PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA Apresentação: Ana Carolina Lima, interna (ESCS) Coordenação: Márcia Pimentel de Castro www.paulomargotto.com.br Brasília, 26 de maio de 2014 Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF Sala de Parto (20/03/14) • Mãe: – 34 anos, G1P0A0, O+ – DUM 11/06/13, IG 41+1, início do pré-natal no 1º trim, 10 consultas, sem patologias na gestação, sorologias negativas, imune a toxo – tempo de bolsa rota = 10h – PN às 12:20 • RN: tipo sanguíneo A+ – Fem, APGAR 1º min = 5, APGAR 5º min = 7, APGAR 10º min = 7. – Reanimação: VPP com CFR –Nasceu grave, período expulsivo difícil e demorado, distórcia de ombro, hipotônico, sem respiração efetiva, gasping ao nascimento, FC <100bpm, cianose generalizada. Ventilado com VPP com CRF. Recuperou respiração após 1º min com padrão muito irregular. Melhora da cor após 1º min. Melhora do tônus após 5º min, mantendo hipotonia dos MMSS após 10 min. Grave, com desconforto respiratório moderado, TSC, gemente, palidez cutânea generalizada. -Mecônio no período expulsivo. –Peso 4.050kg E: 53cm PC 36cm (GIG) Evolução – 1h de vida - CO: • taquidispnéia, TIC + retração de fúrcula, MV rudes. Mantido CPAP facial. • Iniciada HV. • Rx sem pneumotórax, área cardíaca normal, infiltrado peri-hilar difuso maior em base. – 6 horas - CO: • Melhora do esforço, sem gemência, FI 40%, confortável, sat 97% CPAP a 21%. Iniciada dieta. – 12 horas - CO: • irritação, choro, MSD hipotônico e cabeça virada para E . – 23 horas - CO: • HOOD 34% por taquipnéia – 34 horas - CO: • Solicitado Rx tórax (infiltrados) e Hemograma. – 44 horas - CO: • Inicia ampicilina+gentamicina Evolução Evolução – 3º dia - CO: • Tolerou retirada do HOOD • MSD sem mobilização. • perdeu acesso e ATB foi interrompida. • Dificuldade para mamar. – 4º dia – CO: • MSD sem mobilização. • Parecer da neurologia – 5º dia - CO: • Icterícia leve • Iniciou fonoterapia. • MSD sem mobilização, resistência em mobilizar o pescoço. – 6º dia – CO: • Encaminhado ao ALCON com boa sucção. – 7º - 9º dia: ALCON patológico: • Aguardando parecer da ortopedia. • Boa movimentação de pescoço e alguma movimentação de MSD – 9º dia: • Alta hospitalar em aleitamento exclusivo e encaminhamentos. Reanimação Neonatal • Seria possível prever a necessidade de reanimação nesse RN? • Como estar preparado para reanimar? • Quais os passos foram seguidos? Reanimação Neonatal Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 Reanimação Neonatal • Seria possível prever a necessidade de reanimação nesse RN? • Como estar preparado para reanimar? • Quais os passos foram seguidos? Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 Reanimação Neonatal • Seria possível prever a necessidade de reanimação nesse RN? • Como estar preparado para reanimar? • Quais passos foram seguidos? Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 Caraciolo J Fernandes, 2014, Neonatal resuscitation in the delivery room, UpToDate RN com boa vitalidade Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 Caraciolo J Fernandes, 2014, Neonatal resuscitation in the delivery room, UpToDate RN com necessidade de reanimação Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 RN com necessidade de reanimação Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 RN com necessidade de reanimação Caraciolo J Fernandes, 2014, Neonatal resuscitation in the delivery room, UpToDate RN com necessidade de reanimação Caraciolo J Fernandes, 2014, Neonatal resuscitation in the delivery room, UpToDate OU O CFR, CFR Ou no (HRAS) HRAS/HMIB Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 RN com necessidade de reanimação RN com necessidade de reanimação Resende,JG CFR Margotto PR SBP, 2013 Caraciolo J Fernandes, 2014, Neonatal resuscitation in the delivery room, UpToDate Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 Caraciolo J Fernandes, 2014, Neonatal resuscitation in the delivery room, UpToDate Caraciolo J Fernandes, 2014, Neonatal resuscitation in the delivery room, UpToDate Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 RN com necessidade de reanimação Atenção à saúde do recém-nascido, Guia para profissionais de saúde, MS 2012 Para não esquecer: • Atenção para necessidade de ressuscitação: prematuridade, hipotonia, ausência de choro e de respiração; • Sempre verificar se as vias aéreas estão pérvias. • Intubar, se: necessidade de aspirar mecônio, VPP não invasiva ineficaz, necessidade de compressões torácicas. • Cuidados iniciais: calor, limpeza, estimulação. • Se mecônio + rebaixamento aspirar. • Massagem: 3:1, primeiro compressões, f = 120 • Monitorar oximetria, se ausência de resposta adequada ao sinais iniciais. • • Se FC<100 ou resposta respiratória insatisfatória VPP (40-60x/min) por 30seg Drogas são raramente utilizadas. Usar epinefrina se, FC<60 apesar de suporte ventilatório e massagem. • • Se >30sem, VPP com ar ambiente. Se menor, VPP com O2 a 30%. A ressuscitação pode ser descontinuada sem infrutífera após 10 min. PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA • Definição: – paralisia do MS devida à lesão do plexo braquial, geralmente, por tração da cabeça e do pescoço durante a liberação dos ombros (feto cefálico) ou dos braços estendidos acima da cabeça (feto pélvico). • Epidemiologia: – 1-2/1000 recém-nascidos http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA • Lesões associadas: – fraturas úmero, clavícula, parietal – paralisia de nervo frênico, facial – ruptura ou hemorragia de esternocleidomastóideo – lesão cerebral http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA Erb-Duchenne Kumplke http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA • Fatores de Risco – – – – – – GIG Apresentações fetais anormais Parto prolongado Baixa estatura materna Oligodramnio crânio volumoso • Diagnóstico – Exame físico: mobilidade articular, força muscular, preensão palmar, reflexo de Moro, reflexos tendinosos e sensibilidade. – Geralmente evidente ao nascimento. – Achados variam de acordo com as raízes envolvidas. – Pode haver dor nas duas primeiras semanas. http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA • 99,5% dos partos de fetos de 4-4,5kg ocorrem sem distórcia • 41% das distórcias ocorrem com peso fetal de 2,5 a 4kg • A maioria dos casos ocorre em gestantes sadias com fetos de menos de 4kg Arquivos Catarinenses de Medicina, Vol 39, n4, 2010 PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA • Prognóstico: – Não havendo ruptura grave de raízes: melhora importante em 3meses e recuperação em 6-12 meses (75% a 80% dos casos). – Contração do bíceps antes de seis meses é sinal de bom prognóstico. http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA Tratamento = Movimentos passivos suaves e posicionamento correto da criança. • Posicionamento – Deitada: MS comprometido em discreta abdução. Pode-se deitá-la sobre o lado envolvido. Estimulá-la com brinquedos para que ela vire ativamente a cabeça para ambos os lados. • Estimulação ativa dos movimentos – Estimular a movimentação com brinquedos. Criança em diferentes decúbitos. Brincadeiras com água, na banheira, estimulam os movimentos ativos. http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html PARALISIA BRAQUIAL OBSTÉTRICA Tratamento (cont.) • Proteção para evitar maiores estiramentos – Prender a manga do MS comprometido à blusa, mantendoo em adução e flexão de cotovelo. Apenas quando a criança for sair de casa. • Estimulação sensorial: – Com diferentes materiais e uso de pulseira no membro acometido. http://www.sarah.br/Cvisual/Sarah/AA-Doencas/po/p_10_paralisia_braquial_obst.html Treinamento RN peso 4.030g, nascido de parto vaginal, com extração difícil na hora do parto, apresenta MSD em adução e rotação o interna do braço e pronação do antebraço . A hipótese diagnostica mais provável é: (A) lesão total de plexo braquial (B) paralisia de Erb Duchene (C) paralisia de Klumpke (D) pseudoparalisia de Parrot Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto Consultem também! Estudando Juntos Aqui e Agora! Titulo Autor Caso Clínico: Paralisia braquial obstétrica Lauro Francisco Felix Júnior Lin k ELETRODIAGNÓSTICO: Dividido em 2 partes: - Estudo na condução do nervo - Estudo com eletroneuromiografia Estudos na condução do nervo: • Feito sob estimulação elétrica • Testa as funções sensitivas e motoras dos nn periféricos • Axônios dos nervos são cobertos por mielina • Em caso de lesão na amplitude da resposta sensitiva e motora • Testes de resposta sensitiva são fundamentais para localização da lesão no nervo • Após lesão ocorre degeneração do axônio levando à alterações no teste elétrico Eletroneuromiografia: • São colocados pequenos eletrodos em cada músculo individualmente para avaliar a sua função • No músculo sem lesão e em repouso – não é observado atividade elétrica espontânea • Após lesão no axônio do nervo- há atividade elétrica espontânea em repouso • Esses testes em neonatos são mais difíceis de serem realizados que em adultos • Menor tamanho do nervo: dificulta o estudo de condução • Pode não ser possível de se obter recrutamento voluntáriuo substancial do potencial motor • Se o RN se mexer, confunde-se a morfologia dos potenciais espontâneos e provocados • Se houver potencial motor voluntário em um músculo significa qua há conexão entre nervo e a musculatura • Músculo deve estar totalmente relaxado (RN não coopera como adulto) Assistência ao recém-nascido na Sala de Parto Autor(es): Paulo R. Margotto, Jefferson Guimarães Resende • Clampeamento do cordão: existem maiores evidências do benefício de retardar a laqueadura do cordão por pelo menos, 1 a 3 minutos em RN a termo e pré-termo que não necessitem de reanimação Após o clampeamento do cordão umbilical, recepcionar o RN em ligeiro céfalo-declive, em campos estéreis previamente aquecidos. : Promovendo a transição fisiológica ao nascimento: Reavaliação da reanimação e momento de clampeamento do cordão Autor(es): S. Niermeyer, S. Velaphi . Apresentação: Juliana Ferreira Gonçalves • O atraso no clampeamento do cordão até que o RN estabeleça a respiração ou que esteja sendo ventilado, melhora o estado hemodinâmico logo após o nascimento. Em situações onde o atraso do clampeamento do cordão não for possível, ordenha do cordão pode conseguir resultados semelhantes ao atraso no clampeamento do cordão. (Susan Niermeyer, Velaphi, 2013) Clampeamento do cordão imediatamente antes do início da respiração • Brady e James (14) sustentam a hipótese de que o clampeamento imediato do cordão umbilical antes da expansão do pulmão, leve uma queda na resistência do leito vascular placentário. Dessa forma, não há alteração leito vascular pulmonar onde a resistência continua elevada resultando na estimulação de barorreceptores aórticos e consequentemente em bradicardia reflexa; • O pinçamento do cordão umbilical antes do inicio da respiração resultou em diminuição do fluxo de saída do ventrículo direito e persistentemente em um baixo fluxo sanguíneo pulmonar levando ainda a grandes flutuações de pressão arterial e fluxo sanguíneo da carótida; Clampeamento do cordão umbilical após inicio da respiração • Bhatt et al (16) compararam 2 grupos de modelos experimentais de cordeiro onde era realizado o clampeamento tardio (após o início da respiração) e precoce (antes do início da respiração) do cordão umbilical; • Foi possível concluir que o estabelecimento da expansão pulmonar prévia através do clampeamento tardio do cordão resulta em frequência cardíaca estável e aumento progressivo do fluxo sanguíneo pulmonar e carotídeo; :: Entendendo a transição hemodinâmica ao nascimento (Hoje, 1a Cirurgia Ex-Útero Intraparto no HRAS/HMIB/SES/DF!) Autor(es): Marlyn B. Escobedo . Realizado por Paulo R. Margotto • O resumo destes achados do estudo de Bhatt S et al: clampear primeiro o cordão foi seguido de um aumento transitório da pressão e fluxo da carótida, além de diminuição da FC e redução do débito do VD e isto tudo se recupera com a ventilação. Clampeando após a ventilação, reduziu o débito do ventrículo direito mas sem levar mudanças na FC e tudo ficava mais constante • Se pensarmos na resposta no lado arterial: há um aumento da resistência sistêmica, pois a placenta não mais existe, há um aumento da pós-carga do VE. Do lado venoso: há uma diminuição do retorno venoso ao AE (30-50%) e diminuição da pré-carga do VE e como resultado, diminuição do débito cardíaco. • Resposta à ventilação: quando ventilamos o RN, o retorno venoso pulmonar que depende da diminuição da resistência vascular pulmonar (esta cai e o fluxo sanguíneo pulmonar aumenta) aumenta; o fluxo sanguíneo pulmonar fica 10 vez maior do que antes da ventilação. Causas da dificuldade respiratória no recémnascido • Paulo R. Margotto Rao e cl recentemente relataram incidência de LA tinto de mecônio significativamente maior no grupo com corioamnionite aguda/funisite, independente do sofrimento fetal como fator de risco. O mesmo foi observado quanto à admissão na UTI Neonatal, desconforto respiratório, síndrome de aspiração meconial e sepses (o risco de sepses neonatal foi 6 vezes maior nos RN com síndrome de aspiração meconial grave, segundo Ghidini e Spong ). Assim, os autores alertam que a presença de mecônio no LA deveria alertar ao médico o potencial para a infecção (isto não implica que todo bebê com l´qido amniótico tinto de mecônio esteja infectado). O mais importante predictor de severa Síndrome Aspiração Meconial (SAM) na monitorização fetal é a taquicardia (esteve associada com 26 vezes o aumento da necessidade de ventilação mecânica). Taquicardia fetal é uma indicação de infecção intrauterina na ausência de arritmia fetal/ou administração de drogas simpaticomiméticas `a mãe e tem sido mostrado preceder à febre materna. Obs: no presente caso há informação de eliminação de mecônio no período expulsivo! Recém-nascido com líquido meconial: o pediatra deve aspirar a traquéia? Autor(es): David W. Boyle (EUA). Realizado por Paulo R. Margotto • - Antibiótico na aspiração meconial maciça: na presença de um RX anormal, é difícil avaliar se o RN está ou não infectado. Havendo história de corioamnionite, ou numa situação em que não se detectou uma causa boa para a passagem de mecônio até prova ao contrário, parto do suposto que tenha infecção (usar 3 dias, 5 dias, 7 dias, não saberia dizer).