O que você deve saber sobre MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) O Modernismo representou um rompimento de artistas e intelectuais com a arte acadêmica e o tradicionalismo cultural no Brasil. Influenciados pelos movimentos de vanguarda na Europa, os modernistas brasileiros da primeira fase adotaram uma postura radical e destrutiva em suas produções artísticas. Sequência temática: Modernismo Clique na imagem para ver a sequência temática. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) Contexto histórico 1911: “política das salvações” 1912: aumento da inflação e greves operárias em São Paulo 1914: retorno da política do café com leite; Venceslau Brás elege-se presidente da República. Início da Primeira Guerra Mundial 1922: fundação do Partido Comunista Brasileiro 1925-1927: Coluna Prestes 1929: quebra da Bolsa de Nova York; queda do preço do café; falência de fazendeiros; lançamento da candidatura de Getúlio Vargas à presidência do Brasil MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) Fases do Modernismo brasileiro 1922-1930 (1a fase): “fase heroica” marcada pelo radicalismo, pela releitura e ruptura com o passado brasileiro. Principais autores: Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira. 1930-1945 (2a fase): consolidação das ideias pós Semana de Arte Moderna; prosa regionalista e amadurecimento da poesia brasileira. Principais autores: Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Erico Verissimo, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Cecília Meireles, Murilo Mendes e Jorge de Lima. 1945... (Pós-Modernismo): intensa pesquisa estética, fragmentação da narrativa e experimentação. Principais autores: Guimarães Rosa, Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO Antecedentes da Semana de 22 Criação de O Pirralho, por Oswald de Andrade e Emílio Menezes, em 1911 Em 1912, Oswald de Andrade divulga ideias cubistas e futuristas. Exposição de Lasar Segall, em 1913 Ronald de Carvalho participa da criação da revista Orpheu, em 1915. 1917: publicações de Manuel Bandeira, Mário de Andrade e a crítica “Paranoia ou mistificação”, de Monteiro Lobato A estudante, c. 1917, de Anita Malfatti MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) A Semana de Arte Moderna aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, e apresentou música, dança, pintura, escultura e literatura de vanguarda. Capa do catálogo da exposição da Semana de Arte Moderna, de autoria de Di Cavalcanti MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO Semana de 22 – o evento A reação do público foi de perplexidade e choque. O dia 15 foi o mais agitado. Menotti Del Picchia iniciou a noite com uma conferência. Entre vaias e urros do público, Ronald de Carvalho declamou “Os sapos”, de Manuel Bandeira, ridicularizando os poetas parnasianos. A negra, 1923, de Tarsila do Amaral. Óleo sobre tela, 100 × 80 cm. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA/USP,SÃO PAULO/ TARSILA DO AMARAL EDUCAÇÃO Semana de 22 – o evento Consequências da Semana MUSEU DA REPÚBLICA, RIO DE JANEIRO Isoladamente, a Semana de Arte Moderna não representou uma mudança significativa para as artes brasileiras. Mas desencadeou uma efervescência cultural que consolidou o Modernismo no Brasil. Da esquerda para a direita, Pagu, Anita, Benjamin Peret, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Elsie Houston, Álvaro Moreira, Eugenia Álvaro Moreira e um anônimo MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) Manifestos: Poesia Pau-Brasil, Antropófago e Nhengaçu Verde-Amarelo. Revistas: Klaxon, Revista de Antropofagia, Terra Roxa e Outras Terras, Estética, Festa, Verde e A Revista. Grupos: Pau-Brasil, Antropófago, Verde-Amarelo, Grupo Modernista-Regionalista de Recife e Grupo de Porto Alegre. Primeiro número da revista Klaxon, lançada em São Paulo em maio de 1922 MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) REPRODUÇÃO Manifestos, revistas e grupos Além de artista, Mário de Andrade foi um importante teórico do Modernismo brasileiro. Textos como Prefácio interessantíssimo (1922) e A escrava que não é Isaura (1925) foram essenciais para o movimento. Retrato de Mário de Andrade, 1927, por Lasar Segall. Óleo sobre tela, 73 × 60 cm. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) COLEÇÃO DE ARTES VISUAIS DO IEB/USP, SÃO PAULO Mário de Andrade (1893-1945) Mário de Andrade (1893-1945) COLEÇÃO PARTICULAR Mário publicou Há uma gota de sangue em cada poema (1917), Pauliceia desvairada (1922), Losango Cáqui (1926), Primeiro andar (1926), Clã do jabuti (1927), Amar, verbo intransitivo (1927), Macunaíma (1928), Remate de males (1930), e Contos novos (1946). Batizado de Macunaíma, 1956, de Tarsila do Amaral. Óleo sobre tela, 132 x 250 cm. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) Parte do espírito demolidor e irreverente da primeira fase do Modernismo pode ser atribuída a Oswald de Andrade. Além dos manifestos, Oswald publicou textos de teatro como O rei da vela (1937), romances como Memórias sentimentais de João Miramar (1924) e coletâneas de poemas como Pau-Brasil. Manifesto antropófago, de Oswald de Andrade, publicado na primeira edição da Revista de Antropofagia MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) REPRODUÇÃO Oswald de Andrade (1890-1954) Manuel Bandeira (1886-1968) Considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa, Bandeira mostrou sua face modernista em Libertinagem (1930). São marcas de sua obra a liberdade formal, simplicidade, humildade, ironia, paixão, alumbramento e dramaticidade. Publicou Estrela da manhã (1936), Lira dos cinquent’anos (1948), Belo belo (1948) e Mafuá do malungo (1954), entre outras obras. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) EXERCÍCIOS ESSENCIAIS (ITA-SP) As questões 5 e 6 referem-se ao poema de Manuel Bandeira a seguir. Profundamente Quando ontem adormeci Na noite de São João Havia alegria e rumor Estrondos de bombas luzes de Bengala Vozes cantigas e risos Ao pé das fogueiras acesas. Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô Totônio Rodrigues Tomásia Rosa No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes nem risos Apenas balões Passavam errantes Silenciosamente Apenas de vez em quando O ruído de um bonde Cortava o silêncio Como um túnel. Onde estavam todos os que há pouco Dançavam Cantavam E riam Ao pé das fogueiras acesas? – Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo Profundamente Onde estão todos eles? – Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo Profundamente. Quando eu tinha seis anos Não pude ver o fim da festa de São João Porque adormeci MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) — NO VESTIBULAR EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 5 Apesar de ser um poema modernista, esse texto de Bandeira apresenta alguns traços herdados do Romantismo. Sobre tais traços, considere as seguintes afirmações: I. O poema é marcadamente autobiográfico, já que apresenta referências à família do escritor. II. No poema, há a rememoração um tanto saudosista da infância do poeta, vista como um período de grande felicidade. III. No poema, há a presença de elementos da cultura popular – festa de São João –, que são valorizados no texto. Está(ão) correta(s): a) apenas I b) I e II c) I e III d) apenas III e) todas RESPOSTA: C MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) — NO VESTIBULAR EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 6 Esse poema, contudo, não é propriamente romântico, não só porque o autor não pertence historicamente ao Romantismo, mas, sobretudo, porque: a) o poema faz uma menção ao universo urbano (“o ruído de um bonde”), o que o afasta da preferência dos românticos pela natureza. b) as pessoas de que o poeta se lembra estão mortas (“Dormindo / Profundamente”). c) não há no poema o chamado “escapismo” romântico, nem a idealização do passado, mas sim a consciência de que este não volta mais. d) o poema não possui nenhum traço emotivo explícito, o que o afasta da poesia romântica, que é marcadamente emotiva e sentimental. e) não há, no poema de Bandeira, a presença do amor, que é um tema recorrente na poesia romântica. RESPOSTA: C MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) — NO VESTIBULAR EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 13 (Ufac) Leia a passagem da “Carta pras icamiabas” da obra Macunaíma de Mário de Andrade (cap. IX): Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas. Trinta de maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis, São Paulo. Senhoras: Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura dessa missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélida Clássica; e assim sois chamada.* * Mantida a grafia do autor. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) — NO VESTIBULAR EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 13 Considerando-se esse excerto do romance de Mário de Andrade, Macunaíma – o herói sem nenhum caráter, pode-se afirmar que: a) A linguagem utilizada no capítulo IX, em que consta a carta, é a mesma utilizada nos demais capítulos. b) A linguagem reverencia elementos linguísticos da fala portuguesa, característica referendada ideologicamente pelo movimento Modernista, do qual o autor é um dos representantes. c) A linguagem retoma aspectos discursivos e ideológicos da crônica de viagem Carta do Achamento, de Pero Vaz de Caminha. d) Inserida no interior do romance, a linguagem utilizada na “Carta pras icamiabas” reveste-se de intenções irônicas sobre o distanciamento entre a língua escrita e a língua falada. e) Inserida no interior do romance, a linguagem utilizada retoma aspectos estilísticos da estética barroca. RESPOSTA: D MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) — NO VESTIBULAR EXERCÍCIOS ESSENCIAIS (UFRRJ) Leia o texto a seguir e responda à questão 15. Máquina-de-escrever B D G Z, Remintom. Pra todas as cartas da gente. Eco mecânico. De sentimentos rápidos batidos. Pressa, muita pressa. Duma feita surrupiaram a máquina-de-escrever do meu [mano. Isso também entra na poesia Porque ele não tinha dinheiro para comprar outra. (...)* ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 4. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 70-71. Em: MAIA, João Domingues. Literatura: textos & técnicas. São Paulo: Ática, 1995. p.170. * Mantida a grafia do autor. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) — NO VESTIBULAR EXERCÍCIOS ESSENCIAIS 15 Explique por que o conteúdo dos três últimos versos do poema exemplifica a proposta modernista de dessacralização da arte. RESPOSTA: Porque a arte, para os modernistas, deveria contemplar também os elementos mais prosaicos e banais da vida. Com base nas influências que os artistas modernistas receberam das vanguardas europeias, a arte deveria admitir em sua composição a inserção de elementos que não são controlados racionalmente pelo poeta. MODERNISMO NO BRASIL (1a FASE) — NO VESTIBULAR