Capítulo 8 Gráficos de controle para variáveis mensuráveis 8.1 Introdução 8.2 Gráfico de controle para médias 8.3 Gráficos de controle para variabilidade: os gráficos R eS 8.4 Gráficos de controle Xi individual e a amplitude móvel (AM) 8.5 Exemplo: Qualidade em ação – gráficos de controle na administração 8.6 Questões para discussão e exercícios 8.7 Referências 1 8.1 Introdução O gráfico de controle mais utilizado hoje em dia e por sinal o primeiro gráfico de controle lançado por Shewhart na década de 1920 é o gráfico para variáveis mensuráveis. X O plano de amostragem, para produzir as mensurações que dão origem aos cálculos dos limites de controle e o monitoramento do processo, consiste em subgrupos pequenos (até 9 elementos é tamanho típico) e regularmente tirados dentro do processo por exemplo hora em hora. Embora os lotes de centenas ou milhares de itens são muito maiores que os subgrupos, a utilização do gráfico de controle tem sido mostrado muito eficiente para monitorar o processo e melhorar o resultado numa maneira contínua e permanente. 2 8.2 Gráfico de controle X para médias • Na linha de produção de ração animal da Empresa Mi-Au, sempre houve um problema no momento do enchimento do pacote de um quilo. • A clientela reclamava muito sobre os pacotes com menos ração, e eventualmente a empresa perdia clientes. • Em determinado dia, caíram os pacotes de ração nas garras dos fiscais e encontraram vários pacotes com muito menos que um quilo de ração resultando em multas pesadas e desconfiança sobre a qualidade. 3 Tabela 8.1 – Mensurações em gramas de 25 amostras horárias de tamanho 5. ELEMENTOS DA AMOSTRA 1 2 3 4 5 ELEMENTOS DA AMOSTRA 1 2 3 4 5 ELEMENTOS DA AMOSTRA 1 2 3 4 5 ELEMENTOS DA AMOSTRA 1 2 3 4 5 ELEMENTOS DA AMOSTRA 1 2 3 4 5 1 1006 1005 1006,04 1032,35 1011,35 6 1021 1023,78 1020 1046,87 1009,24 11 1003 1031,54 1017,65 979,96 1013,52 16 1038,32 1013,77 1009,32 998,27 980,34 21 992,37 962,4 1019,46 1059,09 1045,39 AMOSTRA HORA EM HORA 2 3 4 1009,69 1033,68 1051,89 1000 1001 1031 985,31 1000 1027 1001 1016,9 1026,36 987,81 1033,01 1005,77 7 8 9 981,37 987,4 1030,14 1010,28 994,03 1034,07 990,56 990,67 973,01 990,46 1025,03 994,89 954,43 1048,18 973,62 12 13 14 999 1015,25 978,48 1039,08 1020 995,55 1034 1010 989,48 1001 1006,9 1006,95 999,11 1011,67 1002,07 17 18 19 1050 1040,13 1000,13 1001,73 1025,99 1018,76 1045 985,04 996,8 1023,59 1000 1056,75 1036 1011 1024,6 22 23 24 993,8 988,47 1049,23 1003,28 984,03 1035,78 1005,36 982,06 999 1022,28 988,64 1011 971,96 978,32 1008,32 5 963,31 993,69 1022,02 990,05 968,85 10 1024,88 967,38 1018,81 984 1035,11 15 1021,71 1026 1065,55 1050 1041,78 20 975,07 1036,42 1020,49 1012,66 1003,89 25 1028,27 997,39 1038,43 1017,86 987,317 4 Figura 8.1 – Todas as 125 (5*25) mensurações de pacotes de ração. 1080 1060 1040 1020 gramas 1000 980 960 940 5 Gráfico de controle - cálculos • É muito comum na indústria utilizar o desvio padrão calculado com a média das amplitudes e o coeficiente d2 da primeira coluna de coeficientes da tabela 2.3. • desvio padrão do processo = • Como já foi visto no capítulo 2, o desvio padrão para se converter em erro padrão é dividido pelo √n (raiz quadrado de n), onde n é o tamanho da amostra. Então • erro padrão = R d2 R /√n. Veja tabela 2.3 d2 6 Tabela 2.3 - Coeficientes de Shewhart para os gráficos de controle Tamanho da amostra = n n= d2 B3 B4 2 1,128 0 3,267 3 1,693 0 2,568 4 2,059 0 2,266 5 2,326 0 2,089 6 2,534 0,03 1,97 7 2,704 0,118 1,882 8 2,847 0,185 1,815 9 2,970 0,239 1,761 10 3,078 0,284 1,716 11 3,173 0,321 1,679 12 3,258 0,354 1,646 13 3,336 0,382 1,618 14 3,407 0,406 1,594 15 3,472 0,428 1,572 20 3,735 0,51 1,49 25 3,931 0,565 1,435 D3 (R) 0 0 0 0 0 0,076 0,136 0,184 0,223 0,256 0,284 0,308 0,329 0,348 0,414 0,459 D4 (R) 3,267 2,575 2,282 2,115 2,004 1,924 1,864 1,816 1,777 1,744 1,716 1,692 1,671 1,652 1,586 1,541 A2 ( X ) 1,880 1,023 0,729 0,577 0,483 0,419 0,373 0,337 0,308 0,285 0,266 0,249 0,235 0,223 0,180 0,153 7 continuação: Gráfico de controle cálculos • Os limites de controle então são 3 erros padrão acima e abaixo da média ou alvo do processo. Na tabela 2.3, a última coluna é A2. Esses coeficientes, os quais se modificam com o tamanho n dos subgrupos, transforma média das amplitudes ( ) em três erros padrão: R • R d2 σ 3 3 n n • • • • A2R A utilização do coeficiente A2 facilita muito o cálculo dos limites de controle para o próprio operador no chão da fábrica. Ainda assim com fábricas totalmente informatizadas, os coeficientes do Shewhart sobrevivem como a base dos cálculos de variabilidade em software avançado. Portanto, os limites de controle são: LCS X A2 R E a linha central é LCI X A2 R X 8 X Tabela 8.2 – Médias e amplitudes dos subgrupos MÉDIA DO SUBGRUPO AMPLITUDE DO SUBGRUPO 1 1012,15 27,35 6 1024,18 37,62 11 1009,13 51,58 16 1008 57,98 21 1015,74 96,69 MÉDIA TOTAL MÉDIA DAS AMPLITUDES 1010,17 47,67 MÉDIA DO SUBGRUPO AMPLITUDE DO SUBGRUPO MÉDIA DO SUBGRUPO AMPLITUDE DO SUBGRUPO MÉDIA DO SUBGRUPO AMPLITUDE DO SUBGRUPO MÉDIA DO SUBGRUPO AMPLITUDE DO SUBGRUPO 2 996,76 24,37 7 985,42 55,85 12 1014,43 40,08 17 1031,26 48,26 22 999,34 50,31 3 1016,92 33,68 8 1009,06 60,77 13 1012,76 13,09 18 1012,43 55,09 23 984,3 10,31 4 1028,4 46,11 9 1001,15 61,06 14 994,51 28,47 19 1019,41 59,95 24 1020,66 50,23 5 987,58 58,7 10 1006,04 67,72 15 1041,01 43,83 20 1009,71 61,34 25 1013,85 51,11 9 Figura 8.2 - O gráfico de controle Veja os dados da Tabela 8.2 10 Tabela 8.3 – Médias e amplitudes dos subgrupos após eliminação do subgrupo 15 1 MÉDIA DO SUBGRUPO 1012,15 AMPLITUDE DO SUBGRUPO 27,35 6 MÉDIA DO SUBGRUPO 1024,18 AMPLITUDE DO SUBGRUPO 37,62 11 2 3 4 996,76 1016,92 1028,4 24,37 33,68 46,11 7 8 9 985,42 1009,06 1001,15 55,85 60,77 61,06 12 13 14 5 987,58 58,7 10 1006,04 67,72 15 MÉDIA DO SUBGRUPO 1009,13 1014,43 1012,76 994,51 eliminado AMPLITUDE DO SUBGRUPO 51,58 40,08 13,09 28,47 eliminado 16 17 18 19 20 MÉDIA DO SUBGRUPO 1008 1031,26 1012,43 1019,41 1009,71 AMPLITUDE DO SUBGRUPO 57,98 48,26 55,09 59,95 61,34 21 22 23 24 25 MÉDIA DO SUBGRUPO 1015,74 999,34 984,3 1020,66 1013,85 AMPLITUDE DO SUBGRUPO 96,69 50,31 10,31 50,23 51,11 MÉDIA TOTAL X MÉDIA DAS AMPLITUDES 1008,83 47,24 11 Figura 8.3 – Gráfica de controle das amplitudes R 120 Amplitudes dosSubgrupos 100 80 60 40 20 0 0 5 10 15 20 25 Subgrupo 12 Atualizações • Gráficos de controle devem ser atualizados periodicamente, uma vez por mês é muito comum, e novos limites calculados. • No entanto, jamais utilizarão nas atualizações os subgrupos que estavam sob a influência comprovada de causas especiais. • Esses dados devem ser arquivados longe dos gráficos de controle, mas lembrados como parte da história das melhorias e outras conquistas da empresa. 13 8.3 Gráficos de controle para variabilidade: os gráficos R e S O gráfico das amplitudes (R) é o mais comum. ( • LCS = D4* R A média das amplitudes Linha no meio = R R ) LCI = D3* R é a linha central do gráfico e os limites de controle a 3 desvios padrão da média são calculados usando os coeficientes D4 e D3: onde D4 e D3 são coeficientes da tabela 2.3 os quais convertem a média das amplitudes em limites de controle. Veja figura 8.3. Nesse caso, o valor de LCS é 100,58 (= 2,115*47,67) e do LCI é 0 (pois D3 é 0). Nenhum ponto está fora dos limites de controle e, conseqüentemente, o gerente deve sentir tranqüilo que nenhuma causa especial está influenciando o processo. Claro que tem um ponto próximo ao limite 14 Figura 8.3 – Gráfica de controle das amplitudes R 120 Amplitudes dosSubgrupos 100 80 60 40 20 0 0 5 10 15 20 25 Subgrupo 15 Gráfico de controle dos desvios padrão S S O valor de S é a média de X i X 2 n 1 todos os desvios padrão de todos os subgrupos. LSC = B4*S Linha no meio = S LIC = B3* S 16 Tabela 8.4 – Desvios padrão para cada subgrupo DESVIO PADRÃO DESVIO PADRÃO DESVIO PADRÃO DESVIO PADRÃO DESVIO PADRÃO MÉDIA DOS DESVIOS PADRÃO S 1 11,56 6 13,84 11 19,25 16 21,30 21 39,25 2 10,09 7 20,29 12 20,27 17 19,32 22 18,43 3 16,43 8 26,55 13 5,04 18 21,55 23 4,39 4 16,41 9 29,64 14 11,13 19 24,00 24 20,97 5 23,29 10 28,91 15 17,90 20 22,76 25 21,23 19,35 17 Figura 8.4 – Gráfico de controle dos desvios padrão S 45,00 40,00 d e s v i o p a d r ã o 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 1 5 10 21 25 subgrupo 18 8.4 Gráficos de controle Xi individual e a amplitude móvel (AM) • O gráfico individual é utilizado quando os subgrupos têm apenas um elemento como acontece regularmente na indústria química e alimentar. • O problema aqui é como definir a variabilidade e calcular a amplitude quando o subgrupo tem apenas um elemento. No final, a variabilidade de um único número é zero. • A solução desse problema é de trabalhar com uma amplitude móvel. Na tabela 8.5, foi colocada uma seqüência de temperaturas de uma composição química. 19 Tabela 8.5 – Temperaturas em graus Celsius de uma composição química. Número 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Média Dados 95,43 99,85 100,09 101,73 102,18 98,37 101,21 96,26 98,90 96,92 95,70 95,05 97,81 97,84 103,09 95,18 97,61 97,22 101,78 103,32 102,03 104,02 98,68 98,38 99,11 Amplitude Móvel 4,42 0,24 1,65 0,45 3,81 2,84 4,96 2,64 1,98 1,23 0,65 2,76 0,03 5,25 7,91 2,42 0,39 4,56 1,54 1,29 1,98 5,34 0,30 2,55 20 Cálculos para os Gráficos de controle Xi individual • O gráfico de controle terá linha central igual a 99,11, a média da coluna das mensurações, e limites de controle são calculados com o coeficiente de Shewhart, d2 = 1,128 para n = 2 (Veja tabela 2.3). • O limite de controle superior LSC é LSC = 105,89 ( = 99,11 + 3*2,55/1,128), e o limite de controle inferior LIC é LIC = 92,328 ( = 99,11 - 3*2,55/1,128). • Nenhum dado da tabela 8.5 está fora dos limites de controle, assim o processo está sofrendo apenas causas comuns. Veja o gráfico de controle na figura 8.5. 21 Figura 8.5 – Gráfico de controle para valores individuais 22 8.7 Referências • Monteiro, M. (2006). Coordenação. Gestão da Qualidade, Teoria e Casos, Editora Elsevier/Campus. • Samohyl R. W. (2006), Capítulo 9 de “Controle Estatístico de Processo e Ferramentas da Qualidade”, em Livro texto da coordenação de Marly Monteiro, Gestão da Qualidade, Teoria e Casos, Editora Elsevier/Campus. • • Shewhart, W. (1931). Economic control of quality of manufactured product. New York: D. Van Nostrand Company. pp. 501 23