Educação relevante em tempos de mudança Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na prática pedagógica do Colégio Metodista Granbery – Ensino Médio New Information and Communication Technologies in the Pedagogical Practice at Granbery Methodist School – Senior High Level Maria Cristina C. de A. Carneiro Pedagoga, Mestre em Educação, Coordenadora Geral e Diretora Pedagógica do Colégio Metodista Granbery. Presidente do Conselho Municipal de Educação de Juiz de Fora. E-mail: [email protected] Silvia Moreira de Oliveira Henriques Pedagoga, Mestre em Educação, Coordenadora Pedagógica do Ensino Médio do Colégio Metodista Granbery. E-mail: [email protected] RESUMO Acreditamos que a educação só consegue bons resultados quando se preocupa com a geração de experiências de aprendizagem, criatividade para construir novos conhecimentos e habilidades para saber “acessar” fontes de informação sobre os mais variados assuntos. Sabendo que o jovem que está em nossa sala de aula é familiarizado com a TV, vídeogames, aplicações de multimídia, computador, Internet e explora recursos como gráficos, fotos, vídeos, músicas e efeitos sonoros, desenvolvemos propostas simples em que eles possam usar essa bagagem na construção de seu próprio conhecimento. Educar, sob esse cenário, significa incentivar a autonomia individual, a solidificação de valores e a solidariedade, prevenir insucessos e lutar contra as desigualdades, favorecer o ensino experimental e o espírito científico, abrindo novos horizontes na construção de uma sociedade mais humana e justa para todos. Palavras-chaves: Iniciação científica, práticas educacionais e inovadoras, NTIC (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação). ABSTRACT We believe that education reaches good results only when it is concerned with: the generation of learning experiences; creativity to build new knowledge; and the capacity to access information sources on several subjects. Because the youth in our classrooms is familiar to TV, videogames, multimedia applications, computers, internet and plays with resources as graphics, photos, videos, music and sound effects, we developed simple proposals in which they will be able to use this experience for the building up of their own knowledge. To educate, in this perspective, means to stimulate personal autonomy, the consolidation of values and solidarity, to prevent failures and the struggle against inequalities, to favor the experimental teaching and the scientific spirit, opening up new horizons for the construction of a more human and just society for all. Keywords: Scientific initiation, educational and innovative practices, NTIC (New Technologies of Information and Communication). RESUMEN Creemos que la educación alcanza buenos resultados solamente cuando se preocupa de: la generación de experiencias de aprendizaje; la creatividad para construir nuevos conocimientos; y la capacidad para acceder a fuentes de información sobre los más distintos asuntos. Porque los jóvenes en nuestras aulas tienen familiaridad con la TV, los videojuegos, aplicaciones de multimedia, computadora, Internet y explora recursos como gráficos, fotos, videos, músicas y efectos de sonido, desarrollamos propuestas simples en las cuales ellos puedan utilizar esta experiencia en la construcción de su conocimiento personal. Educar desde ese punto de vista significa estimular la autonomía individual, la solidificación de valores y la solidaridad, el prevenir fracasos y luchar contra desigualdades, favorecer la enseñanza experimental y el espíritu científico, abriendo nuevos horizontes en la construcción de una sociedad más humana y justa para todos. Palabras claves: Iniciación científica, prácticas educacionales e innovadoras, NTIC (Nuevas Tecnologías de Información y Comunicación). As Escolas Metodistas têm como premissa uma educação moderna e preocupada com o ser humano, capaz de formar cidadãos e cidadãs críticos, conscientes e responsáveis política e socialmente Introdução As Escolas Metodistas de Educação Básica representam um marco na História da Educação do Brasil, voltada para a valorização dos aspectos culturais, o trabalho, o relacionamento com o próximo, a reflexão acerca do mundo e a capacidade de o ser humano intervir positivamente nesse cenário. Sem perder a singularidade que mais de um século lhe confere, as Escolas Metodistas têm como premissa uma educação moderna e preocupada com o ser humano, capaz de formar cidadãos e cidadãs críticos, conscientes e responsáveis política e socialmente. 80 Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 Em sintonia com os acontecimentos e as demandas da pósmodernidade temos dado passos significativos para tornar nossa educação a referência, atingindo padrões de excelência. Nossa missão é de formar cidadãos qualificados e críticos com base nos valores cristãos para atuar como lideranças éticas na transformação da sociedade. Na área pedagógica conduzimos nosso trabalho buscando contemplar estratégias pedagógicas que sejam efetivas na produção do conhecimento e que estejam em consonância com as diretrizes educacionais da educação básica confessional metodista e o Projeto Político Pedagógico que retrata nossa postura pedagógica. Neste contexto, precisamos estar atentos (as) no que diz respeito às tecnologias que vêm fortalecendo a prática pedagógica. O conceito de globalização envolve principalmente o processo econômico-cultural e confirma novos espaços de poder relacionados ao saber, à informação e ao conhecimento. Nesse espaço reticulado, o da sociedade global interconectada, circulam, em alta velocidade, quantidades infinitas de informações, entre as quais a divulgação de novos conhecimentos e a educação continuada (GOMEZ, 2004, p. 27). A mudança tecnológica vem criando espaços e possibilidades no meio educacional, tornando o processo de construção do conhecimento rico em estratégias. Os avanços tecnológicos dentro desse contexto são uma ferramenta multidisciplinar. Quando está a serviço do educativo propicia condições aos alunos de trabalharem a partir de temas, projetos, atividades diversificadas que o levam a desenvolver o senso crítico, reflexivo, proporcionando uma aprendizagem dinâmica. Pode-se ler o jornal de qualquer parte do mundo, assistir a uma entrevista, participar de conferências, ouvir músicas das mais longínquas regiões do Planeta, trocar correspondências, ler, discutir, conversar, tudo em um único aparelho, o computador, a “máquina comunicacional”, que está conectada a milhares de outras, formando uma complexa rede, um rizoma informacional. Todas as formas de cultura estão, cada vez mais, subordinadas à tecnologia e à inovação tecnológica. Frente a essas possibilidades, amplia-se o universo de pesquisa em todas as áreas do conhecimento humano. Tem-se, a partir de então, um meio de capturar textos, sons, imagens, vídeos e programas sobre temas específicos, como também exibir toda a produção realizada. Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 81 A mudança tecnológica vem criando espaços e possibilidades no meio educacional, tornando o processo de construção do conhecimento rico em estratégias Todas as formas de cultura estão, cada vez mais, subordinadas à tecnologia e à inovação tecnológica O professor continua a ensinar e a aprender pela palavra, pelo gesto, pela emoção, pela afetividade, pelos textos lidos e escritos, pela televisão, mas também pelo computador, pela informação em tempo real, pelo tema em camadas, em janelas que vão se aprofundando às nossas vistas. Cabe a ele descobrir o lugar didático dessa tecnologia e por isso deve estar capacitado, contando com um apoio especializado na área de tecnologia educacional. 2. Desenvolvimento A educação do século XXI está diante de novos desafios, já que não é mais considerada como há 30 anos a genuína fonte de informação dos educandos Nada pode substituir a riqueza do diálogo pedagógico 2.1 O uso das tecnologias A proposta para o uso das tecnologias na educação se baseia no contexto das mudanças educacionais. As escolas não podem deixar de incorporar as novas transformações, pois estas propiciam a intervenção, sistematização e incorporação de todos os recursos pedagógicos. A educação não deve ser, apenas, compreendida e centrada na escola, sala de aula, mas uma educação concebida como aprendizado constante que investe na aquisição de novos conhecimentos, de novas estratégias, de forma contínua durante a vida. Pedro Demo, entre outros autores, acredita que o futuro da educação está na teleducação: “No futuro ficará difícil fazer qualquer proposta educacional que não seja em parte virtual. Só virtual é um erro, mas só com presença física, também”. A educação do século XXI está diante de novos desafios, já que não é mais considerada como há 30 anos a genuína fonte de informação dos educandos. Não há nenhuma dúvida de que o mundo da educação está mudando de uma forma que poucos teriam vislumbrado há apenas algumas décadas. Muitos aspectos a respeito de como a aprendizagem acontece na sala de aula, sem dúvida, mudarão. Não será a tecnologia que criará a mudança na educação, mas o poder da tecnologia é que permitirá aos professores e aos alunos fazerem as mudanças necessárias. Nada pode substituir a riqueza do diálogo pedagógico. As tecnologias de informação e comunicação multiplicaram enormemente as possibilidades de pesquisa de informação, e os equipamentos interativos e multimídias colocam à disposição dos alunos um manancial inesgotável de informações; certamente os professores já não podem, nessa sociedade da informação, limitar-se a transmissores do saber. Considerando que as NTIC oferecem diversão e entretenimento durante um período de imenso desenvolvimento, crescimento e estresse,o desafio ao qual esse trabalho se refere é analisar e re- 82 Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 fletir sobre os efeitos dessas NTIC sobre os adolescentes e como a escola se relaciona enquanto referencial na vida desses jovens. O educador precisa ser capacitado para assumir o papel de facilitador da construção do conhecimento e não mais um transmissor de informações. Entretanto, se faz necessário que se tenha um profissional, na escola, para se dedicar a instruir, colaborar, apoiar o professor. As NTIC por si só não melhoram o ensino apenas por estar ali presente na realidade sala de aula, a informatização da escola só será eficiente e com bons resultados se for conduzidas por professores preparados e profissionais que saibam quais objetivos pretendem alcançar. O “fazer pedagógico”, por meio da mudança no laço alunoprofessor-conhecimento (quebra de paradigmas), e as NTIC atuam como mediador cultural tendo este maior capacidade interativa que possibilita ao aluno recriar, hiper-realizar o mundo. Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das comunicações e das informações. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturadas por uma informática cada vez mais avançada. O professor será mais importante do que nunca, pois ele precisa se apropriar dessa tecnologia e introduzi-la na sala de aula, no seu dia-a-dia, da mesma forma, que um dia, introduziu o primeiro livro numa escola e teve de começar a lidar de modo diferente com o conhecimento – sem deixar as outras tecnologias de comunicação de lado (MORAN, 1998, p. 112). 2.2 Funções do profissional da área de tecnologia educacional A experiência mostra que sem a figura de um coordenador que oriente o processo de inserção das NTIC fica difícil um trabalho que vise a inter-relação dos conteúdos e disciplinas no currículo. Mas quem é esta pessoa? O profissional responsável por essa dinamização não deve ter apenas uma formação técnica. Muitas escolas contratam técnicos pelo baixo custo. Esse profissional deve ter uma formação pedagógica, uma experiência em sala de aula. De preferência que seja um pedagogo e que tenha um envolvimento total com o processo pedagógico. Deve ser capaz de fazer uma ponte entre o potencial das ferramentas tecnológicas com os conceitos e propostas desenvolvidos. Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 83 O educador precisa ser capacitado para assumir o papel de facilitador da construção do conhecimento e não mais um transmissor de informações Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das comunicações e das informações O coordenador de NTIC não é apenas um facilitador, ele deve perceber o momento de mudar de etapas e de propiciar recursos necessários para impulsionar engrenagens do processo Durante as últimas décadas, o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação assumiu um ritmo sempre crescente O coordenador de NTIC não é apenas um facilitador, ele deve perceber o momento de mudar de etapas e de propiciar recursos necessários para impulsionar engrenagens do processo, como por exemplo: a formação de professores e recursos necessários, e as fontes disponíveis. O objetivo maior desse profissional é de organizar e dar suporte aos educadores possibilitando segurança no desenvolvimento das atividades do currículo desejado. Algumas funções do coordenador são: ter uma visão abrangente dos conteúdos disciplinares e estar atento aos projetos pedagógicos das diversas áreas, verificando sua contribuição; conhecer o projeto pedagógico da escola; ter experiência em sala de aula e conhecimento de várias abordagens de aprendizagem; perceber as dificuldades e o potencial dos professores para poder instigá-los e ajudá-los; mostrar para o professor que o Laboratório de Informática dever ser extensão da sala de aula e consequentemente tais aulas devem ser dadas por ele e não por uma terceira pessoa; pesquisar e analisar as possibilidades das diversas tecnologias; ter uma visão técnica, conhecer os equipamentos e se manter informado sobre as novas atualizações; estar constantemente receptivo a situações que possam ocorrer; orientar o professor quanto ao uso de mídias tecnológicas, tais como CD/R, pen drive, ipod, mp3, etc.; trabalhar com o professor de forma a orientá-lo a usar as tecnologias nos afazeres rotineiros (avaliações, trabalhos, textos, e-mails, etc.) 2.3 As atribuições das áreas envolvidas Neste trabalho descreveremos as seguintes etapas: capacitação dos professores novatos com a coordenadora de NTIC; elaboração das atividades com o professor; encaminhamento das atividades para o suporte técnico; execução da atividade pelo professor; e feedback do professor. a) Atribuições do professor: discutir as propostas de atividades com o grupo; pesquisar alguns sites educacionais na sala da supervisora; tirar dúvidas quanto ao conteúdo, adequação de softwares, uso da ferramenta; elaborar as atividades com o suporte da supervisora (quando necessário); executar as atividades. b) Atribuições do suporte técnico: preparar o laboratório para as aulas; disponibilizar estagiários durante o horário das aulas (para qualquer eventualidade); dominar a parte técnica e operacional. c) Atribuições do suporte pedagógico-tecnológico: capacitar o professor para trabalhar com o computador; facilitar o 84 Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 processo; auxiliar o professor na elaboração das atividades; ter uma visão abrangente dos conteúdos disciplinares e projetos pedagógicos; manter o professor informado dos avanços tecnológicos; apresentar novas formas de utilização da ferramenta; incentivar o professor a buscar novos conhecimentos; proporcionar apoio tecnopedagógico a todos os segmentos da escola; e orientar o professor quanto ao uso do CD, pen-drive etc. Nessa nova caminhada, algumas diretrizes foram traçadas para que o trabalho com as tecnologias tenha uniformidade e coerência dentro de nosso Colégio. Cada professor deve agendar um horário com a equipe do suporte pedagógico para preencher a ficha com os dados pessoais, informação sobre cada disciplina, possíveis projetos, etc. Toda aula que faça uso das NTIC deve ser registrada num formulário. O professor é o responsável pela aula. A função do estagiário é de auxiliar, apenas, quando houver algum problema operacional. 2.4. A aplicação – prática pedagógica no Ensino Médio Descreveremos um projeto dentre os vários existentes na escola que envolve as NTIC, intitulado Estudos Avançados para o Ensino Médio. Sabendo que o jovem que está em sala de aula é familiarizado com a TV, videogames, aplicações de multimídia, computador, internet e explora recursos como gráficos, fotos, vídeos, músicas e efeitos sonoros, desenvolvemos propostas simples em que eles possam usar essa bagagem na construção de seu próprio conhecimento. Durante as últimas décadas, o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação assumiu um ritmo sempre crescente e imprimiu à sociedade novos rumos, não só tecnológicos, mas também socioeconômico-culturais. Não parece haver dúvidas que essas tecnologias são fundamentais para a sobrevivência de nossa sociedade cada vez mais complexa e que, desde a invenção da escrita e da imprensa, nada tem causado tanto impacto social e estimulado tantas mudanças no mundo. Com a evolução dos meios de comunicação e didáticos, no final do século XX, ocorre o agrupamento de todas as tecnologias. Surge uma tecnologia mais eficaz, que oferece todas as possibilidades já exploradas na imprensa, no rádio, na televisão, operando uma ultrapassagem: a possibilidade de interação e a velocidade com que tudo ocorre. O indivíduo não fica somente no papel Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 85 O volume de informações emitidas é maior, bem como a rapidez com que chega aos lares, oportunizandose situações que as tecnologias anteriores não possibilitavam Não parece haver dúvidas que essas tecnologias são fundamentais para a sobrevivência de nossa sociedade cada vez mais complexa A educação é a maneira pela qual o ser humano que nasce inacabado e inconcluso, se desenvolve, realizando de receptor passivo, há a possibilidade de escolha, há decisões a serem tomadas. O volume de informações emitidas é maior, bem como a rapidez com que chega aos lares, oportunizando-se situações que as tecnologias anteriores não possibilitavam. Alguns passos foram seguidos para concretização do trabalho: a sensibilização do corpo docente, em relação ao descrito na introdução, por meio de encontros pedagógicos, leituras, conversas; conscientização de que a tecnologia é uma ferramenta a mais para ser utilizada pelo professor e não irá substituí-lo (a escola ofereceu capacitação para o uso dos diversos recursos da computação e internet em seus laboratórios de Informática); criação de grupos de estudos para desenvolvimento de atividades que privilegiassem o conhecimento do sujeito e as NTIC. A Jornada de Iniciação Científica foi o primeiro passo para despertar no aluno o prazer de empreender estudos na área de conhecimento de seu maior interesse. Essa possibilidade abriu caminhos de reflexão por parte de toda a equipe docente que pôde avaliar o envolvimento efetivo dos alunos quando os temas estudados têm significado imediato na vida de cada um. Objetivos dos estudos avançados • Priorizar a formação ética, o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, acreditando que a educação deva privilegiar várias situações, diferentes tipos de aprendizagens e recursos, onde a flexibilidade de estratégias favoreça o desenvolvimento e o exercício das A escola muitas vezes competências e habilidades. não se deixa transfor• Despertar no aluno o prazer de empreender estudos na mar, se considerando a área de conhecimento de seu interesse. “detentora do conheci• Abrir caminhos de reflexão por parte de toda equipe domento”, como no século cente, aprofundando nos temos escolhidos. passado • Avaliar o envolvimento efetivo dos alunos quando os temas estudados têm significado imediato na vida de cada um. Como Paulo Freire dizia, a educação é a maneira pela qual o ser humano que nasce inacabado e inconcluso, se desenvolve, realizando o seu potencial, dentro de um projeto de vida de sua livre escolha. A escola muitas vezes não se deixa transformar, se considerando a “detentora do conhecimento”, como no século passado. Ou ela se reinventa nessa nova realidade ou se tornará obsoleta como instituição em que se educa e se aprende, sendo suplantada pelas novas formas, não-escolares, de aprender, na certeza de que o essencial na escola não muda nunca: o estímulo a referências, o afeto, o vínculo e a excelência da relação professor/aluno. 86 Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 Os currículos do ensino médio deverão ser estabelecidos a partir de áreas do conhecimento (embora seja ele uno e indivisível). Os seus elementos nucleares são: códigos e linguagens; sociedade e cultura; ciência e tecnologia, substituindo-se dessa forma o que definia o núcleo comum da antiga Lei nº 5.692/71: Comunicação e Expressão; Estudos Sociais e Ciências (aqui incluída a Matemática) (NISKIER, 2001, p. 75). Os estudos avançados compõem o quadro curricular, dentro da parte diversificada, como disciplinas obrigatórias, no turno da tarde e oferecidas em regime semestral, dentro das quatro áreas de conhecimentos: • • • • Linguagem e suas tecnologias Ciências Humanas e suas tecnologias Ciências da Natureza e suas tecnologias Ciências Exatas e suas tecnologias Os temas desenvolvidos são decididos coletivamente pela equipe pedagógica e professores de cada área, levando em consideração as especificidades, interesses e anseios dos alunos, abrangendo o pensamento metodista para a educação, os dados da pesquisa, interesse nos diversos vestibulares, defasagens acadêmicas, questões da sociedade da informação, conhecimento do perfil dos nossos alunos, entre outros. Todos os módulos oferecidos objetivam o desenvolvimento de uma pesquisa científica, que culminará na Jornada de Iniciação Científica Anual. Muitos temas são sugeridos, exemplo: • Educação Ambiental e Sustentabilidade • Jogos Lógicos Matemáticos • A Influência do Álcool no Tempo de Reação dos Motoristas • Cinema e História • Discurso sobre o Racismo no Brasil • Preconceitos no dia a dia • Sexualidade • ENEM • A Mídia no Cotidiano • Corpo Humano: Saúde Física e Mental • Internet • Intercâmbio Cultural • Qualidade de Vida • Dieta • Mercado de Trabalho Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 87 Os temas desenvolvidos são decididos coletivamente pela equipe pedagógica e professores de cada área, levando em consideração as especificidades, interesses e anseios dos alunos Com a globalização, as fronteiras perderam o valor A sociedade vive um momento estimulante e desafiador, caracterizado pela mudança constante A escola tem a responsabilidade de oferecer aos alunos as habilidades que eles precisarão para ter sucesso no ambiente de trabalho que, cada vez mais, baseia-se nas informações • • • • • • • • • • Sociologia da juventude História das Ideias A Juventude nos Anos 60 Astronomia Desigualdade Social Drogas no Universo Juvenil Ética, Mídia e Informação A Mídia e a Cultura do Consumo Escola Profissional “Frases” de caminhão, revistas, cotidiano: humor e opinião Os temas são votados e os resultados computados. Em seguida, partimos para a escolha dos profissionais que poderão mediar as aulas. Diversas abordagens são oportunizadas e é dada ênfase ao estudo da Filosofia e Sociologia. Exemplo: 1ª série 2ª e 3ª séries Introdução ao Trabalho Científico (ITC) – aspectos redacionais. Introdução ao Trabalho Científico (ITC) – aspectos estruturais. Raciocínio lógico – lógica informal O mundo em preto e branco: preconceitos A influência do álcool no tempo de reação dos motoristas Introdução ao Trabalho Científico (ITC) – aspectos redacionais. O Porquê do Sexo O Porquê do Sexo Introdução ao Trabalho Científico (ITC) – aspectos estruturais. Educação Ambiental e Sustentabilidade O mundo em preto e branco: preconceitos no dia-a-dia Cinema e História Considerações finais Com a globalização, as fronteiras perderam o valor. Por causa dos novos meios de comunicação, em particular a internet, nunca, em toda a história da humanidade, ideias, informações e produtos circularam com tanta rapidez. São avanços que colocam diante das escolas novos desafios e ameaças; mas, ao mesmo tempo, democratizam o saber e facilitam o progresso individual. A sociedade vive um momento estimulante e desafiador, caracterizado pela mudança constante. Fica, portanto, cada vez mais claro que, enquanto escola, é preciso pensar sobre o impacto que as telecomunicações podem ter na educação e responder a isso de maneira positiva. 88 Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 A escola tem a responsabilidade de oferecer aos alunos as habilidades que eles precisarão para ter sucesso no ambiente de trabalho que, cada vez mais, baseia-se nas informações. Esse trabalho nos mostra que diante de uma proposta de questionamento a respeito dos perigos de se levar o jovem a ajustar-se àquilo que a escola espera dele, desconsiderando que ele está inserido na chamada sociedade do conhecimento e que a informação está disponível em tempo real e a todo o momento, sem dar-lhe a oportunidade de participar efetivamente das decisões acerca de construção do seu próprio conhecimento. O grande desafio da escola hoje é enxergar que o mundo tecnológico nos proporciona novas formas de aprender, e que faz parte da transformação que a sociedade vem sofrendo, apresentando múltiplas alternativas de aprendizagem. Com a popularização das tecnologias da informação e comunicação, que permitem a formação de comunidades virtuais e, até mesmo, de aprendizagem, o aprender coletivo impõe um grande desafio à educação escolar de natureza presencial, especialmente a de tendência mais tradicional (LEVY, 1999, p. 136). Conclui-se que, no século XXI, uma nova ideia está na ordem do dia: a inteligência não é um fenômeno apenas individual: ela tem uma dimensão coletiva extremamente importante. Referências bibliográficas DEMO, Pedro. Educação e qualidade. 2.ed. Campinas: Papirus, 1995 DOWBOR, Ladislau. Tecnologias do Conhecimento: os desafios da educação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. FREIRE, Paulo. Educação da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. GOMEZ, Margarida Victoria. Educação em Rede. São Paulo: Cortez, 2004. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996. ______. Cibercultura. Rio de Janiero: Ed. 34, 1999. NISKIER, Arnaldo. A educação na virada do século. 2. ed. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2001. PERRENOUD, Philippe. Construir as competências na escola. Porto Alegre: Artmed, 1999. Revista de Educação do Cogeime • Ano 18 – n. 34/35 – junho/dezembro 2009 89 O grande desafio da escola hoje é enxergar que o mundo tecnológico nos proporciona novas formas de aprender, e que faz parte da transformação que a sociedade vem sofrendo, apresentando múltiplas alternativas de aprendizagem