Enf ª ET Ednalda M. Franck Coordenadora de Enfermagem Núcleo de Cuidados Paliativos Hospital das Clínicas FMUSP III Simpósio Sobre Feridas e Estomas em Pacientes Oncológicos 2013 Um painel formado por 18 especialistas, coordenados pelo Dr. Gary Sibbald e a Enfª Diane L. Krasner para discutir e elaborar um consenso sobre as Skin Changes At Life´s End – SCALE (Modificações de pele no final da vida). Publicação do Consenso Final em Outubro de 2009. disponível no site www.epuap.org tradução no Brasil: Profª Drª Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos, publicado na Revista Estima [2009;7(3):42-44] Objetivo geral • Iniciar discussões sobre as modificações da pele no final da vida. Objetivos secundários • Examinar os conceitos a respeito das úlceras por pressão inevitáveis como resultado das modificações da pele no final da vida. • Propor a necessidade de investigação científica rigorosa após a elaboração do consenso. • Apresentar e disseminar os posicionamentos do consenso para gerar discussões e posterior desenvolvimento científico sobre o tema, • Propor posicionamentos para auxiliar à assistência. (FONTE: Langemo DK, Brown G, 2006; Sibbald RG, Krasner DL, Lutz JB et al, 2009) A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, e assim como nos demais órgãos, pode ocorrer disfunção quando a pessoa está em fase final de vida devido a doença crônica, avançada ou frente a agravos agudas que não respondam ao tratamento proposto ou devido a alteração sistêmica ocasionada pelo tratamento. (FONTE: Langemo DK, Brown G, 2006; Sibbald RG, Krasner DL, Lutz JB et al, 2009) continuação Final de vida: é definida como a fase da vida em que a pessoa vive com uma doença que tende a piorar e, eventualmente, causará a morte. Não se limita ao curto período de tempo em que a pessoa encontra-se moribunda. (FONTE: Qaseem A, Snow V, Shekelle P et al, 2008) continuação O Consenso propõe que a disfunção pode ocorrer no tecido, na célula ou em nível molecular, todos relacionados com a diminuição da perfusão cutânea, levando a um estado de hipóxia localizada. O resultado final é a redução da capacidade para utilizar os nutrientes vitais e outros fatores necessários para manter a função normal da SCALE é um grupo de fenômenos pele. clínicos e não uma ferramenta de Quando essa disfunção ocorre as manifestações são denominadas Skin Changes At Life´s End (SCALE).avaliação de riscos. (FONTE: Langemo DK, Brown G, 2006; Sibbald RG, Krasner DL, Lutz JB et al, 2009) continuação A disfunção da pele no final da vida não é um assunto novo na literatura: 1877: Dr. Jean-Martin Charcot descreveu uma úlcera em forma de borboleta em região sacral que ocorria pouco tempo antes da morte (“Decubitus Ominosus”). 1989: Enfª Karen Lou Kennedy descreveu úlceras que ocorriam entre duas a seis semanas anteriores à morte do paciente. (“Úlcera Terminal de Kennedy” UTK). 1989 a 2000 (apud Langemo & Brown, 2006): Goode e Allman (1989), La Puma (1991), Witkowski e Parish (1993) e Hobbs (2000): descreveram sobre a possível ocorrência da disfunção cutânea no final de vida (“skin failure”). • 2011: Black JM, Edsberg LE, Baharestani MM et al. Consenso NPUAP sobre UP evitávies ou inevitáveis. Estabelece que UP é diferente de SCALE. • 2012: White-Chu FE, Langemo D. Explicam que UP é diferente de SCALE. 04 h após desenvolvimento 08 h após desenvolvimento Características: Local: sacro ou cóccix. Formato: de pera, borboleta ou ferradura. Coloração: vermelho, amarelo, preto ou púrpura. Margens: irregulares. Início: súbito, normalmente como uma abrasão, bolha ou área escurecida e ocorre piora drástica em 48h. Expectativa de vida após o surgimento: 06 semanas de vida. (FONTE: www.kennedyterminal.ulcer.com/photos.aspx) continuação (FONTE: http://www.o-wm.com/content/kennedy-terminal-ulcer%E2%80%9Cah-ha%E2%80%9D-moment-anddiagnosis?page=0,2) continuação (FONTE: http://musite.s3.amazonaws.com/Main/PDFs/Courses/When%20Healing%20Is%20Not%20the%20Goal%20Course%20 Transcript.pdf) Modificações de pele no final da vida (FONTE: http://musite.s3.amazonaws.com/Main/PDFs/Courses/When%2 0Healing%20Is%20Not%20the%20Goal%20Course%20Transc ript.pdf) Posicionamento 1 As mudanças fisiológicas que acontecem durante o processo de morte podem afetar a pele e os tecidos moles, manifestando-se como : • modificações observáveis (objetivas) na cor, turgor ou integridade da pele; • ou como sintomas subjetivos, como a dor localizada. Essas alterações podem não ser evitáveis, ocorrendo mesmo após aplicação de intervenções adequadas ou excedentes de padrões de cuidado. (FONTE: Santos VLCG,.2009) continuação Posicionamento 2 O plano de cuidados e as respectivas respostas do paciente devem ser claras e integralmente documentados no prontuário do paciente. Posicionamento 3 Demandas centradas no paciente devem ser avaliadas, incluindo dor e atividades de vida diária. (FONTE: Santos VLCG,.2009) continuação Posicionamento 4 Modificações da pele no final da vida refletem o comprometimento da pele (redução de perfusão de tecidos moles; diminuição de tolerância a estímulos externos e deficiência na remoção de catabólitos). Posicionamento 5 Expectativas quanto aos objetivos e preocupações acerca do final de vida do paciente devem ser comunicadas aos membros da equipe profissional e à família do paciente. A discussão deve incluir o risco para o desenvolvimento do SCALE, além de outras modificações da pele, perda de integridade e úlceras por pressão. (FONTE: Santos VLCG,.2009) continuação Posicionamento 6 Os sinais e sintomas de risco associados ao SCALE podem incluir: • Fraqueza e limitação progressiva da mobilidade. • Nutrição deficiente (perda de apetite, perda de peso, caquexia, e debilidade, baixo nível sérico de albumina, baixo nível de hemoglobina e desidratação). • Redução de perfusão tissular, deficiência de oxigenação da pele, redução de temperatura local da pele, descoramento e necrose da pele. • Perda de integridade da pele devida a inúmeros fatores (como equipamentos ou dispositivos, incontinência, irritantes químicos,, lesões por fricção, pressão, cisalhamento, atrito e infecções) . • Função imunológica deficiente. (FONTE: Santos VLCG,.2009) continuação Posicionamento 7 Avaliação completa da pele deve ser realizada regularmente, documentando-se todas as áreas de risco, de acordo com o desejo e condições do paciente. É importante focalizar as áreas de proeminências ósseas e sob cartilagens, como sacro, cóccix, tuberosidades ísqueas, trocanteres, escápulas, região occipital, calcâneos, dedos, nariz e orelhas. Devem-se descrever as condições da pele e lesões como observadas. Posicionamento 8 Recomenda-se consulta com profissional de saúde especialista em presença de qualquer modificação da pele associada a aumento de dor, sinais de infecção, perda da integridade (quando o objetivo é a cicatrização) e sempre que os cuidadores/responsáveis pelo paciente manifestarem qualquer preocupação. (FONTE: Santos VLCG,.2009) continuação Posicionamento 9 Devem-se definir a(s) causa(s) provável(is) das modificações da pele e o plano de cuidados. Para estabelecer as estratégias adequadas de intervenção, considerar os 5 “P”: Prevenção Prescrição adequado) (a cicatrização pode ocorrer mediante tratamento Preservação (manutenção sem deterioração) Paliação (prover conforto e cuidado) Preferência (de acordo com os desejos do paciente). (FONTE: Santos VLCG,.2009) continuação Posicionamento 10 Pacientes, familiares e a(s) equipe(s) devem ser educados quanto ao SCALE e plano de cuidados. (FONTE: Santos VLCG,.2009) (FONTE: Langemo DK, Brown G, 2006; Sibbald RG, Krasner DL, Lutz JB et al, 2009) Manejo das Feridas em CP Posicionamento 9: Plano de Cuidados Prevenção (limpeza, hidratação, posicionamento) Prescrição (a cicatrização pode ocorrer mediante adequado) tratamento Preservação (manutenção sem deterioração) Paliação (prover conforto e cuidado) Preferência (de acordo com os desejos do paciente). (FONTE: Woo KY, Sibbladi RG, 2010) (FONTE: Langemo DK, Brown G, 2006; Sibbald RG, Krasner DL, Lutz JB et al, 2009) SCALE é um grupo de fenômenos clínicos que ocorrem com pessoas no final da vida e podem ser inevitáveis, mesmo com cuidados de prevenção adequados. São caracterizadas por alterações subjetivas (cor, turgor ou integridade da pele) e objetivas (por exemplo dor, edema local); Nem toda SCALE é uma UP; SCALE é diferente de UP; COMUNICAÇÃO: a informação deve ser realística (avaliação, conduta, tratamento e evolução). Informada de forma progressiva e suportável, conforme demanda, ao paciente/família e registrada adequadamente no prontuário. Oferecer tratamento adequado a fase de evolução de doença de base do paciente e considerar suas preferências (e da família também). [email protected] Black JM, Edsberg LE, Baharestani MM, Langemo D, Goldberg M, McNichol L, Cuddigan J, the National Pressure Ulcer Advisory Panel. Pressure ulcers: avoidable or unavoidable? Results of the national pressure ulcer advisory panel consensus conference.Ostomy Wound Management 2011;57(2):24–37. Langemo DK, Brown G. Skin fails too: acute, chronic, and end-stage skin failure. ADV SKIN WOUND CARE 2006;19:206 – 11. Langemo DK, Black J. Pressure ulcers in individuals receiving palliative care: a national pressure ulcer advisory panel white paper. Advances in skin & wound care 2010; 23(2): 59-72. Kehoe K. When healing is not the goal – palliative wound care and SCALE. [Course Transcript. Disponível em http://musite.s3.amazonaws.com/Main/PDFs/Courses/When%20Healing%20Is%20No t%20the%20Goal%20Course%20Transcript.pdf. Acesso em agosto de 2013]. Qaseem A, Snow V, Shekelle P, et al. Evidence-based interventions to improve the palliative care of pain, dyspnea, and depression at the end of life: a clinical practice guideline from the American College of Physicians. Ann Inter Med 2008;148(2):141-6. Santos VLCG. SCALE – Modificações da Pele no Final da Vida [Tradução: The SCALE Expert Panel: Skin Changes at Life´s End. Final Consensus Document]. Rev Estima - vol 7 (3) 2009 p. 42 – 44. Sibbald RG, Krasner DL, Lutz JB, et al. The SCALE Expert Panel: Skin Changes At Life’s End. Final Consensus Document. October 1, 2009. White-Chu FE, Langemo D. Skin failure: identifying and managing an underrecognized condition.Annals of Long-Term Care: Clinical Care and Aging. 2012;20(7):28-32. Woo KY, Sibbladi RG. Local wound care for malignant and palliative wounds. Adv Skin Wound Care 2010;23:417-28; quis 429-30.