MICROBIOLOGIA CLÍNICA DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVÉIS (DST) PROFA. CLÁUDIA DE MENDONÇA SOUZA DEPTO DE PATOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVÉIS Importante problema de saúde pública Mudança do comportamento sexual (difícil) Poucas vacinas disponíveis Portadores assintomáticos; incubação (transmissão) período DST: possibilidade de infecção múltipla! de PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS - DST BACTÉRIAS Neisseria gonorrhoeae: Gonorréia Treponema pallidum: Sífilis Haemophilus ducreyi: Cancróide ou Cancro Mole Chlamydia trachomatis (sorotipos D-K): Uretrite Não-gonocóccia (UNG) Ureaplasma urealyticum: UNG Mycoplasma hominis e M. genitalium: UNG Uretrite por N. gonorrhoeae Uretrite por Clamídia Cancro duro, por T. pallidum Cancro mole, por H. ducreyi PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS - DST BACTÉRIAS Chlamydia trachomatis (sorotipos L1, L2, L3): Linfogranuloma Venéreo (doença sistêmica) Calymatobacterium granulomatis: Inguinal (donovanose) Granuloma Gardnerella vaginalis, Mobiluncus, M. hominis e anaeróbios: Vaginose (primária na mulher) Corrimento vaginal fétido pH vaginal > 4,5 Presença de “clue cells” (células guia) Linfogranuloma venéreo, por C. tracomatis Células guia: Vaginose Granuloma inguinal, por C. granulomatis PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS - DST VÍRUS Herpes simples tipos 1 e 2 (HSV): Herpes Genital Vírus da Hepatite Hepatocarcinoma B (HVB): Hepatite, Vírus do Papiloma Humano (HPV) tipos 6 e 11: 90%, Verrugas Genitais (condiloma acuminado) Vírus do Papiloma Humano (HPV) tipos 16 e 18: 70%, Câncer do Colo Uterino Vírus da Imunoeficiência Humana (HIV): AIDS PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS - DST PROTOZOÁRIOS Trichomonas vaginalis: Vaginite, Uretrite FUNGOS Candida albicans: Vaginite (primária), Balanite ARTRÓPODES Sarcoptes scabiei: Escabiose Genital Phthirus pubis: Pediculose Genital MIMS – Microbiologia Médica – 3ª edição DST - Sintomas Presença de corrimento: Gonorréia Uretrite não gonocócica Tricomoníase Candidíase Vaginose (cheiro de “peixe’) Presença de úlceras (aumentam risco de aquisição): Sífilis Cancro mole Linfogranuloma venéreo Granuloma inguinal Herpes DST - Sintomas Assintomáticos: Gonorréia UNG (clamídia) Tricomoníase DST - Transmissão Transfusão T. pallidum HIV HBV Fômites HPV* (sauna, toalhas, banheiros) HBV*, HIV (seringas, tatuagens, alicates) Trichomonas (sauna, toalhas, banheiros) Phthirus pubis * Vacinas disponíveis DST - Transmissão Congênita (via placenta ou canal do parto) Sífilis (Qualquer fase da especialmente no 1º trimestre) gestação, Gonorréia (oftalmite neonatal), Clamídia (conjuntivite, pneumonia) HIV, HBV, Herpes SÍFILIS A Sífilis ainda é uma importante DST, embora seja menos frequente Sequelas graves (cegueira, paralisia, doenças cerebrais e cardiovasculares) Risco de infecção congênita Morte intra-uterina Anomalias congênitas que podem se manifestar no momento do parto (1º ao 3º mês) Infecção silenciosa, que pode não ser aparente até o 2º ano de vida (deformações faciais e dentárias). Nem todos pacientes passam pelos 3 estágios. *Cancro: MIMS – Microbiologia Médica – 3ª edição SÍFILIS - Diagnóstico T. pallidum: não cultivável em meio de cultura artificial Células não coradas pelo Gram (0,2 mm) Diagnóstico baseado em: Microscopia (detecção do microrganismo) • Campo escuro, Imunofluorescência Fontana Tribondeau, Sorologia (detecção de anticorpos em soros de pacientes) • Testes Não-treponêmicos e Treponêmicos SÍFILIS - Diagnóstico Evidenciação do T. pallidum nas lesões Microscopia e PCR Material clínico: material de cancro, nas lesões cutâneas e mucosas ou secreção nasofaríngea Fontana Tribondeau SÍFILIS Cancro duro Lesão única, indolor – Sífilis primária Sífilis congênita Lesões cutâneas – Sífilis secundária SÍFILIS - Diagnóstico Sorologia TESTES NÃO TREPONÊMICOS: não específicos Antígeno: cardiolipina (fosfolipídeo - coração bovino) • Possibilita a detecção de anticorpos anti lipídeos, formados em resposta à liberação de material lipóide, pelas células danificadas pela infecção ou a lipídeos da superficie do T. pallidum. VDRL (Laboratório de Pesquisa de Doença Venérea) RPR (teste Rápido de Reagina Plasmática) SÍFILIS - Diagnóstico VDRL Teste de microfloculação em lâmina Antígeno: suspensão de cristais de colesterol revestidos de cardiolipina RPR Teste de floculação em cartão Antígeno: partículas de carvão revestidas de cardiolipina São utilizados para controle do tratamento Testes de triagem: alta sensibilidade, simples execução, rápidos e de baixo custo SÍFILIS - Diagnóstico Sorologia TESTES TREPONÊMICOS: específicos (confirmatórios) Antígeno: T. pallidum ou seus antigenos (testículos de coelhos infectados) MHA (Micro-hemaglutinação): bactéria ligados a hemácias antígenos da FTA-ABS (Absorção de Anticorpo Treponêmico Fluorescente): T. pallidum fixado em lâmina de microscopia Não podem ser utilizados para controle do tratamento! Mais sensíveis para diagnóstico de sífilis tardia. SÍFILIS - Diagnóstico Micro-hemaglutinação FTA-ABS Gonorréia Causada pela espécie bacteriana Neisseria gonorrhoeae A mulher tem 50% de chance de ser infectada, após um único intercurso com um homem infectado Homem tem 20% de chance de adquirir infecção de uma mulher Infectada Indíviduos assintomáticos (geralmente mulheres) principais reservatórios Infecção pode ser transmitida durante o parto: oftalmite neonatal Normalmente a infecção é localizada, mas pode haver disseminação para outras partes do corpo. Gonorréia Diplococos Gram negativos Corrimento purulento Artrite séptica Oftalmite neonatal Gonorréia Gênito-urinária Sexo Masculino: uretrite Complicações: infecção crônica estreitamento uretral, esterilidade da próstata, Sexo Feminino: uretrite, cervicite, bartholinite Complicações: endometrite, infecção das tubas e ovários, Doença Inflamatória Pélvica (DIP), esterilidade Gonorréia Extra Genitais Localizadas: Faringite Conjuntivite do neonato Proctite Generalizadas (mais comum nas mulheres) Artrite Endocardite Infecção cutânea Meningite Gonorréia - Diagnóstico Materiais Clínicos: Secreções (uretral, endocervical, prostática, retal, orofaringe, conjuntival) Urina (1º jato) Esperma Sangue Líquido sinovial Cuidados: NÃO REFRIGERAR! Não utilizar swabs de algodão (dracon ou rayon) Gonorréia - Diagnóstico Exame clínico: outras DST apresentam sintomas semelhantes (Chlamidia, Trichomonas) Esfregaço corado pelo Gram e Microscopia Secreção uretral masculina: 95% de sensibilidade e especificidade Secreção vaginal ou endocérvix: 50% sensibilidade e baixa especificidade (microrganismos da microbiota apresentam morfologia semelhante). Cultura: agar Thayer Martin (agar chocolate adicionado de antibióticos). Gonorréia - Diagnóstico Colônias de N. gonorrhoeae em Thayer Martin Gonorréia - Tratamento Cefalosporinas penicilina) ou quinolonas (resistência à Co-infecção com Clamídia frequente: acrescentar tetraciclina ou doxiciclina no tratamento Clamídia: diagnóstico através de cultura células, imunoensaios, métodos moleculares. de