1 Cilene Leite Nascimento CONHECIMENTO OU COMPETÊNCIA: O que é mais importante na Educação Corporativa? Orientadora Professora Mary Sue Rio de Janeiro Junho 2003 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE CONHECIMENTO OU COMPETÊNCIA: O que é mais importante na Educação Corporativa? OBJETIVOS: Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Cândido Mendes como condição prévia para conclusão do Curso de PósGraduação “Lato Empresarial. Junho 2003 Sensu” em Pedagogia 3 AGRADECIMENTOS A todas as pessoas que me ajudaram a realizar esse trabalho e em especial aos meus amigos Brenda e Gustavo que me ajudaram no enriquecimento de minha pesquisa cedendo os seus horários de trabalho para me esclarecer e apresentar um modelo de Universidade Corporativa inovador. O meu muito obrigada também para a minha querida mestra Mary Sue, que sempre acreditou em minhas idéias e me incentivou para concretizá-las. 4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho ao meu namorado Maurício, que a todo momento acredita no meu potencial profissional, me apoia e insiste para que eu nunca deixe de tentar “subir os degraus dessa longa e árdua escada”. Obrigada! 5 RESUMO Este trabalho trata do contexto de alguns objetivos traçados nas organizações em relação ao aspecto educacional, apontando as tendências atuais, em termo empresarial, para as propostas pedagógicas e/ou educacionais. O desafio é tentar esclarecer posturas empresariais envolvendo, assim, o aspecto do desenvolvimento do aprendizado, da avaliação de competências e do conhecimento individualmente e coletivamente. É importante ressaltar que o objetivo desta pesquisa não é formular conceitos definidos para competência e conhecimento. Nem, tampouco, analisá-los separadamente pois, são interdependentes. Sendo assim, este trabalho representa uma reflexão, voltada para os empresários, com a questão da educação continuada dentro da carreira profissional do indivíduo. Palavras- chave: Educação, Empresa, Conhecimento e Competência. 6 METODOLOGIA A metodologia utilizada para que esse trabalho se realizasse, foi composta por várias vertentes. Pois, para um maior enriquecimento metodológico é preciso experimentar várias realidades a fim de que tanto o campo teórico, quanto o campo prático se interconectem numa imensa rede de conhecimento. Inicialmente, a autora procurou pesquisar nos livros alguma coisa que pudesse explorar com a idéia de educação e empresa. E a partir de então, foi selecionado os assuntos interessantes e feito um fichamento dos títulos e idéias abordadas. A necessidade de aprender mais, estimulou a buscar organizações que elaborassem e que dessem importância ao processo educacional empresarial continuado. Alguns contatos foram feitos através de amigos e parentes, dando a oportunidade de visitar alguns lugares presencialmente e pude, também, em muitas ocasiões, de estabelecer contatos via Internet. E finalmente, a presença em palestras e fóruns em Universidades, foi essencial para apontar algumas dúvidas e curiosidades que apareceram ao longo desse processo de aprendizagem e para a montagem de tabelas e gráficos que você poderá verificar até o final dessa monografia. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------- 08 CAPÍTULO I ---------------------------------------------------------------------------- 10 Universidade Corporativa: uma proposta educacional nas organizações --------------------------------------------------------------------- 10 CAPÍTULO II ---------------------------------------------------------------------------- 15 Esclarecendo Conhecimento e Competência ------------------------------- 15 CAPÍTULO III --------------------------------------------------------------------------- 22 Cultura Corporativa ------------------------------------------------------------------- 22 CONCLUSÃO ---------------------------------------------------------------------------- 29 BIBLIOGRAFIA -------------------------------------------------------------------------- 31 ÍNDICE -------------------------------------------------------------------------------------- 32 ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------- 34 8 INTRODUÇÃO Em primeiro lugar, a idéia deste trabalho surgiu justamente no momento em que a autora teve uma aproximação com uma pós-graduação ligada a uma vertente empresarial. Como sua graduação é em pedagogia, procurou algo que pudesse fazer um link com essa formação. Daí o curso de pedagogia empresarial. Efetivamente, o tema da monografia, surgiu a partir de uma visita ao departamento de Recursos Humanos de uma empresa multinacional em que uma grande amiga da faculdade trabalha. Em princípio, houve uma visita informal e foi quando de repente essa pessoa perguntou se havia interesse de saber como era seu trabalho e sua função na organização. Foi então que mostrou, através da tela do computador, a Universidade Corporativa implantada na empresa. Realmente aquela proposta foi impressionanate pois, ainda não havia imaginado um projeto empresarial que visasse seriamente a educação continuada e de qualidade trabalhado num espaço/tempo sincronizado com o expediente de trabalho do indivíduo. A partir de então, iniciou-se a procura sobre este tema através de outras visitas presenciais e virtuais (Internet) e sobretudo através de livros e vídeos. É bem verdade, que nem todas as empresas têm essa preocupação. E é exatamente por isso que escrever este trabalho, é uma maneira de apresentar essa proposta para estas organizações que não têm esse tipo de cultura e que nunca (ou quase nunca) acreditam que essa idéia é primordial 9 para a permanência, eficiência e felicidade dos seus colaboradores. Principalmente quando se trata de felicidade pois, as pessoas felizes, produzem muito mais e com maior eficiência. É válido ressaltar que o trabalho não objetiva “profetizar” o que irá ou não acontecer se uma organização se preocupa ou não com este problema. E sim, colocar algumas endagações e elaborar um levantamento fundamentado em toda metodologia científica utilizada, esclarecendo pontos e idéias que, muitas vezes se tornam obscuros e desacreditáveis no campo empresarial. Em suma, este projeto de pesquisa tem um cunho de orientação tanto para os indivíduos, quanto às organizações interessados. Seu objeto de pesquisa é justamente esses dois “sujeitos” citados anteriormente: o colaborador e a empresa. Nele haverão situações cotidianas que muitas vezes você, leitor, poderá se identificar e isso será realmente muito bom pois, nesse momento estará se referindo a uma característica que pode ocorrer com maior ou menor freqüência em determinado grupo, sociedade ou cultura. São justamente essas características que torna esse trabalho uma pesquisa cotidiana. Por fim, este tema não tem condições de se finalizar somente neste trabalho. Acreditando que mesmo dando essa monografia por encerrada, a busca de ferramentas para um melhor aprimoramento e conhecimento do assunto será continuada. E esse movimento certamente não se esgotará por aqui. 10 CAPÍTULO I Universidade Corporativa: Uma proposta educacional nas organizações “Universidade corporativa é um guarda – chuva estratégico para o desenvolvimento e educação de funcionários, clientes, fornecedores e comunidade, buscando otimizar as estratégias organizacionais.” (Jeanne C. Meister) 11 UNIVERSIDADE CORPORATIVA: UMA PROPOSTA EDUCACIONAL NAS ORGANIZAÇÕES SEUS OBJETIVOS, PRINCÍPIOS E MISSÃO As universidades corporativas são propostas organizacionais que, no geral, visam entender e atender às necessidades do trabalho, no que diz respeito ao desenvolvimento de pessoas, disponibilizando processos eficazes, integrados e customizados, contribuindo para o crescimento e retenção do capital intelectual da organização, democratizando o conhecimento e estimulando a aprendizagem em todos os níveis. Sua maior missão é desenvolver talentos humanos na Gestão dos Negócios, promovendo a gestão do conhecimento organizacional (geração, assimilação e aplicação) por meio de um processo de aprendizagem ativa e contínua. Pode estabelecer alguns princípios tais como: Prover oportunidades de aprendizagem que dêem suporte para a empresa atingir seus objetivos críticos do negócio; Desenhar programas que incorporem cidadania, contexto e competência; Treinar cadeia de valores; Migrar da “sala de aula” para multiplicar forma de aprendizagem; Envolver o corpo gerencial no processo de aprendizagem; tornando-se também responsável pelo processo; Criar sistemas eficazes de avaliação de investimentos e resultados obtidos; Foco no auto – desenvolvimento; 12 Ampliação do conhecimento para todos os níveis ; Obter vantagem competitiva e experimentar em novos negócios. É importante ressaltar que tais projetos organizacionais favorecem a aprendizagem e estimula e apoia as iniciativas de educação continuada para os colaboradores. Destina-se não apenas a futuros líderes, mas todos os funcionários que desejam continuar crescendo profissionalmente. Além disso, cria oportunidades de carreira. Atualmente, há muitas opções no mercado de trabalho, mas o que se pretende, na maioria das organizações que investem em educação corporativa, é continuar criando oportunidades dentro da organização para um desenvolvimento profissional a longo prazo. Sendo assim, para melhor entendimento, observe o quadro a seguir: UNIVERSIDADES TRADICIONAIS X CORPORATIVAS UNIVERSIDADES TRADICIONAIS UNIVERSIDADES CORPORATIVAS Desenvolver competências essenciais Desenvolver competências essenciais para o mundo do trabalho; para o sucesso do negócio; Aprendizagem baseada em sólida Aprendizagem baseada na prática dos formação conceitual e universal; negócios; Sistema educacional formal; Sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por competências; Ensina crença e valores universais; Ensina crenças e valores da empresa do ambiente de negócios; Desenvolver cultura acadêmica; Desenvolver cultura empresarial; Formar cidadãos competentes para gerar Formar cidadãos competentes para gerar o sucesso das instituições e da comunidade. Coletânia Universidades Corporativas - o sucesso da empresa e dos clientes. 13 TECNOLOGIAS E MÉTODOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO Há muitas maneiras de se realizar um projeto de universidade corporativa e um deles é o treinamento presencial que consiste num modelo tradicional em sala de aula para os cursos que exijam a presença física dos participantes, facilitadores e/ou consultorias. Este método acarreta em alguns benefícios, como por exemplo: Complementa o treinamento teórico com a prática utilizando pré ou pós estudos virtuais; Possibilita a troca e integração do conhecimento ; Atua diretamente nas equipes reais de trabalho. Há também outra possibilidade de aprendizagem através de videoconferência, programas de multimídea, via internet, dentre muitas outras. Recentemente, a uma visita ao departamento de Recursos Humanos da Souza Cruz, a autora pôde perceber que na Universidade Corporativa (USC) existe um modelo de treinamento que os colaboradores internos denominaram de Personal Training. Consistem em indivíduos da organização com grande habilidade ou Know – How (conhecimento) em determinadas competências que serão responsáveis por treinar ou desenvolver outras pessoas. Segundo esta organização, este tipo de estratégia constatou maior eficácia, por se tratar de um processo contínuo de aprendizagem e sobretudo facilita a adaptação ao processo. De qualquer maneira, em qualquer método de aprendizagem, é preciso analisar algumas questões como freqüência , orçamento, público alvo, localização, acesso a tecnologia, suporte técnico para que se alcance os resultados esperados. 14 Alguns pontos positivos que poderão ser observados nesse processo são: Conceito de Empregabilidade com estímulo à preparação dos indivíduos para novos desafios e melhores oportunidades de carreira; Flexibilidade de adaptação aos estilos individuais com ampliação dos diferentes recursos de aprendizagem; Envolvimento de gerente, ou qualquer superior, com o desenvolvimento do indivíduo; Cultura de processo contínuo de aprendizagem; Atualização constante do material disponível. Normalmente as Universidades Corporativas oferecem cursos focados em competências organizacionais e sobretudo gerenciais. Sendo estes em diversas áreas: marketing, informática, Industrial, Jurídico, enfim , dependendo do objetivo interno de cada organização. Ao final do processo é recomendável a construção de um sistema de avaliação de aprendizagem e de resultados em algumas etapas que listei abaixo: Avaliação de reação e ação planejada: quais são as reações dos participantes ao programa? Avaliação de aprendizagem: que habilidades, conhecimentos e atitudes foram mudados? Em que proporção? Avaliação de aplicação de aprendizagem: os participantes aplicaram o que aprenderam no trabalho? Resultados: esta aplicação produziu resultados mensuráveis? Retorno do investimento: o valor monetário dos resultados excedeu o custo do programa? 15 CAPÍTULO II: Esclarecendo Conhecimento e Competência “... o conhecimento, é o combustível da competência e, como todo combustível, é volátil.” (Marcelo Antônio Aguiar) 16 ESCLARECENDO CONHECIMENTO E COMPETÊNCIA ESCLARECENDO CONHECIMENTO O conhecimento é a base que temos para investirmos em inovações no “capital humano” de uma organização. O objetivo dessas organizações, muitas vezes, é alcançar uma vantagem competitiva no mercado agregando valores no que produzem. Porém, criar e gerenciar o conhecimento não é uma tarefa tão simples e fácil. O capital humano é a maior parte de inovação de uma organização que em sua gerência, existe um compromisso social. Por isso, as práticas de gestão estão centradas em seres humanos, capacitando-os e desenvolvendo-os integralmente. A organização não pode criar conhecimento por si mesma e sim dá suporte para os indivíduos criativos desenvolverem-se, pode melhorar e ampliar o conhecimento criado e formatado nas redes de trabalho organizacional. O conhecimento é criado e expandido via interação social e quem passa pelo processo de aprendizagem são os próprios indivíduos que podem ter uma ascensão dentro da organização. É preciso ressaltar que trabalhar gestão é partilhar o conhecimento para que isso gere um aprendizado. O aprendizado é o resultado de um processo que começa com a coleta de dados, que são organizados e transformados em informação e, depois de analisados e contextualizados, se transformam em conhecimento para serem aplicados aos processos de decisões operacionais, gerando desta forma, a vantagem competitiva para a organização. 17 GESTÃO DO CONHECIMENTO Alguns estudiosos dessa questão trabalham com duas vertentes do conhecimento: o explícito e o tácito. O conhecimento explícito é expresso por palavras, números, dados, manuais, fórmulas, etc. É passado para as pessoas de maneira formal e sistematicamente. É muito fácil estocá-lo em base de dados. Já o conhecimento tácito é altamente pessoal, subjetivo e introspectivo. Se baseia na ação individual e na experiência representado pelos seus ideais, valores e emoções. Por isso o conhecimento tácito é difícil se expressar, comunicar ou compartilhar. Esses níveis de conhecimento se interagem mutuamente e essa interação entre o conhecimento explícito e tácito estabelece alguns modos de conversão como mostra a figura abaixo: Tácito Tácito Tácito Socialização (Compartilhado) Internalização (Operacional) Explícito Tácito Externalização (Conceitual) Combinação (Sistêmico) Explícito Explícito Explícito Existem algumas ferramentas utilizadas para construir, estruturar e gerir o conhecimento que podem ser de ordem física, mental, virtual e de relacionamento. Algumas delas são os jogos, simulações, representações, banco de dados, intranet, internet, vídeo conferência, conversas informais, diálogo contínuo, treinamento, equipes de projetos, entre outras. 18 Atualmente, um dos tipos de empresas que têm maior destaque na criação e gerenciamento do conhecimento são as de consultoria pois, em sua maioria, o desafio é criar contextos sociais que incentivem a criatividade e a produtividade humana. Surge-se, então, a necessidade de uma mudança cultural e comportamental constante dentro das organizações em que o conhecimento tácito e o conhecimento explícito sejam entendidos como complementares. O conhecimento é quase nada se não soubermos utilizá-lo no momento e na hora adequada na nossa vida pessoal e profissional. Mas para uma melhor compreensão deste conceito, é preciso estudarmos o que consiste as competências. Pois, esses dois conceitos são totalmente interdependentes. Em suma, a competência não se faz valer sem o devido conhecimento para ser usado, porém existe conhecimento sem a devida competência para usá-lo. É possível uma melhor compreensão desses conceitos logo a seguir, quando será melhor abordado o estudo das competências. 19 ESCLARECENDO COMPETÊNCIAS Há várias definições do conceito das competências pois, a palavra tem muitos significados, e é muito difícil pretender dar apenas uma definição para isso. As competências, no sentido que aqui será utilizado, não é referente a somente as palavras: objetivo, desempenho, esquemas e aquisições separadamente uma da outra. Competência seria a capacidade continuamente de improvisar e inventar algo novo, é uma característica do indivíduo construída na prática. É a capacidade de criar respostas sem tirálas de um repertório, de uma lista preestabelecida e sim um aprendizado construído. Com os desafios da globalização, da tecnologia e da evolução do mundo democrático, aumentou consideravelmente a demanda pelas soluções consistentes para problemas práticos. Uma solução consistente é aquela que suporta o teste da aplicação prática em um mundo de mudanças. As competências comportamentais são consistentes pois, são úteis. Ajudam a resolver muitos problemas que você enfrenta no trabalho. O conceito de competência, para os especialistas em recursos humanos, é uma descrição escrita de hábitos de trabalhos mensuráveis e habilidades pessoais utilizados para alcançar um objetivo. Isso, visto de uma maneira individual, ou seja, varia de pessoa para pessoa. As competências individuais são diferentes das competências organizacionais, capacidades, valores e prioridades. Contribuem para alcançar um objetivo de trabalho, mas constantemente elas são parte de um sistema de trabalho que pode ser a causa primária dos resultados obtidos. Existem outros tipos de competências mas infelizmente, neste trabalho, não será possível nem tampouco, preciso, de abordá-las. 20 Os conceitos de competência tem-se tornado confusos por causa das diferentes maneiras pelas quais esse termo é utilizado por profissionais de recursos humanos e estrategistas de negócios. Não é difícil ouvir-se os termos competência essencial, capacidade, valor essencial e habilidade. E por isso esses especialistas formataram um intuito de competências, ou seja, um modelo para auxiliar a objetivar o que é necessário para atender às necessidades pessoais. Dessa forma, este modelo organiza as possíveis formas de uso das competências na prática e discorre sobre as diferentes oportunidades e armadilhas que você encontrará à medida que as for customizando. Observe, então, o modelo abaixo: Características Organizacionais Competências essenciais e capacidades. Conhecimento e Hbilidades com Ferramentas Valores essenciais e prioridades. Capacidades, hábitos de trabalho e habilidades interpessoais PESSOAS Conhecimento técnico e habilidades no cargo. Habillidades e competências de desempenho Características Individuais Esquema retirado do livro Desenvolvendo Competências Consistentes, de Paul C. Green. 21 PORQUE COMPETÊNCIA E CONHECIMENTO? Há uma forte articulação entre conhecimentos e/ou competências. Sendo que um é indispensável para a construção de hipóteses, estando num campo mais teórico e outro busca aprender a identificar e encontrar os conhecimentos pertinentes e aplicá-los na prática, respectivamente. Só existe competência quando a mobilização do conhecimento é maior do que a ação dos esquemas construídos, isto é, não existe competência sem o conhecimento para ser usado, mas existe conhecimento sem a devida competência para utilizá-lo. Em uma competência específica, permeiam diversos esquemas de percepção, pensamento, avaliação e ação na busca de uma decisão pertinente. O processo de internalização de competência passa por raciocínios, decisões conscientes, inferências e hesitações, ensaios e erros. Segundo Bastien (1997) um especialista competente domina com rapidez e segurança as situações mais comuns, por Ter a sua disposição esquemas complexos que podem entrar imediata e automaticamente em ação, sem vacilação ou reflexão real e á capaz de coordenar e diferenciar rapidamente seus esquemas de ação e seus conhecimentos para enfrentar situações inéditas. 22 CAPÍTULO III: Cultura Corporativa “Por trás dessa monumental realocação de poder, reside uma mudança no papel, na significação e na natureza do conhecimento.” (Alvin toffer, 1995) 23 CULTURA CORPORATIVA CULTURA: PARA QUÊ? De um modo geral, o ser humano não se habitua com as incertezas, o imprevisível e com o confronto de paradigmas. Para pensarmos em cultura corporativa temos que levarmos em consideração sobretudo o “corpus” humano da organização. A cultura é difícil de ser mudada ou adaptada justamente porque é um aprendizado acumulado de um grupo. É a forma de agir, pensar, se comportar e de perceber as coisas ao redor. Quando se estuda competências e conhecimento é extremamente essencial que não se esqueça do aspecto cultural pessoal e, sobretudo organizacional, que estão envolvidos esses indivíduos. Muitas vezes um funcionário não tem o conhecimento específico de alguma coisa e não nos importamos se foi oferecido um processo de aprendizagem para que ele se tornasse conhecedor daquele assunto e, consequentemente, não se torna competente para competência e aquela função. conhecimento Como são já coisas foi visto distintas anteriormente mas são interdependentes. A cultura de uma organização se caracteriza pelas pessoas que a constituem. São as pessoas que constróem a cultura. Em certos casos, quando uma organização envelhece, sua cultura se torna bastante tradicional. Mas, à medida que novas pessoas são contratadas e entram em contato com a cultura da organização, surge um conflito. Elas rejeitam esse tradicionalismo e chegam à conclusão de que esse não é o modo de vida que desejam. 24 Atualmente, as pessoas querem estar envolvidas e querem participar das decisões, querem sentir como é fazer parte de um projeto e desejam que seu trabalho seja reconhecido. O fato, porém , é que em muitas organizações mais tradicionais as coisas não funcionam assim. Nesses lugares, as pessoas não são pagas para pensar. Na verdade, espera-se que não pensem. O melhor que têm a fazer é não pensar. O problema, em minha opinião, é que para essa nova geração essa opção simplesmente não existe. Sendo assim , o importante é perceber que a cultura de uma empresa é determinada pelas pessoas que nela trabalham. Por isso, cada empresa precisa avaliar se vale a pena continuar procurando pessoas que contribuirão para o desenvolvimento e para a própria mudança da cultura corporativa. Se a organização realmente deseja que seus colaboradores aprendam coisas compatíveis com sua personalidade, terá que dispensar modelos e encorajá-los a observar o seu próprio ambiente e desenvolver suas próprias competências. Criar apenas a estrutura e os incentivos, deixando que cada um descubra como administrar novos tipos de relacionamentos. Em suma, a cultura é profunda, ampla e estável. É o comportamento diário das pessoas fundamentados nas atitudes, nas ações, na postura as quais são compartilhadas e transformadas em aprendizado em conjunto. Daí a importância de abordagem desse aspecto, neste projeto, quanto a questão do enfoque à educação corporativa. Tudo isso é um grande processo de aprendizado longo e trabalhoso, que envolve a todo momento pessoas de diferentes níveis culturais dentro de uma organização e que precisa ser relevados e readaptados a todo instante. 25 MUDANÇA TRANSFORMADORA: A REFLEXÃO EM CIMA DA CULTURA Mudança transformadora é um aprendizado que leva muito tempo e não é nada fácil. Isso porque os elementos culturais podem se transformar em fatores problematizadores e assim, há a necessidade de elaborar um novo processo de mudança que precisa ser adaptado a realidade organizacional em que se está trabalhando. Mudar alguma coisa implica não só em aprender algo novo, mas desaprender algo que já existe e que possivelmente atrapalhará o processo. Quando ocorre alguma mudança, novas forças perturbam o equilíbrio existente, e reconhecer e administrar essa força, cria o incentivo para a mudança. Esse é um movimento que, muitas vezes, não tem fim. Muitas vezes nem se quer queremos mudar, mas dificilmente agimos sozinhos e a força que as outras pessoas fazem sobre você, te “obriga” a mudar e neste momento o indivíduo passa por um processo de desconforto por estar, de certa forma, rompendo a barreira dos seus paradigmas. Em princípio, as pessoas têm uma grande resistência a um aprendizado novo pois, isso gera um desaprendizado desconfortável e ansioso, ou seja, para mudar você precisa aprender coisas novas e desaprender outras que possam atrapalhar este novo processo e isso gera ansiedade, medo e insegurança. Alguns estudiosos tentaram estabelecer modelos e esquemas para esse processo de mudança, e a maioria deles tinha coerência entre si. Um desses modelos de mudança transformadora é o que vamos abordar logo a seguir que poderá passar por três estágios básicos1: 1 Estrutura elaborada de acordo com o autor Edgar H. Schein no seu livro que consta na bibliografia desse trabalho. 26 1) Descongelamento: Criar motivação para mudar. Convencer o indivíduo a mudar, e mostrá-lo a importância desse processo. Desconfirmação; Criação da ansiedade pela sobrevivência ou da culpa; Criação de uma segurança psicológica que sobrepuja ansiedade do aprendizado. 2) Aprender novos conceitos e novos significativos para antigos conceitos. Imitação e identificação com modelos; Exploração para encontrar soluções e aprendizado com tentativas e erros. 3) Internalizar novos conceitos e significativos. Incorporação no autoconceito e na identidade; Incorporação nos relacionamentos em evolução. Percebe-se então que num processo de mudança pode (e deve) passar por momentos de desequilíbrio para que se reconheça novas maneiras de se administrar essa transformação. A chamada desconfirmação2. É nesse nível que começa aparecer o sentimento da ameaça no indivíduo ou no grupo (caso seja um trabalho em equipe). Ameaças essas, que podem refletir economicamente, politicamente, tecnologicamente, legalmente, moralmente ou internamente como um enorme desconforto. É exatamente por isso que as organizações procuram um líder , muitas vezes denominado por gerente de mudanças, que seja carismático visando atrair a atenção dos colaboradores e estes não necessariamente precisam ser 2 Termo utilizado por Edgar H. Schein. 27 poderosos mas devem ser efetivamente seguros sem passar insegurança e dúvida para o grupo. Sobretudo deve passar credibilidade, clareza e capacidade de articulação. Um dos segredos é entender que nas complexas dinâmicas de mudanças o novo aprendizado só acontece se o indivíduo estiver seguro psicologicamente pois, são nas bases psicológicas que aparecem os nossos fantasmas: o medo. Seja da incompetência temporária, da punição, de perder a identidade pessoal ou de ser desligado de um grupo. E como um reflexo disso, o ser humano tende a se comportar com respostas defensivas negando alguma ação e/ou colocando o problema “na mão de alguém”. Uma solução viável para isso é criar um segurança psicológica que, poderá passar por alguns passos os quais o gestor de mudanças deve estar preparado para implementá-los. São eles: Visão positiva forçada; Treinamento formal; Envolvimentos de quem está aprendendo; Treinamento informal (grupos familiares) e equipes relevantes; Exercícios, instrutores e feedback; Comportamento positivo (adequado); Grupos de apoio e sistemas / estruturas coerentes. Então, com a criação de uma segurança psicológica, há o surgimento das mudanças cognitivas, ou seja, a maneira de pensar e agir já está sendo transformada e percebemos que o indivíduo está numa fase de observação do comportamentos. ambiente para localizar possibilidades de novos Mas para isso, é preciso abandonar a certeza já conquistada em favor de uma substituta desconhecida e isso é algo muito doloroso, sem contar que gasta-se tempo e muita energia. Até que uma equipe consiga encontrar o estado ideal de todo esse processo. 28 A seguir pode-se observar um quadro comparativo entre dois tipos de organização: uma referente a sociedade industrial ( revolução industrial) e outra referente a sociedade moderna (contemporânea), para que possamos detectar algumas mudanças em relação a cultura de cada uma respectivamente. EMPRESA DA SOCIEDADE EMRPESA DA SOCIEDADE DA INDUSTRIAL INFORMAÇÃO Enfoque analítico / atomístico. Enfoque macro / holístico. Individualismo, distanciamento entre Igualdade de direitos, as pessoas. compartilhamento e participação. Autoridade centralizadora, Autoridade adulta, facilitadora e partenalística e autocrática. democrática. Continuidade num único nicho Opções múltiplas. Liberdade de profissional. Especialização excessiva. escolha. Visão generalizada. Economia de escala. Tendência a Descentralização, resguardando-se centralização. a integração. Valorização da qualidade. Valorização da qualidade associada à quantidade. Empresário avesso ao risco. Busca o Empresário empreendedor, criativo protencionismo. e competitivo. A grande alavanca é o dinheiro. A grande alavanca é a informação, o conhecimento e a educação. O sucesso é garantido pelo poder de A mente humana é o grande investimento em máquinas e software. O computador é o grande instalações. hardware. 29 CONCLUSÃO Em princípio o importante é esclarecer que este assunto não se esgota por aqui. Apesar do término do trabalho, este é um tema muito atual que a todo momento precisa estar sendo lembrado e questionado para que realmente os conceitos possam ser adaptados a essa nossa nova realidade de mercado. Realidade essa, que a transmissão do conhecimento é a principal força de produção da sociedade. Em que o saber é e será produzido para ser vendido, e ele é e será consumido para ser valorizado numa nova produção de conhecimento e competência. Nessa nossa sociedade do conhecimento os limites não existem mais e o virtual usa novos espaços, novas velocidades, sempre problematizando e reinventando o mundo. E o uso dessa virtualização cotidianamente amplia as potencialidades humanas, criando novas relações, novos conhecimentos, novas maneiras de aprender e de pensar. Daí a importância das empresas estarem elaborando o tempo todo projetos que visem a educação continuada de seus colaboradores, na valorização de suas competências utilizando ao máximo os seus conhecimentos. As novas tecnologias criaram novos mercados, serviços, empregos e empresas onde a utilização do conhecimento gera novos saberes que permitem que o homem acompanhe o grau de complexidade que envolve a produção de um bem material. Mas nada disso adianta se não houver uma valorização e, sobretudo, um investimento, por parte das empresas, no processo educacional e fornecendo condições necessárias às pessoas para que esse processo de aprendizado flua de acordo com as limitações de cada indivíduo. 30 Tratar de educação corporativa ainda é algo complexo, talvez por ser ainda um assunto “novo” , ou pelo menos por estar sendo divulgado recentemente, mas o que se deve estar atento é que competência e conhecimento são palavras-chave desse assunto. Porém, não é possível analisar esses dois conceitos separadamente. Conhecimento é algo que o indivíduo precisa para armazenar suas teorias e competência é saber aplicar esses conhecimentos na sua prática pessoal e/ou profissional. Por isso, é possível observar quando uma pessoa tem um potencial de conhecimento aguçado mas que não necessariamente é competente pela dificuldade de colocar os seus conhecimentos em prática. 31 BIBLIOGRAFIA GREEN, Paul C. Desenvolvendo competências consistentes. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 1999. NONAKA, I & TAKELUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SCHEIN, Edgar H. Guia de sobrevivência da cultura corporativa. Rio de Janeiro: José Olympo, 2001. PHILIPPE, Perrenpud - Construir as competências desde a escola - Porto Alegre, Artmed, 1999. Site : Revista @prender Virtual www.aprendervirtual.com NOME DO ARTIGO: Era do Conhecimento ou da Competência? NOME DO AUTOR: Marcelo Antônio Aguilar DATA: 10 de outubro de 2002. Apostila: Universidade Souza Cruz (Universidade Corporativa) 32 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I UNIVERSIDADE CORPORATIVA: UMA PROPOSTA EDUCACIONAL NA ORGANIZAÇÕES 10 Seus objetivos, princípios e missão 11 Tecnologias e métodos de aprendizagem e desenvolvimento 13 CAPÍTULO II ESCLARECENDO CONHECIMENTO E COMPETÊNCIA 15 Esclarecendo conhecimento 16 Gestão do conhecimento 17 Esclarecendo competências 19 Porque competência e conhecimento? 21 CAPÍTULO III CULTURA CORPORATIVA 22 Cultura: Pra que? 23 Mudança transformadora: a reflexão em cima da cultura 25 33 CONCLUSÃO 29 BIBLIOGRAFIA 31 ÍNDICE 32 ANEXOS 34 34 ANEXOS 35 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito Final: Conceito: