Trabalho Submetido para Avaliação - 25/04/2012 00:12:07 PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO: A ESCOLARIZAÇAO DE CRIANÇAS PSICÓTICAS NO ENSINO REGULAR SUZANA CARTIER LARANGEIRA ([email protected]) / PSICOLOGIA/ULBRA, SANTA MARIA-RS ORIENTADOR: LUIS HENRIQUE RAMALHO PEREIRA - PSICÓLOGO/PROFESSOR/MESTREORIENTADOR ([email protected]) / PSICOLOGIA/ULBRA, SANTA MARIA-RS Palavras-Chave: Escola,psicanálise,psicose e saber O presente estudo apresenta uma reflexão e teorização sobre a inclusão escolar, em especial a escolarização de crianças em estruturação psicótica no ensino regular. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008, p.15), os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são definidos como: “Aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses restrito, estereotipado e repetitivo, incluem-se neste grupo alunos com autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil”. Para Jerusalinsky (1999), A criança em estruturação psicótica encontra-se em uma colagem em relação ao Outro primordial, que não sofre um corte, pois a função paterna apresenta falhas. Portanto o tencionamento entre colagem e ruptura, alienação e subjetivação permanece presente e irrevogável no ambiente escolar. Por esse motivo a emergência de um olhar para construir um espaço e poder subjetivante dos diferentes discursos em circulação no campo social, na tentativa de assegurar e sustentar um lugar social para a criança, considerando a potência do discurso em torno do aluno. Pensando na prática da “inclusão escolar” a importância para uma discussão em que as estratégias e atenções especiais merecem atenção para reflexão. Crianças com graves transtornos no desenvolvimento global, sobretudo em estrutura psicótica fazem parte da realidade escolar do ensino regular. Estas crianças apresentam limitações no desenvolvimento das diversas atividades espontâneas, interações sociais, modalidades de comunicação e nos contatos afetivos interpessoais. Para Kupfer (2007) a escola poderá ser a porta de entrada para produção de sentidos, se for pensada como espaço de apostas na construção de aspectos simbólicos, lugar que opera por meio de símbolos, representações metafóricas, elementos figurados, insígnias familiares, também dos aspectos sociais. Este lugar, significante é o que dará a criança um lugar a partir do qual será possível ocorrer significação e construção de uma identidade. Então, a escola é um ambiente social capaz de provocar modificações podendo transformar e também ser transformada. “Se no tratamento psicanalítico trata-se de reconhecer significantes privilegiados no mito familiar, que possam operar um corte e ao mesmo tempo algo de uma costura, proporcionando efeitos de “inscrição”, na escolarização, a oferta de significantes da cultura como a comemoração das tradições, jogos, cantigas e brincadeiras, recursos próprios da especificidade do educador, propondo deslizamentos de sentidos, pode oferecer diferentes possibilidades de operar esse corte e costura. Tornando possível a apresentação da Lei, que de alguma forma fracassa no meio familiar em que a criança convive”. (JERUSALINSKY, 1996). Segundo Alarcão (2001), diante do mosaico subjetivo em que vivemos a escola precisaria se adaptar ao ponto de se oferecer como uma boa ouvinte das relevantes mudanças sociais do nosso século, sendo assim seria necessário criar uma escola mais plástica e ativa nas relações frente às imensas dificuldades de compreensão desses novos saberes oferecidos que são jogados com uma rapidez espantosa em nossa sociedade. Para a autora as mudanças são de ordem paradigmáticas, é necessário acima de tudo refletir sobre esta instituição que acompanha os nossos tempos, adotando uma atitude dialógica e, portanto, crítica frente esses desafios.O tipo de escola que garantirá a melhor forma de aprendizagem para criança irá depender dos pontos de referência que mobilizam seu desejo de aprender, sua curiosidade.Como aponta a pesquisadora Kupfer (2007), Educação Terapêutica constitui-se em um conjunto de práticas interdisciplinares de tratamento com especial ênfase nas práticas educacionais, visando à retomada do desenvolvimento global da criança ou à sustentação do mínimo de sujeito que uma criança possa a ter construído. A escola estará oportunizando a representação de um lugar e tempo. Um espaço para construção de laços sociais, que poderá produzir um aumento da capacidade de circulação social. A partir da análise bibliográfica à luz da teoria psicanalítica, sobre a inclusão escolar de crianças em estrutura psicótica na escola, a emergência de um olhar reflexivo e de escuta sobre esta instituição, adotar uma atitude dialógica, portanto crítica, frente os desafios aí enfrentados. As escolas estão gerando conhecimento sobre si? Esse conhecimento é capaz de gerar um movimento crítico das hiâncias sociais que nos deparamos diariamente? Que escola temos hoje, qual sua eficácia na formação de sujeitos?A escola está sendo um espaço que marca e referenda insígnias subjetivas capazes de suportar a desorganização que a criança traz em sua constituição psíquica? REFERÊNCIAS: ALARCÃO, Isabel. ; Escola reflexiva e Nova racionalidade.; -; -; -; 2001.. JERUSALINSKY, A. ; A escolarização de crianças psicóticas. Psicanálise e desenvolvimento infantil: Um enfoque transdisciplinar. ; -; -; 126-154.; 1999.. KUPFER, M. C. ; Educação para o Futuro: psicanálise e educação. ; -; -; -; 2007..