UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO EMMANUELLE ARNAUD ALMEIDA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TIPOLOGIA DE LIDERANÇA SOBRE O COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL EM UMA EMPRESA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES João Pessoa – PB Maio de 2007 EMMANUELLE ARNAUD ALMEIDA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TIPOLOGIA DE LIDERANÇA SOBRE O COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL EM UMA EMPRESA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, como Requisito Obrigatório à Obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientadora: Sandra Leandro Pereira, Dra. João Pessoa – PB Maio de 2007 À Professora Orientadora Sandra Leandro Pereira, Dra. Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Emmanuelle Arnaud Almeida. João Pessoa, 18 de maio de 2007. ___________________________ Prof. Ivan Ramos Cavalcanti Coordenador do SESA Parecer da Professora Orientadora: EMMANUELLE ARNAUD ALMEIDA ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TIPOLOGIA DE LIDERANÇA SOBRE O COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL EM UMA EMPRESA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em: 18 de maio de 2007. Banca Examinadora ___________________________ Sandra Leandro Pereira Profa. Orientadora UFPB/DA __________________________ Maria Valéria Pereira de Araújo Examinadora UFPB/DA ___________________________ Alyson André Régis de Oliveira Examinador UFPB/DA Com alegria dedico este trabalho a Deus, que sempre me guiou pelo caminho da luz. Ele é a força que me sustenta, a minha alegria eterna. AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Sandra Leandro, por me mostrar um olhar mais sublime da arte da pesquisa. Ao meu amor, Marcello Viktor, por estar ao meu lado nos momentos mais difíceis, e por nunca perder o sorriso que eu preciso ver para continuar firme. À minha mãe, Aparecida, por cuidar de mim. Aos meus amigos, apenas por serem amigos. Em especial, à Eveline, pérola rara, à Shirley, rocha firme, e à Rosinha, rosa meiga. Com carinho, também agradeço a todos os amigos da UFPB: Dainha, meu padrão de referência, Aninha e Ozenev, exemplos de perseverança, e a todos os outros que através de suas vidas me ensinaram a viver melhor. RESUMO Para alcançar seus objetivos, as empresas têm buscado incorporar para dentro de seus quadros, colaboradores que expressem o devido comprometimento no desenvolvimento do trabalho. Neste sentido, o papel da liderança torna-se um importante recurso de influenciação, pois é necessário se criar condições para que a relação líder-liderado se estabeleça positivamente. Logo, o objetivo da presente pesquisa é analisar a influência que a tipologia de liderança exerce sobre o comprometimento organizacional dos colaboradores da empresa Oi na Paraíba. Em nível de método, este estudo de caso possui caráter exploratório-descritivo, cujo levantamento de dados foi realizado por meio de entrevista com uso de dois questionários: um elaborado pelo pesquisador e validado por intermédio de estudo piloto, o qual propõe a congruência das Teorias/Abordagens da Liderança em cinco tipologias; e outro que utiliza o modelo de três componentes do comprometimento organizacional de Meyer e Allen, no qual os empregados permanecem em suas organizações por que querem, por que precisam ou por que sentem-se na obrigação de ficar. O tratamento dos dados se constitui em três etapas, sendo a primeira direcionada para auferir a tipologia de liderança subjacente na empresa Oi-PB; a segunda etapa esteve voltada ao dimensionamento das naturezas e graus de comprometimento organizacional; e a terceira foi desenvolvida através de análise estatística, a fim de constatar-se ou não correlação entre as variáveis. Os resultados apontam que, para a população de colaboradores presentes na organização pesquisada, há duas tipologias subjacentes entre os líderes da empresa, a Transformacional e a Contingencial, e que a maioria dos liderados permanece na empresa por que quer, ou seja, pela afetividade que sentem para com a mesma. Por fim, observou-se a existência de correlação entre as variáveis tipologia de liderança e comprometimento organizacional, respaldando o objetivo central do presente estudo. De modo geral, esta investigação pode contribuir para uma melhor compreensão das percepções individuais no contexto de trabalho, apontando direções para futuras ações tanto acadêmicas quanto empresariais, além de se suscitar um interesse em detalhar, em novas investigações, os resultados encontrados nesta. Palavras-chave: Tipologias de Liderança. Comprometimento Organizacional. Administração de Recursos Humanos. ABSTRACT To reach its goals, the companies have searched to incorporate for inside of its boards, collaborators who express the due organizational commitment in the development of the work. In this direction, the leadership role becomes an important resource of persuasion, therefore it is necessary to create conditions so that the leader-led relation establish itself positively. The objective of the present research is to analyze the influence that the leadership typology exerts on the organizational commitment of the collaborators of the Oi company in the state of Paraíba. In method level, this case study has explorative-descriptive character, whose data-collecting was carried through interview using two questionnaires: one elaborated for the researcher and validated for intermediary of study pilot, which considers the congruence of the Theories/Boardings of the Leadership in five typologies; and another one that uses the Meyer and Allen’s model of three components of the organizational commitment, in which the employees remains in its organizations because they want to, they need or they feel the obligation to stay. The data treatment constitutes in three stages, being the first one directed to gain the typology of underlying leadership in the Oi-PB company; the second stage was turned to the natures sizing and levels of organizational commitment; and the third was developed through statistics analysis, in order to evidence or not correlation between the variable. The results point that, for the population of collaborators in the searched organization, there are two underlying typologies among the company’s leaders, the Transformational and the Contingentional, and that the majority of the led ones remains in the company because they want to, that is, for the affectivity that they feel with the same one. Finally, it was observed the existence of correlation among the variables leadership typology and organizational commitment, endorsing the main objective of the present study. In general way, this inquiry can contribute for a better understanding of the individual perceptions in the work context, pointing directions for future actions such as academics or business type, exciting an interest in detailing, in new inquiries, the results found in this. Key words: Leadership Typologies. Organizational Commitment. Human Resources Administration. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Variáveis fundamentais da liderança ......................................................................................21 Figura 2: Modelo de Liderança da Universidade de Ohio .....................................................................26 Figura 3: Grid Gerencial de Blake e Mouton .........................................................................................29 Figura 4: Variáveis de influência do comprometimento. .......................................................................48 Figura 5: Forma de cálculo das medidas de correlação para o caso da Oi-PB .......................................73 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Tipologia de Liderança subjacente na Oi-PB .......................................................................64 Gráfico 2: Tipologias de Liderança por Unidade de Observação ..........................................................66 Gráfico 3: Comprometimento organizacional global na Oi-PB .............................................................67 Gráfico 4: Natureza de comprometimento organizacional subjacente na Oi-PB ...................................69 Gráfico 5: Freqüência dos graus por componente na Oi-PB ..................................................................70 Gráfico 6: Padrões de comprometimento organizacional existentes na Oi-PB ......................................71 Gráfico 7: Padrões de comprometimento organizacional por Unidade de Observação .........................72 Gráfico 8: Comprometimento Organizacional por Unidade e Tipologia de Liderança .........................75 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Tendências no estudo da liderança ........................................................................................19 Quadro 2: Teorias/Estudos x Estilos de Liderança - Abordagem comportamental ...............................25 Quadro 3: Teorias/Estudos x Estilos de Liderança - Abordagem contingencial ....................................31 Quadro 4: Processos de Decisão do modelo de Vroom e Yetton. ..........................................................34 Quadro 5: Indicadores do comprometimento organizacional. ...............................................................49 Quadro 6: Quadro de referência .............................................................................................................52 Quadro 7: Esquema Geral de Pesquisa...................................................................................................55 Quadro 8: Perfil do líder da empresa Oi ................................................................................................63 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Graus de Liderança na Oi-PB.................................................................................................65 Tabela 2: Graus de comprometimento global na Oi-PB ........................................................................68 Tabela 3: Medidas de associação: Tipologia de Liderança x Natureza do comprometimento ..............74 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA 14 1.2 OBJETIVOS 15 1.3 JUSTIFICATIVA 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 TIPOLOGIAS DE LIDERANÇA 2.1.1 2.1.2 2.2 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL 2.2.1 2.2.2 2.2.3 3 Aspectos Conceituais Teorias/Abordagens de Liderança Aspectos conceituais Dimensões do Comprometimento Organizacional O Modelo de Conceitualização em Três Componentes de Meyer e Allen PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 18 18 18 22 40 40 43 47 50 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA, UNIVERSO/POPULAÇÃO 50 3.2 QUADRO DE DEFINIÇÃO CONCEITUAL 51 3.3 COLETA DE DADOS 53 3.4 TRATAMENTO DE DADOS 56 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 58 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO OBJETO DE ESTUDO 58 4.2 TIPOLOGIA DE LIDERANÇA SUBJACENTE NA ORGANIZAÇÃO PESQUISADA 63 4.3 NATUREZA E GRAU DE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL DOS COLABORADORES DA ORGANIZAÇÃO OBJETO DE ESTUDO 67 4.4 PADRÕES DE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL DOS LIDERADOS 71 4.5 CORRELAÇÃO ENTRE A TIPOLOGIA DE LIDERANÇA E A NATUREZA DOS VÍNCULOS DIMENSIONADOS 73 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 76 6 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES 78 REFERÊNCIAS 79 APÊNDICE 1 – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 82 14 1 1.1 INTRODUÇÃO Delimitação do tema e formulação do problema de pesquisa Historicamente, o papel da Administração de empresas sempre pautou como meta aumentar a produtividade, reduzir a rotatividade e o absenteísmo e maximizar os talentos (humanos). Para cumprir tais propósitos, os gerentes têm concentrado esforços em buscar mecanismos que promovam o envolvimento do indivíduo, com o mínimo de conflitos e máximo desempenho, visando o alcance da eficiência organizacional. O atual contexto de transformações ambientais e organizacionais implica significativas reestruturações das relações ou dos vínculos psicológicos postulados como necessários entre os indivíduos e as organizações. Num ambiente em que o perfil do trabalho requer envolvimento do trabalhador, a fim de que tome iniciativas para controle da qualidade, identificação de defeitos, participação em grupos de melhorias e outras formas de ação que requerem disposição para participar, ressalta-se a questão do comprometimento. As organizações necessitam de pessoas dispostas a realizar mais do que aquilo que está formalmente prescrito, a adotar comportamentos espontâneos em resposta a problemas inesperados, a fornecer sugestões criativas e inovadoras para a resolução de problemas inéditos, a se identificar com a organização e a atuar com dedicação e presteza no ambiente de trabalho. No panorama apresentado, verifica-se a relevância do líder no ambiente organizacional. Sem liderança, uma organização seria somente uma “confusão” de pessoas e máquinas, assim como uma orquestra sem maestro seria somente músicos e instrumentos. A orquestra e todas as outras formas de organização requerem liderança para desenvolver ao máximo seus preciosos ativos (DAVIS e NEWSTROM, 1992). A liderança tem o papel de encorajar e ajudar os outros a trabalhar entusiasticamente na direção dos objetivos, sendo, portanto, fundamental na busca da eficiência organizacional. É o fator humano que ajuda um grupo a identificar para onde ele está indo e, assim, motivarse em direção aos propósitos definidos pela organização. Há certo acordo consensual entre as diversas definições sobre liderança no sentido de que a ação de liderar demanda a realização de objetivos com e através de pessoas. Os estudos sobre o tema, de certa forma, contribuem para a elaboração de modelos explicativos sobre o papel do líder. Os líderes se apresentam sob diversos estilos e diferentes qualidades. Para 15 conseguir que as tarefas sejam realizadas podem apoiar-se completamente na autoridade do seu cargo, praticando um estilo autocrático e impositivo, ou adotar um estilo de comportamento mais participativo, que tenha decisão conjunta com seus subordinados. Antunes (2000, p. 19) destaca que o “homem busca sua integração com o meio e tende a envolver-se com algo ou alguém” e que “age em função de um fim”, ou seja, o trabalho. A maneira como as pessoas trabalham e o que elas produzem tem um impacto sobre o que pensam e na maneira como percebem sua independência, ajudando-as a descobrir e formar sua identidade. É muito importante que as lideranças de uma empresa sejam conscientes de seu papel perante o comprometimento dos subordinados. O comportamento do líder e sua forma de atuação não os motivarão diretamente, mas serão os responsáveis por criar as condições básicas para que o subordinado possa sentir-se vinculado à organização, criando apego ao trabalho. A organização objeto de estudo, Oi-PB, é uma empresa de telecomunicações, sendo a primeira operadora a utilizar a tecnologia Global System for Mobile Communication (GSM) no Brasil. Além disso, é reconhecida por oferecer planos de serviços inovadores e competitivos e por implementar projetos de reestruturação e crescimento de alta complexidade. Baseada na necessidade de uma abordagem de desenvolvimento organizacional construída em torno do conceito de aprendizado contínuo, a empresa têm investido recursos na formação de líderes com competência para mobilizar pessoas e equipes no desenvolvimento e implantação de soluções transformadoras. Desta forma, evidencia-se a estreita ligação entre os temas liderança e comprometimento organizacional. E é neste contexto que se apresenta a questão a ser respondida no presente estudo: como se dá a influência da tipologia de liderança sobre o comprometimento organizacional dos colaboradores da Oi na Paraíba? 1.2 Objetivos O objetivo geral desse projeto é analisar a influência que a tipologia de liderança exerce sobre o comprometimento organizacional dos colaboradores da empresa Oi na Paraíba. Especificamente pretende-se: a) Conhecer a tipologia de liderança subjacente na empresa Oi-PB; 16 b) Dimensionar a natureza e o grau de comprometimento organizacional dos colaboradores da Oi-PB; c) Obter padrões de comprometimento organizacional dos liderados, por intermédio da combinação da intensidade do grau e das dimensões do comprometimento organizacional, presentes em cada indivíduo; d) Verificar o nível de correlação existente entre a tipologia de liderança e a natureza dos vínculos dimensionados. 1.3 Justificativa Pesquisas sobre comprometimento organizacional adotam um sensato entendimento de que o comprometimento sozinho não garante o sucesso da organização, mas que um elevado grau de comprometimento com a organização contribui para que as empresas alcancem seus objetivos. Segundo Teixeira (1994 apud MÜLLER et al., 2005, p. 97), o estudo do comprometimento possibilita “a melhor compreensão da natureza dos processos psicológicos pelos quais as pessoas escolhem identificar-se com os objetivos em seu ambiente [...]”. O desenvolvimento de pesquisas sobre comprometimento procura compreender e explicar o comportamento dos indivíduos tendo em vista prevê-lo e influenciá-lo. Percebe-se que o comprometimento é formado a partir de valores e percepções individuais, conjuntamente com alguns fatores macro-organizacionais, como satisfação, clima, cultura e liderança, os quais são considerados variáveis correlacionadas ao comprometimento organizacional. Estas variáveis podem fomentar mudanças no grau de envolvimento indivíduo-organização, sendo a liderança, o principal foco desta pesquisa. Para fins de inspiração da escolha do tema, tomou-se como ponto de partida a identificação das variáveis antecedentes ao comprometimento organizacional relacionadas por Mathieu e Zajac (1990 apud MEDEIROS, 2003), sendo “as relações com líder”, a que merece oportuno destaque. A Oi Telecomunicações tem buscado a formação de lideranças preparadas para lidar com cenários diversos, em um mercado cada vez mais competitivo, pois precisa assegurar a existência de líderes aptos a conduzir seus negócios hoje e no futuro. Neste contexto, a relevância de se estudar questões ligadas à liderança e ao comprometimento deve-se, sobretudo, à possibilidade de resgatar, na literatura, as teorias 17 propostas sobre estes temas, levando-nos a melhor compreender os diversos pensamentos e modelos preditivos delineados na busca da gestão eficaz. Paralelamente, é possível investigar a realidade vivenciada pela organização objeto de estudo, e descobrir como se dá a influência da tipologia de liderança sobre o comprometimento organizacional dos seus colaboradores. Além disso, este estudo também revela importância na prática empresarial, uma vez que seus resultados poderão ser norteadores de ações que melhorem a relação entre os indivíduos e as organizações. 18 2 2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Tipologias de Liderança 2.1.1 Aspectos Conceituais As investigações acerca da liderança remontam de décadas passadas, tendo apresentado diversas roupagens e, conseqüentemente, inúmeras interpretações. Historicamente, os primeiros estudos sobre liderança norteavam-se pelos traços de personalidade dos líderes. O pressuposto principal dessa abordagem era de que os líderes possuíam certos traços ou características inatas que os distinguiam de seus seguidores, ressaltando especialmente as qualidades pessoais, intelectuais, emocionais e físicas do líder. Num segundo momento, os estudiosos passaram a tentar identificar “conjuntos de comportamentos que pudessem configurar aquilo que passa a ser chamado de habilidade de liderança” (BERGAMINI, 1994, p. 36). E, com base nesses conjuntos de comportamentos, os líderes puderam ser agrupados em diferentes estilos na forma de lidar com os subordinados. De acordo com Dubrin (2003), ao enfatizar tanto a produção quanto as pessoas, as teorias comportamentais proveram diretrizes gerais para a eficácia da liderança. No entanto, pesquisas posteriores mostraram que apenas determinadas características de personalidade, certos tipos de estilos de liderança ou algumas motivações comportamentais não foram capazes de promover, por si mesmos, a eficácia do processo de liderança. Segundo Bergamini (1994), uma decorrência natural desta constatação é que a investigação científica ampliou-se no sentido de apreciar outros tipos de variáveis que pudessem favorecer ou dificultar a relação líder-liderado. Surge, então, a abordagem contingencial, sugerindo uma análise mais integrada com o ambiente em que ela ocorre, levando em conta o líder, os liderados, a tarefa, e a situação. Robbins (1981) alerta que passou a ser cada vez mais evidente que é difícil, se não impossível, fazer generalizações amplas sobre a prática administrativa que sejam aplicáveis a todas as situações. Mas, segundo o autor, os modelos contingentes contêm um maior potencial para predição bem sucedida de eficácia da liderança, por levar em consideração as qualidades inerentes de líderes, seguidores e situações. 19 Todas estas possibilidades acabam por evidenciar a dificuldade dos pesquisadores em definir uma tipologia que situe as propostas teóricas formuladas até à atualidade. Rondeau (1986 apud BERGAMINI, 1994) ilustra a complexidade do assunto ao afirmar que há décadas a liderança constitui uma das maiores preocupações dos pesquisadores em comportamento humano no trabalho e que, no entanto, não existe ainda concordância quanto à definição do fenômeno. Deste modo, torna-se oportuno enquadrar as várias abordagens de acordo com os respectivos períodos temporais, conforme observado no Quadro 1. Período Abordagem Pressupostos Até aos finais dos anos 40 Traços de personalidade Liderança é uma capacidade inata Finais dos anos 40 até finais dos anos 60 Comportamentos de liderança A eficácia da liderança relaciona-se com o tipo de comportamento do líder Finais dos anos 60 até ao início dos anos 80 Teorias Contingenciais A eficácia da liderança é influenciada pela situação Início dos anos 80 Novas abordagens (transformacional e carismática) A liderança depende da “visão” do líder Quadro 1: Tendências no estudo da liderança Fonte: adaptado de Bryman (1992 apud GOMES, 2005) Diante do exposto, verifica-se que os modelos explicativos sobre liderança permitemnos verificar diferentes orientações e influências, considerando atualmente a existência de abordagens teóricas com determinados pressupostos que as tornam distintas. Neste sentido, são habitualmente aceitos três paradigmas principais na conceitualização da liderança: um centrado no estudo dos traços de personalidade, outro interessado na observação dos comportamentos assumidos pelos líderes no exercício das suas funções e o terceiro que chama a atenção para as variáveis situacionais, que influenciam a eficácia da liderança (VECCHIO 1995 apud GOMES, 2005). Nas últimas décadas, um novo movimento tem sido bastante divulgado, centrando-se sobre o carisma e a capacidade transformacional dos líderes na relação com os liderados. De acordo com Davis e Newstrom (1992), Dubrin (2003), Rouch e Behling (1984 apud BERGAMINI, 1994) e Robbins (2003), a liderança é um processo comportamental que visa influenciar indivíduos ou grupos na direção da realização de um objetivo definido. Dubrin (2003) ainda afirma que a liderança é uma habilidade de inspirar confiança e apoio 20 entre as pessoas de cuja competência e compromisso depende o desempenho. De acordo com Kanter (1996 apud ASANOME, 2001, p. 13), uma das qualidades do líder é a “capacidade de inspirar pela força da personalidade, fazendo com que os outros se sintam com autonomia para aumentar e empregar suas próprias capacidades”. Bass (1990 apud FREITAS, 2006) acrescenta que a liderança geralmente envolve uma estruturação ou reestruturação da situação e das percepções ou expectativas dos membros. A liderança, então, identifica, desenvolve e transforma em realidade o potencial representado por uma organização e suas pessoas. Isto quer dizer que bons líderes podem ser maus administradores, caso seus planejamentos conduzam as pessoas na direção errada. O cerne da liderança é, portanto, conseguir que os grupos atuem na direção que melhor atender aos objetivos organizacionais (DAVIS e NEWSTROM, 1992). Segundo Maccoby (1990 apud BERGAMINI, 1994), a liderança pode ser definida a partir de quatro grandes funções, as quais são interligadas: pôr em funcionamento uma política, pensar uma estratégia, mobilizar equipes e alianças, criando uma cultura de empresa que seja motivadora. Para Scholtes (1998 apud ASANOME, 2001), é preciso considerar as necessidades e valores das pessoas que necessitam ser gerenciadas, respeitando as habilidades e capacidades dos indivíduos com quem o líder compartilha essa liderança. Após investigar as diferentes percepções dos pesquisadores, Bass (1990 apud FREITAS, 2006) afirma que a liderança tem sido classificada de diferentes formas, dentre as quais destacam-se: como um ponto central dos processos grupais, tendo um papel importante na mudança, na atividade e no sistema do grupo; indução de conformidade, na medida em que vai possibilitar a cooperação; ação ou comportamento de direção e coordenação do trabalho a realizar; relação de poder; instrumento para alcançar os objetivos e satisfazer necessidades; como um papel diferenciador; como a iniciação de estrutura, tendo o líder um papel ativo; como uma mistura destas diferentes definições. O autor acrescenta que a definição de liderança utilizada num determinado estudo pode depender da finalidade desse mesmo estudo. Robbins (2003) também condensou as investigações acerca da liderança, afirmando que todas as questões básicas que determinaram a direção dos estudos podem ser resumidas 21 em cinco variáveis, conforme demonstra a Figura 1: eficácia da liderança, características e estilo do líder, características do seguidor, comportamento do líder e contexto da liderança. Contexto da liderança Características e estilos do líder Comportamento do líder Eficácia da liderança Características do seguidor Figura 1: Variáveis fundamentais da liderança Fonte: Robbins (2003) Para o autor, grande parte da dificuldade de se fazer generalizações sobre liderança está ligada às diferentes definições da sua eficácia. Afirma também que as questões relativas às características do líder estão relacionadas com a busca por traços de personalidade que o diferencie dos demais, e que as questões relativas ao estilo de liderança estão fundamentadas na procura por comportamentos-padrão que identifiquem estilos fixos. Com relação às características dos seguidores, o que se busca é saber se os líderes tratam todos os seus seguidores da mesma forma, e se é possível superar a mediocridade deles. A junção das variáveis já citadas desencadeiam uma nova discussão: as escolhas com que os líderes se defrontam quanto aos comportamentos que devem exibir. E por fim, segundo o autor, o contexto da liderança influencia todas as outras variáveis, pois os fatores situacionais podem ser, ora favoráveis, ora desfavoráveis, afetando o resultado final. A liderança tem, portanto, sido estudada como um processo de interação que envolve trocas sociais. Conforme explica Bergamini (1994), o líder é visto como alguém que traz benefício tanto ao grupo, como a cada membro em particular, fazendo nascer desse intercâmbio o valor que normalmente lhe é atribuído. Para a autora, emergem dessas definições algumas conclusões relevantes para a compressão do fenômeno: primeiro, elas conservam o denominador comum de que a liderança esteja ligada a um fenômeno grupal, envolvendo, deste modo, duas ou mais pessoas; e segundo, evidencia-se como um processo de influência exercida de forma intencional por parte do líder sobre seus seguidores. 22 A partir destes conceitos, podemos ressaltar a estreita ligação que há entre a liderança e diversos aspectos do comportamento organizacional, em especial, o comprometimento dos envolvidos. No trabalho em conjunto, as pessoas só conseguem combinar e ampliar seu potencial energético se puderem contar com a ação eficaz de um maestro-líder (BERGAMINI, 1994). As diversas definições sobre liderança colaboram para a explicação acerca da ação de liderar demandar a realização de objetivos com e através de pessoas, incrementando os estudos sobre o tema, de forma a elaborar modelos explicativos da atuação do líder. 2.1.2 Teorias/Abordagens de Liderança Inicialmente, torna-se oportuno diferenciar os conceitos de Teoria e Abordagem. Segundo Pereira (2006), Teoria é um conjunto de proposições que reagrupam e representam as leis de modo sintético e simples, entendendo que as leis são os enunciados de rotina, que estabelecem relações necessárias entre dois fenômenos. Portanto, as teorias têm princípios. Ainda segundo esta autora, Abordagem é a forma utilizada para apresentar ao informante um determinando entendimento, segundo as intenções que norteiam a informação representada. A priori, as abordagens têm concepções. a) Teoria dos Traços de Personalidade A sistematização inicial dos estudos de liderança, realizada nas primeiras quatro décadas do século XX, enfatizava especialmente as qualidades pessoais do líder, sempre numa lógica de tentar encontrar o tipo de atributos que os diferenciavam das pessoas lideradas e, simultaneamente, aquilo que os distinguiam entre si, de acordo com o grau de eficácia alcançada. Segundo Bergamini (1994), estas características especiais seriam basicamente as principais facilitadoras no desempenho do papel da liderança. Foram vários os traços de personalidade apontados como fundamentais para a obtenção do sucesso, nomeadamente a posse de uma inteligência superior, níveis elevados de energia, memória irrepreensível, intuição fora do vulgar e grande poder persuasivo (KIRKPATRICK e LOCKE, 1996 apud GOMES, 2005). 23 Hersey e Blanchard (1986 apud ASANOME, 2001) apontam outros traços de personalidade desejáveis no líder: inteligência, otimismo, empatia, criatividade, tolerância, amabilidade, flexibilidade, responsabilidade, disposição, confiança, perspicácia, os quais são transferíveis de uma situação para outra e são essenciais para uma liderança eficaz. Imprimindo um enfoque menos estático, “McClelland propôs que alguns líderes bemsucedidos têm alta motivação para o poder, baixa necessidade de afiliação e alta inibição da atividade” (BERGAMINI, 1994, p. 32), sendo que a elevada necessidade de poder constitui pré-requisito para a ocupação de uma posição gerencial (SMITH e PETERSON, 1994). Na proposta adotada pela teoria dos traços são enfatizadas, portanto, qualidades pessoais do líder. Isso permite inferir que os líderes já nascem como tal, não havendo a probabilidade de “fazê-los” posteriormente, por meio do uso de técnicas de desenvolvimento pessoal. Assim, diz Bergamini (1994, p. 29), as características dos líderes passaram a ser estudadas dentro de uma perspectiva universalista, “como elementos em si mesmos, independentemente da situação e demais variáveis em meio às quais estejam em ação”. Destarte, era necessário saber se seria possível descobrir uma linha comum a todos os trabalhos publicados, através da estabilização de um grupo mais restrito de atributos realmente essenciais ao exercício da liderança. Para a autora, foi pintado um retrato do tipo ideal de líder partindo-se de características típicas a muitas personalidades de diferentes indivíduos sem se analisar a viabilidade da coexistência delas num só indivíduo. Stogdill (1974 apud SMITH e PETERSON, 1994), após revisar a literatura acerca dos traços de personalidade da liderança, concluiu que uma pessoa não se torna líder em virtude de possuir alguma combinação de traços; o padrão das características pessoais do líder precisa manter uma relação relevante com características, atividades e objetivos dos seguidores. Este autor também encontrou algumas relações entre atributos de liderança e status de liderança. A importância dos estudos iniciais para as atuais pesquisas no campo da liderança torna-se desde logo evidente quando consideramos alguns pressupostos populares, como, por exemplo, as expressões “ele é um líder nato”, ou “um individuo capaz de ser líder numa situação será capaz de o ser também em outra”. Isto se confirma ainda mais no mundo dos negócios, dado que, quando um indivíduo que se destaca numa posição administrativa de uma organização é, em geral, transferido ou contratado por outra organização (imaginando-se que dará o mesmo resultado). Stogdill (1948 apud GOMES, 2005), também afirma que apesar de um determinado indivíduo possuir características inatas, que supostamente o tornam especial para exercer uma dada função, isso não significa que ele terá sempre bons resultados quando colocado em diferentes situações. 24 Não se descarta a importância da presença de certas características de personalidade para a predisposição do exercício da liderança, mas não ficou evidenciado que sua posse assegurasse o sucesso do líder. Mesmo assim, ainda hoje, empresas tentam preencher posições com as pessoas certas, investindo em pacotes de recrutamento e seleção calcados na tentativa de identificar candidatos portadores das tais características. Conforme esclarece Northouse (1997 apud GOMES, 2005), apesar dos fatores pessoais serem importantes para compreendermos o fenômeno da liderança, é preciso analisar estes aspectos numa relação com aquilo que é exigido a quem chefia num dado momento e local. Em termos conceituais, isto significa o abandono da compreensão do tema como algo passivo (o responsável possui ou não um conjunto de traços) para passarmos a olhar para a eficácia obtida como algo mais dinâmico e interativo. b) Abordagem comportamental O interesse pelos comportamentos foi a perspectiva que se seguiu ao estudo dos traços de personalidade, tendo o seu início nos finais dos anos 40. Enquanto na teoria dos traços a suposição básica era de que o líder nasce como tal, na abordagem comportamental passa-se a aceitar que, uma vez sendo conhecido o comportamento responsável pela liderança eficaz, as pessoas poderiam ser treinadas para se transformarem em melhores líderes. Smith e Peterson (1994) corroboram esta perspectiva ao afirmar que uma vez identificadas, as habilidades podem ser ensinadas a outras pessoas que, desta forma, têm possibilidade de se tornarem líderes eficazes. A procura das competências dos líderes tornou-se o objetivo principal das investigações, passando o objeto de atenção para aquilo que é observável, traduzido pelas ações assumidas nas diferentes situações de trabalho (LEONARD, 2003 apud GOMES, 2005). Numerosas pesquisas foram realizadas buscando colocar em evidência as relações entre os tipos de comportamento do líder e a eficácia de sua liderança, sendo que, a hipótese subjacente orientadora dos estudos é aquela que propõe que o estilo de liderança demonstrado pelo líder determina o nível de desempenho do grupo por ele comandado (GUIOT, 1987 apud BERGAMINI, 1994). O Quadro 2 expõe uma comparação entre as diferentes teorias da Abordagem Comportamental da liderança, identificando o que cada teoria aponta como comportamento 25 específico do líder e os estilos de liderança que apresenta. Estas idéias serão exploradas nas sub-seções que se seguem. Teorias/Estudos Estudo da Liderança da Universidade de Ohio Estudo da Liderança da Universidade de Michigan Classificação de Likert Grid Gerencial de Blake e Mouton Comportamentos do líder Estrutura de iniciação Consideração Comportamento orientado para a produção Comportamento orientado para os empregados Autoritário Democrático Preocupação com as pessoas Preocupação com a produção Estilos de Liderança Alta estrutura de iniciação/baixa consideração Baixa estrutura de iniciação/ alta consideração Alta estrutura de iniciação/ alta consideração Baixa estrutura de iniciação/ baixa consideração Orientado para a produção Orientado para os empregados Autocrático-coercitivo Autocrático-benevolente Consultivo Participativo Gestor empobrecido Gestor de clube de campo Gestor autoritário-obediente Gestor de meio de caminho Gestor de equipe Quadro 2: Teorias/Estudos x Estilos de Liderança - Abordagem comportamental Fonte: adaptado de Freitas (2006). Os estudos da Universidade de Ohio Em 1945 teve início uma série de estudos realizados pela Universidade de Ohio, com o objetivo de analisar os comportamentos dos líderes de algumas organizações. Os investigadores conseguiram identificar duas importantes dimensões do comportamento dos líderes, retratadas na Figura 2. Uma delas é a Estrutura de Iniciação, que corresponde ao “nível pelo qual um líder define e estrutura o seu próprio papel e o papel dos seus subordinados, de forma a obter os objetivos formais do grupo” (YUKL, 1998 apud FREITAS, 2006, p. 42). O líder enquadrado neste grupo conduz suas ações mais no sentido de conseguir que o trabalho seja feito, ocupando-se principalmente com assuntos como planejamento, formulação de procedimentos e estabelecimento de padrões de produtividade (BERGAMINI, 1994). A outra dimensão é a Consideração e corresponde ao “nível em que um líder age de uma forma amigável e de apoio, mostrando preocupação pelos subordinados, trabalhando para garantir o bem-estar destes” (YUKL, 1998 apud FREITAS, 2006, p. 42). O estilo do líder 26 retratado no segundo grupo, afirma Bergamini (1994), mostra-se voltado à percepção das necessidades dos subordinados, buscando oferecer o apoio necessário para que eles possam Consideração satisfazer suas necessidades pessoais em meio a um clima de comunicação aberta. Reduzida estrutura Alta consideração Alta estrutura Alta consideração Reduzida estrutura Reduzida consideração Alta estrutura Reduzida consideração Estrutura Figura 2: Modelo de Liderança da Universidade de Ohio Fonte: Teixeira (2005 apud FREITAS, 2006). Este modelo propõe a combinação das duas dimensões do comportamento do líder (grau de estrutura de iniciação e grau de consideração), identificando quatro tipos de liderança, como demonstra a Figura 2: alta estrutura de iniciação/baixa consideração, para líderes com uma elevada orientação para a realização do trabalho; baixa estrutura de iniciação/alta consideração, para líderes com maior orientação para os relacionamentos interpessoais; alta estrutura de iniciação/alta consideração, que diz respeito aos líderes que se preocupam tanto com as tarefas quanto com os objetivos da organização; e baixa estrutura de iniciação/baixa consideração, para líderes que não dão importância nem às tarefas, nem ao relacionamento com os subordinados. Os estudos da Universidade de Michigan Na mesma época em que começaram os estudos da Universidade de Ohio, a Universidade de Michigan iniciou a sua pesquisa igualmente na área da liderança, sendo os estudos dirigidos por Rensis Likert. O estudo de Michigan, quando comparado com o estudo de Ohio, tinha objetivos de pesquisa semelhantes, sendo descobertos dois estilos de liderança distintos: “orientado para o empregado” e “orientado para a produção”. O primeiro refere-se à valorização dos aspectos pessoais e humanos dos colaboradores, principalmente as suas necessidades, expectativas e valores. Já o segundo estilo caracteriza um maior interesse pelos aspectos técnicos e 27 produtivos do trabalho, tendo como preocupação central a realização das tarefas e o aumento da performance (GOMES, 2005). Cada um desses estilos representa os dois extremos de um contínuo, o qual engloba graduações que vão da participação e envolvimento total do subordinado, ao tipo de comportamento autocrático, em que o subordinado deve seguir aquilo que lhe é indicado fazer, sem sequer conhecer as razões (BERGAMINI, 1994). As conclusões do estudo de Michigan eram fortemente a favor de um líder que tivesse um comportamento mais orientado para os empregados. Este comportamento estava associado à elevada produtividade do grupo e à satisfação no trabalho (ROBBINS, 1996 apud FREITAS, 2006). Classificação de Likert Likert aprofundou os estudos sobre liderança, desenvolvendo conceitos e alargando o entendimento do comportamento dos líderes. Weihrich e Koontz (1993 apud FREITAS, 2006) descrevem que, do resultado desse trabalho nasceu uma classificação para a liderança composta por quatro estilos: O estilo autocrático-coercitivo: o processo de decisão está totalmente centralizado no líder da organização, cabendo ao mesmo estabelecer os objetivos, estruturar e organizar o trabalho a realizar. Neste estilo de liderança existe pouca confiança nos subordinados e as pessoas são forçadas a trabalhar através do medo e da punição, havendo recompensas ocasionais. O estilo autocrático-benevolente: o processo de decisão continua centralizado no líder, motivando os subordinados com recompensas, baseando-se ainda em algum medo e punição. Admite alguma comunicação e solicita opiniões e idéias dos subordinados. Permite também certa intervenção na tomada de decisão, mas com uma política de controle apertada. O estilo consultivo: o líder tem uma confiança substancial nos subordinados, consultando-os antes da tomada de decisões, tentando utilizar as suas idéias e opiniões. Utiliza recompensa, raramente a punição para motivar. O estilo participativo: o líder facilita a participação e o envolvimento dos subordinados quer na definição de objetivos, quer na preparação de decisões, 28 possuindo confiança total neles. Solicita sempre as opiniões e idéias destes, utilizando-as de uma forma construtiva. A recomendação feita por Likert é que as empresas procurem passar dos dois primeiros estilos, que são menos participativos, para os dois últimos estilos, nos quais, por força da maior participação, haverá aumento na satisfação das pessoas e conseqüentemente nos padrões de produtividade (BERGAMINI, 1994). O Grid Gerencial de Blake e Mouton As investigações desenvolvidas nas Universidades de Ohio e Michigan tornaram-se importantes para o exame do comportamento dos líderes. Os resultados dessas pesquisas sugeriram inicialmente que os seguidores dos líderes orientados para pessoas seriam mais produtivos e felizes do que os que trabalhavam para líderes mais orientados para tarefas. Resultados mais recentes, todavia, sugerem que os líderes realmente eficazes são fortes em ambas as preocupações. Robert Blake e Jane Mouton planejaram um programa de treinamento gerencial e desenvolvimento organizacional, o Grid Gerencial, no qual propõem a interligação dessas duas orientações do comportamento de liderança, evidenciando preocupação extremamente alta, tanto para maximizar o desempenho da tarefa quanto com relação aos liderados (BERGAMINI, 1994; SMITH e PETERSON, 1994). Da análise desta matriz bidimensional, representada na Figura 3, é possível identificar cinco estilos de liderança diferentes, com um impacto distinto nos subordinados. 29 9 1,9 Gerência de Clube de Campo 9,9 Gerência de Equipe 8 A atenção cuidadosa com as necessidades de relacionamentos satisfatórias das pessoas leva a uma atmosfera e ritmo de trabalho confortáveis e amistosos na organização. O trabalho realizado, vindo da interdependência de pessoas comprometidas com um “interesse comum” no objetivo da organização, leva a relacionamentos de confiança e respeito. Preocupação com as pessoas 7 6 5,5 Gerência de Meio de Caminho 5 O desempenho adequado da organização é possível através do equilíbrio entre a necessidade de ter o trabalho realizado e a manutenção do moral das pessoas num nível satisfatório. 4 3 2 1 1,1 Gerência Empobrecida 9,1 Gerência Autoridade-Obediência Exercer o mínimo esforço para que o trabalho necessário seja feito é apropriado para manter o espírito de associação da organização. A eficiência nas operações resulta de um arranjo das condições de trabalho de tal modo que os elementos humanos interferem minimamente. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Preocupação com a produção Figura 3: Grid Gerencial de Blake e Mouton Fonte: Schermerhorn (1999) Cada uma destas duas dimensões corresponde a uma variável representada em um dos eixos cartesianos, sendo o eixo xx representativo da preocupação com a produção e o eixo yy representativo da preocupação pelas pessoas, variando de 1 a 9 e resultando em diferentes combinações caracterizadas por estilos de liderança diferentes. O estilo de gestão mais eficaz é a orientação 9,9, ou seja, o líder de equipe, que compartilha decisões com os subordinados, estimula a participação e apóia o trabalho em equipe necessário para alcançar altos níveis de realização de tarefas (SCHERMERHORN, 1999). Este tipo de líder desenvolve subordinados que são comprometidos com a realização dos objetivos da organização e têm um sentido de interdependência através de interesses comuns aos propósitos desta, desenvolvendo um relacionamento de respeito e confiança pelo líder (BASS, 1990 apud FREITAS, 2006). Embora esse enfoque não esgote senão parcialmente a realidade que delineia o processo de liderança, Bergamini (1994) afirma que muitos programas de treinamento exploram o aspecto de estilos de liderança, enfatizando que se deve treinar as pessoas no sentido de exibirem um conjunto de comportamentos tidos como sistemáticos ao perfil ideal para liderar. 30 Apesar da reconhecida importância das teorias sobre os estilos de liderança e da grande receptividade do Grid Gerencial, a abordagem comportamental começou a ser questionada em relação à sua aplicabilidade na formação e seleção de cargos de liderança. Foram realizados vários estudos, entre os anos 60 e 80, que em vez de terem como preocupação a identificação das características genéricas e universalmente válidas do líder, centraram suas investigações na análise do contexto em que é exercida a liderança. Surgem, assim, as abordagens situacionais ou contingenciais da liderança. c) Abordagem Contingencial As pesquisas sobre liderança contingencial nasceram da necessidade de se ponderar um novo fator na dinâmica das relações interpessoais: as exigências colocadas pelo contexto onde o líder exerce suas funções. Bergamini (1994) esclarece que as teorias contingenciais, também conhecidas como situacionais, exploram as variáveis que cercam o processo de liderança, não deixando de lado os diversos tipos de comportamentos dos líderes. Para Schermerhorn (1999), a essência dessa abordagem é a tentativa de entender as condições para a liderança de sucesso em um grande número de situações. A partir destas idéias, os estudos procuraram cumprir dois grandes objetivos: primeiro analisaram as variáveis condicionadoras da eficácia da liderança e, em seguida, formularam indicações sobre os estilos de ação mais adequados face a cada uma das situações colocadas a quem exerce o poder (REGO, 1997 apud GOMES, 2005). Cabe destacar que a despeito de alguns pesquisadores usarem a terminologia “Teoria Contingencial”, este termo não tem sustentação plena. Conforme explica Pereira (2006), a ausência de explicação do conjunto de suas proposições compromete tal possibilidade de uso. São destaques destas investigações as teorias Caminho-Objetivo e do continuum da liderança, o modelo normativo da tomada de decisão e as teorias situacional e contingencial, conforme Quadro 3, que apresenta uma comparação entre estas diferentes investigações da Abordagem Contingencial e avalia o que é que cada teoria defende como fatores condicionantes e os estilos de liderança que apresenta. Estas idéias serão exploradas nas subseções que se seguem. 31 Teorias/Estudos Principais fatores Características do ambiente Caminho-Objetivo Características dos subordinados Características do líder Continuum da Liderança Relação líder/subordinado Situacional Maturidade do subordinado Relação líder/subordinado Centralizado Descentralizado Direção Treinamento Apoio Delegação Orientado para a produção Estrutura da tarefa Posição de poder do líder Modelo normativo da tomada de decisão Diretivo Apoiador Participativo Orientador Características dos subordinados Requisitos da situação Contingencial Estilos de Liderança Orientado para os empregados Aceitação da decisão Autocrático Qualidade da decisão Consultivo Quadro 3: Teorias/Estudos x Estilos de Liderança - Abordagem contingencial Fonte: adaptado de Freitas (2006). Teoria Caminho-Objetivo Uma das abordagens da liderança contingencial é a teoria caminho-objetivo desenvolvida por Robert House, a qual sugere que o efeito do comportamento do líder sobre a satisfação do subordinado depende da situação, incluindo as características do cargo e do subordinado. De acordo Yukl (1989 apud BERGAMINI, 1994), essas variáveis situacionais moderadoras determinam tanto o potencial para o aumento da satisfação do liderado como a maneira a partir da qual o líder deve agir para aumentar a motivação. Smith e Peterson (1994, p. 26) apontam que a tarefa do líder é “diagnosticar o ambiente da tarefa e selecionar aqueles comportamentos que assegurarão subordinados com máxima motivação relativamente aos objetivos organizacionais”. São quatro os estilos de liderança que podem ser usados neste sentido caminhoobjetivo (SCHERMERHORN, 1999): 32 Diretiva: deixa os subordinados saberem o que se espera; dá diretrizes sobre o que tem que ser feito e como; mantém padrões de desempenho; esclarece o papel do líder no grupo; De apoio: torna o trabalho mais agradável; trata os membros do grupo como iguais; mostra preocupação pelo bem-estar dos subordinados; Orientada para a realização: estabelece metas desafiadoras; enfatiza o aperfeiçoamento contínuo do desempenho; exibe confiança quanto ao alcance de altos padrões. De participação: envolve os subordinados na tomada de decisões; consulta e pede sugestões aos subordinados, usando-as quando toma decisões. Quando seleciona um desses estilos, afirmam Smith e Peterson (1994), o líder deve considerar as características pessoais de seus subordinados (qualidades pessoais e habilidades relevantes à tarefa) e o ambiente no qual trabalham (sistema de autoridade, natureza da tarefa e do trabalho de grupo). Schermerhorn (1999) acrescenta que esta teoria aconselha o gerente a sempre usar o estilo de liderança que complemente as necessidades das situações, pois o líder adiciona valor, colaborando com fatos que estão faltando àquela situação ou que precisam ser reforçadas. Teoria do Continuum da Liderança Os autores desta teoria são Robert Tannenbaum e Warren Schmidt que, em 1958, sugeriram uma gama bastante ampla de padrões de comportamento de liderança que o gestor tem a possibilidade de escolher na relação com os subordinados. Cada tipo de comportamento está relacionado com o grau de autoridade utilizado pelo líder e o grau de liberdade disponível para os subordinados na tomada de decisões. De acordo com Rollinson et al. (1998 apud FREITAS, 2006), a idéia de um continuum de comportamentos de liderança é baseada no pressuposto de que a escolha do estilo eficaz depende fundamentalmente de três fatores: das características do líder: sua motivação interna e outras forças que agem sobre ele, como seu sistema de valores, experiência, educação, objetivos e expectativas; 33 das características dos subordinados: a motivação externa fornecida pelo líder e outras forças atuantes, como a necessidade de autonomia ou de orientação superior, disposição de assumir responsabilidade, experiência, educação, desejos; dos requisitos da situação: as condições dentro das quais a liderança é exercida, como a dimensão, a complexidade, os objetivos, a estrutura e o clima da organização. Diante dessas três forças, o líder pode escolher um padrão de liderança adequado para cada situação, buscando ajustar suas forças pessoais com as forças dos subordinados e as forças da situação. Tannenbaum e Schmidt (1958 apud FREITAS, 2006) afirmam que o líder de sucesso é o que está profundamente consciente das forças que são mais relevantes para sua conduta em qualquer tempo. Ele compreende a si próprio, os indivíduos e o grupo com os quais está lidando e o meio social em questão. Também é necessário que o líder seja capaz de comportar-se apropriadamente à luz das suas percepções, se for de direção, deverá ser capaz de dirigir; se de liberdade, ter aptidão de proporcioná-la. O modelo normativo da tomada de decisão (liderança participativa) Seguindo a linha de pesquisa contingencial da liderança, em 1973, Victor Vroom e Phillip Yetton construíram um modelo de liderança participativa, a fim de relacionar os estilos de liderança com a participação dos funcionários nas estratégias de ação. De acordo com Dubrin (2003), este tipo de modelo identifica a liderança como um processo de tomada de decisões, no qual o líder examina os fatores de uma situação para determinar qual estilo de tomada de decisão será o mais eficaz. Os autores desenvolveram uma metodologia com adoção de estilos de liderança diferentes e em graus distintos, conforme a complexidade e a natureza do problema a ser resolvido. Os estilos a ser adotados variam desde o mais autocrático, denominado AI, até o considerado mais democrático ou participativo (GII), conforme sintetizado no Quadro 4. Segundo Smith e Peterson (1994), cinco principais tipos de estilos de liderança foram identificados, cada qual com variantes. 34 Símbolo Definição AI O gestor resolve o problema e toma a decisão com base nas informações de que dispõe no momento. AII O gestor obtém a informação necessária dos subordinados e decide ele mesmo a solução. Ele pode relatar a eles as razões de suas decisões, mas eles não interferem na decisão em si. CI O gestor compartilha o problema, de forma individualizada, com subordinados pré-escolhidos, obtendo idéias e sugestões; porém sem reuni-los em grupo. Ele toma a decisão, que pode ter tido influência de sugestões dos subordinados. CII O gestor compartilha o problema numa reunião de grupo. A decisão tomada por ele pode refletir as sugestões e as idéias dos componentes do grupo. GII O gestor compartilha o problema no grupo; seus componentes, de maneira conjunta, criam e avaliam opções de solução. O papel do gestor é coordenar o processo, mantendo o grupo centrado no problema. Pode auxiliar com idéias, mas deve estar disposto a aceitar a melhor sugestão encontrada pelo grupo. Quadro 4: Processos de Decisão do modelo de Vroom e Yetton. Fonte: Schein (1982) De acordo com Gomes (2005), neste modelo o líder deve fundamentar o seu estilo de decisão em função da análise que faz do problema a resolver (qualidade da decisão), da importância do comprometimento dos elementos do grupo face à estratégia a seguir (aceitação da decisão) e da urgência da disponibilidade de uma solução para o problema em causa (tempo da decisão). As respostas dadas a cada uma destas questões vão ajudá-lo a escolher a opção mais adequada e, obviamente, as orientações seguidas acabarão condicionando a eficácia final atingida. Para Bergamini (1994), esta abordagem supõe que a participação do interessado na decisão aumenta sua motivação em implementá-la. Smith e Peterson (1994) dizem que este modelo é um dos mais completos porque reconhece a possibilidade de conflito, diferencia a qualidade da decisão e verifica o grau de aceitação desta pelos subordinados. A teoria de liderança situacional Paul Hersey e Kenneth Blanchard desenvolveram um modelo situacional de análise da liderança com ênfase nos liderados, introduzindo uma variável muito importante: a maturidade dos subordinados. O conceito de maturidade foi definido como a capacidade dos trabalhadores traçarem objetivos difíceis, mas realistas, bem como a disponibilidade para assumirem as responsabilidades pelas metas traçadas, podendo dividir-se em dois 35 componentes fundamentais: a maturidade no trabalho a realizar, que identifica os aspectos mais técnicos das tarefas, exprimindo-se pela competência e conhecimentos que os funcionários têm acerca daquilo que devem fazer, e o nível de maturidade psicológica, que representa os sentimentos de autoconfiança e abertura para aceitar a responsabilidade pela concretização das funções designadas (HERSEY e BLANCHARD, 1988 apud GOMES, 2005). A eficácia da liderança depende da adequação do estilo de comportamento ao grau de maturidade dos subordinados. Para adotar estilos em sintonia com o grau de competência e comprometimento é necessário possuir flexibilidade para transitar pelos diversos estilos. Diagnosticar os níveis de desenvolvimento das pessoas é um exercício permanente, que exige estudo e treinamento contínuo dos líderes. Davis e Newstrom (1992) acrescentam que os subordinados tornam-se mais desenvolvidos numa tarefa à medida que recebem orientação adequada, ganham experiência no trabalho e percebem a existência de recompensas pelo comportamento cooperativo. Schermerhorn (1999) detalha os possíveis estilos resultantes das diferentes combinações de comportamento: - Delegação: permite ao grupo assumir responsabilidade pelas decisões de tarefa; - Participação: enfatiza as idéias compartilhadas e decisões participativas sobre orientações das tarefas; - Vendas: explica as orientações de tarefa de um modo persuasivo e de apoio; - Convencimento: dá orientações específicas de tarefas e supervisiona de perto o trabalho. As vantagens desta teoria são mais de ordem conceitual do que empírica, dado que, se não há dúvidas de que as características dos seguidores influenciam o comportamento dos líderes, falta um recurso diagnóstico para se medir a real maturidade dos liderados (SCHEIN, 1982). Além disto, os quatro estilos de comportamento do líder são simplificados demais, não dando atenção ao problema da flexibilidade comportamental. Como aspecto positivo, Davis e Newstrom (1992) assinalam que a análise da capacidade dos subordinados e dos níveis de autoconfiança é um importante acréscimo ao estudo da liderança. 36 Teoria/Abordagem contingencial Esta proposta, desenvolvida por Fred Fiedler, defende que a eficácia e o sucesso da liderança dependem da existência de uma congruência entre o estilo de liderança e as demandas da situação. Segundo Schermerhorn (1999, p. 228), “Fiedler acredita que o estilo de liderança faz parte da personalidade de uma pessoa; é, portanto, resistente e difícil de mudar”. Ao invés de tentar treinar um líder motivado por tarefa a ser motivado por relacionamentos, ou vice-versa, a chave para a liderança de sucesso é colocar estilos existentes para trabalhar em situações às quais o líder se ajusta melhor. A teoria/abordagem contingencial está apoiada em duas premissas. A primeira referese à determinação do estilo básico de liderança. Para tanto, Fiedler desenvolveu um instrumento chamado de medida LPC (Least Preferred Coworker) da personalidade do líder. Para chegar à medida do LPC, o líder é solicitado a descrever o colega menos preferido, supondo-se que aqueles elementos contidos nessa descrição encerrem características da própria personalidade de quem a faz. Esta teoria propõe que o índice LPC seja um tipo de indicativo do comportamento preferencial, cujos resultados podem sugerir que algumas metas sejam mais importantes para certos indivíduos e não para outros (BERGAMINI, 1994). A segunda premissa é que o grau de controle que uma situação permite ao líder é uma questão crítica para a determinação do correto ajuste estilo-situação. Deste modo, para avaliar a situação em que o líder se encontra (como favorável ou desfavorável), é necessário considerar três fatores (FREITAS, 2006; SMITH e PETERSON, 1994): a qualidade da relação líder-membros, que corresponde ao grau de aceitação do líder pelos subordinados; a estrutura da tarefa, isto é, se os objetivos, as decisões e as soluções dos problemas estão claramente explicitados; a posição de poder do líder, que é determinada pela sua autoridade formal e pelo grau de influência sobre as recompensas e punições. O ponto mais importante desta teoria é que a eficácia da liderança depende tanto da situação em que o grupo se encontra quanto do líder. Fiedler (1967 apud BERGAMINI, 1994, p. 56) conclui que “caso queiramos melhorar o desempenho organizacional, devemos lidar não somente com o estilo do líder, mas também com os fatores que promovem influência sobre ele”. 37 d) Abordagens contemporâneas As tendências atuais no pensamento sobre liderança buscam integrar e expandir as visões discutidas anteriormente. Destacam-se atualmente três abordagens principais: carismática, transacional e transformacional, as quais serão descritas a seguir. Liderança Carismática Esta teoria surge para explicar o fato dos seguidores caracterizarem os seus líderes como heróis e extraordinários quando analisam seus comportamentos. Conger e Kanungo (1998 apud GOMES, 2005) entendem a liderança carismática como um processo que envolve a mudança dos membros da organização de um determinado estado para um outro nível de desenvolvimento que é consoante com a visão assumida pelo responsável. Freitas (2006) acrescenta que este tipo de líder dá o exemplo com o seu próprio comportamento para que os seguidores o possam imitar, transmitindo altas expectativas acerca do desempenho dos seguidores enquanto que simultaneamente exprime confiança nos mesmos, comportando-se de forma a despertar a motivação relevante à missão do grupo. De acordo com House (1977 apud SMITH e PETERSON, 1994), o grau em que um líder pode ser considerado carismático é determinado por alguns indicadores, a saber: - confiança dos seguidores na retidão das crenças do líder; - similaridade entre as crenças dos seguidores e as do líder; - afeição e aceitação incondicional do líder; - obediência espontânea ao líder pelos seguidores; - envolvimento emocional dos seguidores com a missão da organização; - crença dos seguidores de que são capazes de contribuir para o sucesso da missão. Em termos mais individuais, são apontadas mudanças nos valores, atitudes e comportamentos dos liderados. Conger e Kanungo (1998 apud GOMES, 2005), constataram alterações positivas em duas áreas: uma maior aceitação do líder, existindo mais respeito, confiança e satisfação relativamente à forma como é exercido o poder; um forte comprometimento com os objetivos definidos, de que são exemplos o envolvimento na execução das tarefas, os bons índices de rendimento e o sentimento de desenvolvimento pessoal, derivados do fato de se dedicarem. 38 O que constitui a diferença fundamental entre indivíduos carismáticos e não carismáticos, reside no fato dos primeiros demonstrarem melhores competências ao nível da sensibilidade e acuidade na avaliação das necessidades existentes, na observação dos recursos e problemas a resolver e na compreensão mais completa das aspirações dos membros do grupo (GOMES, 2005). Os líderes carismáticos possuem maior capacidade de análise, de comunicação e de transmissão de uma imagem pessoal de credibilidade e confiança, bem como competências de persuasão e de influência junto do grupo. Liderança Transacional A liderança transacional corresponde à tipologia em que o líder serve-se da legitimidade e autoridade que lhe é atribuída formalmente para exercer o poder, constituindo práticas comuns a ênfase das regras e das normas estabelecidas superiormente e a chamada de atenção para o cumprimento das tarefas previamente definidas (GOMES, 2005). Este tipo de liderança envolve uma troca mútua entre líderes e seguidores, para que os seguidores recebam recompensas monetárias ou prestígio por realizarem os desejos do líder. Smith e Peterson (1994) esclarecem que esta troca não propicia ligação duradoura entre as partes, uma vez que as mesmas persistem somente enquanto acreditarem que tal procedimento lhes traga benefícios próprios. Para avaliar a liderança, Bass (1985 apud SMITH e PETERSON, 1994) desenvolveu um questionário de medida, em que são utilizadas duas escalas: recompensa contingente (contingent reward) e administração por exceção (manegement by exception). Alguns comportamentos transacionais são: “... toma ação corretiva se cometo erros” e “... está contente em me deixar continuar a fazer meu trabalho da mesma maneira de sempre”. De acordo com Bass (1990b apud FREITAS, 2006), um líder transacional apresenta três características principais: recompensa contingente, usada em reconhecimento pelo trabalho realizado; gestão por exceção, que intervém apenas quando os padrões não são alcançados; e laissez-faire, delegando responsabilidade e evitando a tomada de decisões. O líder transacional preocupa-se mais com as regras e com a sua aplicação, sendo conduzido pelas contingências externas. Além disso, motiva os seguidores apelando para os seus interesses pessoais, sendo estabelecida em bases burocráticas. No entanto, este tipo de 39 liderança deixar a desejar, pois o uso de incentivos e recompensas para influenciar a motivação é apenas um vértice da atuação do líder. Liderança Transformacional A liderança transformacional, assim como o carisma, tornou-se um tópico popular na literatura recente sobre liderança nas organizações. O estudo da liderança transformacional decorreu de um interesse em perceber os processos subjacentes ao relacionamento entre líder e liderados que fosse um pouco além das explicações baseadas na estruturação da tarefa ou na consideração individual (BASS e AVOLIO, 1990 apud GOMES, 2005). Surge assim a preocupação em observar líderes que obtêm transformações fundamentais na forma como os outros se dedicam ao trabalho, motivando-os a fazer mais do que aquilo que esperavam inicialmente. Schermerhorn (1999) afirma que o líder transformacional descreve alguém que usa carisma e qualidades relacionadas para gerar aspirações e mudar pessoas e sistemas organizacionais para novos padrões de alto desempenho, e Bass (1990b apud FREITAS, 2006) acrescenta que estes líderes inspiram, dão energia e estímulo intelectual aos seus liderados. Assim sendo, é conferida ao líder uma capacidade para formular e articular uma determinada visão para a organização que é reconhecida por todos como merecedora de confiança e apoio. Smith e Peterson (1994, p. 129) lembram que o líder transformacional “deve conter aguda sensibilidade quanto a desejos e necessidades dos seguidores, assim como dos próprios”. Esta tipologia de liderança faz nascer nos seguidores a vontade de ficarem mais dedicados, mais satisfeitos com seu trabalho e mais desejosos de aplicar esforços extras para atingir o sucesso em tempos desafiadores (SCHERMERHORN, 1999). Este autor identifica como especiais as seguintes qualidades do líder transformacional: Visão: ter idéias e um senso claro de direção; comunicá-las aos outros e desenvolver entusiasmo sobre a realização dos alvos compartilhados; Carisma: gerar nos outros fé, lealdade, orgulho e confiança em si mesmos através do respeito pessoal e de apelos à emoção; Simbolismo: oferecer recompensas especiais e promover comemorações espontâneas e planejadas para celebrar a excelência e a alta realização; 40 Delegação de poder: ajudar os outros a se desenvolver, eliminando obstáculos ao desempenho, compartilhando responsabilidades e delegando consciência problemas trabalhos desafiadores; Estimulação intelectual: criar dos para ganhar comprometimento dos outros, guiando a imaginação deles para criar soluções; Integridade: ser honesto e confiável, agindo de forma coerente com suas convicções pessoais. Desta forma, os principais objetivos dos líderes transformacionais são: formular uma visão inspiradora, desenvolver compromisso conjunto entre a comunidade interna e externa da organização; implementar estratégias para alcançar a visão; estabelecer novos valores e suposições na cultura e estrutura da organização (WOFFORT, 1998 apud ASANOME, 2001). As diferenças entre as abordagens transacional e transformacional são sentidas nas relações que se estabelecem dentro do grupo: enquanto a primeira está mais sujeita às flutuações dos interesses individuais dos membros do grupo, podendo oscilar entre níveis mais baixos ou mais elevados de esforço em função da antecipação das regalias ou castigos, na segunda consegue-se ir além da mera satisfação das necessidades individuais, construindose um sentimento de identidade comum, que é baseado num propósito ou ideal coletivo. Gomes (2005) afirma que no segundo tipo de interação é possível observar sentimentos de comprometimento e ajuda mútua que são mais resistentes às pressões e dificuldades existentes na organização. Por fim, Smith e Peterson (1994) acrescentam que uma das pressuposições sobre o modelo transformacional é que este seja, sob todas as circunstâncias, preferível à liderança transacional. 2.2 Comprometimento Organizacional 2.2.1 Aspectos conceituais As organizações têm procurado diversas formas de desenvolver um ambiente de trabalho no qual ocorra o envolvimento dos trabalhadores, pois apostam no resultado positivo que o envolvimento proporciona em termos de melhoria da qualidade dos produtos e/ou serviços e da produtividade. Quando os empregados sentem-se responsáveis pelo trabalho que 41 ajudaram a conceber, empenham-se de forma mais intensa para que as metas sejam alcançadas. Para Borges-Andrade (1993, p. 50), comprometimento organizacional refere-se ao “grau em que os empregados se identificam com suas organizações empregadoras e estão dispostos a defendê-las e nelas permanecer”. De acordo com Becker (1960 apud PEREIRA, 1993) o comprometimento começa quando o indivíduo liga interesses adversos com uma sólida linha de atividade que está desenvolvendo. Segundo Senge (1998 apud SOARES, 2001), o comprometimento pressupõe um sentimento total de responsabilidade na transformação das metas e objetivos em realidade. Para tanto, as pessoas utilizam criatividade e inovação, desenvolvem alternativas e procuram os meios mais eficientes para garantir o sucesso do que se propuseram fazer. Hall, Schneider e Nygree (1970 apud PEREIRA, 1993) ainda afirmam que o comprometimento é o processo através do qual os objetivos da organização e aqueles do indivíduo tornam-se fortemente integrados ou congruentes. Entende-se, portanto, que se comprometer significa sentir-se vinculado a algo e ter desejo de permanecer naquele curso de ação. Diante do exposto, Borges-Andrade (1993) e Bastos (1993) afirmaram que um dos principais preditores da rotatividade, do absenteísmo e da qualidade do desempenho é o comprometimento organizacional. Genericamente, presume-se que as pessoas mais comprometidas têm maiores probabilidades de permanecer na organização e de se empenhar na realização do seu trabalho e no alcance dos objetivos organizacionais. Verifica-se, portanto, que os estudos sobre comprometimento organizacional têm, conforme coloca Maximiano (2000 apud SOARES, 2001), procurado conhecer o que gera comprometimento, quais são as conseqüências do comprometimento, e quais são seus níveis ótimos tanto para o alcance dos objetivos organizacionais quanto para a preservação de um nível aceitável de qualidade de vida do trabalhador. Comprometimento é estudado em função dos focos ou alvos e das bases ou natureza do vínculo. São inúmeros os alvos de vínculo que o trabalhador tem: a organização, o grupo, o sindicato, os valores, a profissão, o trabalho, dentre outros (MÜLLER et al., 2005); assim como são diversas as naturezas destes vínculos: afetiva, instrumental, normativa. Dentre os vínculos que se estabelecem entre o indivíduo e a organização, Dubin et al. (1976 apud SOARES, 2001) fizeram apreciações acerca da expressão “apego ao trabalho”, estabelecendo diferentes fontes de apego, sobre as quais duas considerações podem ser feitas. A primeira refere-se à fonte de apego ao trabalho que está relacionada com as características do ambiente ocupacional. A segunda diz respeito às reações advindas da percepção que as pessoas têm do 42 seu ambiente de trabalho, estando esta consideração ligada às respostas intelectuais, emocionais, afetivas e físicas do indivíduo no ambiente de trabalho. Mathieu e Zajac (1990 apud RICCO, 1998 e MEDEIROS, 2003) identificaram três grupos de variáveis que são influenciadoras do comprometimento, quais sejam: a) Antecedentes: características pessoais, de trabalho e organizacionais, as relações com o líder e com o grupo, e o status da função; b) Correlatas: a motivação, a satisfação no trabalho, o stress e o envolvimento com o trabalho; c) Conseqüentes: a performance, as alternativas de trabalho, a intenção em procurar novo emprego, a pontualidade, a rotatividade, a assiduidade e a permanência na organização. No que se refere à variável antecedente “relações líder-grupo”, os autores apontam um grupo de sub-variáveis relacionadas a esta, a saber: coesão do grupo; interdependência das tarefas; estruturação, consideração e comunicação do líder; e liderança participativa. Medeiros (2003) afirma que dentre as características organizacionais que atuam como antecedentes ao comprometimento, as características do sistema de gestão de pessoas (liderança) merecem importância. Meyer e Allen (1991) também atentam para a necessidade de se examinar os impactos dos sistemas de recursos humanos no comprometimento dos empregados. Para os autores, deve-se conhecer a formação do comprometimento para melhor se desenhar o sistema de recursos humanos de uma empresa. Thévenet (1992 apud SOARES, 2001) faz uma importante colocação acerca do estudo do comprometimento, pois afirma que este existe quando há, ao mesmo tempo, adesão e oportunidades. A adesão não é suficiente porque é essencialmente passiva, mas é necessária porque traduz a consistência, a perenidade de um relacionamento apoiado sobre valores. Já as oportunidades não são suficientes, pois sugerem uma avaliação permanente das recompensas possíveis, porém são necessárias porque a pessoa deve retirar qualquer coisa de sua relação com a organização, é isto que vai determinar esta dimensão ativa do comprometimento. Vale ressaltar que, apesar dessa multiplicidade de definições, não existe uma concepção precisa sobre o comprometimento organizacional, pois há várias pesquisas envolvendo o tema. Segundo Steil e Sanches (1998 apud NEPONUCENO, 2004) e Bastos (1993), essa diversificação de definições pode ser entendida a partir de suas raízes em diferentes disciplinas científicas (na Sociologia, nas Teorias Organizacionais e na Psicologia Social), além das diversas operacionalizações sobre o construto. Essa constatação retrata o caráter interdisciplinar do comprometimento organizacional, tornando difícil analisá-lo numa 43 visão unidimensional. No entanto, embora existam várias vertentes que abordem o construto comprometimento organizacional, elas compartilham a premissa de que o vínculo existe e é inevitável, significando o desejo de permanecer na organização, de exercer suas atividades, de acreditar e aceitar os objetivos e valores organizacionais. 2.2.2 Dimensões do Comprometimento Organizacional O primeiro autor a estabelecer o comprometimento em componentes diferentes foi Kelman (1958 apud MEDEIROS, 2003). Ele distinguiu o vínculo psicológico de um indivíduo com a organização em três bases independentes: - submissão (compliance) ou envolvimento instrumental, motivado por recompensas extrínsecas; - identificação (identification), ou envolvimento baseado num desejo de afiliação; e, - internalização (internalization), ou envolvimento causado pela congruência entre valores individuais e organizacionais. O’Reilly e Chatman (1986 apud MEDEIROS, 2003) desenvolveram um instrumento de mensuração para as três bases conceituadas por Kelman e a avaliaram por meio de dois estudos por eles reportados. Em suas conclusões, os autores afirmam que maiores investigações são necessárias, não só do modelo por eles proposto, como também da dimensionalidade do comprometimento. Gouldner (1960 apud MEDEIROS, 2003, p. 40) já acreditava que o comprometimento não era um construto unidimensional, sendo um dos objetivos de seu trabalho identificar os componentes do comprometimento organizacional. Em suas conclusões, o autor identifica duas dimensões para o comprometimento: integração, que é “o grau em que um indivíduo é ativo e se sente parte, em vários níveis, de uma organização em particular”; e introjeção, que é “o grau em que a própria imagem de um indivíduo inclui uma variedade de características e valores organizacionais aprovados”. É importante ressaltar a distinção feita pelo autor: se sentir parte de uma organização é diferente de introjetar características e valores organizacionais. Conforme salienta Bastos (1994), por inexistir um consenso, têm-se admitido conceituações e mensurações diferentes, podendo ser identificadas várias abordagens a 44 respeito do comprometimento organizacional, entre as quais estão os enfoque afetivo, instrumental, normativo, sociológico e comportamental. Enfoque Afetivo-Atitudinal A linha de pesquisa que considera a natureza do vínculo como afetivo-atitudinal prevalece entre os pesquisadores. A pesquisa analítica, consolidada no clássico trabalho de Mowday, Porter e Steers (1982 apud BASTOS, 1993), enfatiza a natureza afetiva do processo de identificação do indivíduo com a organização, pois o indivíduo comprometido realiza um esforço considerável em prol da organização. De acordo com Medeiros (2003), os autores o caracterizam como: a) uma forte crença e aceitação dos objetivos e valores da organização; b) uma tendência a manifestar um esforço considerável em favor da organização; e c) a manifestação de um forte desejo de permanecer como membro da organização. Os autores complementam essa definição com o sentimento de lealdade, desejo de pertencer e se esforçar pela empresa, sendo tais dimensões mensuradas por meio de uma escala de atitudes. A partir desta definição, verifica-se que indivíduos com elevado grau de comprometimento demonstram uma internalização dos valores e objetivos da organização e, por conseguinte, tendem a exercer um esforço apreciável em benefício dela. Mowday, Steers e Porter (1982 apud SOARES, 2001) afirmam que o vínculo afetivo representa algo além da simples lealdade passiva a uma organização. Deste ponto de vista, os indivíduos assumem uma postura ativa; estão dispostos a se empenhar ao máximo, contribuindo de forma positiva para a empresa. Sob esta perspectiva, o comprometimento organizacional representa um vínculo muito mais forte com a organização, considerando que a dimensão afetiva fortalece no empregado sentimentos de aceitação de crenças, identificação e assimilação de valores da organização. Destarte, pode-se esperar que essas pessoas sejam as mais satisfeitas, vejam cumpridas as expectativas anteriores ao ingresso na organização e contribuam de forma mais significativa no sentido dos objetivos da organização do que aquelas que não possuem vínculos dessa natureza. 45 Enfoque Instrumental O enfoque instrumental constitui o segundo grande referencial teórico adotado nas pesquisas sobre o tema, cujas denominações são: calculativo, continuação, side-bets. Esta corrente originou-se nos trabalhos de Becker (1960 apud NAVES e COLETA, 2003), traduzindo-o como função da percepção do trabalhador, quanto às trocas estabelecidas com a organização. De acordo com Bastos (1994), estar comprometido com a organização é entendido como uma tendência a se manter engajado – numa linha consciente de atividade – devido aos custos associados à sua saída. Em outras palavras, o empregado irá optar por permanecer na empresa enquanto perceber benefícios nessa escolha. No momento em que perceber um déficit em relação aos retornos recebidos, sua escolha provavelmente será abandonar a empresa. De acordo com Pereira (1993) e Bastos (1993), por serem conseqüências de ações prévias – recompensas e custos - tais elementos impõem restrições a ações futuras. O enfoque instrumental sugere que a ligação entre o indivíduo e a organização pode surgir quando esta responde de forma satisfatória às necessidades e expectativas dos trabalhadores em aspectos tais como salário, status e liberdade. Enfoque Normativo A corrente de pesquisa normativa é ancorada nos trabalhos de Wiener e Vardi (1960 apud NAVES e COLETA, 2003), os quais trabalham os conceitos de sistemas cultural e motivacional na determinação do comportamento humano nas organizações (cultura é conjunto de valores partilhados que produzem pressões normativas sobre os membros). De acordo com Bastos (1993), o comprometimento é visto como o conjunto de pressões normativas, internalizadas para que a pessoa se comporte de acordo com os objetivos e metas da organização. Wiener e Vardi (1990 apud BASTOS, 1993) alertam que estas pressões internalizadas manifestam-se em padrões de comportamento que possuem como características o sacrifício pessoal, a persistência e a preocupação pessoal. O enfoque normativo procura trabalhar o plano organizacional através da análise da cultura e do lado individual, por meio dos processos motivacionais. Parte do pressuposto de que o comportamento do indivíduo é conduzido de acordo com o conjunto de normas que ele assume internamente. O comprometimento, então, é um vínculo do trabalhador com os 46 objetivos e interesses da organização, estabelecido e perpetuado por essas pressões normativas. Diante do exposto, verifica-se que o comprometimento normativo parte dos valores do empregado. A pessoa acredita que deve este comprometimento para a organização, com base em sua crença de que essa é a coisa certa a fazer. Enfoque Sociológico O comprometimento organizacional, nessa ótica, é tratado “como uma resultante das relações de autoridade, que são estabelecidas pelo empregador com vistas a controlar e subordinar os trabalhadores no contexto do trabalho” (PEREIRA e BRITO, 1994 apud NEPONUCENO, 2004, p. 23). De acordo com Halaby (1986 apud SOARES, 2001) o apego do trabalhador se expressa no interesse em permanecer no atual emprego porque percebe a legitimidade da relação autoridade-subordinação. Desta forma, os indivíduos levam para o trabalho tanto uma orientação para seus papéis de subordinados, quanto um conjunto de normas que envolvem os modos corretos de dominação. Pereira (1993) acrescenta que, em tais circunstâncias, o comportamento do indivíduo comprometido não está associado à expectativa de benefícios pessoais, mas sim à crença de que “é certo e moral fazê-lo”. Dentro dessa ótica, o apego do trabalhador não está na dependência do amor nem do dinheiro, e sim da percepção de legitimidade regimental do empregador. Enfoque Comportamental O enfoque comportamental tem influência direta da Psicologia Social e entende o comprometimento como uma avaliação que o trabalhador faz, a fim de manter a harmonia entre seu comportamento e suas atitudes. Para Bastos (1993, p. 58), nesse enfoque, o comprometimento “pode ser equiparado com sentimentos de auto-responsabilidade por um determinado ato, especialmente se eles são percebidos como livremente escolhidos, públicos e irrevogáveis”. Segundo Moraes et al. (1997 apud SOARES, 2001), o comprometimento poderia ser observável, extrapolando as 47 comunicações verbais, através de comportamentos como assiduidade, tempo de casa, qualidade do desempenho, dentre outras. Diante do exposto, as pessoas tornam-se comprometidas pelas implicações de suas ações, formando um círculo de auto-reforço no qual cada comportamento gera novas atitudes, que levam a comportamentos futuros, em uma tentativa de manter a consistência. 2.2.3 O Modelo de Conceitualização em Três Componentes de Meyer e Allen A conceitualização em três dimensões surgiu em decorrência dos estudos de Meyer e Allen (1991), os quais conduziram uma revisão da literatura com o objetivo de melhor compreender o comprometimento organizacional. Os autores desenvolveram dois questionários diferentes: o Affective Commitment Scale, para medir o comprometimento afetivo; e o Continuance Commitment Scale, para mensurar o comprometimento instrumental. Segundo Ricco (1998), os resultados sugeriram que estes componentes são construtos empiricamente distinguíveis, com diferentes correlações. Após o trabalho de McGee e Ford (1987 apud NAVES e COLETA, 2003), foi identificado o componente normativo do comprometimento. Na revisão da literatura realizada por Meyer e Allen (1991), os autores incorporam a dimensão normativa e caracterizam os três tipos de vínculos entre indivíduos e organização da seguinte forma: - Affective Commitment, ou Comprometimento Afetivo: comprometimento como um envolvimento, onde ocorre identificação com os objetivos e valores da organização; - Continuance Commitment, que a literatura trata como Instrumental: comprometimento percebido em função dos custos associados a deixar a organização; - Normative Commitment, ou Comprometimento Normativo: comprometimento como uma obrigação em permanecer na organização. Meyer, Allen e Smith (1993 apud MEDEIROS, 2003) analisaram a natureza e origem dos três componentes do comprometimento e as influências de cada um, conforme demonstrado abaixo na Figura 4. 48 Condição de trabalho Comprometimento Afetivo Expectativas atingidas Benefícios obtidos Comprometimento Instrumental Empregos disponíveis Valores pessoais Comprometimento Normativo Obrigações assumidas Figura 4: Variáveis de influência do comprometimento. Fonte: Medeiros (2003) Como se pode observar, cada tipo de comprometimento organizacional tem seus antecedentes variados e refletem situações diferentes dentro do contexto organizacional. Meyer e Allen (1991) afirmam que um empregado vivencia simultaneamente comprometimento para com a organização baseado em vínculos emocionais (comprometimento afetivo), em sentimento de obrigação para com a organização (comprometimento normativo), e em percepção de que os custos de sua saída da organização são demasiadamente altos (comprometimento instrumental). O Quadro 5 ilustra os indicadores dos três componentes do comprometimento organizacional, a partir dos estudos feitos por Meyer e Allen (1991), a saber: 49 COMPO NENTE INDICADOR Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem meus. AFETIVO Esta organização tem um imenso significado para mim. Esta organização merece minha lealdade. Na situação atual, ficar com minha organização é tanto uma necessidade quanto um desejo. NORMATIVO Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira nesta organização. Eu não deixaria a organização agora, comprometimento moral com as pessoas daqui. porque tenho um Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar a organização agora. INSTRUMENTAL Eu devo muito à organização. Se eu decidisse deixar a organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização. Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil deixar a organização agora. Uma das conseqüências negativas de deixar esta organização seria a escassez de alternativas imediatas Quadro 5: Indicadores do comprometimento organizacional. Fonte: Meyer e Allen (1991) De acordo com os referidos autores, o termo componente é o mais apropriado para se descrever as dimensões do comprometimento já que as relações empregado-organização refletem vários graus de cada um desses componentes. Assim sendo, os autores concluem que empregados com um forte comprometimento afetivo permanecem na organização porque querem, aqueles com forte comprometimento instrumental permanecem porque precisam, e os que têm forte comprometimento normativo permanecem porque sentem que devem. Medeiros (2003) afirma que a principal contribuição de Meyer e Allen ao estudo do comprometimento organizacional foi a busca da operacionalização das teorias, pois os instrumentos desenvolvidos pelos autores são de imensa valia para a mensuração dos conceitos na literatura do comprometimento. 50 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Caracterização da pesquisa, Universo/População A pesquisa tem caráter exploratório-descritivo. Exploratório por que tem por objetivo conhecer a variável de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde ela se insere. Nesse sentido, a pesquisa exploratória leva o pesquisador, freqüentemente, à descoberta de enfoques, percepções e terminologias novas. Para Malhotra (2001 apud VIEIRA, 2002), a principal finalidade da pesquisa exploratória é possibilitar a compreensão do problema enfrentado pelo pesquisador. Gil (1999, p. 43) afirma que “as pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses”. A pesquisa descritiva tem como principal propósito a descrição das características de determinada população e o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 1999). A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem manipulação das variáveis, procurando descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação com outros fenômenos, bem como a sua natureza e características. Para Churchill (1987 apud VIEIRA, 2002), a pesquisa descritiva procura conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la. Este estudo também se caracteriza como pesquisa bibliográfica do tipo estudo de caso. A revisão bibliográfica consiste na exposição do pensamento de vários autores, de forma a identificar as principais correntes teóricas sobre o tema e embasar a investigação empírica. Segundo Gil (1999), este tipo de pesquisa é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos. A principal vantagem desse tipo de pesquisa reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais amplo do que se poderia pesquisar diretamente. O estudo de caso busca compreender o evento em estudo e ao mesmo tempo desenvolver teorias mais genéricas a respeito dos aspectos característicos do fenômeno observado. Gil (1999, p. 73), afirma que o estudo de caso é caracterizado pela investigação profunda e exaustiva “de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados”. 51 O universo selecionado para esta pesquisa é composto pelos colaboradores da empresa Oi na Paraíba, a qual conta com um efetivo de aproximadamente 60 pessoas. A população a ser pesquisada foi determinada levando em consideração os serviços que constituem a atividade-fim da empresa, ou seja, seus principais serviços prestados (vendas, atendimento e operações); destarte, foram entrevistadas cerca de 20 pessoas nestas áreas, as quais chamaremos de Unidade de Observação. Portanto, o estudo é caracterizado como um senso. 3.2 Quadro de definição conceitual Para fins de definição conceitual dos termos abordados, foi elaborado um Quadro de Referência a partir da base teórica proposta pelos principais autores estudados, com o objetivo de fornecer aos futuros pesquisadores um quadro que ofereça suporte às referências bibliográficas que servem para aprofundamentos maiores. Os autores selecionados investigam os temas afins no cenário desta pesquisa, conforme demonstra o Quadro 6. Deste modo, por meio da análise da literatura foi traçado um quadro teórico, cuja estruturação conceitual dará sustentação ao desenvolvimento deste estudo. 52 AUTORES Carlyle(1910), Stogdill (1948), Mann (1959) Lewin (1959), Stogdill (1951) LIDERANÇA Estudos sobre os traços do líder Estudos da Universidade de Ohio Estudos da Universidade de Michigan DEFINIÇÃO O líder é dotado de qualidades superiores que o diferenciam dos seus seguidores. TEORIA / ABORDAGEM / DIMENSÃO Teoria dos Traços Há duas dimensões do comportamento dos líderes: estrutura de iniciação e consideração. Há dois estilos de liderança distintos: “orientado para o empregado” e “orientado para a produção”. Abordagem A combinação dos comportamentos autocrático e Comportamental Classificação de democrático gera quatros possíveis estilos de Likert liderança: autocrático-coercitivo, autocráticobenevolente, consultivo ou participativo. Da interligação entre os estilos “orientado para o Blake e Mouton Grid Gerencial empregado” e “orientado para a produção” nascem (1964) cinco possibilidades de atuação do líder. O efeito do comportamento do líder sobre a Teoria Caminho- satisfação do subordinado depende da situação, House (1971) Objetivo incluindo as características do cargo e do subordinado. Teoria do A escolha do estilo eficaz depende de três fatores: Tannenbaum e Continuum da das características do líder e dos subordinados e dos Schmidt (1958) Liderança requisitos da situação. Modelo A liderança participativa varia em função da análise Vroom e Yetton normativo da que o líder faz do problema a resolver (qualidade da Abordagem (1973) Tomada de decisão), e da aceitação da decisão pelos Contingencial Decisão subordinados. A eficácia da liderança depende da adequação do Hersey e Teoria Situacional estilo de comportamento ao grau de maturidade dos Blanchard (1988) subordinados. O líder deve avaliar a situação em que se encontra Teoria (como favorável ou desfavorável), considerando: Fiedler (1967) Contingencial relação líder/subordinado, estrutura da tarefa e posição de poder do líder. O líder dá o exemplo com o seu próprio House (1976), Liderança comportamento de modo que os seguidores o Conger e Carismática querem imitar, despertando a motivação relevante à Kanungo (1988) missão do grupo. Troca mútua entre líderes e seguidores, para que os Abordagens Liderança Bass (1985) seguidores recebam recompensas monetárias ou Contemporâneas Transacional prestígio por realizarem os desejos do líder. O líder possui uma capacidade para formular uma Bass (1990), Bass Liderança visão para a organização que é reconhecida como e Avolio (1995) Transformacional merecedora de confiança e apoio. Mowday, Porter e Indivíduos que demonstram internalização dos Steers (1982), Enfoque Afetivovalores e objetivos da organização, exercendo um Dimensão Afetiva Meyer e Allen Atitudinal esforço apreciável em favor dela. (1991) Becker (1960), Enfoque O indivíduo permanece na organização devido a Dimensão Meyer e Allen Instrumental custos e benefícios associados a sua saída. Instrumental (1991) Wiener e Vardi Conjunto de pressões normativas, internalizadas (1960), Etzioni Enfoque Dimensão para que a pessoa se comporte de acordo com os (1975), Meyer e Normativo Normativa objetivos e metas da organização. Allen (1991) Quadro 6: Quadro de referência Fonte: Elaboração própria (2007) Likert (1961) COMPROMETIMENTO CONCEITO 53 Destacam-se em suas investigações autores como Likert, Blake e Mouton (Abordagem comportamental), House, Fiedler (Abordagem contingencial), Bass e Avolio (Abordagens contemporâneas); Mowday, Steers e Porter; Meyer e Allen (Dimensões do Comprometimento organizacional). 3.3 Coleta de dados A pesquisa foi dividida em duas fases: a primeira consistiu na identificação da tipologia da liderança praticada na organização objeto de estudo, cujo instrumento foi desenvolvido com base na teoria exposta e validado através de estudo piloto, o qual propõe a congruência das Teorias/Abordagens da Liderança em cinco tipologias: Traços, Comportamento orientado para tarefa, Comportamento orientado para pessoas, Contingencial e Transformacional. A segunda fase adotou o enfoque multidimensional do comprometimento organizacional, utilizando os indicadores de Meyer e Allen (1991), a saber: Afetivo, Instrumental e Normativo. O instrumento de pesquisa (Apêndice 1) conta com duas partes: a primeira está direcionada para auferir a tipologia de liderança subjacente em cada Unidade de Observação da empresa estudada, enquanto que a segunda dimensiona o grau e a natureza do comprometimento organizacional dos colaboradores existentes nessas mesmas unidades. Para ancorar a escolha das questões norteadoras do instrumento de pesquisa foi elaborado um Esquema Geral de Pesquisa, conforme Quadro 7. OBJETIVOS CATEGORIAS DE VARIÁVEIS Traços de personalidade a)Conhecer a tipologia de liderança subjacente na empresa Oi-PB SUB-CATEGORIAS/ INDICADORES Identificação O líder é dotado de qualidades superiores que o diferenciam dos seus seguidores. Fatores determinantes Apenas as características do líder. Eficácia Já nasceu com a capacidade de liderar, pois possui características como inteligência, vivacidade, inspiração, iniciativa, persistência e autoconfiança. Foco Na posição em que eu ocupo em relação aos meus liderados. Função Desenvolver características (tipo de personalidade) consistentes que conduzam ao sucesso. Características Existência de qualidades especiais - inteligência, otimismo, criatividade, flexibilidade, responsabilidade, disposição, confiança, perspicácia, as quais lhe tornaram líder. Identificação Opção 1: Um líder delega tarefas específicas aos membros do grupo, esperando que os seguidores mantenham padrões definidos de desempenho. / Opção 2: Um líder mostra-se voltado à percepção das necessidades dos seguidores, buscando oferecer o apoio necessário para que eles possam satisfazê-las. Fatores determinantes Opção 1: A preocupação com as pessoas. / Opção 2: A preocupação com a produção (resultados). Abordagem Eficácia Comportamental Foco Abordagem Contingencial QUESTÕES DO INSTRUMENTO DE PESQUISA Opção 1: Possui um estilo de liderança estabelecido, que se reproduz no dia-a-dia, procurando sempre valorizar os seguidores. / Opção 2: Busca, primeiramente, o alcance dos resultados, através do estabelecimento de padrões de produtividade. Opção 1: Mais nas pessoas e menos nas tarefas / Opção 2: Mais nas tarefas e menos nas pessoas. Função Opção 1: Alcançar os objetivos planejados. / Opção 2: Viabilizar o bem-estar dos liderados. Características Opção1: Preocupação com a produção - planejar o trabalho a ser feito, delegar tarefas, monitorar os resultados. / Opção 2: Valorização os aspectos humanos dos seguidores – suas expectativas, sentimentos e valores. Identificação Não existe uma forma ideal para liderar, o estilo apropriado vai depender da situação em que o líder se encontre. Fatores determinantes As características do líder e dos subordinados, bem como os requisitos da situação. Eficácia Procura adaptar-se a cada situação e à equipe, podendo liderar cada pessoa de forma diferente. Foco Ora nas pessoas, ora nas tarefas, dependendo da situação. Função Buscar a motivação dos liderados no sentido dos objetivos organizacionais. Características Mudança a cada situação – ser um líder mais ou menos participativo depende da maturidade dos seguidores e da exigência da decisão. Identificação O líder dá o exemplo com o seu próprio comportamento de modo que os seguidores o querem imitar, despertando a motivação relevante à missão do grupo. Fatores determinantes As percepções dos liderados a respeito das qualidades do comportamento do líder. Eficácia É um agente de mudanças, definindo novas direções para a organização. Liderança Transformacional Foco Em auxiliar na construção de uma visão transformadora. Função Definir propósitos para a organização, criando uma visão de interesse coletivo. Características Empenho em transformar os seguidores – com carisma, energia, motivação; procurando criar um ideal coletivo, a fim de incentivá-los a aplicar esforços extras para atingirmos o sucesso. 54 OBJETIVOS CATEGORIAS DE VARIÁVEIS SUB-CATEGORIAS/ INDICADORES Absorção dos problemas da organização b) Dimensionar a natureza e o grau de comprometimento organizacional dos colaboradores da Oi-PB Significado pessoal Natureza do comprometimento Lealdade com a organização Desejo de permanecer na Afetivo organização Sentimento de felicidade com a carreira Obrigação moral Natureza do Sentimento de culpa comprometimento Senso de honestidade/justiça Normativo Sentimento de dívida/gratidão Possibilidade de desestruturação Falta de alternativas Natureza do comprometimento Dificuldade de desvinculação Instrumental Escassez de alternativas imediatas c) Obter padrões de comprometimento organizacional dos liderados, por intermédio da Combinação das combinação da três naturezas do intensidade do grau comprometimento e das dimensões do comprometimento organizacional, presentes em cada indivíduo Quadro 7: Esquema Geral de Pesquisa Fonte: Elaboração própria (2007) QUESTÕES DO INSTRUMENTO DE PESQUISA Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem meus. Esta organização tem um imenso significado pessoal para mim. Esta organização merece minha lealdade. Na situação atual, ficar com minha organização é tanto uma necessidade quanto um desejo. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira nesta organização. Eu não deixaria a organização agora, porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui. Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha organização agora. Eu devo muito a minha organização. Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização. Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil deixar minha organização agora. Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta organização seria a escassez de alternativas imediatas. Comprometido nas três dimensões Não comprometido nas três dimensões Afetivo Instrumental Normativo Afetivo-Instrumental Afetivo-Normativo Instrumental-Normativo 55 56 3.4 Tratamento de dados Em termos de tratamento de dados usado para suportar a análise dos questionários, aplicados na caracterização da liderança e identificação dos graus de comprometimento organizacional, esta investigação privilegiou os softwares Excel e Estat D+ que, em linhas gerais, podem gerar os seguintes procedimentos estatísticos: Percentagem dos fatores determinantes da tipologia de liderança. Para auferir a liderança subjacente na Oi-PB foram estipulados seis indicadores para cada tipologia, com a ressalva de que, na abordagem comportamental foi necessário distinguir duas variáveis: comportamento orientado para tarefa (C-Tarefa) e comportamento orientado para o empregado (C-Pessoas). A medição utilizada foi a classificação das assertivas por grau de importância, sendo 5 a mais importante e 1 a menos importante. A soma dos graus revela a tipologia de liderança mais forte, presente em cada indivíduo (líderes observados). Freqüência de respostas para identificação do comprometimento global dos liderados. A pontuação utilizada para as respostas, neste procedimento, é a de 0 a 4 e a soma dos pontos das variáveis representa o grau de comprometimento global de cada respondente. Assim, pode-se obter, em uma faixa que vai de 0 (nenhum comprometimento) a 52 (maior comprometimento), os graus de comprometimento global dos colaboradores da Oi-PB. Para cada natureza pode-se obter: grau máximo de 20 para o componente Afetivo e 16 para os componentes Normativo e Instrumental. Distribuição de freqüência para o grau de comprometimento individual em cada uma das três dimensões do comprometimento. A pontuação utilizada para as respostas, neste procedimento, é a de –2 a +2 e a soma dos pontos representa os graus de cada respondente em cada um dos três componentes. Assim sendo, pode-se obter três escores para cada caso, em uma faixa que vai de –10 a +10 para o componente afetivo e de –8 a +8 para os componentes normativo e instrumental. Essa nova pontuação (para o comprometimento global foi utilizada a pontuação de 0 a 4) resulta em um grau que reflete a diferença dos pontos positivos e negativos. Desse modo, os graus positivos indicam que ocorreram mais respostas de médio e alto comprometimento, e os graus negativos indicam que ocorreram mais respostas de baixo e nenhum comprometimento. 57 Padronização do comprometimento pela média aritmética dos graus (positivos ou negativos), associada às dimensões. A combinação de graus e dimensões cria oito padrões de comprometimento organizacional: o C = Comprometido nas três dimensões, quando os graus são positivos indicando que ocorreram mais respostas de médio e alto comprometimento nas três dimensões; o NC = Não comprometido nas três dimensões, quando nenhum grau é positivo indicando que ocorreram mais respostas de baixo e nenhum comprometimento nas três dimensões; o A = Afetivo, quando apenas o grau do componente afetivo é positivo, indicando mais respostas de médio e alto comprometimento nessa dimensão; o I = Instrumental, quando apenas o grau do componente instrumental é positivo, indicando mais respostas de médio e alto comprometimento nessa dimensão; o N = Normativo, quando apenas o grau do componente normativo é positivo, indicando mais respostas de médio e alto comprometimento nessa dimensão; o A-I = Afetivo-Instrumental, quando os graus dos componentes afetivo e instrumental são positivos, indicando mais respostas de médio e alto comprometimento nessas dimensões; o A-N = Afetivo-Normativo, quando os graus dos componentes afetivo e normativo são positivos, indicando mais respostas de médio e alto comprometimento nessas dimensões; o I-N = Instrumental-Normativo, quando os graus dos componentes instrumental e normativo são positivos, indicando mais respostas de médio e alto comprometimento nessas dimensões. Análise da correlação entre as variáveis envolvidas, através de tabulações cruzadas. Para tanto, foram analisadas separadamente as informações das três áreas em que foram coletados os dados, as quais intitulamos de Unidade de Observação. Para identificar a existência ou não de dependência entre as variáveis, utilizamos as seguintes medidas de correlação: Qui-quadrado (X2), Coeficiente de contingência (C) e Coeficiente de associação (T). 58 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 4.1 Caracterização da Organização objeto de estudo Evolução do Setor de Telecomunicações O sistema brasileiro de telecomunicações teve início nos anos 60, baseado em um conjunto de redes e serviços que funcionavam de forma bastante precária. Em 1967, o poder de outorga dos serviços foi concentrado na União, mais precisamente no Ministério das Comunicações, não obstante já existirem no Brasil, no final da década de 60, mais de mil empresas telefônicas, pequenas e de médio porte, cada uma atuando segundo seus próprios interesses. Em 1972 é então criada a Telebrás, com o propósito de planejar e coordenar as telecomunicações em âmbito nacional. A Telebrás imediatamente adquiriu e absorveu as empresas que prestavam serviço telefônico fixo em todo o País, consolidando-as em empresas de âmbito estadual: vinte e seis operadoras estaduais (ou empresas pólo) e uma operadora de telecomunicações de longa distância, nacional e internacional (Embratel), representando cerca de 91% da base telefônica do País (LÁRIOS, 2003). Inicialmente, a Telebrás conseguiu reverter a situação na qual se apresentava a telefonia no Brasil, sendo então possível organizar o sistema e estabelecer um perfil profissional às telecomunicações brasileiras. O modelo definido pelo governo não resistiu por muito tempo, pois seus preceitos fizeram com que milhões de brasileiros não pudessem ter acesso aos serviços básicos de telefonia. Fazia-se necessário estender a oferta de serviços de telefonia para toda a sociedade. Era preciso atrair investimentos suficientes para a melhoria e expansão da infra-estrutura das telecomunicações e acompanhar as mudanças do mercado, bem como acompanhar a evolução tecnológica da telefonia fixa e móvel celular que estavam a caminho. Considerando as dificuldades e limitações do sistema Telebrás, bem como a tendência mundial da época, por volta de agosto de 1995 iniciou-se uma série de reformulações no modelo até então vigente para a prestação dos serviços de telefonia no país. Desencadeava-se no Brasil o programa de desregulamentação do setor de telecomunicações, com o objetivo de quebrar o monopólio estatal (GALINA, 2003). 59 Em 16 de julho de 1997 foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Geral de Telecomunicações – LGT. Esta lei autorizou a privatização do Sistema Telebrás e confirmou o novo modelo das telecomunicações brasileiras, sinalizando para os mercados, nacional e internacional, o início de uma nova fase de regras claras, confiáveis, oferecendo respaldo ao governo brasileiro para empreender a obra de reestruturação e modernização do sistema nacional de telecomunicações. Estas mudanças trouxeram consigo a evolução e o progresso tecnológico, que permitiram o desenvolvimento de equipamentos de comunicações cada vez mais sofisticados e que proporcionavam novos serviços úteis para a sociedade. Iniciava-se também a exploração comercial de outros serviços, sobre um mercado até então inexplorado (LÁRIOS, 2003). A telefonia passou a ser oferecida pela iniciativa privada, introduzindo a competição como mola-mestra do mercado. Por intermédio desta competição foi possível a melhoria na qualidade dos serviços prestados, a queda dos preços e a ampliação do mix de serviços. As longas filas de espera pela habilitação de telefones fixos ou móveis não existiam mais, passando a ser meios de comunicação acessíveis para todos e não mais privilégio de poucos. Por todo este crescimento, imediatamente sentiu-se a necessidade da criação de um órgão regulador que disciplinasse a alocação das faixas de freqüência utilizadas nas transmissões e evitasse a interferência dos sinais entre as mesmas. Assim surgiu a Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, pensada inicialmente para viabilizar as privatizações e, depois, desenvolver trabalhos permanentes e abrangentes para regulamentar, outorgar e fiscalizar (GALINA, 2003). Segundo a autora, dentre outras atribuições, a ANATEL fiscaliza o cumprimento dos compromissos de qualidade e universalização dos serviços firmados pelas operadoras de telecomunicações. Esses compromissos têm como objetivos básicos atender as necessidades e os direitos do cidadão. Cabe ainda à ANATEL estabelecer regras claras e sólidas para o setor, fixar e controlar tarifas dos serviços, conquistar potenciais investidores nacionais e estrangeiros, e garantir a livre competição no setor. Todos os serviços ligados a telecomunicações, bem como os novos que vierem a ser criados, estarão submetidos à agência. O Estado passou, então, da função de provedor à de regulador dos serviços e indutor das forças de mercado, deslocando ao mesmo tempo o foco da regulamentação da estrutura de oferta de serviços, como era tradicional, para os consumidores desses serviços. 60 Cenário atual Atualmente, e de forma cada vez mais acentuada, o nível de competitividade das empresas é ditado pela capacidade de inovar, em resposta às necessidades do mercado e às investidas da concorrência. O domínio tecnológico é um dos fatores críticos deste processo, dado que a tecnologia passou a ser vista como um ativo importante para a empresa. De fato, os investimentos privados em inovação e capacitação tecnológica são de fundamental importância para as empresas se expandirem no mercado, independentemente do porte, do setor e da origem do seu capital. Para Prahalad e Hamel (1990 apud OLIVEIRA, 2006) a sustentação da vantagem competitiva é dada por decisões corporativas que visam ampliar as competências centrais das empresas. Para que estejam adaptadas às constantes mudanças da economia globalizada, as decisões devem ter caráter dinâmico, cuja velocidade de adaptação das empresas cria um mecanismo de feedback contínuo para a manutenção das habilidades atuais e o nascimento de novas competências, fundamentais para a conquista de novos mercados. Especificamente no setor de telecomunicações, vale destacar que os aspectos históricos orientaram a inovação tecnológica e o dinamismo deste segmento. A competição global está cada vez mais acirrada e as operadoras estão alterando suas configurações organizacionais para serem mais competitivas. Um dos fatores que demonstram essa dinâmica está relacionado às mudanças tecnológicas que foram e que são extremamente relevantes para o setor, uma vez que interferem diretamente na atuação e, conseqüentemente, na hegemonia das empresas (GALINA, 2003). Este dinamismo diz respeito não apenas aos aspectos tecnológicos e técnicos relacionados a produtos e processos, mas também aos aspectos comportamentais e organizacionais das companhias que atuam em busca da inovação. Outro exemplo deste aspecto é que os rápidos avanços no processamento de dados e na tecnologia de telecomunicações proporcionaram velocidade, facilidade, confiabilidade e redução dos custos de transação, e permitiram quebrar as barreiras geográficas nas operações, de forma a gerar um grau de integração sem precedentes. Cada vez mais, a oferta de serviços não se restringe apenas ao acesso às redes de comunicações, tradicionalmente prestado pelas operadoras de serviço fixo e móvel, pois além das funções básicas de telefonia pública, o segmento de serviços em telecomunicações também tem procurado oferecer outros produtos para o atendimento das demandas do consumidor. Segundo Galina (2003) em decorrência destas transformações, vêm se 61 estabelecendo um movimento de diversificação dos serviços, influenciado principalmente por fatores como: convergência das tecnologias de comunicação e computação; fortalecimento da internet; aumento da concorrência entre empresas prestadoras; exigência/necessidade de melhoria nos serviços prestados aos consumidores. Para Wirtz (2001 apud OLIVEIRA, 2006), o rápido avanço da internet, com sua vasta gama de potenciais serviços e aplicações, mudou a estratégia corporativa. Os efeitos decorrentes da convergência de serviços na estratégia corporativa têm direcionadores de ordem tecnológica (convergência de plataformas) e de desregulamentação (estímulo à competição). As redes, que antes eram específicas por tipo de serviço, passam a ser multi-serviço. Da mesma forma, os terminais passam a operar com diferentes tipos de mídias. Do ponto de vista do usuário, deixa de haver uma diferenciação entre as formas de receber os serviços, passando a ser importante tê-los em qualquer lugar, a qualquer hora. Para que as empresas consigam cumprir estes desafios, Nogueira e Moreira (1997 apud OLIVEIRA, 2006) afirmam que o direcionamento para o futuro deve ser influenciado, em primeiro lugar, pelo alinhamento de recursos humanos. O entendimento da empresa deve ser que os Recursos Humanos são elementos fundamentais das competências e que devem ser considerados como valor corporativo. O caso da empresa Oi-PB Desde 1998, época da privatização das telecomunicações no Brasil, o grupo Telemar implementou projetos de reestruturação e crescimento de alta complexidade, ao passo que também implantou um modelo de gestão focado em resultados, redesenho e padronização de centenas de processos, terceirizações, e simplificação das estruturas organizacionais – o que resultou em ganhos expressivos de produtividade, qualidade e agilidade nos processos decisórios. A empresa também realizou um grande projeto de expansão de telecomunicações no Brasil, saltando de 8 milhões de clientes para 16 milhões. Essa estratégia do negócio exigia presença forte também no mercado de telefonia móvel. Foi assim que surgiu a empresa Oi Telecomunicações, a qual se tornou referência internacional no lançamento de operação GSM de serviço móvel pessoal. Em 2006, o conselho de acionistas do grupo Telemar optou por 62 unificar as marcas da empresa, permanecendo apenas a marca Oi tanto para a telefonia fixa quanto para a móvel. Com a reestruturação e o crescimento do negócio em andamento, a empresa considerase solidamente incluída no mercado brasileiro de telecomunicações, em conformidade com a estratégia planejada. Mas, segundo a diretoria executiva, ainda era preciso pensar no futuro, na formação e consolidação de uma cultura organizacional vencedora e em pessoas capazes de dirigir o negócio no longo prazo. Desta forma, os investimentos passaram a incorporar uma nova etapa: a formação dos executivos num novo modelo mental de desenvolvimento organizacional construído em torno do conceito de aprendizado contínuo. A empresa deseja formar líderes aptos a enxergar novas oportunidades, e prontos para compartilhar, combinar e aplicar experiências que vão somar e transformar as práticas da Corporação em vários níveis (OI PARTICIPAÇÕES, 2006). Para tanto, baseia-se em algumas premissas que norteiam a formação da liderança: Liderança é uma competência de indivíduos, de equipes e da empresa. A excelência na gestão requer líderes com competência para mobilizar pessoas e equipes no desenvolvimento e implantação de soluções transformadoras. O desenvolvimento das competências em Liderança será um desafio permanente da equipe dirigente. Este desafio não se resolve com um esforço isolado, é necessário desenvolver uma estratégia contínua e de longo prazo. Atualmente, um dos pilares de uma empresa não é apenas o que ela fabrica ou comercializa, mas seu capital intelectual que gera conhecimento e a partir daí produtos e serviços. Este capital intelectual só pode ser gerado por pessoas. Assim, a figura do líder é fundamental na geração e na condução do conhecimento. A Oi afirma que o líder do futuro será cada vez mais um facilitador, um especialista em pessoas e em criatividade. Ele atuará sempre no sentido de ajudar suas equipes a superar limites e a amar seu trabalho (OI PARTICIPAÇÕES, 2006). Para que isso aconteça, a empresa entende que o líder deve ter visão sistêmica e ser capacitado em quatro dimensões de liderança: eu, pessoas, gestão e ambiente externo, nas quais ele atua e que lhe permitem ser um líder facilitador, coordenador de talentos, especialista em pessoas e em criatividade, permitindo que sua equipe supere limites. O perfil do líder está baseado em cinco competências específicas que ele deve desenvolver para poder liderar, conforme demonstra o Quadro 8. 63 Competência FOCO EM GENTE Descrição Genuíno, acessível e bem humorado na relação com os outros. Tem disponibilidade e interesse para trabalhar em cooperação, promovendo um ambiente leve e espontâneo. Envolve as pessoas na direção estratégica da empresa. Gente é prioridade. Confiável na relação com o Cliente: cumpre o que promete. Identifica e CONECTADO prevê necessidades de forma conectada à cultura de serviços. AO CLIENTE Comprometido e consistente no atendimento às demandas da companhia. Atitude de Servir. MAIS E MELHOR Vai direto ao ponto. Simplicidade para fazer cada vez melhor e mais ágil. Aproveita oportunidades de aumentar a eficácia dos processos e sistemas. Foco na solução e não no problema. FAZ ACONTECER Assume riscos de forma confiante e consciente. É ousado na geração de resultados. Potencializa a contribuição individual e da equipe, no curto médio e longo prazo. Realiza. INOVADOR Age proativamente. Estabelece parceiras e tem iniciativas pioneiras. Vê na diferença a oportunidade de gerar valor. Ganha com a diversidade. Pensa fora da caixa. Quadro 8: Perfil do líder da empresa Oi Fonte: OI PARTICIPAÇÕES (2006) Portanto, para a empresa Oi, um líder é uma combinação entre uma pessoa comprometida com os valores da organização, um profissional com entendimento em seus negócios e um gestor determinado em alcançar os objetivos propostos. Por isso, deve congregar uma série de habilidades para que seja um agente de mudança, promovendo as modificações necessárias para enfrentar os novos desafios que surgem em um mercado cada vez mais competitivo, e para liderar os negócios da empresa hoje e no futuro. 4.2 Tipologia de liderança subjacente na organização pesquisada Ao analisar a tipologia de liderança que prevalece na Oi-PB nos deparamos com uma peculiaridade: os líderes da empresa possuem características igualmente contingenciais e transformacionais, dado que estas duas tipologias apresentaram grau de importância média igual a 22,7. Sob o aspecto contingencial, este resultado revela que estes líderes estão preocupados em explorar as variáveis que cercam o processo de liderança (relação lídersubordinado, estrutura da tarefa e requisitos da situação), validando as afirmações de Bergamini (1994) acerca deste tema. 64 No que se refere à percepção dos entrevistados sobre o aspecto transformacional, percebe-se que os líderes da Oi-PB, além de se preocuparem com as variáveis contingenciais, também se consideram dedicados a conduzir seus seguidores na criação de uma visão de interesse coletivo. Desta forma, verifica-se que ao encontrar estas duas tipologias como subjacentes na Oi-PB, não se obteve um cenário incoerente, mas, pelo contrário, podemos dizer este resultado revela duas tipologias que se complementam. Grau de importância 30 20 10 22,7 22,7 17,3 17,0 10,3 0 Contingencial T ransformacional C-T arefas C-Pessoas T raços Gráfico 1: Tipologia de Liderança subjacente na Oi-PB Fonte: Pesquisa de campo (2007) As tipologias comportamentais orientada para tarefas e orientada para pessoas obtiveram graus de importância média semelhantes, com variação de apenas 0,3 grau, conforme demonstra o Gráfico 1. A opinião dos respondentes quanto a estas tipologias nos mostra que os mesmos não se consideram detentores de um estilo único de liderança, ou orientado para os empregados, ou para as pessoas. Pelo resultado apresentado na tipologia Contingencial, parece haver entre os líderes da Oi-PB a idéia de que é preciso variar o comportamento da liderança, caso seja necessário. Estas características vêm corroborar o pensamento de Blake e Mouton (1964 apud SMITH e PETERSON, 1994), os quais defendem uma interligação dessas duas orientações de comportamento. Já a tipologia dos Traços de Personalidade - a qual pressupõe que os líderes possuem qualidades especiais que os distinguem de seus seguidores, sendo estas as principais facilitadoras no desempenho do papel da liderança - aparece em último lugar com apenas 10,3 graus de importância média. Ratificando este cenário, Stogdill (1974 apud SMITH e PETERSON, 1994) lembra que uma pessoa não se torna líder por possuir alguma combinação de traços, mas sim por manter uma relação relevante com características, atividades e 65 objetivos dos seguidores. Sob esta perspectiva, Northouse (1997 apud GOMES, 2005) afirma que é preciso abandonar a idéia da liderança como algo passivo, e passar a vê-la como algo mais dinâmico e interativo. Pelo exposto, procedemos com a classificação das tipologias de liderança por grau de importância, momento em que constatamos, primeiramente, que não existe, para os sujeitos de pesquisa, tipologia com baixíssimo grau de importância. Também se percebe que a tipologia dos Traços de Personalidade possui baixo grau de liderança na Oi-PB, que as tipologias comportamentais possuem importância média, e que as tipologias subjacentes, quais sejam, a Transformacional e a Contingencial estão acima da média, ou seja, com alto grau de importância para os líderes da empresa, conforme demonstra a Tabela 1. Tabela 1: Graus de Liderança na Oi-PB Faixa de pontuação Tipologias de Liderança Grau de Importância 0 a 7,5 Nenhuma Baixíssimo 7,6 a 15 Traços Baixo 15,1 a 22,5 C-Tarefas e C-Pessoas Médio 22,6 a 30 Transformacional e Contingencial Alto Fonte: Pesquisa de campo (2007) Verificando as tipologias de liderança por Unidade de Observação verificamos que na Unidade A predomina a tipologia Transformacional da liderança com 29% dos pontos. Curiosamente, em segundo lugar aparecem empatadas as tipologias Contingencial e Comportamento orientado para pessoas com 22% dos pontos, o que revela grande preocupação do líder desta unidade para com seus liderados, uma vez que as tipologias Transformacional e Comportamento orientado para pessoas possuem um ponto-chave em comum, qual seja, a valorização dos seguidores, conforme explicam Schermerhorn (1999) e Yukl (1998 apud FREITAS, 2006). Em seguida está a tipologia Comportamento orientado para tarefas, com 16% e, por último, Traços, com 11% da pontuação. A liderança da Unidade B possui características distintas em relação às Unidades A e C, dado que nesta prevalece a tipologia Contingencial com 27% do total de pontos, seguida de Comportamento orientado para tarefas, com 22% dos pontos, conforme nos mostra o Gráfico 2. Como as tipologias Transformacional e Comportamento orientado para pessoas só 66 aparecem em terceiro lugar (empatadas com 18% dos pontos), podemos inferir que esta liderança preocupa-se mais em controlar a situação e em obter os objetivos formais do grupo. 100% 18% 29% 29% Transformacional 80% 27% 60% 22% 40% 16% Contingencial 27% 22% 18% 11% 16% Unidade A Unidade B C-Tarefas C-Pessoas 22% 20% 20% Tipologias: Traços 17% 0% 8% Unidade C Gráfico 2: Tipologias de Liderança por Unidade de Observação Fonte: Pesquisa de campo (2007) Na Unidade C, assim como na Unidade A, destaca-se a tipologia Transformacional, com 29% dos pontos. Em segundo lugar está a tipologia Contingencial, com 27% da pontuação, revelando uma peculiaridade: mais de 50% dos pontos da Unidade C estão distribuídas em apenas duas tipologias, as quais obtiveram escores muito próximos. Percebese, portanto, que esta é a unidade que mais se aproxima do resultado global encontrado para a empresa Oi-PB, a saber: a paridade entre os graus das tipologias Transformacional e Contingencial da liderança. Em terceiro lugar está Comportamento orientado para tarefas, com 20%, seguida de Comportamento orientado para pessoas, com 17% e Traços, com apenas 8%. Percebe-se, portanto, que apesar de na análise global as tipologias Transformacional e Contingencial apresentarem índices semelhantes, na análise grupal constatamos clara distinção entre as mesmas, exceto na Unidade C. Observa-se, desta forma, que a tipologia Transformacional prevalece em duas das três unidades (67%), enquanto que a tipologia Contingencial prevalece em apenas uma unidade (33%). No que se refere às assertivas desenvolvidas para auferir a tipologia de liderança subjacente na Oi-PB, selecionamos as duas questões que tiveram maior destaque entre os respondentes, a saber: em primeiro lugar, o indicador Fatores determinantes, no qual se destacaram as assertivas “As características do líder e dos subordinados, bem como os requisitos da situação”, referente à liderança Contingencial, e “As percepções dos liderados a respeito das qualidades do comportamento do líder”, da tipologia Transformacional. 67 A outra questão que se destacou refere-se ao indicador Características, cujas assertivas consideradas mais importantes pelos sujeitos de pesquisa foram “Empenho em transformar os seguidores – com carisma, energia, motivação; procurando criar um ideal coletivo, a fim de incentivá-los a aplicar esforços extras para atingirmos o sucesso”, da liderança Transformacional e “Preocupação com a produção - planejar o trabalho a ser feito, delegar tarefas, monitorar os resultados”, da tipologia Comportamento orientado para tarefas. 4.3 Natureza e grau de comprometimento organizacional dos colaboradores da organização objeto de estudo Ao se analisar o comprometimento global dos colaboradores das áreas pesquisadas, verifica-se que não existe, na Oi-PB, colaborador que apresente nenhum grau de comprometimento organizacional (somatória dos 13 indicadores igual a 0). Embora também não existam colaboradores que possuam o grau máximo de comprometimento (somatória dos 13 indicadores igual a 52), a maioria dos respondentes apresenta escores que indicam vínculo em mais de uma natureza do comprometimento. 5 Freqüência 4 Média = 32,6 Mediana = 34 Moda = 33 e 35 Desvio padrão = 9,4 3 2 1 0 15 20 25 30 35 40 45 Pontuação Gráfico 3: Comprometimento organizacional global na Oi-PB Fonte: Pesquisa de campo (2007) 68 Considerando que a somatória média de pontos possíveis é igual a 26, e que média, mediana e moda estão acima deste valor (acima de 32), observa-se que o comprometimento global, na empresa estudada, é maior que a média esperada, conforme Gráfico 3. Assim sendo, observamos que metade dos colaboradores da Oi-PB apresenta comprometimento organizacional global médio, 25% apresentam comprometimento global alto, e os outros 25% apresentam comprometimento global baixo, de acordo com a Tabela 2. Vale ressaltar que nenhum colaborador da Oi-PB apresenta comprometimento organizacional global baixíssimo. Este resultado nos mostra que a maioria dos entrevistados, 75% deles, possui envolvimento com a empresa com grau entre médio e alto, demonstrando que os mesmos sentem-se responsáveis pelo trabalho e empenham-se para que as metas sejam alcançadas, ratificando o pensamento de Borges-Andrade (1993) acerca do comprometimento enquanto identificação com a organização. Tabela 2: Graus de comprometimento global na Oi-PB Faixa de pontuação 0 a 13 14 a 26 27 a 39 40 a 52 Percentagem de Grau de comprometimento Colaboradores global 0% 25% 50% 25% Baixíssimo Baixo Médio Alto Fonte: Pesquisa de campo (2007) De acordo com o estudo, conforme ilustrado no Gráfico 4, prevalece entre os respondentes a natureza de comprometimento Afetivo, a qual pressupõe que estes colaboradores permanecem na Oi-PB por que possuem um sentimento de lealdade, além do desejo de se esforçarem pela empresa (MEDEIROS, 2003). A percepção dos entrevistados resultou em uma representatividade de 74% da natureza afetiva em relação às demais, bem como grau médio de 16. Considerando que a pontuação máxima para este componente é 20, concluímos que o grau médio encontrado reflete forte vínculo dos colaboradores nesta natureza. 69 13% Afetivo (Grau médio = 16) 13% 74% Normativo (Grau médio = 8,5) Instrumental (Grau médio = 8) Gráfico 4: Natureza de comprometimento organizacional subjacente na Oi-PB Fonte: Pesquisa de campo (2007) A natureza normativa prevalece entre 13% dos colaboradores, com comprometimento médio de grau 8,5. Destarte, verificamos que poucos colaboradores internalizam as pressões normativas explicitadas por Bastos (1993) ou sentem que devem permanecer na empresa por uma obrigação moral, conforme salientam Meyer e Allen (1991). A natureza instrumental também possui representatividade de 13%, porém o grau médio encontrado foi de 8,0. Do mesmo modo, e de acordo com os conceitos apregoados por Meyer e Allen (1991), poucos dos entrevistados percebem altos custos associados à saída da empresa, caracterizando baixo comprometimento Instrumental na Oi-PB. Vale ressaltar, que os graus médios encontrados para as naturezas normativa e instrumental não se apresentaram tão fortes, já que a pontuação máxima para ambas é 16 e os escores obtidos foram 8,5 e 8, respectivamente; como também, observa-se que a representatividade das mesmas em relação à natureza afetiva do comprometimento é demasiadamente baixa. Podemos concluir, portanto, que a natureza de comprometimento subjacente na Oi-PB é afetiva. No que se refere às afirmações que são indicativas do comprometimento afetivo, a freqüência de resposta nos mostra que os respondentes consideraram mais importante o indicador Significado Pessoal, traduzido pela questão “Esta organização tem um imenso significado pessoal para mim”. A segunda questão mais importante para os sujeitos de pesquisa é “Esta organização merece minha lealdade”, cujo indicador é Lealdade com a organização. Com relação aos indicativos do comprometimento Normativo, destacam-se os indicadores Sentimento de dívida/gratidão, refletido na questão “Eu devo muito a minha organização”, e Obrigação moral, cuja questão é “Eu não deixaria a organização agora, 70 porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui”. No comprometimento Instrumental tiveram destaque, entre os entrevistados, os indicadores Dificuldade de desvinculação, em primeiro lugar, cuja questão é “Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil deixar minha organização agora”; e, em segundo lugar, Escassez de alternativas imediatas, traduzido pela questão “Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta organização seria a escassez de alternativas imediatas”. Compone nte Afe tivo Compone nte Instrume ntal Componente Normativo 6 8 6 6 4 4 4 2 2 2 0 0 0 2,5 5 7,5 Desvio padrão = 2,9 Mediana = 6,5 10 12,5 Média = 6,1 Moda = 8 -5 -2,5 0 Desvio padrão = 4,3 Mediana = 0,5 2,5 5 Média = 0,5 Moda = -4 e 5 -10 -7,5 -5 -2,5 Desvio padrão = 5,2 Mediana = 1 0 2,5 5 7,5 Média = 0,16 Moda = 3 Gráfico 5: Freqüência dos graus por componente na Oi-PB Fonte: Pesquisa de campo (2007) Na distribuição de freqüência com distinção entre os pontos positivos e negativos, a média do componente Afetivo (6,1) é bastante expressiva em relação às médias dos componentes Normativo (0,5) e Instrumental (0,16), as quais são próximas de zero. Observase também que não existe colaborador com grau negativo de comprometimento afetivo. O valor de maior freqüência no componente Instrumental é o grau 3, revelando um baixo comprometimento desta natureza. O componente Normativo é bi-modal, ou seja, nele há dois valores de maior freqüência, os quais são incongruentes e demonstram haver dois grupos distintos de respondentes nesta dimensão: os que sentem possuir uma obrigação moral para com a Oi-PB (moda igual a 5) e os que se sentem desobrigados para com a mesma (moda igual a –4). Já no comprometimento Afetivo, conforme nos mostra o Gráfico 5, o valor de maior freqüência é o grau 8, o qual se apresenta bem próximo ao grau positivo máximo possível (10), ratificando o domínio desta natureza em relação às demais. 71 4.4 Padrões de comprometimento organizacional dos liderados Ao combinar as naturezas e graus de comprometimento organizacional dos colaboradores pesquisados (equipes de três áreas distintas), através da distinção entre pontos positivos e negativos, encontramos quatro padrões de comprometimento, a saber: Comprometido nas três dimensões (C), Afetivo (A), Afetivo-Instrumental (A-I) e AfetivoNormativo (A-N). É importante ressaltar que este resultado não invalida o cenário encontrado na análise da natureza subjacente, a qual distingue os graus encontrados para cada componente (apenas graus positivos), ao contrário, esta nova análise complementa a primeira, especificando os resultados encontrados ao combinar os componentes e os graus auferidos positiva ou negativamente. 10 Grau médio de comprometimento 8,0 8,0 4,8 5,0 4,5 4,3 3,8 4,0 0 -1,8 C NC A -3,8 I N -3,3 A-I A-N I-N -7,3 -10 Afetivo Instrumental Normativo Gráfico 6: Padrões de comprometimento organizacional existentes na Oi-PB Fonte: Pesquisa de campo (2007) Para expressar os resultados da pesquisa, o Gráfico 6 nos mostra que a afetividade sozinha, aliada a altos custos associadas a saída da organização, e principalmente aliada a obrigação moral é a responsável pelo comprometimento organizacional do maior grupo de colaboradores da empresa estudada, uma vez que esta natureza apresentou, em todos os padrões, os graus mais fortes. Não encontramos os padrões Não comprometido nas três dimensões (NC), Instrumental (I), Normativo (N) e Instrumental-Normativo (I-N). Nenhum dos colaboradores permanece na empresa unicamente por sentir que deve, por uma questão de obrigação moral, 72 nem por além dessa obrigação moral, associar custos à saída; como também não existem colaboradores não comprometidos nas três dimensões. 100% 90% 80% 25% 50% 50% Padrões: A-N 70% 60% 38% A-I 50% A 40% 25% 13% 30% C 50% 20% 10% 25% 25% 0% Unidade A Unidade B Unidade C Gráfico 7: Padrões de comprometimento organizacional por Unidade de Observação Fonte: Pesquisa de campo (2007) Ao analisar as três Unidades de Observação separadamente, verificamos que cada uma delas possui características distintas: na Unidade A prevalece o padrão Afetivo-Normativo, com 50% dos pontos, revelando que os respondentes estão vinculados com a Oi-PB tanto por que sentem suas expectativas atingidas quanto por que assumem obrigações para com a empresa que justificam sua permanência, conforme o esquema de Medeiros (2003) sobre as variáreis do comprometimento. Em segundo lugar aparecem empatados os padrões AfetivoInstrumental e unicamente Afetivo com 25% de representatividade. Podemos, então, perceber a existência de entrevistados que também combinam o sentimento de expectativas atingidas com a percepção de benefícios obtidos na empresa. Em outros casos, a afetividade é a única razão que os fazem permanecer na Oi-PB. Na Unidade B não há um padrão que se destaque unicamente, pois os sujeitos de pesquisa estão igualmente divididos entre os padrões Afetivo e Comprometido nas três dimensões, ambos com 50% dos pontos, conforme Gráfico 7. É possível observar que há, portanto, dois grupos de colaboradores: aqueles que se identificam com os objetivos e valores da organização, e aqueles que combinam esta identificação aos custos associados à saída da empresa e ao sentimento de obrigação para com a mesma. A Unidade C é a que apresenta a maior variedade de comprometimento, contemplando todos os padrões encontrados na pesquisa, sendo o padrão Afetivo-Instrumental aquele que apresenta maior representatividade entre os respondentes (38%). Em segundo lugar, aparecem empatados os padrões 73 Comprometido nas três dimensões e Afetivo-Normativo, ambos com 25% dos pontos. Em último lugar está o padrão Afetivo com 13% da pontuação. 4.5 Correlação entre a tipologia de liderança e a natureza dos vínculos dimensionados Para verificar o nível de correlação existente entre a tipologia de liderança e a natureza do comprometimento organizacional, utilizamos as seguintes medidas de correlação: Quiquadrado (X2), Coeficiente de contingência (C) e Coeficiente de associação (T). A Figura 5 demonstra a forma de cálculo das medidas de correlação aplicadas na análise de dados. Os coeficientes de contingência e associação assumem valores entre 0 (independência entre as variáveis) e um valor máximo menor que 1. Neste caso, haverá correlação entre duas variáveis se o índice encontrado no cálculo dos coeficientes for maior que zero. Qui-quadrado (X2): 2 ( fo fe )2 fe Coeficiente de contingência (C): Coeficiente de associação (T): C 2 n 2 , onde n = 16 T 2 /n (l 1)(c 1) , onde l = 3 e c = 3 Figura 5: Forma de cálculo das medidas de correlação para o caso da Oi-PB Fonte: Elaboração própria (2007) A Tabela 3 indica as freqüências observada e esperada para cada escore da relação Tipologia de liderança por Unidade x Natureza do comprometimento, as quais são essenciais à constatação da existência ou não de dependência entre as variáveis. Para que se prossiga com o cálculo dos coeficientes, é necessário que a somatória de todos os desvios seja igual a zero. Este resultado foi encontrado no presente estudo e pode ser observado na tabela subseqüente, por isso considera-se validada a análise sugerida. Em termos mais detalhados, observa-se que na Unidade A, cuja tipologia de liderança subjacente é Transformacional, há desvio positivo com relação ao comprometimento Afetivo, ou seja, a freqüência observada nesta Unidade foi maior que o esperado. Porém, as naturezas Instrumental e Normativa retornaram valores abaixo do esperado, gerando um desvio negativo de –0,5. 74 Tabela 3: Medidas de associação: Tipologia de Liderança x Natureza do comprometimento Unidade Tipologia de Liderança Freqüência Observada (fo) Esperada (fe) Desvio (fo - fe) Observada (fo) B Contingencial Esperada (fe) Desvio (fo - fe) Observada (fo) C Transformacional Esperada (fe) Desvio (fo - fe) Fonte: Pesquisa de campo (2007) A Transformacional Natureza do Comprometimento Afetivo Instrumental Normativo 4,0 0,0 0,0 3,0 0,5 0,5 1,0 -0,5 -0,5 3,0 0,0 1,0 3,0 0,5 0,5 0,0 -0,5 0,5 5,0 2,0 1,0 6,0 1,0 1,0 -1,0 1,0 0,0 Na Unidade B, verificamos que não há desvio no comprometimento Afetivo, ou seja, a freqüência observada é igual à esperada. Com relação ao comprometimento Instrumental verificamos desvio de –0,5 e no comprometimento Normativo desta Unidade há desvio de 0,5, indicando que o resultado está acima do esperado. Na Unidade C constata-se que a freqüência na natureza afetiva está abaixo do esperado, gerando um desvio de –1,0. Já com o comprometimento Instrumental ocorre o inverso, pois há desvio de 1,0, indicando escore acima do esperado. E, com relação ao comprometimento Normativo da Unidade C, não há desvio. Em suma, encontramos os maiores desvios positivos nos comprometimentos Afetivo e Instrumental e o maior desvio negativo no comprometimento Afetivo. A presente pesquisa partiu da premissa relacionada à presença de influência da tipologia de liderança sobre o comprometimento organizacional dos colaboradores da Oi na Paraíba. Conforme os achados de campo, foi possível se confirmar esta premissa, encontrando os seguintes resultados para cada medida de correlação: - Qui-quadrado apresentou um valor igual a 3,5; - Coeficiente de contingência apresentou índice igual a 0,42; - Coeficiente de associação retornou índice de 0,23. A confirmação da existência de correlação entre a tipologia de liderança e o comprometimento organizacional corrobora a identificação dos grupos de variáveis influenciadoras do comprometimento descrita Mathieu e Zajac (1990 apud RICCO, 1998), na qual as relações com o líder e com o grupo aparecem como antecedentes ao comprometimento. Ao cruzar os resultados subjacentes, encontramos a relação entre a tipologia de liderança e o comprometimento organizacional de cada Unidade de Observação da Oi-PB. 75 10 0 % 13% 25% 80% 25% Normativo 60% 100% 40% Instrumental 75% 63% Afetivo 20% 0% Transformacional Contingencial Transformacional Unidade A Unidade B Unidade C Gráfico 8: Comprometimento Organizacional por Unidade e Tipologia de Liderança Fonte: Pesquisa de campo (2007) Em primeiro lugar, observamos que na Unidade A, cuja tipologia subjacente é a Transformacional, 100% dos liderados permanecem na empresa por que querem (comprometimento Afetivo). Sob este aspecto, Bass e Avolio (1990 apud GOMES, 2005) afirmam que o estudo da liderança Transformacional nasceu exatamente do interesse em entender de que modo o relacionamento do líder com seus liderados pode gerar transformações na forma como estes se dedicam ao trabalho. A liderança da Unidade B, que possui forma de trabalho congruente com os conceitos da tipologia Contingencial, lidera pessoas com 75% de comprometimento Afetivo e 25% Normativo, conforme Gráfico 8. Sobre a relação líder/liderados da Abordagem Contingencial, Yukl (1989 apud BERGAMINI, 1994) coloca que as variáveis situações moderadoras determinam a maneira a partir da qual o líder deve agir para aumentar a motivação dos liderados relativamente aos objetivos organizacionais. Na Unidade C, cuja tipologia subjacente também é Transformacional, os liderados dividem-se entre as três naturezas do comprometimento, apresentando 63% dos entrevistados com comprometimento Afetivo, 25% com comprometimento Instrumental e 13% com Normativo. Ainda sobre a Liderança Transformacional e a relação líder/liderados, Smith e Peterson (1994) lembram que o líder deve possuir aguçada sensibilidade quanto aos desejos e necessidades de seus seguidores. Bergamini (1994) afirma que os benefícios trazidos ao grupo pelo líder fazem nascer desta relação o valor que lhe é atribuído. A autora corrobora a premissa deste estudo ao ressaltar que a liderança é um processo de influência exercida de forma intencional por parte do líder sobre seus liderados. 76 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O sentido atribuído como propósito maior do estudo foi analisar a influência que a tipologia de liderança exerce sobre o comprometimento organizacional dos colaboradores da empresa Oi na Paraíba. Em decorrência dessa proposta, buscou-se na literatura especializada o embasamento necessário para uma melhor compreensão dos temas liderança e comprometimento organizacional, haja vista serem temas complexos por sua abrangência, bem como foram resgatados diversas propostas e modelos, recomendados pelos estudiosos, para o diagnóstico da liderança e do comprometimento em diversos tipos de organizações. Na busca por um esclarecimento quanto à tipologia de liderança subjacente na Oi-PB, elaboramos um instrumento de pesquisa que contempla a maioria das Teorias e Abordagens desenvolvidas sobre o assunto, sugerindo a criação de cinco grupos de tipologias. O cerne da elaboração deste instrumento está em se considerar que um líder possui diversas características que podem estar presentes em várias teorias acerca do assunto. Não poderíamos, portanto, auferir apenas o tipo de liderança mais forte, em detrimento às demais. Ao analisarmos os resultados, confirmamos esta idéia, pois constatamos que as tipologias encontradas se justapõem. Portanto, este cenário não invalida a proposta da pesquisa, pois a base teórica usada como referencial já contempla os estudos acerca da liderança enquanto evolução da tentativa de prever as variáveis condicionadoras de sua eficácia. Foram observadas duas principais tipologias na Oi-PB, quais sejam a Contingencial e a Transformacional. Os teóricos da tipologia Contingencial estão voltados ao entendimento de três grandes fatores, relação líder-subordinado, estrutura da tarefa e requisitos da situação, os quais, quando dominados, colaborarão para a liderança de sucesso. A tipologia Transformacional faz parte das abordagens contemporâneas da liderança, buscando integrar e expandir as visões discutidas anteriormente. O principal fator desta tipologia é o uso do carisma e qualidades relacionadas para a obtenção de novos padrões de alto desempenho. O que se percebe nas lideranças da Oi-PB é que há uma tentativa de ajustar as forças pessoais com as dos subordinados, levando em conta as forças da situação. E este ajuste estilo-situação é conduzido pela construção de uma identidade comum baseada na confiança e no apoio. Com relação ao vínculo do empregado com a organização, o comprometimento que ocorre na Oi-PB é enfatizado pela vontade de permanecer na organização (componente afetivo), sendo este o que mais se sobressai como indicativo de permanência, com 74% de 77 representatividade. A pesquisa realizada foi bastante interessante, uma vez que revela algumas diferenças entre os grupos pesquisados e traz à tona algumas de suas características peculiares. Na distinção entre pontos positivos e negativos, o componente normativo apresenta dois grupos de colaboradores: um com alto grau de comprometimento (freqüência igual a 5) e outro com baixo grau (freqüência igual a -4). Isto sugere uma investigação mais apurada, a qual foge do escopo deste trabalho. A relação entre os três componentes cria padrões de comprometimento organizacional. Os padrões existentes na Oi-PB refletem a primazia do componente Afetivo sobre os demais, dado que mesmo na combinação de graus e componentes, a natureza afetiva prevalece em todos os padrões com os maiores índices. Pode-se, mais enfaticamente, afirmar que, não existem os padrões de comprometimento organizacional puramente normativo, instrumental, nem instrumental-normativo, caracterizando que a permanência na organização não está unicamente vinculada à obrigação moral ou à necessidade de ficar, nem a associação entre ambas. Por intermédio da análise estatística desenvolvida com os coeficientes de contingência e associação, pode-se confirmar a existência de correlação entre as tipologias encontradas nos líderes da Oi-PB e as naturezas do comprometimento. Em estudo semelhante, realizado em uma Instituição Pública Universitária Federal Brasileira, Pereira (1993) também identificou que o comprometimento possui forte vínculo com o estilo de liderança, sugerindo que o nível de comprometimento dos pesquisados aumentaria na proporção direta em que se identifica com a liderança recebida na instituição. Autores como Medeiros (2003) e Mathieu e Zajac (1990 apud RICCO, 1998) já haviam salientado a importância de se analisarem estas variáveis, uma vez que colocam a liderança como variável antecedente e influenciadora do comprometimento. Este fator deu origem à lógica de criação do estudo, e aqui pode ser confirmada como uma das importantes dimensões do estudo-binômio comprometimento organizacional x tipologia de liderança. 78 6 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES Do ponto de vista teórico, sugere-se aprofundar o estudo das variáveis influenciadoras do comprometimento organizacional, especialmente, aquelas identificadas por Mathieu e Zajac (1990 apud RICCO, 1998) como antecedentes, correlatas e conseqüentes ao construto. Outra sugestão é dar continuidade o estudo das tipologias de liderança, para identificar, em um nível maior de detalhes, as possíveis características existentes em diversos tipos de líder que os diferenciam uns dos outros, e também, os aspectos análogos presentes nas tipologias de liderança, que dispensam ser re-mensurados. Para uma posterior investigação cabe analisar quais fatores adicionais estão presentes na relação líder-liderados das Unidades A e C da Oi-PB, ambas com liderança Transformacional como subjacente, que fazem com que na liderança da primeira unidade haja comprometimento puramente Afetivo, enquanto que na segunda os liderados dividam-se entre as três naturezas do comprometimento. Este trabalho também abre precedente para futuras ações, por parte dos administradores da empresa, que terão como objetivo a busca das reais necessidades dos empregados e a elaboração de políticas de recursos humanos que potencializem o comprometimento dos colaboradores e auxiliem os líderes na condução dos mesmos. Além disso, recomenda-se que os gestores utilizem os resultados encontrados nesta pesquisa para entender como cada estilo de liderança pode influenciar no comprometimento organizacional, de modo que possam melhorar a relação líder-liderados existente em cada Unidade de Observação. Esta pesquisa também revelou importância do ponto de vista individual, uma vez que cada colaborador poderá ter uma visão do ambiente no qual está inserido. Desta forma, recomenda-se que a interpretação dos resultados seja utilizada para orientá-los em sua postura diária perante o líder, as atividades e os demais colaboradores. 79 REFERÊNCIAS ANTUNES, Elaine di Diego. A Descoberta da Importância dos Valores Integração e Envolvimento dos Empregados Versus a Práxis nas Indústrias Gaúchas. In: Encontro Anual da ANPAD, Florianópolis, 2000. ASANOME, Cleusa Rocha. Liderança sem seguidores: um novo paradigma. 2001. 197 f. Tese (Doutorado em Engenharia da Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. BASTOS, A. V. B. Comprometimento organizacional: um balanço dos resultados e desafios que cercam essa tradição de pesquisa. Revista de Administração de Empresas, v. 33, p. 5264, maio/jun. 1993. ______________. Comprometimento no Trabalho: a estrutura dos vínculos trabalhador com a organização, a carreira e o sindicato. 1994. 294 f. Tese (Doutorado em Psicologia) Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília. BERGAMINI, Cecília W. Liderança – Administração do Sentido. São Paulo: Atlas, 1994. BORGES-ANDRADE, J. E. Comprometimento Organizacional na Administração Pública e em seus Segmentos Meio e Fim. In: Reunião Anual de Psicologia, 20, Ribeirão Preto, Programas & Resumos..., Ribeirão Preto: USP/FFCLRP, 1993, 335 p. DAVIS, Keith.; NEWSTROM, John W. Comportamento humano no trabalho: uma abordagem psicológica. São Paulo: Pioneira, 1992. DUBRIN, Andrew J. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, 2003. FREITAS, Carmen M. Fernandes de. Estudo da motivação e da liderança na Indústria Hoteleira da RAM. 2006. 141 f. Dissertação (Mestrado em Gestão Estratégica e Desenvolvimento do Turismo) - Universidade da Madeira, Funchal. GALINA, Simone V. Ribeiro. 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Revista FAE, v. 5, n.1, p. 61-70, jan/abr. 2002. 82 APÊNDICE 1 – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS QUESTIONÁRIO A - LIDERANÇA Caro (a) colega, Esta é uma pesquisa acadêmica que pretende estudar a influência da liderança sobre o comprometimento organizacional, enfocando práticas gerenciais. É muito importante que os participantes desse estudo expressem livremente a sua real percepção, acerca dos componentes de seu trabalho – comprometimento e liderança. Não deve haver nenhuma forma de identificação pessoal, os dados não serão individualizados. Desde já agradecemos a sua colaboração. Atenciosamente, Emmanuelle Arnaud Almeida Sandra Leandro Pereira, Dra Pesquisadora (Curso de Adm./UFPB) Profª Orientadora E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] QUESTIONÁRIO Instruções de preenchimento Cada questão abaixo possui cinco assertivas. Classifique as assertivas de 1 a 5 por ordem de importância conforme sua percepção, usando 1 para a MENOS importante e 5 para a MAIS importante. Não deixe nenhuma assertiva sem resposta, nem atribua uma mesma ordem de importância em assertivas da mesma questão. Questões 1. Verifique as alternativas com as quais você melhor se identifica: □ Um líder delega tarefas específicas aos membros do grupo, esperando que os seguidores mantenham padrões definidos de desempenho. □ Um líder mostra-se voltado à percepção das necessidades dos seguidores, buscando oferecer o apoio necessário para que eles possam satisfazê-las. □ Não existe uma forma ideal para liderar, o estilo apropriado vai depender da situação em que o líder se encontre. □ O líder é dotado de qualidades superiores que o diferenciam dos seus seguidores. □ O líder dá o exemplo com o seu próprio comportamento de modo que os seguidores o querem imitar, despertando a motivação relevante à missão do grupo. 2. Os fatores que determinam a escolha de um estilo de liderança eficaz são: □ Apenas as características do líder. □ As características do líder e dos subordinados, bem como os requisitos da situação. □ A preocupação com as pessoas. 83 □ □ A preocupação com a produção (resultados). A percepção dos liderados a respeito das qualidades do comportamento do líder. 3. Você acredita que é um líder de sucesso por que: □ Já nasceu com a capacidade de liderar, pois possui características como inteligência, vivacidade, inspiração, iniciativa, persistência e autoconfiança. □ Possui um estilo de liderança estabelecido, que se reproduz no dia-a-dia, procurando sempre valorizar os seguidores. □ Busca, primeiramente, o alcance dos resultados, através do estabelecimento de padrões de produtividade. □ Procura adaptar-se a cada situação e à equipe, podendo liderar cada pessoa de forma diferente. □ É um agente de mudanças, definindo novas direções para a organização. 4. Sua liderança é centrada: □ Mais nas pessoas e menos nas tarefas. □ Mais nas tarefas e menos nas pessoas. □ Ora nas pessoas, ora nas tarefas, dependendo da situação. □ Na posição em que eu ocupo em relação aos meus liderados. □ Em auxiliar na construção de uma visão transformadora. 5. Sua função enquanto líder é: □ Desenvolver características (tipo de personalidade) consistentes que conduzam ao sucesso. □ Alcançar os objetivos planejados. □ Viabilizar o bem-estar dos liderados. □ Buscar a motivação dos liderados no sentido dos objetivos organizacionais. □ Definir propósitos para a organização, criando uma visão de interesse coletivo. 6. São características suas: □ Preocupação com a produção - planejar o trabalho a ser feito, delegar tarefas, monitorar os resultados. □ Existência de qualidades especiais - inteligência, otimismo, criatividade, flexibilidade, responsabilidade, disposição, confiança, perspicácia, as quais lhe tornaram líder. □ Valorização dos aspectos humanos dos seguidores – suas expectativas, sentimentos e valores. □ Mudança a cada situação – ser um líder mais ou menos participativo depende da maturidade dos seguidores e da exigência da decisão. □ Empenho em transformar os seguidores – com carisma, energia, motivação; procurando criar um ideal coletivo, a fim de incentivá-los a aplicar esforços extras para atingirmos o sucesso. 84 QUESTIONÁRIO B - COMPROMETIMENTO QUESTIONÁRIO Instruções de preenchimento: Escolha apenas uma alternativa em cada uma das proposições. Responda a todas as questões, mesmo que hesite em certos casos. Não é preciso se identificar. Os dados serão tratados confidencialmente QUESTÕES / ALTERNATIVAS Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem meus. Esta organização tem um imenso significado pessoal para mim. Esta organização merece minha lealdade. Na situação atual, ficar com minha organização é tanto uma necessidade quanto um desejo. Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira nesta organização. Eu não deixaria a organização agora, porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui. Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha organização agora. Eu devo muito a minha organização. Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização. Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil deixar minha organização agora. Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta organização seria a escassez de alternativas imediatas. Concordo Concordo totalmente pouco Nem Discordo Discordo concordo pouco totalmente nem discordo