As concepções
filosóficosantropológicos do
processo educacional
Aula 09
O processo de ensino-aprendizagem e
a filosofia
- Indagação sobre os aspectos básicos da
aprendizagem:
Quem é o sujeito que aprende?
Para que o sujeito aprende?
Como o sujeito aprende?
A CONCEPÇÃO DO HOMEM E DO PROCESSO
EDUCATIVO NO DECORRER DA HISTÓRIA
Verifica a concepção de homem
que orienta a ação pedagógica,
para que não se eduque a partir
da noção abstrata de “criança
em si”, de “homem em si”.
CIVILIZAÇÕES ORIENTAIS
(China, Índia, Egito, Babilônia, Palestina, Pérsia):
A imagem ideal está associada a um passado idealizado, a
uma suposta época de ouro, o processo educativo visa a
submissão acrítica a esse modelo situado no passado. O
modelo das civilizações orientais é o mandarim, o
sacerdote, o mago, todos depositários e transmissores de
uma sabedoria já adquirida.
CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
Visa o homem como ser livre e responsável, como aquele
que constrói o seu próprio presente sem, no entanto, negar
o seu passado; o homem que pode até desafiar o próprio
destino.
O modelo do homem que procura a sabedoria sem jamais
possuí-la totalmente, do homem que, em vez de transmitir
conhecimentos, desperta no outro o ideal de quem
procura, prepara o educando para a vida considerada como
aventura, e não como quadro estratificado.
CIVILIZAÇÕES GRECO-ROMANAS
Os filósofos gregos davam mais importância ao
aspecto intelectual do homem. Roma prolongará essa
imagem ideal, dando-lhes feições próprias sem fugir do
caráter prático e das aspirações nacionais consoantes
com a sua peculiar organização social e política.
EUROPA MEDIEVAL
Com o cristianismo, a imagem ideal do homem é fornecida
pelos ensinamentos de Jesus Cristo e o processo educativo visa
a imitação do próprio Cristo fazendo com que o educando se
aproxime da perfeição divina.
O cristianismo dava mais importância ao aspecto moral da
pessoa humana.
Durante toda a Idade Média predominou uma concepção do
homem e da educação que se opunha ao conceito liberal e
individual dos gregos, e ao conceito de educação prática e social
dos romanos.
Até este período da história:
concepção metafísica do homem.
- A educação é compreendida como um processo
de aperfeiçoamento em que o indivíduo é levado
a realizar potencialidades.
- Existe um modelo de homem que a criança deve
alcançar;
- Tendência essencialista: marca a organização
escolar até os dias atuais (ex: escola tradicional)
- Limites: centrado no interior do indivíduo e nas
ideias a priori, ou seja, o que é o homem e como
deve ser a educação.
RENASCENÇA
Pensamento moderno
No séc. XVI retorna a imagem ideal da Antiguidade,
sobretudo da Grécia.
A Renascença assume plenamente a imagem ideal do
homem que se torna humano.
O ideal renascentista vai além do ideal clássico pelo fato de
reconhecer que a própria criatividade inerente ao homem lhe
abre perspectivas incalculáveis quanto à realização da sua
humanidade.
As virtudes renascentistas são o orgulho, a ousadia, a sede
pela aventura de viver.
RENASCENÇA
Pensamento moderno
No séc. XVII tem início o longo período de emancipação
do passado. A tradição é relegada ao passado e o homem
dela se emancipa.
O processo educativo, por sua vez, rejeita o ensino verbal
e a memorização, atribui força à intuição direta da
realidade, procura a simplificação do ensino (o latim, por
exemplo, é substituído pela língua materna), valoriza as
ciências naturais e a educação física, enfim, procura
adaptar-se às necessidades do mercantilismo emergente.
Neste período se organiza a
concepção naturalista do homem
- Tendência determinista: o homem é reduzido à sua
dimensão corpórea, e está sujeito às forças da
natureza.
- Educação: métodos que enfatizam a rigorosa
programação dos passos para adquirir o
conhecimento, bem como as técnicas e os
procedimentos metodológicos. (Ex: Escolas
tecnicistas)
- Característica principal: adequar a metodologia das
ciências da natureza,que se baseia na
experimentação, no controle e na generalização.
ÉPOCA CONTEMPORÂNEA
•Caracteriza-se pela pluralidade de imagens ideais.
• Imagens dos modelos revolucionário, existencialista,
tecnocrático e assim por diante.
•Hoje, a maioria dos educadores concorda num ponto:
O ser humano não é um “produto acabado”. Não é coisa,
não é instrumento. É diferente.
ÉPOCA CONTEMPORÂNEA
•Mas, se o ser humano não é um “produto acabado”, dizer
o que ele é significa intervir naquilo que ele pode ser.
As divergências e confrontos surgem justamente no
momento de dizer o que o ser humano é.
Isso é abertura ao diálogo ou, em outras palavras, à
educação.
Surge a concepção histórico-social
do homem
- Jean Jacques Rousseau (1712- 1778): Desloca
o centro tradicional do processo fixado no
mestre para o discípulo e coloca o sentimento
como sede da consciência moral na visão de
homem. Concepção diferente do homem
tradicional.
- Hegel (1770- 1831): Filosofia do devir – o
homem passa a ser pensado como um ser no
espaço-tempo.
- História: Resultado longo e dramático vivido
pelo homem em sua contradição com o
outros. Desenvolvimento do espírito.
- Século XIX: Kierkegaard, Stirner e Nietzsche –
Voltam para a concretude humana, inserida
na realidade cotidiana.
- Século XX: Husserl, Heidegger, Sartre,
Merleau-Ponty: ‘a existência precede a
essência’, ou seja, não há no homem um
essência, mas um homem que se faz homem
no mundo.
Concepção histórico-social: característica
principal é a preocupação com o processo
(não estático), com a contradição (não
linearidade) e com o caráter social (relações
humanas) existentes no processo de ensinoaprendizagem.
- Abandono das explicações essencialistas e
estáticas, não mas reduzindo o homem ao
indivíduo. Ele é pessoa social e compreendese melhor a interação entre os sujeitos e a
sociedade, inclusive as suas forças de poder.
Da criança ao tornar-se adulto pela
educação
- Infância: não se pode referirse à criança em si sem se
considerar o tempo, o lugar a
estrutura social em que ela se
insere. Não existe a natureza
infantil universal e sim
cultural.
- O que existe: a expectativa do
“ser criança” projetada na
aspirações dos adultos. Esta
imagem evolui
historicamente.
- No medieval, a criança nobre é afastada da família
para ser instruída e a criança do povo trabalha no
campo ou ganha um ofício.
- No moderno: Burguesia – muda as relações
econômica entre os homens. A infância passa a
ocupar lugar marginal na produção econômica. Criase a imagem de fragilidade, dependência e
inacabamento. Surge a pedagogia como vigilância e
proteção à criança.
- Século XIX: surge a imagem da criança como
espontaneidade, criatividade e iniciativa, que é
estimulada pelo capitalismo moderno que pede a
cooperação dos indivíduos em equipes de trabalhos.
- Final do Século XX/início do XXI: Modelo de
família e criança em crise. Novos sujeitos sob
o impacto da informática, meios de
comunicação e globalização.
- Novos objetivos e novos desafios para a
atuação dos educadores.
Como é esse homem que surge, seja
ele pós-moderno, neomoderno ou
qualquer outro nome que lhe
queiramos dar?
“ Do ponto de vista da filosofia da
educação, o que significa promover o
homem?
Significa tornar o homem cada vez mais
capaz de conhecer os elementos de sua
situação para intervir nela transformandoa, no sentido de uma ampliação da
liberdade, da comunicação e da
colaboração entre os homens.”
Dermeval Saviani
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AULA 6 - Universidade Castelo Branco