UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UEG UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LUIZ GUSTAVO ANTONIO ABRAHÃO GESTÃO DA MÃO DE OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL PUBLICAÇÃO N°: 142-2011 ANÁPOLIS / GO 2011 ii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – UEG UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL LUIZ GUSTAVO ANTONIO ABRAHÃO GESTÃO DA MÃO DE OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ANÁPOLIS / GO 2011 iii LUIZ GUSTAVO ANTONIO ABRAHÃO GESTÃO DA MÃO DE OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL PUBLICAÇÃO N°: 142-2011 PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS. ORIENTADORA: PROFª. NARA DE AZEVÊDO IKEDA, M.Sc ANÁPOLIS / GO: 2011 FICHA CATALOGRÁFICA ABRAHÃO, LUIZ GUSTAVO ANTONIO Gestão de Mão de Obra na Construção Civil ix, 17P., 297 mm (ENC/UEG, Bacharel, Engenharia Civil, 2011) Projeto Final - Universidade Estadual de Goiás. Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas. Curso de Engenharia Civil. 1. Gestão de Mão de Obra 2. Padronização de Serviços I. ENC/UEG II. Bacharel em Engenharia Civil REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABRAHÃO, LUIZ GUSTAVO ANTONIO. Gestão de Mão de Obra na Construção Civil. Projeto Final, Publicação ENC. Projeto Final – Publicação Nº: 142-2011, Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, GO, 17p. 2011. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Luiz Gustavo Antonio Abrahão TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE PROJETO FINAL: Gestão de Mão de Obra na Construção Civil. GRAU: Bacharel em Engenharia Civil ANO: 2011 É concedida à Universidade Estadual de Goiás a permissão para reproduzir cópias deste projeto final e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste projeto final pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. iv LUIZ GUSTAVO ANTONIO ABRAHÃO GESTÃO DE MÃO DE OBRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL. APROVADO POR: ______________________________________________________ BRANDINA FÁTIMA MENDONÇA DE ANDRADE CASTRO, Msc (UEG) (EXAMINADOR INTERNO) ANÁPOLIS/GO, 2 de julho de 2011 v RESUMO O desenvolvimento da indústria da construção civil junto à grande importância deste setor na economia nacional motiva o aumento de pessoas e empresas envolvidas no processo. Com o aumento da competição entre as empresas, surge a necessidade do desenvolvimento das empresas possibilitando a essas, maior competitividade. A gestão eficiente de mão de obra aparece como uma das mais importantes características de desenvolvimento das empresas do setor. Administração dos recursos humanos, gerenciamento de qualidade e de capacitação dos operários mostra-se como a melhor alternativa na busca por aumento de produtividade e qualidade dos produtos. Palavras chave: Gestão, Mão de Obra, Qualidade e Produtividade. vi ABSTRACT The development of the construction industry at the great importance of this sector in national economy motivates the increase of people and companies involved in the process. With increased competition between companies caused the need for business development enabling those greater competitiveness. Efficient management of labor appears as one of the most important characteristics of development of companies. Human resource management, quality management and training of workers is shown as the best alternative in the quest for increased productivity and product quality. Keywords: Management, Labor, Quality and Productivity. vii LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Composição do Custo Unitário Básico de Construção por Metro Quadrado no Brasil. __________________________________________________________________ 6 viii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Apresenta a freqüência das atividades terceirizadas e subcontratadas em empresas de Florianópolis - SC. ______________________________________________________ 5 Figura 2 - Apresenta a frequência das atividades terceirizadas e subcontratadas em empresas de Florianópolis - SC. _____________________________________________________ 12 Figura 3 - Vinculação da mão de obra em construtoras de Florianópolis - SC. __________ 14 ix SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1 1.2. OBJETIVOS 2 1.2.1 – OBJETIVO GERAL 2 1.2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2 1.3. ESCOPO DA MONOGRAFIA 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3 2.1. IMPORTÂNCIA DO SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA ECONOMIA BRASILEIRA. 3 2.2. ASPECTOS QUE INFLUENCIAM NO CUSTO DA CONSTRUÇÃO 6 2.3. INFLUÊNCIA DA MÃO DE OBRA NO CUSTO TOTAL 2.4. A VISÃO DO EMPRESÁRIO 8 10 3. CONCLUSÕES 15 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 16 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Este estudo tem como objetivo obter informações sobre a representatividade do setor de construção civil com enfoque no insumo mão de obra em produção industrial, aplicáveis à construção civil. Além da diversidade nas fontes e na qualidade dos insumos, a variabilidade das metodologias de execução de serviços, interfere significativamente na gestão de recursos humanos em obras civis, tanto cronologicamente quanto financeiramente. “Atualmente, estima-se que a cadeia produtiva da construção, em nível nacional, representa 9,2% do PIB e é responsável pela ocupação de mais de 10 milhões de pessoas, apresentando a dimensão da força do setor” (FURLETTI - 2010). De acordo com CBIC 2010 (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), 47,26% do CUB/m2 (Custo Unitário Básico de Construção por Metro Quadrado) é referente à mão de obra, direta e indireta empregada na cadeia da construção civil. Na década de 1980 estimava-se que a participação da mão de obra no CUB/m2 estava entre 15 e 20%. Estas são informações que apontam para a importância deste estudo. De maneira geral, o estudo do comportamento do operário de produção da construção civil vem sendo observado com a finalidade de aperfeiçoar a utilização da mão de obra, melhorando a produtividade e a qualidade dos diversos serviços envolvidos na construção civil. Nos últimos anos, podemos observar que as empresas construtoras buscam cada vez mais padronizar os processos de construção visando melhores resultados no que se refere à qualidade final da obra e ao custo final de mão de obra em relação ao custo total da obra. “Empresas que possuem boas equipes de produção e bons índices de motivação, têm vantagens competitivas mediante empresas que não se preocupam com esses aspectos” (ECKER & APPIO - 2007). A motivação das equipes de trabalho em um canteiro de obras é um fator determinante da produtividade e da qualidade do serviço executado, afetando diretamente o custo a ser empregado em mão de obra. A importância de se conhecer e de se fazer uso das técnicas motivacionais vem crescendo a cada dia, onde gerentes e administradores precisam adquirir esse conhecimento a fim de que utilizem em suas empresas para proporcionar melhores condições de trabalho e melhores índices de motivação para seus colaboradores (ECKER & APPIO - 2007). 2 1.2. OBJETIVOS 1.2.1 – Objetivo Geral Este estudo tem como objetivo principal obter informações referentes à importância do setor de construção civil na economia brasileira e sobre a participação do insumo mão de obra nesse setor. A pesquisa a seguir busca analisar e comentar uma visão geral do desempenho do setor de construção civil nos últimos anos, com enfoque principal na mão de obra. 1.2.2 – Objetivos Específicos Apresentar os principais itens a serem observados por gestores de obras, referentes ao desempenho da mão de obra e aos custos de produção. Subsidiar pesquisas econômicas sobre custos de produção no setor de construção civil. 1.3. ESCOPO DA MONOGRAFIA Esta pesquisa compreenderá as seguintes fases, além da introdução: Revisão bibliográfica de textos técnicos; Apresentação dos resultados da pesquisa bibliográfica; Conclusão e sugestão de estudos futuros; Bibliografias utilizadas. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. IMPORTÂNCIA DO SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA ECONOMIA BRASILEIRA. Percebe-se que nos últimos anos, respaldado no crescimento econômico e na estabilidade da moeda nacional, o governo federal Brasileiro busca o desenvolvimento da infra-estrutura logística e do desenvolvimento social do país. Os principais investimentos estão em obras de construção civil, construção pesada além de outros. Esses investimentos vêm sendo absorvidos, principalmente, pelo mercado nacional. Nos primeiros meses de 2011 ficou claro que o Brasil deixou o título de país em desenvolvimento para assumir a posição de país desenvolvido, no que se refere à economia, o investimento externo nas cidades brasileiras está cada vez mais evidente. Os grandes investimentos públicos para atender as especificações tanto FIFA (Federação Internacional de Futebol) quanto pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), estão tornando o Brasil cada vez mais interessante do ponto de vista das empresas de engenharia nacionais e internacionais. Nota-se que nos últimos anos as empresas de engenharia e construções brasileiras buscam modernizar suas atividades, implementando sistemas construtivos e sistemas de gestão de qualidade cada vez mais eficientes. Apoiados na estabilidade econômica vivenciada pelo povo brasileiro, as empresas de maneira geral encontram segurança para planejar o futuro e investir na formação e especialização de seus colaboradores. As empresas de engenharia e construtoras brasileiras, em sua maioria, trazem um receio quase que cultural de que investir na manutenção de seu efetivo seria um risco econômico, fim de obra e todos são demitidos, em função da sazonalidade dos investimentos públicos e do baixo fluxo de investimentos privados. Em 2011 o governo federal implanta o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento 2ª Fase) e reafirma o compromisso com as obras para a Copa do Mundo FIFA em 2014 e as olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, esses investimentos vão evidenciar a importância do setor de construção civil no Brasil para os próximos anos. De acordo com informações divulgadas pelo site oficial da Copa 2014, os investimentos nos estádios devem ultrapassar os dez bilhões de reais, esse valor não considera ainda os investimentos indiretos em infra-estrutura de transportes e no setor hoteleiro. Para as olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro as cifras chegam a treze bilhões de reais para atender as especificações do Comitê Olímpico Internacional. O PAC 2 prevê investimentos de até 1,5 trilhões de reais a serem empregados em 2011 e 2012, informações obtidas no site oficial do governo federal. 4 No que tange aos investimentos, o setor contribui com aproximadamente 40% do que é realizado atualmente. Eles são fundamentais para garantir o crescimento sustentável ao longo do tempo e ajudam a resolver gargalos importantes na infraestrutura nacional (social, urbana, de logística, energética etc.), pois possui um duplo papel no funcionamento dos sistemas econômicos, além de, num primeiro momento, aumentar o consumo de fatores de produção e o nível de utilização da capacidade de produção já instalada. Num momento seguinte com a maturação desses gastos, expande-se a capacidade de oferta da economia, permitindo que ela cresça sem o aparecimento de desequilíbrios ou pressões sobre preços. (FURLETTI - 2010) De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego MTE 2010, no ano de 2010 o setor de construção civil admitiu em torno de 221.000 pessoas até setembro. Estima-se que em torno de 7,0 % dos brasileiros economicamente ativos estão ocupados em um dos setores do mercado da construção civil, 49% destes estão ocupados diretamente na área de produção. Dessa forma imaginamos algo em torno de sete milhões de pessoas envolvidas nesta atividade econômica. Contabilizando os números referentes ao PIB da construção civil no Brasil, chega-se a cifras em torno de R$137.378.000,00 (IBGE - 2009). É notória a importância do setor para a economia brasileira além da importância do desenvolvimento da infra - estrutura logística e social do país. O desenvolvimento de programas para redução do déficit habitacional em 2010 (Minha Casa Minha Vida) e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) responsável por inúmeras obras no País acelerou ainda mais o crescimento do setor, tornando mais significante o controle dos recursos empregados em obras. Dentro desse valor podemos dividir os recursos conforme mostrado na Figura1. 5 Figura 1 - Apresenta a freqüência das atividades terceirizadas e subcontratadas em empresas de Florianópolis - SC. FONTE: CBIC (2011), www.cbicdados.com.br. De acordo com (MTE. – 2010) em 2009 no Brasil existiam 147.175 empresas formais na área de engenharia e construções. O grande desenvolvimento do setor da construção civil nos últimos anos aliado ao aumento na competição entre as empresas construtoras trouxe a necessidade, cada vez maior, do controle da utilização dos recursos empregados. Nos últimos anos com a maior oferta de crédito e com o aumento da demanda por serviços de engenharia e construções o mercado se aqueceu e se desenvolveu, passando a utilizar cada vez mais tecnologias de construção mais especializadas e que demandam menos mão de obra, embora mais especializada. Percebeu-se que o desenvolvimento da tecnologia na construção civil diminuiu em parte a oferta de empregos no setor de construção civil, por outro lado, o crescimento do setor mascarou esse déficit em 2010. Pode-se dizer que a exigência de maior capacidade técnica por parte dos operários motiva a criação de cursos e treinamentos em técnicas de produção, já que a demanda de mão de obra especializada supera a oferta do mercado. As empresas construtoras têm a tendência de formar, a partir de seus próprios quadros de colaboradores, os especialistas em cada tipo de serviço envolvido em uma obra. 6 2.2. ASPECTOS QUE INFLUENCIAM NO CUSTO DA CONSTRUÇÃO Segundo (CBIC – 2010) no Brasil o Custo Unitário Básico de Construção / m2 (CUB/ m2) é composto da seguinte forma: Tabela 1 - Composição do Custo Unitário Básico de Construção por Metro Quadrado no Brasil. CUB/m2 MÉDIO BRASIL - EVOLUÇÃO E PARTICIPAÇÃO R$ / m2 MÊS MATERIAL M. O. PARTICIPAÇÃO % DESPESA EQUIP. GLOBAL MATERIAL ADM. M. O. DESPESA EQUIP. ADM. Jan fev 408,66 409,01 382,29 384,48 30,15 30,51 3,75 4,13 2010 824,85 828,13 49,54 49,39 46,35 46,43 3,66 3,68 0,46 0,5 mar abr mai jun 410,04 412,79 415,81 417,96 388,45 388,47 398,22 405,73 30,68 30,92 31,64 32,26 4,18 4,21 4,1 4,19 833,36 836,38 849,77 860,14 49,2 49,35 48,93 48,59 46,61 46,45 46,86 47,17 3,68 3,7 3,72 3,75 0,5 0,5 0,48 0,49 jul ago set out 420,3 422,05 421,71 422,55 411,18 410,9 411,45 412,25 32,35 32,34 32,31 32,51 4,2 4,15 4,07 4,09 868,03 869,43 869,54 871,4 48,42 48,54 48,50 48,49 47,37 47,26 47,32 47,31 3,73 3,72 3,72 3,73 0,48 0,48 0,47 0,47 nov dez 423,63 423,88 412,31 415,42 32,75 32,79 4,11 4,12 872,8 876,22 48,54 48,38 47,24 47,41 3,75 3,74 0,47 0,47 jan fev 424,86 426,23 417,06 420,54 33,05 33,08 4,15 4,2 2011 879,12 884,05 48,33 48,21 47,44 47,57 3,76 3,74 0,47 0,48 mar 426,82 425,84 abr 428,51 427,61 Editada pelo autor. 33,68 33,82 4,27 4,29 890,61 894,23 47,92 47,92 47,81 47,82 3,78 3,78 0,48 0,48 Pode-se observar que o insumo mão de obra participa com aproximadamente 48% do CUB/m2, enfatizando a importância desse recurso ou do uso adequado desse recurso, que dependerá da forma como será gerenciado o processo de construção. Admite-se que os custos referentes a materiais e equipamentos empregados diretamente na obra representam menos de 50% do custo total e que as despesas com administração indireta e com mão de obra direta envolvida efetivamente na obra representam a outra metade do custo do processo, observa-se a necessidade, pelas empresas, de gerenciar a produção e a produtividade da mão de obra direta. A mão de obra é o recurso mais precioso participante da execução de obras de construção civil, não somente porque 7 representa alta porcentagem do custo total, mas, principalmente, em função de se estar lidando com seres humanos, que têm uma série de necessidades que deveriam ser supridas. (SOUZA – 2008) Percebeu-se que nas décadas de 1980, 1990 e 2000 as empresas brasileiras do ramo da construção civil entraram num processo intenso de minimizar os desperdícios e o uso indiscriminado dos materiais de construção, implantando sistemas de gestão de obras e técnicas modernas de construção, esse processo contribuiu para a nova proporção do insumo Mão de Obra no CUB/m2. O desenvolvimento dos setores de recursos humanos em construtoras começou a se desenvolver efetivamente nas últimas décadas. Com o aumento significativo de oferta de emprego em outros setores da indústria e comércio, notou-se uma diminuição da disponibilidade de operários para construção civil. Com base na nova conjuntura de oferta e demanda de operários as empresas iniciaram um processo de investimento em formação e qualificação da mão de obra, com a finalidade principal de manter suas equipes e sua capacidade de trabalho, estando preparadas para desafiar a grande concorrência do setor. A terceirização da mão de obra em obras civis é uma realidade no Brasil, outro aspecto que interfere significativamente no custo de mão de obra. As micro-empresas de prestação de serviços no setor de construção civil, geralmente fornecedores de mão de obra e de materiais específicos, são responsáveis pela especialização da mão de obra. Por outro lado, esse processo de terceirização provoca um aumento no custo de mão de obra, que pode ou não ser compensado pela agilidade ou pela redução dos encargos sociais referentes à mão de obra. Atualmente, percebe-se que a redução de custos referentes à mão de obra está relacionada diretamente a capacidade das empresas de manter uma relação estável entre os colaboradores (efetivos ou terceirizados) e a empresa. Outro aspecto é o controle de processo de execução dos serviços que deve garantir o padrão de qualidade interno da empresa e a boa relação de trabalho entre os operários. A terceirização é identificada como o processo através do qual as empresas transferem para terceiros suas atividades meio, isto é, atividades de apoio, enquanto a subcontratação refere-se à transferência de atividades fins, caracterizadas pelas etapas do processo produtivo. (BRANDLI – 2006) Souza – 2008 considera que produtividade seja a eficiência em se transformar entradas em saídas num processo produtivo. O estudo da produtividade e dos fatores que afetam a 8 produtividade dos operários da construção civil tomou espaço nos últimos anos, envolvendo tanto universidades e acadêmicos quanto empresas e seus colaboradores. 2.3. INFLUÊNCIA DA MÃO DE OBRA NO CUSTO TOTAL Nota-se, em termos práticos, que o custo direto de mão de obra está dividido em mão de obra direta de execução e administração local da obra. A administração local compreende os encarregados, mestres de obra, estagiários e engenheiros e participam com valores entre 7 e 15% do custo com mão de obra, variando de acordo com o tamanho do empreendimento e com o nível de exigência em termos de qualidade. O restante está diretamente relacionado com os executores dos serviços. A formação do preço de serviços de engenharia no ramo da construção civil brasileira é efetuada desde meados da década de 1970, com a aplicação de uma taxa de “mark-up” sobre os custos diretos estimados, denominada de BDI – benefício e despesas indiretas ou bonificação e despesas indiretas (FREIRES – 2006). Nos últimos anos, percebeu-se que o custo relacionado com aquisição de materiais e equipamentos para produção admite variações menores, o que nos remete novamente ao controle da utilização de mão de obra. Os custos gerais com mão de obra envolvem uma gama de tributos e leis sociais que não admitem variações nem adaptações, o desenvolvimento das relações de trabalho, evidenciada nos últimos anos no Brasil, onera ainda mais o valor da mão de obra de produção. Segundo (VIEIRA NETTO – 1993) enxugar as equipes tornou-se uma estratégia de sobrevivência no mercado da construção civil. “... as firmas precisam buscar a eficácia de suas estruturas, reduzindo-as ao estritamente necessário, assim como os recursos a serem utilizados...”. Esta é uma preocupação antiga e crescente no ramo de construção civil e ao longo do tempo foram desenvolvidas técnicas de gerenciamento dos serviços de engenharia e construções sempre com a finalidade de reduzir o impacto da mão de obra no custo final do serviço. Segundo (FREIRES – 2006) a implementação de um sistema de produção dinâmico e bem estruturado aparece como necessidade das empresas construtoras para manter a competitividade junto ao mercado. Nesse âmbito surgem inúmeras soluções e variações dos procedimentos de execução dos serviços com a finalidade de adaptá-los ao sistema de 9 qualidade das empresas. Com isso, a utilização da padronização de processos ganha força a cada dia. A padronização de processos, muito utilizada atualmente pelas empresas construtoras como mecanismo de aperfeiçoamento do sistema de produção do sistema de formação dos preços. Tendo definido os processos de produção o custo relacionado à mão de obra admite variações menores, podendo ser controlado de forma mais eficaz. A adoção de novas técnicas, novos materiais e melhoria no processo construtivo têm como efeito menos trabalho realizado no canteiro de obras, aumentando a parcela de tarefas realizadas no escritório e em fábricas de componentes. Uma parte substancial do trabalho artesanal típico da construção civil será substituída pela montagem de componentes, que requer menos esforço físico e novas competências profissionais. (PEIXOTO & GOMES – 2006). A construção civil, caracterizada como atividade industrial, difere de outras atividades industriais mais comuns pela forma de produção. Enquanto a indústrias produzem itens de menor valor e menores dimensões passíveis de estocagem, em instalações fixas preparadas para a produção destes itens, a indústria da construção produz itens de grande valor agregado (Obras) em instalações variadas (Canteiros de Obra) e com as mais variadas apresentações (Projetos) e, sobretudo com uma utilização intensiva de mão de obra. O setor de construção civil vem se diversificando, buscando utilizar cada vez menos mão de obra diretamente nos canteiros de obra, com a finalidade de reduzir a demanda por este insumo. Atualmente, utilizam-se sistemas construtivos pré-fabricados, que além de demandar uma quantidade menor de mão de obra, possibilita maior controle da utilização da mão de obra revertendo em ganhos de produtividade e qualidade final do produto. Como exemplo destes sistemas: Estruturas pré-moldadas de concreto armado; estruturas metálicas; gesso acartonado; painéis mistos de produtos cimentícios; entre outros. Entende-se que, melhorando a qualificação do trabalhador, ele passa a ter consciência de sua função e assim, trabalha sabendo o que faz, reduzindo perdas e melhorando muitas vezes a qualidade e produtividade, contribuindo no processo com comprometimento e responsabilidade (SEBBEN e GOMES 2007). A utilização de sistemas mais dinâmicos de produção reduz a utilização de mão de obra nos canteiros de obra e ao mesmo tempo possibilita uma especialização, por parte dos 10 operários, em determinados serviços. Essa metodologia reduz a incidência de falhas no serviço e de perdas por desperdício ou má utilização dos insumos. De acordo com o Trajano (1985), a indústria da construção civil se diferencia da indústria fabril, basicamente pela não repetitividade de seus produtos. Enquanto na indústria fabril os produtos são em grande quantidade, relativamente de pequeno valor, de pequenas dimensões e estocáveis, na construção civil eles são únicos (estrada, barragem, conjunto habitacional), de grande valor relativo, de grandes dimensões e não estocáveis (a não ser, por extensão de conceito, as habitações não vendidas) (FREIRES – 2006 apud TRAJANO - 1985). Além da grande variabilidade dos produtos da construção civil e da atividade em diversos canteiros de obra, as etapas finais de uma obra dependem das etapas iniciais, como exemplo: em um edifício será necessário executar a estrutura de um pavimento para possibilitar o avanço da obra nos pavimentos superiores. Essa configuração de produção torna ainda mais difícil a adaptação da mão de obra direta que deverá se deslocar de um local para outro e de um determinado serviço para outro em ciclos curtos de tempo. Com tudo isso, a manutenção de um estado de motivação e de ritmo nas equipes de produção se apresenta como um desafio para áreas de gerenciamento das obras. O baixo nível cultural e de instrução, comuns entre os operários deste setor, dificultam ainda mais o gerenciamento da mão de obra. É comum observarmos uma grande rotatividade da mão de obra ocupada no setor de construção civil, um problema agravado também pela sazonalidade da oferta de serviços. 2.4. A VISÃO DO EMPRESÁRIO Percebeu-se nos últimos anos uma preocupação, dos empresários da construção civil, em manter suas equipes de trabalho com um padrão de qualidade e de especialização importantes para manter a capacidade de trabalho de suas empresas. Essa necessidade de mão de obra especializada induziu a um processo de fidelização entre as empresas e seus empregados, aumentando, de maneira geral, a duração dos contratos de trabalho. O profissional da construção civil passa a ter aspirações maiores e de médio e longo prazo, apoiando-se na estabilidade de seu emprego. Esse fato proporciona uma diminuição nos gastos, por parte das empresas, com leis sociais referentes ao processo demissional e principalmente ao processo de qualificação dos colaboradores que demanda tempo das 11 equipes técnicas da empresa e recursos diversos, além da perda considerada pela menor produtividade de operários menos qualificados. Notou-se que a terceirização dos processos de construção é uma estratégia amplamente utilizada pelos empresários do setor (Figura -2), visando obter mais agilidade em seus processos com menor dispêndio em encargos trabalhista e previdenciários. As microempresas prestadoras de serviços sofrem tributação menor do que as empresas maiores, possibilitando essa redução. Os operários empregados em empresas menores são gerenciados mais de perto, em grande parte por seus empregadores diretos, fato que resulta numa melhor rotina de trabalho do que se fossem gerenciados por outros empregados, como encarregados e mestres de obras. A mão de obra da construção civil, durante muitos anos, foi considerada apenas como um dos fatores de produção. Em meados da década de 80, destaca-se o surgimento de um novo cenário brasileiro, onde é proposta uma organização do trabalho pautada em métodos de trabalho que defendem a participação do trabalhador e a flexibilização da produção pela introdução de novos equipamentos. O empresariado nacional, a partir deste momento, passa a adotar um discurso da necessidade de qualificação da mão de obra, para atingir os níveis de produtividade exigidos pelas novas leis do mercado internacional (SEBBEN e GOMES - 2007 apud AMARAL 1999). 12 Figura 2 - Apresenta a frequência das atividades terceirizadas e subcontratadas em empresas de Florianópolis - SC. 120% 100% 96% 98% 90% 80% 76% 69% 69% 71% 63% 60% 51% 41% 53% 43% 43% 40% 31% 20% 20% 0% FONTE: Brandli (2006), adaptado pelo autor. Essa mudança nas relações entre empregados e empregadores junto ao grande avanço promovido pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) onerou ainda mais os custos com mão de obra, trazendo a necessidade, por parte dos empregadores, de aumentar a eficiência e a produtividade dos operários. Nesse período entre as décadas de 1980 e 2000 obtivemos um enorme avanço na tecnologia de processos de produção na construção civil, observamos cultura de aprimoramento das habilidades dos operários visando maior produtividade e qualidade. Na busca pela qualidade e produtividade, surge, no início da década de 90, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP-H (Ministério das Cidades, 2006), 13 passando a exigir mais dos processos construtivos e de seus executores, agora um trabalhador mais qualificado, ciente de seu papel e comprometido dentro do processo. Esta mão de obra passou então, a ser considerada um fator importante na obtenção de qualidade do produto final, e não apenas uma peça durante a produção. Uma organização voltada à qualidade procura minimizar as falhas em todos os níveis do processo produtivo (SEBBEN e GOMES - 2007 apud AMARAL 1999). Inicialmente, a padronização de processos, adotada por algumas empresas, posteriormente observou-se a necessidade de desenvolvimento dos setores de RH (Recursos Humanos) estabelecendo relações mais concretas entre empresas e empregados. Surgiram daí práticas motivacionais como o emprego de premiações e gratificações por produção, sempre no âmbito financeiro. Essas práticas muito utilizadas até os dias de hoje, firmaram-se como “regra” prática na construção civil. Nos últimos anos, a gratificação apenas financeira tornouse aquém das expectativas dos operários que passaram a esperar por outras recompensas como aprimoramento profissional, estabilidade no emprego, segurança no trabalho etc. Nesse processo de aprimoramento da mão de obra baseado em sistemas de qualidade e gestão notou-se que as empresas brasileiras de maneira geral buscam investir na especialização dos mestres de obra e encarregados, que assumem uma função de supervisão e controle dos serviços, muitas vezes terceirizados ou subcontratados. Cada vez mais a empresa busca aprimorar os conhecimentos dos mestres e encarregados que por sua vez desenvolvem os operários diretos. Percebeu-se ainda que os serviços de supervisão e coordenação, executados pelos mestres e encarregados de obras, são exercidos por funcionários diretos da empresa, enquanto que serviços mais específicos são geralmente terceirizados ou subcontratados. No caso de serviços considerados rústicos, diretos do processo de construção como alvenarias, reboco entre outros tem utilizado também funcionários próprios da empresa. 14 Figura 3 - Vinculação da mão de obra em construtoras de Florianópolis - SC. 6% 19% 21% 19% 27% 40% 46% 6% 27% 56% 27% 6% Mestre de Obras Subcontratado Próprio Sub. + Próprio Não possui Armador Encarregado 10% 27% 40% 15% 6% 8% 40% 6% 56% 23% 42% 27% Carpinteiro Armador 17% 17% 6% 17% 6% 56% 21% Encanador 6% 56% 21% Eletricista FONTE: Brandli (2006), adaptada pelo autor. Pedreiro 56% 21% Pintor 15 3. CONCLUSÕES Concluiu-se durante a pesquisa que a gestão da mão de obra no setor de construção civil brasileiro segue a realidade de países desenvolvidos, especialização da mão de obra e valorização do trabalhador, esse movimento é um forte indicativo do desenvolvimento social em nosso país. Por outro lado incorre em um aumento significativo dos custos no setor de construção civil. Fator decisivo na qualidade final dos empreendimentos de engenharia e construções, a mão de obra passou a ser considerada de forma mais intensa e responsável por parte dos empresários do setor. Percebeu-se que a participação do insumo mão de obra no setor de construção civil é determinante na formação dos custos de produção. A gestão de mão de obra em empresas construtoras tornou-se imprescindível. Controlar e gerenciar este recurso de forma mais elaborada apresentou-se como uma necessidade inerente ao processo de construção. A competitividade entre empresas do aquecido mercado da construção civil brasileira depende diretamente da oferta e da qualidade de mão de obra que cada empresa apresenta, os clientes exigem dinamismo e qualidade no resultado final dos empreendimentos. A gestão de mão de obra no setor de construção civil no Brasil tomou novos rumos como o de terceirização de mão de obra e o de investimento em capacitação dos operários. O aumento do custo com mão de obra na indústria da construção civil teve influência direta no desenvolvimento das empresas brasileiras. Com base no estudo realizado para este trabalho concluiu-se que, considerando a importância do setor de construção civil na economia brasileira, o estudo deste setor é interessante para a comunidade acadêmica. 3.1 - Sugestões de temas para pesquisas: Avaliar a influencia da aplicação de técnicas motivacionais na produtividade de operários da construção civil; Avaliação do custo/benefício da utilização de mão de obra terceirizada versus mão de obra efetiva; Análise da evolução do mercado de construção civil do ponto de vista social; Comparativo, do ponto de vista econômico, do investimento público versus investimento privado no mercado de construção civil. 16 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDLI, Luciana Loredo et. al. Estratégias de Terceirização e Subcontratação na Construção Civil. Florianópolis - SC. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFSC. 2006. 8p. ECKER, Daniéla & APPIO, Jucelia. A Importância da Aplicação de Técnicas Motivacionais no Ambiente Produtivo. Pato Branco – PR. Synergismus Scyentifica UTFPR. 2007. 4p. FREIRES, Alécio Pinheiro. Um Enfoque no BDI de Empresas de Engenharia de Pequeno Porte Através da Aplicação do Sistema de Custeio ABC/ABM. Universidade Federal de Itajubá - Departamento de Engenharia de Produção. Itajubá - MG. 2006. 124p. FURLETTI, Daniel Ítalo R.(Coord.). Construção Civil: Análise e Perspectivas. Brasília – DF. CBIC. 2010. 18p. PEIXOTO, Berto Luiz Freitas & GOMES, Maria de Lourdes Barreto. Ganhos em Produtividade Decorrentes de Inovação Tecnológica na Construção Civil: O Uso dos Distanciadores Plásticos no Sub Setor de Edificações. XXVI ENEGEP Fortaleza - CE. 2006. 7p. SEBBEN, Mariele Bernardo e GOMES, Tereza de Oliveira. Treinamento de Mão de Obra e a Rotatividade na Construção. XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Foz do Iguaçu – PR. 2007. 7p. SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes de. Como Medir a Produtividade da Mão de Obra na Construção Civil. São Paulo – SP. USP. 2008. 8p. VIEIRA NETTO, Antonio. Construção Civil & Produtividade: Ganhe Pontos Contra o Desperdício. São Paulo – SP. Pini. 1993. p101. 17 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. Disponível em:<http//www.ibge.gov.br>.Acesso em: 21 de novembro de 2010. CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil, 2010. Disponível em:<http//www.cbicdados.com.br>. Acesso em: 21 de novembro de 2010. CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil, 2011. Disponível em:<http//www.cbicdados.com.br>. Acesso em: 19 de junho de 2011. MTE – Ministério do Trabalho e Emprego, 2010. Disponível em:<http//www.mte.gov.br>. Acesso em: 21 de novembro de 2010. Site Oficial da Copa do Mundo FIFA 2014, 2011. Disponível em: <http//www.copa2014.org.br>. Acesso em: 18 de junho de 2011. Site Oficial das Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016, 2011. Disponível em: <http//www.rio2016.org.br>. Acesso em: 18 de junho de 2011. Site Oficial da Presidência da República, 2011. Disponível em:<http//www.brasil.gov.br>. Acesso em: 18 de junho de 2011