LINFOMA EM GATOS
Rafael Fighera
Laboratório de Patologia Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
Linfoma em gatos
(epidemiologia)
Prevalência
Perfaz cerca de 50% a 90% dos neoplasmas hematopoiéticos de
gatos.
Perfaz 15% dos neoplasmas que causam morte de gatos.
Maior causa de morte por câncer em gatos
Prevalência anual do linfoma em gatos e
relação com outras espécies
41,6 casos/100.000 gatos/ano
13-24 casos/100.000 cães/ano*
0,5-2 casos/100.000 ovinos/ano
0,3-2,5 casos/100.000 suínos/ano
*Para alguns autores, linfomas são até seis vezes mais comuns em gatos do que em cães.
Etiologia do linfoma em gatos
“O gato FeLV + tem 62 vezes mais chance de
desenvolver linfoma do que o gato FeLV -.”
“O gato FeLV + (PV) tem 50 vezes mais chance de
desenvolver linfoma do que o gato FeLV + (TV).”
Tempo de indução do linfoma
viral em gatos
Variação: 3-41 meses
Média geral: 17 meses
50% dos pacientes: até 6 meses
Linfoma em gatos
(classificação clínica)
Classificação anatômica
Estadiamento clínico
Sistema TNM*
*Tumor, linfonodo e metástase.
Linfoma em gatos
(classificação clínica)
Classificação anatômica
Estadiamento clínico
__________
Sistema TNM
Classificação anatômica do
linfoma em gatos
Linfoma mediastínico (tímico)
Linfoma alimentar
Linfoma gastrintestinal*
Linfoma multicêntrico
Linfoma extra-nodal (solitário)
Linfoma nodal*
Linfoma leucêmico
*Categoria recente e ainda pouco utilizada.
Multicêntrico – acometimento de vários linfonodos e/ou de vários
órgãos de diferentes sistemas concomitantemente.
Alimentar – acometimento exclusivo de órgãos do trato alimentar
e/ou de linfonodos relacionados ao trato alimentar.
Mediastínico – acometimento exclusivo dos linfonodos mediastínicos
e/ou do timo.
Extra-nodal – acometimento isolado de um único órgão, não
pertencente ao sistema hematopoiético, nem
ao trato alimentar.
Nodal – acometimento exclusivo dos linfonodos da cabeça e/ou
pescoço, basicamente submandibulares e/ou retrofaríngeos.
Leucêmico – uma variação dos linfomas previamente descritos e que
culmina no envolvimento da medula óssea, com ou sem
manifestações sanguíneas.
Prevalência do linfoma em gatos de
acordo com a classificação anatômica
Linfoma mediastínico (tímico): 18%-48%
Linfoma alimentar: 15%-45%
Linfoma multicêntrico: 18%-43%
Linfoma extra-nodal (solitário): 10%
Prevalência do linfoma em gatos de
acordo com a classificação anatômica*
Linfoma multicêntrico: 30,6%
Linfoma alimentar: 26,1%
Linfoma mediastínico (tímico): 20,7%
Linfoma extra-nodal (solitário): 17%
Linfoma nodal: 5,6%
*Valli et al. 2000.
Prevalência do linfoma
mediastínico em gatos
Crighton 1968
Gruffydd-Jones et al. 1979: 10%-50% no Reino Unido
Gruffydd-Jones et al. 1979: 20%-40% nos Estados Unidos
Takahashi et al. 1974: 70% no Japão
_________________________________________________
Court et al. 1997:
Gabor et al. 1998: 25% na Austrália
Vail et al. 1998: <15% nos Estados Unidos
Valli et al. 2000: 20,7% nos Estados Unidos e Canadá
Prevalência da infecção pelo FeLV de
acordo com a classificação
anatômica do linfoma
Linfoma mediastínico: 90% FeLV +
Linfoma multicêntrico: 80% FeLV +
Linfoma extranodal: 60% FeLV +
Linfoma alimentar: 30% FeLV +
Idade média de acordo com a
classificação anatômica do linfoma
4 meses a 22 anos
Linfoma alimentar: 8-12 anos de idade
Linfoma mediastínico: 2-3 anos de idade*
Linfoma multicêntrico: 4 anos de idade
*Foram descritos casos em filhotes a partir de 4 meses de idade (infecção fetal ou neonatal?).
*Um estudo com filhotes com neoplasia demonstrou que 32% dos casos eram linfoma.
Linfoma em gatos
(“modelo bimodal”)
Gatos FeLV + (2 a 3 anos)
<7 anos
versus
Gatos FeLV - (10 e 12 anos)
>7 anos
Linfoma em gatos
(classificação clínica)
Classificação anatômica
Estadiamento clínico
Sistema TNM
Linfoma em gatos
(estadiamento clínico)
Estádio 1 – envolvimento limitado a um único linfonodo ou
acometimento de um único órgão.
Estádio 2 – envolvimento de vários linfonodos, mas limitado
a um único linfocentro.
Estádio 3 – envolvimento generalizado dos linfonodos.
Estádio 4 – envolvimento de fígado e/ou baço, independentemente
de haver ou não linfonodos afetados.
Estádio 5 – envolvimento da medula óssea, com ou sem manifestações
sanguíneas, ou de vários sistemas orgânicos
concomitantemente.
*Todos os estádios são subdivididos em substádios “a” e “b”
pela ausência ou presença de sinais clínicos.
Linfoma em cães
(estadiamento clínico)
Estádio 1 – envolvimento limitado a um único linfonodo ou
acometimento de um único órgão.
Estádio 2 – envolvimento de vários linfonodos, mas limitado
a um único linfocentro.
Estádio 3 – envolvimento generalizado dos linfonodos.
Estádio 4 – envolvimento de fígado e/ou baço, independentemente
de haver ou não linfonodos afetados.
Estádio 5 – envolvimento da medula óssea, com ou sem manifestações
sanguíneas, ou de vários sistemas orgânicos
concomitantemente.
*Cerca de 80% dos cães com linfoma encontram-se nos estádios III, IV ou V.
Achados hematológicos associados
ao linfoma felino
Anemia: 54%
Anemia (FeLV -): 9%
Anemia (FeLV+): 68%
Neutrofilia: 65%
Linfopenia: 51%
Linfocitose: 5%
Leucemização: 12%-13% (27% dos casos)
Achados hematológicos associados
ao linfoma felino
Anemia: 54%
Anemia (FeLV -): 9%
Anemia (FeLV+): 68%
Neutrofilia: 65%
Linfopenia: 51%
Linfocitose: 5%
Leucemização: 12%-13% (27% dos casos)
Linfoma em gatos
Hemograma
Leucócitos totais (/mm3)
15.000
(5.500-19.500)
Neutrófilos seg. (35%-75%) 86%
(2.500-12.500)
12.900
Bastonetes (0%-3%)
1%
(0-300)
150
Linfócitos (20%-55%)
8%
(1.500-7.000)
1.200
Monócitos (1%-4%)
2%
(0-850)
300
Eosinófilos (2%-12%)
3%
(0-1.500)
450
Basófilos (raros)
(raros)
-
Eritrócitos (x106/mm3)
(5,00-10,00)
Hemoglobina (g/dl)
(8,0-15,0)
Hematócrito (%)
(24-45)
VCM (fl)
(39,0-55,0)
CHCM (%)
(30,0-36,0)
3,1
5,2
17
54,8
30,6
Plaquetas: 390.100/mm3 de sangue
Achados hematológicos associados
ao linfoma felino
Anemia: 54%
Anemia (FeLV -): 9%
Anemia (FeLV+): 68%
Neutrofilia: 65%
Linfopenia: 51%
Linfocitose: 5%
Leucemização: 12%-13% (27% dos casos)
Linfoma em gatos
Hemograma
Leucócitos totais (/mm3)
18.500
(5.500-19.500)
Neutrófilos seg. (35%-75%)
8%
(2.500-12.500)
1.480
Bastonetes (0%-3%)
1%
(0-300)
185
Linfócitos (20%-55%)
80%
(1.500-7.000)
14.800
Monócitos (1%-4%)
4%
(0-850)
740
Eosinófilos (2%-12%)
6%
(0-1.500)
1.110
Basófilos (raros)
1%
(raros)
185
Eritrócitos (x106/mm3)
(5,00-10,00)
Hemoglobina (g/dl)
(8,0-15,0)
Hematócrito (%)
(24-45)
VCM (fl)
(39,0-55,0)
CHCM (%)
(30,0-36,0)
3,8
5,9
19
50,0
31,1
Plaquetas: 78.000/mm3 de sangue
Linfoblastos: 45%
Manchas de Gümprech
LINFOMA MEDIASTÍNICO
EM GATOS
Rafael Fighera
Laboratório de Patologia Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
Linfoma mediastínico
Apatia
Inapetência ou anorexia
Emagrecimento progressivo a caquexia
Febre
Palidez das mucosas e intolerância ao exercício (anemia)
Dispneia
Abafamento dos sons cardíacos
Diagnóstico diferencial do
linfoma mediastínico
Hidrotórax
associado à IRC
associado à ICC
associado à IHC
Pleurite
bacteriana (piotórax)
associada à PIF
associada a neoplasma pulmonar metastático
associada a neoplasma pulmonar primário
Pneumonia
broncopneumonia bacteriana
pneumonia intersticial viral (herpesvírus felino tipo I)
toxoplasmose
pneumonia fúngica (criptococose)
tuberculose
Quilotórax
trauma
idiopático
Outros tumores torácicos
timoma
hemangiossarcoma
LINFOMA MULTICÊNTRICO
EM GATOS
Rafael Fighera
Laboratório de Patologia Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
Linfoma multicêntrico
Apatia
Inapetência ou anorexia
Linfadenomegalia superficial generalizada
Emagrecimento progressivo a caquexia
Esplenomegalia e/ou hepatomegalia difusa
Febre
Palidez das mucosas e intolerância ao exercício (anemia)
Diagnóstico diferencial do
linfoma multicêntrico
Linfadenite granulomatosa generalizada
Infecção por Cryptococcus neoformans
Infecção por Histoplasma capsulatum capsulatum
Infecção por Rhodococcus equi
Infecção por Mycobacterium spp.
Linfadenopatia hiperplásica associada à infecção pelo FIV
(doença semelhante à linfadenopatia angioimunoblástica
associada ao HIV)
LINFOMA ALIMENTAR
EM GATOS
Rafael Fighera
Laboratório de Patologia Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
Linfoma alimentar
(epidemiologia)
Todos (n=16 [0%]) gatos negativos para o FeLV
Todos (n=16 [0%]) gatos negativos para o FIV
Todos (n=120 [0%]) gatos negativos para o FeLV
Apenas 3 (n=120 [2,5%]) gatos positivos para o FIV
Todos (n=63 [0%]) gatos negativos para o FeLV
Linfoma alimentar
(epidemiologia)
Gatos de 4 a 16 anos (média de 10,8 anos)
66% de machos e 34% de fêmeas
Gatos de 2 a 20 anos (média de 12,2 a 13,5 anos)
56% de machos e 44% de fêmeas
Gatos de 9 meses a 19 anos (média de 11 anos)
57% de machos e 37% de fêmeas
Gatos de 2 a 15 anos (média de 8,8 anos)
48% de machos e 52% de fêmeas
Linfoma alimentar
Apatia
Anorexia ou polifagia
Emagrecimento progressivo a caquexia
Diarreia crônica
Vômito crônico
Febre
Palidez das mucosas e intolerância ao exercício (anemia)
Diagnóstico diferencial do
linfoma alimentar
Doença intestinal inflamatória (DII*)
Gastrite crônica idiopática
Úlceras gastroduodenais
Peritonite infecciosa felina
Insuficiência pancreática crônica
Insuficiência hepática crônica
Insuficiência renal crônica
Micobacteriose oportunista
IBD: inflammatory bowel disease.
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Estudo realizado entre 1993 e 2005 (n=50)
Gatos do Sudoeste dos USA
Linfomas gástricos e intestinais (delgado e grosso)
Gatos de 4 a 16 anos (média de 10 anos)
66% de machos e 34% de fêmeas
Todos os gatos testados eram FeLV e FIV negativos (Snap Idexx)
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Linfomas de intestino delgado: 64% (37/50)
Linfomas intestinais (delgado) solitários: 60% (30/50)
Linfomas de estômago: 24% (12/50)
Linfomas gástricos solitários: 18% (9/50)
Linfomas de intestino grosso: 16% (8/50)
Linfomas intestinais (grosso) solitários: 8% (4/50)
Linfomas solitários: 86% (43/50)
Linfomas combinados: 14% (7/50)
Linfomas gástricos e intestinais (delgado): 6% (3/50)
Linfomas intestinais (delgado e grosso): 8% (4/50)
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Linfomas difusos: 100% (49/49)
Linfomas foliculares: 0% (0/49)
Linfomas de pequenas células: 53,1% (26/49)
Linfoma de grandes células: 42,9% (21/49)
Linfomas mistos: 4,1% (2/49)
Linfomas de alto grau: 46,9% (23/49)
Linfomas de baixo grau: 36,7% (18/49)
Linfomas de grau intermediário: 16,3% (8/49)
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Linfomas difusos: 100% (49/49)
Linfomas foliculares: 0% (0/49)
Linfomas de pequenas células: 53,1% (26/49)
Linfoma de grandes células: 42,9% (21/49)
Linfomas mistos: 4,1% (2/49)
Linfomas de alto grau: 46,9% (23/49)
Linfomas de baixo grau: 36,7% (18/49)
Linfomas de grau intermediário: 16,3% (8/49)
Linfomas de linfócitos B: 55,1% (27/49)
Linfomas de linfócitos T: 38,8% (19/49)
Linfomas de células NK: 6,1% (3/49)
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Linfomas de intestino delgado: linfomas T – 60% (18/30)
linfomas B – 27% (8/30)
linfomas NK – 10% (3/30)
Linfomas de estômago: linfomas B – 100% (9/9)
Linfomas de intestino grosso: linfomas B – 100% (4/4)
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Estudo realizado entre 1995 e 2006 (n=120)
Gatos da Califórnia, USA
Linfomas gástricos e intestinais (delgado e grosso)
Gatos de 2 a 20 anos
56% de machos e 44% de fêmeas
Todos os gatos testados eram FeLV - e apenas 3 gatos eram FIV +
Prevalência dos diferentes tipos de
linfoma alimentar em gatos
Linfomas de células T da mucosa*: 70% (84/120)
Linfomas de células T transmural**: 15,8% (19/120)
Linfomas de células B: 15,8% (19/120)
*Linfoma de células T associado à enteropatia (EATCL) tipo II.
**Linfoma de células T associado à enteropatia (EATCL) tipo I.
Diferenciação de linfoma intestinal de IBD
Pode haver dificuldade em diferenciar
linfoma intestinal de IBD em gatos?
“A diferenciação entre linfoma intestinal e doença intestinal
inflamatória (DII [IBD]) em gatos é um desafio
diagnóstico tanto para o clínico como
para o patologista veterinário.”
Por que é tão difícil diferenciar linfoma
intestinal de IBD em gatos?
“Partindo do princípio que os aspectos epidemiológicos e clínicos
de ambas as doenças são praticamente idênticos e que a
diferenciação requer avaliação anatomopatológica,
é necessário um patologista treinado para
estabelecer essa diferença
com segurança.”
Quais são os critérios anatomopatológicos
devem ser usados nessa diferenciação?
Infiltrado linfoide a partir da mucosa invadindo a parede intestinal
Epiteliotropismo (especialmente ninhos e placas intraepiteliais)
em vilosidades
em criptas
Infiltração linfoide intravascular
Monomorfismo da população linfoide
Alto índice mitótico
Tamanho dos núcleos dos linfócitos
LINFOMA EXTRA-NODAL
EM GATOS
Rafael Fighera
Laboratório de Patologia Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
Linfoma extra-nodal
Variáveis de acordo com o local afetado
Paresia progressiva dos membros pélvicos
Convulsão
Nódulo, placa ou massa na pele
Corrimento nasal e respiração oral
Cegueira
LINFOMA NODAL
EM GATOS
Rafael Fighera
Laboratório de Patologia Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
Linfoma nodal
Apatia
Inapetência ou anorexia
Emagrecimento progressivo a caquexia
Linfadenomegalia superficial localizada
Protrusão da língua
Febre
Palidez das mucosas e intolerância ao exercício (anemia)
Diagnóstico diferencial do
linfoma nodal
Linfadenites reacionais
Doença periodontal
Metástases
Carcinoma de células escamosas
Linfadenopatia pós-complexo respiratório felino
linfonodos submandibulares
Expectativa de vida
do linfoma em gatos
Sem quimioterapia
Média (geral): 1-2 meses (40%-75% dos casos)
Com quimioterapia
Média (geral): 6-9 meses (80% dos casos)
Média (geral): >1 ano (20% dos casos)
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Linfoma em gatos