Outras Dicotomias de Saussure:
(1) Sincronia e diacronia;
(2) Sintagma e relações associativas.
Sincronia e Diacronia
 É
relativamente consensual, entre os
linguistas, a ideia de que a intervenção do
tempo cria, na Linguística, dificuldades
particulares e situa esta ciência perante dois
caminhos absolutamente diferentes:
 (1) SINCRONIA;
 (2) DIACRONIA.
Sincronia e Diacronia (cont.)
C
 A
B

D
Sincronia e Diacronia (cont.)
 AB – eixo das simultaneidades – referente às
relações entre fenómenos coexistentes, que
formam sistema, e percebidos pela mesma
consciência colectiva; excluída qualquer
intervenção temporal;
 CD – eixo das sucessividades – só se pode
contemplar cada fenómeno de cada vez, onde
estão todos os fenómenos do eixo AB com as
suas respectivas alterações, que não formam
sistema e que, por isso, não são apreendidos
pela mesma consciência colectiva.
Sincronia e Diacronia (cont.)
 Impedimento de estudar concomitantemente
as relações temporais e horizontais da língua.
 Evolução e Linguística Evolutiva
 Estados da Língua ou Linguística Estática
Sincronia e Diacronia (cont.)
 Para o sujeito falante, a sucessão no tempo é
inexistente: pois está perante um estado
sincrónico. O linguista, que queira
compreender cada estado sincrónico, terá de
fazer tábua rasa dos estados anteriores e
subsequentes (se os houver), o. s., ignorar a
diacronia.
Sincronia e Diacronia (cont.)
 Reflexões:
 (1) Um facto sincrónico é um acontecimento
que tem, em si mesmo, a sua razão de ser; as
consequências sincrónicas particulares, que
dele possam advir, são-lhe totalmente
estranhas;
 (2) os factos diacrónicos não conduzem a
uma alteração do sistema: só certos
elementos são alterados.
Sincronia e Diacronia (cont.)
 (3) Carácter sempre fortuito de um estado da
língua: a língua não é um mecanismo criado e
ajustado em vista aos conceitos que deve
exprimir.
 (4) Os factos que pertencem à série
diacrónica são diferentes dos da série
sincrónica: um facto de sincronia é sempre
significativo; num facto diacrónico é preciso
que o antigo lhe ceda o seu lugar.
Sincronia e Diacronia (cont.)
 (5) As alterações que se produzem não têm
qualquer intenção;
 (6) A língua é um mecanismo que continua a
funcionar, apesar das deteriorações que
sofre;
 (7) A língua é um sistema em que as suas
partes podem e devem ser consideradas na
sua solidariedade sincrónica.
Língua e Partida de Xadrez Comparação
 (1) Cada estado do jogo corresponde
precisamente a um estado da língua;
 (2) O sistema é sempre momentâneo;
 (3) Os valores dependem de uma convenção
imutável;
 (4) Para passar para um equilíbrio, basta a
deslocação de uma peça: não há alteração geral;
Língua e Partida de Xadrez –
Comparação (cont.)
 (5) Cada jogada do xadrez faz movimentar uma
peça; também na língua as alterações só incidem
sobre elementos isolados;
 (6) As ressonâncias podem ser nulas, muito
graves ou de importância média;
 (7) A deslocação de uma peça é um facto
absolutamente distinto do equilíbrio precedente
e do subsequente: só os estados importam.
Língua e Partida de Xadrez –
Comparação (cont.)
 Ponto divergente:
 O jogador de xadrez provoca as deslocações
e exerce intencionalmente uma acção sobre o
sistema. A língua não premedita nada: é
espontânea e é fortuitamente que as suas
peças se deslocam.
Sincronia e Diacronia (cont.)
 O aspecto sincrónico prevalece sobre o
diacrónico, uma vez que, para a massa
falante, é a única e verdadeira realidade.
 Tudo o que é sincrónico na língua é-o por via
da fala.
SINTAGMA E RELAÇÕES ASSOCIATIVAS – OS
DOIS EIXOS DA LINGUAGEM
 Como se estabelecem as relações que unem
os termos linguísticos?
 SINTAGMA – combinação de peças, que
possui, como suporte, a extensão;
 RELAÇÕES ASSOCIATIVAS – “as unidades
que têm entre si qualquer coisa de comum
associam-se na memória e formam assim
grupos em que existem relações diversas”.
Relações Associativas Exemplo
 Ensinado:
 (1) ensinar; ensino;
 (2) abusado; assimilado; enjoado; parado;
 (3) Chiado; fado; soldado;
 (4) aprendido; sabido; doutrinado; instruído;
leccionado.
Sintagma
Associativas
e
Relações
 SINTAGMA
RELAÇÕES ASSOCIATIVAS
 “Compõe-se sempre de duas ou  Conceitos que se associam,
mais unidades consecutivas”
formando grupos, sob certos
(Saussure); “combinação de
critérios;
signos” (R. Barthes);
 In praesentia: dentro do
discurso;
 Exige uma ordem determinada;
 Finitude.
 In absentia: fora do discurso;
 Apresentação numa ordem
indeterminada;
Infinitude.
SINTAGMA
 A frase é o tipo, por excelência, do sintagma.
 E O SINTAGMA PERTENCERÁ À FALA OU À
LÍNGUA?À LÍNGUA!
 Porque a fala só consente a liberdade de
combinar mediante certas regras e recorre,
por vezes, a estruturas sintagmáticas já
concebidas.
SINTAGMA (cont.)
 Porque encontramos na língua:
 (1) sintagmas congelados: “pois é!”; “vá lá”;
 (2) expressões não improvisadas: “perder a
cabeça”; atirar-se de cabeça”; “no que toca
a”;
 (3) construção de sintagmas segundo formas
regulares:
irresponsável;
destravar;
habilmente; diabinho.
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CD – eixo das sucessividades