CORRIDA CROSS CAMPUS “NELSON PRUDÊNCIO”
Paula H. Lobo da Costa e Natália Targas
(Departamento de Educação Física e
Motricidade Humana _ UFSCar)
A corrida de rua transformou-se nos últimos 10 anos em um fenômeno cultural
para muito além do esportivo. Foco da mídia televisiva, do mercado editorial, da
indústria do material esportivo, do turismo, veículo de marketing, a corrida de rua
representa hoje a principal atividade de profissionais das mais diferentes áreas. Em
São Carlos ocorrem já há alguns anos a corrida Cross Campus – UFSCar, a Volta da
USP, a Corrida da UNICEP, o Circuito SESC de Corridas, evidências de que a
população de São Carlos se interessa, apoia e participa ativamente de corridas de
rua. Em todo o país já são aproximadamente 600 corridas de rua por ano, em
diferentes estados.
A corrida Cross Campus voltou a acontecer na UFSCar no ano de 2005 após
aproximadamente 12 anos desde a sua primeira edição. O número de participantes
tem crescido ano a ano e em 2010, em sua sexta edição, as festividades dos 40
Anos da UFSCar levaram a corrida aos campi de Araras e Sorocaba. A corrida vem
sendo sempre muito bem recebida, contando com a participação de alunos,
docentes e de pessoal técnico-administrativo dos três campi, bem como da
comunidade local, externa à universidade. Em todas as edições e nos três campi, a
corrida tem inscrições gratuitas. Para a efetivação da inscrição, a corrida
desempenha sua ação social, recolhendo leite ou itens de higiene pessoal que são
entregues a entidades assistenciais como creches e lares de idosos. No ano de
2009, a corrida homenageou in memorian o Prof. Dr. Segundo Carlos Lopes,
professor do Departamento de Engenharia Civil da universidade, grande corredor e
incentivador da realização da corrida na UFSCar. Em 2010, a corrida passou a ser
chamada de Corrida Nelson Prudêncio, homenageando o professor doutor do
Departamento de Educação Física e Motricidade Humana pelo seu brilho olímpico e
contribuições à área da Educação Física.
No campus de São Carlos a corrida foi realizada no dia 4 de dezembro de 2010,
com um percurso tem 5,7 km. Do total de 257 inscritos em 2010, 23,7% eram
mulheres. A comunidade interna à UFSCar representou 43,7% dos inscritos,
distribuídos conforme o diagrama abaixo:
1
100%
80%
60%
alunos
docentes
40%
20%
técnicosadministrativos
0%
Nessas categorias, os vencedores com seus respectivos tempos foram:
Alunos - UFSCar:
Alan de Oliveira Jarina: 22'45"74
Luiza Bertelli Simões: 26'44"47
Docentes - UFSCar:
Sergio Luis da Silva: 27'54"54
Marcilene Dantas Ferreira: 38'53"55
Funcionários Técnicos-Administrativos -UFSCar:
Alessandro Anselmo Pereira: 23'38"39
Regina Lourenço de Barros: 28'33"96
A comunidade externa participou nas categorias até 40 anos (60,7% dos inscritos),
entre 41 e 50 anos (24,8%) e acima de 51 anos (14,5%).
Os vencedores com seus respectivos tempos foram:
Externos - UFSCar até 40 anos:
Israel da Silva Baffa: 19'07"21
Laís de Souza Baffa: 26'10"09
Externos - UFSCar entre 41 e 50 anos:
Antônio Carlos Limeira: 19'18"90
Aguinez de Souza Baffa: 27'17"62
Externos - UFSCar acima de 51 anos:
Marcilio Ferrarini: 25'58"80
Maria Lucia Saldanha Vianna Prudêncio: 41'34
O perfil dos corredores quanto aos aspectos da antropometria, incidência de lesões,
presença e local de dores e tipo de pisada foi identificado através de um
questionário desenvolvido em parceria do Departamento de Educação Física e
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Motricidade Humana com o Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UNICID
(São Paulo) e que foi voluntariamente respondido pelos corredores
Oitenta e sete corredores responderam ao questionário através de entrevista direta
realizada no dia na prova antes da entrega do número de peito. A média de idade
das mulheres corredores foi de 34,2 anos e dos homens de 36,0 anos.
Os corredores forneceram dados como peso e estatura e a partir destes foi
calculado o índice de massa corpórea (IMC) de cada indivíduo. Os resultados estão
apresentados no diagrama abaixo:
Quanto ao tipo de piso usado pelos corredores para treinos, houve predomínio do
asfalto. Os treinos realizados em piso de terra, em esteira, grama ou areia
estiveram representados na proporção demonstrada a seguir:
A grande maioria dos corredores treina por conta própria (85%) e apenas 15%
treina com assessoria esportiva.
O questionário utilizado para entrevistar os corredores avaliou a presença de dores
nos corredores e em que momento da corrida ela estava presente. Tanto os
corredores que treinam com e sem assessoria esportiva apresentam dores durante
e após a corrida e nenhum corredor entrevistado correu com dor, pois não houve
relatos de presença de dores antes da corrida. A incidência de dor foi maior em
homens (87,5%) que em nas mulheres (12,5%).
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O treinamento da corrida de longa distância pode predispôr o corpo a lesões
conhecidas como “por impacto” que ocorrem no instante em que o pé entra em
contato com o solo. Esse contato pode ocorrer de três maneiras: contato em
retropé (Figura 1), no qual o calcanhar toca primeiro o solo e todo o restante do pé
faz o contato em seguida; contato em mediopé (Figura 2), no qual a porção média
do pé toca primeiro o solo; e contato em antepé (Figura 3), no qual a região dos
metatarsos toca o solo primeiro. Essa fase do contato inicial é crítica para
diferenciar a mecânica da corrida de longa distância de cada um.
Figura 1:
retropé.
Contato
em
Figura 2:
mediopé.
Contato
em
Figura 3:
antepé.
Contato
em
Também pedimos aos corredores que identificassem pelas figuras acima como eles
tocavam o solo na corrida ou o tipo de apoio plantar que usavam. A maioria dos
corredores relataram que o apoio plantar usado era de retropé, conforme diagrama
abaixo.
Aqui cabe uma ressalva nossa de que talvez os corredores não tivessem
pessoalmente uma avaliação exata de sua técnica de corrida ou tiveram dúvidas na
identificação de sua técnica nas figuras apresentadas. Uma vez que a maioria treina
em asfalto e usa tênis de corrida, tais fatores em geral favorecem um tipo de
pisada com o contato inicial feito com o retropé.
Os corredores de rua têm sido alvo constante da indústria de material esportivo,
que produz calçados, roupas e acessórios cada vez mais tecnológicos. O alto custo
desses materiais nunca foi e certamente não se tornará impedimento para que os
amantes da corrida de rua continuem a desfrutar dela e a experimentar os seus
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benefícios. Pretendemos repetir esse questionário nas próximas edições da corrida
de São Carlos e acompanhar eventuais mudanças de público ou de hábitos dos
corredores participantes. Gostaríamos de poder constatar um aumento gradual da
participação da comunidade interna à UFSCar, das mulheres, além da crescente
procura por assessorias esportivas que possam orientar os corredores de rua
quanto à sua preparação, ao uso de pisos e técnicas de corrida mais seguros e
menos lesivos.
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