Reprodução
entrevista | pág. 7
“Obrigação da PM é
defender a população”
Entre os dias 14 e 18 acontece, no
Rio, I Encontro Latino-americano
de Teatro. O foco principal é a discussão das formas políticas de teatro e sua atualidade no continente.
Para a advogada Margarida Pressburguer, do Comitê de Combate à
Tortura da ONU, somente a desmilitarização da polícia poderá mudar as
forças de segurança.
Edição
Encontro de teatro
latino-americano
Pablo Vergara
cultura | pág. 11
Uma visão popular do Brasil e do mundo
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013 | ano 11 | edição 24 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato
Pablo Vergara
cidades | págs. 4 e 5
Com apoio das ruas,
professores resistem
mundo | pág. 10
Lampedusa e a
morte de Kadafi
Pouco se diz, mas a tragédia em que
363 imigrantes africanos morreram
afogados perto da ilha italiana de
Lampedusa tem relação direta com
a invasão da Líbia pela Otan e com
o assassinato de Kadafi.
Nelson Perez/Fluminense F.C.
esporte | pág. 16
No maior ato após as jornadas de junho, milhares de pessoas voltam às
ruas do Rio em apoio aos professores, que estão em greve há dois meses;
a violenta desocupação da Câmara, realizada dias antes pela Polícia Militar, só fez aumentar a solidariedade à luta dos profissionais da Educação.
Vasco vence
o Fluminense
O Vasco venceu o Fluminense por
1 a 0 na noite desta quarta-feira (9),
na Ressacada, em Florianópolis. Cris
marcou o único gol da partida.
02 | opinião
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
editorial | Brasil
OS PARTIDOS POLÍTICOS no
Brasil nunca representaram os
interesses de uma classe social
em específico e muito menos
tiveram como objetivo um programa de mudanças socioeconômicas para a sociedade.
Suas características sempre
foram de disputar cargos para
ascender ao controle do Estado. Assim, enriquecerem com
recursos públicos para interesses de grupos e frações de classe. E o Estado, com sua natureza burguesa, sempre funcionou
na lógica de reprodução dos interesses das classes proprietárias, os capitalistas.
A exceção à esquerda foram os partidos comunistas,
que procuravam representar
os interesses dos trabalhado-
Os movimentos sociais e as forças
populares em geral, mais do que nunca,
devem colocar suas energias para seguir
organizando e mobilizando o povo
res e defendiam programas
de mudanças. Na década de
1980, o Partido dos Trabalhadores (PT) foi fundado com
esse propósito e, depois, outros agrupamentos políticos
menores da esquerda.
Na direita, também tivemos
exceções de partidos com a clara identidade de classe, como
é o caso da União Democrática Nacional (UDN), a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), durante a ditadura militar,
e, agora, o Democratas (DEM).
Agora, nas últimas semanas, assistimos a um verdadeiro festival de troca-troca de siglas, de novos partidos, que
culminou com a não legalização do partido da Rede e a filiação da ex-ministra Marina Silva ao Partido Socialista
Brasileiro (PSB) e sua provável
candidatura como vice na chapa de Eduardo Campos.
Na coalizão partidária que
governa o país, também ve-
mos cenas frequentes de oportunismo. Recentemente vimos
a saída do PSB do governo. Ao
mesmo tempo, a ida da senadora ruralista Kátia Abreu para o PMDB. E, nos estados, as
articulações para as disputas
de cargos ao governo têm sido ainda mais grotescas, com
parcerias de todo tipo à direita e à esquerda.
Já os tucanos – desanimados com a falta de perspectiva
de vitória – ficam entre priorizar o Congresso Nacional, São
Paulo e Minas Gerais, ou deixar o Planalto para 2018 e a volta da candidatura Serra, apresentada publicamente pelo senador Aloysio Nunes.
Tudo um jogo eleitoral voltado para as eleições de 2014. E
se depender dos políticos não
se fala mais em reforma política e muito menos em Constituinte e Plebiscito, como havia sido proposto até pela presidenta Dilma.
O povo ausente da disputa político-partidária assiste no
sofá, pela televisão, à dança das
cadeiras, à falta de coerência e
à falta de propostas concretas
de mudanças.
As mobilizações de rua demonstraram claramente que
há problemas reais enfrentados pelo povo que exigem mudanças. E, os movimentos sociais e as forças populares em
geral, mais do que nunca, devem colocar suas energias para seguir organizando e mobilizando o povo.
Latuff
O jogo eleitoral e a falta de programas
propriedade privada e que se
especializou no período da ditadura, aprimorando instrumentos e técnicas de tortura
com as forças armadas.
Mas, o que mantém essa
triste realidade? Seguramente, é a impunidade. E é preciso ser radical, no sentido de
ir à raiz do problema. Isso inclui a punição dos torturadores que ceifaram centenas de
vidas e mutilaram outras tantas no período da ditadura e
que hoje caminham livremente nas ruas de nosso país.
Fatos como esse, da UPP da
Rocinha, devem servir de alerta
para a sociedade em geral e requer um contundente repúdio
às autoridades responsáveis,
sendo elas o Comandante Geral da PM, o Secretario de Segurança Beltrame e o Governador
Sérgio Cabral.
editorial | Rio de Janeiro
Tortura nunca mais!
OS ÚLTIMOS resultados das investigações que visam esclarecer o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, de
47 anos, visto pela última vez
no dia 14 de julho desse ano
sendo levado por policiais para “averiguações” na sede da
Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, apontam,
como era de ser esperar, para a
própria polícia.
Quase três meses depois do
ocorrido e após muita pressão
dos moradores da Rocinha, dos
movimentos sociais, entidades de direitos humanos e dos
meios de comunicação alternativos, que constantemente se
mobilizaram aqui no Rio e em
outros estados do Brasil, chegou-se a um resultado que, em
princípio, parece satisfatório.
O então comandante da
UPP, Edson dos Santos e mais
Redação Rio:
[email protected]
Para anunciar:
(11) 2131 0800
nove soldados envolvidos no
caso estão presos, acusados
pelos crimes de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver. Mas, onde está Amarildo? A essa pergunta ainda não
se tem resposta.
O que se sabe, pelas investigações, é que esse mesmo grupo, agora preso, transformou a
sede da UPP em um verdadeiro aparelho de tortura, prática abominável e repudiada em
qualquer Estado que se denomine democrático de direito.
Segundo as investigações,
Amarildo morreu após ser submetido a uma intensa sessão de
tortura. Revela ainda que foram
ouvidas outras 22 vítimas, moradoras da comunidade, que
foram torturadas por policiais
da UPP da Rocinha com o objetivo de obter informações sobre
drogas e armas.
Ninguém em sã consciência
pode deixar de se indignar com
tamanha brutalidade. No entanto, é preciso mais. É preciso
dizer que, infelizmente, a tortura como método de interroga-
tório é muito comum nas polícias do Brasil e não é diferente
aqui no Rio de Janeiro.
É herança de uma polícia
que nasceu para punir os pobres e proteger o monarca e a
Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti •
Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo, Gilka Resende, Mariane
Matos e Cláudia Santiago (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas –
Venezuela) • Fotógrafos: Pablo Vergara (Rio de Janeiro – RJ), Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper
(Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff
• Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Beatriz Calló • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. Eduardo
Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Webmaster: marc@infofluxo.com •
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José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, Ricardo
Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
opinião | 03
Latuff
Mário Augusto Jakobskind
A farsa de
uma autocrítica
Jandira Feghali
Onde está Honestino Guimarães?
“EU TINHA três anos quando
meu pai não voltou para casa”, conta Juliana Botelho Guimarães, filha do ex-militante
da UNE e desaparecido político, Honestino Guimarães. Seu
relato toca fundo em corações
de familiares de vítimas da ditadura. É a história real se fazendo presente.
A década de 1970 teve um
preço para Honestino. Apaixonado pela luta de classes e
por um país justo, o estudante era exemplo de um movimento que pulsava. Sua persistência por um Brasil liberto
era contagiante e não tardou
a chamar a atenção. A ditadura enfrentou este “problema”
revolucionário, desaparecendo com o símbolo estudantil,
crendo que seria fácil acabar
com suas lutas. Foi assim também com diversos militantes.
Ao revisitar as dependências do DOI-Codi, no 1º Batalhão de Polícia do Exército, deparei-me novamente com a
História. Junto de Álvaro Caldas, jornalista e ex-preso político, caminhamos numa volta
ao passado, em catarse.
Esta visita faz parte das atividades investigativas das Comissões da Verdade nos esta-
dos que buscam esclarecer lacunas em nossa história. A verdade e justiça são pautas que
não podem cessar, pois enfrentar o passado é reescrever
o presente e projetar o futuro.
Como disse a filha de Honestino: “É desse pai que morro de saudade. Junto-me ao
clamor pelas explicações das
circunstâncias da morte. Como cidadã brasileira e filha,
peço respostas que, depois de
40 anos, ainda não foram dadas. O que aconteceu com
meu pai e onde ele está?”.
Jandira Feghali
é deputada federal (PCdoB/RJ)
Rossino Diniz
Educadores, contem
com o povo das favelas!
NA TERÇA FEIRA da semana
passada, as favelas do Rio assistiram à repressão covarde contra os profissionais da educação das redes municipal e estadual, que se manifestavam legitimamente na Cinelândia, em
frente à Câmara Municipal.
Vimos os professores e professoras, as merendeiras, inspetores, serventes e alunos – muitos deles moradores de favelas –
serem vítimas da mesma violência que a polícia do Cabral impõe cotidianamente nas favelas.
A cara de terror e medo do
professor é a mesma dos moradores de favelas que sofrem com
a violência do Estado. É a mesma cara das famílias dos Amarildos desaparecidos. Os vídeos que mostram falsos flagrantes reproduziram o que ocorre
todos os dias em nossas favelas.
Eles querem nos calar pelo medo. Eles querem invisibilizar e criminalizar as lutas dos
movimentos sociais pelo silêncio ou pela manipulação da Rede Globo e outros meios.
A verdade é que os donos
da riqueza querem que não
lutemos por direitos, por isso
nos amedrontam com a violência do Estado. Eles temem
que o povo atrapalhe seus ne-
gócios sujos na Copa e nas
Olimpíadas. Eventos que estamos excluídos como povo
pobre e favelado.
Por isso, a importância da
luta dos profissionais da educação. Continuem mobilizando as comunidades escolares
e a sociedade. Contem com o
povo das favelas! Os quilombos
das cidades estão com vocês.
Rossino Diniz
é presidente da Federação
das Associações de Favelas
do Estado do Rio (Faferj)
e militante do Movimento
Popular de Favelas
NAS ÚLTIMAS SEMANAS, muito se comentou sobre a autocrítica do jornal O Globo por ter apoiado o
golpe de 1964. Os responsáveis pelo diário de maior
circulação no Rio reconheceram terem cometido
um “erro editorial”. Com o decorrer dos dias, quem
acompanhou o noticiário e os editoriais pôde constatar que a autocrítica não passou de retórica e até
uma questão mercadológica.
Passados quase 50 anos da eclosão do movimento civil militar que derrubou o presidente João Goulart, só mesmo setores extremistas de direita continuam na defesa daquele período de trevas. Daí a necessidade de O Globo fazer a autocrítica mesmo sendo, como diz o ditado popular, para inglês ver.
A cobertura dos últimos fatos relacionados com a
violência policial contra os professores deixou bem
claro que na prática, a autocrítica não foi para valer
e fez cair sua máscara.
Prova disso é a defesa intransigente do plano de
cargos e salários apresentado pela prefeitura, rejeitado pela maioria absoluta do professorado, para
não falar das matérias de página inteira pagas pela
administração Eduardo Paes. O Globo tentou, de todas as formas, culpar eventuais militantes do PSOL
e PSTU pela mobilização dos professores que sofreram a truculenta repressão da Polícia Militar.
O Globo precisa aprender a lição de
que, numa democracia, não se exige
atestado de ideologia para integrar
a direção de um sindicato
Ao penalizar a direção do Sindicato Estadual
dos Professores de Educação (Sepe), O Globo repetiu a linguagem utilizada há 50 anos, quando
PSOL e PSTU eram substituídos na retórica por
“comunistas” e “subversivos”. Quem tiver alguma
dúvida a esse respeito deve consultar as edições
de O Globo da época.
Na cobertura da greve, além do mais, O Globo fez mau jornalismo, ao relatar as várias assembleias dos professores. A persistência da paralisação ocorreu não por indução dos militantes do
PSOL ou PSTU, mas sim por exigência da própria
massa dos professores inconformados com o posicionamento da prefeitura.
Ao criticar alguns integrantes filiados da direção
do Sepe, O Globo repetiu uma tendência comum no
período ditatorial: o de culpar partidos de esquerda, então clandestinos, por eventuais manifestações
populares de descontentamento com o regime. Na
prática defendendo a repressão que provocou inúmeras violações aos direitos humanos.
O Globo precisa aprender a lição de que, numa
democracia, não se exige atestado de ideologia para integrar a direção de um sindicato e que mobilizações, como as que têm feito os professores, fazem
parte do exercício democrático. E que o anormal é a
truculência policial considerada “tecnicamente perfeita” pelo governador Sérgio Cabral.
Mário Augusto Jakobskind
é jornalista e escritor
04 | cidades
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
Cresce solidariedade à
luta dos professores no Rio
Pablo Vergara
GREVE Em defesa
da Educação,
mais de 50 mil
pessoas voltam
às ruas do Rio
Vivian Virissimo
do Rio de Janeiro (RJ)
O frio e a chuva não diminuíram a disposição
dos milhares de manifestantes que saíram em defesa dos professores na
última segunda-feira (7).
Partidos, movimentos e
sindicatos se uniram à luta pela anulação da sessão da Câmara de Vereadores, que aprovou o plano de cargos e salários
sem consulta à categoria.
O protesto, convocado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais
de Educação do RJ (Sepe), também serviu para
repudiar a violência praticada pela Polícia Militar (PM), sob comando
do secretário de Segurança José Mariano Bel-
Milhares de cariocas se juntaram aos professores nas ruas
trame e do governador
Sérgio Cabral (PMDB).
Esses foram os motivos que levaram a deficiente visual Viviane Siqueira, 36 anos, a participar de sua primeira
manifestação. Um amigo a guiava entre os manifestantes que portavam
bandeiras e gritavam palavras de ordem.
“Vim aqui pela necessidade de dar apoio aos
Prefeitura segue
fechada ao diálogo
do Rio de Janeiro (RJ)
Após decidir pela
continuidade da greve nesta quarta-feira
(9), professores da rede municipal marcharam do Clube Municipal da Tijuca até o Palácio Duque de Caxias,
na avenida Presidente
Vargas. A principal reivindicação dos professores é pelo agendamento de uma audiência com o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Desde que o plano
de cargos foi aprovado,
o prefeito tem se negado a dialogar com o sindicato que representa
os trabalhadores. Na úl-
tima terça-feira (8), Paes
convocou um encontro
com conselhos de pais
e de diretores de escolas
e excluiu a participação
dos sindicalistas.
No mesmo dia, o prefeito confirmou que vai
descontar o ponto dos
grevistas. Porém, essa
situação pode ter um
revés nesta quinta-feira
(10). A juíza Roseli Nalin vai receber informações do presidente da
Câmara de Vereadores,
Jorge Felippe (PMDB),
sobre a sessão que aprovou o plano de cargos.
Ela vai decidir sobre a
concessão ou não da liminar para suspender a
sessão. (VV)
professores que estão
sendo massacrados. Sempre acompanhei de longe e hoje tive oportunidade de estar aqui”, conta a
psicóloga, que é deficiente visual há 16 anos.
“A desocupação da Câmara foi extremamente violenta. Não tive como ficar imóvel diante
de tanta violência contra
trabalhadores que se sacrificam em prol da Edu-
cação desse município”,
completou.
Ao contrário de outros
atos, a PM não atuou ostensivamente no último.
Ao longo da avenida Rio
Branco, não se viam policiais fardados. Situação bem diferente da terça-feira da semana passada, quando foram deslocados cerca de 700 policiais para bloquear as
entradas da Câmara, on-
de os vereadores votavam
o plano que desagrada a
categoria. Naquele dia,
professores foram atacados com choques, bombas e spray de pimenta.
Nesta segunda (7),
a repressão da polícia
ocorreu apenas após o
encerramento do ato.
Para reprimir integrantes do Black Bloc, os policiais do Batalhão de
Choque dispersaram as
pessoas que ainda estavam na Cinelândia.
Houve quebra-quebra de agências bancárias e um ônibus foi incendiado. Localizados
a poucos metros da Câmara, o Teatro Municipal e a Biblioteca Nacional ficaram intactos.
Em nota, o sindicato esclareceu que “não
compartilha com os atos
ocorridos após a passeata realizada na segunda-feira”. O Sepe acrescentou, porém, que seus
atos são abertos a todos os segmentos que
apoiam a luta em defesa
da escola pública.
Ministra pede que PM
aja de maneira “pacífica”
Maria do Rosário se reuniu com o secretário de Segurança
do Rio de Janeiro (RJ)
Maria do Rosário se
reuniu com o secretário
de Segurança, Beltrame
Em reunião realizada
nesta quarta com o secretário Beltrame, a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário,
pediu que a PM tenha
uma abordagem pacífica
nas manifestações.
“Para assegurar a garantia da livre manifestação, uma série de procedimentos foram sugeridos, inclusive no que
se trata ao não uso de determinados armamentos
Para assegurar a
garantia da livre
manifestação,
procedimentos
foram sugeridos
e de uma abordagem pacífica”, declarou.
Em outra frente, a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB/RJ), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) formaram uma comissão
que vai tentar marcar um
encontro com o secretário para pedir o compromisso de que a PM mude
a sua forma de atuação
nos protestos. (VV)
CONVOCAÇÃO
PROFESSORES
CONVOCAM
NOVAS
MANIFESTAÇÕES
UNIFICADAS
Dia 10: às 10h,
no Largo do Machado
Dia 15: às 15h,
na Candelária.
Dia do Professor
FRASES
Alessandro dos Santos, 39 anos, professor
de Matemática, portava um cartaz com os
dizeres: “Hoje a aula é de cidadania”. “Estou apoiando os professores em função da
covardia que o prefeito e o governador fizeram. Não dá pra dizer que foi despreparo dos policiais militares. O policial cumpre
ordens do comandante nomeado pelo governador, este último
sim que é o despreparado”, criticou. “As escolas estão caindo aos
pedaços. Não é só por
salário”, explicou.
Vestida de Mãe de
Santo, a enfermeira Maria Casonava, 62 anos, explica o
que significa uma vela e um incenso que
carregou ao longo da
Av. Rio Branco. “Esse incenso é para tirar todos os males e
abençoar os professores, principalmente
a ruindade do Sérgio
Cabral pelo que ele faz
com estudantes e professores. Essa vela vermelha é para ele usar
os neurônios e atender as pessoas com
mais amor. Precisamos de mais paz
nesse Rio”.
A professora aposentada Carmem Lucia,
de 70 anos, também
apoiava os professores por mais qualidade da educação. “Estamos sentindo que
a educação está decaindo ainda mais.
Essa é uma luta de toda a classe e de toda
a sociedade porque
precisamos de jovens
conscientes”, opinou.
Ela criticou o plano de cargos da Prefeitura. “Esse plano
foi elaborada em 30
dias e não interessa a
maioria dos professores”, protestou.
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
FRASES
“É muita sobrecarga.
As cozinhas são quentes, somos poucas para fazer comida para
muitos estudantes. Pegamos carnes congeladas sem termos luva de proteção. É muito peso! Quase todo mundo tem algum
problema de coluna,
mas não recebemos
insalubridade”, disse
Romilda Duarte, merendeira de 42 anos.
“A greve é justa porque é para melhorar a Educação. A situação da minha escola é péssima. Falta tudo, quando não é luz, é
água. Eu convidei a minha turma, mas o pessoal só fica assistindo
pela televisão. Tem de
vir apoiar, mas muitos
desconhecem ou não
ligam”, afirmou o estudante Michel Pereira,
de 19 anos, morador de
São Gonçalo.
“A gente veio para
apoiar a manifestação
dos professores. Entendemos que o governo do Cabral é ditador
e faz de tudo para acabar com as manifestações deles. A gente não
chega só no final não, a
gente participa do início ao fim. Temos o intuito de proteger as
manifestações e queremos a revolução do povo”, disse Zé, nome fictício dado por um mascarado morador de
Nova Iguaçu.
“Atenção para a lista
de chamada! Respeito? Faltou! Violência?
Presente! Salário? Está doente! Democracia? Foi embora! Gás
Lacrimogênio? Presente! Repressão? Presente! Povo? Presente!
Educação? Morreu”,
protestava ao megafone o Movimento
Reúna, formado
por artistas.
cidades | 05
Plano aprovado imprime
visão empresarial à Educação
Pablo Vergara
Gilka Resende
do Rio de Janeiro (RJ)
“Autonomia
Carioca”, uma
parceria entre
a Secretaria
Municipal de
Educação e
a Fundação
Roberto Marinho,
é um dos projetos
criticados pelos
professores
Para além dos problemas de conteúdo, a professora de história Isabel Costa, que leciona no
Grajaú, lembra que “não
houve nenhuma democracia na aprovação dessa proposta”.
“Temos de deixar claro: nossa luta é por melhores salários, pela sobrevivência da carreira e
contra a lógica empresarial que a prefeitura quer
aplicar à Educação pública”, reclamou.
Entre outros pontos, o
me do projeto não condiz com a realidade.
“Reconheço a debilidade e a evasão escolar,
mas isso não é solução.
Existe uma interferência
direta na política pedagógica. O professor deve
ser respeitado como um
construtor do saber, mas
nesses projetos, são vistos como meros repetidores de uma visão que
busca índices e metas”,
avaliou.
“Nossa luta é
contra a lógica
empresarial
que a prefeitura
quer aplicar
à Educação
pública”, diz
professora
A Educação do Rio está sendo privatizada pro dentro, denuncia o movimento grevista
movimento grevista denuncia que a Educação
do Rio está sendo privatizada por dentro.
Isabel critica projetos
privados no ensino público. Entre eles, cita o
Autonomia Carioca, uma
parceria entre a Secreta-
ria Municipal de Educação e a Fundação Roberto Marinho.
De acordo com a proposta, a ideia é ter uma
“aceleração de estudos
e corrigir a defasagem
idade-série” de jovens
entre 14 e 18 anos.
Segundo a Controladoria Geral do Município – Rio Transparente, de 2009 a 2013, foram
repassados à Fundação
mais de R$ 30 milhões.
Os professores apontam ainda que o conceito
expresso no próprio no-
Pablo Vergara
Professores lutam pela
revogação do texto
Segundo sindicato, plano beneficia só 6% da categoria
do Rio de Janeiro (RJ)
Para o Sindicato Estadual dos Profissionais da
Educação (Sepe - RJ), as
31 emendas feitas ao plano de cargos e salários
não contemplam a categoria, que luta pela revogação do texto.
A entidade reforça
que a reivindicação foi
por 19% de reajuste salarial para 2013, sem dizer
que não chegou a apresentar a demanda histórica de um patamar para
iniciantes: cinco salários
mínimos para professores e três e meio para de-
mais servidores públicos
do setor.
O sindicato sustenta que, de acordo com o
plano aprovado, os benefícios apenas chegariam
aos profissionais de carga
horária de 40 horas, que
somam 6% da categoria.
Apesar de a prefeitura ter concedido um reajuste de 15,3% - na real, o
aumento de agora foi de
8%, já que todo funcionalismo público do município recebeu 6,75% ainda em agosto – a medida
não contempla os docentes, que exigem um aumento de 15% a cada ní-
vel por tempo de carreira, que ficou mantido nos
4% atuais. A exigência de equiparação do valor hora-aula, de acordo com a formação, é uma demanda
antiga. “O texto aprovado aponta que essa seria
fragmentada, que acontecerá ao longo dos próximos cinco anos. Até lá
Eduardo Paes nem é mais
prefeito. A paridade de
vencimentos entre ativos,
aposentados e pensionistas apontada já existia. A
prefeitura diz que o plano garante a permanência dos triênios, mas isso
Educadores condenam a política governamental
é uma lei federal. É mais
que a obrigação. O texto
não muda a situação da
categoria”, sentencia Suzana Gutierrez, diretora
do Sepe -RJ.
“Um dos pontos mais
graves do plano aprovado é não excluir a função
do professor polivalente,
que independentemente da sua formação, seja
em Matemática ou História, poderá dar aulas do 1°
ao 9 ° ano e em várias matérias. Isso quebra com
a Lei de Diretrizes e Bases”, pontua Geza Linhares, da diretoria do Sepe
-RJ. (GR)
06 | cidades
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
Vigilância Sanitária interdita
Hospital Geral da Santa Casa
Ale Silva/Folhapress
SAÚDE Hospital terá de cumprir
todas as adequações solicitadas
para poder voltar a funcionar
Douglas Corrêa
do Rio de Janeiro (RJ)
O Hospital Geral da
Santa Casa de Misericórdia, na Rua Santa Luzia,
no centro, foi interditado após inspeção feita na
manhã desta quarta-feira
(9) pela Vigilância Sanitária Estadual. Os técnicos
constataram diversas irregularidades.
As enfermarias, consultórios, sala de cirurgia,
de esterilização e demais
dependências foram consideradas insalubres.
Além disso, na farmácia do hospital foram encontrados medicamentos que precisam
de refrigeração fora da
geladeira e imersos em
água, pois a geladeira
estava desligada.
Entre os medicamentos sem condição de uso
estavam: insulina, antivirais e vacinas. A cozinha
do hospital, que já estava sob interdição sanitária, foi flagrada em funcionamento.
De acordo com a Vigilância Sanitária, a Santa
Casa terá de cumprir todas as adequações solicitadas para poder voltar a funcionar. Cinco
pacientes que estavam
internados no local foram transferidos para
outras unidades.
Fachada do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, interditado pela Vigilância Sanitária
Sobre o Hospital Nossa Senhora das Dores,
em Cascadura, bairro
da zona norte da cida-
de, também pertencente à Santa Casa, o órgão
informou que, após nova inspeção hoje, “foi de-
terminado que o centro cirúrgico da unidade
permaneça interditado”.
(Agência Brasil)
Operação Parasitas
da Polícia Civil
prende 25 pessoas
Técnicos da Petrobras ainda não
confirmaram o vazamento da Reduc
PROPINA Grupo de fiscais extorquiam comerciantes
do Rio de Janeiro (RJ)
Uma equipe técnica
da Petrobras foi mobilizada para efetuar vistoria próximo à Estação
Campos Elíseos, no Rio
de Janeiro, onde a circulação de trens foi suspensa nesta quarta-feira
(9) por suspeita de vazamento de combustível.
O trabalho é feito em
conjunto com as autoridades locais, Corpo de
Bombeiros e o Instituto
Estadual do Meio Ambiente (Inea).
A Petrobras infor-
mou que está “colaborando com as autoridades na identificação
da origem de hidrocarboneto na superfície
da linha férrea, na Baixada Fluminense, próximo à Estação Campos Elíseos”.
A Petrobras não
confirmou, até o fechamento dessa edição, se um vazamento
de combustível da Refinaria Duque de Caxias
(Reduc) provocou a interrupção do funcionamento de trens no ramal da Baixada Fluminense. (Agência Brasil)
Vendedor
ambulante
morre na
zona norte
Uma pessoa morreu
e sete ficaram feridas,
nesta quarta-feira (9),
em consequência da
queda da marquise da
filial da loja de varejos Citycol, na Estrada do Portela, em Madureira, zona norte. De
acordo com bombeiros
do Quartel de Campinho, as vítimas foram
levadas para o Hospital
Carlos Chagas, em Marechal Hermes. O homem que morreu trabalhava como vendedor ambulante.
Circulação de trens
suspensa por suspeita
de vazamento de
combustíveis
Alana Gandra
do Rio de Janeiro (RJ)
FATOS EM FOCO
Mais duas pessoas foram presas durante a
Operação Parasitas, deflagrada pela Polícia Civil para desarticular um
esquema de extorsão a
comerciantes. Dos 30
mandados de prisão expedidos pela Justiça do
Rio, 25 foram cumpridos.
A Secretaria de Segurança estadual informou
que foram apreendidos
R$ 1,1 milhão em espécie, três espingardas,
computadores e documentos que comprovam
o esquema de extorsão.
Segundo a polícia, a quadrilha movimentava cerca de R$ 50 milhões.
Dos 25 presos, 24 eram
fiscais da Vigilância Sanitária Municipal e um era
gari cedido ao órgão. Os
detidos são acusados de
cobrar propina para não
apontar irregularidades
ou aplicar multas.
O valor do suborno cobrado pelos fiscais sanitários variava de R$ 150
a R$ 500. O veterinário,
apontado pela Polícia Civil como o chefe da quadrilha, continua foragido.
A maior apreensão
feita pela Polícia Civil foi
em Campo Grande, na
zona oeste do Rio, onde
foram encontrados R$
800 mil em um sítio. Os
30 fiscais foram denunciados à Justiça pelo Mi-
nistério Público.
Vinte e sete são fiscais da Vigilância Sanitária do Rio, um é gari
da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb)
e um é proprietário de
uma empresa. Entre os
denunciados, está também um sócio administrador de uma empresa
de arquitetura.
Os envolvidos no esquema de extorsão a comerciantes foram enquadrados nos crimes de
formação de quadrilha
e concussão (extorsão
praticada por funcionários públicos). Se condenados, a pena pode chegar a 12 anos de prisão.
(Agência Brasil)
Bombeiros
ficaram
feridos
Entre os feridos estão
dois soldados do Corpo de Bombeiros que
socorriam as vítimas.
Um deles teve a perna fraturada. A Estrada do Portela é uma
das mais movimentadas vias de Madureira
e fica perto da Estação
Ferroviária de Magno
e da sede da Escola de
Samba Império Serrano. Na hora do acidente, milhares de pessoas voltavam para casa.
Tragédia
poderia ter
sido maior
De acordo com os
bombeiros, por sorte
não houve uma tragédia, pois, no momento do desabamento, por
volta das 20h, o movimento era intenso na
região. A loja estava em
reforma na parte interna. A Estrada do Portela, principal ligação entre os bairros de Madureira e Oswaldo Cruz,
ficou fechada ao tráfego de veículos por mais
de duas horas para facilitar o trabalho das
equipes de socorro.
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
SINDICAL
Carteiros
terminam
a greve
A Federação dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) considera vitoriosa a greve
da categoria que parou
os postos de Correios
em todo o país. O TST
julgou a greve. Decidiu
que os trabalhadores
devem retornar ao trabalho hoje e compensar os dias parados. De
acordo com a decisão
do Tribunal, a ECT não
poderá mudar a gestão do plano de saúde.
O reajuste salarial será de 8% e de 6,23% para benefícios, retroativos a 1º de agosto de
2013, mais o vale cultura de R$50. Foi concedido também o direito à ausência remunerada de seis dias para acompanhar dependente ao médico.
Marcelo Camargo/ABr
Bancários
continuam
parados
Os bancos estão fechados. A greve dos bancários já está no seu
22º dia. Nesta quinta (10), haverá negociação entre o Comando Nacional e a Fenaban e, depois, com o
Banco do Brasil e com
a Caixa Econômica Federal. As assembleias
dos sindicatos rejeitaram a proposta de reajuste salarial de 7,1%
e aumento do piso em
7,5%, apresentada pelos bancos. Os bancários querem reajuste
salarial de 11,93% (5%
de aumento real além
da inflação) e piso salarial de R$ 2.860,21
(salário mínimo do
Dieese), dentre outras
reivindicações.
entrevista | 07
“De 1500 para cá, tudo
é feito na base da tortura”
AMARILDO Margarida Pressburguer, relatora do Subcomitê de Prevenção à Tortura da ONU,
repudia tortura contra Amarildo praticada na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha
Pablo Vergara
família e contra as testemunhas que foram subornadas. Também houve uma acusação de que
Amarildo seria um elemento do tráfico. E se
ainda o fosse, Amarildo
teria de ter sido preso,
julgado e, se fosse condenado, cumprisse pena
e não morto e torturado.
Vivian Virissimo
do Rio de Janeiro (RJ)
Choques elétricos e asfixiamento com saco plástico são as causas apontadas no inquérito que apurou a morte de Amarildo.
O ajudante de pedreiro,
morador da Rocinha, sofreu por minutos ou horas
as torturas praticadas por
policiais militares.
A prática dos supostos
torturadores da Unidade da Polícia Pacificadora
(UPP) teve a “pior repercussão possível” no Comitê de Combate à Tortura da Organização das
Nações Unidas (ONU). A
informação é da relatora do Subcomitê, a advogada Margarida Pressburguer, 79 anos.
“O que aconteceu
com o Amarildo
foi um crime
hediondo.
Houve tortura
psicológica
contra a família
e contra as
testemunhas
que foram
subornadas”
Em entrevista, Margarida defendeu que os policiais militares indiciados no caso sejam encaminhados para a prisão comum. “Por que o
crime deles é menor?”,
questionou.
Segundo ela, somente
a desmilitarização da polícia poderá resultar em
mudanças significativas
nas forças de segurança.
“Enquanto não desmilitarizar a polícia, vamos continuar vendo essas barbáries com polícia militar
A advogada Margarida Pressburguer
jogando bombas em professores”, criticou.
Brasil de Fato – Como
repercutiu no Subcomitê da ONU a notícia
de que a “polícia pacificadora” é adepta da
prática de tortura?
Margarida Pressburguer – A repercussão é a
pior possível. Ainda não
estive com eles, nossa
próxima sessão será no
dia 15 de novembro, em
Genebra. Teremos uma
reunião conjunta do comitê, do subcomitê e com
o relator especial da ONU
sobre a tortura, Juan Méndez. Só aí teremos uma
posição sobre o que tem
acontecido no Brasil.
Esse grito “Cadê Ama-
rildo” não reflete apenas
este caso. Amarildo é um
desaparecido da democracia. Falamos dos desaparecidos da ditadura nas Comissões da Verdade, mas na democracia temos muitos casos.
São exemplos: João Antônio Carelli, da Fiocruz;
Patrícia Amieiro, engenheira da Esso; a irmã
do Victor Belford e centenas de outros.
Essa truculência
pode ser atribuída
a quais fatores?
A Polícia Militar (PM)
aprende na mesma cartilha que formava as forças armadas da ditadura. Ou seja, eles não têm a
menor noção que a obriPablo Vergara
“Esses dez, ainda
que estejam em
prisão preventiva,
deveriam estar na
prisão comum.
Por que o crime
deles é menor?”
gação da PM é defender a
população. Quando eles
enfrentam uma manifestação, eles entendem que
o povo é inimigo. Estou
envolvida com esse tema
há 50 anos e nada mudou.
Nove PMs e o Major
Edson Santos, suspeitos
de terem assassinado
Amarildo, foram presos
preventivamente.
Isso basta?
É uma prisão muito confortável. Eles estão
num Batalhão especial, no
meio dos colegas. Esta é
uma situação totalmente
diferente do sistema prisional brasileiro. Destaco
que crime de tortura é um
crime de lesa-humanidade. Esses dez, ainda que
estejam em prisão preventiva, deveriam estar na
prisão comum. Por que o
crime deles é menor?
Amarildo não teve direito de defesa e foi julgado
e condenado pelos
policiais da UPP. Como
a senhora avalia isso?
O que aconteceu com
o Amarildo foi um crime
hediondo. Houve tortura psicológica contra a
As declarações do
secretário José Mariano
Beltrame e do governador Sérgio Cabral minimizaram a tortura contra Amarildo. Em que
medida esse posicionamento contribuiu para
a impunidade?
Cada vez mais [contribuem para impunidade].
Desde que Beltrame assumiu, nós temos presenciado chacinas do Complexo do Alemão e da Providência, também teve o
caso do menino que foi
metralhado na Tijuca. E é
sempre a mesma história:
inicialmente nega e depois muda o comandante. Isso torna a situação
cada vez pior. Não se mudam práticas sem mudar
a mentalidade. Enquanto
os comandantes acharem
que a população é inimiga, não tem jeito.
Em outras ocasiões a senhora afirmou que existe uma “cultura da tortura” no país. Por quê?
No momento em que o
primeiro português aportou em praias brasileiras,
ele torturou o índio. De
1500 pra cá, tudo é feito
na base da tortura. Na escravidão, os negros eram
torturados até a morte.
Nos anos 1960, a ditadura
civil-militar fez a mesma
coisa. Enquanto não desmilitarizar a polícia, vamos continuar vendo essas barbáries: PMs jogando bombas em professores, os heróis que se predispõem a educar.
08 | cidades
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
Debate sobre democratização
da mídia no Rio de Janeiro
Comemorado em 18
de outubro, o Dia Mundial da Democratização
da Comunicação, estabelecido pela ONU, tem sido transformado em referência para a realização
de atividades em diversas
partes do país durante toda a semana.
No Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) realiza o II
Seminário Livre de Democratização da Comunicação no dia 16, às 16 horas.
O Sindicato dos Jornalistas do Município, faculdades de comunicação e
outras organizações também estão programando
debates sobre o tema.
Este ano, a Semana da
Democratização da Comunicação acontece de
13 a 20 de outubro e deve
ter como principal tema o
Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia.
O projeto foi escrito
por diversas entidades
e movimentos que participam da campanha
“Para Expressar a Liberdade – Uma Nova Lei
Lei de
Organização
Criminosa Trabalhadores, estudantes e outras organizações também estão programando debates
Para um Novo Tempo”,
lançada no ano passado
quando o Código Brasileiro de Telecomunicações, que orienta o serviço de comunicação,
completou 50 anos.
O projeto pretende regulamentar as diretrizes
que já existem na Constituição Federal para o rádio e a TV. O objetivo é
ampliar a diversidade de
vozes, cores, sotaques e
temas veiculados nestes meios de comunicação, combater o oligopólio e garantir um terço de
emissoras públicas, um
terço de estatais e um terço de emissoras privadas.
Como o Projeto de
Lei precisa de 1,3 milhão de assinaturas pa-
ra ser apreciado no Congresso Nacional, as organizações que participam
do Fórum Nacional Pela
Democratização da Comunicação devem realizar atos, debates e palestras sobre o Projeto de
Lei de Iniciativa Popular
da Mídia e intensificar o
recolhimento de assinaturas durante a semana.
UPPs no Complexo do Lins serão Medicamentos
vencidos em galpão
inauguradas em novembro
da prefeitura
OCUPAÇÃO A região é formada por 12 comunidades
e tem pouco mais de 15 mil habitantes
André Gomes de Melo/Governo RJ
Vladimir Platonow
do Rio de Janeiro (RJ)
A ocupação do complexo de favelas do Lins,
na zona norte do Rio,
ocorreu no domingo (6)
para a instalação das 35ª
e 36ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
A região é formada por
12 comunidades e tem
pouco mais de 15 mil
habitantes.
A operação começou nas primeiras horas
da manhã e contou com
efetivo de 370 homens
do Batalhão de Operações Especiais (Bope),
do Batalhão de Choque
e policiais da Corregedoria Interna da Polícia Militar (PM).
A Polícia Rodoviária
Federal (PRF) deu apoio
Operação do MP encontrou no
local toneladas de medicamentos
e insumos adquiridos pela
Secretaria Municipal de Saúde
e pelo Ministério da Saúde
Douglas Corrêa
do Rio de Janeiro (RJ)
Forças de Segurança ocupam todo território do Complexo do Lins
com 120 agentes. A ação
também teve a colaboração dos Fuzileiros Navais
da Marinha, que empregaram 180 militares e 14
veículos blindados. A Polícia Civil atuou com 340
agentes e 31 delegados.
O complexo do Lins é
formado pelas seguintes
comunidades: Cachoei-
Pablo Vergara
Rafael Stedile
ORGANIZAÇÃO Na Semana da
Democratização da Comunicação,
movimentos pressionam por nova
lei para os meios de comunicação
Marina Schneider
do Rio de Janeiro (RJ)
FATOS EM FOCO
rinha, Cotia, Bacia, Encontro, Amor, Cachoeira Grande, Nossa Senhora da Guia, Dona Francisca, Árvores Seca, Barro Preto, Barro Vermelho,
Vila Cabuçu e Santa Teresinha, além do bairro Camarista Meier, onde residem cerca de 4.850 pessoas. (Agência Brasil)
A 2ª Promotoria de
Justiça de Tutela Coletiva da Saúde e do Grupo
de Apoio Técnico Especializado (Gate), do Ministério Público do Rio
(MP-RJ), fez, na segunda-feira (7), uma operação para verificar medicamentos vencidos em
um galpão da prefeitura
do Rio, no bairro do Rocha, zona norte da capital fluminense.
No local, foram encontradas toneladas de
medicamentos e insumos, tais como seringas descartáveis e respiradores hospitalares,
que poderiam ser usados em hospitais e postos de saúde da rede
municipal, com validade vencida.
Os remédios foram
adquiridos pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo Ministério
da Saúde e eram destinados para tratamento em programas de
atenção básica e doenças como tuberculose
e Aids. (Agência Brasil)
A Polícia Civil fluminense vai usar a Lei de
Organização Criminosa contra as pessoas flagradas em atos de
vandalismos durante
as manifestações na cidade. As investigações
serão baseadas agora na Lei 12.850, aprovada em agosto deste
ano e em vigor desde o
fim de setembro. “A Lei
de Organização Criminosa prevê que a reunião de quatro ou mais
indivíduos, formal ou
informalmente, por
qualquer meio, para a
prática criminosa, seja autuada como organização criminosa, podendo [os integrantes]
pegar até oito anos de
prisão”.
Vans proibidas
na Barra e
Jacarepaguá
A prefeitura anunciou nesta quarta-feira (9) que vai reduzir
em cerca de 70% o número de vans autorizadas a circular pela
Barra da Tijuca e Jacarepaguá, na zona oeste. Dos quase 1.200 veículos, apenas 392 terão autorização para
atuar em 18 linhas licitadas. As restrições
na circulação começam já neste sábado. A
proibição será de forma gradual na região
durante os próximos
cinco finais de semana. A partir deste sábado, com a implantação das três primeiras
linhas, haverá restrições na circulação de
vans nas estradas dos
Bandeirantes, Tindiba,
Nelson Cardoso e Geremário Dantas.
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
brasil | 09
Indígenas protestam contra
maior ofensiva em 25 anos
Cristiano Novais/Folhapress
EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO Manifestações nacionais
chamam a atenção para os recentes ataques aos direitos
indígenas por parte do Congresso e do governo federal
Igor Ojeda
de São Paulo (SP)
No dia 5 de outubro, a
promulgação da Constituição Federal de 1988, chamada por muitos de “cidadã”, completou 25 anos.
O texto, elaborado
com o objetivo de passar
uma borracha no período
da ditadura civil-militar
que se encerrava, é considerado avançado e garantidor de direitos, embora, muitas vezes, suas
determinações não sejam
respeitadas ou aplicadas.
A ameaça recente a
um de seus artigos, porém, vai além do mero
não cumprimento. A intenção é destruí-lo.
Quem faz o alerta são
os indígenas reunidos em
torno da Articulação dos
Povos Indígenas do Brasil
(Apib), que, entre os dias
30 de setembro e 5 de outubro, realizaram uma série de manifestações em
protesto e em defesa da
Constituição.
O artigo em questão é
o 231, que assegura o direito “imprescritível” dos
povos indígenas sobre
suas terras.
Os indígenas protestam contra o que chamam de “ataque generalizado aos direitos territoriais dessas populações por parte do governo, da bancada ruralista
no Congresso e do lobby
de grandes empresas de
mineração e energia”.
A Apib denuncia uma
“ofensiva legislativa sendo
promovida pela bancada ruralista”, que “afronta,
inclusive, acordos internacionais assinados pelo
Brasil, como a Convenção
169 da OIT e a Declaração
da ONU sobre os Direitos
dos Povos Indígenas”.
Segundo eles, no entanto, “o próprio governo
federal tem mantido uma
conduta omissa,, em relação aos direitos dos povos e conivente com os
interesses dos ruralistas
e do latifúndio, nossos
inimigos históricos, que,
durante o ano passado,
aprovaram um novo Código Florestal adequado
aos próprios interesses e,
este ano, pretendem aniquilar direitos indígenas
ao território”.
De maneira geral, ava-
Protesto no Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, zona sul de São Paulo (SP), contra a PEC 215
liam os indígenas e seus
apoiadores, a maioria
dessas propostas e medidas busca evitar o processo de reconhecimento e demarcação de terras de povos originários
ou abri-las para a exploração por terceiros.
“Os povos indígenas
sofrem o maior ataque
desde a promulgação da
Constituição, há 25 anos.
A bancada ruralista quer
de todas as formas limar
os direitos garantidos, visando explorar os territórios indígenas e aten-
der ao interesse do agronegócio, atender mesmo ao capitalismo. Tudo isso, claro, é o Congresso alinhado ao Poder
Executivo”, alerta Sônia
Guajajara, coordenadora executiva da Apib. (da
Repórter Brasil)
Monumento à resistência do povo Guarani
OPINIÃO Por um dia, o Monumento às Bandeiras “deixou de ser um monumento em homenagem a genocidas”
APIB
Marcos dos
Santos Tupã
Para nós, povos indígenas, a pintura não é
uma agressão ao corpo,
mas uma forma de transformá-lo.
Nós, da Comissão
Guarani Yvyrupa, organização política autônoma
que articula o povo Guarani no sul e sudeste do
país, realizamos no último dia 2 de outubro, na
avenida Paulista, a maior
manifestação indígena
que já ocorreu em São
Paulo desde a Confederação dos Tamoios.
Mais de 4 mil pessoas ocuparam a Paulista,
sendo cerca de 500 delas nossos parentes, outras 200 de comunidades quilombolas e mais
de 3 mil apoiadores não
-indígenas, que viram a
força e a beleza do nosso movimento.
Muitos meios de comunicação, porém, preferiram noticiar nossa
manifestação como se tivesse sido uma depredação de algo que os brancos consideram ser uma
obra de arte e um patrimônio público.
Saindo da Paulista,
marchamos em direção
a essa estátua de pedra,
chamada de Monumento
às Bandeiras, que homenageia aqueles que nos
massacraram no passado.
Lá, subimos com nossas faixas e hasteamos
um pano vermelho, que
representa o sangue dos
nossos antepassados, que
foi derramado pelos ban-
“Ao menos por um dia, o monumento deixou de ser pedra e sangrou”, disse uma liderança Guarani
deirantes, dos quais os
brancos parecem ter tanto orgulho.
Alguns apoiadores não
-indígenas entenderam a
força do nosso ato simbólico e pintaram com tinta
vermelha o monumento.
[...] Ela deixou de ser pedra e sangrou. Deixou de
ser um monumento em
homenagem aos genocidas que dizimaram nosso
povo e se transformou em
um monumento à nossa
resistência. [...]
A tinta vermelha que,
para alguns de vocês é
depredação, já foi limpa
e o monumento já voltou a pintar como heróis, os genocidas do
nosso povo. [...]
Esse monumento, para
nós, representa a morte.
E para nós, arte é a outra
coisa. Ela não serve para
contemplar pedras, mas
para transformar corpos e
espíritos. Para nós, arte é
o corpo transformado em
vida e liberdade e foi isso
que se realizou nessa intervenção.
Aguyjevete pra todos
que lutam!
Abaixo à PEC-215, ao
PLP 227 e a todos os projetos anti-indígenas do
Congresso ruralista! Pela
demarcação de todas as
terras indígenas do povo
Guarani e dos demais povos indígenas do Brasil!
Marcos dos Santos
Tupã, 43, é liderança indígena e Coordenador Tenondé da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY)
10 | mundo
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
O assassinato de Kadafi e
a tragédia de Lampedusa DRAMA DA IMIGRAÇÃO A invasão da Líbia por parte das tropas da OTAN se transformou
em uma verdadeira tragédia para os imigrantes africanos que estavam trabalhando no país
Reprodução
Achille Lollo
de Roma (Itália)
No dia 5 de outubro, o
governo italiano enviou
a Lampedusa a ministra
da Integração para fazer o
balanço da tragédia: 363
africanos mortos no mar.
A seguir, o presidente da República mandou
baixar a bandeira nacional nos prédios públicos
para homenageá-los.
Porém, dois dias depois, tudo voltou como
era antes: o Parlamento
Europeu não agendou o
debate sobre os programas para financiar a integração dos imigrantes
na União Europeia, enquanto o governo repassava para a ONU o ônus
dos imigrantes africanos.
Todos esses
africanos vêm,
na maioria, de
países destruídos
por guerras civis
(Somália, Eritreia,
Sudão), ou pela
pobreza (Mali,
Níger, Chade,
Egito, Tunísia,
Marrocos)
Mais do que isso, nenhum parlamentar “progressista” do partido do
governo tomou a iniciativa de lançar uma proposta de lei para anular a Lei
Bossi-Fini, que penaliza
com prisão e deportação
os imigrantes considerados clandestinos.
Uma lei que não faz
nenhuma distinção entre as pessoas que fogem
de conflitos e aquelas que
vêm de situações conjunturais dramáticas.
Uma lei que serve
FATOS EM FOCO
No Vietnã,
morre Giap
O general vietnamita Vo Nguyen Giap, estrategista militar e comandante das históricas vitórias bélicas
contra o colonialismo
francês e o imperialismo dos Estados Unidos, morreu no último
dia 4, aos 102 anos. Por
anos, suas táticas guerrilheiras inspiraram
combatentes no mundo inteiro. A admiração
por Giap era universal,
mesmo entre aqueles
que o combateram.
Cólera no Haiti
Nova tragédia em Lampedusa: 363 africanos mortos no mar
apenas aos interesses da
União Europeia e que os
governos italianos introduziram em suas instituições, esquecendo que
essa mesma Itália foi um
país que, de 1870 até
1964, inundou o mundo com imigrantes pobres, analfabetos e teimosos por querer trabalhar e, assim, construir
um mundo melhor.
Fato é que a tragédia de
Lampedusa não foi a primeira e nem será a última.
Relatórios da ONU indicam que “oficialmente”,
nos últimos cinco anos,
cerca de 6 mil imigrantes morreram afogados –
um número que não calcula as vítimas de barcos
menores que desaparecem no meio do Mar Mediterrâneo antes de chegarem perto das praias da
Sicília, marco fronteiriço
da União Europeia desde que a Lei Bossi-Fini foi
aprovada.
Imigrantes africanos
A invasão da Líbia por
parte das tropas da OTAN
e a destruição do modelo institucional criado
por Kadafi, a Jamayria,
se transformou em uma
verdadeira tragédia para os imigrantes africanos
que estavam trabalhando
na Líbia. Um contingente que somava cerca de 1
milhão de homens, além
de 200 mil mulheres.
Os vencedores começaram a praticar uma autêntica limpeza étnica,
acreditando que os imi-
grantes africanos se juntariam aos fiéis de Kadafi.
Depois vieram as prisões
em massa.
Calcula-se que nas
prisões e nos ditos “campos de controle” há, ainda, cerca de 150 mil
africanos. Outros 400
mil foram reintegrados
nos trabalhos humildes
e braçais que os líbios
se recusam a fazer. Cerca de 50 mil foram mortos durante a dita libertação, enquanto outros
Reprodução
Dos 518 que embarcaram na Líbia, apenas 155 sobreviveram
200 mil foram obrigados a sair pelas fronteiras do sul em direção ao
Sudão, à Eritreia, a Chade e a Mali, passando do
mal para o pior.
Restam na Líbia,
aproximadamente, menos de 400 mil africanos
que, desde janeiro de
2012, tentam desesperadamente atravessar o
canal da Sicília para fugir de um país que virou
um inferno.
Todos esses africanos
– que pagam de 2.000 até
3.500 euros por um lugar
em velhos barcos de pesca superlotados – vêm,
na maioria, de países
destruídos por guerras civis (Somália, Eritreia, Sudão), ou pela pobreza
(Mali, Níger, Chade, Egito, Tunísia, Marrocos).
Todos eles já pediram
vistos de entrada nos
consulados e nas embaixadas dos países da
União Europeia, dos EUA
e do Canadá. Mas seus
pedidos foram sempre
rejeitados.
Vítimas de cólera no
Haiti entraram ontem
(9) com um processo na Justiça Federal de
Nova York, em que acusam a ONU de provocar a epidemia da doença no país em 2010.
Eles alegam que, desde
outubro de 2010, quando a ONU “contaminou
o principal rio do Haiti
com dejetos humanos
infectados com cólera,
a doença matou mais
de 8.300 pessoas, deixou mais de 650 mil doentes e continua a matar cerca de 1.000 haitianos por ano”.
Londres e Teerã
O Reino Unido iniciou
diálogos diplomáticos
com o Irã a fim de reabrir sua embaixada
em Teerã. Em novembro de 2011, Londres
fechou suas representações diplomáticas no
Irã e ordenou aos diplomatas iranianos
que deixassem o Reino
Unido. Esse movimento veio três dias depois de o parlamento
de Teerã votar pelo fim
dos laços diplomáticos
com os britânicos. Os
iranianos reagiam às
sanções impostas pelo
primeiro-ministro David Cameron contra o
Banco Central do Irã
por conta do programa
nuclear desenvolvido
pelo governo.
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
cultura | 11
Teatro reunirá artistas e
pensadores latino-americanos
Arquivo Augusto Boal
ENCONTRO
Evento, que
acontece no
Rio de Janeiro,
tem como foco
principal a
discussão das
formas políticas
de teatro e sua
atualidade no
continente
Eduardo Campos Lima
de São Paulo (SP)
Entre os dias 14 e 18
de outubro, acontecerá,
no Rio de Janeiro, o I Encontro Latino-americano de Teatro, organizado pelo Instituto Augusto Boal e pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).
O evento promoverá a
reunião de pensadores e
autores teatrais de diferentes países da América
Latina, tendo como foco
principal a discussão das
formas políticas de teatro e sua atualidade no
continente.
“Temos a ideia de estreitar as relações de artistas e pensadores de
teatro do Brasil e do restante da América Latina.
Esses vínculos já existem, mas são frágeis –
o Brasil sempre fica um
pouco à parte no contexto latino-americano,
em uma cápsula linguística, talvez”, afirma a psicanalista Cecília Thumim Boal, organizadora do evento à frente do
Instituto e viúva do teatrólogo Augusto Boal.
O ciclo será composto por oficinas, mesas redondas, palestras e apresentações. Entre as atividades previstas, está
a palestra “Autores teatrais versus logotipos comerciais”, a ser ministrada pelo dramaturgo Lauro César Muniz, no primeiro dia do evento.
Oficina com Boal: reunião com o teatro latino-americano começou ainda nos anos 1960
No segundo dia, a diretora e professora Rosa
Luisa Márquez dará a oficina “Sobressaltos e saltos, o jogo como disciplina teatral”. Gustavo Ott,
dramaturgo e diretor do
teatro San Martín, de Caracas, oferecerá a oficina
“El Mapa Personal y los
Jeroglíficos Vivos”, no terceiro dia.
A mesa redonda “História dos Movimentos Teatrais na América Latina”
será um dos destaques
do quarto dia do encontro, contando com a participação de Araceli Arreche, dramaturga e professora da Universidade
de Buenos Aires (UBA),
Maurício Kartun, dramaturgo e diretor de teatro argentino, Rosa Luisa
Márquez e Eleonora Ziller, diretora da Faculdade
de Letras da UFRJ.
No último dia, o evento se encerra com o lançamento da reedição de
Teatro do Oprimido e
Outras Poéticas Políticas, de Boal.
Rede latina
A ideia de impulsionar a reunião do teatro
latino-americano se inspirou na trajetória do
próprio Boal, que, des-
de os anos 1960, entabulou contatos duradouros
com encenadores e coletivos de diferentes países
das Américas.
“A América Latina inArquivo Augusto Boal
teira estava enfrentando
ditaduras naquela época
e o teatro funcionou como agente de resistência importante. Houve
uma série de líderes do
teatro latino-americano
que estabeleceram uma
espécie de rede – diretores como o uruguaio
Atahualpa Del Cioppo e
o colombiano Enrique
Buenaventura. Boal tinha muito vínculo com
eles”, lembra Cecília.
As relações de Boal
com os outros países latino-americanos começaram quando ele ainda
era diretor do Teatro de
Arena de São Paulo.
Em 1966, o IFT, um
dos grupos que compunham o movimento de
teatro independente da
Argentina, convidou o
brasileiro a dirigir O Melhor Juiz, o Rei, de Lope
de Vega, que o coletivo
brasileiro havia encenado alguns anos antes.
Na temporada argentina, Boal conheceu parceiros importantes – a
começar por sua futura esposa, Cecília, que
atuou na montagem.
Com o recrudescimento da ditadura no
Brasil e sua prisão e tortura, Boal partiu para o exílio na Argentina em 1971.
Viajando continuamente por diferentes países latinos, passou a desenvolver as técnicas que
reuniria nas formulações
do Teatro do Oprimido,
consolidando relações
com grupos e diretores.
“Espero que possamos, por meio do encontro, pensar em uma dinâmica que possibilite que
autores brasileiros sejam
conhecidos no restante
da América Latina e que
autores desses países comecem a ser conhecidos
aqui”, aponta Julián Boal,
doutorando em Serviço
Social na UFRJ e filho do
teatrólogo.
SERVIÇO
De 14 a 18 de outubro
Faculdade de Letras/UFRJ:
Av. Horácio Macedo, Nº 2151, Cidade Universitária
Ilha do Fundão – Rio de Janeiro/RJ
Programação completa no site:
http://institutoaugustoboal.org
Reunião se inspirou na trajetória do próprio Boal
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
12 | cultura
Léo Lima/Cafunenalaje
É dia de pipa
no Jacarezinho
DIA DAS CRIANÇAS Festival terá oficina de fotografia
Mariane Matos
do Rio de Janeiro (RJ)
Neste dia das crianças (12), acontece o 2º
Festival de Pipas do Jacarezinho, na zona norte
do Rio de Janeiro. Unindo a diversão das tradicionais pipas com oficinas de fotografia e vídeo, o evento promete
agitar o final de semana
da criançada.
Promovido pelo coletivo Cafuné na Laje, as
atividades acontecerão
no Campo da GE, uma
das entradas de acesso
à favela, a partir das 15h.
Um dos organizadores, o fotógrafo Leo Lima, destaca que a ideia
das oficinas foi uma sugestão das crianças residentes na comunidade. “Sou morador daqui
e um pouco conhecido
pelo trabalho militante e
de fotografia que já faço
de maneira autônoma.
Então fui convidado pelas crianças a ajudá-las
a fazer um festival de pipas na própria comunidade”, explicou Lima.
Organizado
desde
2012, o coletivo Cafuné
na Laje tem a preocupação de desenvolver pautas sempre voltadas às
crianças, com o objetivo
Evento promete agitar o final de semana da criançada
de contribuir com a sua
formação por meio de
oficinas, como as de fotografia e vídeo.
O coletivo, tradicionalmente, visa desenvolver um trabalho que
contribua com o desen-
volvimento cultural das
crianças e da comunidade e dos seus espaços
em comum.
AGENDA
Tomaz Silva/ABr
Divulgação
gunda-feira (14), a 2ª
edição do Jazz em Dose
Dupla. Em noite especial
dos bateristas, o evento, que ocorre na calçada
da mais antiga rua carioca, contará com a apresentação de Wilson Meireles e Guga Pellicciotti. Início às 17h30. Entrada gratuita. Restaurante Samba Caffè , Rua do
Ouvidor 23.
Ocupação Quilombo das Guerreiras
CINEMA TAMBÉM
É RESISTÊNCIA
Nesta quinta-feira (10),
um grupo de cineastas
do Festival do Rio exibirá seus documentários em praça pública
em apoio às manifestações. Serão exibidos
os filmes O Pátio, de
Aly Muritiba (Paraná)
e Tão longe é aqui, de
Eliza Capai (São Paulo). Evento gratuito, às
19h. Ocupação da Câmara Municipal do Rio
de Janeiro.
SETE ANOS DA
QUILOMBO
Em outubro, a ocupação Quilombo das
Guerreiras comemora seus sete anos de resistência. Com vistas a
ressaltar a importância
da construção de uma
cidade melhor e para
todos, a ocupação está
organizando uma fes-
ta neste sábado (12). Para celebrar a luta, o evento contará com os tradicionais caldinhos preparados pelos moradores,
bandas, exibição de vídeos e exposição de fotos.
Evento gratuito, às 17h.
Av. Francisco Bicalho, 49.
JAZZ EM DOSE DUPLA
Acontece na próxima se-
FEIRA DE MODA
A Tijuca recebe, no próximo sábado (12), a 2ª
Edição do Rio Fashion
Day. A feira gratuita de
moda contará com expositores de moda feminina, masculina, acessórios, moda fitness e moda praia. Com uma programação que inclui
Dj’s, degustações, desfile e sorteios. O evento está marcado para às 11h.
Divulgação
Wilson Meireles, no Jazz em Dose Dupla
HumAnimaL, espetáculo infantil do Circo da Silva
Entrada livre. America
Futebol Club, Rua Campos Sales, 118.
SEMANA
DA CRIANÇA
Para celebrar a semana
da criança e o seu aniversário, o CCBB realiza o evento “Semana das
Crianças – O Universo é
redondo”. A programação especial, para toda
a família, conta com diversos espetáculos infantis, durante toda a semana até domingo (13).
Rua Primeiro de Março,
s/nº - Centro.
OFICINA DE CUPCAKE
Em comemoração ao
dia da criança, neste sábado (12), tem ofici-
na de cupcake no Caxias
Shopping. Além dos tradicionais bolinhos confeitados, a aula contará
com a montagem de um
delicioso pavê. O evento, que promete ani-
mar o dia dos mini-chefes, acontecerá das 12h
às 17h30, com oficinas a
cada 20 minutos. Entrada gratuita. O shopping
fica na Rodovia Washington Luiz, 2895.
Reprodução
Oficina de cupcake no Caxias Shopping
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
variedades | 13
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br
© Revistas COQUETEL 2013
Situação em que o A palavra
preço do produto
como
deve ser arredon- “uísque”
dado para baixo ou “bufê”
Formações
comuns
no litoral
nordestino
Apresentadora
do SBT
(2013)
Ondas gigantescas
de origem
sísmica
Sala de
trabalho
Obra de
Noé (Bíb.)
As iniciais
do Rei da
Jovem
Guarda
Substância de
conchas
Pomposo
Amada de
Bentinho
Cobertura
de circos
Diz-se do
sabor da
derrota
Adiar
Característica da
doutrina
maniqueísta
Susan
Sontag,
escritora
dos EUA
(?) a asa
a: fazer
galanteios
(bras.)
Retornar
Dificulda- (?) de
de em ver Almeida,
de longe intérprete
(Oftalm.) de Noel
A
E
L
I
www.coquetel.com.br
A
Nas bancas
e livrarias
Qualquer associação
sem fins comerciais
(?) do Cabo, município fluminense
BANCO
3/cat. 5/nácar. 6/miopia. 8/dualismo — falésias — posseiro — tsunâmis. 9/sodalício.
HORÓSCOPO
sua maneira
de pensar
N
Paraná
(sigla)
Caminhava
Interjeição que
designa
espanto
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inglês
50
Desafios
para mudar
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em proveito de
Solução
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(abrev.)
Condição
de Merlim
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Viagem
de artistas para
shows
O beneficiário da
usucapião
(Dir.)
40
ASTROLOGIA - Semana de 10 a 16 de outubro
Semana traz influência que recomenda um cuidado maior com as impressões que se tem diante das pessoas; momento favorece a solidariedade e parcerias.
Áries
(21/3 a 20/4)
Semana de muitas expectativas e entusiasmo
sobre assuntos cotidianos. Favorece a definição
de burocracias materiais e projetos a longo prazo
no trabalho. No amor, confidências e demonstrações de afeto serão essenciais.
Touro
(21/4 a 20/5)
A semana é para mais cautela e pesquisas do que
para decisões ousadas. Período o deixa mais exigente e detalhista. Propensões a lidar com assuntos mais confidenciais diante de suas relações. No
amor, valorizar conversas será essencial.
Gêmeos
(21/5 a 20/6)
Semana é propensa para revisões em questões
mais burocráticas e para lidar com assuntos de
trabalho. O ritmo de sua rotina é propenso a mudar, principalmente com as responsabilidades.
Na vida amorosa, evite exageros.
Câncer
(21/6 a 22/7)
A semana é indicada para dar valor às simplicidades, especialmente aquelas que lhe fazem se
sentir mais feliz. Momento bom para reflexões
e revisões com assuntos profissionais. No amor,
atitudes prestativas serão trunfos.
Leão
(23/7 a 22/8)
Semana especial para consolidação de projetos
antigos. Aproveite para desfrutar momentos divertidos com as pessoas de que mais gosta. Valorize as confraternizações e uma interação maior
com amizades. No amor, seja mais prestativo.
Virgem
(23/8 a 22/9)
Período bom para mediação nas relações
sociais e de trabalho. A semana traz tendências para ajustar situações junto a familiares.
Na vida amorosa, boas oportunidades para
resolver algo do passado.
Libra
(23/9 a 22/10)
Semana exige mais disciplina com assuntos de trabalho. Temas materiais e financeiros recomendam
pesquisas e moderação. Momento para retomar
relações que há tempos não tem contato. Na vida
amorosa, mais diversões e convívios sociais.
Escorpião
(23/10 a 21/11)
Tendência para mudar planos relacionados às
suas finanças, em função de novas prioridades
materiais. Momento bom para novos contatos.
Fique atento para não se comportar de maneira
fria ou metódica com quem mais gosta.
Sagitário
(22/11 a 21/12)
A semana favorece para ampliar sua iniciativa para
tratar assuntos ligados à sua rotina. Tendências a
refletir sobre relações no trabalho. Evite desgaste
com assuntos familiares. No amor, propensões
para conquistas e situações mais afetuosas.
Capricórnio
(22/12 a 20/1)
Há tendências para participar de assuntos em que
exponha mais os seus pensamentos. Momento
bom, favorecendo situações ligadas a parcerias em
negócios. Evite fugir ou adiar assuntos amorosos que
precisa esclarecer com quem tem vínculo afetivo.
Aquário
(21/1 a 19/2)
Semana acentua um novo momento para
relacionamentos. A paciência e a atenção com
detalhes serão determinantes para solucionar
situações. Na vida amorosa, algumas confidências serão mais frequentes.
Peixes
(20/2 a 20/3)
Semana exige mais dedicação e cuidados com a
saúde. Cuide para não exagerar nas expectativas
diante de convivências com quem é próximo. Na
vida amorosa, evite que a dedicação a quem gosta
faça esquecer de si mesmo.
14 | esporte
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
Duplas brasileiras começam
bem no Grand Slam de São Paulo
FIVB
VÔLEI DE PRAIA
Quatro das cinco
duplas que
representam o
país começaram a
etapa paulista do
Circuito Mundial
com vitória
muito fortes psicologicamente e adquirimos a experiência de sair de momentos ruins. Buscamos
e vencemos bem.”
“Somos
muito fortes
psicologicamente
e adquirimos
a experiência
de sair de
momentos ruins”
da Redação
As duplas masculinas do Brasil de vôlei de
praia começaram bem no
Grand Slam de São Paulo
do Circuito Mundial. Ontem (09), os atletas venceram quatro dos cinco
jogos disputados. Os vice
-líderes do ranking, Bruno Schmidt/Pedro Solberg, além de Ricardo/Álvaro Filho, Alison/Emanuel e Thiago/Oscar, parceria que veio do qualifying, superaram seus adversários. Apenas a dupla formada por Evandro
e Vitor Felipe, que atravessa grande fase, acabou
tropeçando. Os cariocas
Thiago e Oscar acabaram
sendo o grande destaque
A dupla brasileira Alison e Emanuel, um dos destaques da competição
ao desbancarem os espanhóis Herrera e Gavira de
virada: 2 a 1, parciais de
17/21, 21/14 e 15/11.
Coincidentemente, a
única derrota brasileira
aconteceu no único jogo
não disputado na quadra principal. Na quadra
2, Evandro e Vitor Felipe,
que venciam o primeiro set por 14/9, perde-
ram a concentração e o
jogo por 2 a 0. No entanto, ainda têm chance de
terminar a etapa em primeiro do grupo e avançar diretamente para as
oitavas de final.
“A gente esperava vencer na estreia, até porque
a gente vive um bom momento” – comentou Vitor Felipe. “Um tropeço
acontece com qualquer
dupla”. Vamos rever o que
fizemos de errado para
acertar para as próximas
partidas.”
Alison, parceiro de
Emanuel, ressaltou a capacidade de recuperação da dupla: “Chegamos
a perder a vantagem no
primeiro set e a ficar atrás
no placar. Mas somos
Na fase de grupos, o
primeiro de cada uma
das oito chaves se classifica automaticamente para as oitavas, com segundo e terceiro lugares sendo obrigados a passar por
uma espécie de repescagem para garantirem
uma vaga.
Ontem, cada dupla
realizou apenas um jogo, retornando hoje (10)
à quadra do Parque Villa
-Lobos, em busca de uma
vaga na fase do mata-mata do Grand Slam. A competição vai até o próximo
domingo, dia 13. (CBV)
Judocas sobem no ranking mundial
FATOS EM FOCO
Unilever
A Unilever (RJ) estreou
com vitória no Mundial de Clubes Feminino. Ontem (09), a equipe brasileira superou
o Iowa Ice, dos Estados Unidos, por 3 sets
a 0, em 1h05 de jogo,
em Zurique, na Suíça. A central Juciely foi
a maior pontuadora do
confronto com 12 acertos. As brasileiras estão
no grupo B ao lado das
americanas e do Vakifibank, da Turquia. As
duas melhores equipes
de cada grupo se classificarão para as semifinais. O próximo desafio
da Unilever na competição será o Vakifibank,
da Turquia, às 15h30
desta sexta-feira (11).
Mineiro é
3º na ATP
O tenista brasileiro
Bruno Soares atingiu
uma marca histórica na
segunda-feira ( 8), ao se
tornar o melhor duplista do Brasil de todos os
tempos com a terceira
colocação no ranking
da ATP (Associação dos
Tenistas Profissionais).
Com a melhor posição
da carreira, Bruno Soares desbancou a marca que era de Cássio
Motta, que foi número
4 do mundo há exatos
30 anos.
COB
JUDÔ Com novos resultados divulgados, a pernambucana
Mariana Barros está entre as dez melhores de sua categoria
da Redação
Os judocas que retornaram ao Brasil nesta segunda-feira (8) foram recompensados pelo bom
desempenho nos Grand
Prix de Almaty e Tashkent. Além das 17 medalhas
conquistadas (nove na
competição do Cazaquistão e oito na do Uzbequistão), os pontos que somaram fizeram com que a
maioria deles subisse no
ranking mundial.
Mariana Barros é a que
melhor representa a im-
Alex Pombo
agora está entre
os 20 melhores
da categoria
portância dos resultados.
A pernambucana conquistou o ouro nos dois
Grand Prix e agora está
entre as dez melhores de
sua categoria. Antes das
competições, ela era a 17ª
do mundo. Com os títulos, chegou a 890 pontos
e está na 9ª posição.
“Estou feliz com os re-
sultados, mas sei que tenho muito pra melhorar.
Todas as conquistas desse ano são fruto do trabalho que venho fazendo e
que vou intensificar”, disse Mariana, que esse ano
já havia sido vice-campeã mundial militar e sul
-americana.
Outro destaque, com
um ouro em Almaty e
uma prata em Tashkent,
o atleta Alex Pombo agora está entre os 20 melhores da categoria, passando do 32º lugar para
o 19º. (COB)
Bobsled
A judoca Mariana Barros
O bobsled do Brasil dá
início à etapa final de
preparação antes de
encarar o desafio da
disputa pela vaga olímpica para os Jogos Sochi 2014, na Rússia, em
fevereiro. Com a abertura das pistas de gelo no hemisfério norte, o primeiro grupo
de atletas seguiu nesta
terça (8) para Calgary,
no Canadá, onde a seleção brasileira vai se
reunir para os últimos
treinos com o técnico
Cristiano Paes e as primeiras provas valendo
a classificação para a
competição.
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
esporte | 15
Alexandre Vidal/Fla Imagem
opinião | Bruno Porpetta
O outro lado da moeda
Na semana passada,
discutíamos a situação
do atacante Diego Costa, do Atlético de Madri,
agora já decidido a jogar
pela seleção espanhola.
E não é que aparece uma situação ainda
mais estranha?
Adnan Januzaj, jovem
promessa do Manchester United, um grande
talento, uma carreira inteira pela frente e seis países aos seus pés.
Ele nasceu na Bélgica,
mora na Inglaterra, seus
pais são da parte albanesa do Kosovo e seus
avós são turcos.
Foi procurado pela
excelente seleção belga (que deve aportar por
aqui no ano que vem),
mas se recusou a ser
convocado.
Turquia e Albânia
também já estão de
olho, embora aguardem
uma definição por parte
do jovem.
A Inglaterra teria de
esperar, pois Januzaj está há dois anos no país e
ainda não pode requerer
cidadania (são necessários cinco), mas Roy Ho-
dgson, técnico do English Team, já manifestou interesse. O problema, neste caso, é que ele
perderia a Copa.
Januzaj prefere mesmo jogar pelo Kosovo. O
futebol poderia dar visibilidade à causa do povo kosovar, que lhe deu
origem.
Depois do massacre
que tirou tantas vidas dos
kosovares, uma moral
dessas, dada pelo jovem
craque, seria um alento.
Mas o Kosovo só pode disputar amistosos,
pois ainda não é afiliado à FIFA.
Nesta hora é que o
conceito de humanidade dos burocratas que
comandam o futebol no
mundo escorre pelo ralo.
Para não esquecer,
o sexto país que deseja contar com o talento de Januzaj é a Sérvia,
a quem o Kosovo ainda pertence, mesmo que
as recordações desta dependência sejam as mais
tristes possíveis.
Bruno Porpetta
é autor do blog
porpetta.blogspot.com
brasileirão | 28ª rodada
Fluminense X Grêmio
Sáb | 12/10 | 18h30 | Maracanã
Vitória X Coritiba
Sáb | 12/10 | 18h30 | Barradão
Santos X Ponte Preta
Sáb | 12/10 | 21h00 | Pacaembu
Internacional X Náutico
Dom | 13/10 | 16h00 | Centenário
São Paulo X Corinthians
Dom | 13/10 | 16h00 | Morumbi
Botafogo X Flamengo
Dom | 13/10 | 16h00 | Maracanã
Atlético-MG X Cruzeiro
Dom | 13/10 | 16h00 | Independência
Atlético-PR X Portuguesa
Dom | 13/10 | 18h30 | Durival Britto
Criciúma X Vasco
Dom | 13/10 | 18h30 | Heriberto Hülse
Goiás X Bahia
Dom | 13/10 | 18h30 | Serra Dourada
O goleiro Felipe deve retornar ao Rubro-negro
Flamengo pega o
Inter no Maracanã
BRASILEIRÃO Sem poder contar com três jogadores estrangeiros convocados
para as suas seleções, time deve ser o mesmo que jogou contra o Vasco
da Redação
Pela 27ª rodada do
Campeonato
Brasileiro, Flamengo e Internacional-RS medem forças
às 21h desta quinta-feira (10) no Maracanã. A 12
rodadas do fim do Brasileiro e na 12ª colocação, o
time carioca tem por missão principal se afastar da
zona da degola. Já os gaúchos, com 37 pontos e na
7ª colocação, tem maiores ambições.
Sem poder contar com
os estrangeiros Victor Cáceres, que defenderá o
Paraguai, Marcelo Moreno, que atuará pela Bolívia, e Gonzalez, que
consta na lista do Chile,
o Flamengo deverá entrar
em campo com a mesma
equipe que jogou contra o Vasco no último domingo, reforçada com o
zagueiro Frauches e o retorno do goleiro Felipe.
“A pressão é muito grande”, reconhece
o técnico rubro-negro,
Jayme de Almeida. “Mas
procuro me manter calmo, entender a torcida,
a diretoria e passar tranquilidade aos jogadores.
Acredito no trabalho,
pois em campo são onze contra onze e só fico
chateado se não correrem em campo. Eles têm
correspondido e isso me
deixa feliz”, concluiu.
Adversário da vez, o
Colorado gaúcho venceu
o Flamengo no primeiro
turno, num jogo em que
o time carioca atuou relativamente bem. A pressão pelas vitórias é algo
que o técnico assimila
com naturalidade, principalmente por conhecer os corredores da Gávea como poucos.
Com apenas 21 anos,
FICHA TÉCNICA
X
Flamengo
Felipe, Léo Moura, Chicão,
Frauches, João Paulo, Amaral,
Elias, André Santos, Carlos
Eduardo, Paulinho e Hernane
Internacional
Muriel, Gabriel, Jackson,
Juan, Fabrício, Ygor, Willians,
D’Alessandro, Otávio, Caio
e Leandro Damião
Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 10/10 | 21h00
o zagueiro Frauches é
outro que nega se sentir
pressionado por jogar no
Maraca. Formado na base do clube, o atleta afirma que vestir o Manto no
estádio é a realização de
um sonho.
Desfalques colorados
Para encarar os cariocas, o Colorado terá como treinador interino o
ex-goleiro Clemer, que
comanda a equipe pela segunda vez depois da
demissão de Dunga.
O time gaúcho não poderá contar com algumas
peças importantes, como
Índio, Jorge Henrique,
Alex e Alan Patrick, que
estão sob os cuidados do
departamento médico. Já
o atacante Diego Forlán
viajou para se juntar à Seleção Uruguaia. Por outro
lado, o atacante Scocco se
recuperou de lesão e tem
boas possibilidades de
estar entre as opções do
treinador para a partida.
16 | esporte
Rio de Janeiro, de 10 a 16 de outubro de 2013
Nelson Perez/Fluminense F.C.
Botafogo vira
sobre Náutico
BRASILEIRÃO O Alvinegro chegou aos
46 pontos e colou no vice-líder Grêmio
da Redação
Apesar do equilíbrio, Vasco levou a melhor
Vasco vence Flu,
mas segue na degola
BRASILEIRÃO Gol da partida foi do zagueiro Cris, aos 10min do primeiro tempo
da Redação
O Vasco venceu o Fluminense por 1 a 0 na noite desta quarta-feira (9),
na Ressacada, em Florianópolis, em jogo válido pela 27ª rodada do
Campeonato Brasileiro.
O único gol da partida
foi do zagueiro Cris, aos
10min do primeiro.
Com a vitória, o Vasco completa quatro jogos sem perder no Campeonato Brasileiro e chega aos 32 pontos na competição. Já o Fluminense
sofreu a segunda derrota
consecutiva após passar
oito rodadas invicto. O
Tricolor se manteve com
34 pontos.
O começo do clássico na Ressacada foi equilibrado. O Fluminense
procurava bastante o ataque e tentava impor seu
jogo. Mas, antes mesmo
da partida ter algum lance de maior perigo, o za-
Aos 23min, o estreante Francismar arriscou de
fora da área e forçou Kléver a praticar grande defesa antes da bola explodir no travessão.
gueiro Cris apareceu em
escanteio para cabecear e
abrir o marcador em Florianópolis, aos 10min.
Em desvantagem, o
Fluminense abriu seu esquema tático e partiu para cima do rival. O Vasco
aproveitava o espaço dado pelo adversário e criava
jogadas de muito perigo. Segundo tempo
Para o segundo tempo,
o técnico Vanderlei Luxemburgo promoveu três
FICHA TÉCNICA
1 0
X
Vasco
Diogo Silva, Fagner, Jomar,
Cris, Henrique, Fillipe Soutto,
Pedro Ken, Jhon Cley,
Francismar (Willie), Marlone
(Sandro Silva) e André
Fluminense
Kléver, Bruno, Gum, Leandro
Euzébio, Igor Julião (Diguinho),
Edinho, Jean, Wágner; Rhayner
(Felipe), Biro Biro (Samuel)
e Rafael Sobis
Ressacada | Florianópolis (SC) | 09/10 | 21h00
Gol de Cris (Vasco)
alterações no Fluminense, no intervalo da partida. De uma só tacada,
entraram no Tricolor Samuel, Diguinho e Felipe.
As alterações surtiram efeito: o jogo se
transformou num duelo
entre o ataque do Fluminense e a defesa do Vasco, com raras escapadas
cruzmaltinas.
A pressão tricolor seguiu durante todo o segundo tempo. O Vasco se limitava a buscar
contragolpes, mas levava perigo em alguns deles com André.
O Vasco conseguiu
manter o controle do placar até o soar do apito final. O resultado manteve
a seca do time das Laranjeiras em clássicos: o time não venceu nenhum
até aqui, em 2013. A última vitória do Tricolor sobre um rival foi em outubro do ano passado, sobre
o Botafogo, por 1 a 0.
O Botafogo, após cinco
jogos sem vencer, bateu o
Náutico de virada, por 3 a
1, nesta quarta-feira (9),
na Arena Pernambuco.
Com o resultado, o
Alvinegro chegou aos 46
pontos e colou no vice
-líder Grêmio, com 48.
O time gaúcho foi derrotado pelo Criciúma, em
Porto Alegre.
Rafael Marques, Seedorf e Gegê fizeram para o time de General Severiano, enquanto que
Maykon Leite descontou
para os donos da casa.
Os donos da casa
pressionaram logo no
começo da partida. Com
apenas 8min, o Náutico
fez a alegria de seus torcedores. Em grade fase,
Maykon Leite arriscou
de fora da área e contou
com falha de Renan para
abrir o placar: 1 a 0.
Em desvantagem, o
Botafogo se lançou ao ata-
que e chegou ao empate aos 25min. Seedorf fazia boas jogadas pela esquerda e, em uma delas,
cruzou para Elias. A zaga
do Náutico afastou mal e
Rafael Marques mostrou
oportunismo para deixar
tudo igual: 1 a 1
Minutos depois, em jogada ensaiada de escanteio, Seedorf recebeu na
entrada da área, dominou
e chutou com muito efeito para estufar as redes: 2
a 1, aos 39min.
Após o intervalo, o Botafogo optava por não se
expor desnecessariamente e garantir a vitória. Mas
o que parecia bom, ficou
ainda melhor: Gegê, que
havia entrado na vaga
de Rafael Marques, teve
tranquilidade para determinar a vitória do time de
General Severiano: 3 a 1.
O Náutico segue seu
calvário rumo à segunda divisão. Os pernambucanos são os lanternas, com 17.
Otavio de Souza/Folhapress
Vitória deu fim a jejum de cinco jogos sem vencer
FICHA TÉCNICA
1X3
Náutico
Ricardo Berna, Maranhão, João
Filipe, William Alves, Bruno Collaço,
Elicarlos, Derley (Marcos Vinícius),
Martinez, Morales (Jones Carioca),
Hugo (Oliveira) e Maikon Leite
Botafogo
Renan, Edilson, Bolívar, Dória,
Julio Cesar, Marcelo Mattos,
Renato, Seedorf, Octávio
(Hyuri), Rafael Marques
(Gegê) e Elias (Alex)
Arena Pernambuco | São Lourenço da Mata (PE) | 09/10 | 21h50
Gols de Maikon Leite (Náutico); Rafael Marques, Seedorf e Gegê
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Edição 024 do Brasil de Fato