Trabalho Submetido para Avaliação - 24/05/2012 20:50:27 QUALIDADE DO LEITE PASTEURIZADO ORGÂNICO OBTIDO EM DOIS LATICÍNIOS DE BOTUCATU, SÃO PAULO CRISTIANE GRIGOLETTO VENTORINI ([email protected]) / Farmácia/Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria - RS VANUSA GRANELLA ([email protected]) / Pós-graduação em ciencia e tecnologia dos alimento/Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria - RS ANDRIELY MOREIRA BERSCH ([email protected]) / Farmácia/Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria - RS ORIENTADOR: IJONI HILDA COSTABEBER ([email protected]) / Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria - RS Palavras-Chave: Qualidade de leite, leite orgânico, leite pasteurizado Por ser considerada uma das fontes mais completas de nutrientes, o leite é amplamente consumido por pessoas de todas as faixas etárias, situação que mantém autoridades e consumidores em alerta sobre a qualidade e inocuidade do mesmo. Em busca de melhor qualidade de vida os alimentos orgânicos vêm se destacando como alternativa para uma alimentação saudável e produtos de origem animal como o leite, por exemplo, tem recebido grande atenção por parte da população. A produção leiteira orgânica difere da convencional, consideravelmente, na produção de alimentos para os animais, no regime alimentar, no tratamento com antibióticos e quimioterápicos e na manipulação dos animais (Fall et al. 2008). Segundo a Lei nº 10. 831, de 23 de dezembro de 2003 a produção orgânica tem como objetivo ofertar produtos saudáveis, de elevado valor nutricional, isento de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente. No Brasil, existem atualmente poucos produtores de leite orgânico e são escassos os dados na literatura sobre as características do leite orgânico produzido no país. As características físico-químicas do leite constituem uma importante ferramenta analítica que permite avaliar o estado de conservação e eventuais anormalidades do produto. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi realizar análises físico-químicas para avaliar a qualidade do leite orgânico pasteurizado e comparar com a legislação vigente. Foram avaliadas 12 amostras de leite pasteurizado integral orgânico de dois lacticínios da cidade de Botucatu, São Paulo, coletadas nos meses de maio, julho, setembro e novembro/2011 e janeiro e março/2012, as quais foram enviadas pelo Correio, via “Sedex 10” em caixas isotérmicas com gelo reciclável em proporção suficiente para manter a temperatura de refrigeração. As características físico-químicas estudadas compreenderam a determinação do teor de gordura pelo método de Gerber, da acidez titulável pelo método de Dornic, do índice crioscópico em lactocrioscópio eletrônico digital, do extrato seco total e desengordurado por meio do calculador de Ackerman, e da pesquisa das enzimas peroxidase utilizando-se solução alcoólica de guaiacol e fosfatase alcalina através do kit da Labtest Diagnostica S.A. (Brasil, 2006). Não existe uma legislação específica que estabeleça os padrões de qualidade para produção orgânica de leite, por isso é seguido a legislação atual que define parâmetros de avaliação da qualidade do leite produzido e comercializado no país. A Instrução Normativa Nº62 (Brasil, 2011) estabelece padrões físicoquímicos para leite pasteurizado, sendo, no mínimo, 3% de gordura quando caracterizado integral, acidez entre 14 e 18 ºD, índice crioscópico entre -0,530ºH e -0,550ºH e no mínimo 8,4% de ESD (Extrato Seco Desengordurado). No presente estudo, as médias referentes às seis coletas das duas marcas analisadas foram: 3,3% de gordura para LO1 (leite orgânico 1) e 3,8% para LO2 (leite orgânico 2), acidez de 16,79ºDornic para LO1 e 16,22ºDornic para LO2, -0,534ºH para índice crioscópico em LO1 e -0,537ºH em LO2, e ESD 8,5% para LO1 e 8,65% para LO2. Esses resultados estão em conformidade com os padrões físico-químicos estabelecidos pela legislação vigente. Para que o consumo do leite seja considerado seguro este, deve ter passado pelo processo de pasteurização, o qual submete o leite à temperatura entre 72 e 75ºC durante 15 a 20 segundos seguidos de resfriamento abaixo de 4ºC. Como o objetivo do estudo é avaliar a qualidade de leite pasteurizado é fundamental averiguar a eficiência do processo de pasteurização. Para verificar se o tempo e temperatura utilizados na pasteurização foram adequados, são pesquisadas duas enzimas: fosfatase alcalina e peroxidase. A fosfatase alcalina é sensível à pasteurização, e sua presença no produto final indica que o leite não sofreu tratamento térmico correto. A peroxidase não é inativada pela pasteurização, mas é destruída em temperaturas superiores a 80ºC sendo, portanto, utilizada para verificar se ocorreu o superaquecimento durante o tratamento térmico (Tronco, 2003). As amostras analisadas apresentaram resultado satisfatório para fosfatase alcalina, mostrando assim que foi atendida a temperatura mínima utilizada na pasteurização. Porém, a amostra LO1 no mês de setembro/11 apresentou resultado negativo para peroxidase indicando superaquecimento, o que pode comprometer o valor nutritivo do leite pasteurizado, pois se sabe que o tratamento térmico altera o teor de nutrientes do leite, principalmente das vitaminas hidrossolúveis (Tronco, 2003). Os resultados encontrados quanto aos valores médios de composição, gordura, acidez, índice crioscópico e ESD demonstraram conformidade com a legislação vigente. Em apenas uma coleta, um dos leites apresentou resultado negativo para enzima peroxidase indicando que houve superaquecimento, evidenciando assim falha no processamento. REFERÊNCIAS: BRASIL 2003; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõem sobre a agricultura orgânica e dá outras providências.; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.831.htm; 05-2012. BRASIL 2006; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Legislação. SISLEGIS – Sistema de Consulta à Legislação. Instrução Normativa n.68, de 12 de dezembro de 2006. ; http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=17472; 052012. BRASIL 2011. ; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 62. Regulamento Técnicos de Identidade e Qualidade de Leite Pasteurizado.; http://www.sindilat.com.br/gomanager/arquivos/IN62_2011(2).pdf; 05-2012. FALL, N.; EMANUELSON, U.; MARTINSSON, K.; JONSSON, S; Udder health at a Swedish research farm with both organic and conventional dairy cow management. ; Preventive Veterinary Medicine ; 83; 186–195; 2008. TRONCO, Vania Maria; Manual para inspeção da qualidade do leite.; Santa Maria; UFSM; 2003.