UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM HIGIENE E INSPEÇÂO DE PRODUTOS DE
ORIGEM ANIMAL
A RASTREABILIDADE DA CARNE BOVINA BRASILEIRA
Amanda Rodrigues de Oliveira
Leandro Hortal Piffer
Patrícia Aparecida Domingues da Silva
São Paulo, set.2008
Amanda Rodrigues de Oliveira
Leandro Hortal Piffer
Patrícia Aparecida Domingues da Silva
Alunos do curso de Pós Graduação de Higiene e
Inspeção de alimentos de Origem Animal da UCB
A RASTREABILIDADE DA CARNE BOVINA BRASILEIRA
São Paulo, set .2008
A RASTREABILIDADE DA CARNE BOVINA BRASILEIRA
Elaborado por Amanda Rodrigues de Oliveira,
Leandro Hortal Piffer
Patrícia Aparecida Domingues
da Silva
Alunos do curso de Pós Graduação de Higiene e
Inspeção de alimentos de Origem Animal da UCB
Foi analisado e aprovado com
grau:........................................
Rio de Janeiro, ________de _______________de _______.
______________________________
Membro
______________________________
Membro
______________________________
Professor Orientador
Presidente
São Paulo, set.2008
SUMÁRIO
Lista de Abreviaturas
V
Índice de Figuras
VI
Resumo
VII
1 Introdução
01
2. Revisão Bibliográfica
02
2.1 Mercado da Carne Bovina Brasileira
02
2.2 SISBOV
04
2.3 Rastreabilidade Atualmente
08
2.4 Tipos de Identificadores
09
2.4.1 Marcação a Ferro Quente
11
2.4.2Tatuagem
11
2.4.3 Brinco Auricular
12
2.4.4 Botton
12
2.4.5 Dispositivos Eletrônicos
13
2.4.6 DNA
17
2.4.7 Padrões Vascular da Retina
17
2.5 Segurabilidade dos Identificadores
19
3 Posição da Carne Bovina na Economia
3.1 Rebanhos brasileiros
4 Visão Atual do Mercado de Carne bovina brasileira
20
20
21
4.1 Histórico da Exportação de Carnes
21
4.2 A Exportação de Carne Bovina
22
4.3 Índice de Exportação
24
5 Conclusão
26
6 Referências Bibliográfica
28
Lista de Abreviaturas
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Nº - número
GTA – Guia de Transito Animal
EU – União Européia
SISBOV – Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e
Bubalina
Lista de Figuras
Tipos de Identificadres
10
Transponder intra-ruminal
14
Aplicador do transponder intra-ruminal
14
Leitor kT35/1 do sistema de identificação
15
Transponder subcutâneo
16
Padrão vascular da retina
18
Gráfico de exportação de carne bovina 2003/2004
24
Resumo:
A rastreabilidade é um sistema que surgiu na União Européia e devido às crises de
Encefalopatia Espongiforme Bovina (Síndrome da Vaca Louca), que acometiam os bovinos
da região, criou-se na população uma exigência por produtos de origem conhecida e com
segurança. O Brasil, maior exportador de carne bovina do mundo, sentiu a necessidade de
criar um sistema que organizasse a rastreabilidade no país. Em 2002 foi criado o SISBOV,
que hoje é denominado de Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e
Bubalinos. Devido a não adesão ao sistema de muitos proprietários rurais, em 2006 o
SISBOV foi reestruturado, se tornando um sistema mais coerente com a situação brasileira.
Ao se instituir um sistema de rastreabilidade, vários fatores deverão ser levados em
consideração, como por exemplo, o investimento que será disponível e o tipo de manejo
realizado na propriedade.
Abstract:
Traceability is a system that emerged inthe European Union, dou to the crisis of Bovine
Spongiform Encephalopathy (Mad Cow Disease-BSE) that affectede the cattle in the
region, creating a demand among the population by know and safe products. Brazil, which
is the largest exporter of beef in the world, felt the need to created a system to organise the
traceability in the contry. In 2002 the SISBOV was created, which is now called the
Traceability Office of Cattle and Buffalos Producing Chain. Due to the fact that many
landowners did not join the system, in 2006 the SISBOV was restructured to become a
more consistent system with the Brazilian situation. To set up a tracebility system, several
factors must be taken into account, such as the investiment that will be available and the
type of managemnet held inthe property.
1-Introdução
Nos últimos anos a demanda de consumidores exigentes à cerca de
alimentos seguros e de procedência conhecida, têm aumentado muito.
Visando atender todas as necessidades do consumidor surgiu o conceito rastreabilidade, um
sistema que permite obter registros sobre o ciclo de vida do animal, desde o nascimento até
o produto destinado ao consumidor final, envolvendo todo o processo de criação, manejo e
abate. Esse sistema exige um produto de qualidade e boa procedência e é importante, pois,
trás benefícios tanto para o pecuarista, que terá total controle do seu rebanho, quanto para o
consumidor, que terá certeza de estar obtendo um produto saudável dentro dos padrões de
segurança estabelecidos (Barbosa, 2004).
A rastreabilidade surgiu na União Européia por volta da década de 90, e
passou a ficar mais rigorosa especificamente com os casos de encefalopatia
espongiforme bovina, também conhecida como “Síndrome da vaca louca”, da
febre aftosa e de alimentos contaminados com dioxinas. Isso fez com que a
partir de primeiro de setembro de 2000 foi decretado que toda carne de
ruminantes que entrasse no país, tivesse devidamente identificada com
etiquetas individuais ou com rótulos (Fernandes, 2004).
O Brasil, que tem grande importância no mercado agrícola, tanto como
produtor quanto exportador e, visando o crescente mercado, já iniciou a
implantação da rastreabilidade, principalmente para atender as necessidades
exigidas pela União Européia (Campos, 2004)
Visando o crescente interesse pela rastreabilidade o MAPA criou o
SISBOV – Sistema de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e
Bubalinos. É um sistema que organiza a identificação e a certificação da carne
bovina e bubalina produzida no país. O objetivo do SISBOV é identificar todos
os passos e requisitos necessários e exigidos para a exportação da carne
brasileira aos países que exigem rastreabilidade, bem como realizar
levantamentos da atual situação do sistema no país ( Sobrinho,2006).
A rastreabilidade oficial do governo visa também ampliar esses
cuidados dentro da propriedade onde nasce esse produto, para também
agregar ganhos financeiros ao produtor que fornecerá uma carne de melhor
qualidade, comprovadamente desde a sua origem (Tavares, 2002).
2-Revisão Bibliográfica
2.1 Mercado da carne bovina brasileira
A pecuária tem um papel fundamental na economia brasileira e em se tratando
de exportações, o Brasil lidera a lista. Na produção ocupa o segundo lugar, seguido
dos Estados Unidos. O controle da febre aftosa é a principal barreira que impede o
acesso da carne em 60% dos mercados consumidores mundiais (Zorzeto, 2005).
Segundo Cohen, (2005) o Brasil tem o maior rebanho comercial de bovinos do
mundo, com 190 milhões de cabeças, compreendendo, 16% do total mundial.
O Brasil é o maior exportador, porém a relação cambial não acompanha essa
proporção. Isso é devido a não exportação para os Estados Unidos, Japão e Coréia
do Sul, que são os mercados mais rentáveis. Para que o Brasil atinja esse mercado é
fundamental um investimento em tecnologia, qualidade, sustentabilidade ambiental,
marketing e programas sanitários para o combate da febre aftosa, tuberculose e
brucelose, além de vigilância e fiscalização desses novos serviços. É importante
manter a margem de risco desprezível para a “síndrome da vaca louca”, com um
programa confiável de rastreabilidade (Cohen, 2005).
De acordo com Negrelli (2006), as exportações da carne bovina no primeiro
semestre de 2006 foi de 709.659 toneladas e a receita cambial ficou em US$
1.716,89 milhões. A estes valores estão somadas as carnes in natura, carne
industrializadas e miúdos.Com a elevação dos preços exportados da carne bovina, o
pequeno crescimento de 0,78% em volume, relativo ao primeiro semestre de 2005
representou um incremento de 16,24% na receita exportada.
Além de gerar credibilidade para a competição internacional e a confiança de
países importadores de carne quanto à sanidade da carne, rastrear também agrega
valor ao produto final (Salles, 2006).
Evidentemente que sistematizar um programa de rastreamento não é simples,
nem barato. Sabe-se que é necessário a coordenação entre produtores, frigoríficos e
o governo e um eficiente critério de informatização (Junior, 2000)
Os custos da rastreabilidade são mínimos perto dos benefícios; pois não é
somente com a tecnologia que ele pode ser utilizado. O rastreamento pode ser
realizado através de prancheta e planilha de acompanhamento de cada animal e um
número de identificação que poder ser com brinco ou marcação a ferro (Sampaio,
2002).
2.2 SISBOV
Em Janeiro 2002, surgiu o SISBOV - Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de
Origem Bovina e Bubalina, com o objetivo de identificar, registrar e monitorar,
individualmente, todos os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados (Brasil,
2002).
Devido às exigências feitas pelo mercado externo em relação à exportação de carne bovina,
principalmente nos países da União Européia e do Chile, em que todo animal ou seu
produto importado fosse rastreado, o governo brasileiro sentiu a necessidade de criar o
sistema que organizasse a rastreabilidade no país (Salles, 2006).
Esse sistema foi criado através instrução normativa nº1, direcionada aos criadores de
bovinos e bubalinos, aos frigoríficos e as certificadoras. Esta normativa estabelece um
conjunto de ações, medidas e procedimentos aprovados pelo MAPA (Salles, 2006).
Em Julho de 2006 foi criada uma nova instrução normativa nº17 com maiores
esclarecimentos e mais completa (Brasil, 2006).
No antigo sistema do SISBOV, o prazo que os produtores rurais de bovinos e bubalinos
tinham para cadastrar seus animais ocorria da seguinte forma. Para exportação para a União
Européia o prazo era até Junho de 2002, para outros países o prazo de exportação era até
Dezembro de 2003, para os criadores situados em zonas livres de febre aftosa era até
Dezembro de 2005 e os demais até Dezembro de 2007. Devido o não cumprimento destes
prazos instituiu-se o novo SISBOV (Brasil 2002).
O novo SISBOV tem como objetivo organizar o grande número de informação de difícil
compreensão, contemplando as mudanças estruturais necessárias que melhoram o
funcionamento do sistema. A primeira alteração é a nomenclatura, que deve passar a ser
chamado de Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos. Neste
novo sistema os produtores rurais não tem mais a obrigatoriedade de se cadastrar no
SISBOV, como era necessário antes, a adesão ao sistema agora é de forma voluntária. A
obrigatoriedade fica restrita apenas aos produtores que desejam exportar o seu produto aos
países em que é exigida a rastreabilidade. Entretanto, o produtor rural que optar pelo
cadastramento no SISBOV, terá o rebanho todo rastreado, independentemente da
quantidade de animais exportados e todos os animais serão identificados individualmente
(Brasil, 2006).
Segundo Brasil, (2006) o estabelecimento rural que se cadastrar no SISBOV, receberá o
nome de estabelecimento rural aprovado que irá obter a certificação de seus animais apenas
por uma única entidade certificadora, e esta deverá realizar as vistorias no prazo máximo de
180 dias de intervalo entre duas vistorias, enquanto que os animais em regime de
confinamento possuem prazo máximo de 60dias.
Compete ao produtor comunicar aos órgãos sanitários e certificadores qualquer
movimentação do rebanho rastreado no prazo de 30 dias e as certificadoras terão 72 horas
para reportar essa informação ao SISBOV (Sobrinho, 2006).
Isso permitirá ao criador acompanhar a produção, identificar as falhas e eventuais prejuízos.
Esta medida será um grande desafio aos produtores, já que será necessário avaliar
corretamente o investimento no rastreamento total do rebanho que possuirá animais
brincados que não serão exportados. Uma das exigências do novo sistema é que a
propriedade terá que apresentar a certificadora um plano de gestão. O novo sistema exige
organização e capacitação, pois o produtor terá que manter um livro de registros com o
controle de todos os procedimentos sanitários e fito-sanitários adotados além dos insumos
utilizados na produção (Meister, 2006).
Somado a isso, deve manter o protocolo declaratório de produção e documento de
inventário dos animais (Redeagrol, 2006).
Quanto à identificação, o produtor poderá optar pela colocação de um brinco auricular
padrão SISBOV, marcação a ferro quente, tatuagem ou chip eletrônico, desde que
acompanhados de brinco auricular ou bottom nos padrões do SISBOV.Também por outras
formas de identificação aprovadas pelo MAPA.Os animais registrados em associações da
raça poderão utilizar o número de registro genealógico com a correspondência do mesmo
com um número do SISBOV.
A apresentação do DIA (Documento de Identificação Animal) permanece obrigatória,
exceto pelo caso de identificação por dispositivos eletrônicos, desde que as leituras,cujos
lançamentos na Base Nacional de Dados (BND) ou de mais identificações sejam realizados
eletronicamente em todas as fases de movimentação (Brasil, 2006).
O documento estabelece que o DIA pode ser substituído por uma Planilha de Identificação
Individual, que é uma relação atualizada de animais identificados individualmente,
contendo o número e o código de barras, elaborada e atualizada pela certificadora, e
mantida na propriedade (Redeagrol, 2006).
A BND dos bovinos e bubalinos rastreados continuam sob responsabilidade do SISBOV,
sendo alimentada pelos certificadores credenciados pelo MAPA, frigoríficos exportadores e
órgãos ligados ao Sistema Unificado de Atenção á Sanidade Pecuária (Sobrinho, 2006).
Com o novo SISBOV, o Serviço de Inspeção Federal (SIF) continua com o poder de
desclassificação do sistema de rastreabilidade dos animais no momento do abate.Isso
ocorrerá quando houver alguma inconformidade entre as informações contidas no Guia de
Trânsito Animal (GTA) e na Base Nacional de Dados (BND).Essas informações incluem o
nome da propriedade e do proprietário, sexo, idade e raça do animal, tempo de permanência
na Base Nacional de Dados e na última propriedade que esteve. A efetiva desclassificação
acarretará ao produtor prejuízo em arrobas por animal rastreado (Sobrinho, 2006).
Nesse novo sistema foi instituído também um novo plano de auditoria de credenciamento,
que será executado pelo MAPA, para avaliar o sistema de certificação instituído pelas
certificadoras que desejarem se credenciar, e depois, ocorrerá auditoria técnica, que avaliará
a conformidade das certificadora já credenciadas, com as normas instituídas no SISBOV
(Brasil, 2006).
A rastreabilidade é o próximo passo, e, além de ser um suporte para o controle da qualidade
em todas as etapas de produção, pode ser uma poderosa ferramenta de marketing para
frigoríficos e pecuaristas na conquista de novos mercados não necessariamente no exterior,
mas também no mercado interno brasileiro (Sampaio, 2002).
2.3 Rastreabilidade atualmente
A primeira atitude do produtor rural que desejar rastrear seus animais será, entrar em
contato com uma das empresas certificadoras credenciadas pelo MAPA. O próximo passo é
o cadastro da propriedade, cuja quantidade de animais a serem certificados.deverá ser
informada Os brincos e aplicadores são cobrados separadamente do serviço de certificação
e, a aplicação dos identificadores nos animais será responsabilidade do produtor rural
(Allflex, 2004), que deverá também encaminhar à certificadora o formulário para o cadastro
de produtor rural, do estabelecimento, além do formulário para o inventário dos animais e o
formulário de termo de adesão a norma operacional do SISBOV, outro documento a ser
enviado é o formulário para protocolo declaratório de produção; todos devidamente
preenchidos e assinados (Brasil, 2006).
Uma via dos dados coletados de cada animal que incluem, sexo, raça, aptidão e data de
nascimento deve ser enviado, à certificadora e outra via será arquivada e mantida na
propriedade em local seguro, pois, estes dados deverão ser armazenados durante toda a vida
do animal e por mais cinco anos depois do óbito ou abate. Após a visita técnica da
certificadora os animais serão cadastrados na Base Nacional de Dados (Allflex, 2004),
Brasil que irá manter o cadastro dos produtores rurais, Estabelecimentos Rurais Aprovados
SISBOV, certificadoras e importadores de elementos de identificação .Também
disponibilizará de senhas de acesso para usuários e dados para que as certificadoras
credenciadas emitam os documentos necessários (Brasil, 2006).
O documento de identificação animal além de coletar os dados acerca de cada animal,
também é necessário para obtenção de informações sobre a propriedade, incluíndo o
manejo alimentar, sanitário e reprodutivos de seus animais, seguindo as orientações da
certificadora (Allflex,2004).
A vantagem de se rastrear é controlar os riscos e garantir qualidade , assim como assegurar
uma transparência durante todo o processo industrial( Sampaio, 2001).
2.4 Tipos de identificadores
A identificação dos animais deverá ser de maneira única e clara. Para isso existem alguns
métodos de identificação dos animais; que deverá seguir os padrões exigidos e padronizado
pelo SISBOV.
Barbosa, (2004) propõem que a identificação dos animais pode ser feita através de
marcação com ferro quente, tatuagens, brinco auricular, botton, dispositivo eletrônico que
pode ser estomacal, auricular ou localizado na prega umbilical (Figura 1). Outros métodos
de identificação incluem o mapeamento genético(DNA) ou através do padrão vascular da
retina. Os animais devem ter dupla identificação podendo ser adotada uma das
identificações sugeridas:
1º Brinco auricular + Marcação a ferro quente;
2º Brinco auricular + Tatuagem;
3º Brinco auricular + Botton;
4º Brinco auricular + Dispositivo eletrônico;
5º Botton + Brinco auricular;
Figura1: Tipos de Identificadores
Fonte:Tracervet( 2008)
2.4.1 Marcação a ferro quente
O animal será marcado a ferro quente com o número de manejo do SISBOV em uma das
pernas traseiras na região situado a baixo da linha imaginária ligando as articulações dos
membros dianteiros e traseiros, enquanto que os seis números de manejo SISBOV devem
ser marcados três a três, sendo os três primeiros números na linha imaginaria e os três
seguintes imediatamente abaixo (Brasil, 2006).
A marcação a ferro quente é a forma mais tradicional atualmente adotada pelos produtores;
porém esse sistema além de danificar o couro permanentemente , desvalorizando seu preço
no
momento
da
comercialização,
constitui-se
num
método
doloroso
para
o
animal(Machado et al...2001)
2.4.2 Tatuagem
A tatuagem deverá conter somente os números de manejo do SISBOV geralmente feita na
região interna da orelha (Figura1).Utiliza-se furadores e tinta nanquim.
2.4.3 Brinco Auricular
O brinco auricular (Figura1) deverá ser sempre de coloração amarela, quando se tratar da
primeira identificação do animal. Os brincos de coloração laranja indicam perda do brinco
amarelo; sendo estes brincos de reposição.Já os brincos de coloração branca referem-se a
animais importados
Carvalho, (2005) cita que o esquema de numeração deverá ser único em todo território
nacional e deverá conter quinze (15) dígitos, sendo estes:
Os três dígitos iniciais: País de origem;
Dois dígitos: Unidade de Federação;
Nove dígitos subseqüentes: Número do animal no SISBOV;
Digito final: Código verificador.
2.4.4 Botton
Este dispositivo contém os números de manejo do SISBOV, e segue o mesmo padrão da
cor de identificação por brinco auricular (Figura1).
2.4.5 Dispositivos eletrônicos
Também conhecido como transponder, (Figura 2 e 6) pode ser implantado no
rumem(Figura 2), na cicatriz umbilical(Figura 3 e 4) e até- mesmo nas orelhas dos animais
(Figura 6).Os brincos podem ser reaproveitados na identificação de outro animal após o
abate do primeiro (Biochip, 2006).
A identificação eletrônica é realizada por leitura de ondas de radiofreqüência. Funcionam
como uma bobina, que ao ser estimulado pelos leitores geram a própria energia e emitem
uma mensagem numérica que
comportam todos os dados necessários a identificação
internacional Os dispositivos podem ser lidos através
de scanners (Figura 4) de mão ou painéis instalados nas cocheiras (EMBRAPA,2008).
Figura 2 : Transponder intra-ruminal (Bolus).
Fonte: Embrapa (2008)
Figura 3: Aplicador do transponder intra-ruminal.
Fontes: Embrapa (2008)
Figura 4: Leitor KT35/1 do sistema de identificação
eletrônica da Animall Tag®.
Fonte: Animall Tag® (2002).
Figura 5:Transponder subcutâneo.
Esquema de um transponder subcutâneo.
Fonte: D4 Identificação animal – Destron + Fearing (2002)
2.4.6 DNA
Este tipo de identificação utiliza o código genético único de cada animal, cuja
rastreabilidade da carcaça de seus cortes permite a identificação da mercadoria no atacado
ou varejo. É através da extração do DNA de uma amostra de sangue, pêlo ou sêmen de um
animal que se realizam testes de diagnóstico que revelam esse código genético (Bovigen,
2006).
Dentre outras biotécnologias na produção e controle de qualidade de carnes, relatou as
perspectivas que se abrem com a aplicação de sondas de DNA. As sondas de DNA são
constituídas de pequenas porções do DNA que reconhecem genes específicos, com
possibilidade de serem empregadas na identificação da informação genética de qualquer
organismo. Poderão também, no entanto, vir a serem utilizadas na detecção de misturas de
carnes de diferentes espécies e mesmo misturas de produtos não cárneos (Pardi, 2005).
2.4.7 Padrão Vascular da Retina
Ainda não muito utilizado este método permite identificar o animal pelas veias do fundo
do globo ocular. O padrão vascular da retina assim como o DNA é único para cada animal,
como uma impressão digital (Figura 6). A coleta é feita com uma câmera de formato
semelhante ao de uma pistola. Bastando apontá-la para o olho do animal e acioná-la. O
aparelho registra simultaneamente as imagens das veias, hora, data e coordenadas
geográficas de localização, que podem ser transferidas e armazenadas em banco de dados
(Shadduck, 2006).
Figura 6: Detalhes de veias e artérias em olhos de bovinos:
o padrão vascular é único para cada animal.
Fonte: Bezerra (2001).
2.5 Segurabilidade dos identificadores
Os identificadores possuem várias diferenças com relação aos preços e métodos de leitura.
Sistemas de identificação por brincos, tatuagens e marcação a ferro quente tem a vantagem
de ter um baixo custo e por isso, são muito utilizados, porem possuem desvantagens. Os
brincos são facilmente removidos e perdidos, alem de não ser um método permanente, o
que causa insegurança na identificação do animal do nascimento até o abate. A tatuagem e
a marcação a ferro quente podem borrar, apagar, propiciar erros de leitura, além de
danificar o couro do animal. Já a identificação por dispositivos eletrônicos é uma tecnologia
moderna e sua leitura é rápida através dos códigos de identificação, mas o chip pode migrar
para outras áreas do corpo. A identificação por DNA é uma tecnologia moderna tem um
alto custo e possui possibilidade de fraudes, já que o sangue do animal pode ser substituído.
A identificação pelo padrão vascular da retina é rápida, fácil de ser realizada, não causa
desconforto ao animal e não possui possibilidade de fraude entretanto tem um custo muito
elevado e exige treinamento (Triantafyllou,2003).
Ferreira e Meirelles (2002) concluíram que é necessária a associação de dois métodos de
identificação, pois todos os métodos apresenta limitações. Para o brinco, pode-se perder o
artefato; no caso da tatuagem e da marca com ferro incandescente, ocorrem casos em que
os números podem borrar , o bollus e a tatuagem podem ser de difícil visualização a olho
nu, o que irá dificultar o uso no campo. A escolha dos métodos a serem utilizados irá
depender da necessidade de cada propriedade.
3-Posição da carne bovina na economia
Partindo do princípio de que não há antagonismo entre as atividades relacionadas com a
inocuidade dos alimentos e o desenvolvimento econômico, estas atividades nos países
desenvolvidos caminham harmoniosamente, fato que deve ser imitado por povos em
desenvolvimento. Estes propósitos, podem ser observados com muitos esforços visando o
desenvolvimento da pecuária. Na análise sumária efetuada sobre a estrutura da alimentação,
viu-se a posição dos países considerados desenvolvidos quanto ao consumo de alimentos
que contém proteínas de origem animal, entre os quais as carnes exercem um grande papel
(Pardi, 2005)
3.1 Rebanhos brasileiros
A distribuição dos rebanhos das diversas espécies pela vasta região geográfica brasileira é
bastante díspar; assim, em relação ao rebanho estimado pelo IBGE 1995(Anuário 1997), os
bovinos distribuem-se, em ordem decrescente, da seguinte maneira:o centro-oeste conta
com 34,1%, com o mais expressivo contingente; região sudeste com 23%; a sul com
16,5%, a nordeste em penúltimo lugar com 14,4%, região norte, que apresenta maior
proporção de bubalinos, com 11,9% do rebanho brasileiro, o que representa um avanço com
relação aos 5% de oito anos atrás (IBGE,1997)
O Brasil ocupa posição relevante quanto ao volume de produção de carnes das diversas
espécies de animais de corte, a despeito de sua condição relativamente desfavorável em
termos de produtividade dos rebanhos. Com os avanços zootécnicos, o peso médio das
carcaças de bovinos vem alcançando índices expressivos atualmente (Pardi, 2005).
Para atingir mercados em países desenvolvidos, será preciso se adequar às regras e normas
de cada país. Hoje o Brasil está fora do mercado alimentício dos E.U.A devido a aftosa e
fora da U.E por causa da rastreabilidade. A meta da ABIEC é começar a exportar para os
E.U.A tendo como previsão de receita com as exportações totais do Brasil para 2013 ,US$
13 bilhões, quase três vezes o valor atual (Cavalcanti,2008).
4 Visão atual do mercado de carne bovina brasileira
4.1 Histórico da exportação de carnes
O Brasil passou a integrar o mercado internacional de carnes como exportador em 1914, a
partir da 1º Guerra Mundial. Por força desta circunstância, foram instalados no País os
grandes matadouros-frigoríficos anglo-americanos, visando basicamente suprir a intensa
demanda que então se fez sentir. Muito embora faltou a devida constância ou regularidade
nas exportações de carnes de bovinos, uma das que o Brasil possui maior aptidão, ainda
assim tem sido possível comercializar uma considerável parcela dessa produção
(Pardi,2005).
O principal país comprador do Brasil em 2008 é a Rússia, com 31% de toda carne bovina
exportada pelo Brasil (Cavalcanti, 2008)
4.2 A exportação de carne bovina
Devido ao comprometimento da carne bovina nos países da União Européia, estes países
passaram a ter que importar a carne de outras regiões. O Brasil (Gráfico1) passou a ter um
papel fundamental nesse aspecto, pois é líder em exportações e o segundo lugar na
produção mundial, perdendo apenas para os Estado Unidos (Negrelli,2006).
Observando a potencialidade, na produção de carnes bovinas; nos permite prever, que uma
vez adotada política conveniente de produção e comercialização um efeito excedente
exportável e não aquilo que nosso poder aquisitivo permite exportar. A carne bovina é a de
maior procura no mercado mundial, e no Brasil a maior
expressividade de nossas
exportações internacionais gira em torno da exportação de carnes bovinas enlatadas
sobretudo o corned beef (Pardi,2005).
Ao analisar a exportação da carne bovina, Negrelli (2006) cita que, em relação a carne
bovina in natura, foram exportadas no primeiro semestre de 2006, 536.095 toneladas e a
receita cambial ficou em US$ 1.305,98 milhões. Em relação ao primeiro semestre de 2005,
houve um aumento de volume de 1,33%e a receita cambial cresceu, em 12,34%. Assim, o
preço médio foi de US$ 2.436 por tonelada, valorizando 10,86% . Esses dados mostram
que ao se comparar o primeiro semestre de 2005 com o primeiro semestre de 2006 ocorreu
aumento da receita cambial, significando que o preço da tonelada para exportação
aumentou.
Nos últimos tempos a pecuária bovina evoluiu de tal forma, que é lícita a espera de
resultados consideráveis dentro de pouco tempo. A bovinocultura tem se beneficiado dos
avanços genéticos e zootécnicos e os avanços têm representado tanto em produtividade
quanto a qualidade. Já se observa um grande interesse em iniciativas em torno do “novilho
precoce” e da tipificação de carne que, aos poucos, repercutirá no comércio valorizando a
pecuária (Pardi, 2005).
O diretor executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) explica que a
carne destinada ao mercado externo tem uma melhor valorização o que resulta em ganhos
para o criador; a principal vantagem é que obedecendo a lei(SISBOV), o produtor está
credenciado para exportar a carne e sendo melhor valorizado. Animais em confinamentos
são mais fáceis de serem manejados e os estabelecimentos são melhores estruturados e com
mão de obra mais qualificada para lidar com isso (Bononi, 2006).
Gráfico 1 : Exportação de carne bovina em 2003/2004.
Fonte: CNA (2005)
4.3 Índice de exportação
O Brasil é o terceiro maior exportador de carne bovina do mundo com cerca de 600mil
toneladas e receita ao redor de 800milhões de dólares por ano. Detém 15% do rebanho,
12% da produção e pouco mais de 10% do comércio global (Futuro, 2002).
Não se tem o número exato do índice de carne rasteada que é exportada a outros países.
Apenas a União Européia exige a rastreabilidade e toda carne exportada a esse país é
rastreada. Somente ao Serviço de Inspeção Federal SIF ou à DIPOA compete à inspeção e
certificação das carnes a exportar, independentemente, porém, dos condicionantes técnicos,
econômicos e políticos internos lutam contra o protecionismo que afeta o comércio
internacional de carnes (Pardi,2005).
Em 1996, o Brasil exportou 280mil toneladas e importou 139 mil toneladas de carne
bovina. Após esse ano, as exportações cresceram em 2000, atingiram 560 mil toneladas e as
importações caíram para 57 toneladas de carne (Floriani,2001).
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) 11% da
produção mundial de carne bovina é objeto de importação ou exportação esse “
neoprotecionismo”, afetando o comércio internacional de carne e de animais vivos, tende a
comprimir ainda mais o mercado e a diminuir o ingresso de crescimento dos países em
desenvolvimento. Para mascarar o protecionismo, lançou-se mão não apenas de imposições
de ordem legal, como de argumentos de natureza higiênico-sanitárias nem sempre
justificáveis (Pardi, 2005).
5-Conclusão
Com o surgimento do SISBOV em 2002 e a obrigatoriedade de que todos os produtores
rurais de bovinos e bubalinos aderissem ao sistema, houve uma grande confusão, pois o
sistema fugia da realidade do país. Os pequenos produtores, que não iriam exportar sua
carne tinham de ser cadastrados no SISBOV até o prazo dado, mas isso se tornou inviável.
Além do mais, é necessário um investimento mínimo para a adesão ao sistema e muitos
produtores não tinham esta disponibilidade.
Devido a toda esta dificuldade o SISBOV foi reestruturado e a obrigatoriedade de adesão
ao sistema ficou restrita ao produtor que exporta carne bovina a países que exija a
rastreabilidade.
Ao realizar um sistema de rastreabilidade em uma pequena propriedade, vários fatores
deverão ser considerados, como: o investimento disponível de cada produtor e o tipo de
manejo realizado na propriedade.Há meios de identificação modernos e seguros, que
permitem uma identificação animal desde o nascimento ao abate, mas exige do produtor um
investimento maior e um manejo adequado.
A rastreabilidade dos animais e dos produtos de origem animal exige métodos seguros e
eficazes para a identificação dos animais e para o gerenciamento das informações
relevantes ao processo de produção da carne. O Brasil tem uma grande chance de se tornar
o maior exportador de carne bovina do mundo;porém, a rastreabilidade de todo rebanho é
um pré – requisito para essa conquista. Para isso e necessário que os técnicos desenvolvam
tecnologias de baixo custo e que sejam viáveis as condições nacionais.
O grande desafio da implantação da rastreabilidade do rebanho brasileiro é o gerenciamento
das informações do pasto até o consumidor, já que as certificadoras serão independentes e
ao mesmo tempo deverão possuir banco de dados compatíveis.
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A Rastreabilidade da Carne Bovina Brasileira - Leandro