DECOMPOSIÇÃO MAF APLICADA A GEOESTATÍSTICA DE DADOS COMPOSICIONAIS Luciana Arnt Abichequer, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, [email protected] Camilla Zacche da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul Maria Noel Morales Boezio, Universidade Federal do Rio Grande Sul João Felipe Coimbra Leite Costa, Universidade Federal do Rio Grande Sul RESUMO Problemas geoestatísticos frequentemente envolvem múltiplas variáveis que somadas devem resultar em uma constante conhecida, condição que deve ser respeitada quando estimando teores nos blocos. O método clássico para a abordagem de tais problemas é a cokrigagem, que exige a consideração da correlação espacial dos atributos podendo assim ser de alta complexidade, sem garantir o fechamento da soma nos blocos. No presente artigo serão apresentados dois métodos, o primeiro é o MAF (min/max fatores de autocorrelação) que consiste em uma rotação no sistema de variáveis transformando estas em combinações linearmente independentes, permitindo assim a estimativa individual de cada atributo; já o segundo trata-se do ALR (razão logarítmica aditiva) que serve para garantir que os atributos estimados fechem a soma dos teores nos blocos devidamente. Palavras-chave: Geoestatística; MAF; ALR. ABSTRACT Geostatistical problems often involve multiple variables and these must sum up to a known constant, condition that has to be respected when estimating grades within the block. The classic way to approach these problems is through cokrigging, which by demanding to consider the spatial correlation between attributes can be of high complexity without guaranteeing the closure of the sum in the blocks. In the present article will be presented two methods, the first one is the MAF (min/max autocorrelation factors) that consists is a rotation in the variable system transforming these in linearly independent combinations allowing the estimate of each attribute individually; the second is the ALR (additive logarithmic ratio) that does guarantee that the attributes estimated close the grades sum in the blocks correctly. Key-waords: Geostatiscal; MAF; ALR. INTRODUÇÃO O processo de investigação geológica que auxilia na determinação dos teores e tonelagens de um depósito mineral traz a amostragem de inúmeras variáveis, seja por seu valor econômico para a avaliação de uma posterior exploração seja para o entendimento dos processos de formação e posterior beneficiamento do minério. Muitas vezes, as variáveis amostradas se correlacionam e a consideração conjunta delas no processo de estimativa de teores, reproduz um cenário mais condizente com a realidade do fenômeno estudado. A geoestatística multivariada é a ciência que, partindo das técnicas clássicas de regressão, é capaz de fornecer estimativas para múltiplas variáveis regionalizadas que irão auxiliar na caracterização do minério [1] ou então de uma única variável utilizando as demais como informação secundária. O método mais comumente utilizado e difundido é a cokrigagem [2], por apresentar um estimador não tendencioso e que minimiza a variância do erro [3]. No entanto, a grande desvantagem que o método apresenta é que a variabilidade espacial dos dados correlacionados deve ser previamente modelada, para ser utilizada nos modelos de regressão requeridos. Isto torna o procedimento extremamente laborioso e desencoraja sua utilização pela indústria, que necessita de resultados coerentes, mas de rápida obtenção. Muitos modelos de corregionalização surgiram para dar solução ao problema da modelagem da variabilidade espacial conjunta, os dois principais seriam o MLC (Modelo Linear de Corregionalização) [3], onde os variogramas diretos e cruzados são combinações lineares das mesmas estruturas básicas. E, o MCI (Modelo de Corregionalização Intrínsica) [3] onde todos os variogramas são proporcionais a um mesmo modelo. Depois destes, surgiram ainda, simplificações para os modelos de corregionalização, como, o modelo de Markov [4] (MM1), no qual a covariância cruzada entre as variáveis é proporcional à covariância da variável primária. É um modelo de fácil aplicação, porém excessivamente simplista. Surge então a busca por metodologias alternativas que proponham uma solução acabada para a estimativa de múltiplas variáveis regionalizadas. A utilização de funções randômicas, que transformam os dados em vetores ortogonais entre si e separados por um vetor “h” para que estes possam ser assumidos independentes e estimados um a um é uma delas. Esta transformação é chamada de decomposição em fatores de autocorrelação mínimos e máximos (MAF) e foi desenvolvida inicialmente por [5], para o processamento de imagens multi espectrais provenientes do sensoriamento remoto. Já para garantir uma soma fechada, [6] tem trazido a hipótese de que dados regionalizados podem ser restringidos a uma soma fechada por serem composicionais (CODA) sendo apropriada para o tratamento de múltiplas variáveis como as do minério de ferro, manganês e fosfato, nos quais os balanços de massa e as relações estequiométricas apresentam-se como tais, onde as correlações podem ser induzidas pelos fechamentos. O presente trabalho pretende estudar a eficiência da aplicabilidade das duas metodologias, MAF e CODA combinadas, CODA para garantir o fechamento dos teores do bloco e MAF para que cada uma das variáveis envolvidas no processo possa ser estimada de maneira independente garantindo que o processo seja mais facilmente executado e de forma mais rápida. E por fim, fazer a comparação dos resultados obtidos com a metodologia clássica, a cokrigagem. A metodologia proposta foi aplicada, inicialmente como estudo de caso no banco de dados teórico Walker Lake [8], composto por duas variáveis, ouro e cobre. Trabalhos futuros preveem o teste da metodologia em banco de dados de minas “reais”. Os resultados obtidos com a combinação CODA/MAF, provaram ser melhores do que os obtidos via cokrigagem. Além disto, a decomposição MAF não precisa que os modelos de corregionalização sejam previamente modelados, o que agiliza deveras o trabalho executado. METODOLOGIA A metodologia aplicada neste estudo é a decomposição em fatores de autocorrelação mínimos máximos (MAF) [5] [9] de razões logarítmicas aditivas (alr), que está exaustivamente apresentada em [6]. A comparação com o método clássico (cokrigagem ordinária) é apresentada na discussão dos resultados. A decomposição em fatores de autocorrelação mínimos e máximos (MAF) está baseada na decomposição em componentes principais (PCA), incorporando a descorrelação espacial além do vetor de separação nulo. As componentes principais são combinações lineares das funções randômicas Z1, Z2,...,ZNv. Geometricamente, essas combinações lineares representam a seleção de um novo sistema de coordenadas, obtido rotacionando o sistema original, no qual Z1, Z2,...,ZNv são considerados os eixos de coordenadas. Os novos eixos representam as direções de maior variabilidade e são, por construção, ortogonais entre si. Na Krigagem das componentes principais, assume-se que esta ortogonalidade é transladável para vetores separados por “hs” diferentes de zero. Na teoria, a condição acima é satisfeita só se as Nv variáveis estão intrinsecamente correlacionadas [10]. Na prática, essa condição pode ser verificada observando os variogramas cruzados entre as componentes principais [10] [11]. Como é apresentado em [9] a ideia é transformar um vetor de observações multivariadas normalizadas Z(u)=[Z1(u),Z2(u),...,ZNv(u)]T num conjunto de Nv combinações lineares ortogonais. A operação é realizada seguindo os passos: 1. Realizar a decomposição espectral da matriz simétrica B (matriz de variância/covariâncias de Z(u)) em uma matriz de autovetores ortonormais H e uma matriz diagonal de autovalores D, de modo que B=HDHT. 2. Calcular as variáveis transformadas V(u)=WTZ(u) onde W=HD-1/2 é tal que W TBW=I. 3. Calcular a matriz de variogramas para o vetor de separação ∆, ГV(Δ) deV(u). 4. Calcular a decomposição espectral de ГV(Δ) numa matriz de autovetores ortonormais C e uma matriz diagonal de autovalores Λ, tal que ГV(Δ)=C(Λ/2)CT. 5. Transformar Z(u) com o vetor AT, tal que A=WC. A geoestatística de dados composicionais é uma extensão dos conceitos da análise estatística de dados composicionais ao caso de variáveis regionalizadas. Revisões mais detalhadas são apresentadas em [12] [6]. Para isto, é necessária uma metodologia que extenda os conceitos da análise estatística composicional desenvolvidos por [12] ao caso das variáveis regionalizadas [1]. A idéia de Aitchison é considerar um vetor randômico W, que não seja uma composição: ( ) = [ 1( ), 2( ), … , ( )] (1) Uma composição Z(u) pode ser obtida a partir de W, dividindo cada componente individual pela soma das componentes: ( )= Assim, a relação: ( ) ( ) ⋯ ( ) (2) ( ) ( ) = ( ) ∀ , = 1, … , ( ) (3) é válida, desde que W j(u) e Zj(u) sejam > 0. Por esta propriedade, é possível verificar que os dados composicionais se referem a grandezas relativas e não absolutas. Como estes dados são muito difíceis de manipular [12] sugere a transformação em razões logarítmicas. São definidas três razões-logarítmicas: razão-logarítmica aditiva (alr), razão logarítmica centrada (clr) e a razão-logarítmica isométrica (ilr). A razão-logarítmica isométrica (ilr) [13] foi desenvolvida após as duas primeiras, de utilização clássica, introduzidas por [12]. A ilr capitaliza algumas propriedades da clr e tem a sua maior utilidade na abordagem de permanecer-no simplex [14]; [15] pertencente à quarta fase de desenvolvimento na análise dos dados composicionais. A transformação aplicada neste estudo é a alr, mas na teoria, as três transformações devem fornecer o mesmo resultado, o que está demonstrado em [13] Para cada componente, a transformação alr implica na divisão pela D-ésima componente, além da transformação dos quocientes em logaritmos naturais. Ou seja, se o banco de dados for constituído por duas (caso aqui estudado), uma delas será escolhida para ser utilizada como divisor para a outra. Depois, o quociente é transformado em logaritmo natural para facilitar a manipulação dos dados. A transformação em razões-logarítmicas aditivas (alr) é definida como [6]: → ( ) = ( ) = (ln ( (4) ( ) ( ) ) … ln ( ) ( ) ) (5) O vetor Y(u) tem uma componente a menos que composição r Z(u) (rZ(u) porque se refere a variáveis regionalizadas). ( )= ( ( ) ( )… ( )) (6) O vetor X(u) é definido de forma auxiliar, para retro-transformar os dados. ( ) = (( ( ) ( ) … ( )0) (7) É a chamada transformação logística aditiva generalizada (agl), [6]; [16] ∶ → (8) ( )→ ( )= ( ( )) 9) ( ( ) Onde, exp ( ( ) = ( ( ) ( )… ( )1) (10) Se a soma constante da composição Z(u) for diferente de c (constante do fechamento), então a retro-transformação é dada por: ( )= . ( ) (11) A grande vantagem do método é a diminuição do número de variáveis que deverá ser estimada. No presente caso de estudo, em vez de ter-se que variografar e krigar duas variáveis, o procedimento só terá que ser feito para uma delas. O que é muito vantajoso no caso da cokrigagem, onde os modelos lineares de corregionalização devem ser propriamente ajustados e quanto maior o número de variáveis com que se está trabalhando, mais dificultado fica o trabalho. Na metodologia sugerida neste estudo, a vantagem da cokrigagem não se apresenta, já que os dados composicionais serão posteriormente submetidos a transformação MAF, que como já citado anteriormente, traz a vantagem de que cada variável pode ser estimada de forma independente. ESTUDO DE CASO O trabalho foi realizado com o banco de dados teórico Walker Lake retirado de [8]. Banco este composto por 470 pontos de dois atributos, Au e Cu. Cu foi amostrado em toda a malha enquanto que a Au não possui amostras em 195 pontos da malha. Este banco, na bibliografia em que foi retirada indica que a amostragem teria ocorrido em 3 estágios distintos, o primeiro onde foram obtidas 195 amostras em uma malha aproximadamente regular de 20x20m2 onde foram obtidos 195 valores do atributo Cu, o segundo estágio de amostragem teria ocorrido próximo as áreas onde Cu teve valores acima de 500ppm, e neste segundo estágio foi onde foram obtidos os primeiros valores de Au, neste segundo estagio foram adicionadas 150 amostras ao banco de dados, o terceiro estagio da amostragem foi realizado para delinear as áreas das anomalias reveladas no primeiro e segundo estágios, foram amostrados 128 pontos, totalizando os 470 pontos amostrados da malha. [8]. Tabela 1: Sumário estatístico dos atributos U e V do banco de dados em análise. Variável Numero de amostras Média Média desagrupada Desv. Padrão Desv. Padrão desagrupado Mediana Mediana desagrupada Au Cu 278 470 613.3 436.5 532.84 289.01 27.7 17.31 718.66 255.32 613.3 425.3 260.84 234.17 TRANSFORMAÇÃO ALR A transformação dos dados originais em dados composicionais requer que a soma dos teores em cada bloco seja 100%. Como isto não é garantido para todos os blocos, então, é a realizada a operação closure [6] segundo a equação: ( )= ( ) ( . ) × 100 (12) Onde, sum(2.1) = soma dos teores no bloco Para verificar a influência da operação sobre os dados originais, faz-se uma comparação dos dados transformados pelo fechamento com os originais, conforme apresentado na figura 1. Os gráficos mostram uma correlação quase perfeita entre o variável ouro original e a transformada pela operação. Já o cobre transformado não apresenta uma correlação tão expressiva com os dados originais como vemos na figura 2. Isto acontece porque existem vários locais onde o cobre está amostrado e o ouro não. Assim, na operação a variável recebe todo o peso para o fechamento. Scatter Diagram (au, au(%)) au 0 1 2 3 4 5 0.5 0.5 0.4 0.4 0.3 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0.0 0.0 0 1 2 3 4 au(%) au(%) rho=0.902 5 au Isatis Dados cok/Dados cok Figura 1-Comparação entre os dados transformados de Au e os originais Scatter Diagram (cu, cu(%)) cu 0 5 15 1.0 0.9 0.9 0.8 0.8 0.7 0.7 0.6 0.6 0.5 0.5 0 5 10 cu(%) cu(%) 10 rho=-0.457 1.0 15 cu Isatis Dados maf/Dados maf Figura 2-Dados transformados de cu e seus originais. . A figura 3 mostra a estatística básica dos dados fechados desagrupados, calculada pelo método das janelas móveis [8]. Histogram (au(%), cu(%)) au(%) 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.4 0.4 Nb Samples: Minimum: Maximum: Mean: Std. Dev.: 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0.0 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 Frequencies Frequencies 0.3 268 0.00 0.52 0.08 0.08 0.0 au(%) cu(%) 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.7 0.7 Nb Samples: Minimum: Maximum: Mean: Std. Dev.: 0.6 0.6 0.5 0.4 0.4 0.3 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0.0 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 Frequencies Frequencies 0.5 470 0.48 1.00 0.95 0.07 0.0 cu(%) Isatis Figura 3-Estatístico dos dados desagrupados utilizando o método de janelas móveis. Os valores da decomposição alr, foram calculdados de acordo com a equação 13, o cobre foi escolhido arbitrariamente para ser o divisor: = ln (13) A continuidade espacial das razões logaritmicas aditivas deve ser analisada e modelada, por meio dos modelos lineares de corregionalização (MLC) [11] [3], para a determinação dos parâmetros do elipsóide de busca conforme equação 14. Como a transformação alr remove a correlação espúria entre as variáveis, mas não garante a descorrelação entre elas, os dados composicionais encontrados nesta etapa da metodologia serão submetidos a decomposição MAF, para que cada uma possa ser estimada de forma independente. Na figura 4 temos os variogramas para decomposição alr. Variogram Model - Global Window Distance (m) 0 25 50 75 100 3 Variogram : Yau(%) Variogram : Yau(%) 3 N67 2 2 N157 1 0 0 25 50 75 1 0 100 Distance (m) Isatis Figura 4- Variograma alr (ℎ) = 0.8 + 0.2 ℎ ° ° + 1.1 ℎ ° (14) ° DECOMPOSIÇÃO MAF A decomposição em fatores de correlação mínimos e máximos está baseada na idéia de transformar um vetor de observações multivariadas normalizadas Z(u)=[Z1(u),Z2(u),...,ZNv(u)]T num conjunto de Nv combinações lineares ortogonais entre si, estendendo o conceito da decomposição em componentes principais para vetores separados por uma distância (h) maior do que zero. Normalmente esta distância é equivalente a malha de separação entre as amostras, ou então ao alcance da primeira estrutura do MLC [9]. Depois de realizada a transformação MAF, a descorrelação entre as variáveis pode ser checada por meio da análise dos variogramas cruzados das variáveis. Para que as mesmas não apresentem correlação, o variograma cruzado entre elas deve apresentar efeito pepita puro até o vetor de separação “h”onde antes da transformação as mesmas eram correlacionadas. Para este estudo, um vetor de separação de 200m foi escolhido. A estimativa de cada uma delas é então realizada de forma independente, normalmente por krigagem ordinária [1], com a utilização dos parâmetros para vizinhança de busca apresentados na tabela 2. Estes parâmetros foram selecionados com o auxílio da validação cruzada [8]. Para tal procedimento, é necessário que os variogramas de cada uma das variáveis envolvidas sejam analisados e modelados. A equação 15 e a figura 5 apresentam os variogramas experimentais e modelados da MAF calculada para o ouro, sendo esta a variável que sofreu a transformação neste estudo. (ℎ) = 0.2 + 0.3 ℎ ° ° + 0.5 ℎ ° ° (15) Variogram Model - Global Window Distance (m) 0 25 50 75 100 1.5 N157 1.0 1.0 N67 0.5 0.0 0 25 50 75 0.5 Variogram : MAFau(%) Variogram : MAFau(%) 1.5 0.0 100 Distance (m) Isatis Dados maf/Dados maf Figura 5-Variograma dos fatores MAF Au. Tabela 2- Parametros utilizados na krigagem. MAF 1 2 Tipo de vizinhança: Móvel Móvel Elipsoide de busca: N158º, N68 200 N158º, N68 200 25 25 8 8 3 3 3 3 Yes Yes 5 5 5 5 1 1 Raio de busca ao longo da N157º: Raio de busca ao longo da N68º: Numero de setores angulares: Minimo de am ostras na vizinhança: Numero otimo de amostras por setor: Busca heterotopica: Discretização de bloco em X: Discretização de bloco em Y: Discretização de bloco em Z: Depois de estimados os valores para o MAFau(u)*, os valores encontrados são retro transformados para decomposições alrau(u)* e alrcu(u)* e, finalmente retornados ao espaço original, por meio da decomposição agl [6], onde se obtém os valores finais de cu(u)* e au(u)*. COKRIGAGEM ORDINÁRIA A análise da continuidade espacial das variáveis transformadas revelou um elipsóide de busca com a direção principal orientada para N157.5° e a direção de menor continuidade para 67.5°, sendo também estas duas as principais direções de anisotropia para os dados originais depois do fechamento. Neste caso, a dificuldade de ajuste do modelo linear de corregionalização não se apresenta de maneira tão evidente porque o estudo está baseado na estimativa de somente duas variáveis. Assim, os modelos que devem ser ajustados simultaneamente para satisfazer a condição de definição positiva das matrizes de corregionalização são três, os dois modelos de cada variável independente e o modelo cruzado entre as duas. As figuras 6,7 e 8 apresentam os variogramas experimentais e modelados para a variável cobre, ouro e o variograma cruzado entre as duas. As equações 16,17 e 18 representam os modelos de variogramas para as variáveis Au, Cu e cruzados respectivamente. A Cokrigagem Ordinária é realizada com os mesmos parâmetros de busca da tabela 2, porém com um raio de busca de 80 m na direção principal de anisotropia. Variogram Model - Global Window Distance (m) 25 50 75 100 0.009 0.008 0.008 0.007 0.007 N67 0.006 0.005 0.006 0.005 0.004 0.004 N157 0.003 0.003 0.002 0.002 0.001 0.001 0.000 0 25 50 75 100 Variogram : au(%) Variogram : au(%) 0 0.009 0.000 Distance (m) Isatis Dados cok/Dados cok Figura 6-Variograma direto variável Au. = 0.0025 + 0.0007 ℎ ° ° + 0.003 ℎ( ° Variogram Model - Global Window Distance (m) 25 50 75 100 0.007 0.007 0.006 0.006 N67 0.005 0.004 0.005 0.004 0.003 0.003 N157 0.002 0.002 0.001 0.001 0.000 0 25 50 75 100 Variogram : cu(%) Variogram : cu(%) 0 0.000 Distance (m) Isatis Dados so au/dados so au Figura 7-Variograma direto variável Cu ) (16) = 0.0025 + 0.007 ℎ ° ° + 0.003 ℎ( ° ° ) (17) Variogram Model - Global Window Distance (m) 0 25 50 75 100 0.005 N157 0.000 0.000 N67 -0.005 -0.005 0 25 50 75 Variogram : au(%) & cu(%) Variogram : au(%) & cu(%) 0.005 100 Distance (m) Isatis Figura 8-Variograma cruzado Au e Cu = −0.0025 − 0.0007 ℎ ° ° − 0.003 ℎ( ° ° ) (18) DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A primeira verificação pertinente a análise dos resultados é a reprodução da média estimada para as duas variáveis em relação a média dos dados originais (média local e média global). A reprodução da média global é analisada fazendo-se a comparação da média obtida pelas estimativas (cokrigagem e alr+maf) com a média desgarupada dos dados originais tabela 3. Já a verificação das médias locais pode ser feita por meio da análise de deriva nas direções X e Y. Neste artigo somente a direção X é exibida figura 9. Tabela 3: Comparação de médias entre dados originais, cokrigagem e pelo método Alr+MAF. Comparação das medias globais fechadas Au Cu originais desagrupados 0.07 0.95 closed cokrig Alr+maf 0.03 0.97 0.05 0.95 Graphic Edit: Graphic Edit: Scatter Diagram (X, a X 0 100 200 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0.0 au(%)cok au(%)cok rho=0.127 0.3 0.0 0 100 200 X Isatis Figura 9-Análise de deriva. Linha preta representa os dados originais; linha vermelha representa a cokrigagem e a linha rosa representa o método alr+maf. Em relação à cokrigagem, a metodologia proposta apresenta a vantagem de que o número de variáveis a serem estimadas é sempre uma unidade menor. Além desta, a modelagem do modelo linear de corregionalização também é desnecessária no método apresentado, o que diminui significativamente o trabalho a ser realizado para as estimativas multivariadas. A estatística básica dos dados estimados neste estudo é bastante semelhante a dos dados originais, conforme apresentado na tabela 3, demonstrando que o estimador testado não é tendencioso. A soma dos teores constantes em cada bloco é perfeitamente satisfeita com a combinação alr/maf conforme a figura 10, o que não acontece na cokrigagem, como vemos na figura 11, que também apresenta resultados bastante razoáveis. No entanto a cokrigagem não garante a soma constante dos teores e a transformação dos dados em razões logarítmicas aditivas Histogram (soma) soma 0.50 1.00 Nb Samples: Minimum: Maximum: Mean: Std. Dev.: 1.00 1.25 1.50 2868 1.00 1.00 1.00 0.00 1.00 0.75 0.75 0.50 0.50 0.25 0.25 0.00 0.50 0.75 1.00 soma Isatis dados finais alr/dados finais alr 1.25 1.50 Frequencies Frequencies 0.75 0.00 Figura 10-Histograma da soma através dos métodos MAF e CODA combinados. Histogram (soma (%) todos cu) soma (%) todos cu 0.98 0.99 1.01 Nb Samples: Minimum: Maximum: Mean: Std. Dev.: 0.5 0.4 1.02 1.03 2713 0.98 1.03 1.00 0.00 0.5 0.4 0.3 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0.0 0.98 0.99 1.00 1.01 1.02 1.03 Frequencies Frequencies 1.00 0.0 soma (%) todos cu Isatis Grid/Cok Figura 11-Histograma da soma através da cokrigagem. CONCLUSÕES Foi possível com o estudo de caso realizado verificar a aplicabilidade dos métodos propostos, tanto MAF quanto alr, de forma eficiente. De fato, o método de descorrelação MAF, é eficiente para h diferente de zero, simplificando o processo uma vez que não se torna necessária a cokrigagem, assim como a transformação alr fecha a soma nos blocos com sucesso, e ainda, no caso da soma o método se mostra mais eficiente que a cokrigagem, pois esta não garante o fechamento da soma dos teores em cada bloco. REFERANCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Matheron G, (1965), Les variables regionalisées et leur estimation, Ed. Masson, 306p. Marechal, A., (1970), Cokrigeage et regression em correlation intrinsique, Centre de Geostatistique de Fontainebleau, 40p. Wackernagel, H., (1994), Multivariate Geostatistics. An introduction with applications, Springer-Verlag, 275p. Almeida, A. S., (1993), Joint simulation of multiple variables with a Markov-type coregionalization model, tese de doutorado, Universidade de Stanford, 199p. Switzer, P. e Green, A. A., (1984), Min/Max autocorrelation factors for multivariate spatial imagery, Reporte Técnico Número 6, 14p. Pawlowsky-Glahn, V. e Olea, R. A., (2004), Geostatistical Analysis of Compositional Data, Studies in Mathematical Geology, Oxford University Press, 181p. Aitchison, J., (1983), Principal components analysis of compositional data, Biometrika, 70(1), pp. 57-65 Isaaks, E. H. e Srivastava, R. M., (1989), An Introduction to Applied Geostatistics, Oxford University Press, 561p. Desbarats, A. J. e Dimitrakopoulos, R., (2000), Geostatistical simulation of regionalized pore-size distributions using Min/Max autocorrelation factors, Mathematical Geology, 32(8), pp. 919-942 10. Goovaerts, P., (1993), Spatial orthogonality of the principal components computed from coregionalized variables, Mathematical Geology, 25(3), pp. 281-302 11. Goovaerts, P., (1997), Geostatistics for Natural Resources Evaluation, Oxford University Press, 483p. 12. Aitchison, J., (1986), The Statistical Analysis of Compositional Data, Monographs on Statistics and Applied Probability, Chapman & Hall Ltd., 416 p. 13. Egozcue, J. J., Pawlowsky-Glahn, V., Mateu-Figueiras, G. e Barceló-Vidal, C., (2003), Isometric log-ratio transformations for compositional data analysis, Mathematical Geology, 35(3), pp. 279-300 14. Mateu-Figueiras, G., (2004), Models de distribució sobre el simplex, tese de doutorado, Universidade Politécnica de Catalunya. 15. Pawlowsky-Glahn, V.,( 2003), Statistical modeling on coordinates, Anais do Compositional Data Analysis Workshop, CoDaWork´03, http://ima.udg.es/Activities/CoDaWork03/ 16. Tolosana-Delgado, R., (2006), Geostatistics for constrained variables: positive data, compositions and probabilities. Application to environmental hazard monitoring, tese de doutorado, Universidade de Girona, 198p.