INTINT-SO, SO, a Saúde Ocupacional dos Profissionais de Enfermagem em Portugal, Brasil e Espanha Elizabete Borges1, Pilar Mosteiro2, Patricia Baptista3, Vanda Felli3, Cristina Queirós4 & Margarida Abreu1 1.ESEP,Portugal 1. Introdução No atual contexto social e económico o trabalho assume um papel fundamental na vida dos indivíduos, existindo constantes modificações e necessidade de adaptação, fruto de evoluções sociais ou tecnológicas, da atual crise económica mundial e de fenómenos de globalização. Portugal, Brasil e Espanha partilham, por antecedentes históricos e por proximidade geográfica, cultural ou de língua, muitas características, existindo fluxos regulares de trocas de trabalhadores nas mais variadas profissões, o que possibilita a realização de estudos comparativos transculturais que permitam conhecer quer padrões comuns, quer especificidades de cada país. 2. Objetivos Desenvolver estudos comparativos entre Portugal/Brasil/Espanha utilizando instrumentos comuns, e identificar/propor estratégias de prevenção do stress no trabalho que se concretizem num programa de intervenção comum, mas também adequado a cada país. 3. Materiais e Métodos Estudo transversal, descritivo e comparativo efetuado em profissionais de enfermagem dos três países, utilizando versões portuguesas/espanholas da NSS (Gray-Troft & Andreson,1991; Santos, 2010), CD-RISC (Connor & Davidson, 2003; Lopes & Martins, 2011), SPS6 (Koopman et al., 2002, Ferreira et al., 2010), MBI e UWES (Maslach & Jackson, 1997; Schaufeli & Bakker, 2003; Marques-Pinto & Picado, 2011). Foram recolhidos dados junto de 136 profissionais de saúde espanhóis (14% médicos, 59% enfermeiros, 23% auxiliares de enfermagem e 4% técnicos sanitários a trabalhar em hospitais de Oviedo, Gijon e Avilés) e 310 enfermeiros portugueses (80% mulheres; 48% casados, 65% a trabalhar por turnos, 66% a trabalhar em hospitais do Porto, idade média de 35,02 anos, tempo médio de serviço de 11,57 anos). 2.FMCS-Univ.Oviedo,Espanha 3.EE-Univ.S.Paulo,Brasil 4. Resultados Dados preliminares do contexto português (Tabela 1) revelaram baixo presentismo e despersonalização, moderado stress e exaustão emocional, e elevada realização pessoal, vigor, dedicação e absorção, com correlações significativas entre variáveis de acordo com a literatura e poucas diferenças em função de variáveis sociodemográficas e laborais. Dados preliminares do contexto espanhol revelaram valores médios de resiliência, embora algo superiores nos homens quando comparados com as mulheres. 5. Conclusão As recolhas de dados no âmbito do projeto INTO-SO tiveram inicio em 2014 e implicaram uma seleção de instrumentos validados ou a validar nos três países envolvidos. Por esse motivo, os dados obtidos são ainda preliminares e carecem de análises comparativas detalhadas, bem como de recolhas que irão ser ainda iniciadas no Brasil. Contudo, os dados a obter, aquando da sua comparação internacional com os mesmos instrumentos nos três países, permitirão demonstrar que no contexto da promoção de saúde no local de trabalho é fundamental identificar problemas e implementar políticas organizacionais pró-ativas, nas quais a saúde ocupacional desempenhe papel significativo e tenha aplicações a nível internacional. Bibliografia - Connor, K.M., & Davidson, J.R. (2003). Development of a new resilience scale: The Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC). Depression and Anxiety, 18(2), 76-82. - European Agency for Safety and Health at Work (2013). European Opinion Poll on Occupational Safety and Health. Bilbao: EU-OSHA. - Ferreira. A.I., Martinez, L.F., Sousa, L. M., & Cunha, J.V. (2010). Tradução e Validação para a Língua Portuguesa das Escalas De Presentismo WLQ-8 E SPS-6. Avaliação Psicológica, 9 (2), 253-266. - Garrosa, E., Rainho, C., Moreno-Jiménez, B., & Monteiro, M.J (2010). The relationship between job stressors, hardy personality, coping resources and burnout in a sample of nurses: A correlational study at two time points. International Journal of Nursing Studies, 47, 205-215. - Glazer, S. & Gyurak, A. (2008). Sources of occupational stress among nurses in five countries. International Journal of Intercultural Studies, 32(1), 49-66. - Gray-Toft, P. & Anderson, J. (1981). The Nursing Stress Scale: Development of an Instrument. Journal of Behavioral Assessment, 3(1), 11-23. - Koopman, C., Pelletier, K.R., Murray, J.F., Sharda, C. E., Berger, M.L., Turpin, R.S., Hackleman, P., Gibson, P., Holmes, D. M. & Brendel, T. (2002). Stanford Presenteeism Scale: Health Status and Employee Productivity. Journal of Occupational and Environmental Medicine, 44(1), 14-20. - Lopes, V.R. & Martins, M.C.F. (2011). Validação fatorial da escala de resiliência de Connor-Davidson (CD-RISC-10) para brasileiros. Revista de Psicologia das Organizações e Trabalho, 11(2), 36-50. - Marques Pinto, A. & Picado, L. (2011). Adaptação e Bem-Estar nas Escolas Portuguesas: Dos Alunos aos Professores. Lisboa: Coisas de Ler. - Martinez, L.G. (2014). Resiliência y personalidad en el personal de urgencias hospitalarias y extrahospitalarias del Principado de Asturias. Trabajo de fin de Master. Master Universitario en Enfermeria de Urgencias y Cuidados Críticos. Oviedo: Universidad de Oviedo. - Maslach, C. & Jackson, S.E. (1997). MBI, inventário Burnout de Maslach, síndrome del “quemado” por estrés laboral asistencial; manual. Madrid: TEA, Publicaciones de Psicologia Aplicada. - Santos, J.M.O. (2010). Stresse Profissional. 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