Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO ENSINO FUNDAMENTAL (ESEF) SOB UM
OLHAR INVESTIGATIVO: REFLETIR SOBRE O APRENDER DA DOCÊNCIA
Maria Erli Oliveira Azevedo (Faculdade de Educação de Itapipoca da Universidade Estadual
do Ceará - FACEDI/UECE - Bolsista PIBID)
Maria Gleiciane Barbosa (Faculdade de Educação de Itapipoca da Universidade Estadual do
Ceará - FACEDI/UECE - Bolsista PIBID)
Mário Cézar Amorim de Oliveira (Faculdade de Educação de Itapipoca da Universidade
Estadual do Ceará - FACEDI/UECE)
RESUMO
A educação científica no ensino fundamental apresenta uma série de desafios que precisam
ser enfrentados para que se alcance uma educação para a construção da cidadania; para se
preparar para esses desafios, é importante que os professores em formação aliem
conhecimentos específicos da área com os saberes da experiência docente. Nesse sentido, o
presente trabalho tem como objetivo apresentar algumas atividades desenvolvidas no contexto
da disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental (ESEF) do Curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas da Faculdade de Educação de Itapipoca da Universidade
Estadual do Ceará (FACEDI/UECE) e reflexões sobre o impacto dessas vivências na
formação inicial docente das alunas estagiárias que assinam esse texto.
Palavras-chave: Estágio Curricular Supervisionado; Professor Reflexivo; Ensino de
Ciências.
5461
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
INTRODUÇÃO
O Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental (ESEF) faz parte da grade
curricular do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Faculdade de Educação de
Itapipoca (FACEDI), unidade da Universidade Estadual do Ceará (UECE) no interior do
estado; a disciplina, para além do cumprimento de uma determinação legal de carga horária de
prática de ensino (BRASIL, 2002a, 2002b), apresenta-se como um dos tempos e espaços em
que os estudantes podem, através da participação ativa no campo profissional, confrontar e
perceber a teoria na prática.
O momento do estágio é de grande importância para a formação do futuro
profissional docente, pois é durante essa fase que se criam laços mais estreitos com a
profissão pretendida, por exemplo, proporcionando um melhor entendimento da profissão. O
Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental (ESEF) é a primeira disciplina a colocar o
estudante, então aluno estagiário, em contato direto com a escola; sendo assim, permite que o
mesmo tenha uma visão mais ampla dos processos que fazem parte do cotidiano de quem é
licenciado. Neste contexto, Pimenta e Lima (2004) consideram o estágio curricular como
objeto de favorecimento a percepção crítica dos futuros professores bem como, um momento
de desenvolvimento de suas aptidões para o campo do ensino.
A aproximação com a prática docente vivenciada no ESEF sugere novas
perspectivas aos futuros professores, pois é o inicio de uma trajetória de construção intelectual
e afetiva em relação à profissão docente fomentada pelas vivências durante esse período, que
podem contribuir efetivamente para uma melhor formação inicial. A partir da experiência com
o estágio, o licenciando está sendo preparado para se referenciar em suas próprias vivências
que irão servir de base para que o mesmo possa reconhecer o compromisso social que passará
a assumir: o compromisso de educar, de transmitir valores e compartilhar saberes.
Podemos assim, entender o estágio como uma atividade que compõe o currículo
dos cursos de licenciatura e ao mesmo tempo tem em vista a busca pela aprendizagem da
carreira docente através da interação do aluno com a realidade escolar, e a construção do
conhecimento na prática, podendo estes, refletirem sobre essa mesma prática, apontando os
desafios e as perspectivas colhidas durante tal percurso. Segundo Imbernón (2009), a
formação inicial de professores se caracteriza como sendo o processo de construção da
significação da profissão docente, pois representa o princípio da socialização profissional,
atribuindo o conhecimento básico ao futuro professor.
5462
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
Nesse sentido, com o presente texto pretendemos apresentar algumas experiências
vivenciadas no primeiro estágio curricular (Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental ESEF) que realizamos e que se constituiu da primeira experiência prática, propriamente dita,
consolidada em nosso curso de licenciatura; discutindo, a partir do resgate de reflexões
proporcionadas pelo professor da disciplina, as contribuições dessas vivências em nossa
formação inicial docente para o ensino de Ciências Naturais.
METODOLOGIA
O estágio permite o licenciando experimentar a vivência da dinâmica escolar de
forma mais efetiva, quando se coloca como uma ferramenta de socialização e de
integralização entre teoria e prática, onde o estudante começará a entender e perceber as
alegrias e dificuldades de atuar como profissional docente.
O estágio foi realizado entre os meses de fevereiro e março de 2014, em uma
escola da rede estadual localizada no centro da cidade de Itapipoca, região norte do estado do
Ceará. Para que houvesse uma maior familiarização com o espaço escolar, identificando
pontos favoráveis e obstáculos às atividades do estágio, foi realizado um levantamento inicial
(Diagnóstico da Escola) das condições de funcionamento da escola, desde as instalações
físicas até os recursos humanos. As informações coletadas, com autorização da direção da
escola, foram: histórico da escola, estrutura física e material, esfera administrativa e
organograma do núcleo gestor e projeto político pedagógico da escola. A partir do
levantamento desses dados demos início às principais atividades desenvolvidas durante esse
período.
A execução de nossa proposta de trabalho (Plano de Atividades de Estágio)
ocorreu de forma sistematizada, em harmonia com o plano anual (Plano de Curso) da
professora orientadora do estágio (regente) e com o cronograma de atividades da escola. Na
primeira etapa, observou-se o planejamento e as aulas ministradas pela professora regente.
Este método foi utilizado para avaliar de que forma ocorria o funcionamento de suas práticas.
Viu-se que o planejamento daquela instituição ocorre semanalmente, sendo que a docente
realiza um plano mensal onde coloca as metodologias que serão utilizadas em suas aulas
durante o mês. Contudo, utiliza o tempo do planejamento semanal para fazer anotações em
uma agenda pessoal sobre determinados conteúdos, além de aproveitar para fazer correções de
5463
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
trabalhos e provas. Acompanhamos suas aulas em duas diferentes turmas do nono ano, o 9° C
e 9º D.
Dando continuidade ao estágio, realizamos as atividades de regência, que
ocorreram somente na turma do 9° D. As regências foram realizadas em dupla, totalizando 10
horas aulas (h/a) de atividades. Verificamos que a configuração em dupla facilitou para que o
envolvimento com a turma ocorresse de forma mais tranquila, uma vez que as estagiárias
puderam agir em conjunto para elaboração de aulas mais dinâmicas e de forma mais segura, o
que reverberou em um satisfatório aprendizado pelos alunos.
A unidade abordada no estágio iniciou com o ensino dos conceitos relacionados a
‘massa, volume e densidade’ e encerrando com ‘separação de misturas’. Dentre as atividades
realizadas, destacamos a demonstração em sala de aula dos “estados físicos da matéria”, a
partir do uso de materiais do cotidiano dos estudantes. Outro aspecto importante foi a relação
interpessoal construída entre as estagiárias e os alunos, pois havia grande interação e notavase grande cooperação desses nas aulas, a partir das propostas de contextualização do assunto
com seu cotidiano.
O momento em que se deram as regências como a vivência do trabalho docente
em sala de aula foi muito significativo, uma vez que as estagiárias puderam experimentar de
forma mais significativa a prática docente. A preparação e elaboração dos planos de aula e o
planejamento das metodologias, bem como o exercício das regências em sala de aula, pode
transmitir um pouco da postura que o professor precisa assumir diante de uma turma de
alunos. Entretanto, percebemos que a primeira regência foi um momento de insegurança e
inquietação para as estagiárias, por ter sido o primeiro contato com uma sala de aula,
composta por alunos com diferentes realidades e demandas de aprendizagem.
A realização do estágio em dupla fomentou ainda a possibilidade de discutirmos
acerca dos fatores que fazem parte do cotidiano de quem é educador; portanto, este momento
foi de grande importância à medida que trouxe à tona as expectativas que permeiam o
trabalho docente. Essas atividades compõem o currículo dos cursos de licenciatura e ao
mesmo tempo tem em vista a busca pela aprendizagem da carreira docente, através da
interação do graduando com a realidade escolar e a construção do conhecimento na prática,
podendo este refletir sobre a mesma, apontando os desafios e as perspectivas colhidas durante
tal percurso.
5464
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
Utilizamos o diário de bordo (PORLÁN; MARTÍN, 1997) para colher impressões
acerca de nossas primeiras vivências no e do espaço escolar. Esse diário ofereceu elementos
para a elaboração do relatório final de estágio e se converteu em um material rico de
informações para analisarmos o impacto dessas experiências em nossa formação inicial
docente. É esse material que analisaremos na próxima seção, na perspectiva de estarmos
desenvolvendo habilidades e saberes docentes necessários na prática de um professor que
pesquisa e aprende na e com sua própria prática.
RESULTADOS (DA EXPERIÊNCIA) E DISCUSSÃO
Durante as vivências que ocorreram neste período pudemos verificar inúmeras
questões que permeiam o contexto escolar, analisando diversos fatores que fazem parte do
ambiente de ensino; aspecto destacado por Santana (2010, p.189) quando afirma que “o
Estágio Supervisionado passa a ser visto como um período em que o aluno estagiário pode
vivenciar e refletir a aplicação e análises das diversas atividades didáticas sugeridas como
também do processo de formação profissional”.
As etapas anteriores em que se fez o levantamento dos dados da escola foram
propícias para que as intervenções em sala de aula ocorressem com mais facilidade.
Constatamos que, com relação à estrutura física e material, a escola possui 12 salas de aulas,
funcionando nos turnos matutino (6 salas) e vespertino (outras 6 salas). É uma escola
pequena, mas muito bem administrada e organizada. Além das salas de aula, funcionam os
seguintes espaços: uma biblioteca, que também funciona como sala de leitura, uma sala dos
professores, uma quadra, uma sala da direção, uma sala de coordenação, uma cantina, 05
banheiros e 4 laboratórios, sendo um de biologia e três de informática.
Ressalta-se que as salas de aula são lotadas, esse fator dificulta na aprendizagem,
pois a professora regente na maioria das vezes não conseguia lidar com tão grande demanda
de perguntas que chegavam todo momento, quando não havia situações de indisciplina. É
importante uma discussão séria sobre a necessidade de procurar meios que diminuam o
número de alunos por turma, oferecendo a todos um espaço mais agradável e adequado de
ensino-aprendizagem. Percebemos nas turmas observadas, que a maior parte dos alunos é
atenciosa e participativa; eles geralmente questionam e respondem as perguntas da professora
e colaboram com as aulas. No entanto, a inquietação de alguns é perceptível, pois tentam
5465
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
chamar a atenção através de conversas e brincadeiras entre os colegas, muitas vezes com
insultos aos mesmos, estes chamam a atenção de toda a turma e algumas vezes interrompem a
aula.
Reconhecemos que o estágio é um importante momento de socialização e
(re)construção de conhecimentos teórico-práticos, no qual os estudantes de licenciatura tem
oportunidade de vivenciar experiências que colaboram para a consolidação de sua formação, e
através dessas vivências os licenciandos podem tornar-se mais críticos e reflexivos a partir da
pesquisa de sua própria prática (PIMENTA; GHEDIN, 2006). Pois como destaca Januário
(2008)
Por meio do ES, o aluno estagiário não entra somente nas salas de aula.
Entra, também, em seu futuro campo de atuação e é lá que terá seu primeiro
contato com os alunos, com a realidade da sala de aula, com o sistema
educacional e, ainda, com seus futuros colegas de profissão, em quem,
algumas vezes, tomará como referências, boas ou não, para a sua prática
pedagógica (JANUARIO, 2008, p.4).
Analisamos diversos fatores que fazem parte do contexto educacional.
Verificamos que a organização do planejamento da escola ocorre semanalmente e que o
mesmo é encarado como um momento em que os educadores podem organizar as
metodologias que empregarão em suas aulas, portanto constitui-se como uma alternativa de
melhorar a forma como os docentes se encaminham no decorrer de suas atividades, sendo
encarado como um meio de obter resultados significativos que promovam o aprendizado
coletivo.
A escola aplica (a informação que temos é que toda a rede estadual o faz) a lei que
determina que um terço (1/3) da carga horária docente seja destinada às atividades de
planejamento educacional. A partir da realidade que verificamos na mídia, em que poucas
redes oficiais de ensino acatam a lei do piso salarial do professor, verificar que a carga horária
de planejamento é respeitada na rede estadual do Ceará é promissor. Dá esperança de que
políticas voltadas para a melhoria da qualidade do ensino público estão realmente sendo
desenvolvidas. Nesse contexto, Libâneo (2002) argumenta que
O planejamento do ensino deve começar com propósitos claros sobre as
finalidades do ensino na preparação dos alunos para a vida social: que
objetivos mais amplos queremos atingir com o nosso trabalho, qual o
5466
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
significado social das matérias que ensinamos o que pretendemos fazer para
que meus alunos reais e concretos possam tirar proveito da escola, etc.
(LIBÂNEO, 2002, p.5).
As observações surgem como um meio de integrar o estagiário no contexto
educacional da sala de aula, pois o mesmo pode analisar de que maneira as atividades de um
docente experiente acontecem, e a partir disso o graduando adquire saberes que são relevantes
para o entendimento da prática profissional, portanto essa atividade é indispensável para o
conhecimento da profissão. Assim, Carvalho (2012) menciona a importância de uma maior
integralização das atividades docentes e da gestão escolar no que se refere à formação dos
licenciandos na perspectiva de superar uma visão fragmentada do contexto escolar como
prática pedagógica.
A partir das observações das aulas da professora orientadora do estágio
verificamos que na maioria das vezes há a utilização de aulas teóricas, utilizando o livro
didático como recurso mais empregado. Contudo, a mesma também utiliza aulas práticas no
laboratório de Biologia. Os alunos demonstram grande interesse por essas atividades, o que
revela a importância das aulas práticas nas escolas, no contexto da motivação para a
aprendizagem de ciências e uma vez que podem ser usadas como subsídios na
complementação das aulas teóricas, de maneira a satisfazer as perspectivas de aprendizagem
dos alunos, pois notamos o quanto essa metodologia chama a atenção dos estudantes do
ensino fundamental.
As aulas práticas são, sem dúvida, uma oportunidade para os alunos aplicarem
os conhecimentos obtidos nas aulas teóricas e também para facilitar a
compreensão dos conteúdos nos casos de maior dificuldade de aprendizagem.
Podem também ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos, além de
permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu
mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos (LUNETTA,
1991 apud LEITE; SILVA; VAZ, 2008, p. 3).
Outro fato que nos chamou a atenção e que infelizmente aconteceu com
frequência foi o “cuidado” da professora com o escasso material consumível do laboratório.
Assim que os alunos adentraram o espaço do laboratório, ouvimos frases do tipo: “não
toquem em nada”. É notória a grande curiosidade que o espaço do laboratório desperta nos
alunos que tem oportunidade de conhecê-lo e frequentá-lo, alguns desejam manusear os
5467
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
materiais lá existentes e ficar mais tempo. Interpretamos esse cuidado como o reflexo da falta
de recursos destinados às escolas para ampliação dos laboratórios e, quando se recebe algum
recurso, é em quantidade mínima, suficiente apenas para repor parte do material utilizado, o
que se reflete na carência vivida por essas escolas.
Para a finalização das atividades de estágio, realizamos a etapa da regência em
sala, que nos permitiu vivenciar de forma mais abrangente o exercício da profissão.
Organizamos, com a anuência da professora orientadora do estágio e do professor da
disciplina, as regências em dupla, o que contribuiu significativamente para a elaboração e
execução de propostas mais eficazes e que permitiram às estagiárias refletirem sobre os
processos que foram utilizados, no sentido de buscar uma ressignificação de suas próprias
práticas, pois acreditamos que “a questão da qualidade do ensino não será adequadamente
enfrentada sem que preliminarmente se enfrente a questão da formação do professor”
(AZANHA, 1998, p.50).
Trabalhamos com os seguintes conteúdos: massa, volume e densidade, estados
físicos da matéria, mudanças do estado físico, substâncias puras e misturas e separação de
misturas. O modelo de aula utilizado foi à expositiva dialogada, no qual utilizamos os
seguintes recursos didáticos: pincel, quadro branco e livro didático. Utilizamos duas
estratégias avaliativas: debates sobre os temas abordados e aplicação de questionários
elaborados pelas próprias estagiárias. Constatamos que houve alguns alunos que estavam
inquietos, no entanto, conseguimos que a maioria prestasse atenção na aula e questionasse
sobre as dúvidas pertinentes ao conteúdo ministrado. Nesse sentido, esse momento foi
encarado como de investigação, oferecendo elementos para reflexão acerca de nossa trajetória
formativa docente. Desta maneira, Lima (2012, p. 31) esclarece que
O Estágio com pesquisa é, por excelência, um espaço de reflexão sobre a
carreira docente. É o momento de rever os conceitos sobre o que é ser
professor, para compreender o seu verdadeiro papel e o papel da escola na
sociedade. É hora de começar a pensar na condição de professor sempre na
perspectiva de aprendiz da profissão. É hora de começar a vislumbrar a
formação contínua como elemento de realimentação dessa reflexão.
Desta maneira, a formação inicial de professores, em especial para o ensino de
Ciências Naturais, deve ser capaz de formar um indivíduo crítico, com capacidade de pensar,
de aprender e refletir sobre suas próprias práticas, de utilizar o meio em que está inserido para
5468
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
a disseminação da informação e do conhecimento e de seu potencial cognitivo e social diante
das questões triviais com as quais os mesmos irão se deparar na constante caminhada pela
busca do ensino que inventa e se reinventa constantemente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através de todas as experiências vivenciadas no Estágio Supervisionado no
Ensino Fundamental (ESEF) pôde-se perceber que as atividades realizadas contribuem de
maneira significativa para a formação do licenciando, uma vez que possibilita uma
aproximação do mesmo com sua prática docente.
Portanto o estágio supervisionado representa um meio de articulação da prática
docente com os conhecimentos teóricos estudados no curso de graduação, enriquecendo a
formação dos licenciandos através das vivências no contexto de sala de aula, espaço em que
futuramente irão atuar. Desta maneira, o estágio proporciona um primeiro contato do futuro
professor com seu respectivo ambiente de trabalho, favorecendo a (re)construção de
conhecimentos através de uma ação concreta que possibilite preparar o futuro profissional
para compreender as estruturas de ensino e consequentemente de sua própria prática.
As atividades desenvolvidas durante o percurso da disciplina, tais como o
primeiro contato com a escola, através da realização do diagnóstico, as observações e
regências foram substancialmente relevantes, pois permitiram em conjunto que o estágio se
tornasse uma ferramenta de associação entre teoria e prática. A insegurança, o medo, e a falta
de prática são alguns dos maiores desafios enfrentados e que por vezes dificultam a
visualização por parte dos alunos de que essas dificuldades são aspectos a serem superados no
e através do exercício docente, da apropriação da teoria e da prática pedagógica. Nesse
sentido, o estágio propicia aos licenciandos uma aproximação com a realidade docentes
(re)construindo a partir destas relações sua identidade profissional.
Sendo o estágio uma atividade que proporciona a experimentação da profissão, ele
é o lócus privilegiado em que os alunos poderão perceber que o conhecimento se consolida
através da somatória das fundamentações teóricas e sua aplicação na prática, no qual irão (se)
questionar, problematizar os contextos, interpretar a realidade e se reconhecer como futuros
docentes. Desse modo, a disciplina de ESEF, propiciou conhecer, em uma abordagem mais
prática o exercício docente, através de relevantes experiências vivenciadas durante o
planejamento e a execução das atividades. Desta maneira, concluímos que o estágio foi uma
5469
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
importante ferramenta na construção de nossa identidade profissional e um relevante subsídio
em nossa formação inicial para a docência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZANHA, José Mário Pires. Comentários sobre a Formação de Professores em São Paulo.
Formação de Professores. – São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.
BRASIL. Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível
superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília: DF, 2002a.
_______. Resolução CNE/CP nº 2, de 19 de fevereiro de 2002, Institui a duração e a carga
horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da
Educação Básica em nível superior. Brasília: DF, 2002b.
CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Os estágios nos Cursos de Licenciatura. Coleção
Ideias em Ação. São Paulo; Cengage Learning, 2012.
IMBERNON. F. Formação Docente e Profissional: formar-se para a mudança e a incerteza.
7. ed. São Paulo, Cortez, 2009.
JANUARIO, Gilberto. O Estágio Supervisionado e suas contribuições para a prática
pedagógica do professor. In: Seminário de História e Investigações de/em aulas de
matemática, 2, 2008, Campinas. Anais: II SHIAM. Campinas: GdS/FE-Unicamp, 2008. v.
único. p.1-8.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática: velhos e novos temas. [s.l]: Edição do Autor, 2002. p.5.
LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e aprendizagem da profissão docente. Brasília:
Liber livro, 2012.
LUNETTA, Vincent N. Actividades práticas no ensino da Ciência. In: LEITE, Adriana
Cristina Souza; SILVA, Pollyana Alves Borges; VAZ, Ana Cristina Ribeiro. A importância
das aulas práticas para alunos jovens e adultos: uma abordagem investigativa sobre a
percepção dos alunos do PROEF II. Ensaio-Pesquisa em Educação em Ciências, n. 7, p. 1-16,
2008.
PIMENTA, S. G.; GHEDIN, E. Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um
conceito. São Paulo: Cortez, 2006.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004.
PORLÁN, R.; MARTÍN, J. El diario del profesor: um recurso para investigación em el aula.
Díada: Sevilla, 1997.
SANTANA, Isabel Cristina Higino. O Estágio Supervisionado num curso de Ciências
Biológicas: reflexões de uma professora em formação. In: Vozes da FACEDI: Reflexões,
Experiências e Perspectivas em Educação. Fortaleza: Ed UECE, 2010.
5470
SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia
Download

Baixar PDF