2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO..........................................................................................................3 PROGRAMA....................................................................................................................4 RESUMOS........................................................................................................................6 DOCUMENTÁRIO......................................................................................................19 INTEGRANTES DO GRUPO DE PESQUISA.........................................................20 COMISSÃO ORGANIZADORA................................................................................21 SUMMARY PRESENTATION..........................................................................................................22 PROGRAM.....................................................................................................................23 ABSTRACTS.................................................................................................................25 DOCUMENTARY FILM............................................................................................38 RESEARCH GROUP MEMBERS..............................................................................39 ORGANIZING COMMITTEE.....................................................................................40 3 APRESENTAÇÃO I ENCONTRO ARMÊNIOS: NACIONAL GENOCÍDIO, DE PESQUISADORES IMIGRAÇÃO E MEMÓRIA: DO GRUPO ANO DO CENTENÁRIO O projeto temático e o grupo de pesquisa homônimo Armênios: Genocídio, Imigração e Memória foi criado em 2014, sob coordenação da Profa. Dra. Lusine Yeghiazaryan. Este projeto se insere no Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER), coordenado pela Profa. Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro, e tem como objetivo principal organizar um arquivo virtual sobre o genocídio armênio de 1915, a partir de documentos disponíveis na comunidade armênia do Brasil. Trata-se, portanto, de um projeto de documentação do genocídio, que toma como base a memória escrita e oral de armênios sobreviventes imigrados e seus descendentes residentes na diáspora brasileira. Os pesquisadores estão realizando um trabalho de coleta de documentos de natureza diversa (fotografias, depoimentos, correspondências pessoais, jornais, revistas, etc.) com vistas a organizar um acervo virtual da memória do genocídio armênio no Brasil. Nesta oportunidade, no ano do centenário do Genocídio, organizamos o I Encontro Nacional de Pesquisadores do Grupo Armênios: Genocídio, Imigração e Memória, com apresentações orais de seus integrantes, tendo como objetivo não somente divulgar as pesquisas desenvolvidas, mas sobretudo promover a conscientização e o debate acerca do Genocídio armênio de 1915. Neste caderno apresentamos os resumos dos diversos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelos integrantes deste grupo. 4 PROGRAMA I ENCONTRO ARMÊNIOS: NACIONAL GENOCÍDIO, DE PESQUISADORES IMIGRAÇÃO E MEMÓRIA: DO GRUPO ANO DO CENTENÁRIO Data: 23 de abril de 2015 Horário: 8h às 11h40 Auditório de História, FFLCH/USP Inscrição gratuita pelo link: http://letrasorientais.fflch.usp.br/inscricoes Serão fornecidos certificados para os ouvintes PROGRAMAÇÃO 8h-10h: APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS DOS PESQUISADORES DO GRUPO O GENOCÍDIO ARMÊNIO: 100 ANOS DE REIVINDICAÇÕES Lusine Yeghiazaryan SOBREVIVENTE DE UM GENOCÍDIO: TRAÇO INTEGRANTE DA IDENTIDADE DO POVO ARMÊNIO Deize Crespim Pereira CONSEQUÊNCIAS DO NEGACIONISMO NO CASO ARMÊNIO Lígia Sanchez A NEGAÇÃO DO GENOCÍDIO ARMÊNIO PELA HISTÓRIA OFICIAL TURCA Karla Dias Lopes GENOCÍDIO ARMÊNIO: DIREITO À VERDADE E DESINFORMAÇÃO NA MÍDIA BRASILEIRA Nathália Ramos 5 MEMÓRIA DO GENOCÍDIO ARMÊNIO NOS RELATOS DE SEUS DESCENDENTES NA AMÉRICA DO SUL Silvia Regina Paverchi A DOCUMENTAÇÃO DE UMA MEMÓRIA: O GENOCÍDIO ARMÊNIO SEGUNDO OS ARMÊNIOS DO BRASIL Camilla Maria Dutra Garcia TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO DA CULTURA E LÍNGUA ARMÊNIAS DE GERAÇÃO A GERAÇÃO, ENTRE DESCENDENTES ARMÊNIOS RESIDENTES NA CIDADE DE SÃO PAULO Fernando Januário Pimenta A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL ARMÊNIA NA OBRA MAYRIG E SUAS RELAÇÕES COM A DIÁSPORA ARMÊNIA NA FRANÇA ATUAL Camila Bueno Firmino REPRESENTAÇÕES DA GEOPOLÍTICA ARMENICIDA TURCO-OTOMANA NA OBRA O LOUCO, DE RAFFI Aline Serra Teixeira UMA ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO RECONHECIMENTO DO GENOCÍDIO ARMÊNIO À LUZ DE CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE Anna Victória Pandjarjian Mekhitarian ARQUIVO HISTÓRICO ARMÊNIO DO BRASIL Sarkis Ampar Sarkissian BACHARELADO PARA ARARAT Stéphanie Havir de Almeida 10h-11h40 EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO SCREAMERS DO SYSTEM OF A DOWN 6 RESUMOS O GENOCÍDIO ARMÊNIO: 100 ANOS DE REIVINDICAÇÕES Lusine Yeghiazaryan O ano de 2015 marca o centenário do Genocídio armênio, perpetrado pela Turquia Otomana no começo do século XX. Mais de um milhão e meio de armênios foram vítimas dos massacres em massa planejados em nível de estado pelos Jovens Turcos, que perseguiam um objetivo claro: se apropriar do território da Armênia Ocidental e de uma vez por todas exterminar a etnia armênia como um fator político. Até 1915 os armênios permaneceram por três mil anos no território do Planalto Armênio, ou a assim conhecida Armênia Histórica. As invasões e dominações no decurso de sua história não afetaram a totalidade do território nem chegaram a dispersar a população nativa armênia. Entretanto, foi o Genocídio que mudou o rumo da história dos armênios e marcou a história mundial de uma maneira trágica, criando um precedente de exterminação de uma nação inteira. Os efeitos devastadores do Genocídio incluem perdas humanas, territoriais, patrimoniais e culturais. As perdas humanas contabilizam mais de 1,5 milhões de vítimas. Foi praticamente erradicada dois terços da população dentro dos territórios da Armênia Histórica. Quanto à perda do território histórico, a Armênia perdeu quase 90 por cento do mesmo, e a maior parte da população que escapou do Genocídio passou a viver fora das suas terras milenares, sem a possibilidade de retornar aos seus lares. É incalculável o prejuízo cultural devido ao Genocídio. Foram destruídos, de uma maneira bárbara, os registros culturais do povo armênio, incluindo as igrejas, monumentos arquitetônicos e edificações, vilarejos e cidades inteiras, milhares de manuscritos, que guardavam a herança cultural e espiritual não só dos armênios, mas também da história universal. Ademais, foram inestimáveis as perdas materiais, através dos confiscos e apropriações dos bens dos armênios pelos turcos. Os sobreviventes foram forçados a se espalhar pelo mundo e recomeçar tudo do zero. O Genocídio armênio é um fato comprovado historicamente por documentos autênticos e irrefutáveis. No entanto, a Turquia moderna mantém a sua política de negação e se recusa a reconhecê-lo, ignorando os princípios e normas do direito internacional. Passados cem anos do primeiro genocídio do século XX, o lema do centenário – Lembro e Reivindico – traduz a busca pela justiça e paz no mundo, uma obrigação moral da sociedade em prol do reconhecimento de um crime que é a maior violação dos direitos humanos fundamentais universais. Palavras-chave: genocídio, centenário, perdas humanas, reconhecimento 7 SOBREVIVENTE DE UM GENOCÍDIO: TRAÇO INTEGRANTE DA IDENTIDADE DO POVO ARMÊNIO Deize Crespim Pereira Hobsbawm (2011, p.57) destaca a brutalidade e desumanidade do século XX. Diz ele: "(...) o mundo acostumou-se à expulsão e matança compulsórias em escala astronômica, fenômenos tão conhecidos que foi preciso inventar novas palavras para eles" - termos como "apátrida" e "genocídio". Apátrida que dizer "sem pátria", "sem Estado", "indivíduo destituído de nacionalidade". O termo é usado quando se perde uma nacionalidade sem ter adquirido uma segunda. Mas como se perde uma nacionalidade? O passaporte Nansen foi criado para aqueles que se viram sem pátria, 300 mil armênios que fugiram do genocídio. O termo legal genocídio foi instituído pelo jurista Raphael Lemkin (1944), para descrever atos cometidos com intenção de destruir, parcial ou totalmente, um grupo nacional, étnico, ou religioso. Para cunhar o termo, Lemkin se baseou no Genocídio armênio, no qual morreram cerca de 1,5 milhão de pessoas. Para a Turquia que teima em não reconhecer o genocídio perpetrado pelo governo turco otomano, ou para aqueles que ainda têm dúvida se houve um genocídio, a ONU define o que é genocídio com critérios bem objetivos. Pode configurar-se como genocídio: (1) o assassinato de pessoas de um grupo; (2) sujeitar os membros de um grupo a danos físicos ou mentais graves; (3) a submissão deliberada de um grupo a condições de existência que lhe causem destruição física total ou parcial; (4) medidas para impedir o nascimento de crianças no seio do grupo; (5) transferência forçada de menores para outro grupo. Tudo isto aconteceu com os armênios. Como se pronunciou o Papa Francisco, em missa celebrada em 2015 na Basílica de São Pedro, por ocasião dos cem anos do Genocídio armênio: "Esconder ou negar o mal é como permitir que uma ferida continue sangrando sem tratá-la!". Faz parte da identidade dos armênios ser sobrevivente de um genocídio. Uma senhora armênia, sobrevivente da diáspora da Síria, relata em depoimento: "Eles cortaram as gargantas de muitas mulheres (...) Como eu, eles cortaram a minha garganta também, eu sobrevivi" (Saha Manougian, 96 anos, 1995). Hobsbawm coloca o massacre dos armênios como o primeiro do século XX, a primeira tentativa, na era moderna, de eliminar toda uma população. Muito se fala na função educativa do debate acerca do tema: para que não mais se repita. Contudo, genocídios continuam ocorrendo. Palavras-chave: Genocídio armênio, apátrida, identidade cultural 8 CONSEQUÊNCIAS DO NEGACIONISMO NO CASO ARMÊNIO Lígia Sanchez Passados cem anos, o que podemos discutir a respeito dos acontecimentos de 1915 que ainda não tenha sido dito? Os fatos históricos já foram contados e recontados centenas de vezes, em diversas versões, como seria de esperar. As fontes históricas foram vistas e revistas, documentos foram apresentados, alguns aceitos, outros acusados de forja. Depoimentos foram apresentados nos mais diversos tribunais, descrições detalhadas de testemunhas oculares ou mesmo de sobreviventes que estiveram no “olho do furacão”. Apesar disso, dos muitos pesquisadores interessados, dos muitos testemunhos de todo tipo, apesar de toda a lista de provas apresentadas, um século depois ainda estamos diante de uma história sem final, sem conclusão. E, com o passar do tempo, as possibilidades de mudança dessa situação parecem somente diminuir. Antes de buscar uma finalização do assunto, a política turca nesse momento trabalha com a manutenção da dúvida, com argumentos evasivos, evitando o caso central e apoiando-se em pequenos vieses, o mesmo modo de trabalho de advogados famosos que não gostam de perder um caso, por mais sem futuro que seja. Com isso, segue o sofrimento dos injustiçados, perpetua-se a angústia dos que nunca puderam vivenciar seu luto em paz. As vítimas nesse caso não são somente aquelas que caíram há cem anos, mas também seus descendentes, seus amigos, as pessoas que se arrepiaram com as histórias contadas e aqueles que têm lutado pelo reconhecimento do Genocídio armênio durante todo esse tempo. Uma coisa é certa, neste mundo de tantas incertezas: não haverá paz e respeito ao outro enquanto os erros do passado não forem reconhecidos e perdoados. Palavras-chave: Negacionismo, Genocídio, Armênios, Otomanos 9 A NEGAÇÃO DO GENOCÍDIO ARMÊNIO PELA HISTÓRIA OFICIAL TURCA Karla Dias Lopes O Império Otomano mostra seu anacronismo e inviabilidade na era da ascensão capitalista, a partir do século XV. Após relutar a sua inevitável derrocada, o “Homem doente da Europa” reavalia maneiras de manter sua unidade territorial e estabilidade econômica, sufocando impulsos de autodeterminação dos povos que oprimia. Desse modo, desde o século XIX, os regentes otomanos se veem perdendo cada vez mais territórios na Europa, no Levante e no Norte da África. Diante da justa reivindicação por libertação nacional, as potências imperialistas europeias demonstram-se favoráveis às revoltas sob a suposta alegação humanitária em prol de proteger os súditos cristãos do jugo otomano. Esse argumento escondia o verdadeiro interesse de repartirem entre si as vastas terras dominadas pelo Império Otomano, sem despender de imensos esforços militares. O oportunismo dos países imperialistas potencializa o discurso promovido pelos líderes otomanos que afirma a existência de inimigos internos na tentativa de legitimar as futuras perseguições. O questionamento armênio por autonomia coincide com o declínio otomano: o Império não era muito mais que a Anatólia. Esse fator motiva a cúpula regente a considerar que, caso fosse impossível manter a magnitude do passado, que ao menos se garantisse um país para os turcos. Para executar o plano, a região deveria ser etnicamente homogeneizada, o que significaria exterminar cerca de um milhão de armênios, crime que há cem anos é negado pelo Estado herdeiro dessa mácula histórica. Portanto, é um passo importante compreender que a política de negação do genocídio armênio pela história oficial turca é um dos únicos pilares capazes de manter a Turquia em seus moldes atuais. Palavras-chave: genocídio armênio, Turquia, negação 10 GENOCÍDIO ARMÊNIO: DIREITO À VERDADE E DESINFORMAÇÃO NA MÍDIA BRASILEIRA Nathália Ramos A negação dos fatos históricos constitui a última fase de um Genocídio. Encobrir provas, bloquear investigações dos crimes, negar pedidos de revisão histórica e censura ao pensamento acadêmico são alguns dos mecanismos usados com a intenção de ocultar um acontecimento. Esse encobrimento não parte apenas de um Estado autoritário, mas encontra auxílio nos veículos de comunicação em massa, como jornais de grande circulação que apoiam a visão negacionista. A mídia brasileira, embora pretensamente conhecedora do Genocídio do povo armênio, aponta em grande parte uma visão simplista, negacionista e, por muitas vezes, desinformada dos episódios que tentam narrar. Matérias com manchetes que direcionam o leitor a uma verdade manipulada, erros de História e negacionismo são comumente veiculados pela mídia quando pretendem tratar sobre o Genocídio armênio. O direito à verdade histórica deve ser garantido tanto no âmbito individual e particular, como no âmbito universal. As vítimas do Genocídio têm o direito de obter conhecimento integral e reconhecimento público sobre as violações cometidas contra seus familiares e sua história nacional. O reconhecimento e a verdade apresentam também teor pedagógico, pois apenas perante a exatidão dos fatos que podemos aprender sobre justiça e prevenir que violações contra os Direitos Humanos se repitam na trajetória da humanidade. Palavras-chave: Genocídio, Armênia, mídia, reconhecimento 11 GENOCÍDIO ARMÊNIO NOS RELATOS DE SEUS DESCENDENTES NA AMÉRICA DO SUL Silvia Regina Paverchi Este artigo trata da memória do genocídio armênio via relatos de descendentes da diáspora armênia, cujas comunidades se fixaram na Argentina e Brasil após o genocídio armênio perpetrado pelo Império Otomano durante a Primeira Grande Guerra. O objetivo principal é entrevistar indivíduos descendentes e integrantes de comunidades formadas a partir de 1920, especialmente as de Buenos Aires e de São Paulo para averiguar a presença de uma memória coletiva que evidencie elementos comuns a uma possível identidade cultural armênia nesses grupos de descendentes pósgenocídio. É pesquisa exploratória investigativa, sem postulados de memória, busca na memória individual traços comuns a formação de uma identidade coletiva e sua relação com o trauma do genocídio. Palavras-chave: Diáspora armênia, Genocídio armênio, Memória, Identidade Cultural, América Latina 12 A DOCUMENTAÇÃO DE UMA MEMÓRIA: O GENOCÍDIO ARMÊNIO SEGUNDO OS ARMÊNIOS DO BRASIL Camilla Maria Dutra Garcia A história de uma nação é constituída, principalmente, por meio da compilação dos fatos ocorridos pelos membros dessa comunidade. Essa ação resulta na elaboração de uma memória coletiva em que as semelhanças presentes nos relatos expressos pelos indivíduos que compõem esse grupo permeiam as narrativas sobre os episódios históricos. Dentre estes episódios, o reconhecimento do Genocídio armênio aparece como o elo que interliga os descendentes de armênios pelo mundo inteiro independentemente se o legado cultural armênio foi transmitido ou negado pela família. O objetivo deste trabalho é reconstruir e contextualizar os fatos acerca do Genocídio armênio com o intuito de problematizar as questões que envolvem esse tema. Em decorrência desse foco, a discussão deu-se por meio da coleta de uma ampla e vasta documentação dos relatos e objetos pessoais dos membros da comunidade armênia da cidade de São Paulo. Dessa forma, foi possível analisar a importância do papel dos informantes (tanto como mantenedores quanto transmissores) no processo da transmissão dessas memórias para as próximas gerações. Além disso, ressaltou-se o impacto negativo dessas memórias tristes na manutenção e adaptação da identidade armênia pelos descendentes dos sobreviventes do massacre, uma vez que isto acarretou um processo de emudecimento dos que sobreviveram e, consequentemente, um esquecimento gradativo de todos os acontecimentos desafortunados ocorridos nesse período. Para tanto, tomou-se como referencial teórico sobre o genocídio: Toynbee (2003), Pinheiro (1994), Sapsezian (1988); e sobre a diáspora armênia no Brasil: Grün (1994), Marcarian (2008), Sapsezian (1988) e Summa (2007). Palavras-chave: documentação, memória, Genocídio armênio, descendentes de armênios no Brasil 13 TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO DA CULTURA E LÍNGUA ARMÊNIAS DE GERAÇÃO A GERAÇÃO, ENTRE DESCENDENTES ARMÊNIOS RESIDENTES NA CIDADE DE SÃO PAULO Fernando Januário Pimenta Por meio de entrevistas realizadas com descendentes de armênios residentes na cidade de São Paulo, pertencentes a três gerações, observou-se a manutenção da identidade cultural do povo armênio. Escutou-se o que esses jovens, adultos e idosos pensam sobre a futura transmissão do conhecimento herdado de seus antepassados, a respeito da própria cultura e língua maternas. Indagou-se se, para eles, mantém-se ainda vivo o interesse de passar adiante aos membros mais novos de suas famílias tudo o que sabem de si mesmos em sua origem, isto é, o saber ancestral e multifacetado que os define em sua totalidade como integrantes da comunidade armênia. Em decorrência deste foco central, relacionou-se um objetivo secundário: sondar seu ponto de vista sobre a questão do não-reconhecimento do Genocídio armênio pela maior parte dos países desenvolvidos do mundo, e como – isto é, se – esse fato afeta sua própria noção de identidade, tendo-se passado quase um século de seu término. Constataram-se, por meio desta pesquisa de campo, acentuadas diferenças entre as famílias, no que tange à conservação do imagético identitário armênio e à importância que tais famílias atribuem às próprias tradições, à memória e à língua. A comunidade paulistana tem, hoje, em seu círculo assíduo, os membros mais idosos, quando, no passado, o que se via era a ativa participação dos jovens e adultos armênios recém-chegados ao Brasil, organizando e manejando a comunidade. Este trabalho baseou-se no conceito de identidade cultural postulado por Hall (2006; 2008), Anderson (2008), Ianni (2003) e Lesser (2001). Grün (1992) expõe não só o capitalismo étnico/familiar vigente nas primeiras gerações de armênios paulistanos, como também sua preferência pela homogamia social, através de casamentos exclusivamente de armênios com armênios dentro da comunidade. A obra “Atrocidades Turcas na Armênia”, do historiador britânico Arnold J. Toynbee, apresenta depoimentos de sobreviventes e testemunhas oculares do genocídio, mostrando que, para além de um período já conturbado por conta da Primeira Guerra Mundial, o massacre armênio foi o resultado de uma política de extermínio, concebida e alicerçada pelo próprio governo turco: “Tudo foi feito pela vontade do governo e não por considerações de fanatismo religioso, mas simplesmente porque desejavam, por razões puramente políticas, desfazer-se de um elemento não muçulmano que contrariava a homogeneidade do império” (1993, p. 18). Os depoimentos colhidos das entrevistas com descendentes armênios atestaram o peso e a persistência das memórias do genocídio na herança cultural de seu povo, e ressaltaram a importância que há até hoje, na comunidade armênia, do ato de lembrar fatos que fazem parte da história de seus antecessores. Palavras-chave: Transmissão da cultura e língua armênia, identidade armênia, Genocídio armênio 14 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL ARMÊNIA NA OBRA MAYRIG E SUAS RELAÇÕES COM A DIÁSPORA ARMÊNIA NA FRANÇA ATUAL Camila Bueno Firmino A ideia deste trabalho surgiu a partir da leitura da obra autobiográfica Mayrig do autor Henri Verneuil, cujo enredo conta a história de uma família armênia que fugiu da Armênia e se estabeleceu na França após o genocídio de 1915. Este trabalho buscou investigar o processo de construção da identidade cultural do personagem principal de Mayrig e traçar um paralelo com a diáspora armênia presente atualmente na França, apontando as semelhanças e as diferenças entre esses dois contextos. Foi realizada a análise da construção da identidade cultural armênia no livro Mayrig, a partir do conhecimento adquirido nas leituras dos textos da bibliografia. Em seguida houve a elaboração de um questionário com perguntas que tinham como objetivo verificar se os descendentes de armênios buscam manter sua identidade cultural e, em caso positivo, de que modo estas pessoas mantêm essa identidade. Foi feita a seleção de informantes (9 pessoas da diáspora armênia residentes na França), aplicação do questionário e por fim a análise das entrevistas coletadas. Como suporte teórico foram utilizadas as ideias expostas por Stuart Hall em seu livro “A identidade cultural na pós- modernidade” e também as ideias expostas em “Da diáspora: Identidades e Mediações Culturais" do mesmo autor. Palavras-chave: Identidade Cultural Armênia, Diáspora Armênia na França, Genocídio 15 REPRESENTAÇÕES DA GEOPOLÍTICA ARMENICIDA TURCO-OTOMANA NA OBRA O LOUCO, DE RAFFI Aline Serra Teixeira Hagop Melik-Hagopian, mais conhecido como Raffi, foi um armênio nascido na atual capital da Geórgia e que conheceu diversas regiões do Império Otomano, Pérsia e Rússia. Ele viveu no período anterior à Primeira Guerra Mundial, tendo falecido vinte e sete anos antes, em 1888, o que pode ser considerado como uma geração antes do marco do armenicídio. Apesar disto, a forma como são retratados os personagens de sua obra O louco retrata com profunda sensibilidade a geopolítica Armênia durante o período mais duro do genocídio, o ano de 1915. Neste livro ficcional de 1880 é mostrada a atuação política dos países relevantes para uma possível resolução do conflito, como Rússia e França, além da participação de atores internos: turcos, curdos e armênios, inclusive com as discordâncias internas entre os armênios. Diferentemente do que alguns acreditam, como o historiador turco Zafer Özkan, a vida dos armênios no Império Otomano não se resumiu ao papel de fantoche dos países cristãos e ocidentais que queriam o esfacelamento do Império. A vida daqueles armênios foi marcada por sofrimentos e perseguições que vão muito além da questão religiosa cristãos x muçulmanos ou da questão política Ocidente x Oriente. Cada trajetória de vida armênia teve sua especificidade, que está muito bem representada nas alegorias, mesmo que generalizantes, propostas por Raffi em O louco. Palavras-chave: Raffi, O louco, Khent, genocídio, armenicídio, literatura, geopolítica 16 UMA ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO RECONHECIMENTO DO GENOCÍDIO ARMÊNIO À LUZ DE CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE Anna Victória Pandjarjian Mekhitarian As motivações que estão envolvidas nas lutas pelo reconhecimento do Genocídio armênio versam, em geral, sobre uma convicção particularmente viva de que, ao lutar pelo reconhecimento dessa atrocidade, mobilizam-se forças para que outros genocídios não se repitam. Esse é, sem dúvida, um argumento absolutamente respeitável e válido, vide genocídios ocorridos subsequentemente ao armênio. O holocausto dos judeus (ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial) e o genocídio em Ruanda (ocorrido em 1994) são ilustrações emblemáticas disso. Para além dessa motivação que diz respeito a uma preocupação com o futuro, encontramos também, tanto nos estudos psicanalíticos inaugurais quanto nos mais recentes, importantes teorizações que colocam em voga a importância do reconhecimento e da justiça em torno de crimes lesa-humanidade (como o genocídio armênio) enquanto necessidades do aparelho psíquico. Nesse sentido, ao tematizarem a memória, o luto, o trauma e a justiça, autores da Psicanálise como Sigmund Freud, Pierre Fédida, Jean Allouch e Paulo Endo trazem contribuições que apontam para a importância do reconhecimento público do genocídio armênio. Palavras-chave: Genocídio, Armênia, crime lesa-humanidade, trauma, Psicanálise, luto, memória, justiça 17 ARQUIVO HISTÓRICO ARMÊNIO DO BRASIL Sarkis Ampar Sarkissian Este trabalho tem por objetivo analisar a imigração e a presença armênia no Brasil por meio das bases documentais, iconográficas e periodicais existentes em arquivos públicos, acervos particulares e institucionais da comunidade armênia no país. Para tanto, analisamos os projetos arquivísticos armênios em andamento no mundo, bem como as experiências similares realizadas por algumas comunidades imigrantes no Brasil. Verificamos as carências, discrepâncias e até mesmo ausências de informações e registros que vão desde biografias, iconografias e depoimentos orais em geral a números oficiais da imigração armênia, mapeamento dos pequenos núcleos comunitários fora do eixo São Paulo-Osasco, que constituem comunidades estabelecidas e consolidadas, e o papel do Brasil na esfera diplomática tanto bilateral com a Armênia quanto multilateral em organismos internacionais na questão do Genocídio Armênio. Discorremos sobre o levantamento realizado nesses acervos caracterizando a relevância dos materiais encontrados, seus estados de conservação e organização, a problemática e dificuldades de catalogação. Por fim, observamos ainda a importância de se criar um arquivo histórico armênio no Brasil que preserve não só a memória e a presença desta comunidade imigrante no país como também afirme o papel do Estado brasileiro no compromisso de condenar o genocídio sofrido pelos armênios com base no reconhecimento de sua atuação política à época do ocorrido e seu próprio legado histórico na defesa dos Direitos Humanos. Espera-se que esse projeto facilite e estimule a pesquisa sobre o genocídio, imigração e memória armênia pelo olhar brasileiro, reafirmando a importância do fato do Genocídio Armênio na história do Brasil e a contribuição e compromisso dos armeno-brasileiros para o desenvolvimento do país. Palavras-chave: arquivo, armênios, Brasil, imigração, genocídio, memória 18 BACHARELADO PARA ARARAT Stéphanie Havir de Almeida A contribuição que darei a este encontro será não em forma de pesquisa científica, mas em forma de depoimento justificado por minha ascendência direta de sobreviventes do Genocídio armênio de 1915 perpetrado pelo governo turco otomano. Respeitando a temática geral do I Encontro do grupo Armênios: Genocídio, Imigração e Memória: Ano do Centenário, o depoimento versa sobre a reconstrução da identidade armênia, perdida há duas gerações em minha família, e como os cursos de língua, cultura e literatura armênias da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas tiveram importância crucial nesta reconstrução e fortalecimento da identidade armênia durante meu bacharelado em Letras nesta mesma universidade. Procuro também estabelecer um paralelo entre as minhas experiências em busca da identidade armênia durante o curso de graduação e as experiências de Michael J. Arlen descritas em sua obra Passagem para Ararat, de 1978, comparando pontos semelhantes e discrepantes entre nossas jornadas. Acredito ainda que este depoimento sirva como mais uma prova que atesta e corrobora com a afirmação de que o Genocídio armênio, não reconhecido pelo governo da atual Turquia e de tantos outros países – inclusive o Brasil –, foi, além de um crime contra os direitos humanos, uma atrocidade imensurável que ainda gera consequências lamentáveis na vida de descendentes de afortunados fugitivos que, como eu, sentiram a necessidade de reconstrução de toda uma identidade perdida. Finalmente, este depoimento faz as vezes de agradecimento a todos que contribuíram de alguma forma na reconstrução da minha própria identidade armênia. Palavras-chave: Identidade armênia, Genocídio, Passagem para Ararat 19 DOCUMENTÁRIO SCREAMERS Direção de Carla Garapedian, Estados Unidos, 2006 Duração: 89 minutos Sinopse: O documentário discute a constante ocorrência de Genocídios na história moderna a partir da campanha dos integrantes da banda americana de metal alternativo System of a Down pelo reconhecimento do massacre sofrido pelo povo armênio. Para tanto, o filme mostra o cotidiano da turnê da banda e a tentativa dos seus integrantes de convencer tanto o governo americano quanto o britânico a reconhecerem o genocídio armênio como primeiro genocídio do século XX. Além disso, ele apresenta comentários da jornalista ganhadora do Pulitzer, Samantha Power, e depoimentos de sobreviventes dos massacres ocorridos na Armênia, Ruanda e Darfur. 20 INTEGRANTES DO GRUPO DE PESQUISA ARMÊNIOS: GENOCÍDIO, IMIGRAÇÃO E MEMÓRIA Projeto Temático de equipe Pesquisadores: Aline Serra Teixeira (graduanda, USP) Anna Victória Pandjarjian Mekhitarian (graduanda, USP) Artur Attarian Cardoso Camarero (graduado, USP) Camila Bueno Firmino (graduanda, USP) Camilla Maria Dutra Garcia (graduanda, USP) Deize Crespim Pereira (USP) Fernando Januário Pimenta (graduado, USP) Hagop Kechichian (Mestre e Doutor, USP) Karla Dias Lopes (graduanda, USP) Ligia Sanchez de Almeida (Mestre, USP) Lusine Yeghiazaryan (USP) (coordenadora do projeto) Nathália Ramos de Oliveira (graduanda, USP) Sarkis Ampar Sarkissian (pesquisador, USP) Silvia Regina Paverchi (doutoranda, USP) Stéphanie Havir de Almeida (graduada, USP) 21 COMISSÃO ORGANIZADORA Aline Serra Teixeira (graduanda, USP) Camilla Maria Dutra Garcia (graduanda, USP) Deize Crespim Pereira (USP) Karla Dias Lopes (graduanda, USP) Ligia Sanchez de Almeida (Mestre, USP) Lusine Yeghiazaryan (USP) (coordenadora do projeto) Nathália Ramos de Oliveira (graduanda, USP) Sarkis Ampar Sarkissian (pesquisador, USP) Silvia Regina Paverchi (doutoranda, USP) Stéphanie Havir de Almeida (graduada, USP) 22 PRESENTATION 1st NACIONAL MEETING OF RESEARCHERS OF THE GROUP ARMENIANS: GENOCIDE, IMMIGRATION AND MEMORY: YEAR OF THE CENTENARY The thematic project and the homonymous research group Armenians: genocide, immigration and memory was created in 2014, under the coordination of Prof. Dr. Lusine Yeghiazaryan. This research group is located in The Center of Studies on Ethnicity, Racism and Discrimination, which is coordinated by Prof. Dr. Maria Luiza Tucci Carneiro, and aims to organize a virtual archive about the Armenian genocide of 1915, that includes documents found in Armenian Diaspora in Brazil. It is therefore a project of documentation of the genocide, that is based on the written and oral memory of Armenian survivors that have emigrated to Brazil and their descendants. The researchers are collecting various kind of material (photos, testimonies, personal letters, newspapers, magazines, etc.), to organize a virtual museum of Armenian genocide. In this year of the centenary of Armenian Genocide, we have organized the 1st National Meeting of Researchers of the Group Armenians: Genocide, Immigration and Memory, with oral presentations of its members, aiming not only to show the researches that have been developed, but also to promote the acknowledgment and debate on Armenian Genocide of 1915. In this paper we present the Abstracts of the various researches that have been developed by this group. 23 PROGRAM 1st NACIONAL MEETING OF RESEARCHERS OF THE GROUP ARMENIANS: GENOCIDE, IMMIGRATION AND MEMORY: YEAR OF THE CENTENARY Date: April 23rd, 2015. University of São Paulo Registration in the site: http://letrasorientais.fflch.usp.br/inscricoes PROGRAM 8h-10h: APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS DOS PESQUISADORES DO GRUPO ARMENIAN GENOCIDE: WE REMEMBER AND DEMAND Lusine Yeghiazaryan GENOCIDE SURVIVOR: A PART OF ARMENIAN IDENTITY Deize Crespim Pereira CONSEQUENCES OF DENIAL IN THE ARMENIAN CASE Lígia Sanchez DENIAL OF THE ARMENIAN GENOCIDE BY THE TURKISH OFFICIAL HISTORY Karla Dias Lopes ARMENIAN GENOCIDE: RIGHT TO THE TRUTH AND MISINFORMATION IN BRAZILIAN MEDIA Nathália Ramos MEMORY OF ARMENIAN GENOCIDE IN THE REPORTS OF THEIR DESCENDANTS IN SOUTH AMERICA Silvia Regina Paverchi 24 THE DOCUMENTATION OF A MEMORY: THE ARMENIAN GENOCIDE ACCORDING TO THE ARMENIANS OF BRAZIL Camilla Maria Dutra Garcia TRANSMISSION OF THE ARMENIAN CULTURE AND LANGUAGE FROM GENERATION TO GENERATION, AMONG ARMENIAN DESCENDANTS LIVING IN THE CITY OF SÃO PAULO Fernando Januário Pimenta THE CONSTRUCTION OF ARMENIAN CULTURAL IDENTITY IN THE BOOK MAYRIG AND ITS RELATIONS TO THE PRESENT DAY ARMENIAN DIASPORA IN FRANCE Camila Bueno Firmino REPRESENTATIONS OF THE ARMENICIDE TURKISH-OTTOMAN POLICY IN RAFFI´S WORK THE FOOL Aline Serra Teixeira AN ANALYSIS ARMENIAN OF THE GENOCIDE RELEVANCE IN THE OF LIGHT ACKNOWLEDGMENT OF OF PSYCHOANALYSIS' CONTRIBUTIONS Anna Victória Pandjarjian Mekhitarian ARMENIAN HISTORICAL ARCHIVE OF BRAZIL Sarkis Ampar Sarkissian BACHELOR TO ARARAT Stéphanie Havir de Almeida 10h-11h40 EXIBITION OF THE DOCUMENTARY FILM SCREAMERS OF SYSTEM OF A DOWN 25 ABSTRACTS ARMENIAN GENOCIDE: WE REMEMBER AND DEMAND Lusine Yeghiazaryan The year of 2015 marks the Centennial of the Armenian Genocide committed in the Ottoman Empire in the early twentieth century. More than one and a half million of Armenians fell prey to mass killings, recognized as the first Genocide of the XX century. Designed minutely by the government of Young Turks, it pursued a clear goal: an unprecedented extermination of Armenians as a political factor and possession of the territory of Western Armenia. The Armenian Plateau, or the so-called Historical Armenia, had been the habitat of Armenians for three thousand years before the Genocide. In spite of innumerous foreign invasions and dominations, Armenians have always constituted the ethnic majority of the region. This had to be changed drastically with the Genocide. The devastating effects of Genocide include human, territorial, cultural and material losses. The human losses culminated in the annihilation of the two-thirds of the population of Historical Armenia. As to territorial losses, Armenians lost almost 90 percent of their homeland, and those who escaped from Genocide had to leave their habitats, with no possibility to return to their homes. The cultural losses are just immensurable, ranging from barbaric destruction of spiritual heritage in ancient records and manuscripts to extermination of entire villages and cities. Moreover, the material losses include state-sanctioned robberies as property confiscation and appropriation. The Armenian Genocide is proven by authentic and irrefutable historical documents. However, modern Turkey maintains its policy of denial, ignoring the basic principles and norms of international law. The motto of the Centennial, “I remember and demand,” is a way to confirm our commitment to recognition of the Genocide, the gravest crime against humanity and gross violation of fundamental human rights. Keywords: Genocide, Centennial, human losses, recognition 26 GENOCIDE SURVIVOR: A PART OF ARMENIAN IDENTITY Deize Crespim Pereira Hobsbawm (1995, p.50) emphasizes the brutality and inhumanity of 20th century: "So the world accustomed itself to the compulsory expulsion and killing on an astronomic scale, phenomena so unfamiliar that new words had to be invented for them: 'stateless' ('apatride') or 'genocide' ". Stateless means "without fatherland", "without state", "someone who is deprived of his nationality". The word is used when a person loses her nationality without acquiring another one. But how can one loose one's own nationality? Nansen passport was created for those who found themselves stateless, 300,000 Armenian that escaped from genocide. The legal term genocide was created by the lawyer Raphael Lemkin (1944), to describe acts committed with the purpose of destroying, partially or completely, a national, ethnic or religious group. The word is based on Armenian Genocide, on which 1,5 million people were killed. Addressing Turkey which insists on denying the genocide committed by Ottoman government, or addressing those who still have doubts whether a genocide happened or not, the United Nations defines genocide with objective criteria. The following are genocidal acts: (1) killing members of the group; (2) causing serious bodily or mental harm to members of the group; (3) deliberately inflicting on the group conditions of life calculated to bring about its physical destruction in whole or in part; (4) imposing measures intended to prevent births within the group; (5) forcibly transferring children of the group to another group. All of that happened to Armenians. As Pope Francis declared at a Mass in the Armenian Catholic rite at Peter's Basilica, on the occasion of 100th anniversary of the Armenian Genocide: "Concealing or denying evil is like allowing a wound to keep bleeding without bandaging it". Genocide survivor is part of Armenian identity. An Armenian old woman, survivor who leaves in Syrian Diaspora, said: "They had cut my throat. They had cut a lot of women's throat (...) Just like me, They also had cut my throat, but I survived" (Saha Manougian, 96 years old, 1995). Hobsbawm sees Armenian Genocide as the first of XXth century, the first attempt, in modern times, to eliminate a whole population. Many people talk about the educative purpose that is behind the debate: not to happen again. Nevertheless, genocides are still happening. Keywords: Armenian Genocide, Stateless, Cultural Identity 27 CONSEQUENCES OF DENIAL IN THE ARMENIAN CASE Lígia Sanchez Hundred years later, what can we discuss on the happenings of 1915 that hasn't already been said? The historical facts were already retold hundreds of times, in many versions, as expected. Historical sources have been revisited, documents presented, some accepted and others charged of forgery. Statements were presented in various tribunals, detailed descriptions from eyewitnesses or even from survivors who escaped the turmoil. Nevertheless, even with the work of many scholars, the many statements, the proofs presented, a century later we are still facing a non-ended story, a not concluded episode. And, as time goes on, the possibilities of changing this scenario can only drop down. Instead of looking for a finalization to the matter, the Turkish politics deal with the maintenance of doubt, with evasive arguments, avoiding the central case and searching the little breaches, the same as famous lawyers use to practice when they don't want to lose a case, no matter if is a good case or not. This way, the suffering of the wronged continues, perpetuates the anguish of those who could never mourn properly. Victims, in such case, are not only the ones who lost their lives a hundred years ago, but also their descendants, their friends, all those who were terrified with the stories they heard and those who have been fighting for the recognizing of the Armenian Genocide all this time. There is one certainty, in our world of uncertainties: there will be no peace or respect for the other while the mistakes of the past are not recognized and forgiven. Keywords: Negationism, Genocide, Armenians, Ottomans 28 DENIAL OF THE ARMENIAN GENOCIDE BY THE TURKISH OFFICIAL HISTORY Karla Dias Lopes The Ottoman Empire demonstrates its anachronism and unviability on the rise of the capitalist era, starting in the 15th century. After struggling against its inescapable downfall, the "Sick Man of Europe" reassess ways to keep its territorial unity and economic stability, repressing to put down internal movements for self-determination. Thereby, from the 19th century on, the Ottoman rulers lose more and more territories in Europe, Levant and North Africa. In the face of fair demands for national liberation, European imperialist powers probe favorable to the riots, under supposed humanitarian allegation in favor of protecting the Christians subjects from the Ottoman yoke. This argument hides European real interest in sharing among themselves, without making huge military efforts, all the vast territory under the rule of the Ottoman Empire. The opportunism of the imperialist countries enhances the discourse promoted by the Ottoman rulers which claims the existence of internal enemies, in an attempt to legitimizing future persecutions. The Armenian questioning for autonomy coincide with the Ottoman decay: the Empire was no longer more extensive than Anatolia. In case of not being capable to preserve its magnitude, part of the imperial summit was motivated to guarantee a country for the Turks. In order to carry on this plan, Anatolia should be ethnically homogenized which would mean kill about one million Armenians. This crime has been denied by the State inherited such historical stain for one hundred years. Hence, it is an important step understanding that such policy of denial in regard of the Armenian Genocide by the Turkish official History is one of the only pillars capable to maintain Turkey in its current patterns. Keywords: Armenian genocide, Turkey, denial 29 ARMENIAN GENOCIDE: RIGHT TO THE TRUTH AND MISINFORMATION IN BRAZILIAN MEDIA Nathália Ramos Negating historical facts constitutes the last stage of Genocide. Concealing evidence, blocking crime investigations, denying requests for historical revisionism, censoring the academic thought are only some of the mechanisms used when covering facts. This cover-up doesn’t originate only from authoritarian States, but also finds support on mass communication mediums such as newspapers that bolster negationism. Although Brazilian Media allegedly is aware of the Armenian Genocide, it still advances a simplistic and/or misinformed version of the events it is trying to convey. Headlines that lead the reader to distorted facts and the denial of the Genocide are commonly seen throughout the Brazilian Media. The Right to historical truth must be guaranteed in both private and general scopes. The victims of the Armenian Genocide have the right to obtain full knowledge and public recognition of the crimes committed against their families and their National History. Acknowledgement of the truth also has educational significance, because it is only before fact accuracy that we can learn about injustice and avoid future Human Rights Abuses in the history of mankind. Keywords: Genocide, Armenia, Media, Acknowledgement 30 MEMORY OF ARMENIAN GENOCIDE IN THE REPORTS OF THEIR DESCENDANTS IN SOUTH AMERICA Silvia Regina Paverchi This article deals with memory of Armenian Genocide through the reports of Armenian Diaspora descendants whose communities migrated to Argentina and Brazil after Armenian Genocide perpetrated by Ottoman Empire during the Great War. The main objective is interview descendants from communities created since 1920 in Buenos Aires and Sao Paulo. The purpose is to check the presence of collective memory which demonstrates common elements belonging to a possible Armenian cultural identity in these post Genocide descendants. It is exploratory and investigative research without memory postulates or filters aiming to find common traces belonging to a collective memory formation through the individual memory nature and its relation with Genocide trauma. Keywords: Armenian Diaspora, Armenian Genocide, Memory, Cultural Identity, Latin America 31 THE DOCUMENTATION OF A MEMORY: THE ARMENIAN GENOCIDE ACCORDING TO THE ARMENIANS OF BRAZIL Camilla Maria Dutra Garcia A nation history is constituted mainly by a compilation of facts that happened to the members of a community. This action results in the construction of a collective memory, in which we can notice a resemblance in relating historical facts amongst the individual speeches that are part of the group. The Armenian Genocide acknowledgement is a link between Armenian descendants all over the world, no matter whether cultural legacy was or was not transmitted amongst different generations. This research aimed to reconstruct and contextualize the facts about Armenian Genocide so that we can make questions regarding this topic. Therefore, we collected documents as well as personal objects, and made interviews amongst members of Armenian community in the city of São Paulo. So, we made possible to analyze the importance of the role of informants (both as maintainers and transmitters) of these sad memories to future generations. Besides, we emphasized the negative weight of these memories on Armenian identity maintenance amongst descendants of survivors, because we noticed that this caused a process of silencing amongst survivors, and accordingly, the gradual forgetting of all acts of violence against them in that period. We used as reference the following books and texts about Armenian genocide (Toynbee, 2003; Pinheiro, 1994; Sapsezian, 1988) and about Armenian Diaspora in Brazil (Grün, 1994, Marcarian, 2008; Sapsezian, 1988; Summa, 2007). Keywords: documentation, memory, Armenian Genocide, Armenian descendants in Brazil 32 TRANSMISSION OF THE ARMENIAN CULTURE AND LANGUAGE FROM GENERATION TO GENERATION, AMONG ARMENIAN DESCENDANTS LIVING IN THE CITY OF SÃO PAULO Fernando Januário Pimenta Through interviews conducted with Armenian descendants, of three different generations, in the city of São Paulo (2011), the researcher was able to access by which ways the Armenian heritage was transmitted across generations, including the Armenian language, Armenian culture and the knowledge of the Armenian community about the event known as the Armenian Genocide (1915). The knowledge of the Armenian cultural heritage between families varied deeply, but all testimonies attested knowledge of facts and the ongoing transmission, through generations, of personal family memories surrounding the Armenian Genocide. This research also probed descendants views on how they see their common national heritage being transmitted to future generations and its endurance. Keywords: Armenian language and culture transmission, Armenian identity, Armenian Genocide 33 THE CONSTRUCTION OF ARMENIAN CULTURAL IDENTITY IN THE BOOK MAYRIG AND ITS RELATIONS TO THE PRESENT DAY ARMENIAN DIASPORA IN FRANCE Camila Bueno Firmino This project aimed to investigate how the Armenian cultural identity is formed in the autobiography Mayrig of Henri Verneuil, which deals with the story of an Armenian family who runs away and moves to France after the 1915 Genocide, trying to keep its culture, language and community. This research also establishes a parallel between the Armenian identity in the autobiography and that of present day Armenian Diaspora in France. The methodology adopted included interviews with Armenian descendants in France. As theoretical support we use the ideas presented by Stuart Hall in his book "The Question Of Cultural Identity" and also the ideas exposed in "Diaspora: Identity and Cultural Mediations" of the same author. Keywords: Armenian Cultural Identity, Armenian Diaspora in France, Genocide 34 REPRESENTATIONS OF THE ARMENICIDE TURKISH-OTTOMAN POLICY IN RAFFI´S WORK THE FOOL Aline Serra Teixeira Hagop Melik-Hagopian, better known as Raffi, was an Armenian born in the current capital of Georgia and had travelled to several regions of the Ottoman Empire, Persia and Russia. He lived in the period before World War I and died twenty-seven years before, in 1888, which can be considered as a generation before the landmark of the armenicide. Despite this, the characters of his work The fool are portrayed with deep sensitivity to the geopolitical moment during the hardest period of the Armenian genocide, the year 1915. In this fictional book, made in 1880, is shown the political actions of the relevant countries for a possible resolution of the conflict, such as Russia and France, as well as participation of internal actors: Turks, Kurds and Armenians, including internal disagreements between the Armenians. Contrary to what some researchers believe, as the Turkish historian Zafer Özkan, the life of Armenians in the Ottoman Empire was not reduced to puppet role of Christians and Western countries who wanted the disintegration of the Empire. The lives of Armenians were marked by suffering and persecution that go far beyond the religious question Christians x Muslims or the political issue West x East. Each Armenian life had its specificity, which are well represented in Raffi´s allegories, even if generalizing, proposed in the book The fool. Keywords: Raffi, The fool, Khent, genocide, armenicide, literature, geopolitics 35 AN ANALYSIS OF THE RELEVANCE OF ACKNOWLEDGMENT OF ARMENIAN GENOCIDE IN THE LIGHT OF PSYCHOANALYSIS' CONTRIBUTIONS Anna Victória Pandjarjian Mekhitarian The motivations that lie behind the struggles for recognition of the Armenian Genocide usually deal with a particularly strong belief that by fighting for the recognition of this atrocity, strengths are mobilized to avoid other genocides. This is, undoubtedly, an absolutely respectable and valid argument, which is clear when we examine other genocides that occurred subsequently to the Armenian Genocide. The holocaust of the Jews (that occurred during the Second World War) and the genocide in Ruanda (occurred in 1994) are emblematic examples. Beyond this motivation that concerns a preoccupation with the future, we also find, both in psychoanalytic inaugural and recent studies, important theories that put in vogue the importance of recognition and justice regarding crimes against humanity (as the Armenian Genocide) as needs of the psychic apparatus. In this sense, when writing about memory, grief, trauma and justice, Psychoanalysis authors such as Sigmund Freud, Pierre Fédida, Jean Allouch and Paulo Endo bring contributions that point to the importance of public recognition of the Armenian Genocide. Keywords: Genocide, Armenia, crimes against humanity, trauma, Psychoanalysis, grief, memory, justice 36 ARMENIAN HISTORICAL ARCHIVE OF BRAZIL Sarkis Ampar Sarkissian This work aims to investigate the Armenian immigration and its presence in Brazil through document, iconographic and periodical existing databases in public archives, private and institutional collections of the Armenian community in Brazil. Thus, we analyze the current Armenian archival projects in the world and also how similar experiences are conducted by some immigrant communities in Brazil. We examine discrepancies and even lack of information and records which can range from biographies, iconographies and oral testimony to general official numbers of Armenian immigrants. We also do a mapping of small communities outside Sao Paulo-Osasco axis, which constitute established and consolidated communities. We examine the Brazil's role in the diplomatic sphere both bilateral with Armenia and multilateral in international organizations on the issue of the Armenian Genocide. We also discuss about the survey conducted in such collections, analysing the relevance of the found materials, its conservation and organization, the problems and difficulties of cataloguing. Therefore, we conclude that it is important to create an Armenian historical archive in Brazil, that will preserve not only the memory and highlight the presence of this immigrant community in the country, but will also emphasize the Brazilian State role in the genocide condemnation, considering its own political actions at the time of the incident and its historical legacy in defence of the Human Rights. It is expected that this project facilitates and stimulates researches on Armenian Genocide, immigration and memory through a Brazilian point of view, reaffirming the importance of the Armenian Genocide in Brazil history and the contribution and commitment of the Armenian-Brazilians to the development of the country. Keywords: archive, Armenians, Brazil, immigration, genocide, memory 37 BACHELOR TO ARARAT Stéphanie Havir de Almeida My contribution to this event will take place not as a scientific research, but as a personal testimonial justified by my direct ancestry from survivors of the Armenian Genocide perpetrated by the Ottoman Turkish government in 1915. In respect to the major theme of the 1st Encounter of the group Armenians: Genocide, Immigration and Memory: Year of the Centenary, this testimonial turns on the process of rebuilding my Armenian identity, long lost by two generations on my family, and on how the Armenian language, history and culture courses ministered in University of Sao Paulo had crucial importance in this process of rebuilding and strengthening my Armenian cultural identity during my bachelor degree in this same university. I also aim to establish a parallel between my experiences in search for this Armenian identity during my graduation and Michael J. Arlen’s experiences related in his work Passage to Ararat, 1978, comparing similarities and discrepancies in our journeys. I also believe that this testimonial will serve as another proof that attests and supports the statement that the Armenian Genocide, still not recognized by Turkey’s current government and so many other countries – Brazil included –, was, aside from a crime against the Human Rights, a immeasurable atrocity which still has sad consequences in the lives of all descendents of the fortunate fugitives that felt the necessity of rebuilding all their lost cultural identity, as did I. Finally, this testimonial takes the place of thanking all of those who contributed somehow to the process of rebuilding my Armenian cultural identity. Keywords: Armenian identity, Genocide, Passage to Ararat 38 DOCUMENTARY FILM SCREAMERS Director: Carla Garapedian, United States, 2006 Duration: 89 minutes Synopsis: The documentary film concerns the constant Genocides in modern history. The starting point is the System of a Down campaign to the acknowledgment of Armenian Genocide. The film shows the concerts of the American rock and roll band and their attempts to convince American and British governments to acknowledge Armenian Genocide as the first genocide of 20th century. Besides, there are commentaries of the journalist Samantha Power, winner of Pulitzer Prize, and testimonies of Genocide's survivors in Armenia, Ruanda and Darfur. 39 RESEARCH GROUP MEMBERS ARMENIANS: GENOCIDE, IMMIGRATION AND MEMORY Research Thematic Project Members: Aline Serra Teixeira (Undergraduate student, USP) Anna Victória Pandjarjian Mekhitarian (Undergraduate student, USP) Artur Attarian Cardoso Camarero (Graduate student, USP) Camila Bueno Firmino (Undergraduate student, USP) Camilla Maria Dutra Garcia (Undergraduate student, USP) Deize Crespim Pereira (USP) Fernando Januário Pimenta (Graduate student, USP) Hagop Kechichian (Researcher, USP) Karla Dias Lopes (Undergraduate student, USP) Ligia Sanchez de Almeida (Researcher, USP) Lusine Yeghiazaryan (USP) (coordinator) Nathália Ramos de Oliveira (Undergraduate student, USP) Sarkis Ampar Sarkissian (Researcher, USP) Silvia Regina Paverchi (Postgraduate student, USP) Stéphanie Havir de Almeida (Graduate student, USP) 40 ORGANIZING COMMITTEE Aline Serra Teixeira (Undergraduate student, USP) Camilla Maria Dutra Garcia (Undergraduate student, USP) Deize Crespim Pereira (USP) Karla Dias Lopes (Undergraduate student, USP) Ligia Sanchez de Almeida (Researcher, USP) Lusine Yeghiazaryan (USP) (coordinator) Nathália Ramos de Oliveira (Undergraduate student, USP) Sarkis Ampar Sarkissian (Researcher, USP) Silvia Regina Paverchi (Postgraduate student, USP) Stéphanie Havir de Almeida (Graduate student, USP) Lembro e Reivindico