RISCO OCUPACIONAL Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) São Paulo-SP Comissão de Controle de Infecção Hospitalar José Mauro Ferraz de Arruda RISCO OCUPACIONAL Microorganismos Patogênicos •HIV •HBV •HCV •HDV •HAV •HTLV-I e HTLV-II •Lues •Mycobacterium tuberculosis •Influenza •Varicela •Meningococo •Poliomielite •Raiva Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV Transmissão Paciente PAS 1° caso: 1984 1981 1999: 100 confirmados 213 prováveis 2000 - 1° caso no Brasil 95%: países com sistema de vigilância eficiente 2/3 dos casos: EUA 89% percutânea (69%:uma única exposição) 8% mucocutânea 40% durante ou após procedimentos venosos ou arteriais 91%: sangue envolvido (líquido pleural hemorrágico – laboratorial) 3,6%: material pérfuro-cortante projetado da caixa de descarte Centers for Diseases Control and Prevention - CDC Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV Transmissão Paciente PAS Exposição percutânea com sangue: 0,3 0,6 % Exposição de mucosas com sangue: 0,09% Única conversão ocorrida entre 2910 (21 estudos transversais prospectivos) Exposição cutânea com sangue: nenhum caso documentado Infect Dis Clin North Am 11(2):331-45,1997 Centers for Diseases Control and Prevention – CDC 2001 Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV PREVENÇÃO: PRÉ-EXPOSIÇÃO: Precauções Padrão PÓS-EXPOSIÇÃO: Profilaxia com Anti-retrovirais Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV PREVENÇÃO PRÉ-EXPOSIÇÃO: Precauções Padrão: São o conjunto de medidas adotadas para diminuir o risco de exposição da pele, mucosas e solução de continuidade ao sangue e fluidos biológicos (exceto o suor) de TODOS os pacientes, independente de seu diagnóstico infeccioso. Equipamento de Proteção Individual Descarte adequado de pérfuro-cortantes Modificação de práticas e rotinas de trabalho Dispositivos de segurança Infect Control Hosp Epidemiol 17:54-80, 1996 Risco Ocupacional – IIER/2002 RISCO OCUPACIONAL DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA AUTOMÁTICOS - NÃO DESATIVÁVEIS Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV PREVENÇÃO PÓS-EXPOSIÇÃO: Limpeza da topografia exposta Profilaxia com Anti-retrovirais Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV GUIA de PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PPE) ao HIV para PAS Estudo multicêntrico, retrospectivo, caso-controle: profundidade da lesão; paciente-fonte em “fase terminal” (óbito < 2 meses); sangue visível; Agulha retirada diretamente do vaso sangüíneo; AZT pós-exposição (primeiras 2 horas) MMWR 44:923-33, 1995 Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV GUIA para PPE ao HIV para PAS REGIME BÁSICO: BIOVIR (Zidovudina/AZT, 300mg + Lamivudina/3TC, 150 mg): 01 comp. de 12/12 horas, POR QUATRO SEMANAS REGIME EXPANDIDO (REGIME BÁSICO + INDINAVIR ou NELFINAVIR): BIOVIR (Zidovudina/AZT, 300mg + Lamivudina/3TC, 150 mg): 01 comp. de 12/12 horas, POR QUATRO SEMANAS + CRIXIVAN (Indinavir, 400mg): 02 cáps. de 8/8 horas, por 4 SEM OU VIRACEPT (Nelfinavir, 250mg): 03 comp. de 8/8 horas, por 4 SEM Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV GUIA para PPE ao HIV para PAS 1° Etapa: • Determinação do Código de Exposição (CE) 2° Etapa: • Determinação do Status Infeccioso da Fonte (SI) 3° Etapa: • Determinação da (PPE): CE X SI MMWR 45(22):468-72, 1996 Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV GUIA para PPE ao HIV para PAS 1a. Etapa Determinação da Exposição (CE) 1- O Material Biológico Implicado é Sangue, Fluido Biológico de Risco ou Instrumento Contaminado com uma Destas Substâncias? NÃO Não necessita PPE SIM Tipo de Exposição ? Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV GUIA para PPE ao HIV para PAS 2- Que Tipo de Exposição Ocorreu? Pele não íntegra / Mucosa Volume PEQUENO Poucas gotas, curta exposição CE1 Pele íntegra Percutâneo Gravidade Não necessita PPE GRANDE Muitas gotas e/ou longa exposição (vários min ou +) CE2 MENOR Agulha sólida, lesão superficial CE2 MAIOR Agulha de gde calibre, lesão prof., sangue visível na agulha (veia /artéria) CE3 HIV GUIA para PPE ao HIV para PAS 2a. Etapa Determinação do Status Infeccioso da Fonte (SI) HIV - Fonte Desconhecida HIV + Não necessita PPE BAIXO RISCO HIV assintomático, CD4 alto - CV baixa SI1 ALTO RISCO AIDS avançada, infecção primária, carga viral alta ou ascendente, CD4 baixo SI2 Sorologia Desconhecida SI desconhecido HIV 3a. Etapa: CE 1 SI GUIA para PPE ao HIV para PAS Determinação da PPE PROFILAXIA 1 Não recomendada. ou A exposição não determina risco conhecido de transmissão. Desc Toxicidade >> ao benefício da profilaxia. Esta deve ser decidida entre o trabalhador exposto e o médico. 1 2 Considerar REGIME BÁSICO A exposição determina risco mínimo de transmissão. Toxicidade > benefício da profilaxia. Esta deve ser decidida entre o trabalhador exposto e o médico. 2 1 Recomendar REGIME BÁSICO. (IIER-maioria dos casos) Não se observa alto risco de transmissão do HIV, mas a profilaxia é adequada. HIV 3a. Etapa: GUIA para PPE ao HIV para PAS Determinação da PPE CE SI 2 2 Recomendar REGIME EXPANDIDO. O tipo de exposição determina alto risco de transmissão. 3 1 ou 2 Recomendar REGIME EXPANDIDO. O tipo de exposição determina alto risco de transmissão. 2 ou 3 PROFILAXIA Se o status infeccioso referente ao HIV do paciente-fonte Desc. ou for desconhecida e a situação em que a exposição ocorreu sugere possível risco de contaminação do HIV (com CE = 2 ou 3), considerar o REGIME BÁSICO de profilaxia. Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV NOVAS RECOMENDAÇÕES MINISTÉRIO DA SAÚDE – 2001 HIV+ assintomático ou CV HIV+ sintomático, AIDS ou CV + grave 3 drogas + grave 3 drogas - grave 2 drogas - grave 3 drogas FONTE ou SOROLOGIA desconhecidas EM GERAL NÃO SE RECOMENDA PERCUTÂNEA MS – 2001 www.aids.gov.br/consenso Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV NOVAS RECOMENDAÇÕES MINISTÉRIO DA SAÚDE – 2001 HIV+ assintomático ou CV Grande volume 2 drogas Volume pequeno considerar 2 drogas HIV+ sintomático, AIDS ou CV Grande volume 3 drogas Volume pequeno 2 drogas FONTE ou SOROLOGIA desconhecidas EM GERAL NÃO SE RECOMENDA MUCOSAS MS – 2001 www.aids.gov.br/consenso Risco Ocupacional – IIER/2002 HIV NOVAS RECOMENDAÇÕES MINISTÉRIO DA SAÚDE – 2001 HIV+ assintomático ou CV HIV+ sintomático, AIDS ou CV + grave 3 drogas + grave 3 drogas - grave 2 drogas - grave 3 drogas Grande volume 2 drogas Grande volume 2 drogas Volume pequeno considerar 2 drogas Volume pequeno 2 drogas FONTE ou SOROLOGIA desconhecidas EM GERAL NÃO SE RECOMENDA EM GERAL NÃO SE RECOMENDA PERCUTÂNEA MUCOSAS Risco Ocupacional – IIER/2002 HBV Transmissão Paciente PAS Risco 100 X maior que o de soroconversão pelo HIV Risco 10 X maior que o de soroconversão pela HCV Até 1.000 partículas virais/ml 1991 (EUA): 8.700 infec./ano e 200 mortes 1995 (EUA): 400 infeccões/ano Risco Ocupacional – IIER/2002 HBV Transmissão Paciente PAS Risco de contaminação pós-exposição percutânea: 6 30% HBeAg +: 66% MMWR 38(6S):1-17, 1989 Fatores importantes: freqüência de acidentes e exposição ocupacional (hemodiálise, cirurgia, patologia, salas de emergência); Prevalência do HBV na população atendida (hemodiálise, drogadição, presídios, região norte do Brasil) Susceptibilidade do profissional (não-vacinados, imunodeprimidos, etc.) Risco Ocupacional – IIER/2002 HBV PREVENÇÃO PRÉ-EXPOSIÇÃO: Precauções Padrão Vacinação (eficácia de 90 95%) PREVENÇÃO PÓS-EXPOSIÇÃO: Profilaxia com HBIg (até 72h) Risco Ocupacional – IIER/2002 HBV GUIA para PPE ao HBV para PAS SITUAÇÃO DO PAS EXPOSTO FONTE HBsAG + ou desconhecido COM RISCO FONTE HBsAG desconhecido SEM RISCO FONTE HBsAG NEGATIVO Não Vacinado ou Vacinação Incompleta 01 dose de (HBIG) iniciar / completar a vacinação iniciar / completar a vacinação iniciar / completar a vacinação Não Imunizar Não Imunizar Não Imunizar Vacinado COM Resposta Adequada anti-HBsAg > 10UI/ml Risco Ocupacional – IIER/2002 HBV GUIA para PPE ao HBV para PAS SITUAÇÃO DO PAS EXPOSTO FONTE HBsAG + ou desconhecido COM RISCO FONTE HBsAG desconhecido SEM RISCO FONTE HbsAG NEGATIVO Vacinado SEM Resposta Adequada anti-HBsAg 10UI/ml 12 doses HBIG e Revacinar Revacinar Revacinar Vacinado COM Resposta Desconhecida Anti-HBsA: Anti-HBsAg: Com Resp adequada Com Resp adequada Não imunizar Não imunizar Sem Resp adequada Sem Resp adequada Revacinar 01 ou 02 doses de HBIG e Revacinar Não Imunizar Risco Ocupacional – IIER/2002 HCV Transmissão Paciente PAS 180 milhões de portadores crônicos no mundo De 10 1.000.000 partículas virais/ml Risco de contaminação pós-exposição percutânea: 3 10% N Engl J Med 332(7):444-50, 1995 Complicações hepáticas: 10 X maior HBV 30 70%: cronicidade Risco Ocupacional – IIER/2002 HCV PREVENÇÃO: PRÉ-EXPOSIÇÃO: Precauções Padrão PÓS-EXPOSIÇÃO: NENHUMA Risco Ocupacional – IIER/2002 AMBULATÓRIO DE ACIDENTES IIER Acidente Profissional PS – IIER Tomada supervisionada Ambulatório – CCIH Reavaliar indicação PPE Orientação clínica e psicológica Sorologias e exames codificados Termo de Responsabilidade Vacinação (HBV, dT, MMR) Seguimento clínico-laboratorial (6 sem - 3 meses - 6 meses) HBIG Risco Ocupacional – IIER/2002 Acidentes com Material Biológico no Instituto de Infectologia Emílio Ribas: Experiência no Atendimento a Profissionais de Outras Instituições Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) São Paulo-SP Abboud, CS; Canuto, CBP; Ripamonte, C; Bozszczowski, I; Baher, PRR; Cota, IN; Silva, AMC; Oliveira Jr, FI; Ramalho, M; Abreu, ES; Arruda, JMF. Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar III Congresso Pan-americano VII Congresso Brasileiro I Congresso de Odontologia de Minas Gerais Belo Horizonte – MG / novembro 2000 Objetivos Avaliar os PAS de outras instituições: segundo origem; tempo até o primeiro atendimento, categoria profissional, tipo de exposição, vacinação para hepatite B (HBV) adesão à PPE ao HIV. Risco Ocupacional – IIER/2002 Metodologia Os PAS encaminhados de outros serviços ou que procuraram espontaneamente o IIER são atendidos no PS, onde é iniciada a PPE ao HIV, nos casos indicados, conforme norma da Secretaria Estadual da Saúde. Em seguida, são encaminhados ao ambulatório da CCIH coleta de sorologias, HBIg e seguimento. Avaliação retrospectiva dos atendimentos de out/1999 a ago/ 2000. Risco Ocupacional – IIER/2002 Resultados - I Foram avaliadas 203 exposições ocupacionais durante 10 meses. 105 (51,7%) PAS eram provenientes de serviço privado. 43 (21,2%) acidentes ocorreram por descarte inadequado. Risco Ocupacional – IIER/2002 Resultados - II De 123 casos (61,5%) com fonte conhecida, o status sorológico quanto ao HIV não era conhecido em 79 casos (64,2%) durante a primeira consulta. Apenas 79 PAS (40,4%) tinham esquema completo contra a hepatite B (3 doses). Risco Ocupacional – IIER/2002 Instituição de Origem 52% 1% 1% 19% 27% Estadual (55) Municipal (38) Desconhecido (03) Priv ado (105) Federal (02) Risco Ocupacional – IIER/2002 Tempo entre Acidente e Início da PPE 27% 25% 14% 8% 26% < 2h (53) 2-6h (52) 6-12h (17) 12-24h (28) > 24h (51) Desconhecido(01) Risco Ocupacional – IIER/2002 Tipo de Exposição - I 92% Percutânea (184) Mucosa (13) Pele íntegra (02) 1% Pele não-íntegra (3) 6% 1% Risco Ocupacional – IIER/2002 Tipo de Exposição - II 150 exposições (74%) foram consideradas de baixo e médio risco de aquisição do HIV. Foi indicada PPE ao HIV em 176 casos (86,7%). 139 profissionais (80%) utilizaram AZT+3TC. 32 (18,2%) receberam AZT+3TC+ Indinavir. Risco Ocupacional – IIER/2002 Categoria Profissional 4% 8% 4% 4% 4% 44% 8% 9% 15% Aux. Enfermagem (86) Médico (18) Estudantes (17) Residentes (8) Outros (8) Limpeza (30) Dentistas (17) Enfermeiras (9) Laboratório (9) Vacinação para Hepatite B 40% Sem vacina/incompleto (117) 3 doses (79) 60% Risco Ocupacional – IIER/2002 Indicação da PPE ao HIV 12% indicado (176) contra-indicado (25) 88% Risco Ocupacional – IIER/2002 Antiretrovirais (ARV) Indicados 18% AZT+3TC (139) AZT+3TC+Indinavir (32) Outros (05) 79% Risco Ocupacional – IIER/2002 Adesão à PPE ao HIV 12% 33% 28% 27% ARV por 28 dias (51) ARV<28dias (48) Não avaliável (59) Desconhecido(22) Risco Ocupacional – IIER/2002 Motivos para Interrupção do ARV 17% 57% Fonte HIV Neg (26) Efeitos colaterais (12) Outra (07) 26% Risco Ocupacional – IIER/2002 Segmento Ambulatorial 35% Regular (65) Irregular (17) 13% 52% Não avaliável (45) Risco Ocupacional – IIER/2002 Abandono do Acompanhamento 8% 40% 16% 36% 15 dias (27) 6 semanas (12) 3 meses (06) 6 meses (00) primeira consulta (31) Risco Ocupacional – IIER/2002 Conclusões I A maioria dos PAS provém do serviço privado. A chegada ao PS, para o primeiro atendimento, ainda é muito lenta, considerando a introdução preferencial do ARV de até 2h após a exposição, e que na maioria dos acidentes houve indicação de PPE. Risco Ocupacional – IIER/2002 Conclusões II Poucos PAS são vacinados para hepatite B, o que demonstra a necessidade de adequação dos serviços às normas de biossegurança. As instituições devem intensificar o treinamento continuado em prevenção de acidentes e criar condições para atendimento inicial de seus funcionários. Risco Ocupacional – IIER/2002