UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
“A FAMÍLIA COMO AGENTE EDUCACIONAL”
POR: WANIA MACHADO DE OLIVEIRA
ORIENTADOR: PROFESSOR ANTÔNIO FERNANDO VIEIRA NEY
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO/2002
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
“A FAMÍLIA COMO AGENTE EDUCACIONAL”
POR: WANIA MACHADO DE OLIVEIRA
Trabalho Monográfico , apresentado como requisito
parcial para obtenção do Grau de Especialista em
Terapia de Família
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO/2002
Este trabalho é dedicado ao meu pai que
enquanto viveu, me incentivou, me estimulou,
me patrocinou e me ensinou a acreditar que a
minha esperança não seria frustrada.
Por tudo e muito mais, obrigado pai!
AGRADECIMENTOS
A Deus Autor e Consumador da minha fé.
Sem ele eu nada seria.
As minhas irmãs Marilene e Simone por
estarem sempre ao meu lado acreditando
comigo.
A amiga mais chegada que uma irmã
Cristiane, por subir montanhas e descer vales
comigo sem nunca esmorecer.
A amiga Ana Lúcia que me apresentou o
projeto “A vez do Mestre” possibilitando-me
mais essa conquista.
A todos que acreditam na
família
como suporte de uma sociedade sadia.
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................ 06
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 07
CAPÍTULO I: A FAMÍLIA COMO REALIDADE HISTÓRICA ................................ 09
CAPÍTULO II: A FAMILIA E A EDUCAÇÃO ............................................................ 13
2.1 – Família x Escola ............................................................................................ 16
2.2 – Indisciplina: É preciso dizer não ................................................................... 18
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 22
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RESUMO
É a constelação familiar o laboratório mais adequado para
forjar a matriz da identidade. É nela que se estabelece um sistema de laços emocionais
responsáveis pela formação da estrutura psicológica de cada ser, constituindo a base do
comportamento, das noções, dos direitos e deveres e definindo ainda os modos pelos quais
se lida com afetos e emoções.
A família é, pois, a grande agência educadora e os pais são os
responsáveis para oferecerem orientação, apoio e responsabilidade aos filhos, através de
seus modelos de conduta.
Aliados, família e escola, muito podem contribuir para a
promoção do indivíduo cidadão.
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INTRODUÇÃO
A família não é algo cuja origem seja acidental, ela é um
conceito divino que propõe apoio mútuo, consciência social, bem estar, interação, troca,
aperfeiçoamento pessoal e união.
A família é uma instituição que tem como dever o
compromisso de administrar a convivência das pessoas que agrega.
Na verdade, tão forte é a influência da família sobre a
sociedade, que essa entra em decadência logo que se enfraquece a organização doméstica.
Afinal, uma sociedade é o que são suas famílias.
É a família que modela e programa o comportamento e o
sentido de identidade da criança. É portanto, na família que tomamos consciência de nossa
primeira identidade social.
Uma família bem estruturada ensina-nos, desde pequenos, a
usar nosso recursos internos e nossa energia da melhor forma possível. Assim como,
mudanças no contexto familiar criam poderosas mudanças nas pessoas e em seus
problemas.
Nas últimas décadas, entretanto, a família tem delegado a
escola uma tarefa que é sua, a de formar cidadãos. Valores como respeito,
responsabilidade, auto estima, solidariedade, partilha, dignidade, estão gravemente
ameaçados porque como já afirmamos anteriormente, a família tem delegado à escola a
tarefa de resgatar estes e outros valores humanos mas esquece que ela é a principal
responsável pela formação humana. É preciso que haja uma cumplicidade entre família e
escola, que haja uma soma e não o atropelamento de uma pela outra.
Finalizo tratando de uma questão que vem crescendo no seio
da família; a questão da indisciplina que, se tem agravado pela dificuldade de muitos
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pais em estabelecer limites. É preciso dizer não! Estabelecer regras é também um ato de
amor. É na socialização familiar que se aprende a ter saúde social.
O estudo foi desenvolvido através de uma abordagem no
modelo de pesquisa bibliográfica-teórica. Embora não tenha a finalidade de estabelecer
soluções práticas para tal problema, o trabalho pretende colaborar a partir de uma reflexão
teórico prática para o campo de atuação na promoção de saúde familiar.
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CAPÍTULO I
A FAMÍLIA COMO REALIDADE HISTÓRICA
Um dos temas mais atuais e mais controvertidos da moderna
ciência social é o da Família como instituição em possível decadência ou desagregação.
Pelos jornais, rádio e televisão, nos congressos e nas catedrais, nos púlpitos e nas
conversas informais, constantemente, debate-se até que ponto a sociedade moderna está
contribuindo para a dissolução da família.
“A família humana surge a partir de um momento na História em
que
determinadas condições culturais (incluindo fatores
econômicos e políticos) se fizeram presentes e, desde então, ela
vem respondendo, tanto em sua estrutura quanto em seu
funcionamento, às condições concretas do meio que a contém. Isto
significa que não se pode falar, a rigor, em família em termos
absolutos, isto é, sem adjetivação, a não ser em sentido genérico,
com limitado valor operacional. Assim, podemos reservar o termo
família, como abstração, a um tipo específico de instituição social
que pode ser definida como uma associação mais ou menos
permanentede marido e mulher, com ou sem filhos.”(TOSCANO,
1994, p.88)
Este é o nosso modelo, que desde criança vemos nos livros
escolares, nos filmes, na televisão, mesmo que em nossa própria casa vivamos um esquema
diverso.
As famílias, apesar de todos os seus momentos de crise e
evolução, manifestam até hoje uma grande capacidade de sobrevivência e também por que
não dizê-lo, de adaptação, uma vez que ela subsiste sob múltiplas formas. “Jamais
encontramos através da História uma sociedade que tenha vivido à margem de alguma noção de família. Isto
é, de alguma forma de relação institucional entre pessoas de mesmo sangue.”(PRADO, 1994, p.8)
A família, portanto, funciona como unidade na vida
econômica do grupo; proporciona uma base para o estado social dos seus membros; é a
fonte de transmissão de cultura da comunidade de uma para outra geração; é o agente
primordial na formação da personalidade; e é, por fim, o núcleo social primário, base de
todo desenvolvimento da vida em comum.
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O tipo de estrutura familiar dominante influi muito nos
princípios das diversas instituições da comunidade. Se a família é a unidade social
principal e constitui um corpo compacto de membros cujos interesses individuais se
fundem com os do grupo familiar, as instituições existentes na comunidade tendem a
funcionar na base de interesses mútuos de grupos familiares. Em troca, se cada membro
representa por si só uma unidade independente, que não junta seus interesses particulares
com os do grupo familiar, as instituições tendem a funcionar, geralmente, como serviços
coletivos com grupos diferenciados por sexo, idade e interesses comum.
A família é, em essência, a união de duas ou mais pessoas,
ligadas por laços de parentesco, caracterizada pelos contatos íntimos e diretos face-a-face
de seus membros. Existem três tipos de parentesco:
a) Consangüíneo – que reconhece os laços de sangue (filhos, netos, primos, tios ...)
b) Ético-religioso – cônjuges, afilhados.
c) Civil-Jurídico – filho adotivo, esposo, esposa, sogro, sogra, genro, nora.
Apesar de a família ser um grupo social básico da sociedade,
ela apresenta peculiaridades na maneira pela qual se constitui e se estrutura em seus grupos
familiares.
O centro da família pode ser o casal e seus filhos (família
conjugal) ou os irmãos (família consangüínea).
Há ainda outro tipo de família, a grande família patriarcal,
grupo numeroso, constituído por todos os descendentes de um patriarca (filhos filhas,
noras, genros, netos, bisnetos ...), abrangendo até os agregados, os dependentes e os
escravos desse pater famílias.
Para a estabilidade social, a família consangüínea parece daí
melhores resultados, pois não se altera substancialmente com a morte ou retirada de um de
seus membros.
A família conjugal, ao contrário, fica seriamente prejudicada pelo
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pelo falecimento de um dos cônjuges ou pela separação. A herança dos bens da família não
afeta a família consangüínea, depositária permanente do patrimônio familiar. Já o sistema
de herança da família conjugal, ou leva à divisão dos bens pelos filhos, fragmentando o
patrimônio, ou implica na passagem dos bens ao filho mais velho, criando uma situação
injusta e odiosa. Também é mais fácil o ajustamento psicológico de pessoas do mesmo
sangue, do que a compreensão entre duas pessoas que somente passam a conviver apartir
de certa idade.
Quanto ao número de cônjuges, de acordo com a cultura
sociológica, a família pode ser monogâmica ou poligâmica. Um homem casado com uma
só mulher ou vice-versa constitui o casamento monogâmico. Um homem casado com
várias mulheres ou uma mulher unida a vários homens forma uma família poligâmica. No
primeiro caso, temos a poliginia, bem mais freqüente, e no último
poliandria, aliás
bastante rara.
Se o filho herda o nome da mãe, a família é matronímica e a
descendência matrilinear. No caso do filho herdar o nome do pai, o sistema é patronímico e
patrilinear. Há grupos, ainda, em que a descendência é bilinear (do pai e da mãe).
Em certos grupos, a família é tão numerosa, incluindo todas
as pessoas que têm uma ascendência comum ou julgam tê-la, que forma um grupo
denominado SIB ou Clã. Tais famílias apresentam dois princípios essenciais: descendência
unilinear (isto é apenas matri ou patrilinear) e exogamia. A família exogâmica é aquela que
exige que o cônjuge não pertença ao grupo familiar, seja este do tipo conjugal ou
consangüíneo. Há ainda, a família endogâmica que, ao inverso da exogâmica, o casamento
só é permitido entre pessoas do próprio grupo familiar.
O papel que a família tem desempenhado, ou desempenha
hoje em dia é uma decorrência de suas funções. Estas tem variado através dos séculos
com as transformações sofridas pela sociedade. Entre as funções de maior relevância e
mais comuns temos as seguintes:
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Função Biológica – relacionada com a função da espécie;
Função Socializadora – referente a transmissão de herança social e cultural através da
educação dos filhos;
Função Social – que diz respeito ao papel da família como fator determinante do
status inicial do indivíduo (criança). Ela participa do status de sua família até que seja
capaz de conquistar outro status;
Função Assistencial – mediante a proteção que dá a seus membros contra injúrias
físicas ou
morais
e os cuidados que lhes dispensa na infância, nas doenças, nos
infortúnios e na velhice;
Funções Econômicas – exercidas atualmente mais no setor de consumo é mais comum
na civilização do século XX do que a família como grupo de produção que era a norma em
sociedades primitivas e em muitas civilizações do passado;
Funções Recreativas – religiosas e políticas – que estão desaparecendo mas perduram
em alguns grupos culturais.
As diferenças no grau de estabilidade entre a família do
passado e a de hoje, em nossa sociedade, podem ser explicadas pela diminuição do espírito
religioso, pelo incremento do individualismo, pelas alterações da vida econômica, pela
emancipação da mulher e trabalho feminino fora do lar, pela constituição de grandes
fortunas, pelo progresso da ciência, pela inquietude social dos nossos dias, pela instalação
da família em habitações coletivas, pela aglomeração humana das grandes cidades, pelos
casamentos tardios e pelo decréscimo do número de filhos.
O grupo familiar, seja qual for a estrutura, é o grupo de maior
significação para a vida social de uma comunidade.
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CAPÍTULO II
A FAMÍLIA E A EDUCAÇÃO
As funções básicas da família estão de tal modo identificadas
com a educação que não se pode tratar de uma, sem referir-se à outra. É pacífico que a
ação socializadora da família exerce um papel destacado na formação da personalidade dos
jovens e que tal ação ainda é mais decisiva na primeira infância. Para muitos psicólogos, o
processo de socialização da criança inicia-se já no período de aleitamento; outros vão mais
longe e chegam a vê-lo a partir da vida intra-uterina. Hoje, já se pode afirmar, com relativa
segurança, que o quadro físico e psíquico, dentro do qual se desenrolam a gravidez, o parto
e os primeiros meses de vida da criança, tem uma grande influência sobre a sua
organização psicoemocional, embora ainda
não se possa definir com precisão ou
segurança até onde vai esta influência e como atua especificamente.
“Os primeiros meses e logo os primeiros anos de vida são
importantíssimos na formação de atitudes e de hábitos,
principalmente de caráter social. A velha concepção de que “a
criança não entende nada”, “não sabe o que quer”, “não tem
consciência do que se passa a sua volta”, está superada.”
(TOSCANO, 1994, p.93)
Como principal agente da socialização, a família reproduz
padrões culturais no indivíduo. Não só confere normas éticas, proporcionando à criança
sua primeira instrução sobre regras sociais predominantes, mas também molda
profundamente seu caráter utilizando vias das quais nem sempre ela tem consciência. A
família inculta modos de pensar e de atuar que se transformam em hábitos. Devido a sua
enorme influência emocional, afeta toda a experiência anterior da criança.
A união de amor e disciplina nas mesmas pessoas, mãe e pai,
cria um ambiente fortemente carregado, no qual a criança aprende lições que nunca
esquecerá. Desenvolve uma predisposição inconsciente para agir de determinada maneira e
recriar mais tarde, em suas relações com seres queridos e autoridades, suas primeiras
experiências. Em primeiro lugar, os pais encarnam o amor e o poder, e cada um dos
seus atos transmite a criança de forma totalmente independente de suas intenções
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manifestas, os preceitos e as obrigações mediante os quais a sociedade trata de organizar a
experiência.
“Se a reprodução da cultura fosse apenas uma questão de
disciplina e instrução formais poderia ser deixada a cargo das
escolas. Mas também é necessário que a
cultura
esteja
incrustada na personalidade. A socialização faz com que o
indivíduo queira fazer o que deve fazer e a família é o agente
ao qual a sociedade confia essa tarefa complexa e delicada.”
(LASCH, 1993, p.25)
Como se vê a família molda vidas. A pergunta é, porém: é
este modelamento positivo ou negativo? É feito por planejamento ou omissão?
As diferenças nos filhos criados por planejamento ao invés de
por omissão demonstram que grande parte da personalidade e do bem-estar emocional do
indivíduo se forma no ambiente familiar feliz. Isto é especialmente verdade com relação
aos primeiros anos de vida da criança, mas também se aplica a todas até o fim da vida.
“ Muitas coisas importantes na vida se baseiam no
estabelecimento e na manutenção de uma vida familiar
vigorosa. A família é uma unidade em que a todos deve ser
permitido crescer. Cada pessoa tem necessidades que só a
família pode suprir. Se estas não forem preenchidas, resta
um vazio. Neste caso, instalam-se deficiências que causam
infelicidade indizível e desnecessária.”(IRWIN, 1999, p.11)
Sendo assim, quais são algumas das maiores conseqüências
de não se edificar bem uma família? Uma das mais óbvias é a quebra e desintegração
gradativa de tantos lares. Vemos isso no galopante índice de separações e divórcios, no alto
número de crianças e adolescentes que fogem de casa, e em outros problemas gigantescos
tais como o abuso de drogas e alcoolismo entre os jovens.
Nenhum desses ataques à família constitui elogio a nossa
cultura, porém, o mais triste é que a maioria dos esforços da sociedade para ajudar a
família acontecem depois do fato consumado. Muito do tratamento se resume em resolver
problemas que a própria sociedade criou. É lamentável pois as pessoas são o recurso
natural de mais alto valor. Portanto, em todos os setores da vida, temos de considerar com
máxima seriedade a família, dispostos a investir mais esforço para estabelecer e manter
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lares bem ajustados.
Urge que a sociedade se esforce na prevenção da destruição
dos lares. Preparar as pessoas para a vida em família é menos dispendioso do que tratar os
problemas da desintegração.É uma sociedade míope que só reage depois que os problemas
acontecem.
Embora a medicação preventiva seja difícil de vencer, é bem
mais barata e menos dolorosa.
“Não é exagero dizer que a nossa sociedade produz crianças não
desejadas, desamadas e indisciplinadas. Em grande parte os pais
não preparam as crianças para enfrentar a vida e edificar famílias
adequadas. Tais deficiências aparecem de muitas formas em
milhares de lugares, e este modelo se repete até à segunda, terceira
e quarta gerações multiplicando a miséria humana muito acima dos
limites toleráveis.” (IRWIN, 1990, p.15)
Entretanto, o oposto ocorre quando uma família é bem
estruturada emocionalmente, características como: segurança emocional, autoconfiança,
autoconsciência,
auto-imagem
saudável,
identidade
equilibrada,
confiabilidade,
comunicabilidade, capacidade de amar e perdoar, respeito para com o próximo e senso de
responsabilidade são os frutos de uma base familiar sólida e estruturada.
Vale ressaltar ainda, que a, formação da personalidade e o
bem estar emocional representam apenas dois aspectos do potencial da família. Outras
áreas de influência para o desenvolvimento saudável incluem maturidade física, o processo
de vida em sociedade e crescimento espiritual.
Tais características e habilidades podem ser aprendidas em
outros lugares. A igreja, a escola, grupos da mesma faixa etária e a sociedade em geral têm,
cada qual, sua influência. Porém, não existe melhor lugar para o desenvolvimento destas
Forças do que na família. Assim, temos de fazer dela o lugar de aprendizado mais forte e
de efeito mais duradouro que encontremos. “A idéia de família e tão boa e sua necessidade tão
grande que se Deus não a tivesse estabelecido e planejado, as pessoas teriam de inventá-la.” (IRWIN, 1990,
P.17)
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Pai e mãe são quem preparam os filhos para a vida adulta e o
modo como são preparados afetará muitas áreas da vida da criança. Embora a
hereditariedade tenha efeito sobre a personalidade, o ambiente em que cresce uma criança
é bem mais influente. grande parte da personalidade da criança é moldada por técnicas
efetivas da parte dos pais.
“Uma forte identidade, uma
auto-imagem saudável,
sentimentos positivos de valor e autoconsciência, o contato com
seu interior, são coisas que toda criança precisa desenvolver.
Deste modo os pais têm a oportunidade de moldar
a
personalidade e o estilo de vida de seus filhos.” (IRWIN, 1999,
p.79)
Temos de admitir, entretanto, que muitas forças que operam
em nossa sociedade afetam o desenvolvimento total do ser humano, e não podemos
controlar grande parte dessas pressões externas. Mas esta é mais uma razão para que os
pais sejam firmes tanto no processo quanto na prática da paternidade. O produto final é que
deporá a favor ou contra.
A sociedade forçosamente terá de viver com o fruto do
método dos pais; os valores e o estilo de vida deste produto tornam-se o molde para a
próxima geração. Portanto, os pais têm de ser artesãos exímios. Elevemos ao mais alto
nível a posição dos pais na sociedade não apenas como genitores, mas também como
educadores dos filhos.
2.1. FAMÍLIA X ESCOLA
Nas últimas décadas, a escola vem assumindo praticamente
sozinha um papel que, em princípio não deveria ser só seu: o de educar seus alunos para a
cidadania. Essa carga foi sendo despejada sobre a instituição por uma série de motivos. A
sociedade mudou, valores éticos se transformaram e muitos pais ficaram inseguros com
relação à formação dos filhos.
“Quando se discute, por exemplo, a quem cabe a tarefa de
educar, se à escola ou à família, entra-se num jogo de
empurra da responsabilidade sobre os mal-educados. A
família cobra que a educação seja dada pela escola, enquanto esta
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diz que deve vir do berço.” (TIBA, 1998, p.27)
A educação não começa na escola. Ela começa muito antes e
é influenciada por muitos fatores. Ao longo do seu desenvolvimento físico e intelectual a
criança passa por várias fases nas quais a escola da vida, isto é, o ambiente familiar, as
condições sócio-econômicas da família, o lugar onde se mora, o acesso a meios
de informação, têm uma importância muito grande. Os primeiros anos são decisivos:
estudos demonstram que a criança tem sua estrutura básica de personalidade definida até
os dois anos de idade, muito antes, portanto, do período da escola obrigatória.
Nas gerações passadas as crianças só chegavam à escola aos
seis, sete anos de idade. As mães raramente trabalhavam fora de casa e os pais, embora
ocupados, permaneciam mais com a família. Assim, a criança tinha muito convivência
familiar e a escola cumpria a sua tarefa fornecendo uma educação complementar.
Hoje, não! A mãe trabalha fora, ausentando-se de casa por
muitas horas, e, com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o pai tem menos
tempo para dedicar à educação dos filhos. Como as crianças não tem com quem ficar em
casa, porque a grande família também se diluiu, estão sendo colocadas em escolas ainda
em tempos de educação familiar. Assim, muitas crianças estão indo a escola para ser
educadas e algumas, para ser criadas.
“A consciência de que a fase decisiva é a que antecede a
escola obrigatória tem levado um número crescente de
estudiosos a propor que a criança seja atendida mais cedo,
com única solução para compensar as desvantagens que
atingem as crianças mais pobres, dando-lhes melhores chances
de sucesso quando mais tarde entrarem na escola.” (CECCON,
1999, p.87)
Durante esse período é importante que a criança seja seguida
de perto e estimulada a desenvolver suas potencialidades. É também nesse período
que uma alimentação equilibrada e sadia é necessária para construir uma base sólida sobre
a qual a criança vai se desenvolver futuramente.
É preciso que haja uma soma entre escola e família e não um
atropelamento de uma parte pela outra. O compromisso deve ser de todos. O que for válido
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na escola tem que ser válido em casa.
Uma família que só exige da escola sem contribuir em nada
para a saúde social do aluno está educacionalmente aleijada.
“A sociedade é formada por pessoas que se relacionam entre si.
Relacionamentos mais íntimos desenvolvem vínculos afetivos,
de atração ou repulsão. Podemos ter idéias diferentes, culturas
desiguais, defender posições políticas antagônicas, mas somos
todos seres humanos.”(TIBA, 1998, p.166)
O desenvolvimento das crianças será melhor à medida que
ocorrer cooperação entre família e a escola. O diálogo constante e o apoio mútuo permitem
a troca produtiva das características que diferenciam uma e outra. Assim, o afeto familiar é
levado e a metodologia do trabalho educacional passa a influir mais incisivamente em casa.
As práticas familiares aliadas ao trabalho na escola criam
outras possibilidades de comunicação nas quais todos aprendem, reavaliando valores e
vivenciando novas experiências comunitárias.
O aluno, visto em sua individualidade, reconhecido a partir
de sua socialização primária, familiar, pode desenvolver melhor sua autonomia. Isso
significa maior auto-estima, maior crença em suas convicções mais forças para lutar pelo
que deseja junto as pessoas e grupos com os quais mantém vínculos afetivos e idéias
comuns.
2.2. INDISCIPLINA: É PRECISO DIZER NÃO!
“Os pais de tanto querer agradar e poupar os filhos, não
desenvolvem neles limites, disciplina e responsabilidade. São os
erros de amor dos pais que acabam aleijando os filhos.” (TIBA,
1998, p.160)
Abalados pela crise ética, os pais de hoje não impõem limites
às crianças e não ensinam o que é certo e o que é errado.
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Muitos por pagar uma escola, acham que esta é responsável
pela educação de seus filhos. Quando a escola reclama de maus comportamentos ou das
indisciplinas do aluno, os pais jogam a responsabilidade sobre a própria escola.
Pais e filhos só se entendem porque reclamam da mesma
escola. Os pais, no entanto, estão sendo coniventes com a má educação dos filhos e não
pensam que o filho é para sempre, mas o aluno freqüenta a escola por um período e
depois dela se afasta. Todos os pais querem respeitar a individualidade de cada filho e
basta pensar um pouco para perceber que não há condições, dentro de uma escola de o
aluno receber atenção especializada e educação individualizada. Um filho tão especial,
com um projeto de vida específico, entregue totalmente à indiferença massificante da
educação escolar? Não, não há condições de os pais delegarem a educação dos filhos a
uma instituição de ensino.
Muitos filhos têm comportamento ao estilo animal, buscando
somente saciar suas vontades. Ficam tão acostumados a satisfazer seus desejos que já nem
pensam mais se o que vão fazer é ou não adequado. Passam a usar palavrões e a
fazer birra quando contrariados. Como querem obter o que desejam custe o que
custar, começam a roubar, a mentir e/ou a inventar histórias.
“Está na hora de fazer o filho usar os padrões humanos de
comportamento, utilizar a inteligência para superar as dificuldades
e resolver os problemas, conhecer os ditames da ética, respeitar o
próximo e o ambiente em que se encontra. Para adquirir qualidade
de vida, precisará receber uma educação que parta dos princípios
da coerência, da constância e da conseqüência.” (TIBA, 1996,
p.174)
A criança admira seus pais e deseja espontaneamente ser
igual a eles. Quanto menor ela for, menos opções terá para escolher seus mestres. A
admiração é um estímulo importante para que passe a imitar cada vez mais os gestos dos
pais por meio de tentativas, acertos e erros. O objetivo da criança é ser como as pessoas
que tanto admira. Os pais funcionam como modelos a ser incorporados. E assim, os filhos
aprendem os padrões de comportamento familiar e social, o respeito por outros familiares,
pelos funcionários da escola, pelos empregados da casa, as noções de limite, dever,
obrigação etc.
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É dentro de casa, na socialização familiar, que um filho
adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter saúde social. Seus
maiores treinadores, professores, mestres e modelos são os pais ou alguém que cative sua
admiração.
A sociedade praticamente não ensina, somente sinaliza as
regras a serem obedecidas na esperança que cada cidadão tenha preparo suficiente (familiar
e escolar) para viver de acordo com elas.
É necessário que pais e escola tenham princípios muito
próximos para o benefício do filho/aluno.
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CONCLUSÃO
Após esta breve reflexão sobre a família
como agente
educacional concluo com uma convicção: A família é o suporte para uma sociedade sadia.
É sua a tarefa de educar para a cidadania, é sua a tarefa de
formar pessoas bem estruturadas social e emocionalmente. Afinal, a família é miniatura do
mundo nas nossas mãos.
Nenhuma escola nos ensina tanto, emocionalmente falando,
do que a escola da nossa família. Nenhuma escola nos prepara tanto para a vida como a
escola da nossa família. Mesmo porque, não existe sermão ou aula mais poderosa do que o
exemplo.
Urge que a família retome a sua função educacional à
despeito das pressões e agitações da vida moderna, que comungue dos mesmos propósitos
de ser feliz e viver em harmonia. O mundo é melhor quando a família ensina às pessoas a
serem melhores.
A família é uma fábrica de pessoas, portanto, é o mais
importante local de estágio para o exercício da cidadania.
A finalidade de tal pesquisa é colaborar a partir de uma
reflexão teórico-prática para o fato de que a família é a principal responsável pela
formação humana e que portanto, nenhuma outra instituição social pode contribuir tanto
para a formação do indivíduo cidadão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOECHAT, Ivone. Família no Século XXI. Rio de Janeiro: Reproarte Gráfica e Editora,
2001.
CECCON, Claudius, OLIVEIRA, Miguel Darcy de, OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. A
Vida na Escola e a Escola da Vida. 34ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
ELIAS, Caleb. A Família e seus Problemas. Rio de Janeiro: EBAR, 1999.
IRWIN, Elvin D. O Plano de Deus para a Família. Rio de Janeiro: Vida, 1990.
LASCH, Christopher. Refúgio Num Mundo Sem Coração. Tradução de Italo Tronca e
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MOREIRA, Paulo Roberto. Psicologia da Educação: Interação e Identidade. 2ª ed. São
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PRADO, Danda. O Que é Família. São Paulo: Abril Cultural, 1994.
TIBA, Içami. Disciplina, Limite na Medida Certa. São Paulo: Gente, 1996
_________. Ensinar Aprendendo. 7ª ed. São Paulo: Gente, 1998.
TOSCANO, Moema. Introdução a Sociologia Educacional. Petrópolis: Vozes, 1994.
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