Fabiane Gomes Corrêa Orientadora: Dra Aline Thomaz Editorial: Dr Antonio Barreto Filho NEJM – Agosto/2014 INTRODUÇÃO Influenza nos EUA: - 36 mil mortes/ano - 226 mil hospitalizações/ano Vacinação: mais efetiva intervenção para prevenir influenza e suas complicações em idosos (> 65 anos) INTRODUÇÃO • Vacinação em idosos: - Menor resposta de anticorpos - Resposta protetora menor Benefício de Vacina de Alta Dose (IIV3 – HD) MÉTODOS • Fase de estudo clínico IIIb * Estudos Pré-Clínicos: animais * Estudos Clínicos : **Fase I - testa o medicamento pela primeira vez – 10 a 30 pessoas (segurança) **Fase II - fase é maior com 70 – 100 pessoas - avaliar a eficácia e segurança **Fase III – comparação com o tratamento padrão existente (controle X intervenção) **Fase IV – medicamento comercializado. Confirmação dos resultados obtidos na fase anterior, aplicáveis em uma grande parte da população doente. Efeitos colaterais a longo prazo. • OBJETIVO: Comparação eficácia entre as vacinas IIV3-HD (high dose) x IIV3-SD (standard dose) MÉTODOS • Vacinas: - Cepas: A/California/7/2009 (H1N1), A/Victoria/210/2009 (H3N2), B/Brisbane/60/2008 – 1 estação + : A/California/7/2009 (H1N1), A/Victoria/361/2011 (H3N2), B/Texas/6/2011 – 2 estações IIV3-HD (high dose) 60mcg de hemaglutinina x IIV3-SD (standard dose) 15 mcg de hemaglutinina MÉTODOS • População: - Idosos > 65 anos - Sem doenças agudas moderadas/graves - 126 centros EUA e Canadá - 2011-2013 - Financiamento: Sanofi Pasteur MÉTODOS DIAGNÓSTICO: - Contato telefônico quinzenal e depois mensal - Contato com centro de estudo quando sintomas de influenza Sintomas de “Influenza-like”: dor de garganta, tosse, secreção purulenta, rouquidão, dificuldade para respirar e T> 37,2°C, calafrio, fadiga, mialgia e dor de cabeça. Sintomas de Doença Respiratória: espirro, congestão nasal ou rinorréia, dor de garganta, tosse, secreção purulenta, rouquidão, dificuldade para respirar Sintomas de Influenza CDC-Modificado: tosse ou dor de garganta, T>37,2°C MÉTODOS DIAGNÓSTICO: - Coleta de swab nasofaríngeo: cultura e/ou PCR positivos - Monitorização de complicações por 30 dias *Pneumonia, alterações cardiorespiratórias, hospitalização ou avaliação em PS, uso de medicações (antitérmico, analgésico, AINEs, antibiótico e antivirais) - Coleta de anticorpos 28 dias após vacinação ** Títulos >1:40 ANÁLISE ESTATÍSTICA - Desfecho primário: presença dos sintomas do protocolo influenza-like a partir de 14 dias de vacinação - Poder da amostra (80%) : 30.000 participantes - SD: eficácia relativa de 30%, incidência de influenza 2,4% - Meta HD: limite inferior eficácia relativa > 9,1% e chance de influenza <10% do limite superior da SD • Método de análise: - “Intention-to-treat” - “Per-protocol” RESULTADOS • Total 31.989 participantes: - 14.500 no primeiro ano - 17.489 no segundo ano (7645 reinscritos do primeiro ano) - - 15.991 alocados no grupo IIV3HD 15.998 alocados no grupo IIV3SD 31.983 -> “Intention-to-teat” (15.990 HD/ 15.993 SD) 31.803 -> “Per-protocol” (15.892 HD/ 15991 SD) RESULTADOS Caracterísiticas sócio-demográficos e clínicas dos grupos que receberam vacina com Alta dose e Dose padrão RESULTADOS - DIAGNÓSTICO IIV3-SD – DOSE PADRÃO IIV3-HD – VACINA COM ALTA DOSE - 23,9% sintomas do protocolo influenza-like (79,3% confirmado por swab) - 23,4% sintomas do protocolo influenza-like (80% confirmado por swab) - 5,2% sintomas CDC-modificado (73,7% confirmado por swab) - 4,7% sintomas CDC-modificado (73,6% confirmado por swab) - 51,7% sintomas de doença respiratória (66,8% confirmado por swab) - 51,1% sintomas de doença respiratória (67,2% confirmado por swab) RESULTADOS - EFICÁCIA 529 - critério de desfecho primário - 228 (1,4%) IIV3-HD - 301 (1,9%) IIV3-SD Eficácia relativa HD x SD : 24,2% Limite inferior eficácia relativa: 9,7% (IC 95%) RESULTADOS RESULTADOS EFETIVIDADE - Menores taxas de ocorrências adversas no grupo IIIV3-HD * Pneumonia, complicação cardiorrespiratória, hospitalização, visita médica extra e uso de medicação. SEGURANÇA - 8,3% IIV3-HD e 9,0% IIV3-SD tiveram efeitos adversos: 0,92 (IC 95%, 0,85-0,99) * 3 eventos adversos graves no grupo HD: paralisia de IV nervo craniano, choque hipovolêmico por diarréia, encefalomielite aguda disseminada - 83 óbitos grupo IIV3-HD e 84 óbitos no grupo IIV3-SD Imunogenicidade - Os títulos de anticorpos foram MAIORES no grupo HD que no grupo SD DISCUSSÃO • Estudo prévios - eficácia moderada de vacinação para influenza em idosos; • Maior eficácia tanto em sintomas quanto na análise laboratorial associada a vacinação com alta dose de antígeno; • A eficácia de 24,2% corresponde a redução de ¼ dos casos de influenza quando comparamos as vacinas HD e SD. • Eficácia absoluta: IIV3-SD: 50% x IIV3-HD: 62% DISCUSSÃO • IIV3-HD tem eficácia em idosos semelhante a IIV3-SD em adultos jovens. • A eficácia da IIV3-HD foi mantida mesmo considerando as variações de virulência e cepas entre as diferentes estações. • Aplicação do resultado em saúde pública (efetividade): - Prevenção de hospitalização, pneumonia, eventos cardiorrespiratórios, uso de medicação e visitas médicas extras LIMITAÇÕES • Imprecisão dos critérios diagnósticos de influenza • Poucos cepas avaliadas no diagnóstico foram semelhantes aos da vacina • Exclusão de pacientes com condições clínicas graves QUESTÕES • Muitos pacientes relataram efeitos colaterais logo após a vacina. Diversos países já suspenderam a vacinação em massa devido aos efeitos colaterais apresentados. A Finlândia também investiga o aumento de narcolepsia associado ao uso da vacina H1N1. Os resultados obtidos nos ensaios clínicos até o momento nos trazem segurança para recomendarmos a vacina de alta dose em escala populacional para os idosos no Brasil? QUESTÕES • O próprio estudo afirma como limitação a exclusão de pacientes idosos em condições clínicas graves. Isso limitaria o uso de vacina High-Dose, já que esse seria o grupo de maior risco para complicações associadas a influenza? • Quais são as principais complicações associados a vacinação que devemos monitorizar na prática clínica? QUESTÕES • A Eficácia relativa HD x SD foi 24,2% (1,4% x 1,9%). Diante desse resultado o que parece é que temos duas vacinas “iguais”. Será que não se trata apenas de majorar custos ao invés de aumentar a eficácia da proteção de forma efetiva? Valeria a pena colocar nossos pacientes sob risco adicional já que na etapa III-IV do estudo os resultados não se mostraram de fato diferentes dos existentes até o momento? • Na tabela 1 vemos que a parcela da população vacinada para influenza no ano anterior foi ao redor de 73%. Pensando em saúde pública o que teria mais impacto: ampliar a capacidade de vacinação com a vacina simples ou implementar a vacina de alta dose?