16 crianças adoptadas devolvidas em 2009 Fonte: Correio da Manhã Data: 08-04-2010 Autor: Sónia Trigueirão Tema: Adopção Em 2009, foram devolvidas às instituições do Estado 16 crianças adoptadas (menos quatro que em 2008). O arrependimento dos casais, que descobrem que afinal não estavam preparados para lidar com um filho, ou a ocorrência de um inesperado divórcio e a falta de entendimento entre as partes quanto à custódia das crianças, são alguns dos motivos alegados para anular a adopção. Segundo Idália Moniz, secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, das 2776 crianças que estão em condições de serem adoptadas (dados de Fevereiro de 2010), há 574 que ninguém quer devido ao facto de terem mais de três anos, terem irmãos, serem doentes ou – simplesmente – por causa da cor da pele. "Dos 2493 candidatos a pais, 2323 querem uma criança até aos três anos, 1994 dão como critério a raça branca e apenas 464 não se importam de adoptar uma criança com irmãos", afirmou Idália Moniz para explicar que os processos de adopção não demoram apenas por causa da burocracia. Aliás, segundo a secretária de Estado Idália Moniz, neste momento o tempo médio para a colocação da criança em situação de adoptabilidade é de 60 dias e o processo de adopção, quando já há candidato, demora cerca de nove meses. O Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social implementou o Plano de Intervenção Imediata, que visa a criação de projectos de vida para ajudar estas crianças e outros jovens que acabam à guarda do Estado. O relatório do Plano foi entregue ontem no Parlamento e o balanço é classificado como "positivo", embora a adopção seja uma solução apenas para 10% das crianças institucionalizadas. Em 2009, foram identificadas 12 579 crianças e jovens em situação de acolhimento, menos 1331 do que em 2008. Destas, 3016 saíram das instituições ainda durante o ano de 2009. Os distritos do Porto, Lisboa e Braga registam o número mais elevado de menores acolhidos, enquanto Beja e Portalegre a cifra mais reduzida. SÓ 10% VÃO PARA ADOPÇÃO A adopção é um dos futuros previstos para as crianças institucionalizadas mas apenas 10% têm esta solução como projecto de vida, um dado que, segundo a secretária de Estado, está relacionado com a idade cada vez mais avançada das crianças que entram no acolhimento. NOVE MIL EM INSTITUIÇÕES O relatório anual da Segurança Social identificou mais de nove mil crianças em acolhimento em Lares de Infância e Juventude (6395), Centros de Acolhimento Temporário (2105) e famílias de acolhimento (658). HÁ MAIS JOVENS COM 12 AN0S Segundo o relatório de 2009 do Plano de Intervenção Imediata às Instituições do Estado, estão a chegar menos crianças até aos 11 anos e mais jovens com 12 anos (61%), o que aumenta os problemas de comportamento. Dos 9563 em acolhimento, 4830 são raparigas. CINCO MIL DOS TRIBUNAIS Tal como em 2008, no ano passado houve uma preponderância dos processos instaurados em tribunal (5797), contra 2017 processos das Comissões de Protecção. Segundo o relatório, a maioria das crianças estão acolhidas sem consentimento dos pais. "RESULTADO POSITIVO": Edmundo Martinho, Instituto da Segurança Social Correio da Manhã – Houve menos devoluções na adopção em 2009 do que em 2008. Como comenta? Edmundo Martinho – Apesar de ser uma preocupação, caminha para deixar de ser um problema. Creio que se deve à maior exigência dos técnicos e da formação que é dada aos candidatos para ter a certeza de que estão preparados para adoptar. – Como comenta a diminuição do número de crianças acolhidas em instituições do Estado?– É um resultado muito positivo, que resulta de todo um trabalho que tem vindo a ser feito ao nível da qualificação dos técnicos, das instituições e do trabalho feito com a família dessas crianças, nomeadamente os pais. A ideia não é afastar a criança da família mas sim aproximá-la quando há condições para o fazer, claro. – A aposta nos apartamentos de autonomização é uma solução para os mais jovens?– Para os que já não podem ser adoptados e para os que não têm apoio familiar. Servem de treino para a integração em sociedade. ESTADO DÁ ÀS IPSS TRÊS MILHÕES DE EUROS POR DIA A redução do número de crianças e jovens acolhidos em instituições em 2009, nomeadamente a sua desinstitucionalização através de um regresso à família, da adopção ou da integração num apartamento de autonomização, foi ontem justificada pela secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, como um grande investimento por parte do Governo. Segundo Idália Moniz, o Estado, só em acordos de cooperação, transfere todos os dias três milhões de euros para 3500 Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). "O que corresponde a cerca de 1,1 mil milhões de euros por ano", sublinhou. Para a modernização e especialização das instituições que acolhem crianças e jovens há vários projectos em curso, nomeadamente o Plano Dom-Desafios, Oportunidades e Mudanças (DOM), em desenvolvimento desde 2007 e com um custo estimado de sete milhões de euros. Já estão envolvidos no DOM 148 lares de infância, que abrangem 4891 crianças e jovens. E o objectivo deste ano é alargar o Plano à totalidade das instituições. "É necessário implementar um novo modelo de acolhimento, que visa a desinstitucionalização das crianças", refere Idália Moniz. A ideia não é deixar estes jovens sempre nos lares mas criar alternativas. Por isso se aposta na formação de equipas técnicas especializadas, e a gestão de vagas passou a ser centralizada no ministério porque havia IPSS que seleccionavam as crianças segundo critérios próprios. As instituições que recusarem aderir ao DOM perdem os apoios do Estado. Por exemplo, as Oficinas de S. José, no Porto, que pertencem à diocese, para aderir ao DOM teriam de fazer um investimento de dois milhões em obras. Como não era viável, vão deixar de servir de lar às crianças e jovens e decidiram passar a dar formação. FUGIRAM 131 JOVENS DOS LARES Em 2009, 131 crianças e jovens fugiram dos lares de acolhimento onde estavam. A maioria tinha mais de 12 anos. Segundo o Relatório da Segurança Social, muitos dos jovens que fugiram revelavam problemas de comportamento, 26% tinham idades compreendidas entre os 12 e os 14 anos e 51% tinham 15 ou mais anos de idade. O registo é feito como "fuga prolongada". NOTAS PROJECTOS: APARTAMENTOS Um dos objectivos é fazer com que os jovens internados tenham projectos de vida. Assim, para os que têm entre 14 e 16 anos são criados apartamentos de autonomização. REINTEGRAÇÃO: FAMÍLIA Um dos argumentos para a diminuição do número de jovens acolhidos é o facto de as instituições trabalharem com os pais destes para que eles possam voltar à família. ESCOLARIDADE: 416 NÃO TÊM Em 2009 houve menos crianças e jovens – 416 (31%) – a sair da situação de acolhimento sem terem completado a escolaridade obrigatória. Em 2008, 2449 saíram sem o fazer. Há 574 crianças que ninguém quer adoptar Fonte: Ionline Data: 08-04-2010 Autor: Marta F. Reis Tema: Adopção Há 574 crianças à espera de ser adoptadas em Portugal, para 2493 candidatos a pais. Não são os filhos ideais "Os pais com pretensões muito restritas à adopção podem esperar um, dois anos, ou 20 anos. Pode até nunca aparecer a criança ideal." O problema da adopção, garante a secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, Idália Menezes, não é apenas a burocracia. São os pais. E os filtros que impõem antes de adoptarem um filho. Segundo os últimos dados disponíveis, havia em Fevereiro 574 crianças à espera de serem adoptadas e 2493 pais à espera de adoptarem. Os números parecem paradoxais mas explicam-se facilmente: a grande maioria dos pais prefere um filho branco (80%), até aos três anos de idade (93%) e sem problemas de saúde. E são esses três filtros que deixam de fora a grande maioria das crianças: as que têm mais de três anos, as de outras etnias, com deficiência e as que têm irmãos. Segundo o relatório anual sobre os projectos de vida dos jovens em instituições de acolhimento do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, entregue ontem na Assembleia da República, 10,5% dos 9563 crianças e jovens acolhidos em 2009 estavam em vias de ser adoptados. Já em Fevereiro de 2010, avançou Idália Menezes Moniz, havia 2776 crianças e jovens até aos 15 anos registadas nas listas nacionais de adopção, a grande maioria com o processo em marcha. Pais e filhos: incompatíveis Os desejos de quem adopta são, na maioria dos casos, incompatíveis. Entre os 12 e os 15 anos só há 32 candidatos para mais de 800 crianças. Também só há cinco candidatos para 122 crianças com deficiência, 170 pais para 406 crianças com problemas de saúde ligeiros. O filtro por crianças brancas também afasta a maioria dos candidatos, 80% (1994) não quer crianças de outras etnias, embora os dados do Instituto de Segurança Social, a que o i teve acesso, não discriminem quantas crianças nas listas nacionais de adopção têm este perfil. Idália Menezes Moniz adianta que é uma vontade legítima dos candidatos, não havendo nenhuma proposta para alteração das regras de adopção. Ainda assim, segundo a responsável, estes filtros acabam por transmitir uma mensagem deturpada da adopção em Portugal. Nos últimos meses, a secretaria tem procurado no sistema todas as pessoas que aparecem em notícias que dizem estar à espera há anos de uma adopção e, geralmente, são aquelas que impõem maiores restrições quanto às crianças a adoptar, atesta Idália Menezes Moniz. "Neste momento, nas crianças com as características mais procuradas há 60 dias de espera desde a definição do projecto e a adopção é decretada no espaço de nove meses." Ontem o MTSS fez um "balanço positivo" das crianças e jovens em instituições de acolhimento. No ano passado houve uma taxa de desinstitucionalização de 21,4%, e saíram mais jovens do que entraram. Desde 2004 o número de crianças e jovens acolhidos caiu 34%, o que também está por detrás da qualificação das instituições, tanto ao nível dos edifícios como dos técnicos e programas. A secretária de Estado admite que esta reestruturação possa levar à quebra do vínculo com o Estado de algumas instituições que não queiram ou não estejam aptas para os programas de acolhimento que além da adopção trabalham ainda a autonomização (26% dos jovens) e a reintegração na família nuclear (24% das crianças e jovens). O perfil das crianças e jovens acolhidos também tem vindo alterar-se: hoje a maioria tem mais de 12 anos e um percurso mais problemático, resultado de uma estratégia de prevenção a montante que se reflecte já nas idades mais jovens, atestou Idália Menezes Moniz. Em 2009, um quarto passou menos de um ano em acolhimento. Há cada vez mais adolescentes internados em instituições Fonte: Público Data: 08-04-2010 Autor: Clara Viana Tema: Criança O número de pais que entregam os filhos por não conseguirem lidar com os problemas de comportamento destes tem vindo a aumentar. Mais velhos e mais problemáticos. É este o perfil que está a impor-se entre as crianças e jovens em situação de acolhimento institucional e familiar, revelou ontem a secretária de Estado da Reabilitação, Idália Moniz. Ou seja, frisou, "as características dos jovens em acolhimento estão a mudar". Apesar de serem menos os que estão nesta situação - o seu número diminuiu de 15.118 em 2004 para 9563 em 2009 -, a mudança que se está operar entre eles poderá tornar mais difíceis projectos de futuro e vai exigir "modelos de acolhimento mais especializados". Os dados coligidos no Plano de Intervenção Imediata de 2009, um relatório de caracterização dos menores à guarda do Estado, que é elaborado anualmente pela Segurança Social, reflectem, diz Idália Moniz, que há um trabalho de prevenção junto das famílias que está já a dar frutos - existem cada vez menos crianças pequenas nas instituições. Mas também dão conta de uma derrapagem nas relações e comportamentos. Ao contrário do que era "a realidade do acolhimento institucional nas décadas anteriores", em que este era, na maioria dos casos, decidido a pedido dos pais, geralmente motivado por situações de pobreza, agora são cada vez mais os menores institucionalizados sem o consentimento dos seus progenitores. No ano passado, quase seis mil estavam em instituições na sequência de processos instaurados em tribunal. Muitos deles, afirma-se no relatório, estiveram expostos, reiteradamente, "a situações de maus tratos físicos e psicológicos". A par, verifica-se também "outra realidade crescente": pais que solicitam o acolhimento dos filhos às entidades competentes, devido a dificuldades na relação com os mesmos, nomeadamente por estes evidenciarem "comportamentos disruptivos com os quais os mesmos não conseguem lidar e dos quais podem mesmo ser vítimas". Dos 2187 menores que foram institucionalizados em 2009, 1163 (53 por cento) tinham entre dez e 18 anos. No conjunto, entre os que entraram no ano passado e aqueles que já estavam em acolhimento há mais de um ano (que são a maioria), 61 por cento tinham idades a partir dos 12 anos, o que significa que "o acolhimento institucional se está a dirigir predominantemente para jovens adolescentes", conclui o relatório. Comportamento é problema A análise das características particulares associadas aos menores que estão em acolhimento foi feita agora pela primeira vez: 13 por cento têm problemas de comportamento graves. Esta situação agrava-se na faixa etária entre os 15 e os 17 anos, mas foi também identificada, já de uma forma expressiva, no intervalo de idades entre os seis e os nove anos. Dos 1221 menores com problemas de comportamento, 288 já tiveram, de algum modo, problemas com a justiça. Mais grave será a situação no que respeita a problemas de saúde mental, que poderão afectar 30 por cento das crianças e jovens institucionalizados. Três por cento têm uma deficiência física. Idália Moniz lembrou que existem menores que entraram para instituições com dias e que ainda lá estão 16 anos depois. "Isso quer dizer que não houve um olhar para estas crianças", denunciou. Vinte e cinco por cento dos menores que estavam em instituições no ano passado tinham sido acolhidos há mais de seis anos. Mas há também cada vez mais crianças a não chegarem a um ano de acolhimento, frisou a governante. É uma das boas notícias. Há mais. Em 2009, o número de menores que abandonaram as instituições foi maior do que aqueles que iniciaram a experiência de acolhimento. Entre os 3016 que saíram, 30 por cento foram reintegrados na família. Registou-se também, entre os que continuam institucionalizados, "uma redução muito significativa" dos que não têm projectos de vida definidos. Eram 282 em 2009 contra 2419 em 2008. A adopção será o futuro apenas para 10,5 por cento. Um projecto de vida é ter um caminho pela frente, pelo qual são responsáveis as instituições e os técnicos que nelas trabalham. Que tantas crianças não tivessem tido alguém que lhes desenhasse um futuro é uma das nódoas maiores que Idália Moniz aponta ao passado recente. Subsiste outra que, segundo ela, é "urgente" mudar: a deslocalização dos menores. Dezasseis por cento foram colocados num distrito diferente daquele a que pertence o seu agregado familiar. Esta é uma situação que pode provocar sérias perturbações emocionais e inviabilizar a possibilidade de retorno às famílias de origem, alerta. Mil crianças em risco voltaram para as famílias Fonte: Diário de Notícias Data: 08-04-2010 Autor: Rita Carvalho Tema: Criança Em 2009, havia 9563 crianças em instituições. Mas a aposta na família aumentou Cristina foi socorrida na urgência de um hospital da periferia de Lisboa com sinais visíveis de maus tratos. O caso foi imediatamente sinalizado ao tribunal, que acabou por retirá-la ao pai, violento e alcoólico, e entregá-la a um centro de acolhimento temporário. Cristina juntou-se, assim, às 2187 crianças e jovens que em 2009 entraram num lar, centro ou família de acolhimento, fazendo um total de 9563 institucionalizações. Mas o percurso inverso também ocorreu. Das 3016 que saíram, 30% voltaram para casa. Os dados do Plano de Intervenção Imediata de 2009, relatório elaborado pela Segurança Social, mostram que a maioria destas crianças tem menos de nove anos, mas possui já um historial complexo de desestruturação familiar, com problemas de maus tratos, perturbações mentais, dependências e abandono que determinaram o seu afastamento da família. Contudo, com o apoio dos técnicos das instituições e de toda a rede social, foi possível que pais, tios ou avós os recebessem de volta. "Uma tarefa trabalhosa que exige muita dedicação. Implica estudar a viabilidade da família, falar com pais, familiares, analisar as suas condições psicológicas e sociais, visitar o local de trabalho ou resolver um problema de saúde, dependência ou emprego", explicou ao DN Cecília Abecassis, directora do Centro de Acolhimento Temporário de Tercena. Para isso, diz, é preciso haver técnicos que possam sair porta fora e trabalhar no terreno, fomentando a aproximação da criança à família. "O primeiro investimento é sempre aqui, mas em muitas famílias não é possível e as crianças acabam por perder tempo demais neste processo. Mas nas que funciona, depois de avaliado o risco, solicitamos uma medida de confiança ao tribunal." Se a resposta for positiva, a criança regressa a casa, mas o trabalho de acompanhamento social não acaba aqui, prolonga-se por mais tempo. A aposta nas famílias é uma prioridade, assume a secretária de Estado adjunta e da Reabilitação. Idália Moniz reconhece que isso exige capacitar os pais para as suas funções parentais e funcionais, que vão desde a gestão do orçamento familiar à criação de cuidados de saúde e de higiene. "Este trabalho tem permitido desinstitucionalizar estas crianças com segurança", afirmou ontem, sublinhando o reforço de meios humanos e técnicos que chegou em 2008, com o Programa Desafios, Oportunidades e Mudanças. Filomena Bordalo, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, diz que o sucesso deste trabalho depende em muito da articulação dos agentes sociais da comunidade, pois as famílias sofrem de múltiplos problemas. No ano passado subiu também o número de crianças com projecto de vida. Das 12 579 acompanhadas pela rede social, só 282 é que não tinham um futuro delineado. O regresso à família nuclear e alargada era o objectivo para mais de 2800 crianças. Em 2004, só 1614 tinham esse projecto traçado. O Governo sublinha o facto de em 2009 o número de crianças e jovens que saíram das instituições ter superado o das que entraram. Mas o perfil está a mudar. Mais de 50% são adolescentes, problemáticos, sofreram maus tratos físicos e psicológicos e têm problemas de comportamento e saúde mental. Dividir o apartamento e treinar-se para a vida António e João têm 20 anos mas viveram durante quase dez no Lar de Jovens de Santa Maria de Semide, em Coimbra. Hoje dividem um apartamento em Miranda do Corvo, partilham as tarefas domésticas, como o jantar ou a lavagem da loiça, e têm um orçamento comum para gerir. Dentro de poucos meses, quando terminarem o curso, esperam arranjar um emprego que lhes dê o rendimento suficiente para sustentar a sua casa. O processo de autonomia começou há quase um ano quando os responsáveis do lar de Semide perceberam que o seu projecto de vida não passava por voltar à família nem continuar no lar. "Sentimos a necessidade de uma resposta transitória entre o lar e a autonomia, onde pudessem adquirir competências para facilitar a sua autonomização", disse ao DN Ricardo Sousa, psicólogo do lar da Cáritas. Uma solução que está a ser aplicada em algumas instituições e que o Governo quer alargar. Alugou-se o espaço e os técnicos ajudaram a desenvolver as competências pessoais e sociais, que vão da gestão doméstica à criação de rotinas, passando pela integração num grupo de amigos. Hoje, António está prestes a terminar o curso de Desenho Técnico que lhe dará equivalência ao 12.º ano, frequenta aulas de guitarra e o rancho e sai para beber café como os jovens da sua idade. João também deverá acabar o curso de Assistente de Lar em Dezembro e aspira trabalhar na instituição de apoio a deficientes em que actualmente colabora como voluntário. Se tudo correr bem, em menos de um ano deverão dar o lugar a mais três rapazes do lar que estão ansiosos por mudar de vida. Crianças em risco são mais velhas e têm problemas mais graves Fonte: TVI Data: 08-04-2010 Autor: CLC Tema: Criança Secretária de Estado anuncia mudança no modelo de acolhimento As crianças e jovens em risco que chegam hoje em dia às instituições de acolhimento são cada vez mais velhas e com problemas comportamentais graves, o que vai implicar uma mudança no modelo de acolhimento, disse esta terça-feira a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação. O retrato foi feito pela secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, na apresentação do Plano de Intervenção Imediata, um documento elaborado anualmente pela Segurança Social e entregue à Assembleia da República dando conta da situação das crianças e jovens em risco que se encontram em acolhimento. «Há uma mudança do perfil de crianças e jovens que chegam ao acolhimento. São cada vez mais velhas, com idades entre os 12 e 13 anos, e com problemas comportamentais graves e problemas do foro mental», disse. Sessenta e um por cento das crianças e jovens institucionalizadas têm idades a partir dos 12 anos, a maioria do género feminino. Muitas destas crianças são consideradas em fim de linha com insucessos repetidos, um perfil já traçado por algumas instituições como a Casa Pia que, desde há uns anos, começou a mudar a sua forma de acolhimento com programas específicos de acompanhamento. Estas crianças e jovens, diz o relatório, foram expostas reiteradamente a situações de maus tratos físicos e psicológicos e comunicam o seu mal estar de forma agressiva ou com comportamentos anti-sociais. O relatório aponta uma elevada prevalência de problemas de comportamento (1221 crianças em acolhimento em 2009) que começam a ser identificados de forma já expressiva a partir das idades 6-9 anos, atingido a sua expressão máxima na faixa etária entre os 15 e os 17 anos. Dos jovens com problemas de comportamento, o relatório revela ainda que 288 possuem já algum tipo de envolvimento com n a Lei Tutelar Educativa (comportamentos criminais puníveis por lei) e 641 indiciam problemas de saúde mental. A toxicodependência é também apontada no documento com a identificação de 74 casos, particularmente entre os 15 e os 17 anos. Portugal tem 9.563 crianças e jovens em instituições de acolhimento, das quais mais de duas mil foram acolhidas em 2009, segundo o último relatório da Segurança Social. O número total de crianças e jovens acolhidos em instituições reduziu ligeiramente em relação ao ano anterior, com menos 393 crianças e jovens, o que representa uma diminuição de 4 por cento. Este plano identificou 12.579 crianças e jovens em risco e, destas, 9.563 estão efectivamente em acolhimento em Lares de Infância e Juventude (6.395), Centros de Acolhimento Temporário (2.105) e famílias de acolhimento (658). Até aos três anos a maioria das crianças institucionalizadas é do género masculino, uma tendência que se inverte à medida que a idade avança, sobretudo a partir dos 15 anos e até à maioridade, idades a partir das quais se contabilizam mais raparigas do que rapazes. Tal como verificado nos anos anteriores, são os distritos do Porto, de Lisboa e de Braga que registam o número mais elevado de crianças e jovens acolhidos (1.801, 1.266 e 756, respectivamente), por contraponto aos distritos de Beja e Portalegre, onde se verifica que os números absolutos de crianças e jovens em acolhimento são mais reduzidos (108 e 103 crianças e jovens). Subsídio tem de ser pago mesmo a quem se atrase Fonte: Diário de Notícias Data: 08-04-2010 Autor: Tema: Emprego O Tribunal Constitucional decidiu que a Segurança Social não pode recusar o subsídio de desemprego a todos os que o pedirem mesmo depois de ultrapassado o prazo legal para o efeito, que é de 90 dias. A decisão, ontem publicada em Diário da República, resultou de uma sentença proferida pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela considerando inconstitucional o n.º 1 do artigo 72.º do Decreto-Lei n.º 220/ /2006 que estabelece, precisamente, que "a atribuição das prestações de desemprego deve ser requerida no prazo de 90 dias consecutivos a contar da data do desemprego e ser precedida de inscrição para emprego no centro de emprego". Face a esta sentença, o Ministério Público recorreu então ao Tribunal Constitucional que vem, agora, reiterar a sentença de Mirandela. No acórdão, os juízes do Tribunal Constitucional consideram inconstitucional o artigo em causa por "violação do princípio da proporcionalidade" na medida em que o não cumprimento do prazo de 90 dias para requerer o subsídio de desemprego "determina a irremediável preclusão do direito global a todas as prestações a que teria direito durante todo o período de desemprego involuntário". Ou seja, perde o direito ao subsídio e não apenas às prestações que tivessem caducado. O caso na origem desta decisão remonta a 2007, quando o Centro Distrital de Segurança Social de Bragança recusou o subsídio de desemprego a uma beneficiária por não ter sido requerido dentro dos 90 dias, apesar de a desempregada ter alegado ter estado doente. O Tribunal Constitucional sublinha que o que está em causa não é a existência de um prazo para requerer a atribuição do subsídio, mas apenas "a razoabilidade das consequências associadas ao incumprimento desse prazo". E salienta a necessidade de distinguir o direito global ao subsídio do direito "a cada uma das prestações parcelares que sucessivamente se vão vencendo, a partir da data do requerimento". Cuidados continuados: governo quer duplicar número de camas Fonte: Ionline Data: 07-04-2010 18h45 Autor: Lusa Tema: Saúde A ministra da Saúde, Ana Jorge, quer antecipar as metas definidas para 2013 na criação de camas de Cuidados Continuados Integrados em Portugal, duplicando o mais rápido possível as mais de 4000 existentes em todo o território nacional. Após a cerimónia de lançamento da primeira pedra da futura Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração de Olhão, que será construída pela Associação Cultural e de Apoio Social local e comparticipada em mais de 700 mil euros pelo programa Modelar, Ana Jorge adiantou que "para o Algarve estão projetadas mais cinco" unidades. "Isto equivale a dizer que entre longa e média duração são cerca de 176 camas que estão aprovadas até 2011 e que entre este ano e o próximo estarão a funcionar", sublinhou a ministra, para quem estas unidades são "um grande contributo para toda a rede dos Cuidados Continuados Integrados" do país. A governante revelou que no restante território português "existem cerca de quatro mil a cinco mil camas" e o Ministério da Saúde "quer antecipar o máximo possível os objetivos para 2013 a mais curto prazo e criar mais 4000 camas". "Este é um processo sempre moroso, exige uma avaliação das candidaturas com todo o rigor e cuidado e depois todo o processo de construção que leva o seu tempo, mas é esse o nosso objetivo", afirmou Ana Jorge, frisando que também "o apoio domiciliário integrado é um elemento essencial nos Cuidados Continuados Integrados" e "o Algarve tem o maior número de equipas por concelho". "Tivemos há relativamente pouco tempo no Barlavento a atribuir unidades móveis que permitem às equipas chegar de forma mais fácil a casas dos utentes, em todo o país o mesmo, e temos feito esforço com a Segurança Social e os agrupamentos dos centros de saúde para criar equipas de apoio domiciliário integrado dentro daquilo que são as unidades de cuidados na comunidade", acrescentou. A ministra disse que o Algarve "é um exemplo" em termos de criação da rede de Cuidados Continuados, uma opção estratégica do Ministério da Saúde, e explicou que "para que isto seja realidade estão envolvidas várias entidades". "A ARS (Administração Regional de Saúde) identificou e mobilizou parceiros sociais que criassem connosco essa rede, houve sinergia de vontades, disponibilidade dos parceiros sociais e envolvimento dos serviços de Saúde e da Segurança Social. O Algarve está de parabéns nesta matéria", disse. Questionada sobre a construção do Hospital Central do Algarve, Ana Jorge respondeu que "a data certa de construção não está definida, mas tudo aquilo que tem sido apontado em relação ao calendário tem sido cumprido". "Estamos na fase de consulta prévia das própostas e até julho deverá haver decisão de quem será a entidade ou a empresa que vai construir o hospital", afirmou a governante socialista, que espera não haver atrasos por as propostas dos dois concorrentes serem superiores ao limite de 260 milhões de euros definido pelo Estado para a infraestrutura. Ana Jorge disse que as propostas da Teixeira Duarte (372 milhões de euros) e da Ferrovial (410 milhões) "têm que ser analisadas". Desafio à criatividade na luta contra a pobreza Fonte: Diário de Coimbra Data: 08-04-2010 Autor: Andrea Trindade Tema: Pobreza Associação lança concurso para logótipo e mascote da campanha “A minha voz contra a pobreza” A Associação Mandinga de Iúna, com a colaboração do Instituto Português da Juventude (IPJ) e da OIKOS, está a promover um concurso para seleccionar um logótipo e uma mascote para a iniciativa “CoimbraContraPobreza”, que, ao longo do ano, envolverá diversas instituições da cidade. Os jovens criadores que se interessem por causas sociais podem entregar as suas propostas nas instalações do IPJ de Coimbra até dia 23 deste mês. Os trabalhos vencedores, anunciados no início de Maio, serão transformados na imagem da campanha, impressa e recriada em diversos materiais de merchandising usados para recolher fundos em favor de projectos de luta contra a pobreza, revelou ao Diário de Coimbra José Ferramenta, coordenador do programa. Os temas a utilizar para a criação do logótipo serão a pobreza e Coimbra, simbolizando a união da cidade e da sua sociedade no combate a esta problemática, enquanto a apresentação da mascote fica sujeita à escolha do criador, mantendo-se a sensibilidade pelo tema, refere o responsável, adiantando que o Instituto Técnico e Artístico e Profissional (ITAP), a Escola Superior de Educação de Coimbra e a ARCA – Escola de Artes são parceiros na realização do concurso. A escolha do logótipo e da mascote serão o primeiro momento público desta campanha, que surge «inspirada pelos ideais e acções desenvolvidas por Bono Vox, vocalista da banda irlandesa U2, e procura também elogiar o seu empenho na luta contra a pobreza mundial» no ano em que o grupo actua em Coimbra (a 2 e 3 de Outubro). De acordo com José Ferramenta, o trabalho no âmbito da campanha “A minha voz contra a pobreza” já arrancou, com o estabelecimento ou ainda contacto de diversas parcerias, com destaque para o Conselho Nacional da Juventude, Ateneu de Coimbra, Associação Académica, Escola da Noite, Cruz Vermelha ou o Centro de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A ideia deste projecto nasceu na Mandinga de Iúna, uma associação desportiva e cultural de capoeira que há cerca de cinco anos trabalha o desporto como forma de inclusão social. «Desenvolvemos com a Cáritas de Coimbra o “ID – Inclusão pelo Desporto”, com realização de actividades desportivas diversas em que participam cerca de 65 crianças e jovens, e pretendemos estendê-lo a outras entidades, beneficiando mais jovens», declara José Ferramenta. Assim, além do principal objectivo de sensibilização das pessoas para os problemas da pobreza e da discriminação, a campanha delineada no Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e Exclusão Social pretende recolher fundos para impulsionar novos projectos da Mandinga de Iúna, conforme explica o responsável. As actividades viradas para o público intensificam-se em Setembro e Outubro, com envolvimento de escolas e associações, estando previsto um ciclo de cinema, debates, exposições, teatro e animação de rua. O regulamento para o concurso “Junta a Tua Criatividade na Luta contra a Pobreza”, que visa a criação de um logótipo e mascote, pode ser obtido no site do IPJ ou pelo e-mail [email protected]. Regras da reforma antecipam 50% das saídas de médicos Fonte: Diário de Notícias Data: 08-04-2010 Autor: Diana Mendes Tema: Saúde Previsões relativas à medicina geral e familiar apontavam a perda de 755 clínicos entre 2016 e 2020, afectando mais de um milhão de utentes. As reformas recentes vieram antecipar o cenário seis anos. As novas regras relacionadas com a aposentação vieram antecipar o cenário de reforma dos médicos que apenas estava previsto a partir de 2016, de acordo com o estudo desenvolvido por Paula Santana e Helena Peixoto, investigadoras do Instituto de Estudos Geográficos da Universidade de Coimbra. Mais de 1,17 milhões de portugueses deveriam ficar sem médico de família neste período, porque o SNS iria perder 755 médicos - com uma lista de 1550 utentes. De acordo com o estudo de necessidades previsionais de recursos humanos em saúde, que faz uma projecção dos recursos humanos até 2020, devem aposentar-se 2831 médicos de família em quatro anos (3701 em doze), número que ficaria muito acima do dos médicos recém-especializados (2076). Tendo em conta que já pediram reforma antecipada cerca de 400 clínicos, estarão ainda nessa situação pelo menos 350 (afectando mais meio milhão de utentes). "Há um deslocamento das aposentações. Aquilo que está a acontecer só se deveria verificar anos mais tarde, porque o reforço de vagas para medicina geral e familiar só se sente onze anos depois", explica Helena Peixoto. Os cenários de 12 anos foram calculados tendo em conta os 30% de vagas para o internato e as taxas de sucesso previstas, o aumento de vagas em medicina e a redução da população em 2020. O número não inclui clínicos gerais que estão nos cuidados primários, mas também não conta com médicos de família que não trabalham nestas unidades. Ao todo, saem 8190 médicos do SNS, 3701 só desta especialidade, nada mais nada menos que 59% dos especialistas que estavam em funções no SNS em 2007. Neste ano, 75,2% dos especialistas tinham mais de 50 anos "Nas restantes especialidades a situação está a resolver-se. Há apenas problemas nesta área e a curto prazo", acrescenta Helena Peixoto. A quebra do número de especialistas já se sentia em 2007, mas as assimetrias são grandes no País: Em Lisboa, só trabalhavam 2108 especialistas, número inferior ao da região Norte (2287), mas que sofreu a maior redução desde 2002 (10%). "Lisboa continua a crescer e não se sabe bem de que forma. É sobretudo nos aglomerados suburbanos, que isso acontece", avança Paula Santana. Carlos Arroz, do Sindicato Independente dos Médicos, recorda que "temos hoje 5500 médicos, segundo a Direcção-Geral da Saúde. Precisávamos de sete mil para todos terem médico de família". Um problema que tem sido minimizado pelas Unidades de Saúde Familiares, onde há listas maiores de utentes por médico. As investigadoras estimam que serão necessários 6444 profissionais em 2020, mas só existirão 6130 (menos 314). E recordam que apenas 30% dos médicos do SNS estão em centros de saúde, supostamente o pilar do SNS. A ministra da Saúde, Ana Jorge, admitiu recentemente que entre 600 e 800 mil não têm médico.