ROTEIRO DE LEITURA
Por: Nécio Turra Neto
Para uma boa apreensão das referências bibliográficas lidas, é necessário realizar uma
leitura em profundidade, tentar acompanhar a linha de raciocínio do/a autor/a, a sua seqüência
de idéias. Tentar identificar seus objetivos, seus principais conceitos e também suas principais
referências bibliográficas, ou seja, quais os autores/as sob os quais ele constrói seu pensamento,
quais os mais citados.
A partir de uma leitura assim, atenta, que busque estas informações no texto, pode-se
dizer que você realizou uma boa leitura do texto.
Esta leitura deve, imprescindívelmente, vir acompanhada de um fichamento detalhado
do texto, no qual se realize paráfrases honestas das idéias do autor ou autora lidos e se realize
citações dos trechos mais importantes, que poderão, posteriormente, compor o texto final do
trabalho de pesquisa.
Para tentar contribuir com uma boa leitura sugiro o seguinte roteiro:
1 – Referência Bibliográfica completa, seguindo as normas da ABNT.
É o que abre o fichamento.
2 – Apresentação do autor.
Ajuda a entender de que lugar o autor fala, quem é ele, quais suas temáticas preferenciais de
pesquisa e qual o nível do trabalho: se relatório, se fala numa mesa redonda, se parte da tese de
doutorado, mestrado, especialização etc.
3 - Objetivos do texto
Geralmente, na introdução do artigo ou do livro, o/a autor/a apresenta os motivos, as intenções
que persegue ao redigir o texto que ora você lê. É importante conhecer esta intencionalidade,
pois ela ajudar a entender o por que o texto foi construído, suas potencialidades e limites –
limites pois todo objetivo seleciona, opera um recorte no que poderia ser abordado, mas não o
foi, dados os objetivos.
4 - Tese(s) ou hipótese(s) central(is)
Identificar as idéias chave que o/a autor/a defende. As idéias que ele apresenta para a
discussão. Geralmente, é para fundamentar estas idéias, dar-lhes consistência teórica e
fundamentação empírica que ele/a organiza o texto.
5 - Estrutura do texto
Qual a seqüência de idéia do texto. Geralmente, também apresentada na introdução. Um texto é
um conjunto coerente com começo, meio e fim, organizado de acordo com objetivos definidos e
para fundamentar uma tese. Conhecidos os objetivos e as teses, não fica difícil acompanhar esta
seqüência, que é a linha de raciocínio do/a autor/a.
6 – Conceitos mais importantes
Quais conceitos são desenvolvidos pelo/a autor/a para construir seu argumento/raciocínio.
Geralmente, os termos principais são seguidos de definição. Identificá-los é útil também para
que quando formos construir nossos textos sabermos quais conceitos vamos articular e onde
podemos encontrá-los, ou seja, que autores ou autoras os discutem e os definem.
7 – Principais referências teóricas utilizadas.
Os autores e autoras mais citados, aqueles que foram fundamentais para o/a autor do texto que
estamos lidando construir seu argumento, seu raciocínio, seus conceitos e suas teses.
8 – Principais dados que fundamentam a análise
No caso do texto apresentar resultados de pesquisa empírica, as conclusões e teses serão
baseadas nos dados apresentados. É importante identifica-los, sobretudo quando o assunto
tratado for semelhante àquele que pensamos em desenvolver, pois nos permite ter informações
sobre outras realidades.
9 – Possíveis contribuições para a pesquisa.
Aqui, com comentários pessoais, você deve identificar no texto se ele pode contribuir ou não
para sua pesquisa, e em que aspectos ele contribui; em que partes do seu trabalho o texto
estudado pode ser melhor empregado como fundamentação teórica, como comparativo de
dados, como fonte para precisar conceitos que serão trabalhados na pesquisa.
10 – Resumo do texto, com paráfrases e citações dos trechos mais importantes.
Feito isso, pode-se dizer que você se apropriou da totalidade do texto lido, que você o conhece
no seu conjunto e que quando for se valer de algum trecho dele, por paráfrase ou por citação,
você saberá de qual contexto você estará tirando aquela idéia. Só assim você poderá produzir
também um texto seu, coerente, articulando outros textos, que você conhece em profundidade,
fugindo do risco de construir um “Samba do Crioulo Doido”.
PONTE PRETA, Stanislaw. Samba do crioulo doido. In: AUGRAS, Monique. O
Brasil do sambasamba-enredo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. p. 219.
“Foi em Diamantina
onde nasceu JK
que a princesa Leopoldina
arresolveu se casá
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes.
La la la la
O bode que deu vou te contar (bis)
Joaquim José
Que também é da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro Segundo.
Das estradas de Minas
Seguiu para São Paulo e falou com Anchieta
O vigário dos índios aliou-se a d. Pedro
E acabou com a falseta
Da união deles ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão (bis)
Assim se conta a história
Que é dos dois a maior glória
Dona Leopondina virou trem
Dom Pedro é uma estação também
Ôoooooo
O trem tá atrasado ou já passou.”
(versão publicada por Edigar de Alencar, 1979)
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