Tecnologia Educacional
Inovação
Diversidade
Sustentabilidade
Miriam Struchiner
Laboratório de Tecnologias Cognitivas
NUTES/UFRJ
III Congresso Brasileiro de Tecnologia Educacional
ABT, 2010
»
Introdução
Inovação Conceitos resignificados e
Diversidade
Sustentabilidade
reapropriados em diferentes contextos
da sociedade atual por conta:
- da crise dos paradigmas dos modelos
de desenvolvimento econômico, social
e cultural
- dos avanços científicos e tecnológicos
E portanto, ganham relevância na área
da Educação e no campo da Tecnologia
Educacional
Educação
»
Conceito
Processo de transmissão, construção e
reconstrução do conhecimento e da formação de
cidadãos competentes e conscientes de seu papel
em nossa sociedade, capazes de atuarem
produtivamente e de forma comprometida em seus
ambientes sociais e em suas atividades
profissionais. (Struchiner e Giannella, 2002)
* Democracia * Direito ao Conhecimento *
* Direito ao Trabalho * Cidadania *
Tecnologia Educacional
Identidades, Conceitos e Sentidos
Tecnologia educacional?
Tecnologia na Educação?
(Novas) Tecnologias de Informação e Comunicação
na Educação?
Educação a Distância???
E outros........
Tecnologia
* Conceito mais restrito: artefato ou bem material
produzido pela ciência
* Chaves (1999) “se refere a tudo aquilo que o ser humano
inventou, tanto em termos de artefatos como de métodos e
técnicas, para estender a sua capacidade física, sensorial,
motora ou mental...”
* Bazzo et al. (2003), definem “como sistema e não somente
como artefato, para incluir instrumentos materiais como
tecnologias de caráter organizativo (sistema de saúde,
sistema educacional etc)
Tecnologia e Educação
* Sancho (2006), Kenski (2003), Pucci (2010) e Barreto (2003) propõem
reconceituar a TE a partir da constatação de que a educação escolar é
tecnológica em essência, ou seja, é expressão de determinadas:
tecnologias simbólicas (linguagem, representações icônicas,
saberes escolares etc)
organizacionais (gestão, arquitetura escolar, disciplina etc)
materiais (quadro, giz, televisão, vídeo, computador etc).
* Visões de Tecnologia e suas implicações para a Educação
tecnofobia e tecnofilia X incorporação crítica (Sancho, 1998)
Teoria Crítica da Tecnologia (TCT) x visão determinista
(instrumentalismo e substantivismo) (Feenberg, 1999, 2004)
TCT – influência social na criação e transformação das tecnologias
nos contextos sociais
Tecnologia Educacional
A Tecnologia Educacional fundamenta-se em
uma opção filosófica, centrada no
desenvolvimento integral do homem inserido
na dinâmica da transformação social;
concretiza-se pela aplicação de novas teorias,
princípios, conceitos e técnicas num esforço
permanente de renovação da educação. (ABT,
1982)
* Democracia * Direito ao Conhecimento *
* Direito ao Trabalho * Cidadania *
Inovação
X
X
X
X
* Mudança * Modernização * Renovação * Reforma *
Campo da psicologia social - estuda a Inovação (difusão/adoção)
em diversas atividades sociais (Rogers e Schumacker, 1982)
Inovação refere-se a introdução de algo novo (idéia,
procedimento, recurso): originalidade, novidade e racionalidade.
Garcia (2009), Fullan (2001), Carbonell (2002) e Cardoso (2003): a
inovação liga-se a um conjunto de intervenções, decisões com
certo grau de intencionalidade e sistematização, que visam
transformar as atitudes, idéias, culturas, conteúdos, modelos e
práticas pedagógicas.
Inovação
* a natureza da inovação na educação:
(1) uso de novos materiais, curriculos e
tecnologias; (2) novas abordagens de
ensino, estratégias e atividades; (3)
mudanças nas crenças e pressupostos
das práticas pedagógicas (dimensões)
* sentidos da inovação: verticais
* condição essencial da inovação é sua
capacidade de melhorar a prática
vigente
* especialistas e políticos tendem a
achar que a inovação vai resolver os
problemas educacionais (regulatório,
técnico) – descontextualizados da
prática do professor
* a inovação integra-se aos hábitos,
rotinas institucionalizados, despertando
atitudes (favorável X desfavorável) dos
professores (Cardoso, 2002)
* provoca um certo grau de incerteza:
abandonam-se certas referências e
perdem-se competências
(temporariamente)
(enfraquecem a autonomia, reforçam a
divisão do trabalho - quem pensa e
quem faz); baixa participação dos
professores, pouca continuidade x
horizontais (partem dos professores)
* caráter sedutor, e escamoteador da
complexidade envolvida no processo >
superficialidade
* há poucos estudos sobre inovação,
seus efeitos, causas para continuidade
e descontinuidade
Diversidade e Pluralidade
A diversidade é norma da espécie humana: seres humanos são diversos
em suas experiências culturais, são únicos em suas personalidades e são
também diversos em suas formas de perceber o mundo. Seres humanos
apresentam, ainda diversidade biológica. Algumas destas diversidades
provocam impedimentos de natureza distinta no processo de
desenvolvimento das pessoas (as comumente chamadas de “portadoras
de necessidades especiais”). Como toda a forma de diversidade é hoje
recebida na escola, há a demanda óbvia, por um currículo que atenda a
essa universalidade.(Elvira Souza Lima, 2006, p.71)
Diversidade > contrução histórica, cultural e social das diferenças.
Esta construção ultrapassa as características biológicas (biodiversidade),
que são observáveis a olho nú e mesmo estas observações são pautadas
pela cultura, vida social e pelas relações de poder
Influenciam a construção da identidades: raça, gênero, sexualidade,
classe social, gênero, profissão etc.
Diversidade e Pluralidade
O conhecimento, a cultura e o currículo são produzidos no contexto das
relações sociais e de poder. Desconsiderar as relações desiguais entre
grupos é reificar o conhecimento e o currículo, destacando seus aspectos
de consumo e não de produção (Tomás Tadeu da silva, 1995).
A escola sempre teve dificuldade em lidar com a pluralidade e a
diferença. Tende a silenciá-las e neutralizá-las. Sente-se mais
confortável com a homogeneização e a padronização. No entanto, abrir
espaços para a diversidade, a diferença e para o cruzamento de
culturas constitui o grande desafio que está chamada a enfrentar.
(Moreira e Candau, 2003, p.161)
Inclusão Social e Digital * Letramento * Acessibilidade * Mobilidade *
Participação e Voz * Pluralidade (influência mútua) e Interculturalidade *
Reeducação * Limites do espaço físico e temporal da escola*
Sustentabilidade
O discurso da Sustentabilidade é carregado múltiplos sentidos:
* originalmente envolvendo questões de meio ambiente e
desenvolvimento social no sentido amplo (tecnologias limpas e
argumentação econômica e técnico-científica) - Ecodesenvolvimento
* tornou-se uma palavra quase mágica, usada em diversos contextos
sociais, por diferentes sujeitos e com múltiplos significados
* plano social: sociedade sustentável no sentido de sustentabilidade
complexa (Diegues, 1992) – desigualdades, diversidade, valores
éticos (biodemocracia/biodiversidade)
* no plano educacional: os organismos internacionais e políticas
públicas vêm usando o termo “educação para a sustentabilidade”
* relação entre indivíduo (ator/responsabilidade da sustentabilidade)
X agentes coletivos públicos e privados (desreponsabilização)
Sustentabilidade
* Jickling (1992): a “educação para a sustentabilidade” debatida na
escola em todos os seus aspectos, deixando aflorar as diferenças e
possibilitando que os alunos comparem, debatam e julguem por si
próprios as diversas posições.
* Aprendizado no sentido amplo, no debate da sustentabilidade:
“O tipo de vida, educação e sociedade que teremos no futuro vão
depender da qualidade, profundidade e extensão de aprendizado que
formos capazes de criar e exercitar individual e socialmente. A
Educação e os educadores, em especial, que concentram as tarefas
de conceber e pôr em prática os modelos de ensino e aprendizagem
sociais têm uma responsabilidade singular nesse processo.” (Lima,
2003, p.118)
* aprender, criar e exercitar novas concepções e práticas de vida, de
educação e de convivência - individual, social e ambiental X mercado
Questões para refletir sobre
a Tecnologia Educacional
com base nos desafios
da inovação, diversidade
e sustentabilidade
Questões
* Desenvolvimento de projetos educacionais a partir de
questões/problemas trazidos pelos sujeitos das práticas
educativas (contextualizado/situado)
* Desenvolvimento de recursos educativos como objeto/motivo
para pesquisar em educação como atividade social (além do
cognitivo e dos conteúdos tradicionais)
* Design Crítico: TICs e modelos educativos a serviço de
mudanças e questionamento do status quo, inovando currículos
e relações pedagógicas, sociais e culturais no contexto escolar
* Experiências participativas e reflexivas de design e de uso dos
recursos em contextos naturais de aprendizagem
* Avaliação dos recursos «baseada no contexto de uso» e
avaliação dos «usuários»
Tecnologia Educacional:
abordagens metodológicas
Modelo
de Design
Baseado
na Cultura
Pesquisa
Baseada
em Design
Agenda
Crítica
de Design
Pesquisa Baseada
Abordagem Metodológica
em Design
• Design Based Research; Design Studies;
Developmental Research
Primeiras publicações: Brown e Collins (1992); Cobb, 1998; Jonassen & Land,
2000; Reeves (2000); Design Based Collective (2003)
• Integra pesquisa, planejamento/desenvolvimento de
experiências, ambientes ou materias educativos e a
prática educativa em contextos reais de ensinoaprendizagem (parceria entre pesquisadores e
professores):
desenvolvimento e pesquisa = intervenção
Pragmática/Intervencionista * Situada
* Interativa, iterativa e flexível * Integrativa* Contextual
Pesquisa Baseada
Abordagem Metodológica
em Design
Fases do Processo Iterativo
da Pesquisa Baseada em Design (Reeves, 2000)
Modelo de Design
Abordagem Metodológica
baseado na Cultura
• Culture Based Model (CBM)
Patricia Young, 2008, 2009; Edmundson, 2007; Henderson, 2007
• Foco no papel da cultura no processo de design,
usando os aspectos culturais do processo educativo
para enriquecer a aprendizagem
• Há a preocupação tanto com o desenvolvimento
quanto com a adaptação de materiais em um
contexto em que as TICs e seus recursos vêm sendo
difundidos e apropriados em diferentes contextos
• Foi construído a partir de vários modelos anteriores
e está definido por oito áreas
Investigação
Desenvolvimento
Equipes
Capacitação
Modelo Baseado
em Cultura
Avaliações
Elementos
Alunos
Tempestade
de Idéias
Agenda Social
Abordagem Crítica no Design
Critical Social Design Agenda
Barab, Dodge, Thomas, Jackson, Tuzin (2007)
* A educação não é apolítica, envolve questões de poder e de
transformação
* O design de projetos educacionais está impregnado de uma agenda
baseada em nossas epistemologias, teorias, princípios e valores
sobre a sociedade e o processo educativo
* É necessário se conscientizar destes princípios e valores que
orientam os projetos e adotar uma agenda social crítica no design de
ambientes e atividades de aprendizagem
* Cinco passos do Design Crítico: (1) construir uma compreensão do
contexto; (2) desenvolver compromissos críticos (transformar
indivíduos e o ambiente); (3) integrar compromissos com design; (4)
expandir o impacto; (5) Fazer contribuições teóricas
Agenda Social
Abordagem Crítica no Design
Elementos de uma Agenda Social Crítica
* Empoderamento Pessoal (“Eu tenho voz”)
* Afirmação da diversidade (“Todo mundo importa”)
* Comunidades Saudáveis (“Viva, ame e cresça”)
* Responsabilidade Social (“Nós podemos fazer a
diferença”)
* Consciência Ambiental (“Pensar globalmente, agir
localmente”)
* Expressão Criativa (“Eu me expresso”)
* Compreensão e empatia (“Gentileza gera gentileza")
Concluindo
* A Tecnologia Educacional tem passado por muitos
questionamentos na medida em que:
– paradigmas que a sustentaram no seu início não dão conta da
complexidade do processo educativo: individualização, massificação
e economia de projetos....
– tecnologias de informação e comunicação permeiam a vida social,
estão difundidas e são de fácil apropriação e uso nas diferentes
áreas do conhecimento, fazendo com que a TE se reveja: qual é o
seu objeto afinal?
* A Tecnologia Educacioal tem novas propostas metodológicas que
precisam ser difundidas e sistematizadas e que dão conta da
agenda atual de inovação, diversidade e sustentabilidade
* A sustentabilidade dos projetos de TE não está em sua mera
continuidade, mas nas mudanças que estes promovem nos sujeitos
e nos contextos educacionais.
Laboratório de Tecnologias Cognitivas
NUTES/UFRJ
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ltc.nutes.ufrj.br
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