MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL - CAMPUS BENTO GONÇALVES CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR AVALIAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE MACERAÇÃO NA VINIFICAÇÃO DE MERLOT, SAFRA 2010 MARCELA MARIANI PIRES DE CAMPOS BENTO GONÇALVES - RS 2010 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL - CAMPUS BENTO GONÇALVES CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR AVALIAÇÃO DE DIFERENTES MÉTODOS DE MACERAÇÃO NA VINIFICAÇÃO DE MERLOT, SAFRA 2010 Trabalho de conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia, apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Enólogo. Autora: Marcela Mariani Pires de Campos Orientador: Prof. Msc. Juliano Garavaglia Supervisor: Gilberto Simonaggio (Vinícola Miolo) BENTO GONÇALVES - RS 2010 1 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço à minha mãe Silvia, meu pai Marcos e meu irmão e grande amigo Eduardo, pelo amor incondicional, e pelo grande apoio que me dão em todos os momentos. A minha avó Cacilda e meu avô Fausto (in memorian) por me ensinarem a bondade e o amor ao próximo. A todos os bons amigos que fiz e me acolheram no Rio Grande do Sul, principalmente Daiane Badalotti, Katia França, Aline Carbonera, Carina Milani e família, Michele Zortéa, Michelle Postal e família, Carol Wojciechowski que foram verdadeiras irmãs. Mas não menos importantes agradeço a toda a turma de Eno 2007, que contribuíram na minha formação. Agradeço a todos da Vinícola Miolo e ao Sr. Ubiratã Milchareck que me deram a primeira oportunidade do contato mais próximo com a enologia, e também ao Adriano Miolo, Álvaro Domingues, Gilberto Simonaggio, Loiri de Vila, Ângela Cimadon, Clenira Beal e Priscila Pasqualini. A todos da Chandon do Brasil, especialmente Juliano Perin e Nelsi Pasini. A Vallontano e ao enólogo Luiz Zanini. A todos os professores do curso de Enologia, ao grande mestre Eduardo Giovannini pelos ensinamentos e ao prof. Juliano Garavaglia pela paciência e disponibilidade na orientação deste trabalho de conclusão de curso. E a todos mais que de um modo ou de outro me apoiaram. Muito obrigada! 2 SUMÁRIO 1 Introdução 04 2 Revisão Bibliográfica 05 2.1 Maceração 05 2.2 Princípios e fenômenos da maceração 07 2.3 Fatores que influenciam a quantidade de compostos fenólicos 09 2.4 Fatores que influenciam a maceração 10 2.4.1 Tempo de maceração 11 2.4.2 Temperatura de fermentação 12 2.4.3 Presença de álcool, dióxido de enxofre, enzimas e sangria 13 2.4.4 Operações mecânicas 14 2.5 Macerações diferenciadas 15 2.5.1 Maceração pré-fermentativa a frio 15 2.5.2 Maceração carbônica 16 3 Materiais e métodos 18 3.1 Vinificação por maceração carbônica 18 3.2 Vinificação por maceração tradicional 19 3.3 Vinificação por maceração pré-fermentativa a frio e pós-fermentativa acompanhado de operações especiais 21 3.4 Análises físico-químicas 22 4 Resultados e discussão 23 5 Considerações finais 29 6 Referências bibliográficas 30 3 1 Introdução O vinho tinto não foi a primeira bebida vínica que o homem conheceu. As uvas eram esmagas com os pés e aquele mosto branco, as vezes rosado fermentava de modo espontâneo. Foi então que por acidente ou voluntariamente, descobriu-se a maceração. E esta operação que diferencia os vinhos tintos dos brancos (FLANZY, 2003). A maceração começou a ser estudada, e cada região foi desenvolvendo sua técnica, adaptando às suas cultivares e ao gosto do consumidor (FLANZY, 2003). Com essa evolução, técnicas de maceração pré-fermentativa a frio, maceração carbônica, operações de incremento da maceração como pigeage, délestage e remontagens foram desenvolvidas. A evolução da qualidade da uva também passou a ser um elemento importante, e novos parâmetros começaram a ser avaliados para melhorar as características dos vinhos tintos. Atualmente o vinho tinto representa 80% do consumo mundial de vinhos (VIOTTI, 2010). Seus benefícios para a saúde já são conhecidos, tornando essa característica mais um atrativo para seu consumo (VIOTTI, 2010). O objetivo deste trabalho foi estudar diferentes processos de maceração, bem como diferentes operações que podem viabilizar o aumento na extração de compostos a partir da película da uva tinta. Foram desenvolvidas as práticas de maceração carbônica, maceração tradicional e maceração pré-fermentativa a frio e pós-fermentativa com pigeage e délestage, todas feitas com a cultivar Merlot da safra 2010. 4 2 Revisão Bibliográfica 2.1 Maceração Os vinhos tintos são caracterizados por serem provenientes somente de uvas tintas e, principalmente, por passarem por um período de maceração, sendo esse processo o responsável por todas as suas características específicas, visuais, olfativas e gustativas, o que os diferencia dos vinhos brancos (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Segundo resolução n° 126/2009 da Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV) a maceração é um procedimento que consiste em deixar a parte sólida da uva (cascas, sementes e eventualmente engaço) e líquida (mosto de uvas esmagadas) em contato por um determinado tempo, que pode ser antes, durante e depois da fermentação alcoólica. A maceração possibilita a dissolução dos compostos presentes na fração sólida da uva, sendo os compostos fenólicos (taninos e antocianinas) os principais, como também substâncias aromáticas, compostos nitrogenados, polissacarídeos e elementos minerais (TOGORES, 2003). Os compostos fenólicos têm grande importância nas características e qualidades do vinho tinto (JACKSON, 2000). São caracterizados por um núcleo benzênico que possui um ou mais grupos hidroxila, e são classificados em não-flavonóides e flavonóides (FLANZY, 2003). Os flavonóides têm sua estrutura caracterizada por dois fenóis ligados por um anel carbônico oxigenado chamado pirano, e os não-flavonóides são moléculas estruturalmente mais simples que derivam dos ácidos hidroxicinâmico e hidroxibenzóicos (JACKSON, 2000), mas que possuem ao menos um grupo fenólico (JACKSON, 2009). A antocianina (Figura 1) é um pigmento vermelho que se localiza nas películas da uva, e no caso de uvas tintoreiras (como por exemplo, a cultivar Alicante Bouschet) também está presente na polpa (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Pertence à família dos flavonóides e existem, predominantemente, na forma glicosídica, ou seja, seu composto flavonóide chamado de antocianidina está conjugado com uma glicose, e essa ligação aumenta sua estabilidade química e a solubilidade em água. 5 Figura 1: Estrutura química dos antocianas. (Fonte: ZAMORA, 2003) De acordo com os radicais ligados ao carbono 1 e 2 no anel B de sua estrutura básica, haverá cinco diferentes antocianas. A malvidina, a peonidina, a petunidina, a cianidina e a delfinidina, sendo a primeira a mais estável, e a última, a com menor estabilidade (ZAMORA, 2003). A proporção e quantidade de cada uma depende, principalmente, da cultivar e das condições de cultivo (JACKSON, 2000). A cor das antocianinas depende muito das condições do meio, como o pH do vinho, e também da estrutura molecular e o meio ambiente (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Um dos principais fatores que a determinam é o equilíbrio das antocianas em função do pH, onde a cor muda, por meio de reações químicas que são favorecidas pelo pH mais alto ou mais baixo. No pH do vinho há um equilíbrio entre as formas vermelha, azul e incolor (ZAMORA, 2003). Outro fator relacionado com a cor é a copigmentação, onde as antocianinas se agrupam com copigmentos e formam um complexo hidrofóbico, impedindo a sua desidratação e consequente redução da formação de formas incolores (carbinol), incrementando a cor do vinho (ZAMORA, 2003). E há também a combinação entre os taninos e antocianinas que dão compostos de estrutura complexa e mais estáveis, sendo pouco sensíveis à variação do pH, representando uma maior estabilidade da cor (RIBÉREAU-GAYON, 2003, ZAMORA, 2003). Estima-se que até o final da fermentação cerca de 25% das antocianinas podem ter se polimerizado com taninos, e em um ano esse nível pode subir para 40% ou mais (JACKSON, 2000). O tanino também é um composto fenólico da família dos flavonóides. É o responsável pelo sabor amargo, pela adstringência nos vinhos tintos (JACKSON, 2009), por certa parte da cor amarela, pela sensação de estrutura do vinho (ZAMORA, 2003) e tem a capacidade de dar 6 combinações estáveis com polímeros vegetais, principalmente a proteína (RIBÉREAUGAYON et al., 2003). Estão presentes na uva desde a mudança de cor da baga, e estão localizados nas cascas, no engaço e sementes (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). Os taninos são moléculas relativamente volumosas, resultantes da polimerização de moléculas de função fenol, e é esse volume aliado à sua configuração espacial, que proporcionará combinações estáveis com as proteínas (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). O que é encontrado nas uvas é chamado de tanino condensado ou proantocianidina, que tem como propriedade em um meio fortemente ácido por hidrólise, liberar uma cianidina. Os taninos estão envolvidos com reações de polimerização, e essa polimerização dará lugar a moléculas cada vez maiores, inicialmente aumentando a adstringência e diminuindo o amargor, mas quando alcança um grau de polimerização alto, ele precipita diminuindo a adstringência (JACKSON, 2000, ZAMORA, 2003). Na condução da maceração busca-se sempre extrair de forma fracionada os componentes nobres da uva, ou seja, que são dotados de bom sabor e aroma. O rendimento da extração e qualidade dos compostos extraídos dependerá de vários fatores químicos, bioquímicos e físicos (FLANZY, 2003), principalmente da natureza da cultivar, do grau de maturação fenólica e sanidade da uva (GIOVANINNI e MANFROI, 2009). 2.2 Princípios e fenômenos da maceração Não só a maceração, mas como outras práticas são regidas por uma série de princípios e fenômenos, que dependem de diferentes fatores e resultam na cinética global da maceração (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). A composição fenólica do vinho não está somente relacionada com a maceração, como também depende da matéria-prima, do sistema de vinificação adotado e dos fenômenos químicos e bioquímicos sobre os polifenóis (FLANZY, 2003). As antocianinas e os taninos apresentam perfis de extração diferentes (FLANZY, 2003). O primeiro, é facilmente extraído devido estar localizada nas células das camadas externas da película (GIOVANNINI e MANFROI, 2009) e, também, por serem solúveis em água. Sua extração ocorre a partir, principalmente, da fase de maceração pré-fermentativa e começo da fermentação alcoólica. Já o tanino é extraído uma parte no começo da maceração, e outra parte acontece no decorrer da fermentação alcoólica com a formação de etanol, uma vez que é solúvel neste (OREGLIA, 1978). Os taninos das películas são os primeiros a serem 7 extraídos e em seguida os das sementes. Sua extração segue até a fase de maceração pósfermentativa (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Durante esta fase da vinificação ocorrem inúmeros fenômenos, muito bem definidos. - Extração e dissolução de diferentes substâncias: É a passagem das substâncias presentes nos vacúolos das células da parte sólida da uva, sendo primeiramente extraídas as que estão na forma livre e depois as que estão combinadas com outras estruturas celulares (TOGORES, 2003). Para que esses fenômenos aconteçam há a necessidade da degradação dos tecidos, seja por meios mecânicos como, por exemplo, o esmagamento da uva, seja por meios químicos como a presença de enzimas, conteúdo de dióxido de enxofre, porcentagem de etanol entre outros (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). - Difusão no mosto das substâncias extraídas: Esse fenômeno faz com que a matéria corante passe através da membrana das células da película (OREGLIA, 1978), assim quando a fase líquida que fica em contato com o bagaço, também chamado de “chapéu”, fica saturada rapidamente com as substâncias extraídas, a difusão entre o mosto e o bagaço é interrompida. Para que a difusão se restabeleça faz-se necessária uma renovação do mosto que circunda o bagaço, podendo ser realizada de diversas maneiras por meio de remontagens, pigeage e até mesmo pelo dióxido de carbono liberado pela fermentação. Segundo Togores (2003), em uma vinificação em tinto tradicional somente é extraído de 30 a 40% dos polifenóis totais contidos nas uvas. - Modificação das substâncias extraídas: Parte das antocianinas extraídas na maceração pode desaparecer do meio, possivelmente, por estar em sua forma reduzida que é incolor (TOGORES, 2003), mas dependendo do pH e da temperatura, pode ser tornar colorida novamente, pois o equilíbrio dos antocianos varia em função desses fatores (ZAMORA, 2003). Além disso, a perda de antocianinas pode ser reversível por meio do contato com o oxigênio, formação de complexos com íons de ferro e de polímeros estáveis com taninos. Essa redução das antocianinas pode estar associada á sua destruição por hidrólise, por sua refixação nas partes sólidas, e pela destruição pelo etanol dos copigmentos formados (TOGORES, 2003) e das ligações tanino-antocianina extraídas da uva (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). 8 2.3 Fatores que influenciam a quantidade de compostos fenólicos nas uvas Para que a maceração aconteça e tenha um bom rendimento, é importante que os compostos fenólicos estejam presentes em quantidade e qualidade satisfatórias, e que sejam extraíveis (TOGORES, 2003). Para tal, além das técnicas de maceração, primeiramente, é necessário ter uma matéria-prima que permita isso. As condições de cultivo, fatores genéticos da própria uva, tratos culturais e estádio da maturação fenólica influenciam na quantidade e extratibilidade destes compostos. Através da transformação da fenilalanina em ácido cinâmico que, posteriormente serão sintetizados os compostos fenólicos. Isso se torna possível devido à ação de uma enzima (fenilalanina amonioliase – PAL) que irá desaminar a fenilalanina. Sua origem é o ácido fosfoenolpirúvico (PEP) que provém da glicólise anaeróbica. Isso explica porque os compostos fenólicos se formam mais facilmente quando os teores de açúcares são elevados (CHAMPAGNOL, 1984). Entretanto, há uma concorrência entre dois metabolismos pela fenilalanina. Um primário, que a utiliza para a síntese protéica, e o outro secundário, que é o de acumulação de compostos fenólicos. O que determinará qual metabolismo será seguido, serão as condições já mencionadas acima. Segundo Zamora (2003), a insolação e a temperatura são fatores importantes, pois não só garante a fotossíntese, e influi sobre a cor das bagas respectivamente, como também, age diretamente na ativação desta enzima. Outros fatores relevantes para a acumulação de compostos fenólicos são o vigor da planta, que tem relação com a fertilidade do solo, e a disponibilidade de água. Em terrenos mais férteis com plantas mais vigorosas, e grande disponibilidade de água, o excesso de nitrogênio fará com que a síntese de proteínas seja maior, ou seja, a fenilalanina será utilizada para o metabolismo primário. Isso trará safras mais abundantes, porém com conteúdo de compostos fenólicos insuficiente. Já o contrário trará menor quantidade de uva, menor desenvolvimento vegetativo, e certo estresse hídrico, e essa baixa de vigor se traduz em menor síntese protéica, e disponibilidade de fenilalanina para o metabolismo secundário (ZAMORA, 2003; CHAMPAGNOL, 1984). As variedades de uva, independentemente das condições de cultivo, têm características próprias que condicionam seu potencial de acumulação de polifenóis (TOGORES, 2003), como por exemplo, a Cabernet Sauvignon tem em média 2g de compostos fenólicos por quilo de uva, já a cultivar Pinot Noir tem menos de 1g/kg de uva (REYNIER, 2005). O destaque é 9 para a cultivar Tannat, que possui um maior potencial de acúmulo de compostos fenólicos. O tipo de clone e porta-enxerto também tem influencia, pois condicionam o vigor e a produtividade da planta e podem adiantar ou atrasar a colheita (ZAMORA, 2003). Devido à evolução na vitivinicultura, percebeu-se que somente os parâmetros de análise da maturação como açúcar e acidez não eram suficientes para determinar a qualidade da colheita (TOGORES, 2003). Faz-se necessário a análise da maturação fenólica, que não é somente o conteúdo total desses compostos, mas também a sua estrutura e capacidade de extração durante a vinificação (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Testes feitos por Zamora (2003) exemplificam o quão importante é o alcance da maturação fenólica. Foram elaborados vinhos da mesma parcela em três datas diferentes de colheita, e os perfis sensoriais foram avaliados. O vinho da primeira colheita (uva mais verde) foi curto em boca, ácido, pouco tânico, adstringente e amargo, devido à maior contribuição dos taninos das sementes. Já o vinho colhido mais tarde (uva mais madura), apresenta maior volume em boca, menor acidez, mais tânico, sem excesso de adstringência e amargor. Isto deixa claro que o grau de maturação fenólica é essencial para vinhos de qualidade. Há uma metodologia de análise de maturação fenólica proposta por Glories (1990, p. 419 apud RIBÉREAU-GAYON et al., 2003, p.241) que pode ser muito útil na classificação da uva na vinícola e na decisão da data de colheita. Ela se baseia em determinar a extratibilidade das antocianinas e a contribuição dos taninos das sementes (RIBÉREAUGAYON et al., 2003). A sanidade da uva é um fator importante em vários aspectos, pois a lacase, enzima produzida pelo fungo Botrytis spp., exerce um efeito negativo sobre a cor, além disso a presença de microorganismos pode gerar desvios organolépticos e essa enzima oxida os compostos fenólicos (ZAMORA, 2003). 2.4 Fatores que influenciam a maceração Há uma série de fatores químicos, físicos e bioquímicos que influenciam a maceração e seus princípios, como o tempo de maceração, a temperatura de fermentação, a presença de álcool, adição de dióxido de enxofre e enzimas, variedades de uva, grau de maturação, sanidade e operações mecânicas. 10 2.4.1 Tempo de maceração A duração da maceração deve ser adaptada conforme as necessidades e o tipo de vinho a ser elaborado. Não há uma regra, mas sabe-se que macerações mais curtas favorecem a elaboração de vinhos jovens, e as mais prolongadas vinhos mais encorpados e para guarda (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). Não há uma proporcionalidade entre o tempo de maceração e a quantidade de compostos extraídos, devido ao fato da extração ser fracionada e de que estes se modificam no transcurso da maceração (TOGORES, 2003). Ribéreau-Gayon et al. (2003) observaram que há um rápido aumento na intensidade corante nos primeiros 8 a 10 dias de maceração devido à extração das antocianinas, e em seguida há uma diminuição. Já em relação ao conteúdo de polifenóis totais, observa-se um rápido aumento nos primeiros dias seguido de um aumento mais lento. Isso é explicado pelo fato de que quanto mais tempo o mosto permanecer em maceração, a concentração de taninos aumenta. Segundo Togores (2003) o conteúdo de antocianina alcança seu valor máximo do 6º ao 8º dia de maceração, e depois se estabiliza devido à refixação nas partes sólidas, precipitação em forma coloidal e hidrólise de suas moléculas. Já o conteúdo de taninos chega ao máximo no fim do processo de maceração. Pode-se dividir a maceração em três períodos que, não obrigatoriamente, precisam ser executadas (TOGORES, 2003): - Maceração pré-fermentativa: é um curto período que varia de algumas horas até 2 a 3 dias, e acontece antes da fermentação alcoólica. Há duas modalidades, a maceração pré-fermentativa sulfítica e a maceração pré-fermentativa a frio. Na primeira, a refrigeração é acompanhada pela adição de altas doses de dióxido de enxofre, mas esse alto conteúdo pode provocar problemas no andamento da fermentação, além disso, o vinho pode ficar fora dos padrões legais e as altas doses de anidrido sulfuroso podem, provocar problemas à saúde humana. Atualmente a maceração pré-fermentativa a frio é a técnica de maceração pré-fermentativa mais utilizada. - Maceração fermentativa: a maceração acontece simultaneamente com a fermentação alcoólica, também conhecida como maceração tradicional. - Maceração pós-fermentativa: acontece depois da fermentação alcoólica e pode durar de poucos dias até muitas semanas. Uma técnica utilizada chamada de maceração final a quente 11 consiste em deixar macerando a uma temperatura de 30 a 40 °C durante 2 a 4 dias. O principal objetivo da maceração pós-fermentativa é extrair o máximo possível de polifenóis, e é feita para se elaborar vinhos encorpados e para envelhecimento. Um estudo feito por Vila et al. (2003) analisando o tempo de maceração sobre a cor, composição tânica e adstringência dos vinhos de Cabernet Sauvignon e Malbec, mostram que os vinhos de Cabernet Sauvignon com macerações de 10 e 20 dias resultaram muito superiores no conteúdo de antocianinas, índice de cor polimérica e taninos em relação aos de curta maceração (5 dias). E isso provoca uma maior apreciação visual da cor e das sensações bucais de concentração e untuosidade. Já o mosto obtido da uva Malbec seguiu um padrão de extração de antocianinas e taninos muito parecido com o extraído da cultivar Cabernet Sauvignon até o 10º dia, depois houve um rápido decréscimo devido a estarem com um pequeno ataque de podridão. Mas isso não comprometeu sua qualidade, pois teve características de concentração e untuosidade similares as da Cabernet Sauvignon. 2.4.2 Temperatura de fermentação A temperatura é um fator importante de degradação dos tecidos, o que contribui grandemente nos fenômenos de maceração e, conseqüentemente, nos teores de polifenóis (TOGORES, 2003). Portanto é muito importante que seja homogênea em todo o tanque (LANATI, 2007). Uma temperatura suficientemente elevada (28 a 30°C) favorece uma extração suficiente dos compostos fenólicos, principalmente a estrutura tânica, e também de manoproteínas de leveduras que contribuem para a untuosidade do vinho (RIBÉREAUGAYON et al., 2003), características buscadas para vinhos de guarda. Porém é preciso muito cuidado no controle, pois, a fermentação por ser uma reação exotérmica, pode elevar a temperatura demasiadamente causando problemas com a fermentação e perda aromática. Oreglia (1978) afirma que em temperaturas de 25 a 30°C os fenômenos da dissolução e difusão são máximos, enquanto que em temperaturas de 30 a 35°C se dissolvem especialmente as substâncias tânicas. Para os vinhos jovens, pela sua característica de serem bem coloridos, com aromas frutados (primários) é recomendado temperaturas de 20 a 25°C, pois conserva e potencializa os aromas primários e características varietais (TOGORES, 2003). 12 Devido ao efeito que a temperatura exerce sobre a maceração, novas técnicas de maceração surgiram tais como, a termovinificação, a flash-expansão, a maceração préfermentativa a frio e a maceração final a quente (TOGORES, 2003). 2.4.3 Presença de álcool, dióxido de enxofre, enzimas e sangria O álcool é responsável pela destruição dos tecidos celulares e dissolução dos componentes presentes nas partes sólidas, contribuindo para a maceração. Estima-se que a cada grau alcoólico há um incremento de 5% em compostos fenólicos (TOGORES, 2003). Por outro lado o etanol provoca uma diminuição na cor do vinho, por romper as ligações tanino-antocianina liberando uma antocianina livre que é menos colorida, e destruir os copigmentos formados entre as antocianinas e os compostos fenólicos (TOGORES, 2003, RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). O dióxido de enxofre provoca uma maior fragilidade das células da casca da uva, liberando mais facilmente seu conteúdo (FLANZY, 2003). O seu efeito é bem menos importante que os demais fatores, todavia, em uvas com baixa maturação e atacadas por podridões, o dióxido de enxofre ajuda na extratibilidade dos pigmentos e evita a oxidação destes pela lacase, enzima produzida pelo fungo Botrytis cinerea (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). As enzimas têm a função de degradar compostos como a pectina (enzima pectinmetilesterase, poligalacturonase e polimetilgalacturonase), a celulose (enzima celulase e hemicelulase) e terpenos glicosilados (enzima β-glicosidase, arabinase e ramnosidase) que são precursores de aromas (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). Estão presentes na uva, e podem ser benéficas favorecendo a maceração, por exemplo, ou maléficas como as polifenoloxidases que oxidam os polifenóis (LANATI, 2007). Atualmente, muitas vinícolas adicionam preparados enzimáticos para promover o que se deseja, seja aumento do rendimento do mosto, seja para potencializar a maceração. A mais utilizada neste caso são as enzimas pectolíticas que degradam as paredes das células vegetais e a pectina, favorecendo a liberação das antocianinas e taninos presentes nas cascas (TOGORES, 2003). A técnica de sangria consiste na retirada de 10 a 20% do mosto logo após o enchimento do tanque (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Tal técnica permite um aumento na intensidade corante, na concentração de taninos, na estabilidade da cor e na sua capacidade para envelhecimento. É um ótimo recurso para melhorar as características de uvas com baixa 13 maturação (ZAMORA, 2003). Deve ser aplicada com prudência, pois uma excessiva concentração poderá conduzir a uma estrutura tânica exagerada, o que desestrutura o vinho (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). 2.4.4 Operações mecânicas Todas as manipulações que produzem uma degradação dos tecidos vegetais da uva favorecem a maceração, pois aumentam a extração das substâncias contidas nesta. As operações mecânicas como o desengaçe, esmagamento, bombeamento, remontagens, prensagens são as que mais contribuem para essa degradação, e devem ser realizadas em equipamentos adequados e bem regulados, para que não haja uma excessiva trituração das partes sólidas e conseqüente extração de compostos indesejáveis (TOGORES, 2003). As operações que manipulam o bagaço como a remontagem e a pigeage são as que mais influenciam a extração de compostos fenólicos, pois, como já dito, permitem a continuação do princípio da difusão. Atualmente, a remontagem é a operação mais realizada, pois não só ativa a maceração, como homogeiniza o mosto-vinho, auxilia na adição de insumos, causa uma aeração do mosto em fermentação e na fase de maceração pós-fermentativa mantém o bagaço sempre molhado evitando a multiplicação de bactérias acéticas (ZAMORA, 2003. Consiste em retirar o vinho pela parte inferior do tanque e impulsioná-lo até a parte superior do tanque com a ajuda de uma bomba que, de preferência, seja específica para trabalhar na presença de fragmentos sólidos (TOGORES, 2003). Favorece a extração dos melhores taninos, que atribuem ao vinho melhor estrutura e sensações de suavidade e maciez (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). A pigeage ou pisagem é a técnica mais antiga de promover a maceração, consiste em romper o “chapéu” e afundá-lo na parte líquida. É uma operação de maior qualidade que a remontagem, pois não afeta a integridade dos tecidos vegetais. E pode ser feito manualmente ou por um compressor (TOGORES, 2003). Testes feitos por Flanzy (2003) comprovaram que a pigeage é mais eficaz na extração de compostos fenólicos totais e antocianinas, em relação a remontagem desde que realizados com a mesma freqüência. Além disto, a pigeage também confere moderada extração dos taninos da semente e baixa formação de borras (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). 14 Outra prática que está se tornando comum é a délestage, que consiste em retirar todo o mosto em fermentação para outro tanque, e após algumas horas voltar por cima do “chapéu”. Isso proporciona uma melhor extração, já que este demora para subir até o topo do tanque novamente ficando um tempo prolongado em contato com o líquido (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). Além de descompactar o “chapéu” e auxiliar na retirada das sementes no caso de uvas com insuficiente maturação fenólica (ZAMORA, 2003). 2.5 Macerações diferenciadas 2.5.1 Maceração pré-fermentativa a frio Como já mencionado, atualmente, é a modalidade de maceração pré-fermentativa mais utilizada, também conhecida como criomaceração. Essa técnica surgiu da necessidade de melhorar a riqueza polifenólica dos vinhos tintos de Pinot Noir na Borgonha, já que essa variedade não tem níveis elevados desses compostos (TOGORES, 2003). Segundo a resolução nº12/2005 da Organização Internacional da Uva e do Vinho, maceração pré-fermentativa a frio é definida como um procedimento de fazer macerar as uvas por um determinado tempo e temperatura, com o objetivo de favorecer a extração dos constituintes do bagaço antes do início da fermentação alcoólica. Geralmente, as uvas são desengaçadas, esmagadas e refrigeradas no próprio tanque, permanecendo de 3 a 10 dias em temperaturas que variam dos 5° a 10°C, sem fermentar devido a baixa temperatura. Isso permite uma difusão seletiva dos compostos como antocianinas, substâncias aromáticas varietais e taninos (GIOVANNINI e MANFROI, 2009; TOGORES, 2003). O esfriamento pode ser feito por meio de trocadores de calor, por sistemas de frio dos tanques (cintas), e placas ou serpentinas diretamente sobre o mosto. A utilização de gases inertes como o nitrogênio e o dióxido de carbono, é importante para evitar a oxidação. Togores (2003) recomenda o uso de gelo seco ou neve carbônica pois, além da proteção contra oxidação, ajuda a baixar a temperatura e a degradar os tecidos das cascas por congelamento das células. Flanzy (2003) observou que após o período de maceração pré-fermentativa a frio, no arranque da fermentação, com o aumento da temperatura, houve um rápido enriquecimento 15 dos polifenóis, principalmente na cor. Isso se deve ao fato de que durante a fase préfermentativa, as membranas celulares ficaram desorganizadas pela ação de enzimas da própria uva, e que quando a temperatura aumenta essa desorganização é maior, facilitando a extração rápida dos compostos fenólicos. Quando acaba o período de maceração pré-fermentativa, a temperatura é aumentada naturalmente ou então é esquentada, e a maceração segue de forma tradicional. A adição de levedura seca ativa é importante, pois essa maceração favorece o desenvolvimento de leveduras indígenas que podem afetar a qualidade do vinho (TOGORES, 2003). Zamora (2003) destaca que essa técnica pode ser aplicada para uvas não muito maduras, pois como acontece na fase aquosa, ou seja, sem a presença de álcool, não há o risco de extrair os taninos das sementes. 2.5.2 Maceração carbônica É uma técnica que utiliza a capacidade da baga em passar de um metabolismo respiratório para um metabolismo fermentativo, em uma atmosfera rica em gás carbônico e pobre em oxigênio. Os sistemas enzimáticos necessários para que isso aconteça já existem nas bagas, que precisam estar inteiras (FLANZY, 2003) pois esse metabolismo acontece tanto em atmosfera gasosa, como em meio líquido, porém nesse último a intensidade é menor pois acontecem fenômenos de difusão que diminuem a concentração dos substratos para o metabolismo anaeróbico. Portanto se há muito esmagamento da uva o volume de mosto aumenta, diminuindo assim o metabolismo anaeróbico (RIBÉRAU-GAYON et al., 2003). Durante a maceração carbônica uma série de sínteses e degradações acontecem, a principal delas é a dupla descarboxilação do ácido málico com a produção de etanol. Essa produção é escassa e varia de 0,44 a 2,20% vol, e a cultivar e a temperatura têm influência direta nesse rendimento (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Para manter a integridade das bagas, é recomendado que não se utilize nenhuma máquina, a não ser cintas transportadoras. As uvas devem ser colocadas no tanque de modo que se reduza o máximo possível a ruptura das bagas (TOGORES, 2003), podendo ser colocado certo volume de uvas esmagadas ou mosto no fundo do tanque para diminuir o esmagamento das uvas, e auxiliar na saturação do ambiente com gás carbônico por meio da fermentação alcoólica deste mosto (FLANZY, 2003). Quando o tanque estiver cheio deve ser 16 colocado gás carbônico exógeno, para já iniciar a maceração carbônica enquanto o mosto do fundo do tanque não começa a fermentar (TOGORES, 2003). A temperatura recomendada para a maceração carbônica é de 30 a 35°C, pois é quando o metabolismo anaeróbio tem eficácia plena (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Deve estar aliado ao tempo de encubação, pois esse conjunto afetará nas características do produto final (FLANZY, 2003), e esse momento deve ser feito de acordo com o parâmetro fixado por cada enólogo, que pode ser o aumento da acidez volátil, necessidade de utilização do tanque (TOGORES, 2003), densidade, evolução da cor e estrutura tânica, aroma e sabor (RIBÉREAU-GAYON et al., 2003). Iniciada a fermentação, além dos controles diários de densidade e temperatura, é conveniente medir a acidez volátil, pois pode acontecer de iniciar um processo bacteriano, já que não é comum realizar remontagens (TOGORES, 2003). Após a decisão do descube, o vinho é escorrido e as uvas prensadas em prensas hidráulicas ou pneumáticas, e este vinho prensa pode ser misturado com o gota ou não. A fermentação alcoólica continua nos tanques sem a presença do bagaço, e deve ser conduzida de 18 a 20°C para preservar os aromas e geralmente acaba rápido, e a fermentação maloláctica inicia-se facilmente devido às condições favoráveis (RIBÉREAU-GAYON, et al., 2003). Os vinhos de maceração carbônica são marcados por terem aromas frutados característicos desta elaboração, como cereja, morango, ameixa, framboesa e banana (TOGORES, 2003). No geral a densidade, a acidez fixa e o conteúdo de açúcares residuais são menores em relação à maceração tradicional, e o conteúdo de polifenóis totais varia bastante em função da temperatura (FLANZY, 2003). São vinhos jovens para consumo rápido, pois em um ano de guarda já se nota a perda de aromas, e pode ser utilizado também para cortes com outros vinhos (RIBÉREAU-GAYON, et al., 2003). 17 3 Materiais e métodos A seguir será apresentado o relatório da elaboração do vinho Merlot, durante a safra 2010, evidenciando os resultados obtidos nos diferentes métodos de maceração e operações que podem maximizar os fenômenos de difusão e extração, bem como a análise sensorial do vinho obtido. Os métodos analisados foram: vinificação por maceração carbônica, vinificação tradicional e vinificação com maceração pré-fermentativa a frio e pós-fermentativa acompanhada de operações especiais. Todas as vinificações foram feitas na Vinícola Miolo Ltda. Localizada no Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves – RS. 3.1 Vinificação por maceração carbônica As uvas Merlot foram colhidas no dia 24/02/2010 em caixas de 18 kg e transportadas até a vinícola no mesmo dia. Imediatamente, foi medido o grau Babo, por meio de um aerômetro específico, que no caso do vinho elaborado foi de 17,7° Babo. As caixas de uvas eram paletizadas e levadas até o topo do tanque, isso era possível devido à vinícola estar disposta a favor da gravidade, ou seja, o processo acontece do pavimento superior para o inferior. Os tanques tinham capacidade para 13.000L e 23.000L, e somente eram usados 60% de sua capacidade para evitar excessivo esmagamento, já que quanto mais íntegras estiverem as bagas melhor, possibilitando a ocorrência da fermentação intracelular (PEYNAUD, 1982). Antes do enchimento do tanque era adicionado gás carbônico para inertização e saturação do ambiente, para que o meio fique sem oxigênio (anaeróbio) para acelerar o início da fermentação intracelular. A cada 1.000 kg de uva era adicionado mais gás. As caixas eram descarregadas manualmente, sempre no centro do tanque para formar uma pirâmide. Junto com os primeiros 500 kg, era colocado 1 L de solução de dióxido de enxofre a 50 g/L para cada 1.000 kg de uva. O dióxido de enxofre devido às suas características é o principal e indispensável conservante do vinho. Quando já estava completo o tanque, eram inoculadas leveduras (dose de 30g/hL de mosto). O mosto era proveniente do pequeno esmagamento provocado pelo descarregamento 18 da uva das caixas para o interior do tanque. Foi escolhida uma cepa de Saccharomyces cerevisiae da marca comercial Maurivin AWRI 796, que tem como características ser um fermentadora de moderada a rápida em temperaturas de 20 a 30°C, produz baixos níveis de aromas e compostos de sabor, sendo desejável quando se busca as características varietais da uva, com pouca influência da cepa de levedura (MAURIVIN, 2010). Fatores esses que são desejáveis para o vinho estudado, evidenciando a maceração carbônica e a cultivar Merlot. A hidratação foi feita em água quente a 38°C na proporção de uma parte de levedura para dez partes de água, com um pouco de nutriente Fermoplus Millenium dissolvido, que é constituído de sulfato de amônio, fosfato de amônio bibásico, celulose, cloridrato de tiamina (vitamina B1) e levedura inativa (AEB GROUP, 2010), o que contribui para nutrição da levedura, já que são fatores de crescimento e sobrevivência (ROSA, 1998). A cada meia hora era adicionado mosto, até totalizar 5% do volume do tanque e, por meio de uma remontagem, esse cultivo era adicionado, mas não era colocado pelo topo e sim pelas duas válvulas na parte inferior do tanque, para que não esmague mais cachos. Durante a fermentação a temperatura era controlada de 25 a 28°C, duas vezes ao dia eram tomadas as temperaturas e densidades e, a cada dia era feita uma análise de acidez volátil. Segundo Peynaud (1982) a duração da maceração pode durar de 8 a 10 dias, e o descube é determinado de acordo com um ou mais fatores escolhidos que podem ser pela parada de desprendimento de gás, pela densidade do mosto do fundo do tanque e, pela cor e qualidade organoléptica na degustação. Para o vinho estudado os fatores escolhidos foram o fim de fermentação do mosto, análise da coloração dos cachos e análise sensorial. Após os sete dias de fermentação o vinho foi descubado e as uvas prensadas em prensa vertical hidráulica, o mosto prensa foi misturado com o flor, que fermentou por mais dois dias. A temperatura foi fixada em 28°C para a realização da fermentação maloláctica, que terminou após nove dias. Terminada a fermentação maloláctica, o vinho foi filtrado a terra e estabilizado a frio, permanecendo em depósitos de estocagem. 3.2 Vinificação por maceração tradicional As uvas foram colhidas dia 05/02/2010 também em caixas de 18 kg. Ao chegar à vinícola foram descarregadas em uma esteira que leva até a desengaçadeira, que irá separar a ráquis da baga. As bagas caem inteiras dentro de tanques móveis chamados de “aranhas” que 19 irão até o topo do tanque de fermentação de capacidade de 23.000 L para despejar as uvas, que irão esmagar somente pela força da gravidade. Isso ajuda a manter o máximo possível a integridade das bagas e principalmente das sementes, o que auxilia na extração suave dos compostos fenólicos, e pouca formação de borras (GIOVANNINI e MANFROI, 2009). Na própria “aranha” foi adicionado enzima pectolítica também com função proteolítica, ou seja, as pectinas e proteínas são degradadas, no caso dos vinhos tintos isso ajuda na extração dos compostos fenólicos da casca, e na estabilização da cor (RIBÉREAUGAYON et al., 2003). Também foi adicionado 1L de solução de dióxido de enxofre a 50 g/L para cada 1.000 kg de uva. No mesmo dia foi inoculada a levedura da marca comercial Fermol Rouge cepa Saccharomyces cerevisiae, que tem como características aportar aromas de frutas fermelhas, ervas aromáticas e especiarias, muito indicada para vinhos jovens e de médio envelhecimento (AEB GROUP, 2010). A hidratação foi feita do mesmo modo que a maceração carbônica. No momento de colocar o pé-de-cuba no tanque, foi adicionado 20 g/hL de Gesferm nutriente ativante de fermentação constituído de compostos nitrogenados e vitamina B1, que contribuem respectivamente para o aumento da população das leveduras, e um importante fator de crescimento das mesmas (ROSA, 1998). No dia seguinte à inoculação das leveduras começaram a ser feitas as remontagens. Foram fechadas, ou seja, o vinho foi retirado por baixo do tanque e diretamente colocado de volta pelo topo, até a densidade de 1,060 g/cm3 com a freqüência de três vezes ao dia. Depois entre 1,060 g/cm3 e 1,020 g/cm3 foram feitas remontagens em aberto, o vinho era retirado por baixo em uma mastela e então colocado de volta por cima, também três vezes ao dia. E abaixo de 1,020 g/cm3 de densidade, remontagens fechadas duas vezes ao dia. É muito importante observar que durante a volta do vinho para o tanque, o bagaço ou “chapéu” fique todo molhado, para dar continuidade aos fenômenos de difusão e para evitar a acetificação do bagaço. No terceiro dia de fermentação foi corrigido 1% v/v do grau alcoólico com mosto concentrado, um produto obtido por eliminação parcial da água com o principal objetivo de corrigir o teor de açúcares do mosto, onde também todos os demais componentes se encontram concentrados (TOGORES, 2003). Pode ser obtido por meio de diversas técnicas como evaporação à vácuo, evaporação à pressão atmosférica, evaporação osmótica e osmose inversa. O método utilizado foi o de concentração à vácuo, que consiste em concentrar o 20 mosto a temperatura ambiente por evaporação de uma parte da água, em um trocador de calor submetido à um vácuo intenso (FLANZY, 2003). A vantagem de utilizar o mosto concentrado e não a chaptalização, é que como todos os compostos são concentrados, além do açúcar há uma melhora na intensidade corante, taninos e polifenóis totais principalmente (FLANZY, 2003). Após dois dias de acabada a fermentação o vinho foi descubado e prensado em prensa vertical hidráulica, o vinho prensa não foi misturado com o flor. 3.3 Vinificação com maceração pré-fermentativa a frio e pós-fermentativa acompanhada de operações especiais O recebimento, enzimagem e sulfitagem das uvas foram procedidas da mesma maneira que na maceração tradicional. No entanto quando o tanque estava cheio, além do sistema de refrigeração das cintas, foram colocadas placas para auxiliar no resfriamento das uvas, pois estas ficaram cinco dias em maceração pré-fermentativa a frio (MPF), a temperaturas que variavam de 6 a 12°C. No segundo dia de maceração foi realizada uma sangria de 10% do volume do tanque para melhorar a extração de compostos fenólicos, e o volume retirado foi utilizado para concentração. Também iniciou-se remontagens fechadas diárias, para somente molhar o bagaço. Após os cinco dias de MPF, antes da adição da levedura foi colocado o mosto concentrado para aumentar 1% v/v de álcool. A levedura adicionada foi da marca comercial Maurivin BP 725 da cepa Saccharomyces cerevisiae, e tem como características ressaltar o sabor varietal, realçar a cor e é indicada para a cultivar Merlot (MAURIVIN, 2010). E também o nutriente ativante de fermentação Gesferm na dose de 20g/hL, o mesmo que foi usado para a maceração tradicional. Até o pico de fermentação foram feitas três remontagens fechadas diárias acompanhadas de pigeage. No pico de fermentação que ocorreu no 4° dia de fermentação ou 9° dia de maceração, foi feito uma délestage e seguiram três remontagens abertas diárias. No fim da fermentação o esquema de remontagens foi igual ao do início. Após ser constatado que o vinho estava seco, iniciou-se a fase de maceração pósfermentativa. Manteve-se a temperatura a 28°C, foi realizada uma remontagem diária e 21 freqüentemente era adicionado gás carbônico. O vinho foi mantido por doze dias, e após isso foi descubado e prensado. 3.4 Análises físico-químicas Todas as análises foram feitas no laboratório de análises da Vinícola Miolo Ltda. e os métodos utilizados estão de acordo com a legislação brasileira. Densidade relativa a 20°C: foi utilizado uma balança hidrostática Densi-Mat da marca Gibertini®, e um módulo de leitura AlcoMat 2 também da marca Gibertini®. Álcool: o método utilizado foi o de destilação e medida da densidade, que foi feita por um destilador automático Super D.E.E. da marca Gibertini®, uma balança hidrostática Densi-Mat Gibertini® e um módulo de leitura AlcoMat 2 Gibertini®. Acidez total: feito por titulometria com uso de indicador. Acidez volátil: feito pelo método de destilação e titulação, onde a destilação foi feita pelo destilador automático Super D.E.E. Gibertini® e a titulação por um titulador automático Quick Analyzer da marca Gibertini®. Dióxido de enxofre livre e total: feito pelo método Ripper. pH: determinado por um pHmetro de bancada. Açúcar: determinado pelo método Fehling. Maloláctica: feito por cromatografia em papel. Cor 420 nm, 520 nm e 620 nm: determinado por leitura direta destes comprimentos de onda em espectrofotômetro. Intensidade de cor: soma dos valores das leituras de cor 420 nm, 520 nm e 620 nm. Tonalidade: determinado pela divisão do valor da leitura do 420 nm pela leitura do 520 nm. Taninos: método de coloração por cloreto férrico. Antocianinas: método de descoloração com bissulfito de sódio. Índice de polifenóis totais (IPT): método espectrofotométrico. Relação tanino/antocianina: determinado pela divisão do valor da análise de taninos, pelo índice de antocianinas e seu resultado multiplicado por 1.000. 22 4 Resultados e discussão A figura 1 mostra a curva de fermentação do mosto flor de maceração carbônica para o 30,0 29,0 28,0 27,0 26,0 25,0 24,0 23,0 22,0 21,0 20,0 1,070 1,060 1,050 1,040 1,030 1,020 1,010 1,000 0,990 1 2 3 4 5 6 Temperatura (°C) Densidade relativa a 20°C (g/cm3) tanque estudado, e a tabela 1 a análise final do vinho. 7 Tempo (dias) Densidade Temperatura Figura 1. Curva de fermentação do mosto flor de maceração carbônica Na análise sensorial o que foi mais observado não só no vinho estudado, mas também em outros elaborados por maceração carbônica é o aroma bem evidenciado de banana ou doce de banana, mas também morango e cereja todos considerados típicos da maceração carbônica. A cor ficou clara e brilhante, e na boca bem jovem e leve, com acidez marcada, porém equilibrada. A figura 2 mostra a curva de fermentação para o vinho de maceração tradicional, e a tabela 1 mostra a análise final do vinho estudado logo após a fermentação maloláctica. 23 25,0 24,0 23,0 22,0 21,0 20,0 Temperatura (°C) Densidade relativa a 20°C (g/cm3) 1,080 1,070 1,060 1,050 1,040 1,030 1,020 1,010 1,000 0,990 19,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Tempo (dias) Densidade Temperatura Figura 2. Curva de fermentação do vinho de maceração tradicional O vinho de maceração tradicional apresentou aromas agradáveis, não muito intensos, mas de boa qualidade. Em boca ainda com taninos um pouco agressivos que irão melhorar com o estágio em madeira, acidez equilibrada e de médio corpo. Como no momento da degustação ainda não tinha passado por nenhum tratamento de clarificação, apresentava-se um pouco turvo, mas com cor violeta e boa intensidade. A figura 3 mostra a curva de fermentação para a maceração pré-fermentativa a frio e pós-fermentativa acompanhada de operações especiais (maceração especial), e a tabela 1 a análise final após a fermentação maloláctica. 24 30,0 28,0 26,0 24,0 22,0 20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 12 3 4 5 6 7 8 Temperatura (°C) Densidade relativa a 20°C (g/cm3) 1,110 1,100 1,090 1,080 1,070 1,060 1,050 1,040 1,030 1,020 1,010 1,000 0,990 9 10 11 12 Tempo (dias) Densidade Temperatura Figura 3. Curva de fermentação do vinho de maceração pré-fermentativa a frio e pósfermentativa Em comparação ao vinho de maceração tradicional, o de maceração especial apresentou aromas mais intensos e boa qualidade. Em boca sabor muito agradável e taninos ainda verdes. É um vinho de médio corpo, que assim como o de maceração tradicional irá para estágio em barricas de carvalho. 25 Tabela 1. Análise final dos vinhos estudados Parâmetro Vinho maceração carbônica Vinho maceração tradicional Vinho maceração especial Densidade relativa a 20°C (g/cm3) 0,9952 0,9949 0,9961 Álcool (% vol) 12,05 13,06 13,22 Acidez total (g/L ácido tartárico) 4,27 6,22 5,00 Acidez volátil (g/L ácido acético) 0,24 0,21 0,35 SO2 total (g/L) 0,092 0,058 0,054 SO2 livre (g/L) 0,031 0,025 0,028 SO2 desconto polifenóis (g/L) 0,010 0,018 0,013 SO2 livre real (g/L) 0,021 0,007 0,025 pH 3,84 3,59 3,75 Açúcar (g/L) 1,47 2,1 2,36 Maloláctica Fez Fez Fez Cor a 420 nm 0,386 0,394 0,371 Cor a 520 nm 0,618 0,758 0,607 Cor a 620 nm 0,128 0,133 0,118 Intensidade de cor 1,132 1,285 1,096 Tonalidade 0,624 0,52 0,611 Taninos 1,796 1,638 1,523 Antocianinas 477,80 626,3 399,23 Índice de polifenóis totais (IPT) 55,80 61,6 53,50 Relação tanino/antocianina 3,76 2,62 3,815 Todos os vinhos elaborados, independentemente do método estão dentro dos padrões legais de identidade do vinho e das práticas enológicas autorizadas. Para a análise dos diferentes métodos de maceração, os parâmetros que foram avaliados serão a cor nos 26 comprimentos de onda de 420 nm, 520 nm e 620 nm, intensidade de cor, matiz, antocianas, taninos, índice de polifenóis totais (IPT) e relação tanino/antociana, uma vez que a maceração influencia diretamente esses fatores. Na análise de cor, os valores dos comprimentos de onda e intensidade de cor não foram muito diferentes entre os métodos, sendo que o de maceração tradicional obteve os valores mais altos e o de maceração pré-fermentativa a frio e pós-fermentativa (maceração especial) os mais baixos, provavelmente devido ao seu conteúdo de antocianas, taninos e IPT também baixos, efeito atribuído à maceração pré fermentativa a frio, que diminui os valores dos comprimentos de onda (ZOECKLEIN et al., 2001). Segundo Jackson (2000), uma longa maceração resulta em um declínio das antocianinas livres, mas pode aumentar a estabilidade da cor. Essa estabilidade tem a ver com as reações de polimerização entre taninos e antocianinas (ZAMORA, 2003), e a maceração a frio também aumenta essas reações (ZOECKLEIN et al., 2001). Apesar da quantidade de antocianinas e taninos do vinho de maceração especial ser a mais baixa de todas, a relação tanino/antociana é a maior entre as outras macerações, mostrando que este vinho resultou mais equilibrado e estável. O conteúdo de antocianas do vinho de maceração carbônica foi superior ao da maceração especial, provavelmente devido ao fato que a submersão das uvas no mosto em fermentação do fundo do tanque, aumenta a extração de antocianinas e taninos por intercâmbios dessas substâncias, que acontece proporcionalmente à formação de etanol (FLANZY, 2003). A maceração carbônica é recomendada para uvas excessivamente tânicas e ácidas, em relação à maceração tradicional, já que esta extrai mais taninos (JACKSON, 2000). Este fato não foi observado, pois o conteúdo de taninos no vinho de maceração carbônica foi mais alto que os demais, o que pode ser explicado pela provável difusão de taninos do engaço para o mosto. Em relação a matiz, todos os vinhos ficaram na média estabelecida por RibéreauGayon et al. (1980) que é de 0,5 a 0,7 para vinhos jovens. A matiz representa o nível de evolução da cor até o laranja, sendo mais observada em vinhos envelhecidos onde a média é de 1,2 a 1,3 (RIBÉREAU-GAYON et al, 2003). Por fim, no aspecto sensorial não foi realizada nenhuma degustação formal, e sim a reunião dos enólogos responsáveis para avaliar a qualidade global dos vinhos elaborados. 27 Percebeu-se que na questão aromática, a maceração carbônica evidenciou os aromas primários e os secundários típicos desta maceração, e o vinho de maceração especial também apresentou aromas muito satisfatórios, devido à maceração pré-fermentativa a frio que acentua aromas mais finos e frutados (RIBÉREAU-GAYON, 2003). Em boca, os vinhos de maceração tradicional e maceração especial apresentaram-se ainda verdes e muito jovens, evidenciando a necessidade de um período de maturação. Já o vinho de maceração carbônica apresentou estrutura leve, baixa acidez e um pequeno amargor. 28 5 Considerações finais A busca de novas técnicas de vinificação é constante, sempre para promover as qualidades das uvas e agradar diversos paladares dos consumidores. A maceração carbônica é uma técnica muito interessante para a elaboração de vinhos jovens, e nas condições do Vale dos Vinhedos nessa safra de 2010 que foi muito chuvosa e de péssima qualidade, essa técnica permitiu a elaboração de vinhos com boas qualidades. Já a maceração tradicional e maceração pré-fermentativa a frio e pós-fermentativa com operações especiais, permitem a obtenção de produtos destinados ao amadurecimento em barricas. Analiticamente estes tipos de maceração não foram muito diferentes entre si, diferindo apenas nos compostos fenólicos e características cromáticas, provavelmente por serem uvas com grau de maturação diferente. Todavia, nas características organolépticas o processo de maceração especial foi superior, provavelmente, devido à maceração préfermentativa a frio que promove a extração de compostos aromáticos. Conclui-se então que a técnica de vinificação, a maceração e as operações de pigeage e délestage, influem muito nas características dos vinhos, porém estes fatores devem ser conduzidos e manejados, para que traga ao vinho um bom equilíbrio gustativo e analítico e não se torne uma receita aplicável a qualquer situação. Além disto, uma maturação suficiente é essencial, o que explica as diferenças analíticas entre os vinhos estudados. 29 6 Referências bibliográficas AEB GROUP. Ficha técnica Fermol Rouge. Itália, 2010. AEB GROUP. Ficha técnica Fermoplus Millenium. Itália, 2010. BRASIL. 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