Ano II - Número 28 29 de maio a 11 de junho /2006 Fotos: Ricardo Lima Interatividade imprime clima de comemorações Página 06 Sem limite para estudar Alunos com mais de 40 anos entram na Universidade para realizar sonho ou conquistar mercado Aprovada em um dos cursos mais concorridos, Direito, Benedicta Sonia Paes pretende advogar Bocha, damas, tricô, cuidar dos netos, assistir TV, esperar a visita dos filhos e desfrutar da aposentadoria constituem tarefas secundárias na programação de parte dos novos idosos do País. A eles somam-se os profissionais maduros que em vez de esperar comodamente a aposentadoria partem para a conquista de novos horizontes. Esses dois grupos alteram a rotina acadêmica. Com mais de 40 anos de idade, os estudantes retornam à Universidade ou estréiam na academia em busca de mais conhecimento, maior espaço no mercado e realização de um sonho. Na PUC-Campinas esse novo grupo soma 307 estudantes, já em todo o País são cerca de 105 mil no Ensino Superior. A estudante da Faculdade de Dirieto, Benedicta Sonia Paes, garante que aos 79 anos não se sente discriminada pelos colegas, uma geração que nasceu quando ela tinha cerca de 56 anos. Página 05 Onda de violência agrava descrédito da população Especialistas e comunidade universitária desabafam sobre a onda de violência que deixou perplexa a população do Estado de São Paulo, a partir do dia 12 de maio. Uma sucessão de mortes, rebeliões, ônibus e carros queimados, agências bancárias atingidas por bombas e tiros de metralhadoras, aulas suspensas, estabelecimentos comerciais fechados, trânsito intenso, pessoas desesperadas e muitos boatos. Para os especialistas, o pacote de medidas aprovado após a eclosão da violência não resolve a situação. Eles garantem que as autoridades conheciam o grave quadro do crime organizado. Página 08 Vida religiosa atrai mais jovens Estudante da Faculdade de Teologia Paulo Henrique Facin se sente livre pela escolha do sacerdócio Avenida Dr. Heitor Penteado, uma semana após os principais ataques Pesquisa da Igreja Católica do Brasil indica um aumento de 32% na procura de jovens pela vida religiosa em 2005. Cerca de 22 mil moças e rapazes pretendem ser padres, freiras, missionários, educadores, assessores de atividades sociais e agentes pastorais em todo o País. Em 1980 esse número era de 15 mil. Na Universidade, 232 estudantes se preparam para a área, entre eles o aluno do 4º ano da Faculdade de Teologia Paulo Henrique Facin. Ele exemplifica o perfil do seminarista contemporâneo. Página 04 02 29 de maio a 11 de junho /2006 Jornal da PUC-Campinas Editorial Brasil: País privilegiado? É quase lugar comum afirmar que o Brasil é um País privilegiado. Aqui não acontecem guerras, não há terremotos, catástrofes de grande monta. Esse pensamento bastante presente, sobretudo no meio popular, foi posto à prova dos fatos na segunda-feira, dia l5 de maio. A situação de medo coletivo, a sensação de insegurança generalizada, a desterritorialização da ameaça - donde vinha afinal ? - fez com que cada um buscasse refúgio em sua própria casa. O espaço público, aquele onde a humanidade do homem se expressa na forma de encontro, participação, debate, tornou-se perigoso e ameaçador. Esconder-se no abrigo da vida privada - esquecendo o domínio específico onde nos apresentamos para os outros e somos reconhecidos, a política - foi mais que um simples episódio num dia em que, exagero à parte, experimentamos o pânico coletivo. Foi uma espécie de flash do mundo em que nos situamos. Aquela ilusão de que "essas coisas" acontecem na França e na Inglaterra; ou o simplismo maniqueísta que opõe bandido e mocinho; ou mesmo a má fé dos que vêem nisso o resultado da política de defesa dos direitos humanos tomada como proteção a criminosos e incentivo à marginalidade - nada disso consegue ocultar a razão profunda: um mundo entregue à lógica do mercado. Educação, saúde, segurança, serviços urbanos básicos entregues à livre concorrência sem intervenção do Estado, numa palavra, privatizados, oferecem resultados melhores e em prazo mais curto. O Estado deve ser reduzido ao mínimo e sua interferência é sempre prejudicial. Política que se tornou programa de ação desde os anos Reagan nos Estados Unidos e Thatcher na Inglaterra. Adotado por governos que se pretendiam de esquerda, até mesmo como condição de sobrevivência. O resultado mais imediato foi elevar a desigualdade social a níveis insuportáveis e a explosões de violência que só se "resolvem" à custa de mais violência. Políticos e cientistas sociais responsáveis alertavam para o risco de um esgarçamento do tecido social. Esse se rompe quando se perde a confiança nas instituições, mesmo as mais sagradas. Quando a necessidade de sobreviver e desconfiar se soprepõe a qualquer princípio básico de convivência. Quando se tem medo do policial ser possível integrante do crime organizado. Quando se tem dúvidas sobre a honra do magistrado: é o salve-se quem puder tornado lei, norma da vida "social". A violência brota (e gera) a perda do sentido do coletivo. E quando esse se perde, a sociedade se torna uma prisão, da qual fugimos aprisionando-nos em nossas casas. Seus muros já não protegem a privacidade necessária. São a face exterior de uma fortaleza. A cerca eletrônica, o alarme, o cão feroz, a segurança privada. Perde-se o que há de mais caro à humanidade, o amor ao mundo, na feliz expressão de Hanna Arendt. As universidades também fecharam suas portas. Reflitamos: não terá sido o preço que pagamos por nos "inserirmos" na racionalidade desse mundo, do qual o espírito crítico foi abolido e a criatividade aprisionada à mercadoria? Reitor da PUC-Campinas Padre Wilson Denadai Glaucoma preocupa especialistas Fotos: Ricardo Lima O glaucoma é uma doença causada, principalmente, pelo aumento da pressão dentro do olho, que danifica o nervo óptico, podendo levar à cegueira. No Brasil há cerca de 900 mil pessoas, com idade acima de 40 anos, portadores dessa doença. Preocupados com esse quadro, o Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) e o Centro de Ciências da Vida (CCV) da PUC-Campinas promoveram no dia 27 de maio, no Ambulatório de Oftalmologia, a 3ª Campanha de Combate ao Glaucoma, quando cerca de 300 pessoas passaram, gratuitamente, por exames de tonometria (medida da pressão intra-ocular PIO) e fundoscopia (avaliação do fundo do olho). O evento integra a pro- Robson dos Santos examina Jaqueline, que passou por duas cirurgias gramação do Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. senta sintomas no início e o congênito que atinge um Segundo o chefe do Serviço de Oftalmologia do a cada 15 mil bebês durante a gestação. Para esse caso hospital, Robson dos Santos, o glaucoma pode atin- o tratamento sugerido é a cirurgia e se realizada pregir qualquer pessoa em diferentes faixas etárias. cocemente, pode apresentar bons resultados. A adoApresentam maior risco de desenvolver a doença pes- lescente Jaqueline Silva Santos, 16 anos, nasceu com soas acima de 40 anos e que integram os fatores de glaucoma congênito e há dez anos faz tratamento no risco da doença: histórico familiar, PIO elevada, raça HMCP. Segundo o médico, Jaqueline passou por duas negra, diabéticas, míopes, que tenham tido trauma cirurgias, aos 2 meses de vida e aos 14 anos. Ela apeocular prévio e que usam regularmente ou por um nas possui parcialmente a visão do olho direito. longo período medicamentos com cortisona. Essa doença não tem cura, porém a detecção e o "Infelizmente, a doença progride lentamente sem que tratamento precoces podem retardar o progresso e preo paciente note a perda gradual da visão periférica", venir a cegueira. explicou Santos. Há seis tipos de glaucoma, entre eles o crônico de >> Serviços ângulo aberto que atinge 80% dos casos e não apreAmbulatório de Oftalmologia: (19) 3729-8430 Agenda 30/05 Apresentação do Coral Universitário do Centro de Cultura e Arte da PUC-Campinas, às 12h30, na Igreja N. S. da Esperança, Campus II. Informações: (19) 3756-7282 31/05 Encerramento das inscrições para o Curso Superior Seqüencial de Formação Específica em Tecnologia da Informação. Informações: www.puc-campinas.edu.br e (19) 3756-7036 01/06 Política Nacional de Assistência Social, Seminário da Faculdade de Serviço Social, das 14h às 17h, no Auditório Dom Gilberto, Campus I. Informações: (19) 3756-7019 03/06 Curso de Aleitamento Materno, das 9h às 12h e das 13h às 18h no Anfiteatro Prof. Dr. Silvio Carvalhal, Campus II. Informações: [email protected] e (19) 3729-8487 07/06 Palestra Bioética, Princípios e Dilemas e lançamento do livro Bioética e Tecnociências, às 13h30, no Anfiteatro Prof. Dr. Sílvio Carvalhal, Campus II. Informações: (19) 3729-8358 Apresentação do Coral Universitário, às 20h40, no Auditório Nobrinho, Campus Central. Informações (19) 3756-7282 08/06 Apresentação do Grupo de Música de Câmara da PUCCampinas no Projeto Conversa com o Reitor, às 17h30, no Auditório Dom Gilberto. Informações: (19) 3756-7282 CORREÇÃO - Ao contrário do que foi publicado na última edição, a Lei 9610/1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais, não pertence ao Código Civil. Ela é uma Lei Especial ou Extravagante que disciplina a questão. Expediente Reitor- Padre Wilson Denadai; Vice-reitora - Angela de Mendonça Engelbrecht; Conselho Editorial - Denise Tavares, Wagner José de Mello e Sílvia Regina Machado de Campos; Coordenador de Departamento de Comunicação - Wagner José de Mello; Coordenador do Setor de Jornalismo - Aderval Borges; Editora - Eunice Gomes (MTB 21.390); Repórteres - Aderval Borges, Adriana Furtado, Crislaine Gava, Du Paulino, Eunice Gomes e Renata Rondini; Revisão - Marly Teresa G. de Paiva; Fotografia - Ricardo Lima; Tratamento de Fotos - Marcelo Adorno; Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica - Neo Arte Gráfica Digital; Impressão - Grafcorp; Redação - Campus I da PUC-Campinas, Rodovia D. Pedro I, km 136, Parque das Universidades. Telefones: (19) 3756-7147 e 3756-7674. E-mail: [email protected] 03 Jornal da PUC-Campinas 29 de maio a 11 de junho /2006 Opinião Entre Dois Medos Zeca Borges O crime organizado, à medida que prospera, impõe, nas relações de violência com a sociedade, a lógica fria da pirataria, do corso e da guerra de conquista. O roubo de museus e o assalto aos quartéis do Exército no Rio e, agora em São Paulo, o assassinato de policiais, devem ser encarados sob a ótica da escalada do capitalismo do século 19, naquilo que Marx retratava em seu Manifesto, de 1848: "Dissolvemse todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções e de idéias secularmente veneradas; ... tudo que era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado, ...". O Estado brasileiro não parece ter condições de defender seus cidadãos de ataques ousados do PCC, de militantes de movimentos de sem-terra e de políticos corruptos. Dançam todos abusadamente à nossa frente, sem medo das câmeras, na certeza de que não serão atingidos institucionalmente. Até os países vizinhos parecem ter percebido nossa incapacidade de reagir a agressões. Nem mesmo com o clamor da população se consegue levar à prisão homicidas confessos. Os policiais de São Paulo parecem saber disso, respondendo por sua conta e risco aos criminosos. Compreender não é aceitar. Nem julgar. A população de São Paulo passará a enfrentar a realidade que já assombra cidadãos de outras metrópoles: viver entre dois medos, o da polícia e o dos bandidos. Conviver com execuções e balas perdidas. O que estamos assistindo é a eliminação de qualquer traço de coesão e de solidariedade em nossa sociedade. Há uma rachadura em expansão, destruindo nossos sentimentos de unidade, isolando segmentos sociais, com raízes profundas no ressentimento e na indignação de uma parcela da população. Embora nunca tenhamos sido uma sociedade homogênea, havia uma identificação e um respeito às tradições comuns. Assim foi construída uma nação do Oiapoque ao Chuí. Embora percebamos que não há qualquer ameaça à nacionalidade nesses movimentos, há um desrespeito às instituições republicanas e democráticas, aliado a uma para- Nem mesmo com o clamor da população se consegue levar à prisão homicidas confessos Espaço leitor Galeria @ [email protected] Imagem DE BAIXO D'ÁGUA - Os alunos da Faculdade de Educação Física participaram de uma atividade diferente no último dia 11 de maio, quando a ex-aluna e professora da Academia Deep Running Valéria Menezes Scornaienchi demonstrou uma nova modalidade em exercícios físicos aquáticos: a hidrobike. Esse exercício oferece baixo impacto, sendo recomendável para grávidas e pessoas que tenham algum tipo de lesão. Embora a novidade desperte o interesse dos freqüentadores assíduos das academias de ginástica e não poderia ficar de fora da academia universitária. A professora Maria Isabel Vieira Guerra, sempre antenada com as novidades do setor, foi quem trouxe a atividade para a PUC-Campinas. A aula diferente teve a aprovação da aluna Marcela Prado Ruy. "Além de não provocar lesões por impacto, a hidrobike é estimulante por ser tão diferente", comentou. "Eu sinto muita insegurança e uma grande decepção com nossos administradores. Além disso, agora que a polícia está empenhada em capturar os culpados, o cidadão trabalhador se sente constrangido porque a qualquer momento ele pode ser abordado por policiais em busca de suspeitos. É realmente uma situação insustentável". Alexsandro de Almeida, funcionário do Centro de Economia e Administração (CEA) do com suas convicções ideológicas. Voltando à Marx - que do alto de sua sabedoria e moral vitoriana, concluiria que o problema está na falta de vergonha na cara da classe dominante brasileira - a resposta deve ser dada no que o capitalismo atualmente tem de mais dinâmico: a apropriação e adaptação de experiências e técnicas inovadoras - internacionais - de combate ao crime, acessíveis pelos serviços de informação e de inteligência. O Disque-Denúncia nos chegou por essa via, a globalização está aí para isso. A Itália, a Inglaterra, a Espanha ou mesmo estados americanos como o da Califórnia e o de Nova York podem apresentar experiências exitosas de enfrentamento da violência e do crime organizado em regimes democráticos. Zeca Borges, coordenador-geral do Movimento Rio de Combate ao Crime e Coordenador do Disque-Denúncia de Campinas e do Rio de Janeiro COMO VOCÊ SE SENTIU DURANTE OS TRÊS DIAS DE VIOLÊNCIA URBANA NO ESTADO DE SÃO PAULO? "Como eu uso transporte coletivo, fiquei apreensivo por correr o risco de estar em um ônibus que pudesse ser queimado e com medo de balas perdidas em um possível tiroteio. Mas os alvos dos criminosos não eram os civis, o objetivo era atacar policiais e instituições públicas. Ainda assim, a tensão foi inevitável". João Batista Roque Neto, estudante da Faculdade de Psicologia Qual sua opinião sobre o Jornal da PUC-Campinas? Quer sugerir uma pauta? Divulgar o que você está fazendo? Participe! Mande uma mensagem para a redação. CONTROL C + CONTROL V Gostaria de parabenizar a todos pelo sucesso e continuidade do Jornal PUC-Campinas. A matéria que mais me chamou a atenção foi a da capa, que alunos, na Universidade, se utilizam de recursos como Ctrl C + Ctrl V para fazerem seus trabalhos acadêmicos. Isso realmente é muito deprimente, pois esse excelente meio de comunicação que poderia ser utilizado de uma melhor forma para pesquisa, induz alguns apenas a colarem seus textos. Com certeza os alunos que se utilizam desses métodos irão sofrer as consequências mais para frente, assim como sofri ao prestar o vestibular, pois grande parte do meu 2º grau, infelizmente, foi no Ctrl C + Ctrl V. Fabiano Pires Barboza, estudante de Ciências Econômicas lisia decisória das autoridades. Se não forem reforçados os instrumentos de defesa da ordem, o perigo que poderemos enfrentar é o surgimento de um grupo, determinado a restaurar o que acredite ser a unidade perdida, a paz social que entenda necessária ao País e que considere que esses objetivos estejam sendo obstados pelas instituições democráticas. A impressão de falência defensiva do Estado brasileiro nos remete à dúvida de Abraham Lincoln, durante a Guerra Civil Americana: "De há muito tempo, tem sido uma grave questão saber se qualquer governo que não seja demasiadamente forte para as liberdades de seu povo, poderá ser bastante forte para manter essas liberdades em uma emergência." Mesmo em tempos turbulentos, não há desculpa para alguém ser obtuso a ponto de culpar o regime democrático pelas mazelas de nossos políticos. Mas pode surgir no ar um perigo de retrocesso das liberdades, baseado na ineficiência dos governantes em combater com razoável sucesso o crime, a violência e a corrupção. Aqueles que não quiserem mais se interessar pela política, devidamente enojados com o que se passa no País, serão aliados involuntários dos que consideram a política um obstáculo embaraçoso para suas ambições de consertar e aparelhar o País de acor- Fotos: Ricardo Lima "Fiquei assustada como todos e muito envergonhada por ver a imagem do nosso País ser manchada internacionalmente. O despreparo das autoridades para lidar com essa onda de crimes tem várias implicações negativas no âmbito econômico. O marketing internacional ficou muito prejudicado e a sensação de insegurança acentuou-se ainda mais". Flailda Brito Garboggini, diretora da Faculdade de Publicidade e Propaganda OLHO por OLHO E dente POR dente, E O mundo ACABARÁ CEGO e banguela. Mahatma Gandhi (1869-1948) , político e pensador indiano 04 29 de maio a 11 de junho /2006 Jornal da PUC-Campinas Ricardo Lima Comportamento Cresce a procura pela vida RELIGIOSA Dados da Igreja Católica do Brasil indicam um aumento de 32%; perfil de jovens interessados mudou Dom Anuar Batisti (ao lado) afirma que 30% dos seminaristas são ordenados padres; acima, padre Lindomar Rocha que entrou para o seminário aos 14 anos Du Paulino [email protected] O Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris), ligado à Igreja Católica do Brasil, registrou um aumento de 32% na procura de jovens pela vida religiosa em 2005. Essa pesquisa indicou que em 1980 cerca de 15 mil moças e rapazes optaram por esse caminho. No ano passado, esse número saltou para cerca de 22 mil. No entanto, apenas 30% dos seminaristas, por exemplo, são ordenados padres, segundo o Setor de Vocações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). "Assim como ocorre em qualquer outra profissão, muitos jovens cometem um erro de vocação e descobrem no meio do caminho que aquela não é a opção que querem para o resto da vida", contemporizou o presidente da Comissão Episcopal para o Ministério e as Vocações da CNBB, Dom Anuar Batisti. Ele afirma ainda que mudou o perfil dos estudantes que optam pelo seminário. A evangelização dos jovens norteou os debates durante a 44ª Assembléia Geral da CNBB que ocorreu entre os dias 9 e 17 de maio, em Itaici, na cidade de Indaiatuba (SP). O tema reflete a preocupação da Igreja com a diminuição do número da população católica no Brasil, estimado em 68% . Em 1980, cerca de 87% da população era católica. Mesmo com a redução de fiéis, o Brasil ainda é um dos países do mundo com mais católicos e com muitos jovens interessados na vida religiosa, que compreende as áreas de atuação como padres, freiras, missionários, educadores, assessores em atividades sociais e agentes pastorais. Mas o que leva um jovem a optar pelo sacerdócio? Uma vocação pura e muita vontade para a evangelização, responde o padre Lindomar Rocha que, aos 34 anos, é reitor do Seminário Provincial Sagrado Coração de Jesus, em Diamantina (SP), onde 72 jovens se preparam para o sacerdócio. Embora a vocação evangelizadora não tenha mudado ao longo dos séculos, o perfil dos que optam pela vida religiosa passou por importantes transformações. Se antes o jovem era incentivado pela família para ingressar na carreira, atualmente são o trabalho comunitário e o envolvimento com a Igreja que o despertam para o sacerdócio. "Hoje o seminarista vem da periferia, de comunidades onde ele já é engajado e exerce algum tipo de liderança. Nessa atuação, ele acaba descobrindo sua vocação", revelou Dom Batisti. A idade em que o jovem opta pela consagração à Deus também mudou. Casos como o do padre Rocha que ingressou no seminário aos 14 anos são raros. "O ambiente religioso do interior norteava a vida das pessoas e não tínhamos os apelos das grandes cidades. Isso me ajudou a decidir mais cedo", explicou o reitor. Para Dom Batisti, os apelos do mundo atual fazem com que o jovem protele o momento da decisão pela vocação. "Uma sociedade onde tudo é transitório faz com que o jovem diga: 'puxa, mas vou ter de escolher agora algo que é para o resto da vida'. Isso assusta. Então a decisão por uma vocação é deixada para os 20 ou 25 anos", complementou. "Me sinto livre. A escolha que fiz não me aprisiona", diz seminarista Na PUC-Campinas estudam 232 pessoas que se preparam para a vida religiosa. Universitários que optam pelo caminho da renúncia para se consagrar à Deus e servir ao próximo. O aluno do 4º ano da Faculdade de Teologia Paulo Henrique Facin integra esse grupo e representa o perfil do seminarista contemporâneo. Filho de família pobre de uma cidade pequena, o seminarista descobriu a vocação quando era coroinha. A família, ao contrário das de antigamente, tentou desencorajá-lo. Aos 26 anos revela que descobriu no trabalho comunitário a essência do servir à Deus. Para traduzir um pouco da vocação dos jovens que optam pela vida religiosa, o Jornal da PUCCampinas conversou com Facin. Jornal da PUC-Campinas - Por que você decidiu ser padre? Paulo Henrique Facin - Eu tinha 12 anos de idade, era coroinha e observando o que o padre fazia, senti vontade de fazer o mesmo. Hoje, a vontade é a mesma, mas agora eu percebo que ser padre tem outras dimensões, não é só celebrar o culto, mas atuar junto à sociedade. JP - Você já pensou em se casar? Facin - Já pensei várias vezes. É próprio do ser humano sentir vontade de constituir uma família, deixar herdeiros para dar continuidade à família. Mas vejo que a vocação ao sacerdócio é maior e a Igreja me pede que eu abdique disso. Então eu tenho de assumir. JP - Como você lida com a ideologia dominante referente ao apelo exacerbado do consumismo? Facin - A mídia exerce grande poder de fascínio nas pessoas, isso atrai a gente. Principalmente, quando se é Paulo Henrique Facin descobriu no trabalho comunitário a essência de servir a Deus jovem e está no auge da energia. Se você vê a propaganda de um tênis ou de uma calça, você quer. Vê uma propaganda que estimula a sexualidade, você quer. Mas a gente tem de lidar com isso. Eu sempre trabalhei essas vontades, esses desejos, para que isso não me escravizasse. A gente sabe que é difícil, mas temos um ideal que é seguir Jesus Cristo de perto e esse ideal exige renúncias. JP - Como sua família reagiu à sua escolha? Facin - No início minha mãe não acreditou que entraria para o seminário, achou que era entusiasmo. Fez de tudo para tirar a idéia da minha cabeça, mas quanto mais ela ia contra, mais firme eu ficava. Ela dizia que eu sofreria no seminário, que escreveria pedindo para que ela fosse me buscar. Depois começou a me apoiar pensando que assim eu desistiria e foi aí que fui em frente mesmo. Hoje em dia ela só reclama da distância. 05 Jornal da PUC-Campinas 29 de maio a 11 de junho /2006 Melhor idade VETERANOS marcam presença na sala de aula Alunos com faixa etária acima de 40 anos retornam à faculdade ou estréiam nela em busca da realização de um sonho ou de melhor espaço no mercado Fotos: Ricardo Lima Advogado Antonio Ortiz Filho faz sua terceira faculdade aos 61 anos procurando mais conhecimentos A Aos 49 anos, José Sidnei Dentamaro cursa Química Tecnológica de olho no mercado de trabalho Estudante mais idosa da PUC-Campinas, Benedicta Sonia Paes, cursa a primeira universidade aos 79 anos Renata Rondini [email protected] A percepção da sociedade de que é possível se manter produtivo e ativo após a juventude provoca o aumento da presença da maturidade nas salas de aula das universidades. Estudantes acima de 40 anos já representam 6,5% (105 mil) do total de matriculados nos cursos de Ensino Superior do País, segundo o censo de 2004 do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Em busca da realização de um sonho ou por uma melhor colocação no mercado de trabalho, eles integram um grupo de 307 estudantes com mais de 40 anos matriculado nos cursos de graduação da PUCCampinas e que representa 1,6% do total de alunos. "Eliminei os cursos que não combinavam com o meu perfil. Sempre fui boa em Matemática, mas queria desenvolver outras habilidades. Na hora, decidi pela Faculdade de Direito", contou Benedicta Sonia Paes, 79 anos, aluna do 4º ano. A tranqüilidade da velhice proporcionou a dona Benedicta, viúva há seis anos, a realização de um sonho antigo: cursar uma universidade. "Todo o meu tempo está direcionado para o estudo. Não tenho solidão. Me sinto uma desbravadora, quando tenho dificul- dade vou atrás para esclarecer", explicou a futura advogada que pretende atuar na área cível. Como tantos outros jovens, ela se preparou num curso pré-vestibular para garantir uma vaga na PUC-Campinas. A diferença de gerações na sala de aula não a constrange. "Tenho meus colegas como netos e os professores como filhos. A faculdade é a extensão da minha casa. Claro que não faço parte do cotidiano de festas e baladas deles, mas às vezes saio para tomar um cafezinho com as colegas", comentou. "Ela é uma lição de vida para nós, está sempre em dia com as matérias e acompanha muito bem o curso", ponderou Carla Celeghin, colega de classe de dona Benedicta. O advogado Antonio Ortiz Filho também aproveitou a ausência das pressões que assolam a juventude, como o fantasma do desemprego e a insegurança da escolha profissional, para desfrutar de sua terceira faculdade. Depois de Matemática e Direito, agora é a vez da Filosofia. "Sempre busquei oportunidades de melhorar de vida. A Matemática foi por amor, mas lecionei por um ano e me decepcionei. Depois escolhi o Direito para ter uma profissão que me permitisse sobreviver. Já a Filosofia não é uma opção de carreira de mercado. Agora estou investindo em mim, quero expandir meus conhecimentos", relatou o calouro de 61 anos de idade . Depois de 24 anos afastado dos estudos, Ortiz garante que não sentiu dificuldade alguma de adaptação. "Só mudou o quadro negro e o giz, pela lousa branca e o pincel atômico. Continua sendo o mesmo sistema e o clima universitário. Ainda não se explora em sala de aula a plenitude dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente", criticou o estudante. Ele reconhece suas deficiências em razão da idade como capacidade de memória e agilidade de raciocínio, porém ressalta que nada disso impede o aprendizado. A demanda por atualização de conhecimento e formação impulsiona o retorno ou até mesmo a estréia de adultos maduros na universidade. A necessidade de uma graduação para continuar competitivo no mercado motivou o coordenador de controle de qualidade José Sidnei Dentamaro a cursar a Faculdade de Química Tecnológica. "Trabalho há anos numa empresa química, que incentiva os funcionários a ampliarem seus conhecimentos, e precisava ter uma eqüivalência entre o meu cargo e a minha graduação. Além disso, com o curso universitário tenho a possibilidade de galgar novas colocações", disse o estudante de 49 anos, que tem apenas o diploma técnico. Serviços absorvem mão-de-obra madura Consultor de recursos humanos Aguinaldo Neri explica interesse dos mais velhos pelos estudos A busca pela qualidade de vida, as alterações no ambiente de trabalho e o acesso rápido e fácil à informação encorajam os novos velhos à voltarem ao cenário universitário. O professor da Faculdade de Psicologia da PUC-Campinas e consultor de recursos humanos especializado em aposentadoria e revisão de projeto de vida Aguinaldo Neri, explicou que o mercado está mais receptivo à mão-de-obra madura, principalmente no setor de serviços. Nesse segmento, os profissionais com faixa etária maior apresentam competências bastante positivas como, por exemplo, visão estratégica, poder de negociação, liderança e paciência. A exigência do mercado de trabalho por atualiza- ção de conhecimento e a percepção de que aposentadoria não é o fim da linha, promovem a volta dos ativos senhores ao Ensino Superior. "Continuar envolvido com tarefas laborais é o principal motivador para a pessoa madura voltar aos bancos universitários, aliado ao desejo pessoal", comentou Neri. De acordo com o especialista, a população acima dos 60 anos, que em sua maioria não visa mais a colocação profissional, aproveita a fase de vida mais tranqüila para realizar aquilo que sempre sonhou, muitas vezes um curso universitário. "Utilizar recursos intelectuais, sociais e emocionais, além dos físicos, contribuem para o envelhecer bem. Se você tiver motivos para viver, viverá mais", disse o consultor. 06 29 de maio a 11 de junho /2006 Jornal da PUC-Campinas Interatividade COMEMORAÇÃO alia tradição à modernidade Missas, sessão solene, concurso de crônicas, ações artísticas e esportivas e um site que abusa dos recursos da internet integram as comemorações dos 65 anos Fotos: Ricardo Lima Adriana Furtado [email protected] U ma sessão solene do Conselho Universitário (Consun), três missas, um concurso de crônicas e o lançamento de um site com recursos interativos dão o tom das comemorações dos 65 anos da PUC-Campinas. Já no ar e trazendo toda a história da Universidade, o site comemorativo resgata por décadas fotos, personagens e acontecimentos que marcaram a construção da primeira instituição de Ensino Superior do Interior Paulista. "O site é completamente interativo, além do caráter histórico, convidamos os ex-alunos e todas as pessoas que já passaram pela Instituição para que sejam protagonistas dessa história deixando mensagens em nossa página", explicou o coordenador do Departamento de Comunicação (Dcom) da Universidade, Wagner José Mello. No dia 7 de junho, dois eventos celebram a fundação da Universidade, que ocorreu no mesmo dia em 1941. Três missas ocorrerão simultaneamente, às 12h, nos três campi. Elas serão celebradas pelo grão-chanceler da PUCCampinas e arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom Bruno Gamberini, pelo arcebispo Emérito de Campinas, Dom Gilberto Pereira Lopes e pelo reitor da PUC-Campinas, padre Wilson Denadai. No mesmo dia, às 19h, ocorrerá uma sessão solene marcada por homenagens no Auditório Monsenhor Salim, no Campus II. Alunos, funcionários e professores que contribuíram para o desenvolvimen- Ambientação com bunners ilustrados por fotos antigas e atuais, no Campus I, desperta o interesse da comunidade acadêmica to da Universidade serão homenageados, juntamente com o ex-reitor padre José Benedito de Almeida David, que receberá o título Doutor Scientiae et Honoris Causa. "O título é a mais importante honraria acadêmica a ser concedida e o padre David será o sexto homenageado", completou Mello. O Dcom aposta na integração das comunidades interna e externa para promover as comemorações. "Queremos envolver toda a comunidade, interna e externa, nas festividades para tanto criamos uma ambientação com fotos e com outdoors com o logo dos 65 anos Divulgação/CCA MOSAICO CULTURAL - O Centro de Cultura e Arte (CCA) da PUC-Campinas promoveu no dia 20 de maio, no anfiteatro e nos corredores do Centro de Linguagem e Comunicação (CLC), o evento de acolhida aos integrantes dos grupos artísticos. Dos 123 participantes da temporada deste ano, 65 participaram do encontro, no qual foi apresentada a programação anual e o corpo técnico-administrativo do CCA. Para fomentar a integração, os representantes dos grupos Coral, Música de Câmara, Dança, Teatro (foto) e Banda dividiram-se em equipes e apresentaram uma diversidade em performances. Além das exibições dos grupos, este ano o CCA promoverá o Momento Artístico, previsto para 26 de outubro e que pretende alinhavar as diversas linguagens em uma única apresentação temática. pelos campi", comentou o coordenador. Ainda para estimular essa participação, foi lançado o concurso de crônicas, cujo tema é Histórias da PUC-Campinas que pretende resgatar algumas reminiscências da comunidade. Entre as ações previstas, ainda estão o lançamento de um livro sobre a Universidade, ações culturais e esportivas, nas quais toda a população da região poderá participar. >> Serviços Concurso de crônicas - Regulamento na página 7 desta edição Site 65 Anos - www.puc-campinas.edu.br/65anos Crash esquenta debate em Inglês Seria mais um debate entre professores e alunos fundamentado em análises críticas sobre a temática abordada pelo ganhador do Oscar de Melhor Filme Crash - No Limite. Nada mais rotineiro, não fosse esse evento todo produzido na Língua Inglesa. A atividade extra organizada pela Faculdade de Letras ocorreu às 8h, no dia 11 de maio, no Auditório Nobrão, no Campus Central. Os alunos assistiram ao filme e debateram a questão Estudante Nilton Jr. dos Santos comenta o filme Crash - No Limite das divergências inter-raciais com os professores Reynaldo Gonçalves, Astrid te, o universitário é tratado como universitário Sgarbieri, Maria de Fátima Sílvia Amarante e por participar de uma discussão de alto nível acaVera Crepaldi Pereira e com a professora ame- dêmico, que agregará muito à sua formação". ricana participante do convênio English O sucesso das atividades que aliam a fala de Language Fellow, Jennifer Vahanian. línguas estrangeiras às problemáticas da vida A trama do filme Crash - No limite mostra a moderna é sempre garantido. Segundo o direinteração desastrosa entre grupos de etnias e clas- tor da Faculdade de Letras, Carlos de Aquino ses econômicas diferentes na cidade de Los Pereira, a comissão especial de professores que Angeles. A discriminação e o preconceito esquen- organiza e avalia esses eventos deve repetir a taram a discussão e motivaram a participação dos programação com um novo filme. "Essas ativialunos. Os estudantes adoraram a atividade por dades preparam os universitários para o exerpoderem praticar a Língua Inglesa e pelo tema cício de sua docência não só pelo instrumento escolhido. Para o aluno Nilton Jr. dos Santos, o lingüístico, mas também pelo conhecimento evento demonstrou respeito aos estudantes e das questões ligadas aos problemas da humanimelhorou a auto-estima. "Com esse tipo de deba- dade", finalizou. Ricardo Lima 07 Jornal da PUC-Campinas M U R A L Presidente e saxofonista, José Antônio, aposta na integração das etnias Aderval Borges [email protected] Qué atropello a la razón! A palavra cambalacho vem do verbo espa- nhol cambiar, que significa permutar, mudar de um lado para o outro. Trata-se de uma gíria para designar transação ardilosa com intenção de enganar as pessoas. Tornou-se popular no Brasil com o sucesso do tango Cambalache, lançado pelo argentino Carlos Gardel, em 1934. Seu Nas paradas compositor, o poeta, autor e ator de teatro Enrique Discépolo (1901-1951), quaO nome dele é John Mayer - não se foi linchado por sindicalistas pero- confundir com John Mayall, o compositor nistas quando a canção chegou às de blues inglês dos idos anos 70 - e seu rádios. Discépolo o compôs como primeiro disco foi Room for Squares, lançado autocrítica às sucessivas denúncias em 2001 em Los Angeles, EUA. Tem 26 anos e de corrupção à tendência política se apresenta com apenas mais dois músicos (baixo e bateria). Seus discos são assinados da qual ele próprio era militante. Os versos de Cambalache são pes- como John Mayer Trio, mas a formação básica do grupo sempre tem novos convidados. simistas. Prevêem, em tom de ironia, que o mau-caratismo da políti- Algumas faixas do último disco, Try, recebem ca chegara a tal ponto que seria capaz o apoio de um naipe de metais, tudo muito elegante. O disco é uma pauleiraça de se estender ao século 21. Não paregravada ao vivo. O cara tem canções ce exagero, pois a política argentina bem resolvidas e boas atual é comandada por um peronista do letras.Confiram. agrado daqueles que o espancaram em uma praça pública de Buenos Aires. s a ela relacionadas defiticas culturais e desportiva prá ias vár as e Faculdade ra oei cap Capoeira Noções básicas sobre ão oferecido pelo Davi Freitas de Oliveira e pelo professor da , como o icas lór ens ext folc s de çõe so do cur a, envolve apresenta gol An de al nem os principais objetivos gin ori ra, anh oei icos de acomp amenRoberto Luz. A cap xé. Seus instrumentos bás afo e a de Educação Física Carlos rod de necesba sam e, red s), puxada de -graduação, portadores de maculelê (dança de bastõe a alunos de graduação e pós 30 de rto abe até : é so ões cur criç O Ins . ro. dei iras e pan ões culturais brasile diç tra nas to são berimbau, atabaque as sad res inte s s, atletas e pessoa sidades especiais, músico as.edu.br/extensao/curso. pin cam ucw.p junho e ww > Concurso de crônicas prorroga inscrições DEVIDO ÀS SOLICITAÇÕES DA COMUNIDADE ENVIADAS AO JORNAL DA PUC-CAMPINAS, O CONCURSO DE CRÔNICAS SOBRE O TEMA HISTÓRIAS DA PUC-CAMPINAS, EM ALUSÃO À CELEBRAÇÃO DO 65º ANIVERSÁRIO DA UNIVERSIDADE, FOI PRORROGADO. OS AUTORES TERÃO ATÉ 30 DE JUNHO PARA ENVIAR À REDAÇÃO TEXTOS COM ATÉ 3 MIL CARACTERES (COM ESPAÇOS). A CRÔNICA VENCEDORA SERÁ PUBLICADA NA PRIMEIRA EDIÇÃO DO SEGUNDO SEMESTRE E O AUTOR RECEBERÁ UM LIVRO SOBRE O GÊNERO. AS CRÔNICAS DEVEM SER ENVIADAS POR E-MAIL ([email protected]) OU ENTREGUES NA REDAÇÃO DO JP (DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO PRÉDIO DA PASTORAL I, NO CAMPUS I. ). CADA AUTOR PODE APRESENTAR APENAS UMA CRÔNICA. O CONCURSO É ABERTO À PARTICIPAÇÃO DAS COMUNIDADES INTERNA E EXTERNA. INFORMAÇÕES: (19) 3756-7248. Confira a lista dos ganhadores de dois ingressos para o show Cordel do Fogo Encantado, promoção da última edição: Jaqueline da Costa, Renan Ferreira Munhoz, Ligia Piovesan, Gustavo Henrique Carretero e Fabiano Pires Barboza. classificados 29 de maio a 11 de junho /2006 ESTÁGIO - PUC-CAMPINAS Departamento de Planejamento e Organização seleciona alunos de Administração. Currículos e carta de intenções até 31/05 E-mail:[email protected] MORADIA Divido apartamento Próximo ao Campus II (11) 8328-3103 TRANSPORTE Dayca Transportes Campus I (19) 3224-3345 e 9607-6683 MORADIA Vagas para universitárias Próximo ao Campus I (19) 3227-0293 e 9642-1102 TRANSPORTE Disk Transportes Campinas - Campus I (19) 3258-2045 e 9790-4625 As ofertas acima são de responsabilidade dos anunciantes Homens de Cor resistem pela música Corporação Musical Campineira dos Homens A de Cor comemora 73 anos de existência este ano. Os 25 músicos componentes fazem da arte um norte para suas vidas. No início, a corporação surgiu como uma opção para os músicos negros da cidade que não eram aceitos pela Banda Ítala, atualmente a Banda Carlos Gomes, única na época. O intuito era proporcionar ao negro um ambiente no qual pudesse expressar seus valores culturais e sociais, fazendo da arte um instrumento de luta pela dignidade. Hoje, essa realidade é diferente. Segundo o presidente da corporação, José Antônio, 84 anos, o grupo reúne músicos de todas as etnias. "Nunca mudamos o nome porque nossos músicos são de fato de cor, não de apenas uma, mas de todas as cores", esclareceu. Além do mais, a música venceu as fronteiras dos preconceitos; "Atualmente, todas as bandas se dão bem e são parceiras em prol da música". Os músicos se reúnem às segundas-feiras na sede da corporação para ensaios sob a regência do maestro Vilmar Santori, promoção de aulas e para uma boa conversa entre os integrantes, que constituem uma grande família. Tocar na banda constitui uma tradição. Werison Venâncio de Souza, 13 anos, começou a fazer aulas teóricas de música há um ano e já aprende na prática. "Venho aqui com meu pai desde que era pequeno e sempre me interessei pela música instrumental. Deve ser do sangue mesmo", ponderou. A corporação incentiva a iniciação de músicos por meio do Programa de Ensino Musical voltado para o aprendizado de instrumento de banda, garantindo que as gerações seguintes continuem o legado, que atravessa sete décadas. Maísa Urbano ([email protected]) >> Serviços Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor - Aulas gratuitas e abertas à comunidade. Todas as segundas-feiras, às 17h. Endereço: Rua Luzitana nº 127, Bosque. 08 Jornal da PUC-Campinas Júlio César Costa/RAC DESABAFOS Repercussão O que pensa a comunidade universitária sobre os ataques violentos ocorridos no Estado de São Paulo? "Estou preocupada e fico muito insegura ao sair de casa, porque já não sei mais o que pode acontecer. Cada governante diz uma coisa e, ao contrário do que afirmam, nada está sob controle. Não confio em ninguém, só em mim mesma. Temos de aprender a reivindicar nossa cidadania". Paola Andressa Machado, patrulheira da Reitoria "Fico assustada por conta dessa catástrofe imaginária que a boataria ajudou a criar. Além disso, há tamanha mistura de papéis entre mocinhos e bandidos, que já não sabemos mais quem é bom ou mau nessa história. O Estado deve ser atuante, mas devemos contribuir para inibir a violência. Se esperamos mudanças, devemos mudar de atitude e melhorar, pelo menos, o cotidiano". Maria Cláudia Tombolato, professora da Faculdade de Psicologia Sociedade perde referência de O Ã Ç E T O PR A Renata Rondini [email protected] A sensação de insegurança e descrédito dominou a população paulista a partir do dia 12 de maio. Atônita com a onda de violência disparada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), sob as barbas do Estado, a sociedade perdeu a referência de proteção. Os ataques em série mostraram o poderio do crime organizado no Brasil e a ineficiência da segurança pública. Desesperado, o governo federal acelerou a aprovação de leis e medidas na tentativa de coibir a massa criminosa. Ações que os especialistas consideram incapazes de solucionar a questão, já que o problema encontra-se na aplicação severa das punições, altamente comprometida pela disseminação da corrupção nos poderes. "O projeto antiviolência do governo não é eficaz, pois a falha em nosso sistema não é a ausência de leis, mas sim a aplicação delas. Falta rigor no uso desses instrumentos", avaliou o procurador do Estado e professor de Direito Penal da Faculdade de Direito, Silvio Artur Dias da Silva. A onda de violência começou com ataques a policiais, guardas municipais e agentes penitenciários. Como parte da estratégia, presos promoveram uma série de rebeliões que atingiu 80 unidades prisionais paulistas, além do incêndio de ônibus em diferentes cidades. A livre circulação de celulares dentro dos presídios, a falência do sistema prisional, o discreto controle do Estado dentro das unidades prisionais super- "Medo e insegurança a gente sente mesmo, mas não acreditei em tudo do que foi divulgado. As autoridades deveriam pôr o Exército nas ruas e deixarem de vender armas aos criminosos. A corrupção está em todo lugar e por isso não confio mais em ninguém." Thiago Bueno, estudante da Faculdade de Publicidade e Propaganda Especialistas e comunidade desacreditam na eficácia de novas leis para refrear a ação do crime organizado lotadas, nas quais cresce a influência das facções criminosas e a disseminação da corrupção, entre outras, inflam o quadro de explicações para a ação extrema de violência. Fatores já anunciados no Seminário Nacional Crime Organizado e Direitos Humanos, evento realizado pela PUC-Campinas em parceria com o Ministério Público em maio de 2005, e que reuniu especialistas, autoridades, pesquisadores e representantes da sociedade civil e organizações não-governamentais (ONGs). "A onda de violência é uma questão de administração pública e várias causas conhecidas propiciaram esse estado caótico. Portanto, não adianta os poderes ficarem jogando a responsabilidade de um para o outro. Não há soluções mágicas, é preciso ações mais eficientes que combatam o crime organizado, o qual tem representação em todas as esferas públicas, o que o fortalece", ponderou o professor da Faculdade de Direito, Jamil Miguel. Segundo a psicóloga forense e especialista em violência urbana, Maria de Fátima Franco dos Santos, os ataques criminosos revelaram um Estado rendido, o que gerou total descrédito da segurança pública perante os civis. "A sociedade se sentiu menosprezada pela instituição que deveria protegê-la e tinha a obrigação de evitar esses atos. Além disso, a população percebeu a dimensão da organização dos criminosos, o poder de dominação que pode ir muito além e a urgência de ações que os neutralizem", afirmou a psicóloga. Professor Jamil Miguel acredita que o crime organizado contaminou o poder público Procurador Silvio Artur Dias da Silva: não faltam leis e sim a aplicação delas Colaborou Érica Araium ([email protected]) Fotos: Ricardo Lima DESABAFOS 29 de maio a 11 de junho /2006 "Se os policiais temem a violência, imagine como me sinto inseguro. Entendo que as causas desse transtorno estão ligadas ao que é fundamental. Um governo que não dá condições de vida para a população e nem se preocupa em controlar as prisões, não é capaz de controlar ação criminosa". Gabriel Guadalupe, estudante da Faculdade de Engenharia Ambiental "Essa perda de controle expressa as dores sociais procedentes de uma somatória de violências e de problemas que não foram resolvidos anteriormente. O Estado deve ter pulso firme para resolver questões importantes sem confundir seu papel, pois a lógica do combate à violência com a violência me perturba muito. Já a mídia deveria controlar melhor as quantidade e velocidade das informações". Vera Lúcia Rodrigues, professora da Faculdade de Ciências Sociais "De uma hora para a outra ficamos expostos à violência como crianças oferecidas aos leões, mas esse sentimento indefenso é conseqüência do comodismo da sociedade. Não participamos de decisões políticas e deixamos de cobrar ações dos governantes eleitos". Octávio dos Santos, funcionário da Coordenadoria de Atenção à Comunidade Interna (Caci)