Jornal da Produção de Leite / Ano XXII - Número 285 - Viçosa, MG - Janeiro de 2013
Importância do ponto
de colheita do milho
Renato Shinyashiki
Estudante de Zootecnia
A silagem de milho sendo produzida
com qualidade pode reduzir gastos com
concentrado e otimizar o lucro da atividade.
A alimentação de vacas lactantes é baseada em fornecimento de concentrado e
volumoso. Com o aumento dos custos do
concentrado, atingindo aproximadamente 35% dos gastos na propriedade leiteira,
uma maneira de reduzir esse gasto é produzindo um volumoso de qualidade, com
isso poderá reduzir a quantidade de concentrado, balanceando-se uma dieta que
supra as exigências dos animais.
O ponto ideal do grão para ensilar é
quando está no estágio de farináceo-duro.
Para identificar este estágio é importante observar a linha do leite do grão, este
método prático é de alta confiabilidade e
baseia-se em partir uma espiga ao meio e
observar o grão, no momento correto de
colheita, metade do grão estará com a cor
branca e a metade externa com cor amarela. Outros aspectos a serem avaliados
são que as palhas da espiga iniciam o processo de secagem, mas as folhas e colmos
permanecem com a coloração verde, outra observação é que nesta fase ao se partir
um grão sentirá a textura farinácea no seu
interior.
Para se obter uma silagem de boa qualidade, esta deverá conter aproximadamente 40% de grãos, para isso deve-se escolher um híbrido de boa digestibilidade e
produtividade (grãos e matéria verde).
Outro fator importante neste processo
é a “janela de ensilagem”, que é período
em que a lavoura de milho permanece no
ponto ideal de colheita, esta janela pode
variar de acordo com a capacidade do híbrido de retardar a maturação da planta
enquanto o grão continua amadurecendo, este processo é conhecido como “stay
Green”.
O ciclo da cultura do milho vai desde o
dia da semeadura até a maturação fisiológica. Essa duração é variável de acordo
com o híbrido (normal, precoce, superprecoce) e com as condições climáticas,
pois normalmente um mesmo tipo de
material pode alongar ou encurtar o ciclo
dependendo da temperatura e umidade,
com isso não é recomendado que estime
o tempo de colheita de acordo com a data
de plantio.
A planta para ser ensilada deverá estar
com 35% de matéria seca, nesse momento
terá concluído 95% do potencial de produção de grãos, 100% do potencial de
produção de matéria verde e a silagem
terá boa digestibilidade, ou seja, o animal
maximizará a absorção de nutrientes do
alimento, reduzindo a quantidade de nutrientes excretados nas fezes. Como pode
ser observado na tabela abaixo.
Tabela 1.
Potencial de produção e
teor de matéria seca (MS)
da planta de milho conforme estágio de maturação
Estágio de Maturação
Potencial de Produção
Grãos
Planta
Teor de MS
Florescimento 05515
Formação grão
10
60
20
Leitoso 55
75
25
Farináceo
7585 30
Farináceo-duro 95100 35
Duro
100100 40
Tendo em vista que 35% a 40% do custo da silagem estão na etapa de colheita, é
necessário que haja muita atenção neste processo. A falha na escolha correta do momento de colheita pode se tornar o gargalo para a produção do volumoso, sendo que
se a cultura for colhida antecipadamente será ensilada com baixa matéria seca e irão
ocorrer perdas, além destas pode haver contaminação por microorganismos indesejáveis ocasionando mofos. Caso for colhida tardiamente comprometerá a digestibilidade da silagem e o processo de compactação do silo, que irá atrapalhar no processo
de fermentação.
Portanto, pode-se concluir que se atentar ao momento de colheita é fundamental
para produzir um volumoso de qualidade, o que representa maior produção de leite e
maximização dos lucros na atividade.
Dicas do Agrônomo:
Dicas para obter uma boa
silagem
p. 2
Vagões Forrageiros:
Por que utilizá-los?
Marcelo Bianco
Estudante de Zootecnia
Jaime Camilo Filho
Estudante de Medicina Veterinária
Marcelo Grossi Machado
Estudante de Zootecnia
O uso de vagões forrageiros, ou também conhecido como Totalmix, é uma ferramenta que cada
vez mais vem sendo utilizada em propriedades que
utilizam dieta total (aquelas que oferecem concentrado e volumoso juntos no cocho). A aquisição
deste equipamento aliado a sua correta utilização
traz benefícios para a propriedade, tanto no aspecto de manejo, como no aspecto nutricional.
O vagão é capaz de misturar e pesar os componentes da dieta, bem como distribuí-la no
cocho,promovendo um balanço mais equilibrado
da taxa de ingestão dos nutrientes, assim o animal
tem uma melhor fermentação ruminal e, consequentemente, aproveita melhor a dieta fornecida.
Outro ponto de destaque é que permite a otimização da mão de obra.
Sendo assim a primeira pergunta que o produtor
se deve fazer antes de adquirir um vagão é: Será que
é vantajoso adquirir um esse implemento para minha fazenda?
Preconiza-se a utilização do vagão em propriedades que possuam animais de maior produção, em
sistemas de confinamento, pois nesses rebanhos a
resposta para uma dieta bem misturada e balanceada é mais pronunciada. A fazenda também deve
contar ou proporcionar instalações adequadas,
possibilitando acesso do vagão aos cochos, para
distribuir a dieta e realizar as manobras necessárias;
bem como mão-de-obra capacitada.
A segunda pergunta é: Qual vagão devo escolher?
O ideal é o produtor optar pelos modelos mais flexíveis possíveis, que consigam misturar qualquer
tipo de volumoso. Quanto ao volume existem uma
série de tabelas disponibilizadas pelos fabricantes
que ajudam na escolha. Cabe ao produtor optar
por aquele que atenda
as necessidades do rebanhoatual e no futuro,já
pensando nas metas da
propriedade.
Existe uma série de vagões disponíveis, quanto
ao deslocamento: tracionados por trator, montados em caminhões ou
estacionários; quanto à
mistura: aqueles mais
simples, que apenas
fazem a mistura dos
componentes da dieta,
até aqueles adaptados
É hora de aproveitar
o pasto?
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Momento do Produtor:
Antônio Moreira Vieira
– Fazenda Boa Vista
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com fresas desensiladoras, que cortam a silagem
em fatias regulares e balança para pesagem dos ingredientes. O preço pode variar de R$ 20.000 a R$
180.000 e capacidade de 1,3 a 9ton, atendendo aos
diferentes sistemas e propriedades leiteiras.
O Produtor José Afonso Frederico, proprietário
das Fazendas Chácara e Agropecuária Bela Vista,
localizadas no município de Coimbra-MG, adquiriu um vagão no ano de 2010. A aquisição do
equipamento na época se justificava pelo alto número de animais que recebiam dieta total e a estreita disponibilidade de mão de obra. Com o implemento o processo de desensilamento e mistura
do concentrado ao volumoso se tornou mais ágil,
ressaltando que o vagão também é utilizado com
cana picada. Esta operação permite que apenas um
funcionário seja responsável pelo trato de mais de
120 animais, sendo cerca de 65 vacas e 55 novilhas,
num total de 8 lotes, tratados todos os dias, pela
manhã e pela tarde.
A maior dificuldade encontrada na aplicação
dessa tecnologia está no treinamento da mão de
obra. Além de seguir o manual do fabricante, o
empregado deve saber o tempo certo de mistura
da dieta, a ordem dos ingredientes a serem adicionados e realizar a correta limpeza do equipamento, proporcionando correta mistura do alimento e
maior vida útil da máquina. Outro problema já notado é que os vagões que possuem fresas desensiladoras, picam a silagem no processo de retirada do
volumoso do silo. Portanto para evitar esse problema com tamanho de partícula, podemos adicionar
uma fonte de fibra efetiva na dieta, como o feno,
ou então realizar a ensilagem com um tamanho de
partícula um pouco maior.
O aumento na ingestão de matéria seca e redução de seleção pelos animais, proporcionado pelo
melhor perfil de degradação ruminal, diminui
incidência de acidoses subclinicas e problemas de
casco. O produtor hoje sabe que o vagão é indispensável na propriedade, pois, além dos benefícios
gerados ao rebanho, o implemento promove uma
otimização da mão de obra, diminuindo o custo
operacional efetivo e aumentandoa renda bruta da
propriedade.
Vagão Forrageiro
Qualidade do leite:
O que é o teste de crioscopia
do leite?
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Dicas do Agrônomo:
Dicas para obter uma boa silagem
Vanessa Martins Felippe de Freitas
Estudante de Agronomia
A alimentação é um item de
grande influência no custo de
produção, pois um volumoso de
baixa qualidade resulta em baixa
produtividade do rebanho e dependência maior por concentrado, com consequente aumento
dos custos de produção, portanto, a qualidade da silagem de milho ofertada aos animais se torna
um fator importantíssimo para o
processo produtivo.
Para obter silagem de milho de
boa qualidade é necessário um
prévio planejamento das ativiJornal da Produção de Leite
Programa de
Desenvolvimento
da Pecuária Leiteira
da Região de Viçosa
Publicação editada sob
a responsabilidade do
Coordenador do PDPL-RV:
Adriano Provezano
Gomes
Jornalista Responsável:
José Paulo Martins
(MG-02333-JP)
Redação:
Christiano Nascif
Zootecnista
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Médico Veterinário
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Médico Veterinário
Thiago Camacho Rodrigues
Engenheiro Agrônomo
Diagramação e coordenação
gráfica:
João Jacob
Neide de Assis
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2
dades a serem realizadas no pré-plantio, durante o plantio e pós-plantio, sobretudo por parte dos
produtores que dependem de
serviços terceirizados, como mão-de-obra e maquinários. É preciso
também ser eficiente nas três etapas que envolvem a produção de
silagem, sendo a 1ª: plantio; 2ª:
colheita e ensilagem e a 3ª: desensilagem e fornecimento.
• O plantio deve ser feito em
solo fértil, livre de encharcamento, o mais plano possível,
próximo do silo e seguindo todas as recomendações agronômicas, como espaçamento entre linhas, estande de plantas,
adubação, controle de pragas e
doenças, etc.
• A colheita deve ser feita quando as plantas apresentarem de
30-35% da matéria seca, o que
pode ser determinado pelo
Koster (aparelho que quantifica a umidade da planta). Em
campo é possível determinar
o ponto ideal de colheita através da chamada ‘’linha do leite’’. Ao analisar o grão, a linha
do leite deve representar de ½
a 2/3 do grão, e a textura do
mesmo quando amassado é de
farináceo a farináceo-duro.
• Para obter o tamanho ideal
de partículas, que é 0,5cm a
1,5 cm, deve-se afiar as facas
de corte da ensiladeira no
mínimo duas vezes ao dia e
aproximá-las das contra-facas.
Caso haja presença de palhas
inteiras em meio á silagem, é
preciso aproximar as facas das
contra-facas, e se houver pedaços de sabugo, é necessário
afiar as facas.
O enchimento do silo deve ser
feito espalhando-se de forma
inclinada camadas de 20 cm a
30 cm de forragem, seguido de
compactação. A compactação
deverá ser feita passando-se o
trator inúmeras vezes sobre cada
camada depositada no silo, procurando retirar o máximo de ar
possível, o que favorecerá a ação
de bactérias desejáveis, ou seja,
bactérias produtoras de ácido
láctico, que conservam a silagem, pois controlam respiração,
temperatura e pH.
Após a compactação, deve-se
vedar o silo de preferência com
lona 200 micras. Durante a vedação deve-se expulsar todo o
ar a medida que se estica a lona.
As bordas da lona devem ser
“enterradas’’ para evitar a entrada de ar e água, e a mesma deve
ser coberta com uma camada de
terra. Além disso, é preciso cercar o silo, evitando que animais
danifiquem a lona. É importante
que o tempo entre o enchimento
e a vedação do silo seja o mais
rápido possível, pois isto reduz
perdas.
A abertura do silo normalmente é feita 27 dias após a ensilagem. A retirada da silagem
deve ser feita em camadas perpendiculares ao solo e o mais
plana possível, com a espessura
das camadas de cima até embaixo do silo, de no mínimo 20cm,
diminuindo a área de superfície
exposta ao ar, o que também evi-
ta perdas de silagem. Após a retirada da silagem, o silo deve ser
fechado imediatamente.
As três fases citadas anteriormente são complementares e
por isso devem ser bem feitas,
pois falhas em alguma delas
são acumulativas e comprometem a qualidade, produtividade
e custo final para produção da
silagem. A qualidade da silagem
produzida pode ser avaliada
por aspectos nutricionais (análise bromatológica) e sensoriais
(odor, coloração e temperatura).
É importante observar e determinar estes aspectos, para que a
cada ano possamos ser mais eficientes, lembrando que uma boa
silagem se traduz em mais leite, e
consequentemente mais dinheiro no bolso do produtor.
É hora de aproveitar o pasto?
Maria Alice Reis
Estudante de Agronomia
Bruno Machado
Estudante de Zootecnica
O Brasil possui atualmente
cerca de 170 milhões de hectares de pastagens. Esta área
corresponde a 76% das terras
totais utilizadas para agricultura e pecuária no país, porém
mais da metade da área está em
algum estágio de degradação,
sendo boa parte já em estágio
avançado.
Devido às características climáticas do Brasil, a produção
de forrageiras apresenta muitas variações em produtividade durante o ano. No período
seco, as pastagens apresentam
queda na produção de matéria
verde, bem como nos níveis de
proteína. Isso ocorre devido à
falta de chuvas e ao período de
duração dos dias, que são curtos. Durante a época das águas,
na qual nos encontramos, as
condições ótimas para o desenvolvimento das forrageiras são
obtidas, pois temos água em
abundância e dias longos.
As forrageiras tropicais, como
Brachiaria brizantha, Brachiaria decumbens e as variedades
de Pannicum, são as mais utili-
zadas no país sendo valorizadas
por sua rusticidade, versatilidade, boa adaptabilidade e proporcionarem boa cobertura do solo.
Porém, não podemos apenas
levar em conta essas características e desconsiderar o manejo das
pastagens, sendo este o maior fator de sucesso ou perdas na produção.
Para um manejo correto das
pastagens, deve-se respeitar as
alturas de entrada e saída dos
animais. Este manejo deve ser
empregado tanto em sistemas
de pastejo rotacionado ou lotação contínua. Associando este
manejo de controle da altura
de entrada e saída dos animais,
com uma adubação eficiente e
Piquetes de Mombaça
correta, os níveis de produtividade alcançados serão excelentes e representarão lucro para o
produtor, pois os animais terão
acesso sempre a um alimento de
alto valor nutricional e que será
convertido em produção de leite.
A pastagem corresponde à
maior área ocupada nas fazendas de leite e pode ajudar a solucionar problemas sanitários
como a mastite e principalmente, suprir o déficit de volumoso
nas propriedades. Visando esse
aproveitamento da pastagem,
o produtor Rogério Barbosa,
proprietário do Sítio Dona Chiquinha, localizado em Teixeiras
- MG vem investindo na manutenção e correto manejo de seus
pastos, e na divisão da área em
piquetes rotacionados. Atualmente o produtor esta indo
para a terceira e última aplicação do NPK 20-05-20, depois
de ter feito uma correta correção do solo e também uma
adubação fosfatada com MAP.
Com estes investimentos,
o Sr. Rogério Barbosa espera
aproveitar ao máximo o pasto
no período das águas, fornecendo alimento de boa qualidade aos seus animais e, consequentemente, garantindo a
recuperação dessas áreas que
são fundamentais para a sustentabilidade da agropecuária
e para a economia do produtor
rural.
Momento do Produtor:
Antônio Moreira Vieira – Fazenda Boa Vista
Lidiane Finoti
Estudante de Medicina Veterinária
Wagner Machado
Estudante de Zootecnia
A fazenda Boa Vista, está situada
na Zona Mata Mineira, no município de Presidente Bernardes, também conhecido antigamente como
Calambau. Atualmente, Antônio
Moreira Vieira e sua esposa Dalva,
professora há 26 anos na região,
residem na propriedade com seus
três filhos Luana, Fabrício e Vinícius. Fundada em 1995, a fazenda
se ergueu com a comercialização
de produtos agropecuários como o
café, o feijão e o comércio de animais. O proprietário que sempre
esteve envolvido com a pecuária
leiteira e o comércio de animais,
herdou do seu pai, o Sr Fábio Vieira, parte de suas terras.
Antonio Vieira chegou a trabalhar
na cidade de São Paulo por quase 5
anos, porém acostumado com a lida
na roça e encontrando-se recém casado com sua esposa Dalva, decidiu
retomar as atividades e assumir os
negócios do pai junto com seus irmãos. Após sete anos da sua volta, o
produtor fundou a Fazenda Boa Vista, investindo na atividade leiteira.
Em 2007, após reformar praticamente todas as instalações e adquirir novos equipamentos, a atividade
ganhou vigor, tendo à frente o produtor Antônio e seu filho Fabrício.
Interessados em aperfeiçoar as técnicas e evoluir na produção leiteira,
se inscreveram no Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira
da Região de Viçosa (PDPL-RV)
em 2011, quando passaram a fazer
parte do conjunto de fazendas assistidas pelo Programa.
O PDPL-RV começou sua atuação implementando melhorias em
vários setores, atuando de forma
equilibrada com as possibilidades do produtor. Tais mudanças
influenciaram nas tomadas de
decisão, definindo metas para potencializar a produção. Assim, a
propriedade que possui atualmente uma área total de 29,6 ha (24,3
ha destinados à pecuária leiteira),
busca suprir as necessidades de
volumosos com maior qualidade,
produtividade e de acordo com as
novas tecnologias. Dos 24,3 ha destinados à atividade leiteira, 3,0 ha
são para o milho silagem; 1,0 ha
para cana de açúcar; 0,8 ha destinados aos piquetes de mombaça; 0,3
ha para o cultivo de capim elefante; 13,5 ha em pastagens naturais
e 6,1 ha para matas e benfeitorias.
O produtor ampliou sua área de
cana de açúcar adotando uma nova
variedade de melhor qualidade, a
SP 801816; investiu na formação
de duas novas áreas de produção
de volumoso, sendo uma com o
plantio de capim elefante e a outra
com os piquetes de Mombaça. Com
grande confiança depositada nos
técnicos e estagiários do Programa,
nesta safra realizou com exatidão
e presteza todas as recomendações
de adubações e plantios, adotando
o consórcio do milho BM 3061 com
Brachiaria brizantha cv. piatã, conquistando assim, uma safra satisfatória, com indicativos de alta produtividade, além da maior e melhor
oferta de alimento com o consórcio
após a colheita.
Atualmente o rebanho é composto por 21 vacas totais, sendo 12 vacas em lactação e 9 vacas secas. Os
lotes de cria e recria apresentam 22
animais, estando estes subdivididos
em: seis novilhas em reprodução,
quatorze entre os pesos de 150 a
250 kg e duas bezerras em aleitamento. O grau de sangue deste rebanho varia entre o 1/2, 3/4 e 5/8
Holandês-Zebu. Sendo assim, as
tecnologias como a Inseminação
Artificial e a IATF (Inseminação
Artificial em Tempo Fixo) despertaram o interesse do produtor, que
passou a valorizar o acasalamento
dirigido e o uso de sêmens sexados,
como ferramenta para a evolução
genética do seu rebanho. O treinamento da mão-de-obra realizado
pelo PDPL-RV garantiu ao produtor autonomia na inseminação, pois
antes dependia de um inseminador
externo ou de um touro. Com isso,
além da orientação no acasalamento, o produtor está imprimindo
uma mudança no perfil genético de
seu rebanho.
A parceria com o PDPL-RV também trouxe outras inovações á propriedade Boa Vista, como o manejo
correto das vacas em lactação e a
adoção de um protocolo de ordenha, passando a realizar adequadamente a limpeza e desinfecção dos
tetos, além do uso de papel toalha
na secagem. Isto fez com que a
qualidade do leite produzido ganhasse destaque entre as fazendas
assistidas pelo PDPL-RV. Ao longo
do ano de 2012 o produtor ocupou
as primeiras colocações em CBT e
CCS, resultando em três prêmios
no XXIII Torneio Leiteiro e Produtividade Leiteira do PDPL-RV. Seus
índices comprovam a eficiência em
se trabalhar com qualidade, pois
nota-se com clareza o aumento no
volume do leite produzido à medida que melhorou a higiene nos
processos de ordenha sendo o contrário também verdadeiro.
Entretanto as mudanças não param por aí, pois este ano espera-se
uma melhor produtividade no milho
silagem, o início do pastejo rotacionado nos piquetes de mombaça e a
utilização do novo canavial, além da
construção de um bezerreiro contínuo e de um lote para as vacas em
pré-parto.
A assistência técnica despertou na
família uma maior atração pela atividade leiteira, e assim, instigou o
interesse crescente do filho do produtor, Fabrício Vieira, que pretende
dar continuidade à atividade leiteira
Família Vieira, esquerda para direita, filhos Fabrício e Vinicius,
Antônio Moreira e sua esposa Dalva
Vista Parcial da Propriedade Boa Vista
Vista Parcial do Piquete de Mombaça
Vista do Plantio do Milho Silagem
na propriedade da família, seguindo
os passos do pai.
A Fazenda Boa Vista, demonstrando confiança e trabalhando firme em
prol do desenvolvimento da atividade
leiteira, juntamente com o PDPL-RV,
caracteriza-se como uma propriedade de futuro, provando assim que os
frutos hoje plantados serão colhidos
em breve. A confiança estabelecida
com o Programa facilita o trabalho,
garantido a qualidade e a excelência
das recomendações, adotadas sempre em conjunto, confirmando a boa
relação de parceria.
3
Qualidade do leite
O que é o teste de Palestra: Agricultura de Baixo Carbono
crioscopia do leite?
Renato Shinyashiki
Estudante de zootecnia
Ingryd Lanna Lopes
Estudante de Medicina Veterinária
A crisoscopia ou índice crioscópico, é umas das características físicas
mais constantes do leite. O parâmetro crioscópico se refere ao ponto de
congelamento do leite. Segundo a
legislação brasileira, os valores crioscópicos do leite devem estar entre
-0,512ºC e -0,531ºC. A temperatura
de congelamento do leite quando
comparado ao da água, é menor devido à presença de sólidos no leite.
O teste da criscopia é realizado por
um aparelho que leva ao congelamento da amostra de leite e por meio
de um termômetro, é feito a medição
da temperatura. A
utilização e importância desse teste
está relacionado ao
seu uso nos laticínios na detecção de
possíveis fraudes,
por adição de água
ou de outras substâncias como os
alcalinizantes.
Sendo o ponto de
congelamento da
água de 0ºC, quando houver fraude
por adição de água,
mais próximo de
0ºC estará o índice crioscópico, já
quando houver adição de substâncias alcalinas como a soda cáustica,
por exemplo, mais afastado de 0oC
estará o índice.
Outros fatores podem estar envolvidos nessa alteração da crioscópia
do leite, como: genética, nutrição,
estação do ano e período de lactação
do animal, entre outros.
Sendo o leite considerado um alimento nobre, é de responsabilidade
do produtor e do laticínio garantir
que este produto chegue à mesa do
consumidor com suas características
físico-químicas ideais, respeitando
os padrões de qualidade do leite e
as normativas legais que regulam o
setor de produção de leite e de seus
derivados lácteos.
No dia 16 de janeiro foi ministrada aos estagiários da terceira
fase do PDPL-RV uma palestra
com o tema de Agricultura de
Baixo Carbono, pela engenheira
florestal e estudante de mestrado Nathália Lima Lopes. Foram
apresentados os desafios do setor
agropecuário, que terão de evoluir das práticas convencionais
para uma agricultura com baixa
emissão de carbono, isso sem reduzir o lucro do agricultor.
A palestrante demonstrou em
uma planilha em formato Excel
a quantidade de carbono emitida por uma propriedade leiteira, baseada em número de animais, de ordenhas e sistema de
alimentação dos animais, entre
outros dados. Com o levantamento da propriedade, calcula-se o número de árvores a serem
plantadas para que a propriedade consiga um saldo de emissão
de carbono zero.
Com o objetivo de reduzir
a emissão de Gases de Efeito
Estufa, que é responsável pelo
Crioscópico
no custo total anual por vaca na propriedade. Obteve-se um custo total
por vaca por ano de R$ 1530,49.
Desta forma, o mínimo de produção de leite anual de uma vaca na
propriedade para que ela pague seu
custo anual deve ser de 1843,96 litros, considerando um preço médio
do litro de leite de R$ 0,83. Sendo assim, foi feito o descarte de 17 vacas
na fazenda Santo Antônio, baseado
nos critérios citados acima. Essas 17
vacas foram vendidas e com a renda obtida foi realizada a compra de
7 animais jovens, próximos a parição, com grau de sangue 3/4HZ, do
produtor Cristiano Lana em Piranga
– MG, que também é assistido pelo
PDPL-RV. Estes animais têm grande
possibilidade de serem superiores
geneticamente às vacas descartadas
voluntariamente, buscando assim
uma maior produtividade (L/vaca)
e uma relação de vacas em lactação
por total de vacas mais próxima do
ideal.
O descarte voluntário e involuntário é feito com o objetivo de eliminar
animais improdutivos, diminuindo assim os custos da propriedade.
Aliado ao descarte é feita a reposição
ou compra de animais mais produtivos que os descartados, levando
a uma evolução do rebanho e uma
atividade mais rentável para o produtor.
O objetivo principal de um produtor de leite deve ser maximizar
os lucros, ou seja, tornar a atividade
economicamente eficiente e lucrativa, e para isso deve-se selecionar os
animais do rebanho descartando os
animais improdutivos.
O descarte de vacas é medido pela
taxa de descarte, que é o número de
vacas retiradas do rebanho, dividido
pelo número médio de vacas do rebanho no mesmo período multiplicado por 100. O descarte involuntário de uma vaca ocorre quando esta
apresenta algum problema como,
mastite, afecções de casco, falhas
reprodutivas ou outra doença. O
descarte feito por decisão do produtor, ou seja, descarte voluntário é
realizado baseado nas características
como tipo leiteiro, temperamento,
índices reprodutivos, período de
lactação e produção de leite.
Na fazenda Santo Antônio, do
produtor José Araújo Mafia, em
Amparo do Serra, que adota um
sistema de produção extensivo com
baixa intensificação tecnológica, foi
feito o descarte voluntário de vacas,
considerando o temperamento, tipo
leiteiro, produção de leite; e baseado
Alguns indicadores da fazenda Santo Antônio
Período 11/2011 a 10/2012 corrigido pelo IGP-DI de Outubro/2012
Índice
Produção média de leite
Vaca em lactação/total de vacas
Produção/vaca em lactação
Produção/área para pecuária
Margem bruta unitária
Margem bruta da atividade
4
aquecimento global, foi criado
um Programa para Redução
de Emissão de Gases de Efeito
Estufa na Agricultura (Programa ABC), onde são financiadas
práticas e tecnologias adequadas, e também sistemas produtivos eficientes que contribuem
para a menor redução dos gases causadores do efeito estufa. Durante o evento foram discutidas algumas práticas que recebem apoio do Programa ABC,
que são essenciais para a redução da emissão de carbono em
uma propriedade, tais como:
plantio direto na palha, recuperação de pastagens degradadas,
plantio de florestas comerciais,
fixação biológica de carbono e
tratamento de resíduos animais.
Sendo o assunto causador de
polêmicas em políticas internacionais e que os métodos de
redução de carbono do programa ABC são de interesse agronômico, a palestra foi de suma
importância para a capacitação
e criação de novos horizontes
de atuação para os estagiários e
técnicos do PDPL-RV.
As 10 maiores produções do mês de dezembro de 2012
Ord
Descartes:
Voluntário x Involuntário
Fernando Giglio Amadio
Estudante de Zootecnia
Nathália Lima ministrando a palestra
UnidadeRealizado
L/dia
222,48
%
40,97
L/dia
8,91
L/ha/ano
902,21
R$/L
0,2228
R$/ano
18094,09
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Produtor
Antônio Maria José Afonso Frederico Hermann Muller Marco Túlio Kfuri Araújo
Paulo Frederico Cristiano José Lana Ozanan Moreira
Luciano Sampaio
Danilo de Castro Sérgio H. V. Maciel Município Produção Cajuri
Coimbra
Visc. Rio B
Oratórios
Araponga
Piranga
Ubá
Teixeiras
Ervália
Coimbra
125789
67790
62453
43417,9
41792,5
29642
26343
26078
24065
23871
As 10 maiores produtividades do mês de dezembro de 2012
Ord
Produtor
Município Produtividade por Produtividade por
vaca em lactação
vaca total
1 Ozanan Moreira
Ubá
28,3
25,8
2 Antônio Maria Cajuri
26,5
21,5
3 José Francisco Gomide
Cajuri
17,9
16,1
4 José Afonso Frederico Coimbra
19,5
15,7
5 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino
22,3
15,6
6 Célio de Oliveira Coelho
Porto Firme
16,1
15,2
7 Marco Túlio Kfuri Araújo
Oratórios
23,0
13,7
8 Antônio Carlos Reis Piranga
18,2
13,7
9 Alaelson José
Ubá
19,4
13,7
10 Hermann Muller Visc. Rio B
56,0
13,6
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