PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSULTORIA E COOPERAÇÃO TÉCNICA PRODUTO 06 Documento contendo proposta de metodologia e de ações de capacitação a serem desenvolvidas junto a Rede de Apoio, voltadas para o acesso aos programas e Políticas de organização da produção e comercialização visando o desenvolvimento do Crédito Fundiário do estado da Bahia. Consultora: Raimunda Maria dos Santos Projeto: PCT/BRA/IICA/08/003 Contrato: 112.255 Salvador-BA Julho de 2013 2 LISTA DE SIGLAS ABCAR - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRÉDITO E ASSISTÊNCIA RURAL; ACAR - ASSOCIAÇÕES DE CRÉDITO E ASSISTÊNCIA RURAL; ATER – ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL; ATES - ASSESSORIA TÉCNICA, SOCIAL E AMBIENTAL À REFORMA AGRÁRIA; CEDRS CONSELHO SUSTENTÁVEL; ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL CDA - COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO; CORA – COORDENAÇÃO REFORMA AGRÁRIA E ASSOCIATIVISMO; CONTAG - CONFEDERAÇÃO AGRICULTURA; NACIONAL DOS TRABALHADORES NA CNDR - CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL; DATER - DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL; EMATER - EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL; EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA; EMBRATER - EMPRESA BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL; FETAG - FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA; FETRAF - FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA FAMILIAR; INCRA - INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA; 3 MAA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO ABASTECIMENTO; MAARA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO ABASTECIMENTO E DA REFORMA AGRÁRIA; MAPA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO; MDA - MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO; PNATER - POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL; PNUD - PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO; PNCF – PROGRAMA NACIONAL DE CREDITO FUNDIÁRIO; PRONAF - PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR; PRONATER - PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL; SAF - SECRETARIA DE AGRICULTURA FAMILIAR; SIBER - SISTEMA BRASILEIRO DE EXTENSÃO RURAL; SIBRATER - SISTEMA BRASILEIRO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL; SEAGRI - SECRETARIA DA AGRICULTURA IRRIGAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA; SUAF- SUPERINTENDÊNCIA DE AGRICULTURA FAMILIA. 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO................................................ ................................................... 7 1. INTRODUÇÃO. .................................................................................................. .8 1.1 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO .........................................................................9 1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CRÉDITO FUNDIÁRIO E DA REDE DE APOIO.........................................................................10 2 BREVE HISTÓRICO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO BRASIL..............................................................................................12 2.1- Breve Histórico .................................................................................................14 2.2 - Estruturação do Sistema Nacional de Assistência Técnica e Extensão RURAL EM 2003...................................................................................................................20 2.3 BREVE HISTÓRICO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DA BAHIA...................................................................................................23 2.4 – Breve Histórico................................................................................................24 3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA SECRETARIA DE REFORMA AGRÁRIA E DAS INSTITUIÇÕES OFICIAIS DESIGNADAS PARA OPERAR ESTA POLÍTICA NO ESTADO DA BAHIA.................................................................................................27 3.1- REDE DE APOIO/ ATER .................................................................................31 3.2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO A PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO...........................................................................................37 4. PROPOSTAS COM AÇÕES DE CAPACITAÇÃO A SEREM DESENVOLVIDAS NO ÂMBITO DO PNCF ...........................................................................................41 4.1 ESTRATÉGIAS E AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS JUNTO A REDE DE APOIO......................................................................................................................44 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................49 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................51 5 APRESENTAÇÃO: Este documento trata-se de uma proposta metodológica e ações de capacitação a serem desenvolvidas junto a Rede de Apoio, voltadas para o acesso aos programas e Políticas de organização da produção e comercialização, a exemplo, das políticas do PAA/PNAE, visando o desenvolvimento do Crédito Fundiário do estado da Bahia, obedece as recomendações do sexto produto do termo de referência da consultoria em relação às Estratégias e Ações de Organização da Produção e Acesso a Mercados dos Projetos do PNCF. Originário do contrato n° 112255, do Projeto de Cooperação Técnica de Consolidação do Crédito Fundiário BRA/IICA/08/003 e Pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura do Credito Fundiário. Vale divulgar os objetivos a cerca desta consultoria, pois são pré- requisitos deste trabalho. O objetivo geral desta consultoria, conforme Termo de Referencia é a formatação de estratégias que possibilitem o acesso dos beneficiários do Crédito Fundiário aos programas de fomento à produção e aos mecanismos de comercialização no estado da Bahia. Para tanto se faz necessário um conjunto de ações: Levantamento da situação dos projetos produtivos do PNCF; Apoiar as ações de capacitação e realizar reuniões técnicas com a Unidade Técnica Estadual – UTE/Bahia e Rede de Apoio, divulgando os programas de produção e de acesso ao mercado; Realizar análises da situação dos projetos e das unidades produtivas, quanto à organização da produção, bem como a atuação dos parceiros visando à definição de estratégias voltadas para a comercialização no âmbito do Programa Nacional de credito Fundiário; Reunir com as entidades de Assistência Técnica e associações beneficiárias do PNCF para formatar planos de investimento comunitários de forma que os planos contemplem questões sobre a organização social e produtiva com foco na 6 comercialização. 1. INTRODUÇÃO Este relatório apresenta documento com proposta metodológica, estratégias e ações para capacitação a ser desenvolvida junto a Rede de Apoio, de forma que as estratégias de incentivo a capacitação para o corpo Técnico de Campo que atua junto aos beneficiários do PNCF, na organização da produção e comercialização torna- se um procedimento complexo dado à estrutura das Redes de Apoio. Segundo estudo realizado pelo MDA em 2003, o acesso aos serviços de Assistência Técnica era de apenas 16,7% dentre os agricultores familiares, contra 43,5% entre os agricultores patronais. Além de uma diferenciação no acesso, entre os familiares, que varia de 2,7% na região Nordeste a 47,2% na região sul. Mesmo considerando as diferenças no interior da agricultura familiar nordestina, o número de agricultores familiares com acesso a ATER de qualidade voltada para o fortalecimento produtivo era muito pequeno. (CNDRS, 2001) Somam-se a estes dados, as limitações imposta ao Assistente Técnico na atuação junto aos associados, por diversas razões, e uma delas diz respeito à diversidade de interesses dos segmentos beneficiados pelo crédito fundiário. Ainda que a grande parte das famílias associadas seja formada por agricultores com perfil rural, outra parte dessa população abriga uma pluralidade de segmentos sociais que, mesmo tendo origem agrícola, estabelecem diferentes laços sociais e econômicos com os espaços rurais, ou seja, são agricultores que sobreviviam combinando tarefas agrícolas com formas de assalariamento. É atribuído ao Assistente Técnico da REDE DE APOIO, grande responsabilidade pelo sucesso das unidades produtivas do PNCF, ou seja, acreditase que quando capacitados, recuperados, ampliados e fortalecidos, a rede de apoio tem grande capacidade para, junto com outros fatores, melhorar as condições produtivas e a organização social e econômica desse beneficiário do crédito fundiário. 7 Além dessa grande responsabilidade, os técnicos de hoje necessita se contextualiza a partir de um enfoque sistêmico, de uma metodologia participativa e com base nos normativos do PNCF e PNATER, também suas ações devera constituir um fator preponderante para o desenvolvimento sustentável das unidades produtivas e para o fortalecimento da organização produtiva e comercial, visando à inserção dos beneficiários nos canais e redes local e regional, ou seja, um técnico que desde 2003, para atuar no Programa necessita ser capacitado para ter uma visão micro e macro do grupamento das Associações, um procedimento que constrói o espaço do agricultor nas diversas esferas produtivas e de mercado. O processo de capacitação para a transição deverá ter um conteúdo capaz de formar os profissionais para atuarem como agentes de desenvolvimento local, com condições de investigar, identificar e disponibilizar aos agricultores, um conjunto de opções técnicas e não técnicas, compatíveis com as necessidades dos beneficiários e com o espaço territorial onde estejam inseridos. Vale ressaltar a importância da capacitação, da pesquisa e da ação na atividade de ATER, pois são estas que possibilita uma nova proposta metodológica para um novo projeto, para uma nova forma de prestar os serviços Técnicos, o qual deve contemplar o extensionista que faz do seu trabalho um campo de pesquisa,e que pesquisa enquanto trabalha, é uma ação com reflexão. 1.1- PROCEDIMENTO METODOLOGICO O documento técnico se subsidiou; na Lei 12.188 de 20010; Lei 12.372 de 2011; Extensão Rural no Brasil - uma Abordagem Histórica da Legislação; Manual de Credenciamento de ATER e documentos com conceitos acerca do tema. Os resultados e análise dos dados obtidos estão dispostos no conteúdo dos itens e subitens que compõem este Relatório, distribuídos na seguinte ordem: No primeiro item, Contextualização do Programa Nacional de Crédito Fundiário e da Rede de Apoio; Breve Histórico da Política de Assistência Técnica e Extensão Rural do Brasil; 8 seguido pelos subitens: Breve Histórico; Estruturação do Sistema Nacional de Assistência Técnica e Extensão, na sequência: Breve Histórico da política de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia; contextualização da secretaria de reforma agrária e das instituições oficiais designadas para operar esta política no estado da Bahia; propostas com ações de capacitação a serem desenvolvidas no âmbito do PNCF; estratégias e ações a serem desenvolvidas junto à rede de apoio. 1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE CRÉDITO FUNDIÁRIO E DA REDE DE APOIO. O Programa Nacional de Crédito Fundiário é um programa executado de forma descentralizada com a participação dos Estados, dos Municípios, dos Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável e das comunidades. Para assegurar a participação e o controle social, atribui-se grande poder de decisão aos Conselhos de Desenvolvimento Rural Sustentável, em nível “nacional; estadual e municipal”, além da efetiva participação das Federações, dos movimentos sindicais de trabalhadores e trabalhadoras rurais da agricultura familiar na elaboração e implementação do Programa. De forma que, o Estado que tenha interesse em implementar o PNCF deverá buscar celebrar os instrumentos de Parcerias com a União, assinando o Acordo de Cooperação Técnica com a União por intermédio do Ministério de Desenvolvimento Agrário- MDA e a Secretaria Reordenamento Agrário - SRA. Na celebração do acordo deste instrumento, deverá conter as obrigações dos partícipes e as ações complementares do Governo Estadual e Governos Municipais, a respeito de outras políticas públicas e investimentos em infraestrutura básica necessária para a garantia e viabilidade social e econômica dos projetos implementados através do PNCF. O Programa é financiado com recursos do Fundo de Terras e da Reforma Agrária que foi instituído pela Lei Complementar nº 93, de 04 de fevereiro de 1998, e regulamentado pelo Decreto nº 4.892, de 25 de novembro de 2003. É financiado também pelo Subprograma de Combate à Pobreza Rural, instituído pelo art. 6º da 9 Medida Provisória nº 2.183-56, de 24 de agosto de 2001, e regido pelo Decreto nº 6.672, de 2 de dezembro de 2008. O Subprograma de Combate à Pobreza Rural tem a finalidade de conceder aos trabalhadores rurais assentados apoio à instalação de suas famílias, implantação de infraestrutura comunitária e capacitação dos beneficiários, com vistas à consolidação social e produtiva dos Projetos. É obrigação do Estado conforme Regulamento Operativo a formalização e criação da Unidade Técnica Estadual, para garantir o adequado cumprimento de seus objetivos com relação à execução do Programa Combate à Pobreza Rural. Assim, em cada Estado participante do Programa, uma Unidade Técnica Estadual – UTE é constituída, contíguo à instalação da UTE, uma organização da rede de apoio, visando à aplicação dos recursos de investimento comunitário. Na Bahia esta estrutura local da UTE, foi composta pela Coordenação de Ação Regional (CAR), empresa vinculada na época, à Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia (SEPLANTEC), que oficialmente foi, naquele período, a responsável pela constituição da Rede de Apoio e implantação do Projeto no Estado, acoplado pela Coordenação de Reforma Agrária e Associativismo - CORA, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura (SEAGRI), supunha-se para o Projeto, uma estrutura descentralizada de ATER na execução do PCT. (UTE/CDA, 2012) Ademais, cabe ressaltar que neste período a SIBRATER e as EMATERs por reestruturação da política do governo federal, teve reduzido os recursos orçamentários levando em muitos Estados o desmonte na sua estruturação extensionista, portanto é neste contexto que a Rede de Apoio do Programa Nacional Cédula da Terra é constituída sobre frágeis pilares de Assistência Técnica na Bahia. Salientando que, na implantação do Programa Cédula da terra nos anos 90 a Rede de Apoio era constituída por profissionais autônomos de Agronomia e Empresas de Assistência Técnica, credenciada na UTE- CAR/CDA, que se responsabilizava pelo desenvolvimento das Unidades Produtivas na Bahia. 10 Segundo a Resolução do, (CNDRS, 2011), “Assistência Técnica como política de ATER não pode, estar inteiramente orientada por mecanismos de livre mercado, onde os agricultores familiares escolham individualmente ou em grupo a empresa executora que mais lhe convier, mesmo porque, para algumas áreas, é falsa a premissa de que há uma considerável oferta de serviços de ATER, onde os produtores possam ter opção de escolha”. Por fim, novos marcos, vem sendo colocado para a política nacional de ATER como as novas atribuições da Assistência Técnica: “ respeitar, em todas estas ações, as normas e diretrizes, em particular o princípio da autonomia da associação e de seus beneficiários”, definidos no manual, ou as estabelecidas pelo DCF, CEDRS e UTE desde que as mesmas não conflitem com as normas do arcabouço legal do PNCF. Observando-se que, o manual do PNCF incorpora e tem por alicerce a Política Nacional de Assistência Técnica – PNATER, portanto a rede de apoio não pode conflitar com as normas deste, o qual incorporou no seu conteúdo a Assistência técnica para a agricultura familiar e para a Reforma Agrária, criando um novo sistema de credenciamento para as entidades de Ater. De forma que, no decorrer do texto apresentaremos com mais detalhe a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER). Abordaremos, também, a importância do manual para a rede de apoio interessadas no seu credenciamento, com foco nas demandas dos beneficiários do Crédito Fundiário para que esses consigam alcançar a autonomia econômica e social. Para tanto se faz necessário contextualizar a política de ATER no país. 2. BREVE HISTÓRICO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO BRASIL. Ao iniciarmos uma discussão sobre a política de assistência técnica e extensão rural precisamos entender o seu conceito e contexto e como foi o 11 desenvolvimento e as relações dos agricultores beneficiários com essa política. A assistência técnica e a extensão rural têm importância essencial no processo de difusão de novas tecnologias, geradas pela pesquisa, e de conhecimentos diversos, essenciais no desenvolvimento rural no sentido amplo e, especificamente, ao desenvolvimento da atividade agropecuária. As ações de extensão rural no Brasil foram institucionalizadas nacionalmente há mais de 50 anos. O tema da Extensão Rural está em permanente discussão, tanto na academia quanto entre os formuladores de políticas públicas, bem como entre extensionista. Tendo vários conceitos para descrever os procedimentos e respostas as pressões sociais, por esta política de desenvolvimento do campo, assim para JONES & GARFORTH apud PEIXOTO a origem de ATER remota. “o termo teve origem na extensão praticada pelas universidades inglesas na segunda metade do século XIX. No início do século XX, a criação do serviço cooperativo de extensão rural dos Estados Unidos, estruturado com a participação de universidades americanas, conhecidas como land-grant colleges, consolidou naquele país, pela primeira vez na História, uma forma institucionalizada de extensão rural” (JONES & GARFORTH, 1997). Já para (CAPORAL & COSTABEBER, 2004) “A Extensão Rural poderia ser definida como um processo de intervenção de caráter educativo e transformador, baseado em metodologias de investigação-ação participante”, que permitam o desenvolvimento de uma prática social mediante a qual os sujeitos do processo buscam a construção e sistematização de conhecimentos que os levem a incidir conscientemente sobre a realidade. Sendo um processo, extensão rural significaria, num sentido literal, o ato de desdobrar, levar ou transmitir conhecimentos de sua fonte geradora ao receptor final, “o público rural”. Entretanto, como processo, em um sentido amplo e atualmente mais aceito, extensão rural pode ser entendida como um processo educativo de comunicação de conhecimentos de qualquer natureza e por ter um caráter educativo que o serviço de extensão rural é, normalmente, desempenhado 12 pelas instituições públicas de Ater, organizações não governamentais, cooperativas, mas que também prestam serviços de assistência técnica. 2.1- BREVE HISTÓRICO A conjuntura dos momentos históricos influência na criação de políticas públicas como também as pressões sociais assim, para (CARVALHO, 1992, p.89) “a construção das políticas foram sempre influenciada pelo contexto sociopolítico e reflete as grandes tendências econômicas prevalecentes em cada momento histórico”. De posse destas premissas, veremos a seguir como foi o surgimento da ATER no Brasil e o seu desenvolvimento até os dias de hoje. Observe que as experiências iniciais de serviços de ATER no Brasil data da década de 40, com uma forte influência da modernização da agricultura no cenário de pós-guerra, para o desenvolvimento econômico do país, com o propósito de modernizar a agricultura e melhorar as condições de vida da população rural. As primeiras instituições de ATER sejam privadas ou estatais, servia-se de um enfoque difusionista, pelo qual se transmitiam práticas e regras de maneira unilateral para os beneficiários dessas ações de assistência técnica. Neste contexto no final dos anos 40 houve a criação da Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR) que teve o objetivo de aumentar a produtividade nas roças através de novas tecnologias, adotando o pacote tecnológico da revolução verde. Segundo (PEIXOTO, 2008), em 1956 com a multiplicação das associações de crédito e de assistência rural nos estados brasileiros foi criada a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR) também, conhecida como Sistema Brasileiro de Extensão Rural (SIBER). As ações do serviço de extensão rural nesse momento buscavam transmitir que somente através de adoções de novas técnicas ou através de tecnologias poderiam aumentar a eficiência e a produtividade. Não havia uma troca de saberes entre o técnico e o agricultor, pois o saber científico que era valorizado naquele período. 13 Ainda de posse dos dados do autor, nos anos 70, ocorreram novas mudanças nos serviços de extensão rural, eles passaram a ser públicos e de responsabilidade do Governo Federal e coordenado ao nível nacional pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), em articulação com as empresas de ATER (EMATER) no ano de 1971, e em 1972 foi criado também a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Já a ABCAR foi extinta e para coordenar os serviços de ATER no Brasil criouse o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural (SIBRATER), sobre a coordenação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), inspirado nos princípios da revolução verde, trouxe como lema a modernização da agricultura, por meio do aumento da produtividade, da adoção da mecanização e da utilização de produtos químicos nas atividades agropecuárias, preservando, no entanto, o enfoque difusionista. Ao longo desse período, a contribuição financeira do governo federal para as EMATERs representou há época 40% dos recursos orçamentários, chegando, até aos 80% nos estados mais pobres, sem, contudo valorizar o conhecimento e saber local. A partir de 1980 entram no cenário brasileiro com maior força política os movimentos sociais de luta pela terra, os movimentos ambientalistas que passaram a reivindicar políticas públicas direcionadas para o meio rural, dentre as reivindicações estava mudanças no atendimento dos serviços de ATER, a falta de sustentabilidade ambiental e socioeconômica. Nota-se que ocorreram incorporações das reivindicações dos movimentos na prestação de serviços de ATER como as “metodologias alternativas de trabalho com a pequena produção, que tem como foco a organização dos agricultores em associações e conselhos comunitários”. (PEIXOTO, 2008, p.91). A EMBRATER apoiou esse modelo e estimulou dentro da SIBRATER ações voltadas para os pequenos agricultores e assentados do 1º Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Mas, mesmo com essas pequenas incorporações participativas, o estudo não faz menção de ações específicas que valorizem os 14 diversos membros das famílias, eles continuam desconectados da produção econômica e do atendimento do extensionismo com relação à organização produtiva de forma sistematizada. Iniciado sob a presidência de José Sarney e concluído no governo do presidente Collor de Mello, a EMBRATER foi extinta, culminando em um processo de desmonte do SIBRATER. “Os agricultores ficaram sem ter órgão público que prestasse os serviços de ATER, mesmo que a Constituição Federal de 1988, no ART. 187 do inciso IV, capitulo da política agrícola e também a Lei Agrícola de nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991” determinassem o contrario (PORTILHO, 1999). A Carta Magna e a Lei determina que a União mantenha os serviços de ATER pública e gratuita, assim com este esvaziamento da ação do Estado com respeito às políticas de ATER deixou um rastro, uma precarização da agricultura familiar, a desvalorização dos saberes local e um enorme êxodo rural, transformando as relações entre cidade e campo e gerando problemas estruturais nos âmbitos produtivo e ambiental. Corroborando com (PORTILHO, 1999), que em seu documento relata que, “o Governo Federal reconhecendo a importância do serviço de ATER para a agricultura familiar e para responder as reivindicações dos movimentos sociais, das organizações da sociedade e prestadores de serviço de ATER”, que buscavam, a construção de uma proposta de reestruturação dos serviços de ATER no Brasil alguns decretos e leis modificou e delineou políticas para o campo como: Em novembro de 1992 a Lei n° 8.490, que dispôs sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, transformou o Mara em Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária - MAARA e a assistência técnica e extensão rural sobre a competência do MAARA e em setembro de 1993, transferiu a coordenação do SIBRATER para a Secretaria de Desenvolvimento Rural do MAARA antes atribuída à EMBRAPA, também modificou através do Decreto nº 1.261, de 04 de outubro de 1994, a estrutura da Secretaria de Desenvolvimento 15 Rural - SDR e criou o Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural DATER. Mesmo com ações direcionada para o extensionista rural, no qual foi criado um departamento exclusivamente voltado para o serviço de Ater, a ação do DATER foi limitada, não só por carência de recursos financeiros, mas também pela pouca representatividade política dos setores executores de ATER no MAARA. Assim, o DATER também não conseguiu desempenhar o importante papel que a EMBRATER exerceu no passado, prolongando a crise do SIBRATER. (Resolução CNDRS, 2001) A DATER não conseguiu prestar um serviço mais próximo das necessidades dos pequenos produtores, nem integrar os processos de capacitação e extensão, com métodos participativos e novas práticas, ambientais. Ainda nos anos 90, outra importante política pública, foi à criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), pelo Decreto nº 1.946, de 28 de junho de 1996. O PRONAF fornecia, inicialmente, crédito de investimento e custeio a agricultores familiares que tinham 80% da renda da unidade familiar oriunda de investimentos para produção de milho, feijão, arroz, trigo, mandioca, olerícolas, frutas e leite. Durante alguns anos após o lançamento do PRONAF, cujos recursos disponibilizados cresceram a cada safra, ocorreu um choque entre o que restava do setor estatal de Ater e o Terceiro Setor (composto por organizações não governamentais, sindicatos, associações), pela disputa da mesma fonte de recursos federais para o setor da agricultura familiar. Ao mesmo tempo em que se consolidava o PRONAF, os movimentos sociais passaram a exigir com mais veemência um serviço de Ater público, gratuito e de qualidade que resultou em seminários. Vale divulgar que em 1997 por iniciativa da ASBRAER, FASER e CONTAG, foi elaborada uma proposta – Uma Nova Assistência Técnica e Extensão Rural 16 Centrada na Agricultura Familiar- para construção de uma nova Extensão Rural, envolveu trabalhadores da extensão rural, movimentos sociais representativos de agricultores familiares, sindicalistas, universidades e ONG’s. (Resolução CNDRS, 2001) Estas reuniões culminaram com a realização de um workshop, entre 24 e 28 de outubro de 1997, promovido pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) buscando soluções para o tema. Deste evento surgiu a proposta de consolidação de um modelo institucional de ATER Pública Estatal e não Estatal, descentralizado, pluralista, autônomo e gratuito. Como princípios, a proposta defendia ainda o desenvolvimento sustentável, exclusivo para a agricultura familiar, o controle social da gestão e organização em rede, com atuação articulada dos agentes (PNUD, 1997). Nesta conjuntura e, em decorrência da dificuldade das entidades estaduais de ATER de assistirem aos assentados da reforma agrária, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária lançou o Projeto LUMIAR, uma inovadora experiência de terceirização da assistência técnica em assentamentos rurais. O LUMIAR chegou a contar com 1.392 técnicos contratados, que assistiam a 1.300 dos 3.800 assentamentos do INCRA. Segundo (PEIXOTO, 2008) nos arquivos do Governo, em 1999 o Projeto LUMIAR beneficiava quase 104 mil famílias de assentados. Entretanto, ele foi extinto no início de 2000, com serias acusações de desvio dos recursos por algumas das entidades terceirizadas, deixando os assentados sem recebimento de serviços de ATER adequados por mais de quatro anos. No ano de 1999 através da Medida Provisória (MPV) n° 1.911-12, art. 17, transformou o Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário de Política Fundiária em Ministério da Política Fundiária e Agricultura Familiar, cujo nome foi em seguida modificado pela MPV no° 1999-13, de 14 de dezembro de 1999, para Ministério da Política Fundiária e do Desenvolvimento Agrário. Por fim, a MPV 1.999-14, de 13 de janeiro de 2000, art. 17, item XII, adotou o nome definitivo: Ministério do 17 Desenvolvimento Agrário - MDA. Salientado que para a estrutura do Ministério de Desenvolvimento Agrário, da Secretaria de Reforma Agrária e da Secretaria da Agricultura Familiar foi com base em vários decretos, os quais denominavam as competências como: apoiar e participar de programas de pesquisa agrícola, assistência técnica e extensão rural, crédito, capacitação e profissionalização dos assentados da reforma agrária. Posteriormente, os Decretos 4.723, de 6 de junho de 2003, e 5.033, de 5 de abril de 2004, que também alteraram a estrutura regimental do MDA, mas mantiveram tais competências, sem alterações. Destarte, a partir da regulamentação da estrutura regimental do Ministério do Desenvolvimento Agrário, as atribuições legais de implantação de ações de ATER passaram a ser legalmente de competência de ambos os ministérios, MAA e MDA, sendo que o MAA em 2001 teve alterado seu nome para Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Outrossim, em 6 de outubro de 1999 foi instituído o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural (CNDR), integrante do então Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário de Política Fundiária. O Decreto 3.508, de 14 de junho de 2000 transformou o CNDR em Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável. Este foi um importante marco legal do planejamento da política nacional de ATER com a emissão pelo CNDRS da Resolução de n° 26, de 28 de novembro de 2001, que aprovou a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar, no âmbito do MDA. (Resolução CNDRS, 2011). Em 2003 criou-se, também, o Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES) oferecendo serviços para os assentados abraçando os princípios da PNATER com o objetivo de estimular a sustentabilidade socioambiental, a segurança alimentar e nutricional, a viabilidade econômica e a promoção de igualdade nas relações de gênero, raça e etnia, a ATES é realizado de 18 forma descentralizada pelo INCRA, por meio de convênios e parcerias com diferentes instituições. O Programa (ATES), implantado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), tem como premissa aliar o saber tradicional dos assentados aos conhecimentos científicos dos técnicos. Essa união tem por objetivo fazer com que os assentamentos tornem-se unidades de produção mais estruturadas, competitivas e integradas à dinâmica do desenvolvimento municipal e regional, de forma socialmente justa e ambientalmente sustentável. (www.incra.gov.br/,2013) 2.2 - ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL EM 2003 NOVOS PADRÕES PARA AS ATIVIDADES DE ATER: Visando solucionar os gargalos acerca dos serviços de ATER, o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA/SAF tornou-se responsável pelas ações de Assistência Técnica e Extensão Rural no Brasil. Afirmou o Ministro do Desenvolvimento Agrário, “está havendo uma recuperação de um sistema nacional de assistência técnica e extensão rural, num debate articulado com as diversas EMATER´s, Federações, Instituições Estaduais, Cooperativas, Movimentos Sociais e Universidades” (NEAD, 2003). Porque, para o MDA, o principal objetivo dos serviços de assistência técnica e extensão rural (ATER) é melhorar a renda e a qualidade de vida das famílias rurais, por meio do aperfeiçoamento dos sistemas de produção, de mecanismo de acesso a recursos, serviços e renda, de forma sustentável. Nesta perspectiva desde 2003 vários instrumentos de orientação, fiscalização, normatização no âmbito do MDA foram constituído, para o enfrentamento dos entraves em relação a ATER para a agricultura familiar. Dentre estes instrumentos a 19 Politica Nacional de Assistência Técnica e Extensaão Rural – PNATER, uma politica construída em parceria com as organizações governamentais e não governamentais de ATER e a sociedade civil organizada e instituída pelo Governo Federal em 2003. Corroborando com os autores analisados, a constituição da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural entre o período de 2003/2004 também reestruturou o Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER) no âmbito da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) e no mesmo ano foram definidas as diretrizes para a elaboração do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Visando aperfeiçoar e fortalecer a PNATER, através da qualificação e para potencializar a assistência técnica foram criadas: as Redes Temáticas de ATER; Comitê Nacional de ATER; Câmara Técnica de Gestão de Programa. Esses instrumentos promovem a articulação entre as organizações, entidades, Federações de ATER com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Elas ainda “criam oportunidades para intercâmbio e troca de experiências, facilitam o conhecimento das políticas públicas, promovem o processo de formação de agentes de ATER, organizam e disponibilizam conteúdos e propostas tecnológicas em determinados temas, adequados para a agricultura familiar e o desenvolvimento sustentável”. As Redes são formadas por articuladores estaduais com representantes de órgãos oficiais de ATER e organizações da sociedade civil. Já em 2005, o MDA, também reestruturou e criou o novo Sistema Brasileiro Descentralizado de Assistência Técnica e Extensão Rural (SIBRATER) tendo como objetivo organizar a prestação de serviços públicos de Ater, assim instituiu as bases institucionais para a implementação da PNATER. Lançado em maio de 2004, a PNATER definiu as diretrizes para a elaboração do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER), cuja primeira versão foi publicada em 1º de março de 2005. Após o lançamento da PNATER o Governo Federal, através do DATER/MDA, tem estimulado os estados a elaborarem seus programas estaduais de Ater. 20 Apesar da criação da PNATER em 2004, só em 2010 que a nova lei de ATER foi aprovada, Lei nº 12.188, regulamentada no Decreto no° 7.215 de 15 de junho de 2010, apresentando novas medidas que representam um desenvolvimento da política de ATER, as metas, diretrizes, prioridades e estratégias são definidas e construídas num caráter participativo, a exemplo, da Conferência Nacional sobre Assistência Técnica e Extensão na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - I CNATER. Vale ressaltar que a lei de nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010, está estruturada de uma forma que contempla o interesse de diversos grupos da Agricultura familiar, respeitando a diversidade local, cultural, étnica e social. Outro ponto importante a ser ressaltado são as orientações e medidas adquiridas para a superação das desigualdades sociais no meio rural, como o lançamento de Chamadas Públicas de ATER para beneficiários da reforma agrária e comunidades tradicionais. Os serviços de ATER passam a ser contratados por meio de Chamadas Públicas realizadas pela SAF/MDA e pelo INCRA, que definem os serviços que serão contratados, as atividades que serão desenvolvidas, o prazo de execução e os recursos disponíveis. As entidades precisam estar cadastradas no Sistema Informatizado de Credenciamento de Ater (SIATER), apresentar suas propostas técnicas, as metodologias de trabalho das atividades e como serão realizadas as prestações de serviços. OS CEDRS e similares passam a ser os responsáveis pelo credenciamento das entidades executoras do serviço de ATER nos estados, para isso o MDA estabeleceu algumas regras para a adesão dos CEDRS ao PRONATER e as entidades devem se encaixar em alguns requisitos previstos na Lei de ATER para serem credenciadas como executoras do PRONATER, como, possuir infraestrutura e capacidade operacional; possuir conhecimento técnico e científico na área de atuação; possuir equipe multidisciplinar composta no mínimo com três profissionais; e ter experiência de dois anos na prestação de serviços de ATER. (Manual de credenciamento, 2011) 21 É notório que, mesmo com todas as medidas do PRONATER para o profissional de assistência técnica e extensão rural, observe que as normas, regras e formas institucionais e de poder não estão sendo alteradas na ponta, pelo menos na maioria dos casos. Por conseguinte, mesmo quando se observa uma mudança no “discurso oficial”, essa mudança não se materializa na prática da gestão, nem na ação de ATER junto aos agricultores. Ressaltando que em alguns Estados do país, os serviços de ATER voltado para os beneficiários do PNCF, conseguiram se reestruturar e incorporar as diretrizes do PRONATER rapidamente, criando novas formas de operacionalização, como também, em outros estados o PRONATER não foi assimilado pelos Técnicos da Rede de Apoio resultando em precarização das ações juntos aos projetos de credito fundiário, e, por conseguinte agricultores distantes do desenvolvimento estabelecido pelo programa de ATER e do PNCF. 2.3– BREVE HISTÓRICO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DA BAHIA IMPORTÂNCIA DO TEMA: Compreender a conjuntura sociopolítica, a estrutura agrária baiana, o espaço do agricultor familiar no desenvolvimento do estado, o significado e importância da Política da Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER Pública e Gratuita no Estado, sua trajetória, funcionamento e as diversas transformações na condução ao longo da historia, constitui-se subsídio fundamental para análise desse trabalho. Entretanto, no Estado da Bahia, a carência de documentos lógicos das políticas públicas de ATER, diferente da extensa documentação nacional, procedimento que torna a análise fragmentada, pois na análise das ações desenvolvidas pelas entidades de ATER as estatais/ privadas, existem grandes lacunas de documentos e também, registram-se diversas Secretarias em diversos 22 momentos de reestruturação do governo desempenhando o extensionismo rural. Vale divulgar que, na estrutura agrária baiana a documentação histórica de maior significado diz respeito ao grande latifúndio e as exportações. O próprio governo brasileiro, em documento elaborado pela presidência da república e publicado em 1997, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso, identifica que a questão agrária em muitos Estados do País esteve invisibilizada e que as políticas extensionista estiveram voltadas para as grandes propriedades. “o capitalismo agrário promovido pelo governo impulsionou a modernização do latifúndio, por meio do crédito rural fortemente subsidiado e abundante. O crédito/dinheiro farto e barato, aliado ao estímulo a algumas culturas principalmente a da soja visando gerar grandes excedentes exportáveis, propiciou a incorporação das pequenas propriedades rurais pelos médios e grandes latifundiários, pois commodity para exportação exigiam maiores propriedades e o crédito facilitava a aquisição de terra. Assim, quanto mais terra tivesse o proprietário, mais crédito recebia e mais terra podia comprar”. (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1997) 2.4 - BREVE HISTÓRICO De posse dos dados acima e analisando a historia e criação da secretaria de agricultura a qual foi oficializada, mas para a exportação, pois a época reforma agrária não constituía-se prioridade dos governos, assim, a política voltada para agricultura beneficiou as grandes propriedades, a exemplo da secretaria criada no regime republicano e através da Lei nº 115, de 16 de agosto de 1895, com a denominação de Secretaria da Agricultura, Viação, Indústria e Obras Públicas, absorvendo na época diversas atividades da administração pública baiana, porém observe que o documento não menciona que a secretaria tinha uma política voltada para a Reforma Agrária. Mais tarde, como Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio agrega às suas atividades aquelas pertinente ao setor secundário, isto é em setor da economia que transforma matéria - prima, extraída e produzida pelo setor primário, em produto de consumo, configurando-se como pasta econômica, com uma visão global de todo processo produtivo para a exportação. 23 No pós – guerra é que a questão da Assistência Técnica foi mencionada junto com as atribuições da secretaria que era; o armazenamento, abastecimento, dirigindo a sua atuação para pesquisa, prestação de serviços, porém na época a Assistência Técnica e Extensão Rural, o foco era passar orientações para que as propriedades fossem produtivistas, dirigido à qualificação do trabalho, no aumento da produtividade, nas inovações tecnológicas para mecanização e no pacote agroquímico. Ainda no pós - guerra, a organização que menciona a questão de ATER, é a associação nordestina de credito e assistência técnica ANCAR – central do Nordeste com sede em RECIFE-PE, só depois da ANCAR surgiu nos Estados do Nordeste organizações extensionista e destas políticas no nordeste resultou o decreto do governo federal de n° 1.956 que cria a ABCAR e SIBER. Com o decreto que cria ABCAR os estados do nordeste incorporam a ABCAR em substituição a ANCAR. Em 1975 o decreto cria o sistema brasileiro de extensão rural - SIBER é criado no mesmo ano a EMBRATER através do decreto 75.373 a sucessora da ABCAR. A EMBRATER através de mecanismo legaliza as atividades de ATER, tendo como atribuição o assessoramento aos governos estaduais com o objetivo de desativar as ANCAR e instituir as EMATER. (SEAGRI, 2012) Observa-se que, aparte de maio de 1985, sobre o Decreto nº 31.700 a Secretaria da Agricultura passa a executar o Programa de Desenvolvimento da Região Nordeste - Projeto Nordeste e também o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural - PAPP, os órgãos executores desta política foram: Instituto Baiano de Fomento Agrícola - IBF, Instituto Biológico da Bahia - IBB, Instituto de Terras da Bahia - INTERBA, Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia S/A - EPABA, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia - EMATERBA, Centrais de Abastecimento da Bahia S/A - CEASA, e a Companhia de Adubos e Materiais Agrícolas da Bahia – CAMAB. Também em 1985, com o Dec. nº 31.744 teve a criação da Comissão Coordenadora da Política Estadual de Sementes e Mudas, uma política voltada para a pesquisa, produção, comercialização e distribuição de sementes e mudas para o 24 pequeno agricultor do Estado. Observe que só nos anos 80 a demanda do pequeno produtor tem respostas do estado. Em 1989, através da Lei n°5.121, seriam extintos o Instituto Bahiano de Desenvolvimento Florestal e Recursos Naturais e a Fundação Centro de Planejamento Agrícola - CEPA, em decorrência de alterações na estrutura da administração públicas do Estado, com a Lei n°5.469 foi transferindo para o Conselho Estadual de Agropecuária e Abastecimento as atribuições dos institutos extintos, e em 1991 com a Lei n°6.074 passa a cognominar - se, secretaria de agricultura Irrigação e Reforma Agrária. Em 2003 é criado o Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável – CEDRS, sobre o Decreto n° 8.487, como órgão colegiado da SEAGRI, com a finalidade de promover, em consonância com os programas do Governo Federal, o desenvolvimento rural sustentável do Estado, o fortalecimento da agricultura familiar, o acesso a terra e a diversificação das economias rurais. Já em 2006, a Lei nº10. 549, que modifica a estrutura organizacional da Administração Pública do Poder Executivo Estadual, cria, na Secretaria da Agricultura - SEAGRI, a Superintendência de Agricultura Familiar - SUAF, com a finalidade de orientar, apoiar, coordenar, acompanhar, controlar e executar programas e atividades voltados ao fortalecimento da agricultura familiar. Por fim, em 2011 é criada a Lei 12.372 que trata da Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar (PEATER) e o Programa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar (PROATER), com base na Lei Federal 12.188 de 2010. Igualmente à Lei Federal, um dos resultados que se espera da Lei Estadual de Ater é a garantia de celeridade nos repasses e execução dos recursos destinados ao agricultor Familiar, bem como a facilitação do processo de prestação de contas, o que traz inúmeras vantagens qualitativas na relação entre Estado e as instituições e entidades prestadoras de serviços de Ater. 25 3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA SECRETARIA DE REFORMA AGRÁRIA E DAS INSTITUIÇÕES OFICIAIS DESIGNADAS PARA OPERAR ESTA POLÍTICA NO ESTADO DA BAHIA Diversos instrumentos de política agrícola, tributária e social contribuíram para provocar modificações na agropecuária e no meio rural Baiano, nos últimos anos dentre esses mecanismos, pode-se citar as diversas: extinção, criação, reestruturação dos órgãos de governo, que por motivo estrutural deste documento, em especial tratará da secretaria de agricultura, da Coordenação de Reforma Agrária e Associativismo e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, por serem estas que tem atribuição voltada para o tema abordado. Em 22 de maio de 1991, sobre a Lei n° 6074 que modifica a estrutura organizacional do governo a secretaria é reestruturada e passa para Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária – SEAGRI, tendo como finalidade "formular e executar a política de desenvolvimento da agropecuária, abastecimento, cooperativismo e reforma agrária". Firmando-se, a partir de então, o compromisso com a reforma agrária. (SEAGRI, 2010) Acoplada à secretaria de agricultura- SEAGRI, vem a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A – EBDA, através da Lei n°6.074, 22 de maio de 1991 que teve sua estrutura funcional, a partir da fusão entre a Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia - EPABA e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia - EMATER-BA. Uma Empresa Mista, que tem como acionistas o Governo do Estado e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. Com a missão de contribuir para o desenvolvimento agropecuário do Estado da Bahia através da geração, promoção e transferência de conhecimentos e tecnologias competitivas, considerando princípios de sustentabilidade para o aumento da oferta de emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida da 26 população rural. A EBDA desenvolve atividades: na pesquisa, assistência técnica e extensão rural, classificação de produtos de origem vegetal e fomento em agropecuária e agra industrialização, baseando-se nos princípios do desenvolvimento sustentável. De maior abrangência e cobertura no Estado, no que se refere à Pesquisa e ATER Pública Gratuita, atuando nos 417 municípios baianos. Tendo como Linhas de Ação: Apoio e assistência técnica aos agricultores, associações e cooperativas, com ênfase para as áreas de planejamento, administração rural e contabilidade agrícola, bem como para todas as etapas do processo produtivo e da pós-colheita com qualificação e requalificação de produtores rurais com Capacitação e Profissionalização de Agricultores Familiares. Apoio e assistência técnica ao processo de desenvolvimento rural de natureza associativa no âmbito municipal e regional, destacando-se a capacitação de agricultores e parceiros na elaboração de Planos Municipais de Desenvolvimento Rural (PMDR), formação dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural (CMDR), convênios com o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e o Programa Faz Cidadão. De posse destes dados, observe que no estado havia uma instituição de Assistência Técnica e Extensão Rural pública e gratuita, sem contar que a Empresa faz parte da estrutura da Secretaria de Agricultura, e não há registro da EBDA na operacionalização do Programa Nacional Cédula da Terra e no novo Programa Nacional de Crédito Fundiário, com atuação pontual, fragmentada, mesmo depois da assinatura do convenio com o MDA. (UTE/CDA-BA, 2011) Outro órgão envolvido com a reforma agrária, sobre regime especial da administração direta e integrante da estrutura da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária – SEAGRI, é a Coordenação de Reforma Agrária e Associativismo, que no Decreto nº 7.335, o qual aprova a organização estrutural e 27 funcional da Coordenação, que posteriormente, a Coordenação de Reforma Agrária e Associativismo – CORA passa a chamar-se Coordenação de Desenvolvimento Agrário – CDA, absorvendo as funções do extinto INTERBA e da CORA. (UTE/CDABA, 2011) Vale ressaltar que, a CDA, órgão que, tem por missão: promover, coordenar, supervisionar, acompanhar, executar e avaliar as políticas de reforma agrária e das diversas modalidades de associativismo no âmbito do Estado, bem como executar as atividades e procedimentos que forem delegados ao Estado, pela União, visando à agilização do processo de execução da reforma agrária. De forma que, a CDA, dentre outras, tem as competências de: Promover articulação com instituições envolvidas na execução da reforma agrária no estado; Elaborar: estudos, projetos e planos de trabalho, visando o desenvolvimento da reforma agrária; Buscar parceria com instituições governamentais e não governamentais para intercambiar experiências na metodologia, na disseminação da informação e na transferência de novas tecnologias; Promover cursos, seminários, simpósios e palestras; Prestar apoio, na sua área de atuação, às cooperativas, núcleos rurais, associações e organizações de pequenos produtores; Orientar e acompanhar a formalização de convênios, contratos, ajustes, acordos e outros instrumentos congêneres. Sendo de competência exclusiva da Coordenação de Projetos, além das atribuições gerais da CDA; estudar, elaborar, executar e acompanhar os projetos e programas nacionais, com esta atribuição e para implementar os programas nacionais foi constituído no âmbito da CDA, a Unidade Técnica Estadual, para atuar no primeiro instante com o Programa Nacional Cédula da Terra e atualmente com o Programa Nacional de Crédito Fundiário, tendo como missão: 28 Acompanhar os processos de aquisição de terras para fins de reforma agrária; Estabelecer metodologias, orientar, acompanhar e apoiar as atividades de identificação, cadastramento, seleção e assentamento dos beneficiários da reforma agrária, coordenar a elaboração de planos e programas formulando as diretrizes básicas de programas de assentamento fixando as prioridades; Promover medidas e programas de assistência Técnica e apoio aos beneficiários da reforma agrária, nas fases de transferências e assentamentos com promoção de assistência técnica na implantação dos projetos, para tanto elaborar um plano de capacitação de técnicos e produtores rurais previsto na programação anual, propendendo o desenvolvimento sustentável das unidades produtivas do credito fundiário. Destarte, estas são as principais instituições que busca no âmbito do Estado implantar, coordenar e prestar serviços de Assistência Técnica para a reforma agrária, visando o ordenamento fundiário, o fortalecimento da organização da produção dos beneficiários da reforma agrária. Diante deste cenário, é mais que notável a importância, destas secretarias e dos Programas de Reforma Agrária, para os agricultores baianos. O acesso a terra, a inclusão social, a geração de emprego e renda no meio rural, o impacto positivo nas receitas agrícolas e pecuárias do Estado e a dignificação do trabalhador e trabalhadora rural do campo. Salientando que a opção de centrar esforços na contratação de Propostas de Financiamento para Aquisição de Terras no Estado é parte de uma estratégia do Governo Federal em concentrar e convergir várias Políticas Públicas em áreas que necessitam de acesso as políticas públicas territoriais visando o desenvolvimento dos pequenos agricultores. É notório que no desenvolvimento e construção de estratégias, visando à implantação da Política Nacional de Reforma Agrária no Estado e instalação do Programa: Cédula da Terra e Crédito Fundiário no cenário agrário baiano foi de 29 suma importância para diversos Agricultores que não tinham área para a produção familiar. Como também é notório, com base na análise realizada, que a metodologia para a formação inicial da Rede de Apoio do Crédito Fundiário teve como principio o conhecimento dos Técnicos acerca da reforma agrária tradicional, a exemplo dos Assistentes Técnicos que desenvolviam suas atividades no projeto LUMIAR, trabalhando com os Assentamentos do INCRA, assim no Estado a Rede de Apoio que conduziu as primeiras implementações do Programa Nacional Cédula da Terra foram os Técnicos remanescentes do LUMIAR. Outra observação que vale ser ressaltada, é que a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, instituição estatal de Assistência Técnica não participou das atividades de instalação do Programa Nacional Cédula da Terra. Procedimento que contribuiu e possibilitou o não fortalecimento das organizações produtivas dos projetos do PNCT. Portanto se as instituições da estrutura da SEAGRI tivessem convergido e atuado em conjunto na implementação e operacionalização do programa de credito fundiário ter-se-ia maior êxito das unidades produtivas do Programa Nacional Cédula da Terra no Estado. De posse da analise acima acerca da estrutura do governo da Bahia na organização e condução da política de crédito fundiário, pode-se fundamentar sobre as proposta de metodologia e de ações de capacitação a serem desenvolvidas junto a Rede de Apoio, voltadas para o acesso aos programas e Políticas de organização da produção e comercialização, visando o desenvolvimento do Crédito Fundiário do estado da Bahia. Para tanto se faz necessário conhecer a constituição e credenciamento dos profissionais de Assistência Técnica. 3.1- REDE DE APOIO/ ATER Sabendo-se dos órgãos da Secretaria de Agricultura que desenvolve suas atividades na reforma agrária e a constituição da rede de apoio de 1997, período da 30 instalação do Programa no Estado, em que a Rede de Apoio, tinha uma perspectiva, embasada na extensão rural clássica, uma relação, “Técnico transmissor de conhecimento para o agricultor”, que não visava à promoção do desenvolvimento econômico e social dos projetos, como também as ações destes Técnicos eram pontuais, por meio de visitas e dias de campo sobre técnicas, sem continuidade e desvinculadas de uma ação de desenvolvimento, pois estas ações tendem a gerar resultados de curta duração e nenhum processo de empoderamento para os beneficiários. Com base neste diagnostico negativo da Rede de Apoio, o Ministério do Desenvolvimento Agrário através da Secretaria Reordenamento Agrário que em 2003 instituiu o SREDE, o qual permite o cadastro e a habilitação de técnicos e instituições que integram a Rede de Apoio do PNCF. Esse cadastro fornece uma visão da capilaridade e da qualificação da Rede de Apoio. (MDA/SRA) Essa nova rede de apoio tem como orientador o PNATER, quando novas preposições, metodologias e estratégias é formatada para os Técnicos que desenvolvem suas atividades junto aos Agricultores Familiares. O PNATER foi constituído a partir das evidências e as experiências negativas acerca do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural no País. A Política Nacional de ATER busca capacitar e qualificar os serviços de ATER para que a agricultura familiar se desenvolva com sustentabilidade econômica, social e ambiental, assim, novos parâmetros vêm sendo construído na política e serviços destes profissionais, pois foi constatado que depende, em grande medida, da capacidade do Técnico de se realizar um acompanhamento continuado, inserido e comprometido com as dinâmicas sócio- econômicas existentes. A construção do conhecimento e a mobilização para uma ação de inclusão cidadã, promotora de uma sociedade sustentável, isto requer continuidade e compromisso ético dos serviços de ATER e dentre estes serviços os prestados aos beneficiários do PNCF. 31 Por fim, o que se apreende fundamentalmente dessas experiências é que deve ser feita uma escolha política de atuação enredada com as organizações de agricultores, deve haver a disposição de atuação numa perspectiva de diálogo em redes horizontais, uma busca permanente de reconhecimento das estratégias de reposicionamento da agricultura e suas dinâmicas organizativas. O que pressupõe, enfim, assumir corresponsabilidade na construção de um projeto de desenvolvimento que vai ganhando densidade e amplitude no seu desenrolar. Nesta perspectiva SREDE/SRA/MDA, um cadastro de buscando identificar e Assistentes organizar as Técnicos esta atividades no destes profissionais, abaixo lista destes profissionais do estado da Bahia, a qual tem técnicos de Entidades, organizações não governamentais e governamentais. 32 INSTITUIÇÕES CADASTRADAS NO SREDE QUE ATUA JUNTO AOS BENEFICIÁRIOS DOS PROJETOS DO PNCF NO ESTADO DA BAHIA NOME DOS TÉCNICOS ENTIDADE SITUAÇÃ ÁREA DE S O ATUAÇÃO SUDOESTE, IRECÊ, SUL E ADINAEL MARTINS DE OLIVEIRA, ANTONIO MÁRIO BARBOSA ALMEIDA, ANTONIO MÁRIO BARBOSA ALMEIDA, CLÉCIO DE JESUS FONSECA, CLEITON O. SILVA, DANIELA FREITAS FERNANDES, DANIELA FREITAS FERNANDES, FABIO OLIVEIRA PINTO, GLEDSON MARCOS CAMPOS FETAG HABILITADO TELES, MARCELO LAYANDYS SANTOS, SANDIA ALVES DOS SANTOS, DURVAL LIBÂNIO NETTO, JOÃO EMMANUEL MURARO DA SILVA, BAIXO SUL, CHAPADA DIAMANTINA, BACIA DO RIO GRANDE, BACIA DO ISABEL OLIVEIRA, RODRIGO HAUM. RIO CORRENTE. ADRIANO ALMEIDA SOUZA, ALMIR OLIVEIRA - PRONAF, ANA CLÁUDIA GURGEL, ANDERSON SILVA DOURADO, ANTÔNIO ALVES GUIMARÃES, ANTONIO EDSON CHIACCHIO, ARISTIDES COSTA DE QUEIROZ, ARISTON NEVES SANTOS – PLANTA, CLODOALDO DA SILVA DOURADO, DANILO SÁVIO BIONES BARRETO, EDELVITO SOUZA MATOS JUNIOR, ERISVALDO CAVALCANTE TEIXEIRA,EVONALDO BISPO DE AZEVEDO, GILNEY FERREIRA SUDOESTE, LITORAL RIOS, GILSON LIBERATO, GILTON RAMOS DE ARGOLO, HELIO RICARDO LIMA OLIVEIRA, HUMBERTO NORTE, IRECÊ, BARRIOS, IONE MARIA SOARES DE CARVALHO, ITAMAR QUEIROZ DE SOUZA, IVAN CONRADO FONTES, JOÃO GONÇALVES NETO – PLANTA, JOSÉ GERALDO GALVÃO, JOSÉ PAULO NUNES, JOVINO GOMES DE ALMEIDA NETO, KALIL SALLES F MARCO ANTONIO GONÇALVES LIBERAL ILHO, KÁTIA CELESTE AMOEDO , LUIS EUSÉBIO FILHO, MANOEL EVANGELISTA CUNHA, MARIA DE LOURDES SUDOESTE, BAIXO SUL, AUTÔNOMO ATUANTE PEREIRA DA SILVA, MARIA DJALMA DE ABREU – NATE, NÉLIO OSSAN BARBOSA GURGEL, NELSON BRASIL DE CARVALHO, OTÁVIO JOSÉ LITORAL NORTE, SUDOESTE – JEQUIÉ, SUL, CHAPADA DIAMANTINA, DE LIMA, PAULO AFONSO LEIRO BAQUEIRO, REJANE MAGALHÃES BORGES MAIA, RODOLFO JOSÉ FERRAREZI, ROGACIANO NASCIMENTO OESTE, NORDESTE II, VIEIRA DE BRITO JR. SÂNDALO RICARDO REGO PAIM, SIDINEI E. REIS, VICTOR ITÁLICO DA VEIGA, DAILTON ALVES OLIVEIRA, YVES PIEMONTE NORTE DO MÁRCIO OLIVEIRA SILVA VINICIUS ANDRÉ MIQUETICHU SAMPAIO, ALEXSANDRO DE ARRUDA MONTEIRO, FRANK WELLINGTON E. CHAVES, ITAPICURU. PAULO GLEIG MELLO. ALMIR RODRIGUES DASCENO JUNIOR, ANDERSON FRANCISCONE AFONSO, TARCISIO MATOS COSTA. ANTONIO CARLOS RAMOS ANTONIO CARLOS SENA FERREIRA, CRISTINA DA SILVA NEVES, EMERSON OZIOS DOS S. OLIVEIRA, FRANKLIN S. PASSOS, MARCONDES N. MACHADO, RENATO COELHO DA SILVA FILHO. ANTONIO CUNHA BACELAR, GERSON DE DEUS. AGROTERRA ATUANTE EXTREMO SUL CLOROFILA ATUANTE NORDESTE COOTEBA ATUANTE LITORAL SUL EBDA ATUANTE PRONAF PARAGUAÇU, EXTREMO SUL. ANTÔNIO MATIAS DE SOUZA, RAFAEL P. COTRIM. ANTONIO RAIMUNDO MESQUITA DERALDO FERREIRA DASILVA (CLOROFILA) EDGAR SANTOS BOTELHO EDINA RIBEIRO, VALDIVINO RODRIGUES AECOFABA HABILITADO CDA ATUANTE PLACON ATUANTE PROJASTEC ATUANTE IRPAA HABILITADO RECONCAVO SUL IRECÊ CURAÇÁ, UAUÁ E EDNAEL ALEX ARAÚJO DA SILVA , ANTÔNIO DO AMARAL JARDIM FERNANDO FERREIRA OITICICA, JOSAFÁ COSTA SANTOS JAIR XAVIER DOS SANTOS, JOSÉ CARLOS DIAS DA SILVA JONES RICARDO SELBACK JOSÉ EDUARDO ROCHA REIS, JOSÉ IVAMBERG F. SILVA, JÚLO CÉSAR, ORLANDO SAMPAIO FREIRE DE MELO, ENÉAS LIMA SANTOS, JAIR DÓREA DA SILVA, CÉLIA N. DOURADO PASSOS, JOSÉ AUGUSTO MONTEIRO DE CASTRO LIMA KARY VIRGINIA MARTINS LISBOA, PAULO HENRIQUE DE SOUZA SANTANA, EDUARDO RAMOS CRUZ, LUIS CARLOS GOMES DOS SANTOS, MATEUS SILVA PARAGUAI. MANOEL ALEXANDRE DE SOUZA MAOMAX LOPES DE SÁ, VANÓBIO FERREIRA DA SILVA. REYNNAM PATRICK DA HORA ALVES ROBSON GOMES KISAKI, QUIONEI DE ARAÚJO SILVA. RONES FLASGORDES SOUZA JUAZEIRO. FETRAF HABILITADO CAFASPI HABILITADO PIEMONTE DA DIAMANTINA TERRAGUÁ MOC ATUANTE IES HABILITADO LITORAL NORTE, PARAGUAÇU. CRASBA PREFEITURA DE SOBRADINHO ATUANTE CUT HABILITADO CURRÍCULO HABILITADO IDES- CFR HABILITADO INSTITUTO ALIANÇA HABILITADO FONTE: UTE/CDA-BA ELABORADO PELA CONSULTORA 35 Analisando o quadro acima da rede de apoio do PNCF oficializada a partir de 2003, se percebe que na sua maioria são constituídos os serviços de ATER por empresas privadas e Assistentes Técnicos autônomos, totalizando trinta e cinco técnicos, também se observa que a maioria destes profissionais desenvolvem as atividades de extensão rural desde o Cédula da Terra. Outro dado relevante na apreciação, diz respeito ao fator que por determinação da SRA/MDA para as atividades de Assistência Técnica junto aos beneficiários do PNCF, só pode ser realizada por Empresas, Federações e Entidades credenciadas, procedimentos que muitos destes profissionais autônomos, perderam as credenciais e estão desabilitados do SREDE. Nesta configuração, nota-se que há um déficit na equipe de Assistente Técnico que compromete o desenvolvimento dos projetos no Estado necessita-se ampliar e renovar este quadro de profissionais que atuam diretamente com o PNCF, uma das possibilidades é constituir no programa mecanismo, visando à inserção e ampliação, ou seja, mais profissionais credenciados no SREDE, visando aperfeiçoar as ações junto aos beneficiários. Tendo como uma das possibilidades, que os executores do programa (MDA/SRA, UTEs ), poderiam adotar é convênios e parcerias com universidades de agronomia e ciências sociais com a finalidade de inserir estagiários para atuar no PNCF em todo Brasil, procedimento que ampliaria o quadro de ATER e por conseguinte o desenvolvimento produtivo e social das unidades produtiva. Outra possibilidade é a construção de mecanismo junto a UTE/CDA e EBDA visando à inserção da mesma com maior eficácia na atuação junto aos projetos do PNCF, porque o ATER público, dentre outros fatores, conta com um quadro de profissionais constantes, processo que tendem a ter um maior comprometimento e sistematização na prestação dos serviços para as famílias beneficiária. Sem mencionar que a Assistência técnica de uma instituição pública, distingue-se das empresas privadas e o denominador comum desses dois tipos básicos de prestação de serviços de assistência técnica situa-se na lógica perversa, para os “beneficiários”, que regula o repasse de recursos financeiros para remunerar o trabalho de ATER, na aplicação dos recursos de SIC e na elaboração dos projetos de PRONAF, tendo descontinuidade entre as etapas de execução das atividades do SIC e do PRONAF A. Além dessas premissas acima, o mais importante e de maior ponto de entrave no estado é quando a Assistência Técnica tem atraso nas elaborações dos SICs e dos projetos de PRONAF, resultando na demora das liberações dos recursos por parte da UTE, o que limita e prejudica a implantação e desenvolvimento do projeto. Isto na maioria das vezes dificulta o acesso aos recursos do PRONAF- A, impossibilitando a estes beneficiários a implantação das suas unidades produtivas, responsáveis pela produção e inserção no mercado, visando à manutenção da família e geração de renda. Vale salientar que para o alcance do desenvolvimento social e produtivo das organizações dos projetos do PNCF, e, por conseguinte dos beneficiários, as inúmeras dificuldades e restrições impostas de acesso ao mercado, necessita ser superadas, tanto por parte das entidades (FETAG, FRETAF e REDE de APOIO), como pelos executores do PNCF no Estado. 3.2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO A PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO Segundo CARNEIRO (1997) apud PRONAF (1996) eleger a agricultura familiar como protagonista da política orientada para o desenvolvimento rural, apesar de todos os impasses da ação pública, não deixa de ser um indicativo de mudanças na orientação do atual governo em relação à agricultura familiar e aos próprios agricultores. Ainda mais quando se pretende ampliar o conceito de desenvolvimento com a noção de sustentabilidade incorporando outras esferas da produção a exemplo da inserção dos Agricultores aos mercados. Neste contexto incluir agricultura familiar dentro dos canais de comercialização é fator inerente ao sucesso e sustentabilidade das suas atividades rurais. 37 O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF foi criado através do Decreto Presidencial nº 1946, de 28 de junho de 1996 e os normativos dispostos no Manual de Crédito Rural no Título Crédito Rural no Capítulo - 10 da Seção -17. Os créditos tratados nesta seção são destinados exclusivamente às famílias beneficiárias do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) enquadradas nos Grupos "A" e "A/C" do PRONAF. Os créditos do Grupo "A" são de investimento e devem ser concedidos mediante apresentação de projeto técnico. (MCR, 2013) O mesmo financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País. (MDA, 2013). O PRONAF tem a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável dos projetos de reforma agrária, ou seja, para os agricultores familiares, de modo a lhes propiciar o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos e a melhoria da renda. Contudo os projetos elaborado pelos Assistentes Técnicos da rede de apoio do PNCF, na maioria das vezes são feitos desvinculados da elaboração e implementação dos SICs, quando poderiam ser um instrumento de continuidade da organização produtiva realizada com os recursos do Subprojeto de investimento Comunitário. Procedimento que torna difícil a construção de estratégias e ações que fortaleça a participação dos beneficiários, nas ações de organização da produção e comercialização no âmbito do PNCF no Estado da Bahia. Ressaltando que, incluir o beneficiário do Crédito Fundiário, dentro dos canais de comercialização, principalmente os estatais é fator inerente ao sucesso e sustentabilidade das suas atividades rurais. A comercialização sempre foi e continua sendo um dos grandes entraves ao desenvolvimento e fortalecimento da organização produtiva do crédito fundiário, assim as políticas públicas ao propiciar acesso para o escoamento da produção de alimentos dos beneficiários, busca através dos mesmos contribui para minimizar os 38 problemas de comercialização, uma política necessária para os municípios essencialmente agrícolas e pequenos, a comercialização é o ponto central para o desenvolvimento dos estabelecimentos familiares, e também dos municípios. O Governo Federal criou os programas (PAA/PNAE). Através destes, o Estado passou a participar do processo de comercialização da agricultura familiar, garantindo a aquisição de produtos a preços justos e incentivando a pequena produção. Contudo, registra-se em vários documentos que defendem a importância da comercialização para a agricultura familiar no contexto agropecuário brasileiro, tendo em vista que a comercialização por parte dos agricultores demandam mais ações para que eles alcance os mercados estatais, e assim, conferir ao trabalhador rural papel de destaque na produção de alimentos e na geração de emprego e renda nas regiões. É necessário acrescentar o quanto o governo brasileiro, desde 2003, soma esforços com políticas públicas de inserção dos trabalhadores rurais nos programas de fortalecimento da agricultura como o PAA e PNAE. Os Programas de apoio à diversificação econômica como o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, regulamentado pelo decreto Nº 7.775, de 4 de Julho de 2012, com base no art. 19 da Lei 10.696, de 2 de julho de 2003, que institui o Programa de Aquisição de Alimentos no país. Para a atuação do programa os recursos têm aporte do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MDS e do Ministério Desenvolvimento Agrário – MDA. O PAA é desenvolvido por meio de cinco modalidades, tendo como executor Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa que nos estados é operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, governos estaduais e municipais. Para participar do Programa, o agricultor deve ser identificado como agricultor familiar, sendo identificado por meio de uma Declaração de Aptidão - DAP (Mapa, 2013). Outro programa para diversificação econômica da agricultura familiar é o 39 Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE criado pela LEI Nº 11.947, de 16 de junho de 2009 e regulamentado pela Resolução nº 38, do Conselho Deliberativo do FNDE, que descreve os procedimentos operacionais que devem ser observados para venda dos produtos oriundos da agricultura familiar às entidades executoras como secretarias de educação ou aquelas, que recebem recursos diretamente do FNDE. (MAPA,2013) Vale divulgar que os estados e municípios na operacionalização do PNAE tem como obrigação, de acordo com o Artigo 14 da Lei Nº 11.947, a qual determina a utilização de, no mínimo, 30% dos recursos repassados pelo FNDE para alimentação escolar, a compra de produtos da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações,a exemplo, das cooperativas familiares, priorizando os assentamentos de reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas(MDA,2013) As aquisições de produtos pelo PNAE têm como objetivo estimular o desenvolvimento do agricultor familiar, assegurando um canal de comercialização da produção, e, por conseguinte a geração de renda, agregação de valor ao produto, obtendo ganhos econômicos e sociais. No Brasil a comercialização da agricultura familiar pôr-se a expandir- se em decorrência da política de inserção nos canais e redes comerciais estatais. Uma política reivindicada pelos movimentos sociais do campo, que desde a década de 80, buscam políticas que façam os agricultores se desenvolver com a venda da sua produção. Por fim, o PAA e PNAE são destinados à aquisição de produtos agropecuários produzidos por agricultores familiares que se enquadrem no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF sejam eles da reforma agrária ou não. O que os beneficiários do PNCF precisam é que todas as lacunas relacionadas às deficiências da rede de apoio sejam superadas e possibilite a inserção nos programas de comercialização estatal, e que o fornecimento de serviços de assistência técnica contribua diretamente para o sucesso das associações e a melhoria das condições de vida das famílias assentadas. 40 4. - PROPOSTAS COM AÇÕES DE CAPACITAÇÃO A SEREM DESENVOLVIDAS NO ÂMBITO DO PNCF Com base nos axiomas acima acerca dos entraves dos serviços de ATER no âmbito do PNCF no Estado e os impedimentos para a inserção dos associados nas redes e canais de comercialização, outra questão que deve ser levada em consideração é a limitação dos técnicos da Rede de Apoio referente a capacitação e nivelamento nas ações no momento de implantação das unidades produtivas. Segundo documento do (PNATER, 2007), “a intervenção dos agentes de Ater deve ocorrer na prática, visando resgatar a história, identificar problemas, estabelecer prioridades e planejar ações para alcançar soluções compatíveis com os interesses, necessidades e possibilidades dos beneficiários envolvidos”. Ainda com base no documento, os aspectos relacionados ao planejamento, discussão e elaboração de instalação dos projetos, precisa de ações que levem em consideração os potenciais produtivos de cada imóvel, a aptidão e cultura do grupo beneficiário, análise com planejamento do mercado local e regional, transformando as unidades produtivas em espaços geradores de emprego e renda, garantindo a sustentabilidade e a consolidação das unidades produtivas e de suas respectivas famílias. Outro item identificado no documento, diz respeito a “metodologias participativas e uma pedagogia construtivista e humanista, esta metodologia que deve permitir, também, a avaliação participativa dos resultados e do potencial de replicabilidade das soluções encontradas, para situações semelhantes em diferentes ambientes”. De forma que, para a Rede de Apoio cumprir as determinações da PNATER e PRONATER, as limitações pontuadas no subitem anterior tem a possibilidade de superação através de capacitação acerca da importância e viabilidade produtiva quando da implantação do projeto, junto a isto, incorpora um planejamento comercial baseado no consumo local incluindo as feiras livres e a comercialização estatal do 41 PAA e PNAE nas diversas modalidades, a exemplo da comercialização da secretaria municipal de ação social na modalidade doação simultânea e a secretaria de educação na modalidade da merenda escolar com entrega nas unidades escolares estaduais e municipais. Estas são as ações principais, que necessitam ser avaliada ao final dos dois anos dos serviços prestados pelo Assistente Técnico do PNCF. Para tanto, primeiro, a rede de apoio necessita ser sensibilizada da importância dos projetos estarem inseridos em todos os canais possíveis de comercialização, se os agricultores beneficiários estão com boa venda nas feiras livres, que tenha também boas vendas no mercado estatal, porque para o beneficiário quanto mais canal de comercialização melhor, pois vai possibilitar ampliar sua capacidade produtiva. Observe que antes da capacitação sobre PAA/PNAE a Rede de Apoio necessita de procedimento para assimilar a importância dos Assistentes Técnicos e Beneficiários estarem articulados com as políticas e programas dos governos: Municipais, Estadual e Federal, pois na conjuntura do momento os projetos do PNCF para alcançar a eficácia precisam estar alocados nas diversas políticas e programas, que tenha a possibilidade de se reverter em inserção nas diversas formas de organização da produção e comercialização seja do estado, sejam das políticas federais. Nesta configuração e com base na resolução do CNDRS de 2011, se faz necessário à construção de espaços, visando seminários e conferências do Programa Nacional de Crédito Fundiário, nesses espaços necessitar estarem presentes os profissionais prestadores de serviços de Assistência Técnica, Executores do Programa e Beneficiários do PNCF, podendo participar destes ambientes também os Assentados do PNRA, porque as demandas dos Agricultores Beneficiários da Reforma Agrária são similares, e, mas, atualmente qualquer política e ação voltada para área rural terá mais eficiência e eficácia se for articulada em REDE. 42 Ressaltando que a organização das conferências necessita ter como ponto inicial reuniões: Primeiro nas unidades produtivas do Estado e com a participação de todos os Associados; Seguindo encontros Municipais com os Associados eleitos pelos membros das associações; Em seguida as conferências: territoriais, estaduais e ao final conferência nacional. Os objetivos para o debate devera ser acerca das limitações enfrentadas: pela executora do Programa; pela Rede de Apoio e Beneficiários para atingirem eficiência na construção e implantação das Unidades Produtivas, tendo como pauta um planejamento e estudo dos principais entraves e dificuldades enfrentadas pelos: Beneficiários, ATER e UTE na organização social e econômica, este procedimento poderia ter como instrumento para legalização um normativo do MDA/SRA e UTE. Ademais vale divulgar que, os resultados destas conferencias vão identificar as principais demandas e possibilitar a formulação de estratégias universal, para a SRA /DCF, visando a superação destes entraves, pois se terá um diagnostico global das dificuldades que passam os beneficiários brasileiros da reforma agrária. Por fim, de posse da demanda universal dos beneficiários e quais as ações necessária para a organização da produção e comercialização no âmbito do PNCF pode-se formular estratégias ações que viabilize o sucesso das unidades produtivas. Como também, depois das conferências, os cursos de capacitação da Rede de Apoio têm possibilidades maiores de êxito e acerto, tendo em vista que nas conferências se terá uma visão geral das limitações e possibilidades dos Técnicos da rede de apoio para empreender ações que corrobore com as unidades produtivas alcancem o desenvolvimento social e econômico. Sem contar que, deste evento se teria uma proposta metodológica para as 43 capacitações da REDE de APOIO, voltada para o acesso aos programas e Políticas de organização da produção e comercialização visando o desenvolvimento do Crédito Fundiário do estado da Bahia, e por consequência o fortalecimento dos Agricultores Beneficiários. 4.1 ESTRATÉGIAS E AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS JUNTO A REDE DE APOIO É atribuída a REDE DE APOIO grande responsabilidade pelo sucesso das unidades produtivas do PNCF, ou seja, acredita-se que quando capacitada, recuperada, ampliada e fortalecida tem grande capacidade para, junto com outros fatores, melhorar as condições produtivas e a organização social e econômica desse beneficiário do crédito fundiário. Além dessa grande responsabilidade, a REDE DE APOIO, se pressupõe contextualizada a partir de um enfoque sistêmico, de uma metodologia participativa e com base nos normativos do PNCF e PNATER/PRONATER, também suas ações poderá constituir um fator preponderante para o desenvolvimento sustentável das unidades produtivas e para o fortalecimento da organização produtiva e comercial, visando à inserção dos beneficiários nos canais e redes local e regional, ou seja, um ATER para atuar no Programa hoje necessita ser capacitado para ter uma visão micro e macro do grupamento das Associações, um procedimento que constrói o espaço do agricultor nas diversas esferas produtivas e de mercado. Salientando que, a Formação e capacitação pressupõe um processo de avanço do conhecimento e da consciência, capaz de despertar e fortalecer habilidades, dinamizar o saber local apropriado pelos atores envolvidos, criar novos conhecimentos e disseminar informações úteis para os objetivos de cada grupo social, de modo a permitir mudanças de comportamento e de atitudes a partir da leitura crítica da realidade concreta. (PNATER, 2007) Nesta configuração algumas estratégias e ações de capacitação necessárias para REDE de APOIO serão propostos em 02 projetos para o fortalecimento das 44 ASSOCIAÇÕES e ATER no que tange a organização da produção e comercialização nas áreas do Programa Nacional do crédito Fundiário na Bahia. 45 PROJETO PROPOSTO 01: SEMINÁRIOS PARA ASSISTENTE TÉCNICO NA FORMAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, VISANDO A DINAMIZAÇÃO ECONÔMICA DOS PROJETOS DO PNCF. Objetivo Ações Forma de execução Resultados esperados Cursos/eventos para ATER de formação/capacitação básica, intermediária e avançada ministrado por agentes de Os seminários de desenvolvimento em associativismo, organização social e formas capacitação serão das Bases de Serviços de ATER, voltadas para geração de Planejamento, visando inserção na comercialização de realizados nos Municípios de soluções para problemas e desafios próprios Dos Qualificação e criação de competências locais através Promover seminários de produtos e serviços da agricultura familiar. formação e compreensão Capacitação através de oficinas, para dirigentes, associados, orientação do MDA e contínua acerca da importância técnicos, funcionários e parceiros dos empreendimentos coletivos fiscalização da UTE,sendo um processo educativo continuo e sistemático tanto dos das ações voltadas para a da agricultura familiar. que o Agente poderá ATERs, como dos Associados, voltado para autogestão e implantação e o desenvolvimento Capacitação em planejamento e gestão de empreendimentos, enviar a proposta e o para a ampliação da governança dos empreendimentos das Associações e as visando à participação nas cooperativas como estratégia de projeto a UTE produtivos no âmbito das cadeias produtivas locais e competências que deve ter o dinamização econômica e inclusão social dos beneficiários do apresentando as Bases de regionais; profissional responsável pelo PNCF. Serviços locais /regionais. projeto para uma atuação ativa e Capacitação de desenvolvimento do cooperativismo e da Os agentes podem ser de conhecimentos através de estudos e aprofundamentos efetiva nos processos de comercialização em processos de comunicação e informação em das universidades, centros teóricos; cursos de atualização e especialização de nível desenvolvimento rural sustentável apoio à organização da produção, consumo, comercialização e de formação e também universitário e através de sistematização e difusão de da Associação, com foco na crédito. através de contratos e organização da produção e Capacitação e desenvolvimento em instituições e órgãos da comercialização no âmbito do agricultura familiar em eixos temáticos para a implementação e PNCF. gestão de projetos sócios produtivos visando à dinamização do e Territórios, com a convênios com a experiências exitosas em comercialização. Resgate junto aos educadores (as), gestores (as), técnicos (as) e produtores (as) acerca da importância de EMBRAPA, SENAR e se recriar valores e atitudes éticas e morais tais como associativismo, alteridade, fraternidade, honestidade, ampliar as bases de serviço e a produção/comercialização. Apoio à elaboração, edição e publicação de material didático Construção de mecanismos de produção e disseminação projeto PNCF. Ampliação e qualificação do quadro técnico da rede, visando Associados ao PNCF; Ampliação das atividades associativas por intermédio de SEBRAE. confiança e respeito ao próximo. orientador do serviço de ATER, podendo ser a cartilha do Assistente Técnico que atua junto aos Beneficiários do PNCF. 46 PROJETO PROPOSTO 02: METODOLOGIA E AÇÕES DE CAPACITAÇÃO A SEREM DESENVOLVIDAS JUNTO A REDE DE APOIO. Objetivo Ações Forma de Resultados esperados execução Encontros; congressos organizados pelas federações, sendo que Os encontros com o corpo cada federação planeja e financiam os encontros, com pauta: as técnico das federações formas viáveis para a inserção dos beneficiários as redes e canais devem ser ministrados por de comercialização local, regional e Estadual. Capacitar os Técnicos do PNCF, com Instituições que manipula Conferência e seminário Estadual, semestral; visando intercambio os programas, voltados com das principais ações a serem tomadas de forma universal pela para a inserção e rede de apoio, beneficiário, técnicos da UTE. fortalecimento da mobilização de dos articulação produtores e para resolução dos problemas típicos da agricultura familiar na comercialização da agricultura familiar, Intercambio entre Associações e Técnicos de um mesmo território, produção e tendo uma inserção justa em mercados. visando à troca de experiência dos enfretamentos dos entraves comercialização. A capacitação também vai Viabilizar vivenciado e as experiências exitosas. apoio à organização da produção e o desenvolvimento das associações . universal, visando ações iguais no desenvolvimento das Profissionais de vista à constituição de uma base técnica capacidade Técnicos da Rede de Apoio e Federações com uma pratica As Conferências no primeiro momento debate só com os profissionais que atua com o PNCF, segundo momento com a participação das atividades Extensionista no âmbito do PNCF Construção de uma estratégia metodológica acerca das atividades que devera ter os profissionais que atuam no âmbito do PNCF Rede de apoio atua com base nos princípios do PNATER. Técnicos com visão macro e micro das demandas das associações no Estado. Técnicos capacitados para se articular junto as Secretarias que operacionaliza o programa comercial do governo da Bahia. Fortalecimento da organização da produção e comercialização dos produtos originados das áreas do PNCF no estado da Bahia. Secretarias que atua com o PAA/PNAE doação simultânea e a CONAB. 47 Considerando a importância de desenvolver estratégias ações para a REDE de APOIO, visando o fortalecimento da organização da produção e comercialização dos produtos oriundos do Programa Nacional do Crédito Fundiário no estado da Bahia, é necessário primeiramente que se trabalhe a educação informal, a capacitação, a formação e a qualificação não simplesmente dos Assistentes Técnicos da REDE, mais também de todos os Profissionais envolvidos nas Associações do PNCF. Os projetos acima propostos têm como objetivo fortalecer a participação dos Assistentes Técnicos da REDE, nas ações de organização da produção e comercialização, estes projetos devem ser preservados e fortalecidos por meio da construção de uma agenda semestral elaborada pela UTE/CDA, incorporando a esta agenda, outros subprojetos de formação, um cronograma de identificação, uma estratégia de avaliação, acompanhamento dos resultados e atendimento às demandas de formação surgidas no âmbito das unidades produtivas do PNCF no Estado da Bahia. 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS O principal objetivo perseguido na pesquisa foi conhecer as diversas formas de organização e construção da Assistência Técnica e Extensão Rural do País e do Estado, direcionada para o fortalecimento da organização social e econômica da Agricultura Familiar. Nesta mesma diretriz foi à pesquisa acerca da PNATER E PRONATER e os normativos de ATER, uma análise buscando relacionar esses normativos com as atuações da REDE de ATER no âmbito do PNCT/PNCF no Estado, com mais um ponto na análise, as possíveis “sanções” caso não se verifique o desenvolvimento das unidades produtivas no momento da fiscalização final realizada pelos fiscais do MDA/SRA e UTE e a única penalidade prevista nos documentos analisados foi o descredenciamento do sistema SIATER. O esboço aponta que, a formação da Rede de ATER do Programa Cédula da Terra foi constituída em um momento difícil que passava a organização do Assistente Técnico e Extensão Rural no País, pois a época em vários Estados acontecia retração dos serviços de ATER, pois o Governo Federal extinguiu as EMATERs um processo que resultou em desorganização do sistema e das instituições estatais de extensionismo nos Estados. O arcabouço também aponta, que estes serviços de ATER voltados para a agricultura familiar da forma como funcionava sem monitoramento e avaliação dos resultados, por parte do Governo Federal resultou em unidades produtivas longe dos padrões de desenvolvimento social e econômico preconizado pelo Programa, isto é teve pouca eficácia para o agricultor beneficiário, que se observa até os dias de hoje, são varias unidades com dificuldades diversas, desde imóvel impróprio para cultivo, a áreas totalmente isoladas e quando próxima de uma propriedade é cercada pelo agricultor não familiar que termina se apropriando da força de trabalho dos Associados. 49 Por fim, um dos achados mais relevantes deste trabalho refere-se ao fato e importância da DESCOBERTA de como foi à construção do sistema de assistência técnica para o Programa de Crédito fundiário no Estado, pois de posse deste conhecimento a compreensão das dificuldades que passa os agricultores do Programa Nacional Cédula da Terra fica mais precisa e evidente, como também fica evidente o desinteresse dos antigos profissionais que constituía a rede de apoio em permanecer como Assistente Técnico do PNCF,os mesmos perceberam que a fiscalização vem acontecendo de forma sistemática. Salvador-Ba, 22 de julho de 2013 Raimunda Maria dos Santos Consultora PNCF-BA De Acordo, 50 REFERÊNCIA CARNEIRO, Maria José. Política pública e agricultura familiar: uma leitura da Política Agrária do País Disponível em: http://ar/libros/brasil/cpda/estudos/oito/carneiro. Acessado em: 11/01/2013. CAPORAL, Francisco Roberto; COSTABEBER, José Antônio. Agroecologia e Extensão Rural: contribuições para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004. DIAS, Marcelo Miná. Políticas públicas de extensão rural e inovações conceituais: limites e potencialidades Revista Perspectivas em Políticas Públicas, Belo Horizonte, v.1, n.1, jun./dez. 2008. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Secretaria de Reordenamento Agrário. Programa Nacional de Crédito Fundiário: Projeto Crédito Fundiário e Combate à Pobreza Rural (incluindo o Nossa Primeira Terra). Manual de operações. 2009. Distrito Federal /Brasília. 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