Turismo e Áreas Litorâneas: o Caso da Bahia Peter H. May & Marília Pastuk José Dantas Juliano Coutinho Mércia Silva Natália Melo Nicole Leoni Rafael Farias Introdução • • • • Zona Costeira da Bahia Superfície: 40.102 Km2 Extensão: 1.181 Km População da zona litorânea: 4.767.071 Hab Densidade demográfica: 118,87 Hab/ Km2 Ecossistemas Naturais - Extremo norte: diversificado (restingas, dunas, lagoas e mangues na planície costeira e logo, por súbita elevação do terreno, aparece a vegetação de transição cerrado / floresta ombrófila densa e aberta - Salvador - Ilhéus: Baías, enseadas e desembocaduras que configuram rios e ilhas. Praias, afloramentos rochosos e mangues - Região interior: recôncavos, tabuleiros diferenciados pelo menor relevo e menor definição nas superfícies planas e áreas mais elevadas - cobertos por floresta ombrófila densa - Região sul: floresta proxima da costa, chegando à praia, onde a formação de tabuleiros é mais extensa e com inclinação mais suave. Na planície resultante das ações marinhas e flúvio-marinhas e na embocadura dos rios, há a presença de terraços e manguezais. Legislação Art. 225 § 4.º “(...)Zona Costeira é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.” Lei 7661, de l988 Instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro ( PNGC ) • Setores da faixa costeira - Litoral Norte 1 e 2 (7.760 Km²) - Salvador/Baía de Todos os Santos (5.877 km²) - Litoral Sul 1, 2 e 3 (25.873 Km²) ►Patrimônio Estadual Ocupação inadequada Problemas Sócio-ambientais Mudanças: Extração de Petróleo Política de Industrialização para o NE O Problema Anos 80 ANTES DEPOIS Pesca Tradicional Empreendimentos Turísticos Extrativismo Especulação Imobiliária Agricultura extensiva Inv. Terra com Veg. Nativa Conseqüências: Ameaça ao Patrimônio Natural e Paisagens locais Descaracterização da Cultura da População Nativa Colapso das Atividades Tradicionais Atividade Turística implica compromete Ocupação irregular do solo interfere Meio Ambiente Desafio: Conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental e cultural APA Conceito: • A área de proteção ambiental (APA) é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem com objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.(SNUC - lei 9.985/2000). Estratégia Do Governo Estadual: Transformar a Bahia No Principal Destino Turístico Do País • A meta é transformar a Bahia no maior centro receptivo do turismo internacional do Brasil, promovendo reestruturação no setor turístico, através de incentivos investimentos no turismo e a criação do Cluster de Entretenimento. As APA’s – Áreas de Proteção Ambiental. • A parte inicial do plano de desenvolvimento turístico da Bahia envolveu a criação das APA’s – Áreas de Proteção Ambiental em toda a costa baiana, estabelecendo-se as zonas de uso e regras de utilização e ocupação do solo,distribuídas pelas Zonas Turísticas. • APA’s oferecem oportunidades para o desenvolvimento econômico das populações no presente sem prejuízos para as gerações futuras, harmonizando o desenvolvimento de atividades produtivas com a proteção dos recursos naturais, a preservação dos conjuntos arquitetônicos e a valorização dos bens culturais. As APA’s asseguram a implantação e a consolidação de projetos turísticos de baixa densidade ocupacional e de alto padrão qualitativo, com a garantia da manutenção ambiental, impedindo assim o turismo predatório. Dominação Quantidade Área (ha) Área UC / Área Estado (%) APA Estadual 28 3.069.787 5,41 APA Municipal 11 45.105 0,08 Descentralização institucional e co-gestão • Centro de Recursos Ambientais (CRA) e a companhia de desenvolvimento da região metropolitana de Salvador (Conder) SEPLATEC, SECTUR dividem a responsabilidade de gestão das APA’s • A regulamentação e a manutenção das APA’s cabe ao Conselho Estadual de Meio Ambiente: composto por 1/3 de produtores rurais, 1/3 de governo , 1/3 de ONG’s. Planos de gestão e zoneamento econômico ecológico Bahia • Resolução nº 10 do Conama, de 14 de dezembro de 1988 Art. 2º - Visando atender aos seus objetivos, as APA’s terão sempre um zoneamento ecológico-econômico. – Parágrafo Único - O zoneamento acima referido estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agro-pastoris, extrativistas, culturais e outras. • O ZEE tem a finalidade de determinar a estrutura de ocupação • ZPR- Zona de proteção rigorosa • ZPVS-Zona de proteção da vida silvestre • • • • ZOM- zona de orla marítima ZOR- Zona de ocupação rarefeita ZEP- Zona de expansão prioritária NUC-Núcleo urbano consolidado Tipologia das APA’s no estado • APA’s restritivas: 1000 a 15000 ha de extensão. Destacam-se as APA’s de Guaibim (2000ha), Coroa vermelha(4100 ha) e Mangue seco (3395ha) • Entre as grandes APA’s, destaca –se a do Litoral Norte (com cerca de 142000ha) e a de Maribus/Iraquara com (102000ha) criadas com objetivo de valorização econômica . Visão do governo da Bahia • Escolha o melhor lugar para fazer o seu investimento na Bahia “As Zonas Turísticas da Bahia são áreas planejadas para o desenvolvimento prioritário da atividade turística, por oferecem o melhor aproveitamento de seus atrativos naturais e culturais. Selecionadas por critérios de qualidade do produto e de proximidade a um pólo consolidado, cada uma das 7 Zonas Turísticas da Bahia possui uma ou mais Áreas de Proteção Ambiental - APAs, onde as características naturais e culturais são preservadas. Os locais são destinados à implantação de empreendimentos turísticos de lazer e entretenimento e dispõem de infra-estrutura de serviços públicos já implantada ou em implantação.” APA do Litoral Norte • 17 de Março de 1992 – Decreto Estadual nº 1.046 • 142.000 ha, do rio Pojuca até o rio Real em cinco municípios: Jandaíra, Conde, Esplanada, Entre Rios, Mata de São João. 25 mil habitantes. • Restingas, mangues, brejos, dunas, remanescentes de Mata Atlântica Importância Ecológica •Palmeira-buri (Allagoptera brevicalyx) •Maior desova de tartarugas do Estado: tartaruga-de-pente (Eretmochelis imbricata) •Pintassilgo-do-nordeste (Carduellis yarrellii) e Papa-taoca-da-bahia (Pyriglena atra) Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte Zoneamento Ecológico Econômico • ZEE - Art. 3º • BA-099, Linha Verde ou “A primeira estrada ecológica do país” • Povoado de Mata de S. João, Imbassaí – Lei municipal 52/96 de 31/12/96 - transformação do “Parque Ecológico do Sauípe” em área urbana – Destruição da cobertura vegetal (200 lotes que não pagavam impostos) – Revogada a Lei 52/96 - Art. 6º • Camaçari – Projeto de despejo de esgoto “tratado” – 2003- “Limpeza” de brejos para loteamento • “Seria quase impossível construir um hotel como nós queremos, na Europa. Lá as leis são rigorosíssimas. Já destruímos demais por lá.” (responsável da Iberostar, em declaração ao jornal A Tarde) •Reta Atlântico: multas por assoreamento de cursos d’água e outros comprometimentos •Produção de trabalho •“Não vim aqui para ver isto. Vim para ver coisas do povo. Isto aqui, para mim, é um palácio no meio de um deserto de miséria.” (representante do BID) APA de MANGUE SECO • Localizado no município de jandaíra. • Embora situada no Litoral Norte possui uma APA específica (Decreto Estadual de 06/11/91, área de 3.395 ha), de jurisdição Estadual (BA). Turismo x Proteção • Incentivos ao turismo “ecológico” • As APAS também permitem atividades econômicas no seu território. • Desenvolvimento sustentável = Preservação Ambiental e Exploração econômica da região. • Plano de manejo • Atividades lucrativa e danosas ao Ambiente Impactos • • • • Na flora e na Fauna; Nas paisagens; Na vida do habitantes locais; Na geomorfologia. APA de Guaibim Apresentação A APA Guaibim/ Ponta do Curral localizada no município de Valença, no sul da Bahia, com uma área de 2.000 ha. Possui grande faixa de praia, seu principal atrativo; Criada pelo decreto estadual 1.164 de 11/05/92; Características Clima quente e úmido, ecossistemas: restinga, manguezais e brejos; com baixa fertilidade natural por ser terreno arenoso, áreas alagadiças, dificultando a agricultura; Flora Mangue vermelho, Mata Atlântica como maçaranduba, ingás, palmeiras e dendê; Fauna Composta de aves como Bem-te-vi, Sofrê, socós, pica-paus, gaviões e patos selvagens. E animais como tatus, veados, pacas, e répteis como teiú e várias espécies de cobras; Comunidades Constituída de pescadores e pessoas que vivem do comércio de marisco, além de alguns latifundiários; Zoneamento (10 zonas) ZPVS – Zona de Proteção da Vida Silvestre; ZPR – Zona de Proteção Rigorosa; ZPV – Zona de Proteção Visual; ZOM – Zona de Orla Marítima; ZOR – Zona de Ocupação Rarefeita; ZUR – Zona de Urbanização Recente; ZOP – Zona de Ocupação Programada; NUC – Núcleo Urbano Consolidado; ZEP – Zona de Expansão Prioritária; ZES – Zonas de Expansão Secundária. Conflitos Ambientais • Desmatamento, Uso e ocupação desordenado do solo, Poluição por falta de saneamento básico, Pesca predatória, com rede de malha fina; • Destruição dos arrecifes • Em Março de 2003 morte de toneladas de peixes ocasionada pela indústria do petróleo ANÁLISE DA SOLUÇÃO • Experiência recente e pouco avaliada. • Beneficiários: proprietários de terras, município e estado. • “A população local eventualmente poderá vir a beneficiar-se dessas áreas”. • Municípios com fragilidade administrativa. • Falta de pessoal qualificado. ANÁLISE DA SOLUÇÃO • Guaibim: garantir a viabilidade de eventuais interesses econômicos. • Resistência das prefeituras: obras de pequeno porte – Estado. • Proprietários: acordo, participação – valorização das propriedades. LIÇÕES • APA’s associadas a áreas de vocação turística. • Legislação ambiental – futuro ECONÔMICO das comunidades envolvidas. • Êxito: flexibilidade da ZEE, capacitação e participação popular. LIÇÕES • Bahia: muitas APA’s em pouco tempo – atividades devem ser de forma gradativa. • “A participação local no preparo dos planos de gestão, em oposição à sua licitação externa, tende a garantir um maior compromisso por parte dos participantes num acordo referente ao uso do solo respectivo.” – Cada um em busca do seu pedaço...