FERNANDO DE SOUSA/DIOGO FERREIRA/FÁTIMA FARRICA/PAULA BARROS/RICARDO ROCHA/SÍLVIA BRAGA semeiam novas. Estas sendo pequenas as enterram inteiras; e grandes, as partem às talhadas para pouparem na quantidade, se bem que quanto maiores, maior é a produção. Estrumam as terras e as sacham duas vezes. A primeira com maior profundidade; e a segunda, mais levemente, para não destruir as raízes junta-se-lhe a terra em monte, o qual quanto é maior tanto é também maior produção. Semeadas nos meses de Maio e Junho também se transplantam e a sua colheita é em Novembro. Recolhem-se em casas bem separadas e enxutas; e as cobrem com fetos para maior resguardo. Até o fim de Maio conservam-se em bom estado; depois arrebentam, e lançam grandes raízes; e quem as quer conservar mais um mês põe-nas ao sol. Os nabais mais próprios das terras altas e frias semeiam-se desde 15 de Agosto por diante; preparam a terra para eles como para o centeio, e vão-se colhendo até Março e Abril. Os nabos são muito grandes e de excelente gosto. No concelho de Murça há poucos nabais; porém o método de os cultivar consiste em lançarem a semente em Setembro nas terras, sem se lavrar, e que ainda conservam a restolha do pão ceifado; e depois lavram, ficando-lhes esta servindo de estrume. A cultura das hortaliças geralmente falando consiste em cavar, sachar, estrumar e regar bem; e esta rega costuma ser de manhã e de tarde ao baixar o calor; porém nas terras, aonde se reparte a água, rega-se na hora que se distribui. Cultivam-se três qualidades de linho: mourisco, galego, e cânhamo. O mourisco semeia-se como o centeio em Setembro e Outubro e o galego em Abril e Maio. Porém, mais tarde, se as terras estão molhadas (estas), devem ser as de melhor qualidade e produção, e muito lavradas, gradadas, desfeitas e estrumadas, rega-se aonde há águas; o que faz o linho com melhor fibra. O cânhamo, porém, é o que (mais sofre) não se regar. Para este se lavra a terra na Primavera e passados 10 ou 15 dias se atravessa e alisa com a grade; pouco depois torna-se a lavrar e semeia-se a linhaça nos regos, que a grade cobre. Dentro em 100 dias ordinariamente se colhe. Capítulo 36. Da cultura dos prados A cultura, que na Comarca aplicam aos prados naturais, consiste em as limpar bem do mato, junco, cardo, etc., abrir-lhes regos ou agueiros em diversos sítios para serem bem regados; e fazer com que as águas decorram, porque, aliás, nascem entre eles plantas nocivas. Os prados mais sujos e a que faltam águas de rega são comummente destinados para pastos. Aos outros se sega a ferro seco, de ordinário, depois do São João e muitos os deixam (desde então) para pastos até Janeiro, e daí para diante lhes separam o gado e bestas, deixando-lhes crescer a erva. Outros porém segam a mesma erva e lhes tiram duas e três camadas. A maneira como costumam fazer estes prados é a seguinte: escolhem os sítios frescos e regadios, dão três lavras ao terreno em Abril e Maio, abrindo, 324