A ligação entre os substratos e o centro activo entre os inibidores competitivos e o centro activo ou entre os modificadores alostéricos e os sítios alostéricos é reversível e é de tipo não covalente. A complexidade dos processos de regulação de enzimas induzida por hormonas e neurotransmissores tem levado a que a palavra “alostérico” não se use neste contexto mesmo quando o termo seria adequado. O receptor da insulina pode ser visto como uma enzima alostérica com o seu centro alostérico activador virado para o lado extracelular (onde se liga a insulina) e o centro activo no lado citoplasmático. sítio alostérico A ligação da insulina induz uma alteração conformacional no receptor que se torna capaz de catalisar a fosforilação de resíduos tirosina de proteínas designadas de Substratos do Receptor da Insulina (IRS). AMP 41 Quando uma célula excitável é estimulada a concentração citoplasmática de ião Ca2+ aumenta (de 0,1 µM para 10 µM) mas, logo a seguir, desce porque o Ca2+ estimula a bomba de Ca2+ (Ca2+-ATPase) da membrana. Ca2+ Ca2+ATPase Ca2+ Ca2+ Calmodulina livre polipeptídeo inibidor Ca2+ Ca2+ATPase Ca2+ Ca2+ Ca2+ Ca2+ Ca2+ Calmodulina ligada a Ca2+ 42 Um ligando diferente do substrato que se liga ao centro activo é um inibidor isostérico (se se liga no centro activo só pode inibir). Se a ligação entre um inibidor isostérico e o centro activo for reversível (se poder se “deslocado” pelo substrato) esse inibidor comporta-se funcionalmente como inibidor competitivo ... mas se a ligação do inibidor ao sítio activo for irreversível (não podendo ser “deslocado” por altas concentrações de substrato) as moléculas de enzima ligadas ao inibidor ficam excluídas do processo catalítico. 1- O Ca2+ entra para o citoplasma e a sua concentração aumenta no citoplasma. 2- O Ca2+ liga-se à Calmodulina que modifica a sua conformação. 3- Nesta nova conformação o complexo Calmodulina-Ca2+ liga-se a um poplipeptídeo inibidor da Ca2+-ATPase. 4- O polipeptídeo inibidor desliga-se da Ca2+-ATPase que 43 deixa de estar inibida e passa a expulsar o Ca2+ da célula. Neste caso o inibidor comporta-se funcionalmente como não competitivo. 44 A lípase pancreática catalisa a hidrólise de triacilgliceróis no intestino. A modificação da actividade de uma enzima pode envolver a sua modificação covalente (hidrólise irreversível ou fosforilação reversível) por acção catalítica de enzimas. No tratamento da obesidade pode usar-se um fármaco (orlistat; xenical) que é um inibidor da lípase pancreática. O orlistat reage com uma serina (formando uma ligação covalente e irreversível) situada no centro activo da enzima bloqueando a sua actividade. 45 Muitas enzimas são reguladas por mecanismos de fosforilação/desfosforilação catalisadas por enzimas (cínases e fosfátases). A fosfátase da desidrogénase do piruvato catalisa a desfosforilação da desidrogénase do piruvato que no estado desfosforilado fica activa. Forma desfosforilada (activa) Certas enzimas são activadas por hidrólise irreversível. São exemplos a activação dos zimogénios na digestão dos nutrientes. 46 O doseamento da actividade da desidrogénase do piruvato pode ser feito em homogeneizados. Se o homogeneizado é preparado na presença de inibidores quer da cínase (dicloroacetato) quer da fosfátase (fluoreto) ...quando se faz o ensaio mede-se a actividade actual. Se o homogeneizado é preparado na presença do inibidor da cínase (dicloroacetato) mas na ausência de fluoreto ...quando se faz o ensaio mede-se a actividade total. Pi Forma fosforilada (inactiva) A cínase da desidrogénase do piruvato catalisa a fosforilação da desidrogénase do piruvato 47 fica que no estado fosforilado inactiva. Na ausência de inibidor (fluoreto), a fosfátase do tecido transforma toda a PDH na sua forma activa. o et or u fl H2O Di P o at ATP et c a ro cl o ADP 48 As vias metabólicas que convertem sinais extracelulares (hormonais ou neuronais) em sinais intracelulares – vias de transdução de sinal – incluem mecanismos de regulação enzímica de variados tipos. A cólera é um infecção causada por uma bactéria que provoca diarreia. O mecanismo da acção da toxina da bactéria que causa a cólera envolve a modificação covalente (ADP-ribosilação) da subunidade Gαs da proteína G intestinal. Toxina da cólera ADPribose NAD+ Se a proteína que é fosforilada por PKA é um factor de transcrição… Os processos de fosforilação induzidos pela PKA têm a montante uma série de processos que podem ser entendidos como uma cadeia de activações alostéricas. 49 ADPribose nicotinamida A proteína Gαs modificada por acção catalítica da toxina da cólera perde a capacidade GTPase mas mantém capacidade para activar a cíclase do adenilato ⇒ Aumento da concentração de AMPc que estimula secreção de água e sais na mucosa intestinal (diarreia). 50