,1 1,1 1 1 0 0,6 0,4 -0,2 -0,3 -0,1 -0,2 -0,1 -0,3 -0,4 -0,7 -0,9 -1,1 -1,4 -1,6 Fontes: BdP, INE 2014 -1,0 -1,1 -2 2013 1,2 0,0 -1 -2 1,0 0,6 0,1 0,0 -1 1,2 1,0 4T 13 1T 14 2T 14 IHPC, total (tvh, %) 3T 14 4T 14 IHPC, serviços (tvh, %) jan-15 fev-15 IHPC, bens (tvh, %) Quanto ao câmbio euro/dólar (cuja evolução é um bom previsor da ITCNE de Portugal em Forte depreciação do euro face ao dólar a partir do 4T termos de alteração de andamento, dada a influência sobre os outros câmbios), os dados do quarto trimestre mostraram uma depreciação homóloga de -8.2% (após valores de 0.0%, 4.9% e 3.7% nos trimestres anteriores), incluindo -10.0% em dezembro. A queda acentuou-se em janeiro (-14.6%) e fevereiro (-16.9%, para 1.1350 dólares por euro), em consequência do programa alargado de compra de ativos do BCE e dos receios de saída da Grécia da Área Euro (na sequência do pedido de renegociação do programa de ajuda por parte do novo governo do Syriza), o que favorece a melhoria da competitividade-preço. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 48 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Figura 8.1.4: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal) 1,5770 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,1350 1,0 0,9 Jan-15 Mai-14 Set-13 Jan-13 Mai-12 Set-11 Jan-11 Mai-10 Set-09 Jan-09 Mai-08 Set-07 Jan-07 Mai-06 Set-05 Jan-05 Mai-04 Set-03 Jan-03 Mai-02 Set-01 Jan-01 Mai-00 Set-99 Jan-99 0,8 Fonte: BdP 8.2 Competitividade pelos custos laborais Competitividadecusto melhora 0.9% em 2014, suportada pelo diferencial negativo de variação dos CLU face ao exterior Em termos de competitividade-custo (avaliada pelo ITCRE medido com o deflator CLU – custos laborais unitários), os dados da Comissão Europeia com o número de parceiros comerciais mais elevado (37, neste caso) mostram uma melhoria de 0.9% em 2014 (correspondendo a uma depreciação do ITCRE-CLU nessa magnitude), com o efeito de apreciação cambial do euro (0.4%, neste caso, face a 37 parceiros) a ser contrariada pelo diferencial negativo de variação dos CLU face ao exterior (-0.9 p.p.). Melhoria da competitividadecusto acentua-se no 4T, sobretudo na componente cambial A melhoria da competitividade iniciou-se no terceiro trimestre e acentuou-se no quarto trimestre (para uma depreciação homóloga do ITCRE-CLU de 2.6%) com a depreciação do euro e o ligeiro reforço do diferencial negativo de variação dos CLU face ao exterior (-1.6 p.p.). Figura 8.2.1: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de diferencial de CLU face ao exterior: 37 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.) 3,0 2,0 1,0 2,6 1,9 1,6 1,7 1,2 0,9 0,4 0,3 0,3 0,0 0,0 -0,5 -1,0 -0,9 -0,9 -1,0 -1,5 -2,0 -1,5 -3,0 -1,6 -2,6 2013 Fonte: Comissão Europeia 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14 Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-custo (ITCRE_CLU, tvh em %) Componente cambial (ITCNE, tvh em %) Componente CLU (diferença em p.p.) ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 49 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA 9.1 Equilíbrio externo Segundo dados revistos do Banco de Portugal, a balança corrente registou um excedente de Excedente da balança corrente reduz-se para 0.6% do PIB em 2014 com subida do défice nos bens e rendimentos primários 1044 M€ em 2014, o que traduz uma redução de 56.6% face a 2013 (1361 M€), ano em que se registou o primeiro saldo positivo em várias décadas, correspondendo a uma descida de 1.4% para 0.6% do PIB. Esta evolução traduziu o agravamento do défice das balanças de bens (em 972 M€) e de rendimentos primários (em 674 M€). A balança de bens e serviços continuou a apresentar um excedente em 2014 (1.1% do PIB), embora inferior ao saldo observado em 2013 (1.7% do PIB), o primeiro com valor positivo desde a altura da Segunda Guerra Mundial. O saldo positivo da balança de capital (constituída fundamentalmente por entradas líquidas de fundos comunitários) reduziu-se 7.3%, passando de 2765 M€ em 2013 para 2564 M€ (de 1.6% para 1.5% do PIB). Quadro 9.1.1: Balanças corrente e de capital (M€) Balança Corrente Balança de bens e serviços 2013 2014 Jan-14 Jan-15 Var. hom. Var. abs. 2 404 1 044 -437 132 s.s. 569 2953 1982 -229 125 s.s. 354 Bens -7 983 -8 965 -775 -432 -44.3% 343 Serviços 10 936 10 947 546 556 2.0% 11 Rendimentos primários -1 824 -2 497 -219 -165 -24.5% 54 Rendimentos secundários 1 275 1 560 11 172 1451.4% 161 Balança de Capital 2 765 2 564 27 146 447.2% 119 Balanças corrente e de capital 5 170 3 608 -410 278 s.s. 688 Fonte: BdP. M€= milhões de euros; s.s.=sem significado. Capacidade de financiamento da economia ainda significativa Esta evolução resultou numa descida do saldo conjunto das balanças corrente e de capital de 5170 para 3608 M€ (de 3.1% para 2.1% do PIB, que compara com 2.5% na Área Euro), traduzindo ainda uma significativa capacidade de financiamento da economia. Os dados de janeiro de 2015, ainda pouco representativos, mostram uma melhoria homóloga do saldo da balança corrente e de capital. Posição externa líquida melhora significativamente em 2014 De acordo com informação revista do Banco de Portugal, o saldo de posição de investimento internacional melhorou de -117.4% do PIB no final de 2013 para -110.7% no final de 2014. O valor de final de ano também melhorou face ao observado no final do terceiro trimestre (-113.1% do PIB, que compara com -9.3% do PIB na Área Euro). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 50 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA 9.2 Endividamento Queda dos rácios de dívida bruta no PIB das empresas e particulares em 2014 contraria subida no setor público (apesar de melhoria no 4T) A dívida bruta não consolidada do setor não financeiro desceu de 407.9% do PIB no final de 2013 para 396.8% no final de setembro e 391.7% no final de 2014, refletindo a queda no setor privado (para 227.2% do PIB: 141.8% do PIB nas empresas e 85.4% nos particulares). No setor público não financeiro, a dívida aumentou de 160.8% do PIB no final de 2013 para 167.4% em setembro, baixando depois para 164.6% no final de 2014. Quadro 9.2.1: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do PIB) Dez12 Dez-13 Set-14 Dez-14 1. Setor Público não Financeiro 156.0 160.8 167.4 164.6 2. Setor Privado não Financeiro 255.0 247.1 229.4 227.2 2.1 Empresas privadas 161.6 155.8 142.8 141.8 Microempresas (344 mil) 39.6 38.6 34.2 33.6 Pequenas empresas (34 mil) 26.3 24.3 22.3 22.2 Médias empresas (6 mil) 28.6 26.6 24.6 24.4 Grandes empresas (1 milhar) 49.3 47.6 44.6 45.0 2.2 Particulares 3. Setor não financeiro= 1+2 93.4 91.3 86.6 85.4 410.9 407.9 396.8 391.7 Fonte: BdP. Valores (em final de período) de dívida não consolidada, i.e., incluindo as dívidas entre setores. 9.3 Contas públicas Segundo valores revistos, o défice público (ótica das contas nacionais) reduziu-se de 4.8% do PIB em 2013 para 4.5% em 2014 (valor provisório até à venda do Novo Banco), estando previsto no procedimento dos défices excessivos (PDE) de março um recuo para 2.7% em 2015. Figura 9.3.1: Défice e dívida pública em Portugal (% do PIB) 7,0 6,0 133,3 129,7 130,2 129,7 130,8 132,2 130,2 5,0 120 4,0 3,0 2,0 140 130 5,9 4,8 110 6,6 100 4,5 3,0 1,0 2,1 2,7 90 Fonte: BdP e INE. Dados sem correção de sazonalidade 4T 14 3T 14 2T 14 1T 14 4T 13 80 2014 0,0 2013 Défice público desce de 4.8% do PIB em 2013 para 4.5% em 2014, 0.3 p.p. abaixo da meta Défice público PT (PDE - anos; Contab. Nacional - trimestres) - esc. esq. Dívida pública PT (PDE) - esc. dta. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 51 1T 15 Receita sobe mais do que despesa em % do PIB ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA A estimativa do défice em 2014 é inferior à meta revista de 4.8% inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2015. A redução face a 2013 traduziu o aumento mais forte da receita (de 44.5% do PIB para 45.2%) do que da despesa (de 49.0% para 50.1%). Note-se ainda que o défice de 2014 inclui cerca de 0.9% do PIB em medidas extraordinárias (com destaque para o financiamento e a assunção de dívida da Carris e da STCP, no valor de 0.7% do PIB), que tiveram pouca expressão em 2013, em termos líquidos. No que se refere ao rácio da dívida pública no PIB, os dados mais recentes do Banco de Rácio da dívida pública em 130.2% PIB no fim de 2014, acima do final de 2013 mas abaixo do máximo de março Portugal (incorporados no PDE de março) mostram um aumento de 129.7% do PIB no final de 2013 para 130.2% no final de 2014 (120.3% excluindo os depósitos da administração central), mas com uma descida face ao máximo histórico de 133.3% registado no final de março. Estes valores poderão vir a ser agravados caso os juros capitalizados (como é o caso dos certificados de aforro) venham a ser incluídos na dívida pública, possibilidade que está a ser estudada pelo Eurostat, segundo refere o PDE. Na ótica da Contabilidade Pública, a execução orçamental em 2014 mostrou uma redução anual de 12.5% do défice das administrações públicas, para 7074 M€, correspondendo a um crescimento mais forte da receita (2.5%, com variações de 1.5% na receita fiscal, 5.6% na receita contributiva e -8.9% na receita de capital) do que da despesa (0.9%, com variações de 3.6% na despesa de capital e 0.7% na despesa corrente, incluindo 5.0% nos juros, 1.0% no pessoal, -3.9% nas aquisições de bens e serviços, 0.1% nas transferências correntes e 4.1% nos subsídios). De acordo com a UTAO, “tendo como referência o OE/2014, o défice público ficou abaixo do previsto com os contributos da outra despesa corrente, da despesa de investimento e da receita de impostos” […] Em sentido contrário, a execução de algumas componentes de despesa ficou acima do orçamentado, nomeadamente despesas com pessoal e aquisição de bens e serviços, o que atenuou parcialmente a melhoria do saldo. Saliente-se que o OE/2014 tinha prevista uma redução remuneratória que veio a ser declarada inconstitucional em maio e parcialmente reposta em setembro, tendo a decisão do Tribunal Constitucional contribuído, em parte, para o desvio verificado ao nível das despesas com pessoal”. Já em 2015, a síntese de execução orçamental de janeiro a fevereiro (valores da DGO Défice do subsetor Estado agrava-se nos dois primeiros meses de 2015 em contabilidade pública), mostram um défice de 970.2 M€ no subsetor Estado, correspondendo a um agravamento de 68.1% em termos homólogos, em resultado de um aumento da receita (1.0%) inferior ao da despesa (6.2%), com desvios desfavoráveis face às variações previstas no OE 15 para o conjunto do ano. Note-se, contudo, que a informação relativa a apenas dois meses é claramente insuficiente para estabelecer tendências, sendo facilmente afetadas por fatores pontuais e diferenças de perfil temporal de execução. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 52 1T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA Quadro 9.3.1: Execução orçamental do subsetor Estado (contabilidade pública) Jan-Fev 15 Receita Receita fiscal Impostos diretos Execução (M€) Grau de execução (%) Tvh (%) Contributo (p.p.) Tvh implícita ao OE (%) 6 941.2 16.1 1.0 6 365.0 16.3 2.1 1.9 5.1 2.9 2 394.9 13.2 -1.8 -0.6 3.7 IRS 2 223.0 16.9 -2.2 -0.7 2.4 IRC 147.2 3.1 -10.9 -0.3 4.0 Outros 24.7 7.3 2 045.4 0.3 103.5 3 970.1 19.1 4.6 2.6 6.4 ISP 367.2 15.9 7.5 0.4 9.8 IVA 3 118.0 21.5 7.8 3.3 4.6 ISV 83.7 15.0 25.9 0.3 20.6 Imposto sobre o tabaco 97.0 6.4 -44.6 -1.1 7.6 Imposto de selo 219.0 15.8 -6.8 -0.2 9.7 49.0 7.9 -56.4 -0.9 -13.9 527.1 14.9 0.1 0.0 -14.2 7 911.4 16.1 6.2 7 701.0 16.1 6.5 6.4 -0.2 1 400.8 16.5 1.5 0.3 -9.7 158.1 9.7 36.0 0.6 9.3 Juros 1 064.2 14.3 53.9 5.0 4.9 Transferências correntes 5 004.1 17.3 0.7 0.5 0.5 Subsídios 16.0 10.5 113.0 0.1 -32.3 Outras despesas correntes 57.8 5.3 24.5 0.2 32.6 210.4 14.6 -5.1 -0.2 -3.2 -970.2 16.1 68.1 Impostos indiretos, dos quais: Contribuições sociais Receita não fiscal Despesa Despesa corrente: Despesas com pessoal Aquisições de bens e serviços Despesa de capital Saldo -3.2 -3.2 Fonte: DGO e cálculos próprios. OE= Orçamento de Estado. Grau de execução =100*Execução/ OE 15. Na receita, o aumento da receita fiscal (2.1%, com a descida de 2.2% no IRS e de 10.9% no Aumento dos impostos indiretos (7.8% no IVA) contraria queda nos diretos; juros justificam boa parte do aumento da despesa IRC a ser contrariada pelos aumentos de 7.8% no IVA, 7.5% no ISP e 25.9% no ISV) mais do que compensou a queda das contribuições sociais (56.4%), tendo a receita não fiscal registado uma variação homóloga pouco significativa. Os maiores contributos para o aumento da despesa pertenceram às rubricas de juros (5.0 p.p.), aquisição de bens e serviços (0.6 p.p.), transferências corrente (0.5 p.p.) e despesas com pessoal (0.3 p.p.). ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA CC I - CÂM ARA DE CO M ÉRCI O E I NDÚS TR IA 53