Ano II - Número 28
29 de maio a 11 de junho /2006
Fotos: Ricardo Lima
Interatividade imprime clima de comemorações
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Sem limite para estudar
Alunos com mais de 40 anos entram na Universidade para realizar sonho ou conquistar mercado
Aprovada em um dos cursos mais concorridos, Direito, Benedicta Sonia Paes pretende advogar
Bocha, damas, tricô, cuidar dos
netos, assistir TV, esperar a visita dos
filhos e desfrutar da aposentadoria
constituem tarefas secundárias na
programação de parte dos novos
idosos do País. A eles somam-se os
profissionais maduros que em vez
de esperar comodamente a aposentadoria partem para a conquista de
novos horizontes. Esses dois grupos alteram a rotina acadêmica.
Com mais de 40 anos de idade, os
estudantes retornam à Universidade
ou estréiam na academia em busca
de mais conhecimento, maior espaço no mercado e realização de um
sonho. Na PUC-Campinas esse
novo grupo soma 307 estudantes, já
em todo o País são cerca de 105 mil
no Ensino Superior. A estudante da
Faculdade de Dirieto, Benedicta
Sonia Paes, garante que aos 79 anos
não se sente discriminada pelos colegas, uma geração que nasceu quando ela tinha cerca de 56 anos.
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Onda de violência agrava
descrédito da população
Especialistas e comunidade universitária desabafam sobre a
onda de violência que deixou perplexa a população do Estado
de São Paulo, a partir do dia 12 de maio. Uma sucessão de
mortes, rebeliões, ônibus e carros queimados, agências bancárias atingidas por bombas e tiros de metralhadoras, aulas suspensas, estabelecimentos comerciais fechados, trânsito intenso, pessoas desesperadas e muitos boatos. Para os especialistas, o pacote de medidas aprovado após a eclosão da violência não resolve a situação. Eles garantem que as autoridades
conheciam o grave quadro do crime organizado.
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Vida religiosa
atrai mais jovens
Estudante da Faculdade de Teologia Paulo Henrique Facin se sente livre pela escolha do sacerdócio
Avenida Dr. Heitor Penteado, uma semana após os principais ataques
Pesquisa da Igreja Católica do Brasil indica um aumento de 32% na procura de
jovens pela vida religiosa em 2005. Cerca
de 22 mil moças e rapazes pretendem ser
padres, freiras, missionários, educadores,
assessores de atividades sociais e agentes
pastorais em todo o País. Em 1980 esse
número era de 15 mil. Na Universidade,
232 estudantes se preparam para a área,
entre eles o aluno do 4º ano da Faculdade
de Teologia Paulo Henrique Facin. Ele
exemplifica o perfil do seminarista contemporâneo.
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29 de maio a 11 de junho /2006
Jornal da PUC-Campinas
Editorial
Brasil: País privilegiado?
É
quase lugar comum afirmar que o Brasil é um País privilegiado.
Aqui não acontecem guerras, não há terremotos, catástrofes de
grande monta. Esse pensamento bastante presente, sobretudo no
meio popular, foi posto à prova dos fatos na segunda-feira, dia l5 de maio.
A situação de medo coletivo, a sensação de insegurança generalizada, a
desterritorialização da ameaça - donde vinha afinal ? - fez com que cada
um buscasse refúgio em sua própria casa. O espaço público, aquele onde
a humanidade do homem se expressa na forma de encontro, participação, debate, tornou-se perigoso e ameaçador. Esconder-se no abrigo da vida
privada - esquecendo o domínio específico onde nos apresentamos para
os outros e somos reconhecidos, a política - foi mais que um simples episódio num dia em que, exagero à parte, experimentamos o pânico coletivo. Foi uma espécie de flash do mundo em que nos situamos. Aquela
ilusão de que "essas coisas" acontecem na França e na Inglaterra; ou o simplismo maniqueísta que opõe bandido e mocinho; ou mesmo a má fé dos
que vêem nisso o resultado da política de defesa dos direitos humanos tomada como proteção a criminosos e incentivo à marginalidade - nada
disso consegue ocultar a razão profunda: um mundo entregue à lógica do
mercado. Educação, saúde, segurança, serviços urbanos básicos entregues
à livre concorrência sem intervenção do Estado, numa palavra, privatizados, oferecem resultados melhores e em prazo mais curto. O Estado deve
ser reduzido ao mínimo e sua interferência é sempre prejudicial. Política
que se tornou programa de ação desde os anos Reagan nos Estados Unidos
e Thatcher na Inglaterra. Adotado por governos que se pretendiam de esquerda, até mesmo como condição de sobrevivência. O resultado mais imediato foi elevar a desigualdade social a níveis insuportáveis e a explosões
de violência que só se "resolvem" à custa de mais violência.
Políticos e cientistas sociais responsáveis alertavam para o risco de um
esgarçamento do tecido social. Esse se rompe quando se perde a confiança nas instituições, mesmo as mais sagradas. Quando a necessidade de
sobreviver e desconfiar se soprepõe a qualquer princípio básico de convivência. Quando se tem medo do policial ser possível integrante do crime
organizado. Quando se tem dúvidas sobre a honra do magistrado: é o
salve-se quem puder tornado lei, norma da vida "social". A violência brota (e gera) a perda do sentido do coletivo. E quando esse se perde, a sociedade se torna uma prisão, da qual fugimos aprisionando-nos em nossas
casas. Seus muros já não protegem a privacidade necessária. São a face
exterior de uma fortaleza. A cerca eletrônica, o alarme, o cão feroz, a segurança privada. Perde-se o que há de mais caro à humanidade, o amor ao
mundo, na feliz expressão de Hanna Arendt. As universidades também
fecharam suas portas. Reflitamos: não terá sido o preço que pagamos por
nos "inserirmos" na racionalidade desse mundo, do qual o espírito crítico foi abolido e a criatividade aprisionada à mercadoria?
Reitor da PUC-Campinas
Padre Wilson Denadai
Glaucoma preocupa especialistas
Fotos: Ricardo Lima
O glaucoma é uma doença causada,
principalmente, pelo aumento da
pressão dentro do olho, que danifica o
nervo óptico, podendo levar à cegueira.
No Brasil há cerca de 900 mil pessoas,
com idade acima de 40 anos, portadores
dessa doença. Preocupados com esse
quadro, o Hospital e Maternidade Celso
Pierro (HMCP) e o Centro de Ciências
da Vida (CCV) da PUC-Campinas promoveram no dia 27 de maio, no
Ambulatório de Oftalmologia, a 3ª
Campanha de Combate ao Glaucoma,
quando cerca de 300 pessoas passaram,
gratuitamente, por exames de tonometria (medida da pressão intra-ocular PIO) e fundoscopia (avaliação do fundo do olho). O evento integra a pro- Robson dos Santos examina Jaqueline, que passou por duas cirurgias
gramação do Dia Nacional de Combate
ao Glaucoma.
senta sintomas no início e o congênito que atinge um
Segundo o chefe do Serviço de Oftalmologia do a cada 15 mil bebês durante a gestação. Para esse caso
hospital, Robson dos Santos, o glaucoma pode atin- o tratamento sugerido é a cirurgia e se realizada pregir qualquer pessoa em diferentes faixas etárias. cocemente, pode apresentar bons resultados. A adoApresentam maior risco de desenvolver a doença pes- lescente Jaqueline Silva Santos, 16 anos, nasceu com
soas acima de 40 anos e que integram os fatores de glaucoma congênito e há dez anos faz tratamento no
risco da doença: histórico familiar, PIO elevada, raça HMCP. Segundo o médico, Jaqueline passou por duas
negra, diabéticas, míopes, que tenham tido trauma cirurgias, aos 2 meses de vida e aos 14 anos. Ela apeocular prévio e que usam regularmente ou por um nas possui parcialmente a visão do olho direito.
longo período medicamentos com cortisona.
Essa doença não tem cura, porém a detecção e o
"Infelizmente, a doença progride lentamente sem que tratamento precoces podem retardar o progresso e preo paciente note a perda gradual da visão periférica", venir a cegueira.
explicou Santos.
Há seis tipos de glaucoma, entre eles o crônico de >> Serviços
ângulo aberto que atinge 80% dos casos e não apreAmbulatório de Oftalmologia: (19) 3729-8430
Agenda
30/05
Apresentação do Coral Universitário do Centro de Cultura
e Arte da PUC-Campinas, às 12h30, na Igreja N. S. da
Esperança, Campus II. Informações: (19) 3756-7282
31/05
Encerramento das inscrições para o Curso
Superior Seqüencial de Formação Específica
em Tecnologia da Informação.
Informações: www.puc-campinas.edu.br e (19) 3756-7036
01/06
Política Nacional de Assistência Social, Seminário da
Faculdade de Serviço Social, das 14h às 17h, no Auditório
Dom Gilberto, Campus I. Informações: (19) 3756-7019
03/06
Curso de Aleitamento Materno, das 9h às 12h e das 13h às
18h no Anfiteatro Prof. Dr. Silvio Carvalhal, Campus II.
Informações: [email protected]
e (19) 3729-8487
07/06
Palestra Bioética, Princípios e Dilemas e lançamento do
livro Bioética e Tecnociências, às 13h30, no Anfiteatro
Prof. Dr. Sílvio Carvalhal, Campus II.
Informações: (19) 3729-8358
Apresentação do Coral Universitário, às 20h40, no
Auditório Nobrinho, Campus Central.
Informações (19) 3756-7282
08/06
Apresentação do Grupo de Música de Câmara da PUCCampinas no Projeto Conversa com o Reitor, às 17h30, no
Auditório Dom Gilberto. Informações: (19) 3756-7282
CORREÇÃO - Ao contrário do que foi publicado na
última edição, a Lei 9610/1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais, não pertence
ao Código Civil. Ela é uma Lei Especial ou Extravagante
que disciplina a questão.
Expediente
Reitor- Padre Wilson Denadai; Vice-reitora - Angela de Mendonça Engelbrecht; Conselho Editorial - Denise Tavares, Wagner José de Mello e Sílvia Regina Machado de Campos;
Coordenador de Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Coordenador do Setor de Jornalismo - Aderval Borges; Editora - Eunice Gomes (MTB 21.390);
Repórteres - Aderval Borges, Adriana Furtado, Crislaine Gava, Du Paulino, Eunice Gomes e Renata Rondini; Revisão - Marly Teresa G. de Paiva; Fotografia - Ricardo Lima;
Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte Gráfica Digital; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas,
Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3756-7147 e 3756-7674. E-mail: [email protected]
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Jornal da PUC-Campinas
29 de maio a 11 de junho /2006
Opinião
Entre Dois Medos
Zeca Borges
O
crime organizado, à medida que
prospera, impõe, nas relações de
violência com a sociedade, a lógica fria da pirataria, do corso e da guerra de
conquista. O roubo de museus e o assalto aos
quartéis do Exército no Rio e, agora em São
Paulo, o assassinato de policiais, devem ser
encarados sob a ótica da escalada do capitalismo do século 19, naquilo que Marx retratava em seu Manifesto, de 1848: "Dissolvemse todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de
idéias secularmente veneradas; ... tudo que
era sólido e estável se esfuma, tudo o que era
sagrado é profanado, ...".
O Estado brasileiro não parece ter condições de defender seus cidadãos de ataques ousados do PCC, de militantes de movimentos de sem-terra e de políticos corruptos. Dançam todos abusadamente à nossa
frente, sem medo das câmeras, na certeza
de que não serão atingidos institucionalmente. Até os países vizinhos parecem ter percebido nossa incapacidade de reagir a agressões. Nem mesmo com o clamor da população se consegue levar à prisão homicidas
confessos. Os policiais de São Paulo parecem
saber disso, respondendo por sua conta e
risco aos criminosos. Compreender não é aceitar. Nem julgar. A população de São Paulo passará a enfrentar a realidade que já assombra
cidadãos de outras metrópoles: viver entre dois
medos, o da polícia e o dos bandidos. Conviver
com execuções e balas perdidas.
O que estamos assistindo é a eliminação de
qualquer traço de coesão e de solidariedade em
nossa sociedade. Há uma rachadura em expansão, destruindo nossos sentimentos de unidade,
isolando segmentos sociais, com raízes profundas no ressentimento e na indignação de uma
parcela da população. Embora nunca tenhamos
sido uma sociedade homogênea, havia uma
identificação e um respeito às tradições comuns.
Assim foi construída uma nação do Oiapoque
ao Chuí. Embora percebamos que não há qualquer ameaça à nacionalidade nesses movimentos, há um desrespeito às instituições republicanas e democráticas, aliado a uma para-
Nem mesmo com
o clamor da
população se
consegue levar à
prisão homicidas
confessos
Espaço leitor
Galeria
@
[email protected]
Imagem
DE BAIXO D'ÁGUA -
Os alunos da
Faculdade de Educação Física participaram de
uma atividade diferente no último dia 11 de
maio, quando a ex-aluna e professora da
Academia Deep Running Valéria Menezes
Scornaienchi demonstrou uma nova modalidade
em exercícios físicos aquáticos: a hidrobike.
Esse exercício oferece baixo impacto, sendo
recomendável para grávidas e pessoas que
tenham algum tipo de lesão. Embora a
novidade desperte o interesse dos
freqüentadores assíduos das academias de
ginástica e não poderia ficar de fora da
academia universitária. A professora Maria
Isabel Vieira Guerra, sempre antenada com as
novidades do setor, foi quem trouxe a atividade
para a PUC-Campinas. A aula diferente teve a
aprovação da aluna Marcela Prado Ruy. "Além
de não provocar lesões por impacto, a hidrobike
é estimulante por ser tão diferente", comentou.
"Eu sinto muita insegurança e uma
grande decepção com nossos
administradores. Além disso, agora
que a polícia está empenhada em
capturar os culpados, o cidadão
trabalhador se sente constrangido
porque a qualquer momento ele
pode ser abordado por policiais em
busca de suspeitos. É realmente uma
situação insustentável".
Alexsandro de Almeida,
funcionário do Centro
de Economia e
Administração (CEA)
do com suas convicções ideológicas.
Voltando à Marx - que do alto de sua
sabedoria e moral vitoriana, concluiria que o
problema está na falta de vergonha na cara
da classe dominante brasileira - a resposta
deve ser dada no que o capitalismo atualmente tem de mais dinâmico: a apropriação
e adaptação de experiências e técnicas inovadoras - internacionais - de combate ao
crime, acessíveis pelos serviços de informação e de inteligência. O Disque-Denúncia
nos chegou por essa via, a globalização está
aí para isso. A Itália, a Inglaterra, a Espanha
ou mesmo estados americanos como o da
Califórnia e o de Nova York podem apresentar experiências exitosas de enfrentamento
da violência e do crime organizado em regimes democráticos.
Zeca Borges, coordenador-geral do Movimento
Rio de Combate ao Crime e Coordenador do
Disque-Denúncia de Campinas e do Rio de Janeiro
COMO VOCÊ SE SENTIU DURANTE OS TRÊS DIAS DE
VIOLÊNCIA URBANA NO ESTADO DE SÃO PAULO?
"Como eu uso transporte coletivo,
fiquei apreensivo por correr o
risco de estar em um ônibus que
pudesse ser queimado e com
medo de balas perdidas em um
possível tiroteio. Mas os alvos dos
criminosos não eram os civis, o
objetivo era atacar policiais e
instituições públicas. Ainda assim,
a tensão foi inevitável".
João Batista Roque Neto,
estudante da Faculdade de
Psicologia
Qual sua opinião sobre o Jornal da
PUC-Campinas? Quer sugerir uma pauta?
Divulgar o que você está fazendo? Participe!
Mande uma mensagem para a redação.
CONTROL C + CONTROL V
Gostaria de parabenizar a todos pelo sucesso
e continuidade do Jornal PUC-Campinas. A
matéria que mais me chamou a atenção foi a
da capa, que alunos, na Universidade, se
utilizam de recursos como Ctrl C + Ctrl V
para fazerem seus trabalhos acadêmicos. Isso
realmente é muito deprimente, pois esse
excelente meio de comunicação que poderia
ser utilizado de uma melhor forma para
pesquisa, induz alguns apenas a colarem seus
textos. Com certeza os alunos que se utilizam
desses métodos irão sofrer as consequências
mais para frente, assim como sofri ao prestar
o vestibular, pois grande parte do meu 2º
grau, infelizmente, foi no Ctrl C + Ctrl V.
Fabiano Pires Barboza,
estudante de Ciências Econômicas
lisia decisória das autoridades.
Se não forem reforçados os instrumentos
de defesa da ordem, o perigo que poderemos enfrentar é o surgimento de um grupo,
determinado a restaurar o que acredite ser
a unidade perdida, a paz social que entenda necessária ao País e que considere que
esses objetivos estejam sendo obstados pelas
instituições democráticas. A impressão de
falência defensiva do Estado brasileiro nos
remete à dúvida de Abraham Lincoln, durante a Guerra Civil Americana: "De há muito
tempo, tem sido uma grave questão saber se
qualquer governo que não seja demasiadamente forte para as liberdades de seu povo,
poderá ser bastante forte para manter essas
liberdades em uma emergência."
Mesmo em tempos turbulentos, não há
desculpa para alguém ser obtuso a ponto de
culpar o regime democrático pelas mazelas de
nossos políticos. Mas pode surgir no ar um
perigo de retrocesso das liberdades, baseado
na ineficiência dos governantes em combater
com razoável sucesso o crime, a violência e a
corrupção. Aqueles que não quiserem mais
se interessar pela política, devidamente enojados com o que se passa no País, serão aliados involuntários dos que consideram a política um obstáculo embaraçoso para suas ambições de consertar e aparelhar o País de acor-
Fotos: Ricardo Lima
"Fiquei assustada como todos e muito
envergonhada por ver a imagem do
nosso País ser manchada
internacionalmente. O despreparo das
autoridades para lidar com essa onda
de crimes tem várias implicações
negativas no âmbito econômico. O
marketing internacional ficou muito
prejudicado e a sensação de
insegurança acentuou-se ainda mais".
Flailda Brito Garboggini, diretora
da Faculdade de Publicidade e
Propaganda
“OLHO por
OLHO E
dente POR
dente, E
O mundo
ACABARÁ
CEGO e
banguela”.
Mahatma Gandhi (1869-1948) ,
político e pensador indiano
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Jornal da PUC-Campinas
Ricardo Lima
Comportamento
Cresce a procura pela
vida RELIGIOSA
Dados da
Igreja
Católica do
Brasil
indicam um
aumento de
32%; perfil
de jovens
interessados
mudou
Dom Anuar Batisti (ao lado) afirma que 30% dos
seminaristas são ordenados padres; acima, padre
Lindomar Rocha que entrou para o seminário aos 14 anos
Du Paulino
[email protected]
O Centro de Estatística Religiosa
e Investigações Sociais (Ceris), ligado
à Igreja Católica do Brasil, registrou
um aumento de 32% na procura de
jovens pela vida religiosa em 2005. Essa
pesquisa indicou que em 1980 cerca
de 15 mil moças e rapazes optaram por
esse caminho. No ano passado, esse
número saltou para cerca de 22 mil.
No entanto, apenas 30% dos seminaristas, por exemplo, são ordenados
padres, segundo o Setor de Vocações
da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB). "Assim como ocorre em qualquer outra profissão, muitos jovens cometem um erro de vocação e descobrem no meio do caminho
que aquela não é a opção que querem
para o resto da vida", contemporizou
o presidente da Comissão Episcopal
para o Ministério e as Vocações da
CNBB, Dom Anuar Batisti. Ele afirma ainda que mudou o perfil dos estudantes que optam pelo seminário.
A evangelização dos jovens norteou os debates durante a 44ª Assembléia Geral da CNBB que ocorreu
entre os dias 9 e 17 de maio, em Itaici,
na cidade de Indaiatuba (SP). O tema
reflete a preocupação da Igreja com a
diminuição do número da população
católica no Brasil, estimado em 68% .
Em 1980, cerca de 87% da população
era católica. Mesmo com a redução de
fiéis, o Brasil ainda é um dos países do
mundo com mais católicos e com muitos jovens interessados na vida religiosa, que compreende as áreas de atuação como padres, freiras, missionários,
educadores, assessores em atividades
sociais e agentes pastorais.
Mas o que leva um jovem a optar
pelo sacerdócio? Uma vocação pura
e muita vontade para a evangelização,
responde o padre Lindomar Rocha
que, aos 34 anos, é reitor do Seminário
Provincial Sagrado Coração de Jesus,
em Diamantina (SP), onde 72 jovens
se preparam para o sacerdócio.
Embora a vocação evangelizadora não
tenha mudado ao longo dos séculos,
o perfil dos que optam pela vida religiosa passou por importantes transformações. Se antes o jovem era
incentivado pela família para ingressar na carreira, atualmente são o trabalho comunitário e o envolvimento com a Igreja que o despertam para
o sacerdócio. "Hoje o seminarista vem
da periferia, de comunidades onde
ele já é engajado e exerce algum tipo
de liderança. Nessa atuação, ele acaba descobrindo sua vocação", revelou
Dom Batisti.
A idade em que o jovem opta pela
consagração à Deus também mudou.
Casos como o do padre Rocha que
ingressou no seminário aos 14 anos são
raros. "O ambiente religioso do interior norteava a vida das pessoas e não
tínhamos os apelos das grandes cidades. Isso me ajudou a decidir mais cedo",
explicou o reitor. Para Dom Batisti, os
apelos do mundo atual fazem com que
o jovem protele o momento da decisão
pela vocação. "Uma sociedade onde
tudo é transitório faz com que o jovem
diga: 'puxa, mas vou ter de escolher agora algo que é para o resto da vida'. Isso
assusta. Então a decisão por uma vocação é deixada para os 20 ou 25 anos",
complementou.
"Me sinto livre. A escolha que fiz
não me aprisiona", diz seminarista
Na PUC-Campinas estudam 232
pessoas que se preparam para a vida
religiosa. Universitários que optam
pelo caminho da renúncia para se consagrar à Deus e servir ao próximo. O
aluno do 4º ano da Faculdade de
Teologia Paulo Henrique Facin integra esse grupo e representa o perfil
do seminarista contemporâneo. Filho
de família pobre de uma cidade
pequena, o seminarista descobriu a
vocação quando era coroinha. A família, ao contrário das de antigamente,
tentou desencorajá-lo. Aos 26 anos
revela que descobriu no trabalho
comunitário a essência do servir à
Deus. Para traduzir um pouco da
vocação dos jovens que optam pela
vida religiosa, o Jornal da PUCCampinas conversou com Facin.
Jornal da PUC-Campinas - Por que
você decidiu ser padre?
Paulo Henrique Facin - Eu tinha 12
anos de idade, era coroinha e observando o que o padre fazia, senti vontade
de fazer o mesmo. Hoje, a vontade é
a mesma, mas agora eu percebo que ser
padre tem outras dimensões, não é só
celebrar o culto, mas atuar junto à
sociedade.
JP - Você já pensou em se casar?
Facin - Já pensei várias vezes. É próprio do ser humano sentir vontade
de constituir uma família, deixar herdeiros para dar continuidade à família. Mas vejo que a vocação ao sacerdócio é maior e a Igreja me pede que
eu abdique disso. Então eu tenho de
assumir.
JP - Como você lida com a ideologia
dominante referente ao apelo exacerbado do consumismo?
Facin - A mídia exerce grande poder
de fascínio nas pessoas, isso atrai a
gente. Principalmente, quando se é
Paulo Henrique
Facin descobriu
no trabalho
comunitário a
essência de
servir a Deus
jovem e está no auge da energia. Se
você vê a propaganda de um tênis ou
de uma calça, você quer. Vê uma propaganda que estimula a sexualidade,
você quer. Mas a gente tem de lidar
com isso. Eu sempre trabalhei essas
vontades, esses desejos, para que isso
não me escravizasse. A gente sabe que
é difícil, mas temos um ideal que é
seguir Jesus Cristo de perto e esse
ideal exige renúncias.
JP - Como sua família reagiu à sua
escolha?
Facin - No início minha mãe não
acreditou que entraria para o seminário, achou que era entusiasmo. Fez
de tudo para tirar a idéia da minha
cabeça, mas quanto mais ela ia contra, mais firme eu ficava. Ela dizia que
eu sofreria no seminário, que escreveria pedindo para que ela fosse me
buscar. Depois começou a me apoiar
pensando que assim eu desistiria e foi
aí que fui em frente mesmo. Hoje em
dia ela só reclama da distância.
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Jornal da PUC-Campinas
29 de maio a 11 de junho /2006
Melhor idade
VETERANOS marcam
presença na sala de aula
Alunos com faixa
etária acima de
40 anos retornam à
faculdade ou
estréiam nela em
busca da realização
de um sonho ou
de melhor espaço
no mercado
Fotos: Ricardo Lima
Advogado Antonio Ortiz Filho faz sua terceira
faculdade aos 61 anos procurando mais conhecimentos
A
Aos 49 anos, José Sidnei Dentamaro cursa Química
Tecnológica de olho no mercado de trabalho
Estudante mais idosa da PUC-Campinas, Benedicta Sonia Paes, cursa a primeira universidade aos 79 anos
Renata Rondini
[email protected]
A percepção da sociedade de que é possível se manter produtivo e ativo após a juventude provoca o
aumento da presença da maturidade nas salas de aula
das universidades. Estudantes acima de 40 anos já
representam 6,5% (105 mil) do total de matriculados
nos cursos de Ensino Superior do País, segundo o
censo de 2004 do Instituto Nacional de Estatísticas e
Pesquisas (Inep), vinculado ao Ministério da Educação
(MEC). Em busca da realização de um sonho ou por
uma melhor colocação no mercado de trabalho, eles
integram um grupo de 307 estudantes com mais de
40 anos matriculado nos cursos de graduação da PUCCampinas e que representa 1,6% do total de alunos.
"Eliminei os cursos que não combinavam com o meu
perfil. Sempre fui boa em Matemática, mas queria
desenvolver outras habilidades. Na hora, decidi pela
Faculdade de Direito", contou Benedicta Sonia Paes,
79 anos, aluna do 4º ano.
A tranqüilidade da velhice proporcionou a dona
Benedicta, viúva há seis anos, a realização de um sonho
antigo: cursar uma universidade. "Todo o meu tempo está direcionado para o estudo. Não tenho solidão.
Me sinto uma desbravadora, quando tenho dificul-
dade vou atrás para esclarecer", explicou a futura advogada que pretende atuar na área cível. Como tantos
outros jovens, ela se preparou num curso pré-vestibular para garantir uma vaga na PUC-Campinas. A
diferença de gerações na sala de aula não a constrange. "Tenho meus colegas como netos e os professores como filhos. A faculdade é a extensão da minha
casa. Claro que não faço parte do cotidiano de festas
e baladas deles, mas às vezes saio para tomar um cafezinho com as colegas", comentou. "Ela é uma lição de
vida para nós, está sempre em dia com as matérias e
acompanha muito bem o curso", ponderou Carla
Celeghin, colega de classe de dona Benedicta.
O advogado Antonio Ortiz Filho também aproveitou a ausência das pressões que assolam a juventude, como o fantasma do desemprego e a insegurança da escolha profissional, para desfrutar de sua
terceira faculdade. Depois de Matemática e Direito,
agora é a vez da Filosofia. "Sempre busquei oportunidades de melhorar de vida. A Matemática foi por
amor, mas lecionei por um ano e me decepcionei.
Depois escolhi o Direito para ter uma profissão que
me permitisse sobreviver. Já a Filosofia não é uma
opção de carreira de mercado. Agora estou investindo em mim, quero expandir meus conhecimentos",
relatou o calouro de 61 anos de idade .
Depois de 24 anos afastado dos estudos, Ortiz
garante que não sentiu dificuldade alguma de adaptação. "Só mudou o quadro negro e o giz, pela lousa branca e o pincel atômico. Continua sendo o mesmo sistema e o clima universitário. Ainda não se
explora em sala de aula a plenitude dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente", criticou o estudante. Ele reconhece suas deficiências em razão da
idade como capacidade de memória e agilidade de
raciocínio, porém ressalta que nada disso impede o
aprendizado.
A demanda por atualização de conhecimento e
formação impulsiona o retorno ou até mesmo a estréia
de adultos maduros na universidade. A necessidade
de uma graduação para continuar competitivo no
mercado motivou o coordenador de controle de qualidade José Sidnei Dentamaro a cursar a Faculdade
de Química Tecnológica. "Trabalho há anos numa
empresa química, que incentiva os funcionários a
ampliarem seus conhecimentos, e precisava ter uma
eqüivalência entre o meu cargo e a minha graduação.
Além disso, com o curso universitário tenho a possibilidade de galgar novas colocações", disse o estudante de 49 anos, que tem apenas o diploma técnico.
Serviços absorvem mão-de-obra madura
Consultor de recursos humanos Aguinaldo Neri
explica interesse dos mais velhos pelos estudos
A busca pela qualidade de vida, as alterações no
ambiente de trabalho e o acesso rápido e fácil à informação encorajam os novos velhos à voltarem ao cenário universitário. O professor da Faculdade de
Psicologia da PUC-Campinas e consultor de recursos humanos especializado em aposentadoria e revisão de projeto de vida Aguinaldo Neri, explicou que
o mercado está mais receptivo à mão-de-obra madura, principalmente no setor de serviços. Nesse segmento, os profissionais com faixa etária maior apresentam competências bastante positivas como, por
exemplo, visão estratégica, poder de negociação, liderança e paciência.
A exigência do mercado de trabalho por atualiza-
ção de conhecimento e a percepção de que aposentadoria não é o fim da linha, promovem a volta dos ativos senhores ao Ensino Superior. "Continuar envolvido com tarefas laborais é o principal motivador para
a pessoa madura voltar aos bancos universitários, aliado ao desejo pessoal", comentou Neri.
De acordo com o especialista, a população acima
dos 60 anos, que em sua maioria não visa mais a colocação profissional, aproveita a fase de vida mais tranqüila para realizar aquilo que sempre sonhou, muitas vezes um curso universitário. "Utilizar recursos
intelectuais, sociais e emocionais, além dos físicos,
contribuem para o envelhecer bem. Se você tiver
motivos para viver, viverá mais", disse o consultor.
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29 de maio a 11 de junho /2006
Jornal da PUC-Campinas
Interatividade
COMEMORAÇÃO alia
tradição à modernidade
Missas, sessão solene, concurso de crônicas, ações artísticas e esportivas e um
site que abusa dos recursos da internet integram as comemorações dos 65 anos
Fotos: Ricardo Lima
Adriana Furtado
[email protected]
U
ma sessão solene do Conselho
Universitário (Consun), três missas, um concurso de crônicas e o lançamento de um site com recursos interativos
dão o tom das comemorações dos 65 anos da
PUC-Campinas. Já no ar e trazendo toda a
história da Universidade, o site comemorativo resgata por décadas fotos, personagens e
acontecimentos que marcaram a construção
da primeira instituição de Ensino Superior do
Interior Paulista. "O site é completamente interativo, além do caráter histórico, convidamos
os ex-alunos e todas as pessoas que já passaram
pela Instituição para que sejam protagonistas
dessa história deixando mensagens em nossa
página", explicou o coordenador do Departamento de Comunicação (Dcom) da Universidade, Wagner José Mello.
No dia 7 de junho, dois eventos celebram
a fundação da Universidade, que ocorreu no
mesmo dia em 1941. Três missas ocorrerão
simultaneamente, às 12h, nos três campi. Elas
serão celebradas pelo grão-chanceler da PUCCampinas e arcebispo Metropolitano de
Campinas, Dom Bruno Gamberini, pelo arcebispo Emérito de Campinas, Dom Gilberto
Pereira Lopes e pelo reitor da PUC-Campinas,
padre Wilson Denadai. No mesmo dia, às 19h,
ocorrerá uma sessão solene marcada por homenagens no Auditório Monsenhor Salim, no
Campus II. Alunos, funcionários e professores que contribuíram para o desenvolvimen-
Ambientação com bunners ilustrados por fotos antigas e atuais, no Campus I, desperta o interesse da comunidade acadêmica
to da Universidade serão homenageados, juntamente com o ex-reitor padre José Benedito
de Almeida David, que receberá o título
Doutor Scientiae et Honoris Causa. "O título é a mais importante honraria acadêmica a
ser concedida e o padre David será o sexto
homenageado", completou Mello.
O Dcom aposta na integração das comunidades interna e externa para promover as
comemorações. "Queremos envolver toda a
comunidade, interna e externa, nas festividades para tanto criamos uma ambientação com
fotos e com outdoors com o logo dos 65 anos
Divulgação/CCA
MOSAICO CULTURAL -
O Centro de Cultura e Arte
(CCA) da PUC-Campinas promoveu no dia 20 de maio, no
anfiteatro e nos corredores do Centro de Linguagem e
Comunicação (CLC), o evento de acolhida aos integrantes dos
grupos artísticos. Dos 123 participantes da temporada deste
ano, 65 participaram do encontro, no qual foi apresentada a
programação anual e o corpo técnico-administrativo do CCA.
Para fomentar a integração, os representantes dos grupos
Coral, Música de Câmara, Dança, Teatro (foto) e Banda
dividiram-se em equipes e apresentaram uma diversidade em
performances. Além das exibições dos grupos, este ano o CCA
promoverá o Momento Artístico, previsto para 26 de outubro
e que pretende alinhavar as diversas linguagens em uma única
apresentação temática.
pelos campi", comentou o coordenador. Ainda
para estimular essa participação, foi lançado o
concurso de crônicas, cujo tema é Histórias da
PUC-Campinas que pretende resgatar algumas reminiscências da comunidade. Entre as
ações previstas, ainda estão o lançamento de
um livro sobre a Universidade, ações culturais e esportivas, nas quais toda a população da
região poderá participar.
>> Serviços
Concurso de crônicas - Regulamento
na página 7 desta edição
Site 65 Anos - www.puc-campinas.edu.br/65anos
‘Crash’ esquenta debate em Inglês
Seria mais um debate entre professores e alunos fundamentado em
análises críticas sobre a temática abordada pelo ganhador do Oscar de
Melhor Filme Crash - No Limite. Nada
mais rotineiro, não fosse esse evento
todo produzido na Língua Inglesa. A
atividade extra organizada pela
Faculdade de Letras ocorreu às 8h, no
dia 11 de maio, no Auditório Nobrão,
no Campus Central. Os alunos assistiram ao filme e debateram a questão Estudante Nilton Jr. dos Santos comenta o filme Crash - No Limite
das divergências inter-raciais com os
professores Reynaldo Gonçalves, Astrid te, o universitário é tratado como universitário
Sgarbieri, Maria de Fátima Sílvia Amarante e por participar de uma discussão de alto nível acaVera Crepaldi Pereira e com a professora ame- dêmico, que agregará muito à sua formação".
ricana participante do convênio English
O sucesso das atividades que aliam a fala de
Language Fellow, Jennifer Vahanian.
línguas estrangeiras às problemáticas da vida
A trama do filme Crash - No limite mostra a moderna é sempre garantido. Segundo o direinteração desastrosa entre grupos de etnias e clas- tor da Faculdade de Letras, Carlos de Aquino
ses econômicas diferentes na cidade de Los Pereira, a comissão especial de professores que
Angeles. A discriminação e o preconceito esquen- organiza e avalia esses eventos deve repetir a
taram a discussão e motivaram a participação dos programação com um novo filme. "Essas ativialunos. Os estudantes adoraram a atividade por dades preparam os universitários para o exerpoderem praticar a Língua Inglesa e pelo tema cício de sua docência não só pelo instrumento
escolhido. Para o aluno Nilton Jr. dos Santos, o lingüístico, mas também pelo conhecimento
evento demonstrou respeito aos estudantes e das questões ligadas aos problemas da humanimelhorou a auto-estima. "Com esse tipo de deba- dade", finalizou.
Ricardo Lima
07
Jornal da PUC-Campinas
M
U
R
A
L
Presidente e saxofonista,
José Antônio, aposta na
integração das etnias
Aderval Borges
[email protected]
Qué atropello a la razón! A palavra cambalacho vem do verbo espa-
nhol cambiar, que significa permutar, mudar de um lado para o outro. Trata-se de
uma gíria para designar transação ardilosa com intenção de
enganar as pessoas. Tornou-se popular no Brasil
com o sucesso do tango Cambalache, lançado
pelo argentino Carlos Gardel, em 1934. Seu
Nas paradas
compositor, o poeta, autor e ator de teatro Enrique Discépolo (1901-1951), quaO nome dele é John Mayer - não
se foi linchado por sindicalistas pero- confundir com John Mayall, o compositor
nistas quando a canção chegou às
de blues inglês dos idos anos 70 - e seu
rádios. Discépolo o compôs como primeiro disco foi Room for Squares, lançado
autocrítica às sucessivas denúncias em 2001 em Los Angeles, EUA. Tem 26 anos e
de corrupção à tendência política
se apresenta com apenas mais dois músicos
(baixo e bateria). Seus discos são assinados
da qual ele próprio era militante.
Os versos de Cambalache são pes- como John Mayer Trio, mas a formação básica
do grupo sempre tem novos convidados.
simistas. Prevêem, em tom de ironia, que o mau-caratismo da políti- Algumas faixas do último disco, Try, recebem
ca chegara a tal ponto que seria capaz o apoio de um naipe de metais, tudo muito
elegante. O disco é uma pauleiraça
de se estender ao século 21. Não paregravada ao vivo. O cara tem canções
ce exagero, pois a política argentina
bem resolvidas e boas
atual é comandada por um peronista do
letras.Confiram.
agrado daqueles que o espancaram em uma
praça pública de Buenos Aires.
s a ela relacionadas defiticas culturais e desportiva
prá
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Capoeira Noções básicas sobre ão oferecido pelo Davi Freitas de Oliveira e pelo professor da
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de Educação Física Carlos
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sidades especiais, músico
as.edu.br/extensao/curso.
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Concurso de crônicas prorroga inscrições
DEVIDO ÀS SOLICITAÇÕES DA COMUNIDADE ENVIADAS AO JORNAL DA PUC-CAMPINAS, O CONCURSO DE CRÔNICAS
SOBRE O TEMA HISTÓRIAS DA PUC-CAMPINAS, EM ALUSÃO À CELEBRAÇÃO DO 65º ANIVERSÁRIO DA UNIVERSIDADE,
FOI PRORROGADO. OS AUTORES TERÃO ATÉ 30 DE JUNHO PARA ENVIAR À REDAÇÃO TEXTOS COM ATÉ 3 MIL
CARACTERES (COM ESPAÇOS). A CRÔNICA VENCEDORA SERÁ PUBLICADA NA PRIMEIRA EDIÇÃO DO SEGUNDO SEMESTRE
E O AUTOR RECEBERÁ UM LIVRO SOBRE O GÊNERO. AS CRÔNICAS DEVEM SER ENVIADAS POR E-MAIL
([email protected]) OU ENTREGUES NA REDAÇÃO DO JP (DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO PRÉDIO DA PASTORAL I, NO CAMPUS I. ). CADA AUTOR PODE APRESENTAR APENAS UMA CRÔNICA. O CONCURSO É
ABERTO À PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES INTERNA E EXTERNA. INFORMAÇÕES: (19) 3756-7248.
Confira a lista dos ganhadores de dois ingressos para o show Cordel do Fogo Encantado, promoção
da última edição: Jaqueline da Costa, Renan Ferreira Munhoz, Ligia Piovesan, Gustavo
Henrique Carretero e Fabiano Pires Barboza.
classificados
29 de maio a 11 de junho /2006
ESTÁGIO - PUC-CAMPINAS
Departamento de Planejamento
e Organização seleciona
alunos de Administração.
Currículos e carta de intenções até 31/05
E-mail:[email protected]
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Divido apartamento
Próximo ao Campus II
(11) 8328-3103
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(19) 3224-3345 e 9607-6683
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(19) 3227-0293 e 9642-1102
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Campinas - Campus I
(19) 3258-2045 e 9790-4625
As ofertas acima são de responsabilidade dos anunciantes
Homens de Cor
resistem pela
música
Corporação Musical Campineira dos Homens
A
de Cor comemora 73 anos de existência este
ano. Os 25 músicos componentes fazem da arte um
norte para suas vidas. No início, a corporação surgiu como uma opção para os músicos negros da
cidade que não eram aceitos pela Banda Ítala, atualmente a Banda Carlos Gomes, única na época. O
intuito era proporcionar ao negro um ambiente no
qual pudesse expressar seus valores culturais e
sociais, fazendo da arte um instrumento de luta
pela dignidade. Hoje, essa realidade é diferente.
Segundo o presidente da corporação, José Antônio,
84 anos, o grupo reúne músicos de todas as etnias.
"Nunca mudamos o nome porque nossos músicos
são de fato de cor, não de apenas uma, mas de todas
as cores", esclareceu. Além do mais, a música venceu as fronteiras dos preconceitos; "Atualmente,
todas as bandas se dão bem e são parceiras em prol
da música".
Os músicos se reúnem às segundas-feiras na sede
da corporação para ensaios sob a regência do maestro Vilmar Santori, promoção de aulas e para uma
boa conversa entre os integrantes, que constituem
uma grande família. Tocar na banda constitui uma tradição. Werison Venâncio de Souza, 13 anos, começou
a fazer aulas teóricas de música há um ano e já aprende na prática. "Venho aqui com meu pai desde que
era pequeno e sempre me interessei pela música instrumental. Deve ser do sangue mesmo", ponderou. A
corporação incentiva a iniciação de músicos por meio
do Programa de Ensino Musical voltado para o aprendizado de instrumento de banda, garantindo que as
gerações seguintes continuem o legado, que atravessa sete décadas.
Maísa Urbano ([email protected])
>> Serviços
Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor - Aulas gratuitas e
abertas à comunidade. Todas as segundas-feiras, às 17h.
Endereço: Rua Luzitana nº 127, Bosque.
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Jornal da PUC-Campinas
Júlio César Costa/RAC
DESABAFOS
Repercussão
O que pensa a
comunidade
universitária
sobre os ataques
violentos ocorridos
no Estado
de São Paulo?
"Estou preocupada e fico
muito insegura ao sair de
casa, porque já não sei mais
o que pode acontecer. Cada
governante diz uma coisa e,
ao contrário do que
afirmam, nada está sob
controle. Não confio em
ninguém, só em mim
mesma. Temos de aprender
a reivindicar nossa
cidadania".
Paola Andressa Machado,
patrulheira da Reitoria
"Fico assustada por conta
dessa catástrofe imaginária
que a boataria ajudou a
criar. Além disso, há
tamanha mistura de papéis
entre mocinhos e bandidos,
que já não sabemos mais
quem é bom ou mau nessa
história. O Estado deve ser
atuante, mas devemos
contribuir para inibir a
violência. Se esperamos
mudanças, devemos mudar
de atitude e melhorar, pelo
menos, o cotidiano".
Maria Cláudia Tombolato,
professora da Faculdade de
Psicologia
Sociedade perde
referência de
O
Ã
Ç
E
T
O
PR
A
Renata Rondini
[email protected]
A sensação de insegurança e descrédito dominou
a população paulista a partir do dia 12 de maio. Atônita
com a onda de violência disparada pelo Primeiro
Comando da Capital (PCC), sob as barbas do Estado,
a sociedade perdeu a referência de proteção. Os ataques em série mostraram o poderio do crime organizado no Brasil e a ineficiência da segurança pública. Desesperado, o governo federal acelerou a aprovação de leis e medidas na tentativa de coibir a massa criminosa. Ações que os especialistas consideram
incapazes de solucionar a questão, já que o problema
encontra-se na aplicação severa das punições, altamente comprometida pela disseminação da corrupção nos poderes. "O projeto antiviolência do governo não é eficaz, pois a falha em nosso sistema não é a
ausência de leis, mas sim a aplicação delas. Falta rigor
no uso desses instrumentos", avaliou o procurador
do Estado e professor de Direito Penal da Faculdade
de Direito, Silvio Artur Dias da Silva.
A onda de violência começou com ataques a policiais, guardas municipais e agentes penitenciários.
Como parte da estratégia, presos promoveram uma
série de rebeliões que atingiu 80 unidades prisionais
paulistas, além do incêndio de ônibus em diferentes
cidades. A livre circulação de celulares dentro dos presídios, a falência do sistema prisional, o discreto controle do Estado dentro das unidades prisionais super-
"Medo e insegurança a
gente sente mesmo, mas
não acreditei em tudo do
que foi divulgado. As
autoridades deveriam pôr o
Exército nas ruas e
deixarem de vender armas
aos criminosos. A
corrupção está em todo
lugar e por isso não confio
mais em ninguém."
Thiago Bueno, estudante da
Faculdade de Publicidade e
Propaganda
Especialistas
e comunidade
desacreditam na
eficácia de novas
leis para refrear a
ação do crime
organizado
lotadas, nas quais cresce a influência das facções criminosas e a disseminação da corrupção, entre outras,
inflam o quadro de explicações para a ação extrema
de violência. Fatores já anunciados no Seminário
Nacional Crime Organizado e Direitos Humanos,
evento realizado pela PUC-Campinas em parceria
com o Ministério Público em maio de 2005, e que reuniu especialistas, autoridades, pesquisadores e representantes da sociedade civil e organizações não-governamentais (ONGs).
"A onda de violência é uma questão de administração pública e várias causas conhecidas propiciaram
esse estado caótico. Portanto, não adianta os poderes
ficarem jogando a responsabilidade de um para o
outro. Não há soluções mágicas, é preciso ações mais
eficientes que combatam o crime organizado, o qual
tem representação em todas as esferas públicas, o que
o fortalece", ponderou o professor da Faculdade de
Direito, Jamil Miguel.
Segundo a psicóloga forense e especialista em violência urbana, Maria de Fátima Franco dos Santos, os
ataques criminosos revelaram um Estado rendido, o
que gerou total descrédito da segurança pública perante os civis. "A sociedade se sentiu menosprezada pela
instituição que deveria protegê-la e tinha a obrigação
de evitar esses atos. Além disso, a população percebeu
a dimensão da organização dos criminosos, o poder de
dominação que pode ir muito além e a urgência de
ações que os neutralizem", afirmou a psicóloga.
Professor Jamil Miguel acredita que o crime
organizado contaminou o poder público
Procurador Silvio Artur Dias da Silva:
não faltam leis e sim a aplicação delas
Colaborou Érica Araium ([email protected])
Fotos: Ricardo Lima
DESABAFOS
29 de maio a 11 de junho /2006
"Se os policiais temem a
violência, imagine como me
sinto inseguro. Entendo que
as causas desse transtorno
estão ligadas ao que é
fundamental. Um governo
que não dá condições de
vida para a população e nem
se preocupa em controlar
as prisões, não é capaz de
controlar ação criminosa".
Gabriel Guadalupe, estudante
da Faculdade de Engenharia
Ambiental
"Essa perda de controle
expressa as dores sociais
procedentes de uma
somatória de violências e de
problemas que não foram
resolvidos anteriormente. O
Estado deve ter pulso firme
para resolver questões
importantes sem confundir
seu papel, pois a lógica do
combate à violência com a
violência me perturba
muito. Já a mídia deveria
controlar melhor as
quantidade e velocidade das
informações".
Vera Lúcia Rodrigues,
professora da Faculdade de
Ciências Sociais
"De uma hora para a outra
ficamos expostos à violência
como crianças oferecidas
aos leões, mas esse
sentimento indefenso é
conseqüência do
comodismo da sociedade.
Não participamos de
decisões políticas e
deixamos de cobrar ações
dos governantes eleitos".
Octávio dos Santos,
funcionário da Coordenadoria
de Atenção à Comunidade
Interna (Caci)
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Bocha, damas, tricô, cuidar dos netos, assistir TV - PUC