issn 2316-5065 Ano XIV • Nº 153 • janeiro/fevereiro de 2014 Publicação bimestral da Associação Médica de Brasília – AMBr w w w. a m b r. o r g . b r MAIS INFRAESTRUTURA MAIS INVESTIMENTOS PARA A SAÚDE DO BRASIL Exclusivo Entrevista com a médica cubana, Ramona Rodriguez, que deixou o programa Mais Médicos Editorial Caros leitores, issn 2316-5065 Ano XIV • Nº 153 • janeiro/fevereiro de 2014 Publicação bimestral da Associação Médica de Brasília – AMBr w w w. a m b r. o r g . b r MAIS INFRAESTRUTURA MAIS INVESTIMENTOS PARA A SAÚDE DO BRASIL ExcLuSIvO Entrevista com a médica cubana, Ramona Rodriguez, que deixou o programa Mais Médicos Ano atípico, de eleições e copa do mundo, 2014 começou mais cedo. As aulas iniciaram em janeiro, as empresas ligaram as turbinas no máximo e as articulações políticas fervem em todas as instâncias, quebrando a tradição de um Brasil que só passa a segunda marcha depois do Carnaval. Na área médica o ritmo não é diferente. 2014 chegou com força, e esta edição da Médico em Dia não deixa dúvida de que teremos um ano movimentado no cenário da saúde brasileira. Na editoria Especial trazemos entrevista exclusiva com Ramona Rodriguez, médica cubana que saiu do programa Mais Médicos dizendo que faltavam remédios e equipamentos na cidade onde trabalhava no Pará. Não perdendo o gancho das questões políticas que envolvem a classe médica, anote na agenda o Dia Nacional de Advertência e Protesto aos Planos de Saúde. Mobilização que ocorrerá no próximo dia 7 de abril (Dia Mundial da Saúde), organizada pelas entidades médicas de todo o país. Polêmica: você é contra ou a favor da liberação do uso terapêutico da maconha? Ponto e Contraponto enriquece essa discussão. Na editoria Artigo, Carla Furtado, Diretora do Grupo Athena, elucida o QUALISS - Programa de Divulgação da Qualificação dos Prestadores de Serviços de Saúde Complementar, que amplia o papel da ANS. Uma notícia excelente para os médicos do Distrito Federal: O Programa de Empreendedorismo e Gestão em Saúde Suplementar da AMBr ganhou a parceria do SEBRAE em 2014. Não nos esquecemos das especialidades médicas: confira a excelente entrevista sobre Reumatismo e saiba mais sobre os cuidados com o uso de cosméticos em crianças. Hora do relax. A Médico em Dia explorou as belezas e atrativos do Uruguai, mostrando um pouco deste país de José Mujica, em evidência na mídia mundial. Falando de cultura, vocês sabem como nasceu a boneca Barbie? É uma história incrível de empreendedorismo que vocês constatarão na editoria Medicina & Arte. Conheçam também um pouco da história do pianista e compositor Ernesto Nazareth, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos, na editoria História da Música Popular. Ainda tem radar, Cultura, Perfil, Jovem Médico, Agende-se e muito outros temas interessantes. Boa leitura! Paulo Feitosa, Diretor de Comunicação da AMBr Canstock Dr. Luciano Gonçalves de Souza Carvalho Presidente Bento Viana Diretoria Executiva Delegados Diretor responsável Dr. Carlos Jose Sabino Costa Diretor Econômico-Financeiro efetivos Paulo Henrique R. Feitosa Dra. Edna Marcia Xavier EditoraS-chefeS Dr. Paulo Henrique Ramos Feitosa Diretor de Comunicação e Divulgação Dr. Alexandre Morales Castillo Olmedo Cristiane Rodrigues Kozovits Dr. Luiz Augusto Casulari Roxo da Motta Diretor de Editoração Científica Dra. Ana Patrícia de Paula Diretora Científica e de Ensino Médico Continuado Dr. Fernando Fernandes Correia Diretor Social e de Atividades Culturais Dra. Olimpia Alves Teixeira Lima Diretora de Relações com a Comunidade Conselho Fiscal Titular Dr. Márcio de Castro Morem Dra. Alba Mirindiba Bonfim Palmeira Dr. Ognev Meireles Cosac Dr. Eudes Fernandes de Andrade Dr. Sergio Tamura Dr. Aloísio Nalon Queiroz suplentes Dr. Adalberto Amorim de M. Junior Dr. Antonio Geraldo da Silva Dr. Bruno Vilalva Mestrinho Dr. Baelon Pereira Alves Dr. Roberto Cavalcanti Gomes de Barros Dr. Roberto Nicolau Cavalcanti de Souza Dr. Alcides de Oliveira Dourado Filho Conselho Editorial Suplente Dr. Luciano Gonçalves de Souza Carvalho Dra. Elza Dias Tosta da Silva Dr. Evaldo Trajano Filho Dr. Alexandre Barbosa Sotero Caio Dr. Paulo Henrique Ramos Feitosa Dr. Bolivar Leite Coutinho Bento Viana Dr. Carlos Alberto de Santa Ritta Filho Dr. Luiz Augusto Casulari Roxo da Motta Marina Gomes Barbosa (RP: 015253/2011 DF) Revisão Cristiane Rodrigues Kozovits ESTAGIÁRIA Nayane Gama Editoração Grifo Design Comercialização [email protected] (61) 9655-9326 (61) 2195-9724 Impressão Ideal Gráfica e Editora Canstock Dr. Elias Couto e Almeida Filho Diretor de Planejamento Dr. Jose Nava Rodrigues Neto Tiragem 5.000 exemplares Médico em Dia é uma publicação da Associação Médica de Brasília – AMBr SCES Trecho 3 Conj. 6 (61) 2195-9797 redação [email protected] www.ambr.org.br Revista cultural de distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Canstock Dr. Jorge Gomes de Araujo Diretor Administrativo Canstock Dr. Evaldo Trajano Filho Vice-Presidente Agência Brasil Sumário 18 Reumatismo O reumatologista Dr. Mário Soares Ferreira ensina sobre as doenças reumáticas, que chegam a mais de 100 tipos, e sobre os tratamentos da fibromialgia, osteoporose, entre outras doenças. 21 Gestão da Saúde O Programa de Empreendedorismo e Gestão em Saúde Suplementar da AMBr ganhou a importante parceria do Sebrae, que será agora responsável pelas palestras do projeto. Confira a agenda do primeiro semestre. 24 Ponto e Contraponto O psiquiatra José Hamilton, especialista em dependência química, e o médico Elisaldo Carlini, psicofarmacologista, dão suas opiniões a respeito do uso terapêutico da maconha. 32 Crianças, cosméticos e alergias A alergista Fernanda Marcelino alerta para a importância dos cuidados na hora de comprar produtos de higiene e cosméticos para os pequenos. 28 Entrevista Exclusiva Ramona Rodriguez, médica cubana que saiu do programa Mais Médicos, fala, com exclusividade, sobre a falta de estrutura nos postos de saúde e hospitais onde trabalhou no Pará e sobre os motivos que a levaram a deixar o programa do governo. ► Cultura 11 ► Olhar Social 14 ► Radar 16 ► Medicina & Arte 22 ► Histórias da Música Popular 26 ► Perfil 38 Luciano Carvalho • Presidente da AMBr Palavra do Presidente Sérgio Amaral Assumindo nossa parcela de responsabilidade Houve um tempo em que a maioria de nós escolhia a medicina como profissão pelo fascínio humanista da atividade, que possibilita, com nossas mãos e conhecimentos, ajudar na saúde, trazer à vida, amenizar as dores, curar. Não que éramos isentos de ambições: a profissão era valorizada pela sociedade, o médico tinha status e reconhecimento e, com suas virtudes vinha também a compensação financeira. Bastava-nos ser médicos, disponibilizar com fervor os nossos conhecimentos e nossa resiliência, ferramenta que nos fazia suportar os reveses da profissão e o contato íntimo com o sofrimento e a desesperança humana em situações extremas, de limiar da fragilidade humana. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 O mundo, porém, caminhou rápido nas raias do monetarismo e a medicina, em toda sua complexidade, também sofreu profundas transformações. Este novo cenário da saúde tem sido objeto de nossa discussão, mas não é o tema do presente texto, não mais que seu pano de fundo. Por que, se acusamos atores externos pela campanha difamatória que vimos sofrendo e temos consciência da necessidade de urgentes mudanças estruturais, políticas e conjunturais na área de saúde, temos que ter coragem de assumir também nossa parcela de responsabilidade pelo que está acontecendo. 6 Por quanto tempo ainda viveremos submissos; reativos à situação? O que estamos de fato fazendo para promover uma reforma do modelo de saúde pública e suplementar no país? Quando vamos intervir verdadeiramente no seríssimo quadro da qualidade do ensino da medicina no Brasil, que deixará um arrasador legado de insuficiência e incompetência para as próximas gerações? Já estamos sofrendo as consequências deste modelo deficiente, obsoleto e superficial. A quem estamos delegando a fiscalização e a gestão dos recursos públicos em saúde, já tão inferiores aos que sabemos ser o ideal? Por que não temos representatividade e união na defesa dos interesses de nossa categoria, quando as decisões são tomadas no berço das leis, o Congresso Nacional? Nas Casas Legislativas, em todas as instâncias, faltam parlamentares e médicos para defender o mérito e a qualidade da medicina e o respeito a nossa profissão. Eu sei. Não estudamos medicina pensando em fazer política, lobby, entender de gestão ou educação. Estudamos, e muito, para entender e cuidar da saúde da população, mas isso, infelizmente, não basta mais. Precisamos ampliar nossa visão e sair do conforto de nossos paradigmas para enfrentar a realidade. Também temos culpa pela perda de status, pela peja de vilões que hoje pesa sobre nossos ombros, pelo questionamento do ensino da medicina e pela falência do modelo da saúde pública no Brasil. Temos culpa por que não reagimos, por que permanecemos passivos e fomos atropelados, à revelia, pelas mudanças inexoráveis. Não nos preparamos, negamos. Não nos unimos, não tivemos vontade e coragem suficiente para entrar no campo de batalha até muito recentemente. Fomos, por décadas, telespectadores e não atores desse processo de mudança do qual hoje somos vítimas. É claro que nem tudo é cenário “terra arrasada”. Iniciativas isoladas, progressos na área de pesquisa, avanços diversos foram registrados durante as últimas três décadas de mudanças nas mais diversas especialidades médicas. Ano passado, nossa classe acordou, em pleno sol do meio dia, e percebeu que nossa velha visão de mundo (e da profissão) não mais se encaixava plenamente. Que não podemos ser somente médicos, precisamos ser gestores de nossas carreiras e atores militantes pela salvaguarda do mérito da medicina, da reorientação do ensino médico, vigilantes das leis que incidem sobre nossa profissão e sobre os destinos da saúde no país. No Brasil somos 388 mil médicos ativos. E este é um chamado dirigido principalmente aos jovens médicos, estudantes e residentes. Pois cabe a vocês afetar positivamente o sistema, tornando-se agentes ativos do processo e enfrentando com coragem os interesses daqueles que veem na saúde somente um grande mercado lucrativo. Nós, médicos em atividade, necessitamos também da oxigenação desta mudança de comportamento para enfrentarmos juntos um novo momento da profissão. Como presidente da AMBr quero dizer a vocês, jovens e futuros médicos, que sua entidade representativa no DF está de portas abertas para ampliarmos essa discussão, desenharmos soluções e executarmos ações efetivas em todas as searas. Tragam suas ideias e contem com nossa parceria! Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Demos um passo como categoria organizada, rompendo com o ciclo da passividade. Agora, temos um longo caminho pela frente, onde seremos exigidos a desenvolver outras capacidades que não há de médicos per si. Precisamos, unidos, discutir esses novos cenários, encontrar soluções e caminhos, recriar o modelo, confrontar as medidas insalubres dos interesses meramente mercantis que estão ganhando a guerra em nosso país. 7 8 Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 9 Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Cultura Dicas da Dad Radiopaedia ► De pires na rede Uma enciclopédia virtual de Radiologia Quase como uma enciclopédia online de Radiologia (daí vem o nome), o Radiopaedia é a ferramenta ideal para quem quer aprender de maneira prática e interativa. Radiopaedia.org é um recurso educacional de radiologia livre com uma das maiores coleções da web de casos de radiologia e artigos de referência. O site é didático e muito bem organizado na forma de capítulos e casos clínicos: os Capítulos falam sobre uma doença em todos os seus aspectos, desde patologia até tratamento, passando, é claro, por todos os detalhes do diagnóstico radiológico. E os Casos Clínicos são coleções de exames de imagem de uma doença específica. Acesse: www.radiopaedia.org A internet faz milagres. Condenados a pagar multa aos cofres públicos, José Genoíno e Delúbio Soares recorreram às mídias sociais. Arrecadaram R$ 1,7 milhão num piscar de olhos. A generosidade chamou a atenção das autoridades. Seria lavagem de dinheiro? Enquanto a resposta não vem, vale dar uma espiadinha no verbo doar. Ele joga no time de voar, coroar, perdoar, abençoar & cia. terminada em oar. A reforma ortográfica cassou o chapeuzinho do hiato oo. Na conjugação, o presente do indicativo perdeu o peso. A 1ª pessoa do singular mandou o acento plantar batata lá longe. Ficou assim: eu doo, eu voo, eu coroo, eu abençoo, eu perdoo. ► Gente grande Os tropeços não pararam na concordância. Avançaram. Chegaram a Cuba e espancaram a flexão. "A ilha dos Castro", escreveram repórteres de Europa, França e Bahia. Esqueceram-se de liçãozinha pra lá de vira-lata. Nome próprio tem plural. Os Maias, clássico da literatura portuguesa, evita bate-bocas e esperneios. Eça de Queirós respeitou a norma culta. Nós vamos atrás. A ilha é dos Castros, senhoras e senhores. Artigo publicado em revista científica da AMBr é citado pela Folha de S. Paulo O jornal Folha de S. Paulo publicou, no dia 01 de fevereiro, o artigo “O Brasil deveria descriminalizar a maconha?”, assinado pelo professor titular de psicofarmacologia da Universidade Federal de São Paulo, Dr. Elisaldo Carlini. No texto, o professor cita o artigo “Cannabis sativa L (maconha): Medicamento que renasce?”, de sua autoria, publicado na revista científica da AMBr, Brasília Médica. vos da maconha, a descrição segundo a qual o cérebro humano tem “receptores” para esses princípios, a surpreendente descoberta de que o nosso cérebro sintetiza uma substância capaz de atuar naqueles receptores (como se tivéssemos uma maconha produzida pelo nosso próprio cérebro, a anandamida) e a descrição de um sistema de neurotransmissão nervosa chamado de sistema canabinoide endógeno trouxeram um novo status científico para a maconha”. No artigo da Folha, Dr. Carlini fala sobre o novo Status da Maconha e diz: “A identificação dos princípios químicos ati- No site da AMBr você encontra na íntegra o artigo da Folha de S. Paulo e o artigo publicado na revista Brasília Médica. www.ambr.org.br Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 http://www.dzai.com.br/blogdadad 11 entidades médicas Entidades Médicas anunciam Dia Nacional de Advertência e Protesto contra Planos de Saúde Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 No próximo dia 7 de abril (Dia Mundial da Saúde), entidades médicas de todo o país organizarão o Dia Nacional de Advertência e Protesto aos Planos de Saúde. A data será marcada por atos públicos contra os problemas que afetam o setor suplementar de saúde e deverá ainda convergir com o início das mobilizações da categoria no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), também previsto para abril. 12 A deliberação aconteceu durante encontro da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), realizada no dia 14/2, na sede da Associação Paulista de Medicina (APM). Em ato simbólico, as operadoras de planos de saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), reguladora do setor, receberam cartão amarelo por ainda não atenderem plenamente o pleito dos médicos. Segundo o coordenador do grupo e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, a saúde suplementar cresce cerca 4% ao ano em quantidade de beneficiários e, por isso, é preciso ter sua rede credenciada ampliada e seus prestadores de serviço valorizados. Programa de Apoio ao Médico Estrangeiro Visando a proteção da liberdade e integridade dos profissionais trazidos de outros países pelo Governo Federal através do Programa Mais Médicos, a Associação Médica Brasileira (AMB) disponibiliza oficialmente o Programa de Apoio ao Médico Estrangeiro. O objetivo da entidade é atender médicos, tanto de Cuba como de outras nacionalidades, que necessitem de orientação, caso haja insatisfação no Programa Mais Médicos pelas condições a que estão submetidos, ou para o caso de desejarem solicitar refúgio/ asilo político. A Associação Médica Brasileira vai oferecer de forma sigilosa e gratuita: “Temos um compromisso com a sociedade e nosso papel é alertar e denunciar a insatisfação dos médicos e dos pacientes com esse setor, que hoje é um dos líderes em reclamações nos órgãos de defesa do consumidor. Às vezes, pedimos um exame que demora meses para ser feito, o que pode comprometer o nosso atendimento. Queremos mobilizar todo o Brasil neste dia de protesto”, afirmou Tibiriçá. • Envio de cartilha com passo-a-passo dos procedimentos a serem seguidos na própria localidade onde está atuando; Reivindicações – Será o quarto ano consecutivo em que os médicos se mobilizam em prol de melhorias no setor. Desta vez, a categoria definiu quatro itens de reivindicação que exprimem o histórico de lutas das entidades médicas. Além do reajuste adequado dos valores das consultas e procedimentos – tendo como referência a Classificação Brasileira de Honorários e Procedimentos Médicos (CBHPM) em vigor –, a classe cobra da ANS uma nova contratualização e hierarquização dos procedimentos médicos baseadas nas propostas das entidades médicas nacionais apresentadas desde abril de 2012. O fim da intervenção antiética dos planos de saúde na autonomia da relação médico-paciente e a readequação da rede credenciada também serão bandeiras da mobilização. • Aulas de português; Para o dia 7 de abril está prevista a realização de atos públicos como assembleias, caminhadas, concentrações, dentre outras formas de manifestação. O formato será definido pelas Comissões Estaduais de Honorários Médicos, compostas pelas Associações Médicas, Conselhos Regionais de Medicina, Sindicatos Médicos e Sociedades Estaduais de Especialidades. Em caso de suspensão temporária de atendimentos eletivos, os pacientes serão atendidos em nova data, que será informada. • Assessoria Jurídica durante todos os trâmites legais para pedido de refúgio /asilo político no país; • Curso preparatório para o Exame Revalida; • Suporte de ONGs voltadas para garantia dos direitos individuais do médico. Se você é um médico estrangeiro e encontra-se em situação de risco no Brasil, solicite ajuda do Programa de Apoio ao Médico Estrangeiro da AMB por meio do nº (11) 97078-4610 ou pelo e-mail: [email protected]. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Além de reivindicarem a recomposição de honorários, as entidades médicas defendem a readequação da rede credenciada e o fim da intervenção antiética das operadoras na autonomia profissional, para que seja garantido o acesso pleno e digno dos pacientes à assistência contratada. 13 Olhar Social Avance: importante apoio às vítimas de queimaduras Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Uma água fervendo que cai sobre o corpo, um descuido com produtos inflamáveis, um incêndio causado por velas. São vários os tipos de acidentes que causam queimaduras e fazem milhares de vítimas todos os anos. 14 As queimaduras são classificadas de acordo com o percentual da superfície corporal acometida. Queimaduras mais profundas, de 2º ou 3º grau, provocam dor intensa e várias implicações decorrentes. Uma das mais comuns consequências das queimaduras é a quebra da barreira de proteção contra germes do ambiente, o que favorece a infecção das feridas por bactérias da pele e o desenvolvimento da sepse. Outra complicação possível, devido à grande perda de líquidos dos tecidos afetados, é a intensa saída de água dos vasos que pode levar o paciente a entrar em choque circulatório. A insuficiência renal aguda é também uma complicação grave nos queimados, assim como a hipotermia por incapacidade do corpo em reter calor devido a grandes áreas de pele queimada. Dados do Ministério da Saúde apontam que cerca de um milhão de pessoas sofrem queimaduras todos os anos no Brasil. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 300 mil pessoas morrem anualmente vítimas de queimaduras em todo o mundo. AVANCE Há 20 anos, surgiu a Avance Associação de Prevenção e Intervenção em Queimaduras), uma instituição filantrópica que funciona dentro do HRAN (Hospital Regional da Asa Norte), que se tornou referência no tratamento dos queimados em Brasília. A partir de 2004, a Associação ganhou a ajuda de médicos do HRAN que iniciaram um trabalho de discussão e esclarecimento com foco no tratamento. Além disso, o grupo ajuda os familiares com informações sobre onde e como acessar auxílios aos quais têm direito, mas não sabem onde encontrar. É o que explica a presidente da Avance, Ana França. “A gente consegue, por exemplo, ajudar as famílias dos pacientes fornecendo as passagens durante o primeiro mês de tratamento até que elas consigam o passe livre ou resolvam as questões burocráticas das leis que as amparam”, diz. Hoje a Associação organiza e faz a doação dos filtros solares e do óleo mineral, essencial para o tratamento. “Conseguimos também fornecer as malhas, indispensáveis ao tratamento”, conta Ana França. “A associação pode crescer mais e ajudar muito mais famílias se receber ajuda”, finaliza. Os interessados em ajudar a Associação devem entrar em contato com: Ana França • (61) 8142-4833 Radar Google testa lente de contato inteligente para diabéticos O Google anunciou, no dia 16/01, que está testando um novo método para que diabéticos monitorem seus níveis de açúcar no sangue usando uma lente de contato equipada com microchips e uma antena. O protótipo da “lente de contato inteligente” é capaz de gerar uma leitura do nível de glicose por meio de uma lágrima por segundo, com o potencial de substituir a necessidade que pacientes diabéticos têm de furar seus dedos para testes com gotas de sangue ao longo do dia. Em blog oficial, a empresa declarou que está conversando com o FDA (Food and Drug Administration), mas ainda há muito trabalho pela frente para transformar essa tecnologia em um sistema que as pessoas possam usar. *Com informações da Reuters Suecos fazem primeiro transplante de útero O transplante de útero realizado na Suécia – o primeiro temporário e com o objetivo apenas de procriar – significa um avanço da medicina, mas salienta novas preocupações, segundo reportagem da Associated Press. Duas tentativas anteriores de transplante de útero foram feitas na Turquia e Arábia Saudita, mas as duas não resultaram em gravidez. Cientistas no Reino Unido, Hungria e de outras partes também planejam cirurgias similares, mas a Suécia avançou no processo. O projeto foi classificado como significativo por especialistas, mas ainda não é possível garantir o desenvol- Canstock Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Nove mulheres realizaram com sucesso transplante de útero, segundo informou uma equipe médica da Suécia, tendo sido liderada pelo chefe do departamento de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Gothenburg, Mats Brannstrom. Doado por parentes, as mulheres, que estão na faixa dos 30 anos, nasceram sem útero ou foram obrigadas a removê-lo por motivos de saúde. vimento de crianças saudáveis. A técnica usada na Suécia, a partir de doadores vivos, é controversa. No Reino Unido, médicos também planejam este tipo de cirurgia, mas usarão apenas úteros de doadoras mortas. Este foi também o caso da Turquia no ano passado. *Com informações da Associated Press 16 Doação de órgãos bate recorde e coloca Brasília no topo do ranking nacional A rede pública de Saúde do Distrito Federal está no topo do ranking nacional de doações de órgãos. Em 2013 foram 33,1 órgãos por milhão de pessoas, enquanto a média nacional foi de 13,3. A capital federal também foi recordista em transplantes de coração e córnea e ficou em segundo lugar no ranking de transplantes de pulmão, fígado e rim. Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Em 2013 foram realizados 522 transplantes. Foram 29 de coração, 53 de fígado, 128 de rim e 306 de córnea, além da realização dos dois primeiros transplantes de pulmão e quatro de medula óssea. A Saúde Pública do DF também disponibilizou à Central de Captação Nacional um coração, um pulmão, 12 fígados e 21 rins para serem transplantados em pacientes de outros estados. No DF, o hospital da rede que concentra a realização dos transplantes é o Hospital de Base (HBDF). Entretanto, o atendimento também é feito pelo Hospital Universitário de Brasília (HUB), Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) e redes credenciadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Fonte: Agência Brasília 33,1 522 Média nacional transplantes em 2013 13,3 Especialistas desenvolvem nova terapia contra pedras nos rins Coração 29 Fígado 53 rim 128 306 Córnea 2 Pulmão 4 Medula óssea Presença de acompanhante no parto Dispositivo desenvolvido pela equipe de pesquisadores da Universidade de Washington (EUA) pode ser capaz de acelerar o processo. Um ultrassom modificado em laboratório consegue mover os cálculos no interior do corpo, guiando a eliminação por meios naturais. “Nós desenvolvemos um ultrassom de baixa potência que pode mover pequenas pedras para reduzir a dor, os custos e o tempo de tratamento”, resume Michael Bailey, um dos engenheiros do projeto e integrante do Laboratório de Física Aplicada da Universidade. Sancionada em dezembro de 2013, a Lei 12.895/13 obriga os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) ou conveniados a manter, em local visível, aviso de que as gestantes têm direito a acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto. A lei teve origem em projeto (PL 5672/09) do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), aprovado pela Câmara dos Deputados. Os pesquisadores conduzem o primeiro estudo clínico com o aparelho em 15 voluntários. O trabalho tem alguns fatos curiosos. Parte do financiamento, por exemplo, vem do Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica Espacial norte-americano, interessado no projeto porque os astronautas têm um risco aumentado de pedras nos rins durante as viagens espaciais. A condição é extremamente comum também na superfície terrestre. Calcula-se que uma a cada 10 pessoas passará por uma crise na vida. A relatora do projeto na Comissão de Seguridade Social e Família, deputada Aline Corrêa (PP-SP), afirma que muitas mulheres, por falta de informação, deixam de exigir a presença do acompanhante. “A lei visa divulgar, garantir a informação. Hoje, muitas mulheres nos hospitais públicos não sabem que têm esse direito.” Fonte: Correio Braziliense A autorização de um acompanhante para as gestantes na rede pública está prevista em lei desde 1990 (Lei 8.080). O acompanhante é indicado pela própria parturiente – na maioria das vezes é o pai da criança ou a mãe da gestante. Fonte: Agência Câmara Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Brasília Em Brasília foram realizados Canstock Transplantes por milhão de pessoas em 2013 17 Canstock entrevista Dr. Mário Soares Ferreira Reumatismo Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Descritos por Hipócrates séculos antes de Cristo, os diversos tipos de reumatismo podem manifestar-se em pessoas de qualquer idade. Sob a denominação de reumatismo estão mais de 100 doenças diferentes. Para esclarecer mais os leitores sobre as doenças reumáticas, a revista Médico em Dia convidou o reumatologista Dr. Mário Soares Ferreira. Quais são os números das doenças reumáticas? Existem aproximadamente 120 enfermidades. Hoje cerca de 10% da população possui algum tipo de reumatismo e 20 bilhões de brasileiros são afetados por alguma doença reumatológica. Qual a explicação para estes altos índices? 18 Primeiro porque, apesar de não serem doenças tão raras, são pouco conhecidas, tanto pela classe médica quanto pela população em geral. Os programas de saúde do go- verno não conseguem fazer uma proposta de trabalho para controlar e combater essas doenças. Por exemplo, a doença mais frequente na minha especialidade é a osteoartrite, também chamada de artrose. Essa doença é degenerativa da articulação, ela começa por volta dos 40 anos. Vários fatores estão envolvidos nessa doença, como o sedentarismo e a obesidade, que aparecem cada vez com mais frequência nos diagnósticos. A pessoa que nasce geneticamente predisposta para a artrose e tem um quadro de obesidade ou de vida sedentária está mais sujeita a apresentar a enfermidade. Aos 60 ou 70 anos é quando ela aparece com mais frequência. Se a tendência é que o tempo médio de vida aumente daqui para frente, que as pessoas vivam mais, nós teremos também uma incidência maior da artrose. A maioria dos pacientes com doenças reumatológicas tem mais de 40 anos? Não, essa enfermidade específica (artrose) é que é mais frequente nessa faixa etária. Normalmente a doença reumatológica não tem idade, acomete desde a criança ao idoso. Costumo dizer que todos nós vamos ter algum grau de reumatismo à medida que avançarmos em idade. Temos os chamados reumatismos de partes moles, que incluem as tendinites, as bursites. Todos os processos inflamatórios de tendão estão dentro desse grupo de doenças reumatológicas. Pertence também a este grupo a fibromialgia, doença que, sozinha, acomete 3% da população. Outra doença muito frequente é a osteoporose. Também esta se manifesta quase sempre com o envelhecimento. Se você analisar um grupo de mulheres na pós-menopausa, com idades entre 50 e 54 anos, vai encontrar com muita frequência essa doença. O reumatologista não fala em cura, fala em remissão ou controle da doença. As nossas doenças são crônicas, geralmente não têm cura, mas têm tratamento eficaz hoje e, no caso da osteoporose, existem medicamentos que controlam muito bem a doença. E o diagnóstico está sendo mais rápido? O diagnóstico há muito tempo vem sendo feito com certa rapidez, na visão do reumatologista, e de uma forma bem prática. Porque não é complicado: a gente precisa de dados de anamnese e uma densitometria, pelo menos. Nos grandes centros, qualquer unidade de radiologia tem um aparelho deste. Os aparelhos também ficaram mais baratos ao longo do tempo. Tem como prevenir a osteoporose? A osteoporose é uma doença que você previne desde a infância. Por meio de uma alimentação rica em cálcio e a prática de atividades físicas você vai prevenir, e muito bem. O cálcio é fundamental na alimentação, assim como a vitamina D, que é hoje muito conhecida. A baixa vitamina D leva a perda de massa óssea. E a fibromialgia? De duas décadas para cá começou a se falar muito de fibromialgia. É uma doença que acomete muito mais a mulher e começa desde a infância, podendo se estender à fase idosa. É mais frequente na mulher talvez por questões hormonais específicas. Não é uma doença inflamatória, não é uma doença que vai deixar o individuo incapacitado, mas tem uma repercussão muito grande na qualidade de vida. Ela se caracteriza por dor generalizada, uma dor difusa, pegando qualquer parte do corpo. Está associada a um sono não reparador, a um quadro de fadiga persistente e distúrbios do humor. O lado emocional está muito envolvido também, mas há outros sintomas, como dor de cabeça, síndrome do cólon irritável, que pode ser intercalado com diarreia, com prisão de ventre, cólicas menstruais muito intensas, mandíbula que contrai durante o sono. O diagnóstico da fibromialgia é fácil? Sim, é fácil. O diagnóstico é feito com uma boa anamnese, exames físicos nos pontos dolorosos. Existem 18 pontos a serem examinados para detectar a doença. É geralmente um diagnóstico de exclusão, porque, como você vai encontrar um sintoma de dor difusa, muitas outras doenças podem dar esse sintoma, então você vai pedir o exame laboratorial. Não para fazer o diagnóstico da fibromialgia em si, mas para descartar outras enfermidades e com isso chegar ao diagnóstico. Os exames são todos normais, a clínica é soberana, junto com o exame físico. A fibromialgia pode ser evitada? Não. Você tem como controlar. O paciente tem que usar medicamentos, fazer uma atividade física aeróbica. O profissional que atender um paciente com fibromialgia precisa ver também o lado emocional dele, porque às vezes ele necessita de um acompanhamento psicológico, fazer uma terapia cognitiva comportamental, para que ele possa melhor compreender a si mesmo e suas somatizações. É fundamental. Eu digo para os meus pacientes: você tem que tentar ser feliz. O que mudou nos últimos anos em relação à pesquisa e tratamento de dor? Mudou muita coisa. Novas pesquisas, novos tipos de tratamento. Estamos evoluindo nesse caminho. Quando eu comecei, em 1997, a grande maioria chegava em cadeira de roda, porque a gente não tinha tratamento. A cura ainda não é uma realidade, mas temos medicamentos que controlam a dor. Temos pacientes que não têm mais nem deformidade, a doença está controlada, estão trabalhando. É uma doença que lidera a segunda causa de afastamento do trabalho e de aposentadoria, é uma doença que leva à incapacidade. A grande dificuldade da população é ser assistida pela rede pública. Essa é uma realidade do país inteiro. O tempo de espera é muito longo. E o lúpus? Lúpus é uma doença autoimune que não ataca só as articulações, ela ataca a pele, provoca lesão facial, perda de cabelo, aftas na boca, compromete o coração, o pulmão, o rim e o sistema nervoso central. O paciente desenvolve uma anemia autoimune, onde o próprio corpo destrói as hemácias, as plaquetas. O Lúpus compromete de forma muito agressiva o organismo. E as pesquisas sobre o Lúpus têm avançado? Tem medicamentos biológicos que estão chegando. Uma droga nova, que vem para revolucionar, Já está aprovada pela Anvisa, mas é um remédio caro. É preciso que o governo também distribua esta medicação. Acredita-se que, a cada mil mulheres, uma seja portadora da doença. Existem hoje no Brasil em torno de 120 a 250 mil pessoas com Lúpus. E o diagnóstico? É a doença que tem a mais rica clínica dentro das doenças reumatológicas, por ter o perfil de acometer vários órgãos. Então, o paciente chega e, só de olhar para a face dele, já conseguimos chegar a um diagnóstico, os exames laboratoriais são para comprovar. O diagnóstico não é difícil, o que é difícil é o paciente chegar a tempo de ser tratado, muitas vezes ele chega numa situação emergencial. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Falando de osteoporose, houve algum avanço no diagnóstico e no tratamento da doença? 19 Gestão da Saúde O ano de 2013 foi marcado pelo sucesso e pelo fortalecimento do Programa de Empreendedorismo e Gestão em Saúde Suplementar da AMBr. Em 2014 o projeto cresceu e ganhou um importante parceiro. Agora contamos com o apoio do SEBRAE, que será responsável pelas palestras, cursos e oficinas ministrados por consultores da instituição. Outra novidade é que o programa também realizará palestras itinerantes dentro dos principais hospitais da cidade, levando mais informações sobre gestão de clínicas e consultórios aos profissionais da saúde. O programa da AMBr é uma oportunidade diferenciada para os médicos empreendedores que necessitam de qualificação para seu corpo técnico, administrativo e científico. Ele oferece ferramental moderno para ampliar o lucro dos negócios na área médica e aperfeiçoar seus canais competitivos. Além disso, possibilita a melhora do modelo de gestão e ajuda a fortalecer sua carteira de clientes. No site da AMBr você encontra a agenda completa dos eventos do Programa e a ficha de cadastro para sua inscrição. Acesse: www.ambr.org.br Programação 2014 25 de fevereiro Plano de Acesso ao Crédito em Saúde Palestrante: Aderson Fonseca 11 de março Planejamento Estratégico para Segmento em Saúde Palestrante: Roberto Rocha 8 de abril Gestão de Processos em Saúde Palestrante: Newton Mauro 6 de maio Gestão Financeira em Saúde Palestrante: Wagner Isidoro 22 de julho Gestão da Qualidade Palestrante: Gustavo Gomes 9 de setembro Atendimento ao Cliente Palestrante: Isabel Cristina 7 de outubro Inovação Palestrante: Mônica Cortopasi 4 de novembro Legislação Tributária Palestrante: José de Arimatéia Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Programa de Empreendedorismo e Gestão da AMBr conta agora com apoio do SEBRAE 21 Medicina & Arte Dr. Armando J. C. Bezerra • Dr. Simônides Bacelar Doutora Barbie As bonecas e os bonecos sempre tiveram um papel importante na vida de crianças e adultos ao longo da existência humana. Desde a Pré-História, passando por Roma, Grécia e Egito antigos até os dias atuais, as crianças vêm crescendo e se desenvolvendo em companhia desses adoráveis brinquedos. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Quem algum dia não deu asas à imaginação tendo ao seu lado a companhia de soldadinhos de chumbo, Playmobil, He-Man, Falcon, Pinóquio, Emília, Mulher-Maravilha, Uniqua ou Monster High? Quem não fez vestidinhos, não brincou com casinhas de bonecas e não cantou cantigas de ninar para sua boneca dormir? 22 A boneca que tem feito mais sucesso no mundo é sem dúvida a Barbie. Mas, quem é mesmo a Barbie? Tudo praticamente começou quando a empresária norte -americana, Ruth Marianna Handler (1916-2002), nascida em Denver, no Colorado, percebeu que sua filha Barbara Handler, mesmo adolescente, continuava a gostar de brincar com bonecas. Ruth perguntou a Elliot Handler (1916-2011), seu marido, também empresário, por que não criava uma boneca adolescente que fizesse companhia as numerosas bonecas -bebês já existentes. Em 9 de março de 1959 nascia Barbie. A boneca foi apresentada ao mundo na Feira de Brinquedos de Nova Iorque. O Outras vezes, a Barbie tem prestigiado as profissões apresentando-se, por exemplo, como médica, professora, pianista, cantora, policial e bailarina. A Barbie médica tem feito enorme sucesso.” nome Barbie é uma homenagem do casal Ruth e Elliot a sua filha Barbara, por eles chamada, carinhosamente, de Barbie. O nome completo da boneca Barbie é Barbara Millicent Roberts. No mundo da fantasia, ela tem as seguintes irmãs: Skipper, Tuttie, Stacie, Kelly, Krissy e Chelsea. Seu único irmão, de nome Todd, é gêmeo com Tuttie. Filha de Margaret e George Roberts, Barbie nasceu na cidade de Willows, em Wisconsin. Estilistas famosos como Coco Chanel, Christian Dior e Giorgio Armani já tiveram a oportunidade de vestir a Barbie. Como era de se esperar, em razão de tamanha simpatia e elegância, um jovem bonitão chamado Ken logo se apaixonou pela Barbie. O namoro consolidou-se. Talvez em razão da torcida pelo enlace matrimonial de Barbie e Ken (cujo nome completo é Ken Carson), a Barbie noiva seja uma das preferidas da criançada. O nome Ken, como é chamado o boneco namorado da Barbie, é uma homenagem a Kenneth Handler (1944-1994), o filho do casal Handler e, portanto, o irmão da Barbie verdadeira. A boneca Barbie pode ser encontrada nas lojas em grande número de versões, algumas vezes homenageando culturas e, assim, vestindo trajes típicos de países como Holanda, Japão, Itália, México, dentre outros. Existem representações em justa solidariedade à cor, como Black Barbie, Barbie morena, Barbie mulata. As bonecas Barbie africana e baiana são muito bonitas. Dr. Simônides Bacelar Dr. Armando J. C. Bezerra Dentre as expressivas coleções de bonecas Barbie no Brasil destaca-se a de Lindalva Brito Nogueira, conhecida por Vó Lula. Uma elegante Barbie médica integra esse acervo. Recentemente suas bonecas, usando vestidos de sua confecção, estiveram temporariamente expostas à visitação pública no excelente Museu Regional de Vitória da Conquista, também conhecido como Casa Henriqueta Prates, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e sob a competente direção de Mary Anne Assis l. Oliveira. A paixão por Barbie é tão grande no mundo que, por incrível que pareça, fez surgirem Barbies humanas, fãs ardorosas que assumiram a aparência de Barbie por meio de engenhosos recursos estéticos. A indústria de brinquedos que produz a Barbie é a Mattel, cujo nome vem de Mattson (Matt) e Elliot (El), sócios de Ruth, a criadora da Barbie. Há também Barbie em cadeira de rodas e a versão sem cabelos, talvez em solidariedade a crianças em uso de quimioterapia. Como forma de a Barbie retribuir o carinho recebido das crianças do mundo inteiro, a Mattel Children’s Foundation mantém em exemplar funcionamento o Mattel Children’s Hospital, a assim chamada ala pediátrica do Ronald Regan Medical Center, da Universidade da Califórnia – UCLA, em Los Angeles, nos Estados Unidos da América. Outras vezes, a Barbie tem prestigiado as profissões apresentando-se, por exemplo, como médica, professora, pianista, cantora, policial e bailarina. A Barbie médica tem feito enorme sucesso. As meninas se identificam muito com a doutora Barbie porque provavelmente veem na boneca médica a pediatra que gostariam de ser. É interessante registrar que a UCLA, dentre seus ex-alunos e servidores, lista treze ganhadores do Prêmio Nobel e 125 medalhistas de ouro em Jogos Olímpicos. Certamente a Barbie também merece uma medalha de ouro, pois se estima que a cada dois segundos uma Barbie seja presenteada a uma criança no mundo. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 A boneca Barbie frequentemente se apresenta magra, alta, loira, jovem, elegante, de olhos azuis e com um generoso busto. Com tantos atributos charmosos despertou a atenção de Andy Warhol, um dos mestres da pop art. O quadro intitulado Barbie, feito em resina e serigrafia sobre tela, datado de 1985, é de autoria do artista Warhol. 23 Ponto José Hamilton • psiquiatra, especialista em dependência química O uso terapêutico da maconha No mês passado, Nova Iorque tornou-se o 21º Estado americano a permitir o uso da maconha para fins medicinais. Também em janeiro a França aprovou o Sativex, medicamento à base do princípio ativo da maconha para tratar sintomas da esclerose múltipla. Já no Uruguai, no final de 2013, passou a ser permitido que qualquer cidadão maior de 18 anos cultive a maconha para consumo pessoal. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 As recentes decisões reacenderam a polêmica do uso terapêutico da maconha no Brasil. Nos países em que o uso da droga para fins medicinais é legalizada, os médicos a recomendam para aliviar os sintomas de diversos distúrbios e doenças crônicas, como AIDS, câncer, TDAH, esclerose múltipla, náusea decorrente da quimioterapia, doença de Crohn, glaucoma, epilepsia, insônia, enxaqueca, artrite e falta de apetite. A maconha medicinal também é indicada para pacientes terminais, como forma de aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida. 24 O professor titular de psicofarmacologia na Universidade Federal de São Paulo e pesquisador emérito da Secretaria Nacional de Políticas sobre Droga do Ministério da Justiça, Dr. Elisaldo Carlini, publicou na revista científica da AMBr, Brasília Médica, o artigo “Cannabis sativa L (maconha): Medicamento que renasce?”, em que chegou à seguinte conclusão: “Devido ao renascimento do uso medicinal da Cannabis Sativa e às exigências da Organização das Nações Unidas, faz-se necessário oficializar a Agência Brasileira da Canabis Medicinal para regular e controlar o cultivo medicinal da Cannabis Sativa, esclarecer a população sobre os benefícios e riscos que advêm do tratamento e zelar pela abordagem racional do uso medicinal da maconha”. Dr. José Hamilton Você é a favor da descriminalização da maconha? Por que? Sou a favor da descriminalização da maconha. A justificativa para descriminalizar não possui as bases na medicina, mas sim na ética e liberdade individual.‑ Penso que o livre arbítrio é um direito humano inalienável. A possibilidade de escolher é o que nos define humanos, e nos diferencia de outras espécies. É claro, que toda escolha deve ter em sua base informações e também a aceitação das consequências advindas da escolha. Se você escolher fumar maconha deve estar consciente de seus efeitos, não deve colocar nas costas da sociedade o prejuízo que esta atitude possa gerar. Digo isto porque existem diversos estudos mostrando os danos causados pelo consumo crônico de maconha, especialmente na esfera cognitiva. Mas você pode questionar: se causa prejuízos, não deve ser proibida? Não necessariamente. Afinal, várias outras coisas possuem seu grau de risco e prejuízo. Açúcar em excesso, bacon, álcool, tabaco. Cabe ao indivíduo decidir. Você é a favor da utilização da maconha para fins terapêuticos? Por que? Sou contra a utilização da maconha para fins terapêuticos por falta de evidências científicas que mostrem resultados benéficos comparados com outros tratamentos. Algumas pessoas utilizam o argumento do fim medicinal, mas, na maioria das vezes, é apenas um argumento a mais para descriminalizar. O uso da maconha em condições como ansiedade, náuseas induzidas por quimioterapia e até mesmo perda de apetite relacionado ao HIV não possui evidências de superioridade quando comparada a tratamentos convencionais. & Contraponto Elisaldo Carlini • psicofarmacologista, professor da Unifesp, diretor do Cebrid e membro do comitê de peritos da OMS sobre álcool e drogas Em entrevista para a Revista Médico em Dia, Dr. Carlini destacou o grande número de pesquisas e estudos que comprovam a eficácia da utilização da maconha para fins terapêuticos. "Se formos contar, deve existir mais de um milhar de estudos sobre o tema. Em maio teremos em São Paulo mais uma edição do simpósio sobre o assunto com a participação de profissionais internacionais e pesquisadores do Brasil. Os estudos avançaram e hoje mais de 30 países já utilizam a maconha para fins terapêuticos", acrescenta. Em recente artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, com o título “O novo status da maconha”, Dr. Carlini defende a descriminalização da maconha e afirma: “No século 19, medicamentos à base da maconha (Cannabis Sativa L) eram disponíveis aos pacientes (...) e a maconha usada como medicamento naqueles tempos não causava ‘graves’ intoxicações. D. S. Snyder, ao examinar a literatura médica do século 19, diz que é marcante que muitos relatórios médicos não mencionem qualquer propriedade intoxicante da droga”. Sobre o uso terapêutico da maconha, Dr. Carlini afirma: “A identificação dos princípios químicos ativos da maconha, a descrição segundo a qual o cérebro humano tem ‘receptores’ para esses princípios, a surpreendente descoberta de que o nosso cérebro sintetiza uma substância capaz de atuar naqueles receptores (como se tivéssemos uma maconha produzida pelo nosso próprio cérebro, a anandamida) e a descrição de um sistema de neurotransmissão nervosa chamado de sistema canabinoide endógeno, trouxeram um novo status científico para a maconha”. Segundo ele, “muitos trabalhos científicos clínicos foram feitos no mundo demonstrando claramente que a maconha tem boas propriedades terapêuticas (dores neuro e miopáticas; esclerose múltipla; náusea e vômito resultantes da quimioterapia do câncer; e mais recentemente epilepsia e dores terminais do câncer). Em recentes pesquisas epidemiológicas, seguindo milhares de usuários crônicos e até pesados da maconha, feitas em importantes universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido, cabalmente mostram que a maconha não afeta o desempenho cognitivo, não produz ganho de peso e não está associada a efeitos adversos da função pulmonar”. Pessoas utilizam o argumento do fim medicinal, mas, na maioria das vezes, é apenas um argumento a mais para descriminalizar". Dr. José Hamilton Muitos trabalhos científicos clínicos foram feitos no mundo demonstrando claramente que a maconha tem boas propriedades terapêuticas". Dr. Elisaldo Carlini Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Dr. Elisaldo Carlini 25 Histórias da Música Popular Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Renato Vivacqua • Historiador da música popular Dr. Eudes Fernandes de Andrade • Médico Urologista Ernesto Nazareth, o nosso “tangueiro” O ano de 2013 marcou os 150 anos decorridos do nascimento de um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos: o pianista e compositor Ernesto Nazareth. Aos 16 anos já era profissional, compondo e editando obras. É considerado o criador do tango brasileiro (na realidade eram 26 polcas, que nada tinham a ver com o ritmo argentino). Um dos cinemas onde tocou por mais tempo foi o chique Odeon (que inspirou outra bela melodia), onde tinha como fã e assistente assíduo nada menos que Ruy Barbosa, que nunca entrava para ver o filme. Aos dez anos sofreu uma queda que provocou-lhe problemas auditivos. Os aparelhos de surdez rudimentares da época pouco o ajudaram. Piorou com o tempo obrigando-se a tocar debruçado sobre o piano. Isso, aliado à morte da mulher e da filha, tornou-o um amargurado. Virou até vítima de desrespeito, como o do jornalista, teatrólogo e professor de direito, Raul Pederneiras, dono de língua ferina que fez trocadilho irônico e cruel sobre a deficiência dele: “Nazareth é o maestro que há, que nunca houve.” Villa Lobos, que na época das vacas magras acompanhava-o ao violoncelo, já famoso, dedicou-lhe o “Choro nº 1”. Por incrível que pareça não tinha piano em casa, exercitava-se nas lojas de música tocando para os clientes para vender partituras. Era muito exigente quando o possível comprador mostrava interesse por suas composições e tentava tocá-las, e as “maltratava”, como dizia. Perdia o negócio mandando parar a execução: “assim não se toca Nazareth!”. Só teve instrumento próprio aos 63 anos, recebendo-o de admiradores paulistas. Uma curiosidade: entre 1917 e 1926 -não se sabe ao certocompôs a marcha “Ipanema”, talvez a primeira a louvar o futuro charmoso bairro, naquela época semideserto. Apesar do admirável talento, não tinha grande penetração entre o povão que o achava muito “concertístico” e não serem dançantes suas composições. Mesmo alguns críticos o indignavam ao classificar seus tangos de maxixes, gênero que achava espúrio. “Os tangos não são tão baixos como os maxixes”, vociferava. Irritou-se até com Mário de Andrade que fez conferência sobre sua obra para prestigiá-lo, mas chamou-o de “fixador do maxixe”. Em 1922 passou por situação constrangedora. Num concerto onde seriam apresentadas suas obras no Instituto Nacional de Música precisou haver intervenção policial para conter a indignação do povo Villa Lobos, que na época das vacas magras acompanhava-o ao violoncelo, já famoso, dedicou-lhe o Choro nº 1.” com a “música baixa” a qual, para eles, maculava aquele templo das melodias clássicas. Era um homem encantador, segundo a pesquisadora Marisa Lyra: “Branco, pele morena, cabelos negros e lisos, extremamente simpático, com maneiras distintas que o tornavam muito atraente.” Em 1933 começaram a aparecer os primeiros sintomas da perturbação mental que o levou a ser internado em fevereiro de 1934. Nunca foi apurado como conseguiu fugir, ficando desaparecido por três dias e encontrado próximo a uma represa. Causa-mortis: asfixia por submersão. Visitado no Instituto Psiquiátrico pelo maestro Mozart de Araújo, revelou a este algo que beirou o humor negro: “Tenho para este carnaval uma marcha que vai abafar. Quer o nome? ‘Estás maluco outra vez’.” Nos dias atuais continua executado por grupos de choro. Deixou 214 composições. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Em 1893 compôs o belíssimo “Brejeiro”, mas, pressionado por problemas financeiros, vendeu os direitos da obra. Foi sua primeira produção levada ao disco. Recebeu letra de Catulo, sem sua anuência, inclusive com outro nome: “Sertanejo apaixonado”. Ao longo dos tempos, Brejeiro teve centenas de gravações, inclusive pela banda da Guarda Republicana de Paris. Outras composições dele receberam letras. “Apanhei-te cavaquinho”, por exemplo, gravado com enorme sucesso por Ademilde Fonseca e Odeon, cujo letrista foi Vinícius atendendo a um pedido de Nara Leão. Para sobreviver, a contragosto, compunha foxtrotes, sambas e até marchas carnavalescas. Tocava em festas, dava aulas particulares e se apresentava na sala de espera dos cinemas onde ganhava um dinheirinho melhor. Mas aí vieram as películas faladas que lhe tiraram o trabalho. Chegou a ter emprego fixo como escriturário do Tesouro Nacional, onde, logicamente, não se adaptou. 27 Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 entrevista EXCLUSIVA Dra. Ramona Rodriguez 28 “O governo deve prover os postos médicos e hospitais, dar infraestrutura necessária para oferecer uma atenção completa para a população” Dra. Ramona Rodriguez No dia 1º de fevereiro, a cubana Ramona Rodriguez saiu da cidade de Pacajá (PA), onde esteve lotada para atuar no Programa Mais Médicos do Governo Federal, e partiu em direção à capital federal. A viagem foi considerada uma “fuga”, pois os médicos cubanos do programa têm sua conduta dentro do Brasil submetida à vigilância constante de um coordenador do regime de Cuba. Abrigada no gabinete da liderança do Partido Democratas (DEM), Ramona relatou que foi enviada ao Brasil sem saber que outros profissionais participantes do mesmo programa recebiam uma bolsa de R$ 10 mil. O pagamento da profissional era dividido entre os U$ 400 que recebia por mês (pouco mais de 900 reais), e o depósito, também mensal, de U$ 600 numa suposta conta em Cuba. Em nome de quem? Ela não sabe. Este recurso chegaria até ela? Também não sabe. O resto do dinheiro para se chegar ao total da bolsa do programa – cerca de R$ 7.500,00 – vai para quem? Para atuar pelo Mais Médicos, a médica assinou um contrato cuja empresa responsável pela intermediação aparece como ‘Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos’, e não a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), como havia sido divulgado pelo Governo Federal. As sérias denúncias feitas pela profissional estrangeira chamaram atenção de toda sociedade, assim como das entidades representativas da categoria médica. As entidades médicas informaram a população sobre uma gama de problemas na implantação do programa, fizeram alertas frequentes ao longo de todo o processo, denunciando os riscos e fragilidades de sua execução, mas, infelizmente, foram acusadas de corporativistas e de serem ‘contra o povo brasileiro’. Casos como esse provam que as preocupações são pertinentes. O que o povo brasileiro não conseguiu enxergar foi que, defendendo a contratação de profissionais de forma responsável, com certificação da formação científica e segurança jurídica nos vínculos trabalhistas, as entidades médicas estavam defendendo a população e os próprios médicos. E os próprios médicos estrangeiros, das consequências nefastas de ações eleitoreiras que, de fato, não aliviariam (e não aliviarão) a angústia popular perante a má-qualidade da saúde pública no país. O que aconteceu com Ramona certamente não é um fato isolado e precisa ser apurado com rigor. As nebulosas questões contratuais do programa Mais Médicos indicam a possibilidade de vínculos empregatícios análogos à escravidão, o que é ainda mais grave, se comprovado. Os profissionais cubanos são trazidos ao Brasil com liberdade cerceada e sistema de pagamento diferenciado, em comparação ao praticado com médicos de outras nacionalidades que exercem a mesma atividade no país. Por sentir-se enganada e temer represálias de seu país de origem, Ramona solicitou asilo político no Brasil. Falta de liberdade Ramona também relatou as restrições de liberdade que tinha na cidade de Pacajá. Todos os seus passos tinham que ser relatados a um supervisor cubano do programa, que mora em Belém. Ela precisava de autorização para almoçar ou passear em outras cidades, ainda que no mesmo Estado, e tinha que comunicar qualquer ‘relação mais séria’ com brasileiros ou estrangeiros. "O governo cubano manda não falar, manter a privacidade, não divulgar nada do contrato para outras pessoas. O representante nos controla: sabe onde vamos, o que fazemos, com quem nos relacionamos", afirmou a médica. Novo trabalho na AMB No dia 11 de fevereiro a diretoria executiva da Associação Médica Brasileira (AMB) reuniu-se com a Dra. Ramona Rodriguez para consolidar a proposta de trabalho na sede da AMB em Brasília, localizada na AMBr (Associação Médica de Brasília). Ela irá atuar na área administrativa como assessora da diretoria e presidência da AMB. “Preciso trabalhar para ajudar minha família, me manter e viver aqui. Também quero ajudar os demais médicos cubanos que estão sendo tratados como escravos e ganhando diferente dos outros profissionais”, afirma Ramona. Ramona terá uma remuneração de R$ 3 mil e todos os benefícios e garantias trabalhistas. A AMB também irá auxiliá-la a encontrar uma moradia em Brasília, para que possa se adaptar a uma nova rotina. Sobre voltar a atuar como médica no Brasil, ela demonstrou disposição para se preparar e submeter-se à prova do Revalida, mostrando-se apta a atuar no Brasil em condições dignas de trabalho. “A AMB dará todo o apoio necessário e irá ajudá-la naquilo que for preciso para capacitá-la a revalidar o diplo- Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Ramona Rodriguez, médica cubana que saiu do programa Mais Médicos, disse que faltavam remédios e equipamentos na cidade onde trabalhou no Pará. 29 entrevista EXCLUSIVA Dra. Ramona Rodriguez ma médico”, disse o presidente da AMB, Florentino de Araújo Cardoso Filho. “Não podemos compactuar com a afirmação de que esses médicos estão fazendo um curso, recebendo uma bolsa de US$ 400. Eles estão trabalhando. Quem vem trabalhar no Brasil deve estar de acordo com nossas leis. Não somos contra nenhum médico formado no exterior atuar em nosso país, desde que faça o exame de revalidação do diploma”, ressaltou Florentino. Para o presidente da AMBr, dr. Luciano Carvalho, a condução da AMB foi adequada. “A compreensão que temos do Mais Médicos é de que o desenho do programa não terá efetividade para a população, além de não corresponder com as leis brasileiras. Não somos contrários a vinda de médicos de outros países, pois nós, brasileiros, também nos capacitamos fora, mas é importante ressaltar a necessidade do Revalida para garantir a segurança da população”, explica Luciano Carvalho. Com informações da AMB Ramona Rodriguez Natural de Havana, Ramona Matos Rodríguez exerce a medicina há 27 anos. Com especialização em "medicina geral integral", já participou de uma missão de médicos cubanos à Bolívia. Em entrevista exclusiva a médica cubana falou para a revista Médico em Dia sobre a falta de estrutura nos postos de saúde e hospitais onde trabalhou no Pará e sobre os motivos que a levaram a deixar o programa Mais Médicos. O que você esperava do programa Mais Médicos? Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Era um programa que se mostrava muito atraente, porque dar saúde para a população que necessita é algo muito bonito. Nós, médicos cubanos, sempre nos caracterizamos pela solidariedade e humanidade que damos ao próximo. Mas penso que a questão da diferença de salário em relação aos outros médicos que também trabalham no programa não é justa, não é correta. Médicos que têm a mesma preparação e a mesma formação que a nossa ganham mais do que os médicos cubanos. Não na Bolívia era uma missão humanitária e no Brasil é um contrato de trabalho. Na Bolívia, a senhora comentou que não ficava com o seu passaporte. Isso, na Bolívia o passaporte era retido. Logo após passar pela imigração tínhamos que entregar os nossos passaportes a uma funcionária cubana. E como era a forma de pagamento? Recebíamos 200 dólares, mais 100 dólares para alimentação. Davam ainda moradia e transporte. Os 100 dólares de alimentação eram entregues para uma pessoa responsável por fazer as compras de todos que moravam na casa. Que tipos de doenças eram mais comuns no local que a senhora estava trabalhando? As entidades médicas defendem que o problema no Brasil não é a falta de médicos, e sim de estrutura e boa gestão da Saúde. A senhora concorda com isso? Muitos casos de parasitismos intestinais. Uma população com muitas enfermidades parasitárias. Tinham muitos casos também de asma, diabetes e pressão alta. Vimos muitos casos de dengue também. Claro, eu já falei sobre isso. O governo deve prover os postos médicos e hospitais da infraestrutura necessária para dar uma atenção completa para a população. Havia assistentes e auxiliares para lhe ajudar? Em Cuba existe algum exame ou prova para reconhecimento do diploma médico de estrangeiros? Um médico brasileiro, por exemplo, para atuar em Cuba precisa passar por algum tipo de revalidação do diploma? Tínhamos alguns assistentes que nos auxiliavam na aferição da pressão arterial, peso e altura dos pacientes. E os equipamentos disponíveis, eram suficientes? Existiam alguns equipamentos, mas poucos. Também havia falta de medicamentos. Os pacientes tinham dificuldades para ter acesso a medicamentos? 30 Quando a senhora trabalhou na Bolívia o sistema de trabalho era o mesmo do Mais Médicos? Sim, tinham muita dificuldade em ter acesso a medicamentos básicos. Sim, funciona como no Brasil. Está na Constituição que é preciso revalidar o diploma para atuar como médico em Cuba. Como a senhora recebeu o convite para trabalhar na AMB? Senti-me muito bem e esperançosa. Espero ajudar e que me ajudem também. Pretendo trabalhar, estudar e revalidar meu diploma para atuar como médica no Brasil. Vitrine 1 2 3 4 5 1 Dr. Evaldo Trajano, Dra. Janice Lamas, Dr. Luiz Augusto Casulari, Dr. Luciano Carvalho, Dra. Rosylane Rocha, Dra. Olímpia Lima, Dra. Ana Patrícia de Paula e Dr. Rodrigo Pinheiro em reunião sobre o IX Congresso Médico de Brasília. 2 Dr. Luciano Carvalho e Dr. Florentino Cardoso Filho em reunião com a diretoria da AMB. 3 Dr. Elias Couto, diretor de Planejamento da AMBr, na abertura da Palestra Qualiss. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Fotos: André vilarim 4 O presidente da AMBr, Dr. Luciano Carvalho, participa da plantação de mudas na Área de Lazer da Associação Médica de Brasília. 5 Dr. Luciano Carvalho apresenta o Calendário de Eventos de 2014 da AMBr aos presidentes das Sociedades de Especialidade Médicas. 31 entrevista Dra Fernanda Casares Marcelino Canstock Dra Fernanda Casares Marcelino Alergista e Imunologista do Hospital Santa Lúcia 32 Crianças, cosméticos e alergias: uma combinação que merece atenção A infância é a fase da vida que merece mais atenção dos pais quanto à utilização de produtos de higiene e cosméticos em seus filhos. As propagandas de televisão, assim como as estantes de mercados e farmácias oferecem uma infinidade de produtos destinados para o público infantil, mas os pais devem ficar atentos para a composição desses cosméticos e para uma possível reação cutânea. A alergista Fernanda Marcelino deu entrevista para a Médico em Dia, onde alerta para a importância dos cuidados na hora de comprar produtos de higiene e cosméticos para os pequenos. “A pele da criança é mais fina e suas camadas ainda estão incompletas. A superfície de absorção é maior (os cosméticos são absorvidos em maior intensidade) e a imunidade da pele da criança ainda está em formação”, afirma a médica. Porque na criança é melhor usar cosméticos infantis? Os cosméticos de adultos só estão liberados para uso a partir dos 13 anos, pois eles não apresentam testes de segurança em crianças e são mais concentrados, levando a maiores riscos de alergias, oleosidades, acne precoce ou irritações na pele. Há substâncias perigosas em cosméticos infantis? Algum componente é proibido? Os cosméticos são a causa principal de dermatite de contato na infância, pois vêm sendo usados de forma sistemática e crescente produtos que contêm ingredientes que são agressivos à pele da criança como: parabenos, kathon CG, lanolina, perfume, parafenilenodiamina, bálsamo do peru e sulfato de níquel. Alguns desses produtos têm também potencial cancerígeno. Os cosméticos são a causa principal de dermatite de contato na infância, pois vêm sendo usados de forma sistemática e crescente produtos que contêm ingredientes que são agressivos à pele da criança como: parabenos, kathon CG, lanolina, perfume, parafenilenodiamina, bálsamo do peru e sulfato de níquel.” Qual a cautela necessária na hora de adquirir o produto? • Sempre observar os rótulos quanto à indicação de faixa etária e a forma de uso. Quais os cuidados necessários com os cabelos das crianças? Uso de produtos infantis para limpeza. Evitar tinturas, alisamentos e chapinhas frequentes, pois podem causar danos aos fios e couro cabeludo. É mais prudente que sejam hipoalergênicos e dermatologicamente testados. • Maquiagem com baixo poder de fixação e facilmente removida com água. Maquiagens para bonecas e outras comercializadas como brinquedos não podem ser utilizadas. É necessário passar protetor solar na criança diariamente? Qual seria o fator ideal? Existem cosméticos que não oferecem nenhum tipo de risco? O uso deve ser diário e com FPS mínimo de 15, mas deve-se solicitar a recomendação do pediatra. Importante lembrar que não existe cosmético “risco zero”. Quanto menos se utilizar cosméticos em crianças, melhor. Os pais devem ter bom senso, pois não há como prever se uma criança terá ou não reação a algum cosmético. Reaplicação a cada 2 horas em praias ou piscinas. O uso de esmaltes pelas pequenas é permitido? E acetona? Quais os cosméticos mais indicados? Somente esmaltes à base de água e que saem sem acetona. Em menores de seis meses apenas o shampoo e sabonete neutro. Hidratante apenas com indicação médica. E na hora de escolher o perfume, quais as principais recomendações? A partir dos seis meses, acrescentar os protetores solares e os hidratantes em caso de pele ressecada ou algumas condições especiais (inverno, baixa umidade do ar). Usar o mínimo possível, evitar aplicação direta na pele da criança, evitar os que contêm álcool, e escolher o que seja indicado para uso infantil. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 • Utilizar APENAS produtos infantis com registro da ANVISA na embalagem (geralmente um número de 9 ou 13 dígitos precedido pelas siglas MS ou ANVS). 33 novo SALÃO DE FESTAS Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 AMBr inaugura novo Salão de Festas 34 A Festa do Médico em outubro de 2013 marcou também a inauguração do novo Salão de Festas da Associação Médica de Brasília (AMBr). Após uma ampla reforma, o espaço está pronto e disponível para a realização de eventos de aniversário, casamento, 15 anos e outros. O novo salão tem capacidade para 400 pessoas e conta com moderna infraestrutura, excelente acústica, além de uma cozinha adequada para receber grandes buffets. O espaço conta com a administração da experiente equipe da Associação e o suporte de profissionais credenciados de buffet, decoração, som e manobristas. Além disso, os diferenciais: um ambiente em meio à natureza, com ótima localização e amplo estacionamento. O presidente da AMBr, Luciano Carvalho, comemora o novo empreendimento que poderá atender com qualidade e profissionalismo os mais diferentes tipos de festas. “Este foi um dos nossos grandes projetos, a Associação necessitava de um espaço adequado para festas e eventos. Investimos em infraestrutura de cozinha e equipamentos, além de materiais modernos e de ótima qualidade. Sem dúvida hoje temos um dos salões de festas mais bonitos e modernos da cidade”, diz. Os associados da AMBr têm preço diferenciado. Conheça o novo Salão de Festas da AMBr Marque uma visita com a consultora Marina Tel.: (61) 2195-9731 / 9981-8373. » Plantão aos sábados até às 13h Jovem Médico Calendário Científico AMBr Fique por dentro dos principais Congressos, palestras, cursos e encontros de medicina nacionais e internacionais. No site da AMBr você encontra o calendário científico atualizado. Acesse: www.ambr.org.br Na era dos dispositivos móveis, como tablets e smartphones, é crescente o acesso à informação online e na palma da mão, mas nada cabe melhor no seu bolso do que um livro médico de 2.000 páginas! Graças ao ebooks, podemos "levar" vários livros e artigos a qualquer lugar sem ocupar espaço ou carregar o peso! O Inkling, na ativa desde 2009, traz uma abordagem nova e interativa aos ebooks, com vídeo, audio e excelente recurso de busca. O Inkling fornece também recursos de teste que ajudam no aprendizado: alguns termos específicos tem um glossário à distância de um clique e vários livros trazem a opção de questões e desafios. O grande diferencial para estudantes de medicina nesse app é nos livros de anatomia: o app dá a opção de esconder as legendas das imagens, de forma que você pode simular uma verdadeira prova de anatomia. O Inkling está disponível para iPhone, iPad e na web (para Android ainda está em andamento), com grande acervo de livros em todas as áreas. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Inkling, acervo de livros médicos interativos Fonte: MédicoNer 35 Agende-se Março Pediatria Simpósio de Reanimação Neonatal 5º Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal Matinê de Carnaval AMBr Data: Informações: 4 de março www.ambr.org.br • (61) 2195.9716 Data: Realização: Endoscopia Digestiva Simpósio de Endoscopia Digestiva VIII Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva Tema: Data: Realização: Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Local: 36 Esôfago de Barret, Gastrites, Doença Celíaca, Pancreatite Crônica, Doença de Crohn, entre outros. Objetivo: Local: de 21 a 22 de março Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva de 27 a 29 de março Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul Atualizar profissionais médicos sobre as últimas pesquisas na área de reanimação do recém-nascido Serrano Resort Convenções & Spa Avenida das Hortênsias, 1480, Gramado/RS Humanização em Saúde Congresso de Humanidades e Humanização da Saúde Congresso Internacional de Humanidades e Humanização da Saúde Serrano Resort Convenções & Spa Avenida das Hortênsias, 1480, Gramado/RS Data: Promoção: Local: Informações: de 31 de março a 1 de abril Faculdade de Medicina da USP, Hospital das Clínicas da USP e Rede Humaniza da FMUSPHC Centro de Convenções Rebouças, São Paulo/SP (11) 3225.5704 / 3284.6680 [email protected] Abril Medicina do Trabalho Curso – Medicina do Trabalho Local: Informações: Pontifícia Universidade Católica Hotel Village Inn Ribeirão Preto/SP (16) 3021.9222 [email protected] Clínica Médica X Congresso Paulista de Clínica Médica Data: 4 e 5 de abril Tema: A Copa da Saúde 2014 Vencendo as Doenças do Século XXI Local: Centro Fecomércio de Eventos São Paulo/SP Promoção: Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica Informações: www.clinicamedicaonline.com.br Data: Realização: de 29 de abril a 3 de maio Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) Tema: A Nova Geração de Idosos e os Desafios Contemporâneos Local: Hangar – Centro de Convenções e Feira da Amazônia Endereço: Av. Dr. Freitas, S/N, Belém/PA Maio Nutrição VI Congresso Brasileiro de Nutrição e Câncer (CBNC) e GANEPÃO 2014* Data: de 14 a 17 de maio Tema: Do Catabolismo ao Anabolismo Local: Centro Fecomércio de Eventos São Paulo/SP *A participação nos eventos será pontuada pela Comissão Nacional de Acreditação (CNA) para atualização profissional de médicos Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Organização: maio/2012 a abril/2014 Canstock Data: Geriatria Congresso de Geriatria e Gerontologia XIX Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia 37 Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Perfil Dr. Paulo Tavares 38 Música e medicina Nascido em 1928 no Rio de Janeiro, Dr. Paulo Tavares nutriu durante sua vida uma grande paixão pela música. Filho de músico, ingressou na faculdade de medicina da Universidade Brasil no Rio de Janeiro, hoje UFRJ, sem imaginar as surpresas e mudanças que a medicina traria para a sua vida. Após a conclusão do curso, o médico se dividia entre clínica médica e pneumologia. Mas foi o interesse pela fisiopatologia respiratória que traçou o seu destino profissional. Em 1967, devido a experiência e o interesse pela área, foi convidado pela UnB para visitar o campus e a equipe da universidade. Pai de três filhos, mudou-se para a capital ao lado da esposa. Na UnB, começou a dar aulas de fisiologia respiratória e a desenvolver projetos de fisiologia. Logo depois foi para a França, onde ficou por um ano como participante de um projeto de pesquisa. Retornou a Brasília e participou da criação do laboratório de fisiologia cardiorrespiratória da UnB. “Essa história talvez não mostre o tamanho e a importância do que fizemos na época. Como ela trouxe modificações grandes na minha própria vida e na vida das pessoas ao meu redor”, diz o médico orgulhoso. “A consequência foi que continuei trabalhando no laboratório e, aos poucos, foram surgindo mais profissionais que também tinham interesse pela fisiologia respiratória. A área cresceu muito em Brasília e até hoje representa uma tendência dos médicos pneumologistas aqui formados”, conclui. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 “Fiquei deslumbrado por Brasília, o clima, o ar, o aeroporto de madeira, e na Universidade comecei a conhecer os projetos. O professor Luis Carlos Lobo precisava de uma pessoa com experiência em clínica em pneumologia e que tivesse interesse pela fisiopatologia respiratória. Então, a oportunidade, casada com o interesse que eu tinha, foi determinante para me trazer para Brasília. E isso iria mudar a minha vida. Não foi nada planejado”, conta o médico. 39 Canstock Artigo Carla Furtado Carla Furtado Diretora do Grupo Athena. Atua na área de saúde suplementar, como executiva e consultora, desde 1996. ANS vai monitorar a qualidade dos prestadores de serviços Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 O QUALISS – Programa de Divulgação da Qualificação dos Prestadores de Serviços de Saúde Complementar, definido pela ANS pela RN Nº 267 (24.08.2011), entrou em vigor em 23 de setembro de 2013. Até 22 de março de 2014, operadoras com mais de 100 mil beneficiários deverão implementá-lo, divulgando em seus materiais impressos e sites a qualificação dos prestadores de serviços da rede conveniada. 40 Até então, as medidas de qualificação do setor têm sido voluntárias e isoladas, ocorrendo através da implantação de programas de certificação, especialmente através do modelo ONA e prioritariamente em hospitais. No caso dos laboratórios, a opção tem sido pelo certificado PALC, concedido pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Dos 6.313 hospitais privados gerais e especializados, a ANS informou recentemente que apenas 222, ou 3,5%, estão acreditados pela ONA, pelo JCI ou pelo IGG. Com a iniciativa, a ANS amplia seu escopo de atuação sobre a saúde suplementar, passando a avaliar a qualidade dos prestadores de serviço – não mais apenas os planos de saúde. Segundo a Agência, os objetivos principais são aumentar o poder de avaliação e escolha por parte dos beneficiários dos planos de saúde por meio da disponibilização de informação padro- nizada sobre qualificação e estimular a adesão dos prestadores de serviços (profissionais e unidades de saúde) a programas que melhorem seus desempenhos e os qualifiquem. Para os hospitais, serão definidos como itens de qualificação, em um primeiro momento, Acreditação e a participação no Notivisa – sistema eletrônico gerenciado pela Anvisa, que recebe notificações dos estabelecimentos de casos confirmados ou suspeitos de efeitos inesperados. Em uma segunda etapa serão monitorados determinados indicadores. Em Brasília, alguns hospitais encontram-se adequados ao QUALISS, por terem se antecipado, adotando o modelo ONA. Para serviços de diagnóstico e terapia ambulatorial, os itens serão os mesmos dos hospitais – nesse caso, Brasília possui poucos serviços totalmente prontos. Já para os profissionais – pessoas físicas ou jurídicas – serão verificados os seguintes itens: participação no Notivisa, pós-graduação com no mínimo 360hs (exceto médicos), residência em saúde reconhecida pelo MEC e título de especialista outorgado pela Sociedade de Especialidade ou Conselho Profissional. Trata-se de um novo momento para a saúde suplementar brasileira, com possibilidade de reconhecimento àqueles que destinam esforços e recursos à assistência de qualidade. QUALISS Doutor, você está pronto para o Qualiss? QUALISS é o Programa de Divulgação da Qualificação dos Prestadores de Serviços de Saúde Complementar criado pela ANS. Na prática, ele exige que as operadoras divulguem em seus sites a qualificação de sua rede credenciada. Aumentar o poder de avaliação por parte dos beneficiários dos planos de saúde e engajar os profissionais e serviços em ações de qualidade. Que atributos serão considerados para avaliar os médicos? • Residência em saúde reconhecida pelo MEC. • Título de especialista outorgado pela Sociedade de Especialidade ou Conselho Profissional. • Participação no NOTIVISA da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Para as clínicas que realizam diagnóstico e/ou terapia ambulatorial, quais serão os atributos? • Participação no NOTIVISA. • Selo de Acreditação. • Participação no QUALISS Indicadores, mas esse atributo será iniciado em uma segunda etapa. Presidente da AMBr faz alerta O presidente da AMBr, Dr. Luciano Carvalho, vê com preocupação os critérios utilizados pelo Qualiss para reconhecer os profissionais que serão avaliados. “Devemos ficar atentos e nos manter informados sobre o Programa. É preocupante criar critérios de qualificação que podem não ser compatíveis com a verdadeira formação profissional do médico”, alerta. Palestra na AMBr A AMBr realizou no dia 28 de janeiro a Palestra “QUALISS: Como Converter a Norma da ANS em Diferencial Competitivo”, com a consultora Carla Furtado. O vídeo da palestra na íntegra você encontra no site da AMBr, no Facebook e no canal do Youtube da Associação. Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 O que a ANS pretende? E quando começa a divulgação? Em 22 de março. 41 42 Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 câncer Canstock Preservação da Fertilidade Feminina Depois do Câncer Bruno Ramalho de Carvalho* As estimativas do Instituto Nacional do Câncer para o biênio 2012-2013 prediziam a ocorrência de 385 mil casos novos de câncer por ano no Brasil (excluídos os cânceres de pele não-melanoma), dos quais 189.150 no sexo feminino, com destaque para tumores de mama, colo do útero, cólon e reto. Os registros de base populacional estimavam, ainda, mais de 11.500 casos novos anuais de câncer em crianças e adolescentes, com destaque para leucemias, linfomas e tumores do sistema nervoso central. A outros agentes, como fluorouracil, metotrexate, vincristina, bleomicina, dactinomicina, etoposide e doxorrubicina, atribuem-se lesões menos graves, que podem regredir em algum grau com o tempo. Mesmo com os números citados, felizmente, o aumento anual na incidência de casos de câncer no mundo é de 0,3%, enquanto índices de cura aumentam cerca de 0,6% ao ano. As taxas globais de sobrevida no sexo feminino chegam a 85% para o câncer de mama em países desenvolvidos e mesmo países em desenvolvimento observam cifras próximas a 60%. A radioterapia, por sua vez, leva à falência ovariana mais de 60% de mulheres submetidas a doses maiores que 300 cGy, podendo também causar danos irreversíveis à vascularização e ao desenvolvimento uterino, este em crianças e adolescente. No câncer de mama, o risco de amenorréia pode variar de 6% para mulheres jovens submetidas a ciclos de doxorrubicina e ciclofosfamida a 70% para mulheres com mais de 30 anos submetidas a esquemas acrescentados de epirrubicina e/ou fluorouracil. Oncofertilidade Há muito se sabe que a quimioterapia e a radioterapia podem levar à falência funcional precoce das gônadas em mulheres jovens, e o hipoestrogenismo consequente implicar em infertilidade. A agressão ovariana mais grave é atribuída aos quimioterápicos alquilantes, como ciclofosfamida, mostarda L-fenilanina, clorambucil, nitrosouréias, melphalan, busulfan e procarbazina, por sua inespecificidade, o que depende não apenas do agente em questão, mas também da dose cumulativa. * Médico Ginecologista e Obstetra, com atuação em Reprodução Humana, GENESIS – Centro de Assistência em Reprodução Humana, em Brasília. Editor Associado da Revista Brasília Médica, da Associação Médica de Brasília. A oncofertilidade é um campo de interesse interdisciplinar de surgimento recente, que busca mesclar os conhecimentos em oncologia e endocrinologia reprodutiva com a contribuição das técnicas de reprodução assistida para o desenvolvimento de estratégias de preservação da função gonadal, além de oferecer a possibilidade da maternidade (ou paternidade) biológica aos sobreviventes ao câncer. Várias são as ferramentas de tratamento disponíveis, sendo a individualização a chave para escolha. Assim, devem ser considerados fatores como idade do paciente ao diagnóstico, idade do paciente à época esperada para remissão da doença ou para a procriação, existência de parceiro sexual, tempo disponível e possibilidade de metástases, além, é claro, da quantidade de filhos já nascidos e do desejo de novas gestações. O médico de qualquer especialidade deve estar apto a fornecer a sua paciente e seus familiares as primeiras orientações sobre o assunto em questão, antes mesmo de encaminhar ao profissional especializado. Ao especialista atuante em oncofertilidade cabe elencar entre as alternativas disponíveis aquelas pertinentes a cada caso. Ao seu alcance estão as estratégias de proteção hormonal, transposição ovariana cirúrgica, congelamento de embriões, óvulos e sêmen, além do experimental congelamento de tecido ovariano. Leia o artigo completo no site da AMBr: www.ambr.org.br Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Também considerados em geral de bom prognóstico, os tumores pediátricos respondem cada vez melhor aos tratamentos e a sobrevida média cumulativa em cinco anos atinge 62% a 77% em países europeus e nos Estados Unidos. Dessa forma, no cenário em que milhares de meninas, adolescentes e mulheres jovens com câncer submetem-se anualmente a tratamentos antineoplásicos bem sucedidos com quimioterapia (QT) e radioterapia (RT), é possível que já tenhamos entre nós um sobrevivente de câncer infantil para cada 250 indivíduos adultos. 43 Notícias AMBr Escolinha de Natação WQL Para animar ainda mais o seu fim de semana, a AMBr realiza no dia 22 de fevereiro uma aula de natação e hidroginástica para toda a família. Traga seus amigos e curta essa novidade refrescante. Os interessados em praticar natação na AMBr devem entrar em contato com a secretaria da Associação para informações sobre horários e turmas. Inf.: 2195-9757 CAFÉ DA MANHÃ NA AMBr 8 DE MARÇO – DIA DA MULHER Dia da Mulher Escolinha de Futebol para crianças a partir de 04 anos A Escolinha de Futebol do Boca Juniors, localizada na AMBr, está com inscrições abertas para crianças a partir de 04 anos de idade. As aulas acontecem de segunda a sábado, em diversos horários, com uma estrutura física para receber os alunos e pais que desejam participar do projeto. Informações: 2195-9757 Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 Para completar o dia teremos os Jogos Internos de Tênis Feminino. Canstock No dia 08 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, teremos um delicioso café da manhã, seguido de aula de hidroginástica para toda a família. 45 Destinos URUGUAI Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 O menor país da América do Sul nunca foi tão comentado na mídia. O Uruguai se destacou por seu presidente simples, José Mujica, e pela recente liberação da maconha, o que causou divergências entre líderes de todo o mundo. Mas, não são apenas esses motivos que têm despertado o interesse turístico pelo Uruguai, pois o país também chama atenção quando o assunto são suas belezas naturais. 46 A capital Montevidéu é um dos locais mais visitados, as ruas são largas, a arquitetura é exuberante e o comercio bem diversificado. As pessoas aproveitam para tomar cerveja e vinho, saborear pratos típicos e até podem topar com dançarinos de tango ao ar livre. A culinária uruguaia resulta das culturas espanhola e italiana, com influências brasileiras e europeias e, neste contexto, o chimarrão e o churrasco são obrigatórios. Não deixe de experimentar o puchero, uma mistura de vários ingredientes e carnes que lembra nossa tradicional feijoada. Para os mais audaciosos recomendamos um prato típico, a glândula de boi, uma iguaria indispensável no cardápio local. Já para os que não dispensam uma sobremesa, vale provar o mousse de doce de leite e os deliciosos alfajores. Punta Del Este é uma das cidades mais famosos do Uruguai, reconhecida internacionalmente como o maior balneário da América. O local é propicio à prática de esportes como o surfe, windsurfe, moto aquática, motonáutica, vela, pesca, iatismo, polo, golfe, tênis e rugby. À noite é hora de se divertir nos agitados pubs e discotecas. As praias oceânicas e o clima tropical proporcionam passeios belíssimos. Sugerimos La Paloma e Piriápolis. Mas, caso o desejo seja relaxar, vale à pena conferir as termas – poços de água quente que são considerados terapêuticos. Algumas opções são as Termas del Daymán, Arapey, Guaviyú e Salto e Paysandú. SERVIÇOS Moeda: Peso uruguaio Idioma: Espanhol Fuso: - 3h DDI: +598 Site: www.presidencia.gub.uy/ Visto: Não REFERÊNCIAS •http://www.uruguai.org/ •http://viajeaqui.abril.com.br/paises/uruguai •http://www.turismo.gub.uy/pt-BR/punta-del-este •http://pt.wikipedia.org/wiki/Uruguai Revista Médico em Dia • JANEIRO/FEVEREIRO de 2014 As cidades de Artigas, Rivera, Rio Branco e Chuy são ótimas opções para se fazer compras. Lá produtos importados podem ser adquiridos por valores bem abaixo da média e os locais são destinados apenas aos turistas. 47 Clube de Afinidades O Clube de Afinidades da Associação Médica de Brasília oferece desconto para seus associados em diversos estabelecimentos comerciais conveniados. Confira nossos parceiros e aproveite os descontos exclusivos para associados da AMBr: HC PNEUS (61) 3262-2100 Pneus: desconto de 37%; Peças: desconto de 30%; Serviços: desconto de 30%. 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B Loja 08 (61) 3347-6216 Desconto de 10% nas compras à vista. 50 Clínica Odontológica Daniele Castro (61) 3328-2118 Desconto de até 50% Clivac – Clínica de Vacinas (61) 3346-7071 Desconto de até 12% Colégio Sagrado Coração de Maria (61) 3031-5000 Desconto de até 15% Expressão – Moda Feminina Brasília Shopping – (61) 3328-1624 Desconto de 30% para associados em qualquer peça da loja. Nas compras acima de R$ 1.000,00 ganhe uma blusa social. IBO – Instituto Brasileiro de Odontologia (61) 3244-5099 Desconto de 15% em consultas e tratamentos Imunolife – Clínica de vacinas (61) 3347-5957 Desconto de 12% KI GRAÇA – MODA FEMININA 210 Sul (61) 3443-8898 Desconto de 15% em qualquer peça da loja. Compras acima de R$ 1.000,00 – brinde da loja OTICA “EXÓTICA” (61) 3346-3357 914 Sul 15% de desconto em lentes e óculos (Podendo ser parcelado em até 5 vezes) PNEUAC – PIRELLI (61) 3214-7100 514 Sul Pneus: 15% de desconto; Peças: 20% de desconto; Serviços: 10 % de desconto. 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